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ANDERSON JOSÉ LAURENTINO DOUGLAS LAUREANO LESTENSKY JOÃO GUILHERME NOGARA THIAGO DALLA PRIA A IMPORTÂNCIA DA CONTABILIDADE GERENCIAL PARA AS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS NO SÉCULO XXI NO BRASIL CURITIBA 2008

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ANDERSON JOSÉ LAURENTINO

DOUGLAS LAUREANO LESTENSKY

JOÃO GUILHERME NOGARA

THIAGO DALLA PRIA

A IMPORTÂNCIA DA CONTABILIDADE GERENCIAL PARA AS

MICRO E PEQUENAS EMPRESAS NO SÉCULO XXI NO BRASIL

CURITIBA

2008

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ANDERSON JOSÉ LAURENTINO

DOUGLAS LAUREANO LESTENSKY

JOÃO GUILHERME NOGARA

THIAGO DALLA PRIA

A IMPORTÂNCIA DA CONTABILIDADE GERENCIAL PARA AS

MICRO E PEQUENAS EMPRESAS NO SÉCULO XXI NO BRASIL

Trabalho de graduação apresentado àdisciplina de Estágio Supervisionado, doCurso de Ciências Contábeis da FAECentro Universitário.

Orientador: Prof. Ms. Antonio de Oliveira

CURITIBA

DEZEMBRO 2008

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Agradecemos a Deus que nos iluminou a cada dia, e a

todas pessoas que direta ou indiretamente contribuíram

para a realização deste estudo.

Em especial ao professor Antonio de Oliveira, pela

orientação, crítica e principalmente pelo apoio dado no

decorrer da pesquisa.

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RESUMO

LAURENTINO, Anderson J.; LESTENSKY, Douglas L.; NOGARA, João G.; PRIA,

Thiago D. A importância da contabilidade gerencial para as micro e pequenas

empresas no século XXI no Brasil. 2008. 76f. Monografia (Ciências Contábeis) –

FAE Centro Universitário. Curitiba, 2008.

Esta pesquisa discorre sobre a importância da Contabilidade Gerencial para àsMicro e Pequenas Empresas, mostrando a necessidade de se ter acesso àsinformações úteis que possibilitem ao gestor administrar seu negócio de maneiraeficiente. Para ilustrar o tema proposto, serão feitas algumas reflexões sobre ahistória da Contabilidade, a informação como recurso eficiente e útil na gestão esobre algumas ferramentas da Contabilidade Gerencial no processo administrativode uma empresa. A relevância da Pequena Empresa no contexto econômicodemonstra a necessidade de se dar uma atenção especial a este segmento, pois,segundo Pesquisa do SEBRAE (2007), 80% das Pequenas Empresas sucumbemantes de completar um ano de atividades, pois com as constantes mudanças eaumentos na competitividade entre essas empresas, é cada vez mais necessáriouma política especializada de gestão. Dessa maneira, é necessário que o PequenoEmpresário tenha conhecimento que através da utilização da Contabilidade Gerencialcomo instrumento de apoio na gestão dos negócios, sua empresa poderá torna-semais competitiva, pois o uso de todas as ferramentas disponíveis que possibilitemgerar informações úteis para a gestão dos negócios, será crucial para a permanênciada empresa no mercado.

Palavras-chave: contabilidade gerencial; micro e pequena empresa; ferramentas

gerenciais.

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LISTA DE SIGLAS

CFC - Conselho Federal de Contabilidade

CGSN - Comitê Gestor do Simples Nacional

CRC - Conselho Regional de Contabilidade

CRFB/88 - Constituição da República Federativa do Brasil, de 05 de outubro de 1988

CVM - Comissão de Valores Mobiliários

LC - Lei Complementar

ME - Micro Empresa

MPE's - Micro e Pequenas Empresas

PCGA - Princípios Contábeis Geralmente Aceitos

PFC - Princípios Fundamentais de Contabilidade

SEBRAE - Sistema Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figuras

FIGURA 1 - TEMAS-CHAVES NA TOMADA DE DECISÃO GERENCIAL ................................... 30

FIGURA 2 - PARTES DE UMA CADEIA DE VALORES................................................................. 32

FIGURA 3 - CUSTEIO ABC ............................................................................................................ 63

FIGURA 4 - QUATRO PROCESSOS DO BALANCED SCORECARD .......................................... 69

FIGURA 5 - MAPA ESTRATÉGICO ............................................................................................... 70

Gráficos

GRÁFICO 1 - TAXA DE MORTALIDADE DE MPE'S CONSTITUÍDAS EM 2005 POR

UNIDADE FEDERATIVA - 2007............................................................................... 52

GRÁFICO 2 - CUSTOS VARIÁVEIS............................................................................................... 57

GRÁFICO 3 - CUSTOS FIXOS....................................................................................................... 58

GRÁFICO 4 - CUSTOS TOTAIS..................................................................................................... 58

GRÁFICO 5 - RECEITA EM RELAÇÃO AO VOLUME VENDIDO ................................................. 59

GRÁFICO 6 - PONTO DE EQUILÍBRIO ......................................................................................... 60

Quadros

QUADRO 1 - PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE CONTABILIDADE FINANCEIRA

E GERENCIAL.......................................................................................................... 39

QUADRO 2 - COMPARATIVO DO ENQUADRAMENTO DE MPE'S ENTRE LC

Nº 123/06 E PESQUISA DO SEBRAE..................................................................... 42

Tabelas

TABELA 1 - EVOLUÇÃO DAS TAXAS DE MORTALIDADE - 2007 .............................................. 52

TABELA 2 - ASSESSORIA/AUXÍLIO MAIS IMPORTANTE - 2007................................................ 53

TABELA 3 - PRINCIPAL DIFICULDADE NO ACESSO AO MERCADO - EMPRESAS

ATIVAS/PRINCIPAL MOTIVO PARA O FECHAMENTO DA EMPRESA -

EMPRESAS EXTINTAS - 2007 .................................................................................. 54

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 9

1.1 PROBLEMA ........................................................................................................... 9

1.2 HIPÓTESES .......................................................................................................... 10

1.3 JUSTIFICATIVA..................................................................................................... 10

1.4 OBJETIVO GERAL ................................................................................................ 10

1.5 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................................. 11

2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ................................................................ 12

2.1 TIPOLOGIA METODOLÓGICA QUANTO AO OBJETIVO ..................................... 13

2.2 TIPOLOGIA METODOLÓGICA QUANTO AOS PROCEDIMENTOS ..................... 14

2.3 TIPOLOGIA METODOLÓGICA QUANTO À ABORDAGEM DO PROBLEMA........ 17

3 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................... 19

3.1 DEFINIÇÃO, OBJETIVO E APLICAÇÃO DA CONTABILIDADE ............................ 19

3.2 EVOLUÇÃO DA CONTABILIDADE........................................................................ 20

3.3 VERTENTES DA CONTABILIDADE ...................................................................... 24

3.3.1 Contabilidade Geral ou Financeira ..................................................................... 24

3.3.2 Contabilidade Societária .................................................................................... 26

3.3.3 Contabilidade Fiscal ou Tributária ...................................................................... 26

3.3.4 Contabilidade de Custos .................................................................................... 27

3.3.5 Contabilidade Gerencial ..................................................................................... 28

3.3.5.1 Foco no cliente................................................................................................ 30

3.3.5.2 Cadeia de valor e análise da cadeia de suprimentos....................................... 31

3.3.5.3 Fatores críticos de sucesso............................................................................. 32

3.3.5.4 Melhoria contínua e benchmarking.................................................................. 33

3.4 DIFERENÇAS ENTRE CONTABILIDADE SOCIETÁRIA/FINANCEIRA E

CONTABILIDADE GERENCIAL............................................................................. 34

3.4.1 Quebra de Paradigma: Duas Novas Contabilidades........................................... 35

3.4.2 Principais Diferenças Entre as Duas Novas Contabilidades: Financeira x

Gerencial............................................................................................................ 37

3.5 O QUE É MICRO E PEQUENA EMPRESA? QUAIS BENEFÍCIOS LEGAIS

POR TAL ENQUADRAMENTO?............................................................................ 39

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3.6 BENEFÍCIOS DA CONTABILIDADE GERENCIAL EM MICRO E

PEQUENAS EMPRESAS ...................................................................................... 46

3.7 REFLEXOS DA NÃO UTILIZAÇÃO DA CONTABILIDADE GERENCIAL EM

MICRO E PEQUENAS EMPRESAS ...................................................................... 51

3.8 AS FERRAMENTAS GERENCIAIS EFICIENTES E EFICAZES

PARA GESTÃO ..................................................................................................... 54

3.8.1 Orçamento ......................................................................................................... 55

3.8.1.1 Processo de elaboração.................................................................................. 56

3.8.2 Relações Custo-Volume-Lucro........................................................................... 57

3.8.2.1 Custos fixos e variáveis................................................................................... 57

3.8.2.2 Ponto de equilíbrio .......................................................................................... 59

3.8.3 Custeio Variável ................................................................................................. 61

3.8.4 Custeio Baseado em Atividades (ABC) .............................................................. 62

3.8.5 Custo Padrão ..................................................................................................... 65

3.8.6 Balanced Scorecard........................................................................................... 67

3.8.6.1 Tradução da visão........................................................................................... 68

3.8.6.2 Comunicação e comprometimento .................................................................. 68

3.8.6.3 Planejamento de negócios .............................................................................. 68

3.8.6.4 Feedback e aprendizado ................................................................................. 68

3.8.6.5 Indicadores essenciais .................................................................................... 69

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES ............................................... 71

4.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 71

4.2 RECOMENDAÇÕES.............................................................................................. 73

REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 74

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1 INTRODUÇÃO

Com as constantes mudanças e aumentos na competitividade entre as

empresas brasileiras, torna-se cada vez mais importante adotar técnicas de gestão

especializadas. Na realidade brasileira, entretanto, muitas das Micro e Pequenas

Empresas não estão estruturadas para enfrentar tal desafio. Além disso, as dificul-

dades são aumentadas, na medida em que o fluxo de informações necessárias

para uma boa gestão empresarial fica maior e mais complexo.

O planejamento é um dos principais pontos de partida para o desenvol-

vimento das funções gerenciais, sendo um importante processo de reflexão que

precede a ação de tomada de decisão. A habilidade do gestor em utilizar-se da

Contabilidade Gerencial como ferramenta de gestão e suporte ao planejamento,

contribui fortemente para o sucesso da empresa.

1.1 PROBLEMA

Qual a importância da Contabilidade Gerencial para as Micro e Pequenas

Empresas no século XXI no Brasil?

Como as organizações não suportam as pressões normais do cotidiano e

acabam encerrando suas atividades, os empresários defendem que a instabilidade

econômica seria uma das maiores razões para o fechamento de suas empresas. E,

freqüentemente, reforçam seus argumentos, através de exemplos relacionados à

obtenção de financiamentos para aquisição de equipamentos e capital de giro,

juros altos, dentre outros. Realmente estes fatores ocorrem e têm grande peso na

administração das Micro e Pequenas Empresas, mas não podem ser considerados

como os principais fatores causadores de tantos problemas.

