A IMPORTÂNCIA DO ALINHAMENTO ENTRE A ESTRATÉGIA DA EMPRESA E OS PROJETOS PARA A EFETIVIDADE DE...
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A IMPORTÂNCIA DO ALINHAMENTO ENTRE A ESTRATÉGIA DA
EMPRESA E OS PROJETOS PARA A EFETIVIDADE DE SUAS AÇÕES
DIANTE DO MERCADO:
Case Cia Hering
Este trabalho tem por objetivo analisar a estratégia e os respectivos
projetos da empresa Hering dentro do contexto de mercado e dos conceitos de
modelo de gestão, a partir do panorama descrito e das informações contidas no
artigo “A ARTE DE SE REINVENTAR”, da jornalista Cristiane Mano, publicado
na revista Exame, edição especial “Melhores e Maiores” de julho de 2010.
Resumo do artigo
Mano descreve a transformação da empresa Hering para se adequar ao
mercado hoje globalizado. Expõe como a empresa têxtil, de capital nacional e
origem familiar, fundada em 1880 por imigrantes alemães teve de “se
reinventar” na década de noventa, mediante a concorrência asiática, que
invadiu o mercado com produtos similares a preços baixíssimos.
No mercado americano, os avanços da indústria têxtil chinesa
resultaram no fechamento de aproximadamente 70% das vagas de emprego no
setor nos últimos vinte anos, com perspectiva de redução de mais 50% sobre
as vagas remanescentes até o final da próxima década. No cenário nacional,
uma década após a abertura do mercado às importações, 3.305 das 4.938
empresas têxteis existentes no país fecharam. Para a Hering, a concorrência
gerou um prejuízo de 345 milhões de reais, além da venda de diversos ativos,
a redução de ¾ de sua mão de obra e o quase fechamento da empresa.
A solução encontrada foi a forte inserção da marca no mercado de
varejo, cuja participação direta era até então inexpressiva, tanto em visibilidade
quanto em lucratividade, uma vez que a empresa focava na produção e
distribuição por meio de lojas multimarcas. O produto se tornou a identidade da
empresa e provocou uma mudança de estratégia da mesma. Muito dessa
mudança deve ser creditada à ascensão de Fábio Hering ao cargo de vice-
presidente da companhia, hoje presidente, único executivo, na época, com
experiência em varejo.
Apesar da nova estratégia ser hoje reconhecidamente um sucesso;
considerada a empresa brasileira do ano em 2010 pelo ranking da revista
Exame, o processo de implementação do projeto ocorreu ao longo de mais de
dez anos.
A primeira loja da rede “Hering Store” foi inaugurada em 1996, no
entanto a falta de recursos financeiros retardou a expansão em massa da rede
de lojas que se intensificou somente nos últimos três anos.
Ao longo dessa década a Hering realizou diversas análises
mercadológicas, montou o escopo do projeto, criou uma identidade, abriu
capital na bolsa, levantou capital e reestruturou sua organização interna de
maneira a ter um processo pouco oneroso (todas essas ações e projetos serão
abordados com mais detalhes na análise do case).
A mudança estratégica da Hering e os projetos desenvolvidos para
atingir novas metas resultaram, em 2009, no crescimento de 31% no
faturamento e 293% no lucro da organização, e uma valorização de 562% das
ações em comparação a 2007.
Alinhamento das ações da Cia Hering com os conceitos
de modelo de gestão
A empresa Hering está no mercado há 130 anos e, durante esse
período, ocorreram diversas transformações e evoluções sócio-econômicas,
tecnológicas e comportamentais (mudança das expectativas e necessidades do
consumidor) que impactaram nos modelos de gestão empresarial. É, portanto,
natural que, ao longo desse processo evolutivo, a empresa tenha considerado
essas necessidades e adequado seu planejamento estratégico a elas. Para
dar início a essa análise se faz necessário delimitar a abrangência a que se
propõe este trabalho; concentrando-o nas últimas duas décadas, período no
qual a empresa focou na inserção da marca no mercado varejista.