Nas empresas de pequeno porte, o processo de gestão se ausenta, na

medida em que seus gestores exercem as etapas de execução e de controle,

muitas vezes, de forma inconsciente. E, nesta forma de trabalho, o empresário

acaba por definir o planejamento de uma forma equivocada, na medida em que

tende a valorizar a lucratividade no tempo presente, em detrimento dos objetivos

de longo prazo, especialmente relacionados a sustentabilidade do negócio.

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1.2 HIPÓTESES

Segundo Rampazzo (2004, p.36), "hipótese é a suposição de uma causa

ou de uma lei destinada a explicar provisoriamente um fenômeno, até que os fatos

venham a contradizê-la ou afirmá-la".

Se grande parte das empresas não conseguem completar mais de um ano

de existência por deficiências em aspectos gerenciais, então a implementação e

utilização da Contabilidade Gerencial poderia colaborar para interromper a solução

de continuidade das Micro e Pequenas Empresas?

Se a falta de gestores qualificados para implementação e análise das

informações geradas pela Contabilidade Gerencial faz com que a Contabilidade

seja vista de forma fiscal e não como ferramenta de auxilio a gestão, então, a

qualificação de gestores quanto aos instrumentos contábeis disponíveis mudaria o

foco da Contabilidade Gerencial nas Micro e Pequenas Empresas?

1.3 JUSTIFICATIVA

Nesse nicho de mercado (Micro e Pequenas Empresas), as empresas

aparentam não se preocupar com controles internos de suas atividades, nem com

registros contábeis que possam vir a auxiliar a sua gestão.

Dessa forma, os gestores destes pequenos negócios aparentemente

tomam suas decisões de olhos vendados, pois não têm a mínima noção de como

está a situação da empresa.

Esta pesquisa visa incentivar gestores de Micro e Pequenas Empresas,

acadêmicos e profissionais da área contábil a desenvolver e adotar informações

que auxiliem a tomada de decisão, demonstrando a importância da Contabilidade

Gerencial e o quanto é valiosa as informações fidedignas.

1.4 OBJETIVO GERAL

Objetivo geral pode ser delineado sucintamente como sendo o que o

pesquisador pretende buscar responder em sua pesquisa, o motivo da pesquisa

em si.

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De acordo com Santos (1999, p.60), o objetivo geral pode ser definido

como:

[...] um projeto de pesquisa cientifica é sua espinha dorsal. Deveexpressar claramente aquilo que o pesquisador pretende conseguir comsua investigação. Não é o que ele vai fazer (isto se prevê nosprocedimentos), mas o que pretende conseguir como resultado intelectualfinal de sua investigação.

Diante do exposto, para atender o tema proposto foi delineado o seguinte

objetivo geral: "Descrever a Importância da Contabilidade Gerencial para as Micro

e Pequenas Empresas no Século XXI no Brasil".

1.5 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Os objetivos específicos, de acordo com Beuren (2003. p.65), "devem

descrever ações pormenorizadas, aspectos específicos para alcançar o objetivo

geral estabelecido".

Desta forma, a pesquisa procurará:

• diferenciar as contabilidades societária e financeira da contabilidade

gerencial;

• conceituar micro e pequena empresa e demonstrar benefícios legais

existentes;

• identificar os benefícios na utilização da contabilidade gerencial em

micro e pequenas empresas;

• identificar os reflexos da não utilização da contabilidade gerencial pelas

micro e pequenas empresas;

• demonstrar as ferramentas gerenciais mais eficientes e eficazes para

gestão de uma micro e pequena empresa.

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2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A metodologia é a explicação detalhada, austera e exata de todo o ato

desenvolvido no desenvolvimento do trabalho acadêmico. Detalha o tipo da

pesquisa, o rumo seguido para tal feito, o preceito para obter os dados a serem

trabalhados, enfim, de tudo aquilo que se utilizou no trabalho de pesquisa.

De acordo com Martins (2005, p.80), no que se refere à metodologia:

Corresponde ao estabelecimento das atividades práticas necessárias paraa aquisição de dados com os quais se desenvolverão os raciocínios queresultarão em cada parte do trabalho final. Cada procedimento (ou grupode procedimentos) é planejado em função de cada um dos objetivosespecíficos estabelecidos, ou seja, pensa-se a coleta de dados para cadaproblema expresso na forma de objetivo específico, os quais concorrerãopara a consecução do objetivo geral.

Assim sendo, a metodologia está diretamente ligada com o objetivo da

pesquisa, é o modo com o qual será conduzida a pesquisa, a forma de captação

de dados e informações, de tal forma, que a metodologia é a "espinha-dorsal" de

uma pesquisa, a forma com qual será trabalhado todos e quaisquer dados

relevantes à pesquisa.

As tipologias de pesquisa metodológica que podem ser utilizados no

desenvolver de um trabalho acadêmico voltado a Contabilidade são diversas, e

varia de autor para autor.

De acordo com Santos (1999), podem-se segregar os procedimentos

metodológicos segundo seus objetivos, segundo os procedimentos de coleta e

quanto à fonte de informação.

Dentro de cada tipologia metodológica (segundo objetivos, procedimentos

de coleta e à fonte de informação), há diversas divisões, dando origem a vários

tipos de pesquisa.

Desta forma é importante conceituar cada tipologia de pesquisa, pois se

necessita saber em qual delas a presente pesquisa se enquadra, e isto, conforme

exposto anteriormente, está diretamente relacionado com o objetivo estabelecido

na pesquisa.

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2.1 TIPOLOGIA METODOLÓGICA QUANTO AO OBJETIVO

No tocante a tipologia de pesquisa quanto aos objetivos, este delineamento

de pesquisa pode ser subdividido em pesquisa exploratória, pesquisa descritiva e

pesquisa explicativa.

De acordo com Beuren (2003, p.80), a caracterização da pesquisa

exploratória:

[...] ocorre quando há pouco conhecimento sobre a temática a serabordada. Por meio do estudo exploratório, busca-se conhecer com maiorprofundidade o assunto, de modo a torná-lo mais claro ou construirquestões importantes para a condução da pesquisa.

Enfatiza Gil apud Beuren (2003, p.80) que:

a pesquisa exploratória é desenvolvida no sentido de proporcionar umavisão geral acerca de determinado fato [...], esse tipo de pesquisa érealizado, sobretudo, quando o tema escolhido é pouco explorado e torna-se difícil formular hipóteses [...].

Sucintamente, a pesquisa exploratória tende tornar mais claro conceitos

prévios sobre determinado tema não observados de modo satisfatório anteriormente.

Assim sendo, colabora para a elucidação de questões sobre tal assunto.

A pesquisa descritiva, por sua vez, caracteriza-se como intermediária entre

as pesquisas exploratória e explicativa, ou seja, não é tão preliminar quanto a

primeira e nem tão profunda como a segunda.

No ponto de vista de Gil (1999) apud Beuren (2003, p.81):

[...] a pesquisa descritiva tem como principal objetivo descrevercaracterísticas de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimentode relações entre as variáveis. Uma de suas características maissignificativas está na utilização de técnicas padronizadas de coletas dedados.

Destaca Andrade (2002) apud Beuren (2003, p.81):

a pesquisa descritiva preocupa-se em observar os fatos, registrá-los,analisá-los, classificá-los e interpretá-los, e o pesquisador não interfereneles. Assim, os fenômenos do mundo físico e humano são estudados,mas não são manipulados pelo pesquisador.

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Já a pesquisa explicativa, diferentemente dos outros dois tipos de pesquisa

(exploratória e descritiva), pende para o viés do método experimental, pois, além

de descrever o fato, ela busca a causa para tal fato acorrer.

Na visão de Andrade (2002, p.20):

a pesquisa explicativa é um tipo de pesquisa mais complexa, pois, alémde registrar, analisar, classificar e interpretar os fenômenos estudados,procura identificar seus fatores determinantes. A pesquisa explicativa tempor objetivo aprofundar o conhecimento da realidade, procurando a razão,o porquê das coisas e por esse motivo está mais sujeita a erros.

Beuren (2003, p.82), explana:

Num comparativo com as pesquisas exploratórias e descritivas, a pesquisaexplicativa integra estudos mais aprofundados pela necessidade de explicaros determinantes na ocorrência dos fenômenos. Por esse motivo, aspesquisas explicativas não são tão comuns quanto as exploratórias edescritivas na Contabilidade.

Sintetizando, a idéia principal da pesquisa exploratória é elucidar a razão e o

porquê das coisas. Esse é o tipo de pesquisa que mais aprofunda o conhecimento da

realidade.

Diante do exposto deste tópico, a presente pesquisa enquadra-se, no

tocante à tipologia de pesquisa quanto ao objetivo, num primeiro momento na

pesquisa descritiva, pois precisará esclarecer determinadas características com

base em assuntos já abordados, porém, no segundo momento, terá um viés de

pesquisa exploratória, pois o tema escolhido foi pouco explorado por autores,

sendo mais complexo formular hipótese precisa e conseguir demonstrar que tais

hipóteses são aplicáveis.

2.2 TIPOLOGIA METODOLÓGICA QUANTO AOS PROCEDIMENTOS

Na pesquisa científica, os procedimentos norteiam qual a maneira de gerir

o estudo, ou seja, qual a maneira mais propícia para obtenção dos dados.

Gil (1999, p.65) ressalva que "o elemento mais importante para a identificação

de um delineamento é o procedimento adotado para a coleta de dados".

Em relação à tipologia de abordagem metodológica quanto aos proce-

dimentos, há uma variada gama de tipos de pesquisa, onde se destacam o estudo de

caso, a pesquisa de levantamento, a pesquisa bibliográfica, a pesquisa documental, a

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pesquisa participante e a pesquisa experimental, todas estas aplicáveis à Conta-

bilidade, as quais serão apresentadas em forma de tópicos, atendo-se nos mais

importantes para o desenvolvimento desta pesquisa.

Estudo de caso: de acordo com Beuren (2003, p.84):

a pesquisa do tipo estudo de caso caracteriza-se principalmente peloestudo concentrado de um único caso. Este estudo é preferido pelospesquisadores que desejam aprofundar seus conhecimentos a respeito dedeterminado caso específico.

Deste modo, o estudo de caso está mais voltado para pesquisas acerca de

um tema bem delimitado, o qual se preocupa com um episódio peculiar ocorrido.

Levantamento ou survey: para Gil (1999, p.70), pesquisas de levantamento:

se caracterizam pela interrogação direta das pessoas cujo comportamentose deseja conhecer. Basicamente, procede-se a solicitação deinformações a um grupo significativo de pessoas acerca do problemaestudado para em seguida, mediante análise quantitativa, obter asconclusões correspondentes aos dados coletados.

A pesquisa de levantamento pode ser resumida em uma coleta direta de

dados via entrevista, pois se obtém opiniões em relação ao assunto diretamente com

o indivíduo entrevistado, de uma população previamente estabelecida na pesquisa.

Pesquisa bibliográfica: de acordo com Cervo e Bervian (1983, p.55),

pesquisa bibliográfica é a pesquisa que: "explica um problema a partir de referenciais

teóricos publicados em documentos. Pode ser realizada independentemente ou como

parte da pesquisa descritiva ou experimental".

Por este tipo de pesquisa ser de natureza teórica, é parte obrigatória de uma

pesquisa, pois é dela que se tem o conhecimento das obras científicas existentes.

Para Beuren (2003, p.87):

no que diz respeito a estudos contábeis, percebe-se que a pesquisabibliográfica está sempre presente, seja como parte integrante de outrotipo de pesquisa ou exclusivamente enquanto delineamento. [...] podemajudar o estudante a conhecer o que foi produzido de importante sobre oobjeto da pesquisa.

Segundo Oliveira (1999, p.119), "a pesquisa bibliográfica tem por finalidade

conhecer as diferentes formas de contribuição científica que se realizaram sobre

determinado assunto ou fenômeno".

Resumidamente, a pesquisa bibliográfica é parte essencial para qualquer

pesquisa, pois irá explicar o problema a partir de obras já publicadas de outros

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autores, sendo sua finalidade explicar por diversos ângulos de autores distintos um

mesmo tema.

Pesquisa experimental: conforme Kerlinger (1980, p.125), experimento

pode ser como:

um estudo no qual uma ou mais variáveis independentes são manipuladas eno qual a influência de todas ou quase todas as variáveis relevantespossíveis não pertinentes ao problema da investigação é reduzida ao mínimo.

Assim sendo, pesquisa experimental é aquela em que o indivíduo

influencia as variáveis para que, se reduza ao máximo a pesquisa, eliminando as

variáveis que não participem diretamente no problema a ser demonstrado.

Pesquisa documental: muitas vezes confundida com a pesquisa biblio-

gráfica por suas características parecidas, porém diferem segundo sua natureza de

fonte. Segundo Beuren (2003, p.89):

A pesquisa bibliográfica utiliza-se principalmente das contribuições devários autores sobre determinada temática de estudo, já a pesquisadocumental baseia-se em materiais que ainda não receberam umtratamento analítico ou que podem ser reelaborados de acordo com osobjetivos da pesquisa.Assim como a maioria das tipologias, a pesquisa documental pode integrar orol de pesquisas utilizadas em um mesmo estudo ou caracterizar-se como oúnico delineamento utilizado para tal. Sua notabilidade é justificada nomomento em que se podem organizar informações que se encontramdispersas, conferindo-lhe uma nova importância como fonte de consulta.

A pesquisa documental utiliza-se, diferente da pesquisa bibliográfica, de

materiais pouco analisados, utilizados em estudos científicos, onde tais informações

podem ser vistas de uma ótica diferente a já utilizada pelo autor, visto a maior

flexibilidade que este tipo de pesquisa proporciona.

Pesquisa participante: conforme Silva e Grigolo (2002), apud Beuren

(2003, p.90):

a pesquisa participante caracteriza-se pela interação entre os pesqui-sadores e os membros das situações investigadas, porém não é exigidauma ação por parte das pessoas ou grupos especificados na pesquisa. Otema escolhido deve indicar, de partida, a fundamentação teórica queorientará uma pesquisa em que os indivíduos a serem observados passama constituir, eles próprios, o objeto máximo de estudo.

Na pesquisa participante, o próprio pesquisador, num dado momento,

encontra-se como objeto de estudo, ao qual há a integração total do pesquisador e

pesquisado.

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Diante dos conceitos expostos, a presente pesquisa se enquadra na

vertente da pesquisa bibliográfica e pesquisa documental, pois, o objetivo da mesma

necessita de conhecimento científico teórico, sendo estes encontrados em obras já

bastante utilizadas no meio acadêmico (livros) e outros dados científicos nem tão

difundidos, como artigos referente ao objetivo desta pesquisa, por exemplo.

2.3 TIPOLOGIA METODOLÓGICA QUANTO À ABORDAGEM DO PROBLEMA

Concluindo as tipologias de pesquisas mais comumente aplicadas à Contabi-

lidade, depara-se com a tipologia de pesquisa quanto à fonte de informação, na qual

se ramifica entre pesquisa qualitativa e pesquisa quantitativa.

Para Richardson (1999, p.80):

os estudos que empregam uma metodologia qualitativa podem descrevera complexidade de determinado problema, analisar a interação de certasvariáveis, compreender e classificar processos dinâmicos vividos porgrupos sociais.

Beuren (2003, p.92) complementa que:

na pesquisa qualitativa concebem-se análises mais profundas em relaçãoao fenômeno que está sendo estudado. A abordagem qualitativa visadestacar características não observadas por meio de um estudoquantitativo, haja vista a superficialidade deste último.

O tipo de pesquisa qualitativa busca analisar fatos e descobrir as causas

de um certo problema, o porquê daquele fato acontecer.

O uso do método qualitativo é muito comum em Contabilidade, pois, a

Contabilidade é uma ciência social, portanto nem sempre sendo exata, apesar de

lidar com números (BEUREN, 2003). Este uso é ocasionado porque a pesquisa

qualitativa importa-se com a busca do comportamento dos acontecimentos.

Em contrapeso a este tipo de abordagem, nota-se a abordagem

quantitativa, que, segundo Richardson (1999, p.70), "caracteriza-se pelo emprego

da quantificação tanto nas modalidades de coleta de informações, quanto no

tratamento delas por meio de técnicas estatísticas, desde as mais simples [...] às

mais complexas".

Dessa maneira, o método quantitativo busca precisão dos resultados,

evitando assim distorções acerca da análise e interpretação dos dados.

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"A utilização dessa tipologia de pesquisa torna-se relevante à medida que

se utiliza de instrumentos estatísticos desde a coleta, até a análise e o tratamento

dos dados" (BEUREN, 2003, p.93).

Neste enfoque, a presente pesquisa caracteriza-se por assumir uma

tipologia mais qualitativa do que quantitativa, pois busca entender o porquê do

problema, o que ocasiona tal feito, utilizando-se de artifícios como pesquisas biblio-

gráficas e documental, pesquisas publicadas por órgãos públicos, para assim,

obter-se uma prudente gama de informações sobre o tema e objetivo da pesquisa,

e assim formular hipóteses e desenvolver o raciocínio sobre o assunto a fim de

tentar comprovar suas suposições.

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3 REVISÃO DE LITERATURA

Para a construção da habilidade explicativa e argumentativa da presente

pesquisa, faz-se necessário discorrer sobre os assuntos, temas, conceitos e afins

que sejam indispensáveis para que, ao final desta, permita-se avaliar e validar a

hipótese demonstrada para o problema relatado (ambos descritos no capítulo 1).

Para facilitar o entendimento do que vem a ser Contabilidade Gerencial,

faz-se necessário compreender primeiramente o que é Contabilidade, seu conceito

e objetivos, aplicação, e também a evolução desta ao longo do tempo.

Isto posto, é de suma importância a diferenciação entre os ramos da Conta-

bilidade, para que, caso hajam dúvidas na nomenclatura utilizada ou até mesmo de

conceitos que possam estarem confusos, sejam sanados neste capítulo.

Após tal conceituação, é necessário também entender quais as diferenças

existentes entre a Contabilidade Financeira – a mais utilizada entre os ramos da

Contabilidade –, e a Contabilidade Gerencial – novo enfoque da Contabilidade

(NEVES e VICECONTI, 1998).

Após toda definição do que vem a ser Contabilidade, é indispensável

entender o conceito de Micro e Pequena Empresa, quais as características para tal

enquadramento, e quais os benefícios legais que auxiliam o fomento deste nicho

de empresas.

Esclarecido todo este rol, o foco passa a ser o estabelecimento de quais

são os benefícios para o Micro e Pequeno Empresário em adotar a Contabilidade

Gerencial em seu negócio, e, em contrapartida, quais são os reflexos desta

não adoção.

Serão demonstradas também algumas das ferramentas gerenciais mais

aptas às Micro e Pequenas Empresas, para que o pequeno empresário tome

conhecimento das técnicas que estão disponíveis no mercado para o geren-

ciamento de seu negócio.

3.1 DEFINIÇÃO, OBJETIVO E APLICAÇÃO DA CONTABILIDADE

Genericamente, a Contabilidade pode ser conceituada como sendo a

ciência que controla e registra (por meio de suas técnicas) atos e fatos incorridos

num determinado período dentro de uma organização, em seu patrimônio.

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De acordo com a Resolução do Conselho Federal de Contabilidade – CFC –

nº 774/94 – que dispõe sobre os Princípios Fundamentais da Contabilidade:

a Contabilidade possui objeto próprio – o Patrimônio das Entidades – econsiste em conhecimentos obtidos por metodologia racional, com ascondições de generalidade, certeza e buscam das causas, em nívelqualitativo semelhante às demais ciências sociais. A Resolução alicerça-se na premissa que a Contabilidade é uma ciência social com plenafundamentação epistemológica.

No ponto de vista de Iudícibus (2000, p.19), a Contabilidade:

repousa mais na construção de um 'arquivo básico de informaçãocontábil', que possa ser utilizado, de forma flexível, por vários usuários,cada um com ênfases diferentes, porém, extraídos todos os informes doarquivo básico ou 'data-base' estabelecido pela Contabilidade.

Na Contabilidade, o objeto é sempre o conjunto de bens, direitos e

obrigações (patrimônio) de uma entidade, independente de sua constituição (física

ou jurídica), e suas mutações.

Deste modo, a Contabilidade permite que sejam fornecidas informações

econômico-financeiras-sociais para que seus usuários, com base nesse conhecimento

fidedigno à realidade, tenham uma ferramenta para a tomada de decisão e geren-

ciamento do negócio, e não apenas sirva para débito e crédito como muito é dito.

O campo de aplicação da Contabilidade, segundo Professores da FEA/USP

(2001, p.280), "é bastante amplo, abrangendo todas as entidades físicas ou

jurídicas, com ou sem fins lucrativos, que exerçam atividade econômica visando

atingir determinada finalidade".

Assim, existindo atividade econômica em uma organização, independente

de qual tipo de entidade for esta, a Contabilidade estará presente.

3.2 EVOLUÇÃO DA CONTABILIDADE

Tão importante quanto o conceito da Contabilidade, necessita-se men-

cionar o caráter evolutivo da Contabilidade ao longo do tempo.

A Contabilidade não surgiu como é vista hoje em dia, trata-se de uma

evolução contínua acompanhando as necessidades e exigências do meio empre-

sarial e social, contudo "não sabemos quem inventou a contabilidade. [...]

Sabemos, porém que sistemas de escrituração por partidas dobradas começaram

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a surgir gradativamente nos séculos XIII e XIV [...] no norte da Itália" (HENDRIKSEN

e VAN BREDA, 1999, p.39).

O primeiro a cifrar a contabilidade, ainda na Itália (Veneza), foi um frei

franciscano chamado Luca Pacioli, onde, com seu livro "Summa de arithmetica,

geométrica, proportioni et proportionalitá", datado de 1494, proporcionou uma

enorme difusão da essência contábil.

A Summa era principalmente um tratado de matemática, mas incluía umaseção sobre o sistema de escrituração por partidas dobradas, [...], eapresentava o raciocínio em que se baseavam os lançamentos contábeis(HENDRIKSEN e VAN BREDA, 1999, p.39).

Para Drummond (1995) apud Beuren (2003, p.25):

no que tange ao Método das Partidas Dobradas, o Frei Luca Pacioli expôsa terminologia adotada para o reconhecimento do devedor, Per, para ocredor, A. Estabeleceu que primeiro deve vir o devedor, e depois o credor,uma prática ainda em uso.