A mudança estratégica da empresa decorreu da crise financeira que
abateu o setor têxtil nacional após o país iniciar seu processo de liberalização
comercial, abandonando medidas protecionistas e adotando práticas como a
redução de alíquotas de importação. A abrupta mudança na política externa
brasileira permitiu a penetração dos produtos asiáticos no mercado interno,
aumentando a concorrência. Esse fato isoladamente não teria impactado tanto
a indústria nacional se não fosse a política econômica que a antecedeu. Os
altos índices de inflação e taxas de juros restringiram o acesso ao
financiamento de equipamentos com tecnologia de ponta, assim como
investimentos na qualificação de mão-de-obra. Em síntese, o governo retirou a
única barreira de entrada existente, deixando o setor desprotegido.
A análise SWOT a seguir identifica as forças (Strengths), fraquezas
(Weaknesses), oportunidades (Opportunities) e ameaças (Threats) referentes à
Hering no período que antecedeu sua reestruturação. A análise das
informações sobre o ambiente interno e externo da organização possibilita a
compreensão das tomadas de decisão da empresa:
Forças (Ambiente Interno):
Portfólio com 9 marcas no mercado Reconhecimento da marca Fidelização Conhecimento adquirido do processo Instalações próprias Canais de distribuição via lojas multimarcas Canais de distribuição via pequena rede de lojas próprias Controle societário Produtos de necessidade básica (vestuário)
Fraquezas (Ambiente Interno):
Falta de capital Obsolescência (processo tecnologicamente atrasado) Produtos sem apelo visual (muita concorrência)
Oportunidades (Ambiente Externo):
Acesso às inovações tecnológicas (redução das alíquotas de importação)
Disponibilidade ampla de fornecedores Novas matérias-primas Redução da concorrência entre as empresas nacionais Aumento na qualidade
Ameaças (Ambiente Externo):
Novos entrantes com condições favoráveis para competir no mercado interno (redução das alíquotas de importação)
Novos padrões de qualidade (expectativas do consumidor)
As oportunidades e ameaças eram as mesmas para todo o setor têxtil,
que na sua grande maioria optou por modernizar seus processos de forma a
competir em condições de igualdade com os novos concorrentes asiáticos,
porem mantendo a concorrência.
Esse momento foi decisivo para a Hering, pois, diferentemente das
concorrentes nacionais, teve uma outra visão de futuro: eliminar a
concorrência. Concentrou-se nas suas forças (como canais de distribuição e
reconhecimento da marca) e suas franquezas; que eram características da
empresa e, sobre as quais, a organização tinha maior controle e mudou seu
posicionamento estratégico.
Ao invés de investir em equipamentos, reduziu sua operação industrial
como uma das formas de levantar capital para ampliar a rede Hering Store e
tornou os novos entrantes, concorrentes asiáticos com produtos de maior
qualidade e preços baixos, em fornecedores; transformando as ameaças em
oportunidades.
Se redefinindo como rede varejista e não mais somente como
confecção, a empresa adquiriu novos concorrentes, porem, como o setor
varejista de vestuário brasileiro consiste em um número elevado de empresas
com participação pequena de mercado, há também uma grande perspectiva de
crescimento (Hering, 2010).
Possuindo marcas já reconhecidas pelo mercado consumidor, a
organização Hering optou por reduzir seu portfólio para apenas as três marcas
de maior potencial de crescimento: Hering, PUC e Dzarm., e agregar às suas
cartelas de produtos de peças de vestuário básico o conceito de moda. Dessa
maneira a empresa também se reposicionou em relação aos seus produtos
substitutos, pois vestuário é um produto de necessidade básica, mas o conceito
de moda vai além, refere-se ao desejo.
Os diagramas a seguir (Fig.1 e Fig.2) demonstram como as relações da
Cia Hering com o seu meio ambiente foram alterados a partir da mudança
estratégica da mesma, segundo o modelo das Cinco Forças de Porter.
Fig.1 – Análise das 5 Forças de Porter referente a Cia Hering antes do seu reposicionamento estratégico
Fig.2 – Análise das 5 Forças de Porter referente a Cia Hering após seu reposicionamento estratégico.
Após se reposicionar em relação ao seu meio, a Cia Hering precisava se
posicionar em relação ao seu mercado consumidor.
Para tanto, em 2006, a direção da companhia realizou uma pesquisa de
mercado sobre a percepção de seus clientes sobre sua marca principal: Hering.