Mesmo a Contabilidade tendo a mesma essência desde a Renascença,

algumas mudanças foram perceptíveis ao longo destes anos.

A primeira mudança é que o principal objetivo da Contabilidade era

produzir informação ao proprietário, sendo assim, as contas eram mantidas em

sigilo (HENDRIKSEN e VAN BREDA, 1999).

A segunda mudança é que, ao contrário de antigamente, onde o patrimônio

dos sócios não era distinto claramente do patrimônio da empresa, atualmente há o

Princípio Fundamental de Contabilidade – PFC – da Entidade (fundamentado na

Resolução CFC nº 774/94), onde o patrimônio dos sócios não se confunde com o

da empresa e vice-versa. Em paralelo a isto, a Resolução nº 1121/08 do CFC,

estabelece os pressupostos básicos à Contabilidade, reforçando a fundamentação

para as técnicas contábeis.

Uma terceira mudança refere-se ao chamado exercício contábil, o qual

apurava o lucro de uma empresa somente quando a mesma fosse encerrada,

assim inexistindo a idéia atual de Continuidade das empresas.

A quarta característica "decorre da ausência de uma única unidade

monetária estável" (HENDRIKSEN e VAN BREDA, 1999, p.41).

Mesmo a Contabilidade tendo sido concebida na Itália, ou pelo menos

tenha sido difundida por meio de registros históricos, muitas outras civilizações da

Antiguidade contribuíram para esta ciência ser o que hoje é.

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Segundo Iudícibus (2000, p.30):

a Contabilidade, seja talvez tão antiga quanto a origem do homo sapiens.Alguns historiadores fazem remontar os primeiros sinais objetivos daexistência de contas aproximadamente a 4.000 a.C. Entretanto, antesdisso, o homem primitivo, ao inventar o número de instrumentos de caça epesca disponíveis, ao contar seus rebanhos, ao contar suas ânforas dabebidas, já estava praticando uma forma rudimentar de Contabilidade.

Pode-se notar que desde os tempos mais remotos, a humanidade já utilizava

artifícios de controles, assim praticando uma Contabilidade bem embrionária.

No seguimento da evolução cronológica da Contabilidade, os Professores

da FEA/USP (2001, p.282) discorrem que:

No Egito, por volta do ano de 2.000 a.C., historiadores registram aexistência de livros e documentos comerciais e de uma administraçãocentralizada referente à cobrança de impostos que exigia um complexosistema de documentação.

Nesta mesma época na China, segundo Hendriksen e Van Breda (1999,

p.42), "sistemas contábeis sofisticados parecem ter existido [...], e referências

intrigantes denotam uma familiaridade com o sistema de partidas dobradas em

Roma no início da era cristã".

Ainda de acordo com os Professores da FEA/USP (2001, p.282):

a invenção da escrita pelos fenícios por volta de 1.100 a.C., houve aexpansão, ainda que lenta, do conhecimento humano. Com o advento damoeda e das medidas de valor, finalmente, pôde-se utilizar um sistema decontas completo e as respectivas contas contábeis.

Outro momento relevante que marca a história da Contabilidade, de acordo

com Beuren (2003), foi a descoberta do 'Papiro de Zenon', o qual demonstra uma

coletânea de mais de mil documentos escrito em 256 a.C. Trazia uma Contabili-

dade já segmentada por departamentos, com níveis de despesa, receita e controle

de estoques. Tal escrito, já contemplava alguns tipos de controle sobre as

transações ocorridas em determinado período.

A Contabilidade sofreu influência árabe também, onde o maior de todos os

matemáticos árabes, Musa Al-Khwarizmi escreveu sua obra 'Al-Jabr Wa'l Mugabala',

sendo esta obra abalizada na descoberta indiana do conceito de zero e, juntamente

com ele, a noção de valor de posição que havia permitido aos estudiosos indianos o

desenvolvimento do sistema numérico que utilizamos atualmente (HENDRIKSEN e

VAN BREDA, 1999).

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Ainda com referência a contribuição árabe, mesmo após intensas

mudanças na região (guerras por territórios), o conhecimento não se perdeu.

Leonardo Fibonacci de Pisa (1180-1250), que cresceu no norte da África,

aprendeu tanto a língua quanto a matemática dos árabes. Em sua volta para Pisa,

escreveu a obra Libber Abacci, que contribuiu significativamente para a

disseminação do sistema numérico arábico na Europa.

De acordo com Iudícibus (2000, p.40), a obra 'Liber Abacci', escrita por

Leonardo Fibonacci de Pisa trata-se, além da divulgação numérica arábica,

"de práticas comercias [...], pois difundem não apenas o mecanismo de

funcionamento das instituições jurídicas e comerciais, mas também os usos e

costumes do comercio".

Já acelerando mais ainda a linha do tempo que está sendo delineada nesta

pesquisa, outro fato importante para a Contabilidade, logo após a disseminação da

Peste Negra pela Europa, foi o uso generalizado da moeda como denominador

comum, onde, por causa da peste, um terço da população da Europa havia sido

eliminada, começou a declinar o sistema feudal. "A propriedade privada começou a

suplantar a posse conjunta da Idade Média. Em síntese, estavam sendo lançadas

as bases de nossa sociedade" (HENDRIKSEN e VAN BREDA, 1999, p.44).

O fim do período Moderno deu-se, conforme SÁ (1997) apud Beuren (2003,

p.25) "com a publicação do livro de Francesco Villa, em 1840, responsável pelo início

de uma nova fase na Contabilidade que perdura até hoje". A obra de Francesco Villa

intitulava-se "La contabilità applicatta alle administrazioni private e pubbliche", a qual

contribuiu para a disseminação da Contabilidade para um público cada vez maior.

"Esse, portanto, foi o mundo no qual a contabilidade nasceu" (HENDRIKSEN e

VAN BREDA, 1999, p.44).

A Contabilidade como vista atualmente é o reflexo de uma evolução

contínua ao decorrer do tempo. Cada vez mais difundida, a Contabilidade teve

como característica sempre se adaptar às novas realidades da época em que figu-

rava, e, como historicamente estas adaptações ocorreram, futuramente há de se

esperar maiores mudanças, já que usuários de diferentes perfis a utilizam, e como

será discorrido no próximo tópico, a Contabilidade tende a adaptar-se de acordo

com a perspectiva de seu usuário.

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3.3 VERTENTES DA CONTABILIDADE

Na Contabilidade, aparentemente há uma peculiaridade em relação às

demais ciências: tem a característica de adaptar-se de acordo com seu usuário.

De acordo com Horngren, Sundem e Stratton (2004), o tipo de informação

contábil demandada difere de usuário para usuário, ou seja, cada usuário vai

necessitar de uma informação específica para seu uso. Estes usuários é que irão

influenciar a Contabilidade para gerar informações cada vez mais exclusivas,

assim forçando a diversificação da Contabilidade.

3.3.1 Contabilidade Geral ou Financeira

A Contabilidade Financeira é uma vertente da Contabilidade Geral, tendo

esta nomenclatura em função de um dos seus principais propósitos: elaborar e

fornecer relatórios e demonstrativos financeiros ao público externo.

De acordo com Atkinson et al. (2008, p.37), a Contabilidade Financeira:

é o processo de geração de demonstrativos financeiros para públicosexternos, como acionistas, credores e autoridades governamentais. Esseprocesso é fortemente limitado por autoridades governamentais quedefinem padrões, regulamentações e impostos, além de exigir o parecerde auditores independentes [...].

Segundo a COSIF, a Contabilidade Financeira tem por objetivo: "coletar dados

das transações econômico-financeiras que afetam o patrimônio da entidade, classi-

ficá-los e registrá-los, fornecendo informações condensadas em forma de relatórios".

Já para Horngren, Sundem e Stratton (2004, p.4), a Contabilidade Finan-

ceira "refere-se à informação contábil desenvolvida para usuários externos, como

acionistas, fornecedores, bancos e agências regulatórias governamentais".

Ambos os autores e instituição supramencionados acordam entre a finali-

dade da Contabilidade Financeira, que, em resumo às idéias expostas, visa

demonstrar por meio de relatórios e demonstrativos econômico-financeiros a situação

da empresa ao público externo (acionistas, governo, fornecedores, bancos, dentre

outros).

Para a Comissão de Valores Mobiliários - CVM, na Deliberação CVM

nº 29/86, o conceito/objetivo da Contabilidade Financeira é:

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permitir, a cada grupo principal de usuários, a avaliação da situaçãoeconômica e financeira da entidade, num sentindo estático, bem comofazer inferências sobre suas tendências futuras. Para a consecução desseobjetivo, é preciso que as empresas dêem ênfase à evidenciação de todasas informações que permitam não só a avaliação de sua situaçãopatrimonial e das mutações desse patrimônio, mas, além disso, quepossibilitem a realização de inferências sobre seu futuro.

Traçando um paralelo entre os conceitos vistos anteriormente e a Deli-

beração da CVM, pode-se notar que os conceitos em relação a função da Contabi-

lidade Financeira são concernentes, porém, a CVM além de mencionar que a

Contabilidade Financeira evidencia a situação econômico-financeira e patrimonial

por meio de relatórios e demonstrativos, a mesma possibilita que, ao analisar os

dados já ocorridos, possa prever situações futuras, entretanto, esta visão da

Contabilidade se enquadra mais na definição da Contabilidade Gerencial, qual será

discorrida futuramente neste mesmo capítulo.

Para Horngreen, Datar e Foster (2004, p.2), a Contabilidade Financeira:

"concentra-se em demonstrativos para grupos externos, medindo, registrando

transações de negócios e fornecendo demonstrativos financeiros baseados em

princípios contábeis geralmente aceitos (PCGA)".

Vale fazer um parêntese que, no Brasil, as normas que regem a

Contabilidade são os Princípios Fundamentais de Contabilidade – PFC (balizados

na Resolução nº 774/94), ao contrário de países como os Estados Unidos da

América, onde a Contabilidade é regida pelos PCGA.

Segundo Atkinson et al. (2008, p.37):

O processo contábil-financeiro está restrito às exigências obrigatórias deelaboração de relatórios por parte de autoridades regulamentadorasexternas [...] Como conseqüência, a contabilidade financeira tende a serorientada por normas [...].

De maneira geral, nota-se que o objetivo da Contabilidade Financeira se

confunde com o objetivo das demonstrações contábeis que, para fins de publicação

externa, necessitam atender aos Princípios Fundamentais de Contabilidade.

Em resumo ao exposto, a Contabilidade Financeira tem por objetivo

demonstrar por meio de relatórios a situação econômico-financeira e patrimonial da

empresa, sempre com base em informações históricas, ou seja, dando ênfase ao

desempenho passado. É normativa, devendo atender os parâmetros expressos na

legislação vigente, e em consonância aos PFC (no caso do Brasil).

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3.3.2 Contabilidade Societária

A Contabilidade Societária é uma das diversas ramificações que a

Contabilidade Geral pode assumir.