Os resultados obtidos demonstram que “a marca não sofre rejeição de idade,
classe social ou qualquer outro fator intangível que leva a segmentação”
(Dalfovo, 2008) e que a mesma foi reconhecida por 90% dos 1800
entrevistados (Mano, 2010). Com base nesses dados a Cia Hering definiu para
Confecções Nacionais(Concorrentes)
Indústria Têxtil Asiática
(Novos Entrantes)
Moda(Substitutos)
Indústria Têxtil Nacional
(Fornecedores)
Redes Varejistas(Consumidores)
Redes Varejistas(Concorrentes)
Novas Lojas de Varejo(Novos Entrantes)
Indústria Têxtil Asiática
(Fornecedores)
Consumidor Final(Consumidores)
?
(Substitutos)
a marca Hering a estratégia genérica de custos (Teoria das Estratégias
Genéricas de Porter).
Referente às demais marcas de seu portifólio, PUC e Dzarm., a Cia
Hering possui um mercado consumidor mais segmentado e optou por adotar a
estratégia genérica de nicho. A PUC é a marca de produtos infantis focada na
faixa etária de 4 a 8 anos, das classes A e B, “apresenta o conceito de roupa
transada, alegre, descontraída e colorida” (Hering, 2005). A Dzarm. foca no
público alvo jovem, de ambos os sexos, de 18 a 25 anos, das classes A e B,
sua cartela de produtos consiste em roupas e acessórios nos estilos streetwear
e casual.
Alinhamento da estratégia adotada pela Cia Hering com os projetos para a
efetividade de suas ações diante do mercado
A mudança estratégica estrutural da Cia Hering a fez rever toda sua
cadeia de valores, redefinindo, inclusive, sua visão: “Ser a melhor e maior
empresa de vestuário em produtos básicos e básico-moda” (Hering, 2010).
Sob essa nova ótica, a companhia desenvolveu seu plano estratégico,
focando principalmente na marca Hering, baseado nos objetivos a seguir:
a. aumentar a visibilidade da marca;
b. tornar a marca mais acessível;
c. incorporar atributos de moda e inovação às coleções;
d. diferenciar-se das concorrentes;
e. ampliar a rede de distribuição.
a. Aumentar a visibilidade da marca
“A marca pode ser considerada o ativo mais valioso de uma empresa.
Ela representa mais que a identificação da empresa demonstra os benefícios,
os atributos, os valores e a personalidade associada à marca” (Dalfovo, 2010).
A Cia Hering reconhece o valor de sua marca, assim como o mercado
consumidor, tanto que foi a partir desse reconhecimento que a empresa de
reposicionou com relação ao seu meio ambiente. E, por esse motivo, investe
no fortalecimento da marca através das ações/ projetos abaixo relacionados:
a1. Publicidade
A Hering desenvolve diversas campanhas publicitárias, vinculadas em
todas as mídias. Normalmente, utilizando a imagem de artistas reconhecidos
pelo público.
Dentre elas deve-se destacar a campanha de 2008, com o slogan:
“Desde sempre”. Essa campanha foi desenvolvida com base na pesquisa de
mercado, já mencionada, que quantificou a penetração da marca, e que
apresentou como justificativa para fidelização à mesma o fato da marca Hering
estar presente na vida de seus consumidores desde que eram crianças.
Em razão da identidade encontrada entre os consumidores e a marca, o
mote “Desde sempre” foi usado em todas as etapas da ação, inclusive na
escolha do casting das peças de divulgação que “desde sempre” usaram
Hering e que já haviam participado de campanhas da marca, como: Rodrigo
Santoro, Mariana Weickert, Dudu Nobre, Thiago Lacerda, Ellen Jabour,
Gustavo Leão, Juliana Didone, Márcio Garcia, Grazi Massafera, Daniele
Suzuki, Maria Clara Gueiros, Glória Pires e Flávia Alessandra (Soares, 2007).
a2. Marketing social
A Cia Hering tem vinculado sua marca a projetos como a Campanha “O
Câncer de Mama no Alvo da Moda”, que já comercializou no Brasil mais de 5
milhões de camisetas com parte da renda revertida para o IBCC – Instituto
Brasileiro de Controle do Câncer, entidade que atendeu a mais de três milhões
de pacientes e desenvolveu uma infra-estrutura que é referência nacional em
prevenção, diagnóstico precoce e tratamento do câncer de mama.
a3. Marketing do ponto de venda
A programação visual do ponto de vendas agrega valor ao produto e
resulta no aumento das vendas e fidelização do consumidor. Segundo Julio
Takano, sócio-diretor da Kawahara I Takano Arquitetura, escritório responsável
pela conceituação do projeto arquitetônico das lojas Hering Store, a nova
programação visual repercutiu em um aumento das vendas por metro quadrado
de R$ 700 para R$ 4 mil (Malozzi, 2010).