De acordo com a COSIF:

a dita Contabilidade Societária, como em outras denominações (Finan-ceira, Gerencial, Fiscal e Tributária, Criativa), é apenas um jargão merca-dológico utilizado como forma de chamar a atenção para o estudo, nestecaso, das particularidades contidas na Legislação Societária agora resu-mida no Código Civil Brasileiro e ainda a Lei das Sociedades por Ações(Sociedades Anônimas).

Ainda segundo a COSIF, com a Contabilidade Societária pode-se verificar a

legislação de constituição das sociedades, envolvendo os agrupamentos ou

conglomerados empresariais, com o estudo da função das controladoras (holding)

e das controladas e coligadas na estrutura organizacional dos grupos de

empresas, assim como verificar a Equivalência Patrimonial e Avaliação e Reava-

liação de Bens (ex.: ativos permanentes, fundo de comércio).

Assim, Contabilidade Societária pode ser conceituada como sendo a

vertente da Contabilidade que visa ofertar informações societárias da empresa,

estudar as estruturas organizacionais (controladoras, controladas e coligadas),

assim como verificação das transações e registros entre tais entidades.

3.3.3 Contabilidade Fiscal ou Tributária

A Contabilidade Fiscal, ou também conhecida como Contabilidade Tributária,

trata da parte da Contabilidade que se encarrega de analisar profundamente a legis-

lação tributária e fazê-la refletir nos registros contábeis.

Segundo Fabretti (1996, p.25), Contabilidade Tributária:

é o ramo da contabilidade que tem por objetivo aplicar na práticaconceitos, princípios e normas básicas da contabilidade e da legislaçãotributária, de forma simultânea e adequada.[...]

Como ramo da contabilidade, deve demonstrar a situação do patrimônio eo resultado do exercício, de forma clara e precisa, rigorosamente deacordo com os conceitos, princípios e normas básicas de contabilidade. Oresultado apurado deve ser economicamente exato.

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Entretanto, a legislação tributária freqüentemente atropela os resultadoseconômicos para, por imposição legal, adaptá-los a suas exigências e dar-lheoutro valor (resultado fiscal), que nada tem a ver com o resultado contábil.

[...] é comum que empresa com prejuízo econômico, ao qual o fiscomanda acrescentar despesas que considera indedutíveis, chega aapresentar um lucro fiscal que recebe o nome de 'lucro real'!.

De acordo com o referido autor acima, o objeto da Contabilidade Fiscal ou

Tributária é:

apurar com exatidão o resultado econômico do exercício social,demonstrando-o de forma clara e sintética [...], atender de forma extra-contábil as exigências das legislações [...]" (FABRETTI, 1996, p.27).

Desta forma, entende-se que a Contabilidade Fiscal ou Tributária é

encarregada da análise das contas de resultado da empresa, a qual deverá ser

examinada de acordo com a legislação vigente, para que se apure corretamente

os impostos.

3.3.4 Contabilidade de Custos

Outra subdivisão que da Contabilidade é a chamada Contabilidade de Custos.

Segundo Horngren, Datar e Foster (2004, p.2-3), a Contabilidade de Custos:

fornece informações tanto para a contabilidade gerencial quanto para afinanceira. Mede e relata informações financeiras e não-financeirasrelacionadas ao custo de aquisição ou à utilização de recursos em umaorganização; inclui aquelas partes, tanto da contabilidade gerencial quantoda financeira, em que as informações de custos são coletadas e analisadas.

Já para a COSIF, a Contabilidade de Custos visa:

fornecer informações sobre a utilização de bens e serviços na produçãode outros bens ou serviços no ambiente onde são gerados, direcionadospara o fornecimento de subsídios para análise e avaliação do desem-penho e da produtividade.

Ambos referenciais supracitados discorrem que a Contabilidade de Custos

fornece informação, tanto gerencialmente quanto financeiramente, sobre a

utilização dos recursos (materiais, mão-de-obra, entre outros) na produção de bens

e serviços de uma organização. Segundo tais informações, o gestor/administrador

terá como analisar o desempenho produtivo da empresa.

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De acordo com Neves e Viceconti (1998, p.6):

A Contabilidade de Custos, nos seus primórdios, teve como principal função aavaliação de estoques em empresas industriais, uma vez que envolve muitomais que a simples compra e revenda de mercadorias, são feitospagamentos a fatores de produção, tais como salários, aquisições e utilizaçãode matérias-primas etc. Ademais, estes gastos devem ser incorporados aovalor dos estoques das empresas no processo produtivo [...].

Complementando:

A Contabilidade de Custos, cuja função inicial era de fornecer elementospara avaliação dos estoques e apuração do resultado, passou, nasúltimas décadas, a prestar duas funções muito importantes na Contabili-dade Gerencial: a utilização dos dados de custos para auxílio ao controlee para tomada de decisões (NEVES e VICECONTI, 1998, p.8).

Conforme mencionado, a Contabilidade de Custos fornece informações

referentes à utilização de recursos no processo produtivo, proporcionando

informações à Contabilidade Gerencial, auxiliando assim na tomada de decisão dos

gestores.

3.3.5 Contabilidade Gerencial

A Contabilidade Gerencial, para muitos, é um mero jargão de mais uma

vertente da Contabilidade (COSIF). Entretanto este ramo parece ser muito utilizado

e difundido nas grandes empresas, principalmente multinacionais, porém não

parecem ser tão utilizado nas Micro e Pequenas Empresas.

Conceitualmente, Contabilidade Gerencial segundo a visão de Atkinson et

al. (2000, p.36):

é o processo de produzir informação operacional e financeira para funcio-nários e administradores, tal processo deve ser direcionado pelasnecessidades informacionais dos indivíduos internos da empresa e deveorientar suas decisões operacionais e de investimentos.

Já para a COSIF, Contabilidade Gerencial:

é a parte da Contabilidade que se refere o fornecimento de informações ede subsídios para a tomada de decisões de caráter corrente e as denatureza estratégicas permitindo também efetuar avaliações dedesempenho e fixação do preço de venda baseado no custo, no mercadoe no concorrente [...].

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Na visão de Horngren, Sundem e Stratton (2004, p.4):

Contabilidade Gerencial é o processo de identificar, mensurar, acumular,analisar, preparar, interpretar e comunicar informações que auxiliem osgestores a atingir objetivos organizacionais.

Para Ricardino (2005, p.9):

a contabilidade gerencial, num sentido mais profundo, está voltada única eexclusivamente para a administração da empresa, procurando supririnformações que se 'encaixem' de maneira variável e efetiva no modelodecisório do administrador.

Pôde-se notar que os autores ao conceituarem Contabilidade Gerencial

utilizaram de uma mesma linha de raciocínio: do pressuposto que a Contabilidade

Gerencial serve de ferramenta de tomada de decisão. Porém não se pode resumir

tanto o campo de atuação desta vertente da Contabilidade.

De acordo com Neves e Viceconti (1998), a Contabilidade Gerencial não

se atém apenas nas informações produzidas, desenvolvidas dentro da Contabi-

lidade, mas também se ampara de outros campos do conhecimento não vinculados

diretamente à área contábil, como exemplo a administração financeira, estatística,

análise financeira, dentre outros.

Segundo Lopes e Martins (2005, p.95), concernentes ao enfoque acima

citado, discorrem que:

[...] podemos identificar duas atividades básicas que devem ser realizadaspara que as corporações atinjam seus objetivos: coordenação emotivação. As várias atividades da firma precisam ser adequadamentecoordenadas e os gestores e demais envolvidos precisam estar motivadospara a realização de suas funções. Para a realização dessas funções, umelemento é primordial: informação. Para que as atividades sejam bemcoordenadas, os gestores precisam receber informações sobre seudesenvolvimento. Para que esses mesmos gestores adequadamentemotivados, é necessário que sistemas [...] sejam implementados comobase para a remuneração. Assim, as firmas precisam de sistemascapazes de fornecer informações com a finalidade de coordenação emotivação dos agentes econômicos envolvidos em suas atividades. Daísurge a contabilidade gerencial.

Conforme Iudícibus (1998, p.21):

A Contabilidade Gerencial pode ser caracterizada, superficialmente, como umenfoque especial conferido as várias técnicas e procedimentos contábeis jáconhecidos e tratados na Contabilidade Financeira, na Contabilidade deCustos, na Análise Financeira de Balanços etc. Colocados numa perspectiva[...] e classificação diferenciada, de maneira a auxiliar os gerentes dasentidades em seu processo decisório.

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Os últimos enfoques supracitados diferenciam-se dos demais, pois

ampliam a Contabilidade Gerencial como sendo uma técnica que não se utiliza

apenas das informações da Contabilidade convencional, mas também de outras

áreas da empresa, sendo muito mais abrangente do que apenas analisar registros

contábeis para tomada de decisão futura. Desta forma, a Contabilidade Gerencial

pode-se até a vir a ser confundida com a área de conhecimento de Administração

de Empresas.

Reforçando a idéia acima citada de Lopes e Martins (2005), para se ter uma

influente Contabilidade Gerencial, necessita-se de um bom sistema de Contabilidade

Gerencial, o qual, segundo Atkinson et al. (2000, p.36) é conceituado como:

[...] sistemas de informação que relatam os custos de atividades,processos, produtos, serviços e clientes da empresa, que são usadospara uma variedade de tomadas de decisão e de melhorias de atividades.

Tais sistemas de informação, segundo Horngren, Datar e Foster (2004),

deverão ser elaborados de acordo com os anseios dos administradores da

empresa, sendo os mais comuns (a seguir comentados):

• foco no cliente;

• cadeia de valor e análise da cadeia de suprimentos;

• fatores críticos de sucesso;

• melhoria contínua e benchmarking.

FIGURA 1 - TEMAS-CHAVES NA TOMADA DE DECISÃO GERENCIAL

Foco no cliente

Fatores críticos de sucessoCadeia de valor e análise

da cadeia de suprimentos• Custo e eficiência

• Qualidade

• Tempo

• Inovação

Melhoria contínua

e benchmarking

FONTE: Horngren, Datar e Foster (2004, p.8)

3.3.5.1 Foco no cliente

No mercado cada vez mais concorrido, alguns artifícios utilizados pelo

planejamento das empresas podem trazer benefícios para a competitividade

destas. Um desses artifícios é focar no cliente.

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De acordo com Horngren, Datar e Foster (2004), foco no cliente refere-se a

adicionar valor para o cliente, defendendo sempre a satisfação do cliente nas

transações entre ambas as partes (fornecedor e cliente).

"O sistema de contabilidade gerencial também deve acompanhar se as

funções internas do negócio adicionam valor para os clientes" (HORNGREN, DATAR

e FOSTER, 2004, p.8).

Assim, a Contabilidade Gerencial deverá administrar como está a satis-

fação do cliente para com a empresa.

3.3.5.2 Cadeia de valor e análise da cadeia de suprimentos

Outro artifício utilizado pelo planejamento é a cadeia de valor e a análise

da cadeia de suprimentos da empresa.

"Cadeia de valor refere-se à seqüência de funções de um negócio em que

são adicionadas utilidades aos produtos e serviços de uma empresa" (HORNGREN,

DATAR e FOSTER, 2004, p.8).

Na cadeia de valor, conforme a figura 2, a Contabilidade Gerencial estará

influenciando todos os processos nos diferentes níveis de processo do produto. Onde

estiver sendo adicionado valor ao produto, lá estará a Contabilidade Gerencial

influenciando o processo.