O layout das lojas Hering Store prioriza o conceito da companhia de
auto-atendimento assistido, onde se destaca o sistema “lego” de exposição dos
produtos que visa a versatilidade e o conceito “fast fashion” da rede e que
permite a atualização constante dos produtos em exposição.
Na decoração são utilizados materiais como madeira para gerar um
clima de conforto, o concreto para ressaltar o conceito de moda urbana e o
ferro oxidado para transmitir o espírito descontraído da marca, todos
combinados de maneira a criar um ambiente contemporâneo mas
aconchegante. O projeto de iluminação também contribui para ambientação,
além de valoriza os detalhes e cores dos produtos, além do projeto de
sonorização.
O projeto de reprogramação visual das lojas PUC foi lançado no quarto
trimestre de 2008. Seu foco é permitir o acesso das crianças aos produtos
possibilitando a eles interatividade no processo de compra, tornando-os
consumidores diretos. A decoração conta com elementos coloridos,
acabamentos leves e estrutura moderna que refletem a contemporaneidade da
marca e destaca o universo lúdico infantil
Os demais objetivos e projetos abaixo relacionados também contribuem
para aumentar a visibilidade da marca.
b. Tornar a marca Hering mais acessível
A pesquisa Synovate realizada em 2006, identificou a penetração da
marca em cada classe social: 22% na classe A, 24% na classe B1, 16% na
classe B2 e apenas 4% na classe C. O maior limitante ao aumento de
penetração da marca, principalmente nas classes B e C, era o fato de a marca
ser associada por esses consumidores a produtos de preços mais elevados
(Hering, 2010).
Fig.3 – Conhecimento da marca Hering / Penetração. Fonte: Synovate – São Paulo
Apesar do então baixo percentual de penetração da marca na classe C,
esse mercado consumidor representava uma perspectiva de crescimento para
a empresa, pois, como mencionada na fig.3, 31% da população brasileira
concentravam-se nessa faixa de renda, ou seja, cerca de 60 milhões de
consumidores potenciais em 2006. E em 2009, a classe C já representava
50,5% da população (Coelho, 2010),
Com o intuito de agregar os consumidores da classe C ao mercado
consumidor da marca Hering, a empresa desenvolveu 2 ações primordiais para
tornar a marca mais acessível:
b1. Reduzir o preço dos produtos
Em 2006 a Cia Hering posicionou a marca Hering como “moda
acessível”, reduzindo o preço médio de 75% dos produtos para a faixa de
preço de R$ 30,00 (Mano, 2010, 58), valores que sofreram reajustes segundo a
inflação nos anos subseqüentes.
94%
22%
94%
24%
87%
85%
4%
16%
5% 6% 11% 31%
Classe A Classe B1 Classe B2 Classe C
% domercadobrasileiro
Reconhecimento da marca Penetração da marca
Segundo Dalfovo, com o ajuste dos valores dos produtos a Hering
conseguiu um equilíbrio nos preços na linha de malhas com relação aos seus
concorrentes, no entanto, na linha de tecidos, o valor dos produtos permaneceu
elevado (2008, 17). Essa diferença no posicionamento dos preços pode ser
um reflexo da consciência da companhia do valor agregado de sua marca.
b2. Aumentar a oferta de crédito
A crescente disponibilidade de crédito ao consumidor e a queda das
taxas de juros possibilitou a Cia Hering inserir no seu plano estratégico, a partir
de 2005, a disponibilização de um cartão tipo private label, Hering Store, aos
seus clientes. O projeto foi implementado em parceria com o banco HSBC e a
financeira Losango, em 2009, e complementado por um cartão co-branded
VISA com produtos adicionais, como crédito pessoal e seguros (Hering, 2010).
Os cartões possibilitam aos clientes a compra de produtos com melhores
condições de pagamento, em até cinco vezes sem juros ou oito parcelas fixas,
além da participação em ações promocionais e maior acesso as novidades da
Hering.