Segundo Horngren, Datar e Foster (2004, p.9):

cadeia de suprimentos descreve o fluxo de bens, serviços e informaçõesdas fontes iniciais de materiais e serviços até a entrega dos produtos aosconsumidores, independente se essas atividades ocorreram na mesmaorganização ou em outras.

A cadeia de suprimentos visa mapear qual o fluxo dos materiais e serviços

para a produção de um determinado bem ou outro serviço.

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FIGURA 2 - PARTES DE UMA CADEIA DE VALORES

Pesquisa edesenvolvimento

Planejamento deprodutos, serviços

ou processosProdução Marketing Distribuição Serviço ao cliente

Contabilidade gerencial

FONTE: Horngren, Datar e Foster (2004, p.8)

3.3.5.3 Fatores críticos de sucesso

Os fatores críticos de sucesso são um ponto relevante a ser estudado para

o desenvolvimento de um sistema de informações contábeis.

De acordo com Horngren, Datar e Foster (2004), os principais fatores

críticos de sucesso de uma empresa são: custo e eficiência, qualidade, tempo e

inovação.

• Custo e eficiência: "as companhias enfrentam contínua pressão para

reduzir o custo os produtos e serviços que vendem" (HORNGREN,

DATAR e FOSTER, 2004, p.9).

Desta forma, os empresários terão que equacionar uma forma de que, se

reduzirem custos, não sofrerão impacto na eficiência do serviço prestado

ao cliente, assim, entende-se que o primeiro custo a ser combatido é custo

do retrabalho.

• Qualidade: "os clientes esperam altos níveis de qualidade [...] Os

contadores gerenciais avaliam os custos e os benefícios de receita com

as iniciativas de programas de qualidade total" (HORNGREN, DATAR e

FOSTER, 2004, p.10).

Assim, entende-se que programas de qualidade total, sistemas de

qualidade, certificados ISO 9001 são fundamentais neste processo de

gerenciamento.

• Tempo: como o mercado é impetuoso, os empresários deverão adaptar-

se seus processos produtivos para que se produza em ciclos mais

curtos, assim disponibilizando produtos para o mercado (HORNGREN,

DATAR e FOSTER, 2004).

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As empresas, segundo exposto, devem se adaptar para atender as

demandas no prazo estipulado nos pedidos. Para isso, lançam do artifício

de reduzir os ciclos produtivos, para conseguirem produzir com tempo.

• Inovação: "um fluxo constante de produtos ou serviços inovadores é a

base para o sucesso contínuo de uma empresa" (HORNGREN, DATAR e

FOSTER, 2004, p.10).

Sendo assim, é de suma importância que a empresa sempre esteja

inovando, buscando novos produtos ou ofertar serviços diferenciados,

para não perderem mercado em relação a concorrentes.

De forma geral, Hornegren, Datar e Foster (2004, p.10), comentam que "o

contador gerencial ajuda os administradores a avaliar as decisões de inves-

timentos, alternativas, e as decisões de pesquisa e desenvolvimento, e, também, a

acompanhar o desempenho dos fatores críticos de sucesso [...]".

O contador voltado para a área gerencial acompanhará a performance dos

fatores críticos de sucesso aqui expostos.

3.3.5.4 Melhoria contínua e benchmarking

Melhoria contínua está ligada diretamente com o foco no cliente, pois, para

satisfazer os anseios do cliente, de certa forma, a empresa estará melhorando

algum processo produto.

Segundo Hornegren, Datar e Foster (2004, p.10), "a melhoria contínua dos

competidores cria uma incessante demanda por níveis mais elevados de

desempenho para satisfazer o cliente". Desta forma, os empresários que não

estiverem aptos a melhorarem continuamente seus processos, ficarão defasados

em relação às expectativas do mercado.

Ainda para Hornegren, Datar e Foster (2004, p.10):

Os alvos de contínuas melhoras são freqüentemente estabelecidos pormeio de benchmarking, ou seja, a medição da qualidade de produtos,serviços e atividades da companhia, contra os melhores níveis dedesempenho encontrados em empresas competitivas.

Benchmarking mede, compara os produtos ofertados pela empresa com os

melhores produtos já inseridos no mercado, sendo estes últimos, base para

comparação, onde, deste comparativo, tem-se a percepção do que o produto pode

ser melhorado para galgar mais mercado.

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3.4 DIFERENÇAS ENTRE CONTABILIDADE SOCIETÁRIA/FINANCEIRA E

CONTABILIDADE GERENCIAL

Conforme ponderamento anteriormente feito no item 3.3, dentre as

diversas vertentes que a Contabilidade pode assumir (financeira, societária, fiscal/

tributária, custos e gerencial, as quais devidamente comentadas, e também outras

como criativa, pública), há maior destaque pela Contabilidade Financeira e Socie-

tária, pois são as mais difundidas no meio contábil. A Contabilidade Gerencial

denota-se, que vem se destacando e demandando cada vez mais por profissionais

aptos para contribuir na gestão das empresas.

Para melhor fundamentar tal afirmação, Neves e Viceconti (1998, p.8)

discorrem que:

a Contabilidade Gerencial é relativamente recente entre nós e pode-seafirmar que a Contabilidade Financeira é muito mais difundida e estudadaque a Gerencial embora, [...], esta última seja estratégica na tarefa defornecer subsídios à administração da empresa.

Para diferenciar tais tipos de Contabilidade, é importante primeiramente

entender o foco de cada uma, e entender a evolução para a Contabilidade

Gerencial, que é o ramo que vem sendo mais utilizada por grandes empresas, e

em contraste, minimamente utilizada pelas Micro e Pequenas Empresas.

Mas primeiramente, surgem as indagações: a Contabilidade não é única?

Por que separá-la entre Contabilidade Financeira e Contabilidade Gerencial? Qual

finalidade desta distinção?

De acordo com a Revista Contabilidade & Finanças FIPECAFI-FEA-USP,

v.18, n.44, 2007:

a separação nos dois grupos decorre do entendimento de que os usuáriossão diferentes, que apresentam distinções significativas em suas neces-sidades, perspectivas e expectativas de utilização das informações contábeis.Ambos os grupos pretendem utilizar a Contabilidade como fonte básica noprocesso decisório, mas, não necessariamente, da mesma forma.

Ainda seguindo a linha de raciocínio da revista supra mencionada, para

diferenciar os tipos de usuários basta olhar a porta de uma organização: para dentro

da organização existem os usuários internos, e para fora os usuários externos.

As necessidades destes usuários são distintas, portanto, cada grupo de

usuários necessitará de informações sob óticas diferentes.

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Deste modo, a Contabilidade, como anteriormente visto, pode ter várias

ramificações, as quais se diferem pelo seu destino final, ou seja, de certo modo a

Contabilidade tem a capacidade de se adaptar conforme a demanda e percepção de

seu usuário, por isso que a Contabilidade Gerencial cada vez mais vem ganhando

espaço importante dentro das empresas, pois nem todos os pontos de vistas dos

usuários são iguais.

3.4.1 Quebra de Paradigma: Duas Novas Contabilidades

Com o surgimento das grandes corporações, a partir do final do século XIX,

surgiu uma nova forma de sociedade, como conseqüência futura, um novo tipo de

Contabilidade.

Onde antes existiam, em sua grande maioria, empresas familiares, o qual o

próprio dono se dedicava a gerir a empresa e ao mesmo tempo estar frente à

manufatura, o mercado foi se inovando, necessitando de produtos cada vez mais

elaborados, assim carecendo de investimentos mais pesados em manutenção e

desenvolvimento do processo produtivo.

De acordo com Ricardino (2005), assim surgiu a figura do sócio capitalista,

pois de um lado estavam aqueles que detinham capital, porém não participavam do

processo fabril, e de outro, os gestores da atividade produtiva que com seu capital

próprio, no entanto, não conseguiam prover investimentos necessários para o

incremento do processo produtivo que vinha acontecendo.

Deste modo, com o sócio capitalista participando das corporações, provocou

certa pressão sobre estas, havendo a necessidade de se demonstrar periodicamente,

o resultado do capital destes investimentos externos.

Até a ascensão do sócio capitalista, os empresários, segundo Ricardino

(2005, p.244):

não possuíam qualquer necessidade de prestar contas a terceiros emantinham o registro de suas atividades segundo critérios pessoais, queatendiam perfeitamente bem a seus objetivos, não sofrendo imposiçõesde qualquer natureza.

Como não havia padrões, normas técnicas e reguladoras que orientassem

as informações a serem divulgadas, muito menos a conscientização dos gestores

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da época em repassar as informações para seus investidores, criava-se um 'cabo-

de-guerra', onde numa ponta estavam os investidores vívidos por informações de

seus capitais aplicados, e noutra ponta, os empresários, que além de relutantes

para prestar tais informações, não possuíam conhecimento e/ou recursos

suficientes para tal feito.

Esta situação levantou a preocupação em regulamentar as demonstrações

contábeis e assim, a uniformidade de atividades.

Essa situação abriu novas perspectivas legais e profissionais, princi-palmente nos Estados Unidos, onde o desenvolvimento industrial alcan-çava uma escala sem precedentes quando comparado a qualquer outrolugar do mundo. Assim, a partir do início do século XX, a atividadecontábil tornou-se matéria de ensino universitário, e aqueles que apren-deram essa nova disciplina passaram a aplicá-la de forma a atender asnormas estabelecidas para fins societários (RICARDINO, 2005, p.244).

Assim, neste contexto surgiria a Contabilidade Societária ou Financeira,

como muitos a conhecem, pois, havia o usuário externo necessitando de infor-

mações, onde fez com que a Contabilidade se adaptasse a esta exigência.

Meio século de desenvolvimento tecnológico elevado, após duas grandes

guerras mundiais, abriu campo para o aparecimento de uma infinidade de novos

empreendimentos constituídos a partir do capital de terceiros.

A necessidade de informações que evidenciassem os resultados dos

investimentos foi primordial para a mudança de antigos conceitos contábeis, voltados

ao gerenciamento da produção, por outros dirigidos à prestação de contas ao

acionista. Faz-se assim mais um parêntese para nova Contabilidade – a Contabilidade

Financeira – a qual já havia sido esboçada, e vinha maturando ao longo do tempo.

"Após a II Guerra Mundial, a necessidade de equacionar os custos e

melhorar a atividade gerencial levou profissionais e acadêmicos a questionar a

validade da contabilidade societária para fins de gestão e decisão" (RICARDINO,

2005, p.244-245).

Deste ponto em diante, iniciavam as pesquisas de novas formas de emprego

da Contabilidade. Para alguns autores, estava surgindo um novo tipo de Contabili-

dade, a qual, para ser diferenciada da Contabilidade Societária ou Financeira, recebeu

o jargão de management accounting (em português Contabilidade Gerencial), sendo

este período batizado como a primeira fase da Contabilidade Gerencial conforme

Ricardino (2005).

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3.4.2 Principais Diferenças Entre as Duas Novas Contabilidades:

Financeira x Gerencial

Sabendo-se os motivos da ramificação da Contabilidade entre Financeira e

Gerencial, pode-se agora delimitar minuciosamente as diferenças observadas

entre estas duas técnicas que a Contabilidade usa de subterfúgio para não deixar

de atender as necessidades de seus usuários.