Além de tornar a marca Hering mais acessível, o cartão representa uma
maior fidelização dos clientes à marca.
c. Incorporar atributos de moda e inovação às coleções
Referente à marca Hering, a companhia diversificou sua cartela de
produtos incorporando a ela novas criações que seguem as tendências do
mercado da moda, como “modelagem, acabamento refinado, maior exigência
de qualidade, alto nível de dificuldade de produção e lotes menores” (Dalfovo,
2008, 02). Os produtos básicos continuam fazendo parte das coleções, no
entanto, hoje, a maior receita da marca já provém das coleções de moda.
Para se inserir nesse mercado altamente competitivo a Hering
disponibiliza aos seus consumidores o lançamento de 12 ciclos de produtos ao
longo de seis coleções anuais. Isso significa que a cada duas ou três semanas
estão disponíveis novos produtos nas lojas, o que estimula a freqüência de
visitas dos consumidores.
Dez
Fig.4 – Cronograma das coleções Hering. Fonte: Hering, 2010.
Esse modelo de troca rápida de coleções - “Fast Fashion”- é resultado
do processo adotado pela companhia que optou por desenvolver as criações
internamente e distribuir o processo de produção através da sua estrutura de
suprimento (supply chain), que combina produção própria, terceirização de
fornecedores nacionais e estrangeiros, e Outsourcing. Sendo que a escolha da
linha de produção é uma decisão “tomada em função das circunstâncias de
mercado e com base na alternativa mais eficiente e rentável para a
Companhia” (Hering, 2010).
NovOutSetAgoJulJunMaiAbrMarFevJan
Campanhacontra ocâncer deMama
Coleção deFérias
Coleção deOutono
Coleção deInverno
Coleção dePrimavera
Coleção deVerão
Coleção deAlto-verão
Fig.5 – Modelo de suprimento ágil – “Fast Fashion”. Fonte: Hering, 2010.
d. Diferenciar-se das concorrentes
O setor varejista de vestuário no Brasil caracteriza-se pelo elevado
número de empresas com características muito distintas quanto ao seu
posicionamento perante o mercado consumidor e seus processos. Portanto,
para definir as ações que diferenciam a Hering de suas concorrentes faz-se
necessário determinar quem são suas principais concorrentes: C&A , Renner e
Riachuelo.
d1. Processos
Segundo os processos da cadeia de valor do setor de vestuário, a tabela
abaixo demonstra que a Hering se diferencia das concorrentes, com exceção
da Riachuelo, em relação a sua cadeia de produção. A Hering concentra cerca
de 44% da produção nas suas oito fábricas, nos estados de Santa Catarina
Produção ou
TerceirizaçãoIdentificação de
tendências
Lojas
Design Interno de produtos
Fast Fashion: 15 dias
(cinco unidades), Goiás (duas) e Rio Grande do Norte (uma), que possuem
uma capacidade de produção de 3 milhões de peças por mês. A produção
terceirizada corresponde a 41%, sendo que entre 50% e 55% dos terceiros
estão fora do Brasil (cerca de 15% na Ásia). E o restante dos produtos provêm
de Outsourcing (Hering, 2008).
Fig.6 – Processos da cadeia de valor do setor de vestuário”. Fonte: Hering, 2008.
A eficiência do processo se reflete no modelo “Fast Fashion”,
anteriormente mencionado, que agrega valor a marca e a diferencia da
concorrência.
d2. Varejo
Segundo a pesquisa Synovate a fidelização à marca é 63% maior entre
os clientes que costumam comprar nas lojas Hering Store em relação aos
clientes do Varejo Multimarcas. Esse resultado pode ser relacionado a dois
fatores principais que diferenciam as lojas Hering Store das lojas concorrentes:
d2.1. Atendimento: o modelo de atendimento assistido (com suporte de
vendedores) é combinado com o auto-serviço.
Supply chain
Produção tercerizada
Produção própria
Gestão da marca edesenvolvimento
de produtoVarejo
d2.2. Ambiente: o projeto arquitetônico das lojas, anteriormente descrito,
cria um ambiente aconchegante para o consumidor.
As concorrentes, no entanto, possuem um diferencial relevante,
possuem uma quantidade maior de marcas comercializadas em suas lojas, as
quais se destinam a atender diferentes segmentos específicos de mercado.
e. Ampliar a rede de distribuição
Desde a inauguração da primeira loja Hering Store, em 1996, a rede tem
apresentado um crescimento surpreendente, chagando a 367 lojas atualmente,
entre lojas próprias e franqueadas da marca Hering e PUC.