Diferenciação é aparentemente percebida como a utilização predominante

de certos fatores por parte de uma das Contabilidades em relação à outra

(RICARDINO, 2005).

Tal diferenciação vai variar também de usuário para usuário, pois se

percebe que a Contabilidade pode se adaptar, assim sendo, cada Contabilidade

será única e exclusiva para cada usuário.

A seguir, de acordo com os conceitos demonstrados no item 3.3. sobre as

vertentes da Contabilidade, serão apresentadas algumas das peculiaridades mais

significativas entre a Contabilidade Financeira e Contabilidade Gerencial.

A primeira diferença é em relação ao usuário da informação. Enquanto a

Contabilidade Financeira lida com a elaboração e a divulgação de informações

econômico-financeiras para o público externo à entidade (acionistas, bancos,

fornecedores, etc.), a Contabilidade Gerencial se atém em fornecer informações ao

público interno da organização (funcionários, gerentes, executivos).

A segunda diferença encontrada é em relação à liberdade de escolha. A

Contabilidade Financeira "está restrita às exigências obrigatórias de elaboração de

relatórios por parte das autoridades regulamentadoras externas" (ATKINSON et al.,

2008, p.37), enquanto que para a Contabilidade Gerencial não possui legislação

que a regulamente nem imponha práticas contábeis específicas. Resumidamente,

na Contabilidade Financeira a aderência é compulsória aos princípios contábeis

vigentes na legislação por seu viés normativo, enquanto na Contabilidade

Gerencial há a liberdade por adotar um certo modelo ou outro de gerenciamento

sem a prerrogativa de punição pelo não cumprimento de algum critério, pois tais

critérios não são formalizados, possuindo apenas um viés convencionalista.

Em consonância às diferenças antes demonstradas, a Revista Contabili-

dade & Finanças FIPECAFI-FEA-USP, v.18, n.44, 2007, expõe que:

em termos de unidade de mensuração, a moeda utilizada na Contabili-dade Financeira é a moeda local, do país. Por sua vez, na ContabilidadeGerencial, qualquer moeda pode ser usada e pode considerar, inclusive,unidades de mensuração não-monetárias [...].

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Assim, a terceira diferença encontrada está relacionada diretamente com a

normatividade da Contabilidade Financeira, pois a legislação, no caso do Brasil,

explicita que os registros contábeis deverão ser feitos em moeda funcional do país,

ou seja, em Reais. Já a Contabilidade Gerencial não tem esta necessidade,

podendo ser escriturada em qualquer moeda que se queira, ou em unidades de

mensuração como visto na citação anterior.

Sendo como a quarta divergência entre as duas ênfases da Contabilidade é

segundo o propósito e o horizonte temporal. Nestes aspectos a Contabilidade

Financeira encontra-se enquadrada como uma Contabilidade histórica, onde se

baseia em fatos já ocorridos, em fatos do passado, deste modo relatando o desem-

penho incorrido de algum tempo já findo. A Contabilidade Gerencial se baliza no

presente e projeta o futuro, desta forma, analisa o contexto atual prevendo possíveis

acontecimentos e assim auxiliando na tomada de decisão dos gestores (ATKINSON et

al., 2008).

A quinta diferença passível de análise é o grau de confiabilidade da Contabi-

lidade. Esta confiabilidade está relacionada à objetividade e verificabilidade, sendo

esta verificabilidade é testada mais comumente por algum tipo de auditoria na

Contabilidade Financeira. Já na Contabilidade Gerencial, como é uma área da Conta-

bilidade muito subjetiva pela não normatização dos processos, a auditoria se mostrará

diferente, pois irá verificar se as regras estipuladas para este sistema de Contabilidade

estão sendo cumpridas, tornando mais complicada tal análise pela falta de subter-

fúgios materiais (legislação) para tal julgamento.

O sexto ponto de divergência: profissional especializado. A Contabilidade

Financeira tem a característica de ser evidenciada por meio de relatórios e

demonstrações contábeis, sendo de responsabilidade e autoridade de profissionais

Bacharéis em Ciências Contábeis devidamente registrados no CRC -Conselho

Regional de Contabilidade. Na Contabilidade Gerencial, o profissional responsável

pela escrituração e divulgação não requer que necessariamente seja a figura do

Contador, podendo ser qualquer outro profissional a desenvolver e ser responsável

pelos registros contábeis gerenciais podendo ser, por exemplo, o próprio

administrador da empresa.

O quadro 1 traça um paralelo entre as principais diferenças aqui apontadas

entre Contabilidade Financeira e Contabilidade Gerencial.

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QUADRO 1 - PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE CONTABILIDADE FINANCEIRA E GERENCIAL

PONTO DE VISTA CONTABILIDADE FINANCEIRA CONTABILIDADE GERENCIAL

UsuáriosExternos: acionistas, bancos,

fornecedores.

Internos: funcionários, gerentes, executivos.

EscrituraçãoNormativa: baseada na legislação e

princípios definidos.

Desregulamentada: usa de modelos já utilizados

ou por modelos definidos pela administração.

Mensuração de Valor

Moeda funcional do país conforme

explícito na legislação.

Livre arbítrio, conforme estipulado pela

administração, podendo ser em unidades não-

monetárias.

Propósito e Horizonte

Temporal

Histórica, dando ênfase ao desempenho

passado.

Atual, dando ênfase aos fatos presentes e

projeções futuras.

Grau de ConfiabilidadeMaior grau de confiabilidade, devido a

auditorias conforme legislação.

Menor grau de confiabilidade, pois não há

legislação vigente que obrigue auditorias.

Profissional CapacitadoBacharel em Ciências Contábeis com

registro no CRC.

Qualquer profissional apto e concernente com

sistema de Contabilidade Gerencial.

FONTE: Os autores

3.5 O QUE É MICRO E PEQUENA EMPRESA? QUAIS BENEFÍCIOS LEGAIS

POR TAL ENQUADRAMENTO?

Considerando que o tema desta pesquisa refere-se "A Importância da

Contabilidade Gerencial para as Micro e Pequenas Empresas no Século XXI no

Brasil", faz-se necessário dissertar sobre o conceito de Micro e Pequena Empresa,

bem como qual benefício legal por tal enquadramento.

Essencialmente, para a individualização das Micro e Pequenas Empresas

(MPE's) no Brasil, carece a elaboração de algumas análises iniciais em analogia ao

seu posicionamento distinto na economia, de acordo com pesquisa do SEBRAE

(2007), como:

• não são empresas ditas organizadas, fogem da departamentalização ou

segmentação de setores, assim, não servindo de base para comparação

com grandes empresas, pois não se tratam de organizações grandes

em miniatura;

• em geral, atuam no mercado de bens, produtos e serviços, com

volatilidade de demanda;

• baixa dificuldade para entrar no mercado, porém, há forte concorrência

entre as empresas, sejam grandes, médias, pequenas ou micro empresas;

• alta dificuldade de se manter "viva", onde grande parte das empresas

encerram as atividades em menos de dois anos.

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Assim percebe-se que boa parte das empresas existentes no Brasil se

enquadram como MPE's, deste modo, sendo responsáveis por grande número das

oportunidades de emprego no país, sendo de suma importância o estimulo e

incentivos a estes Micro e Pequenos Empresários.

Estas pequenas organizações são bem vistas, pois promovem fortes

modificações tecnológicas no mercado, porém, em contra-partida, sob a ótica

clássica, incidem em custos excessivos para a economia como resultado de

escalas de produção ineficientes (SEBRAE, 2007).

Tais empresas, em seus primeiros anos de vivência, são muito inseguras

em relação às vendas de seus produtos, movimentação do mercado, clientes,

localização, muito dos motivos que não permitam que tais empreendimentos

sobrevivam no longo prazo, tenha analogia com o próprio arcabouço técnico, de

gestão e a competência do empresário.

Em paralelo a este contexto de gestão de empresa, é importante discorrer

sobre a ótica da legalidade, ou seja, perante a legislação vigente qual o tratamento de

Micro e Pequenas Empresas, e no que as mesmas podem se beneficiar, para que,

em longo prazo, possam firmar-se no mercado competitivo que se denota atualmente.

Como prevenção da falência prematura das empresas, a Constituição da

República Federativa do Brasil de 1988 (CRFB/88) – no caput do art. 179, elucida

que:

Art. 179. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios dispensarãoàs microempresas e às empresas de pequeno porte, assim definidas em lei,tratamento jurídico diferenciado, visando a incentivá-las pela simplificação desuas obrigações administrativas, tributáveis, previdenciárias e creditícias, oupela eliminação ou redução destas por meio de lei.

Quando escrita, a CRFB/88 já previa que as MPE's poderiam sofrer

dificuldades, assim assegurou-lhes benefícios, que de certa forma, com a criação

da Lei Complementar Federal nº 123/06, a chamada "Lei Geral das Micro e

Pequenas Empresas", só veio a confirmar tal zelo.

A Lei Complementar - LC nº 123/06, já em seu caput, elucida para qual fim

foi elaborada: "Institui o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de

Pequeno Porte".

Tal dispositivo legal foi criado com o intuito de fortalecer as MPE's, estabe-

lecendo tratamento diferenciado que serviu de oportunidade para as empresas que

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se enquadrarem nesta faixa, de certa forma, manter-se na legalidade, com suas

obrigações em dia perante o Fisco. Outro ponto relevante é que tal LC serviu

também para a diminuição da carga tributária para estas pequenas organizações,

pois instituiu o chamado Simples Nacional, o qual simplificou a arrecadação de

impostos e diminuiu a carga tributária sobre os pequenos empresários.

Art. 1º. Esta Lei Complementar estabelece normas gerais relativas aotratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado às microempresase empresas de pequeno porte no âmbito dos Poderes da União, dosEstados, do Distrito Federal e dos Municípios [...] (LC nº 123/06).

No capítulo II da Lei Complementar em comento, é tratada a definição de

Micro e Pequena Empresa, o qual é interessante para o objeto deste tópico.

Para a LC nº 123/06, o enquadramento de MPE's configura-se conforme

segue:

Art.3º. Para os efeitos desta Lei Complementar, consideram-se microem-presas ou empresas de pequeno porte a sociedade empresária, a socie-dade simples e o empresário a que se refere o art. 966 da Lei no 10.406,de 10 de janeiro de 2002, devidamente registrados no Registro deEmpresas Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, conformeo caso, desde que:

I - no caso das microempresas, o empresário, a pessoa jurídica, ou a elaequiparada, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta igual ouinferior a R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais);

II - no caso das empresas de pequeno porte, o empresário, a pessoajurídica, ou a ela equiparada, aufira, em cada ano-calendário, receitabruta superior a R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais) e igualou inferior a R$ 2.400.000,00 (dois milhões e quatrocentos mil reais).

Conforme dispositivo legal, o enquadramento das empresas em Micro ou

Pequenas depende de sua receita bruta. Esta receita bruta advém da venda de

bens e serviços da operação da própria empresa, de empresa alheia, excluindo-se

as vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos (art. 3º, §1º da LC

nº 123/06).