Estudos recentes realizados pela companhia indicam que ainda há
espaço para a ampliação do número de lojas da rede para 604 unidades em
todas as regiões do Brasil, sendo que as regiões Norte e Nordeste apresentam
um potencial de expansão ligeiramente superior às demais. De acordo com o
plano atual, ao final de 2010 a rede estará presente em 147 de um total de 277
cidades com potencial de ter ao menos uma loja Hering Store. A meta a ser
atingida até o final de 2012 é de 405 lojas. O projeto de expansão abrange
cidades com população acima de 150.000 habitantes, e prevê a instalação de
lojas tanto em shopping centers quanto no comércio de rua. A diversificação
dos pontos de venda deve abranger o público consumidor das classes A, B e
C.
Fig.7 – Distribuição da rede Hering Store e rede PUC no território nacional referente ao ano de 2009.
Fonte: Hering, 2010.
e1. lojas próprias
O plano de expansão da rede Hering Store prevê o aumentar o número
de lojas próprias com foco nas grandes cidades onde a penetração da marca
ainda não atingiu os índices esperados, como no Rio de Janeiro, e shopping
centers de alto fluxo voltados para as Classes A e B. O objetivo estratégico é
controlar os pontos de alta visibilidade inserindo nesses locais lojas-modelo
com dimensões em torno de 200m2 a 240m2, as quais demandam maior
investimento inicial, atualmente, na faixa de R$5.000/m2, incluindo o custo do
ponto.
Fig.8 – Gráfico de crescimento das lojas próprias e franqueadas. Fonte de dados: Hering, 2010.
e2. franquias
As franquias são as ferramentas para disseminação da marca em todo
território nacional e exterior. Hoje as 292 unidades franqueadas já estão
presentes em 24 estados da federação e diversos países como Bolívia,
Uruguai, Venezuela, Paraguai, Arábia Saudita e Guatemala.
O plano de expansão prevê a instalação de lojas franqueadas em mais
130 cidades brasileiras e países como a Argentina, Chile e Colômbia. No
entanto, para o crescimento internacional a Cia Hering ainda estuda a
estruturação de um sistema de logística que possa funcionar de maneira
eficiente para levar as novidades até esses mercado, a despeito das barreiras
alfandegárias.
O diagrama a seguir, Fig.10, apresenta as características das lojas
Hering Store segundo seus canais de distribuição.
2005 2006 2007 2008
Franquias Quantidade total de lojas
Projeção para 2012
136 141156
193
322
7 1025 37 46
2009 2010
Lojas Próprias
367
405
Fig.10 – Características das lojas Hering Store segundo seus canais de distribuição. Fonte: Hering,
2008.
e3. varejo multimarcas
Nas cidades cuja população não atende as exigências mínimas para a
instalação das lojas Hering Store, a marca se faz presente através de 15.662
pontos-de-venda em lojas de varejo multimarcas.
Para alavancar as vendas através desse canal de distribuição, a
Companhia tem reforçado a sua equipe de representantes comerciais,
passando dos 130 representantes da marca “Hering” (de um total de 196 para
todas as marcas) para mais de 200 representantes.
e4. Hering Web Store
Desde 2008 a Cia Hering disponibiliza aos seus clientes mais um canal
de destruição, a Hering Web Store, a loja virtual da Hering.
Através do site: http://www.heringwebstore.com.br/loja/, os clientes tem
acesso a todos os produtos, preços e facilidades da loja física convencional,
mas com a comodidade de comprar sem sair de casa.
Hering Store
Lojas de Rua
128m²
Shopping Centers
Bairrosresidenciais
Corredorescomerciais
140m²
99m²
154m²
110m²
Público-alvoA/B1
Público-alvoB2/C
Público-alvoA/B1
Público-alvoB2/C
Público-alvoA/B1
TamanhoMédio
Essa nova ferramenta também deve auxiliar a empresa a conquistar
clientes nas cidades onde a rede Hering Store não esta presente.
Conclusão
O aumento de 31% no faturamento e 293% no lucro da Cia Hering, e a
valorização de 562% das ações em comparação ao ano de 2007, são
indicadores financeiros que traduzem de forma mensurável o crescimento
expressivo da empresa.
Esses números demonstram a eficiência e eficácia do alinhamento dos
projetos, apresentados nesse trabalho, da Cia Hering em relação ao seu
reposicionamento estratégico.
Bibliografia
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