Delineia-se um paralelo neste momento, pois, para o SEBRAE, conforme

descrito em sua pesquisa sobre os Fatores Condicionantes e Taxas de Sobrevi-

vência e Mortalidade das Micro e Pequenas Empresas no Brasil 2003-2005, 2007:

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Para efeito de estudos e pesquisas, o Sebrae utiliza o critério de classi-ficação de porte segundo o número de empregados da empresa, sendo:1) microempresas: na indústria e na construção civil – até 19 empregados;e no comércio e serviços – até 9 empregados; 2) pequena empresa: naindústria e na construção civil – de 20 a 99 empregados; e no comércio eserviços – de 10 a 49 empregados. (SEBRAE, 2007, p.11)

No quadro 2 apresenta-se um resumo segundo estas duas perspectivas de

definição do enquadramento do Micro e Pequeno negócio.

QUADRO 2 - COMPARATIVO DO ENQUADRAMENTO DE MPE'S ENTRE LC Nº 123/06 E PESQUISA DO SEBRAE

LC Nº 123/06 SEBRAE

Micro Empresa - ME

Receita Bruta no ano-calendário < R$ 240 mil.

No caso de início da atividade no ano-calendário,

considera-se R$ 20 mil p/mês.

Na indústria e na construção civil: até 19

empregados;

No comércio e serviços: até 9 empregados.

Pequena Empresa

Receita Bruta no ano-calendário > R$ 240 mil e <

R$ 2.400 mil.

No caso de início de atividade no ano-calendário,

considera-se R$ 200 mil p/mês.

Na indústria e na construção civil: de 20 a 99

empregados;

No comércio e serviços: de 10 a 49

empregados.

FONTE: Lei Complementar nº 123/06 e Pesquisa do SEBRAE (2007)

Quanto às classificações utilizadas pelo SEBRAE e pela LC nº 123/06, faz-

se necessário alguns comentários.

Em relação ao enquadramento proposto pelo SEBRAE, o qual classifica as

empresas segundo o número de colaboradores, uma questão pertinente é, se por

exemplo, uma empresa de consultoria, manutenção e desenvolvimento de software,

onde a mão-de-obra é super qualificada, sendo alto o valor da hora cobrado, possuir

poucos funcionários, na faixa de 9 empregados, para o SEBRAE seria esta uma Micro

Empresa, porém se sua Receita Bruta ultrapassasse os R$ 240 mil no ano, seria

enquadrada como uma Pequena Empresa pela ótica da LC nº 123/06.

Invertendo os papéis, em uma outra hipótese, onde uma indústria possuir

em seu quadro de funcionários mais de 120 colaboradores, porém, esta indústria

produz aparelhos de alto custo, onde o produto não é lucrativo, incorrendo em uma

Receita Bruta anual que não ultrapasse R$ 20 mil. Segundo o SEBRAE, esta

empresa seria provavelmente uma média empresa, pois está acima do

enquadramento de Pequena Empresa. Mas segundo a LC nº 123/06, seria esta

uma Micro Empresa. Esta diferenciação no enquadramento da empresa impacta

diretamente na arrecadação dos tributos, pois dependendo da faixa empresarial,

paga-se mais ou menos impostos.

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Os dois exemplos elucidados são o atual embate entre a política adotada

pelo governo e as ações das próprias entidades privadas (lembrando que o

SEBRAE é uma entidade privada sem fins lucrativos) para fomentar os Pequenos e

Micro Empreendimentos. Desta forma, ambos anseiam o desenvolvimento do

setor, porém não 'falam a mesma língua'.

Assim, há uma necessidade que os órgãos, entidades e empresas entrem

no mesmo compasso, para que juntas possam realmente fazer uma política coesa

para beneficiar a classe empresarial.

Em continuidade aos benefícios trazidos pela Lei Complementar debatida,

além de proteger de certa forma às MPE's, instituiu um regime de apuração de

imposto sintetizado, facilitando a arrecadação desta faixa de contribuintes, onde

este é feito por um único documento, contemplando os impostos das três esferas:

Federal (IRPJ, IPI, CSLL, PIS e COFINS), Estadual (ICMS) e Municipal (ISS).

Tal situação supramencionada é citada nos artigos 12 e 13 desta Lei Geral

das MPE's, conforme segue:

Art. 12 Fica instituído o Regime Especial Unificado de Arrecadação deTributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas dePequeno Porte - Simples Nacional.

Art. 13 O Simples Nacional implica o recolhimento mensal, mediantedocumento único de arrecadação, dos seguintes impostos e contribuições:

I - Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica - IRPJ; II - Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI, observado o disposto

no inciso XII do § 1º deste artigo; III - Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL; IV - Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - COFINS,

observado o disposto no inciso XII do § 1o deste artigo; V - Contribuição para o PIS/Pasep, observado o disposto no inciso XII

do § 1º deste artigo; VI - Contribuição para a Seguridade Social, a cargo da pessoa jurídica,

de que trata o art. 22 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, excetono caso das pessoas jurídicas que se dediquem às atividades deprestação de serviços previstas nos incisos XIII a XXVIII do § 1º e no§ 2º do art. 17 desta Lei Complementar;

VI - Contribuição para a Seguridade Social, a cargo da pessoa jurídica,de que trata o art. 22 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, excetono caso da microempresa e da empresa de pequeno porte que sedediquem às atividades de prestação de serviços previstas nosincisos XIII e XV a XXVIII do § 1º do art. 17 e no inciso VI do § 5º doart. 18, todos desta Lei Complementar; (Redação dada pela LeiComplementar nº 127, de 2007);

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VII - Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias eSobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual eIntermunicipal e de Comunicação - ICMS;

VIII - Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISS.

Como o Simples Nacional trata-se de um imposto único, qual será a

alíquota para balizar todas as obrigações que eram recolhidas separadamente?

Questão difícil de ser respondida, pois há 'N' tipos de Micro e Pequenas

Empresas no Brasil, cada qual com seu tipo de negócio, escopos diferentes, aos

quais incidiam diferentes impostos e contribuições.

Para solucionar este impasse, a LC nº 123/06 traz, em seu Anexo I, um

demonstrativo das alíquotas de acordo com o ramo da empresa e suas receitas

auferidas nos últimos 12 meses (base de cálculo para incidência do imposto).

Porém, tal LC traz 5 tabelas com as alíquotas cabíveis às MPE's, as quais ainda

não demonstravam claramente as alíquotas a serem utilizadas por segmentação

de MPE's. Somente com a criação da Resolução do Comitê Gestor do Simples

Nacional (CGSN) nº 5/2007, que a partir das 5 tabelas da LC nº 123/06, foi possível

convertê-las em 59 tabelas. Desta forma, para cada tipo de atividade, a receita

correspondente deverá ser tributada conforme tabela específica, havendo assim

diferenciação de alíquotas.

Analisando-se esta nova forma de enquadrabilidade, a tributação passa a

ser realizada com base num sistema progressivo e linear, de forma que o

crescimento da empresa possa ser gradual, sem fortes impactos tributários.

As alíquotas se iniciam em 4% e vão até 11,61% com diferenciações por

segmento de atividade. As indústrias pagarão uma alíquota acrescida de 0,5%, e

serviços terão acréscimo de 50% sobre alíquotas básicas do comércio.

Outro aspecto interessante, segundo art. 44 da Lei Complementar nº 123/06:

Art. 44. Nas licitações será assegurada, como critério de desempate,preferência de contratação para as microempresas e empresas depequeno porte.

§ 1º Entende-se por empate aquelas situações em que as propostasapresentadas pelas microempresas e empresas de pequeno portesejam iguais ou até 10% (dez por cento) superiores à proposta maisbem classificada.

§ 2º Na modalidade de pregão, o intervalo percentual estabelecido no§ 1º deste artigo será de até 5% (cinco por cento) superior ao melhorpreço.

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45

Conforme delineado no art. 44, a LC visa garantir vantagem competitiva às

MPE's, pois estas possuem linhas de produção pequenas, onde para se produzir,

acaba se tendo mais custos do que grandes empresas para a produção de um

mesmo tipo de produto que é feito em larga escala. Assim, a grande empresa

consegue maximizar suas operações, incorrendo em menores custos e conse-

quentemente menores preços, assim sendo desleal esta concorrência.

Neste ponto é que o Governo interveio, no caso das licitações, assegu-

rando uma melhor, ou pelo menos, uma mais justa competitividade entre MPE's e

médias/grandes empresas.

Para finalizar este estudo sobre a Lei Complementar Federal em questão,

é de suma importância comentar sobre o art. 76, que preconiza:

Art. 76. Para o cumprimento do disposto nesta Lei Complementar, bemcomo para desenvolver e acompanhar políticas públicas voltadas àsmicroempresas e empresas de pequeno porte, o poder público, emconsonância com o Fórum Permanente das Microempresas e Empresasde Pequeno Porte, sob a coordenação do Ministério do Desenvolvimento,Indústria e Comércio Exterior, deverá incentivar e apoiar a criação defóruns com participação dos órgãos públicos competentes e das entidadesvinculadas ao setor.

Parágrafo único. O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e ComércioExterior coordenará com as entidades representativas das microempresase empresas de pequeno porte a implementação dos fóruns regionais nasunidades da federação.

Com o advento da criação do Fórum Permanente das Microempresas e

Empresas de Pequeno Porte, o Governo Federal além de fortalecer as empresas

desta faixa econômica, fez também com que esta nova ferramenta viesse a

corroborar e, de certo modo, coordenar a política nacional de desenvolvimento.

Este fórum serve para comunicação entre os Micro e Pequenos Empre-

sários, onde se tem à oportunidade de troca de experiências, fomentação de novas

tecnologias, de conhecimento, debater as políticas do Governo que influenciam ou

influenciarão as MPE's, dentre outros.

Como este artigo da LC (art. 76 somado com art. 2º, II, da LC nº 123/06 –

alterada pela LC nº 127/07) institui a criação do Fórum da Microempresa e da

Empresa de Pequeno Porte em âmbito nacional, assim faz-se necessário que cada

unidade da federação (conforme estipulado no Parágrafo Único do art. 44) institua

fórum regional.

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46

No Estado do Paraná, o Decreto nº 2592/08 regulamenta a criação do

fórum no Estado. Segundo o caput do Decreto, o presente artifício legal:

Institui o Fórum Regional Permanente das Microempresas e Empresas dePequeno Porte do Estado do Paraná.

O GOVERNADOR DO ESTADO DO PARANÁ, no uso das atribuições quelhe confere o art. 87, inciso V, da Constituição Estadual, para atender edar efetividade, no âmbito estadual, ao Estatuto Nacional daMicroempresa e Empresa de Pequeno Porte, instituído pela LeiComplementar Federal n° 123, de 14 de dezembro de 2006.

O Decreto designa o próprio Estado como sendo o responsável pelo zelo

dos aspectos não tributários em relação ao tratamento diferenciado despendido às

MPE's (art. 1º do Decreto nº 2592/08).

Desta maneira, ao fim deste tópico da pesquisa, tem-se uma visão um

pouco mais aprofundada de quão importantes são os Micro e Pequenos

Empresários para a economia do país, de que estes são grandes fomentadores e

difusores de tecnologia, e que, sem estes, o mercado de trabalho seria ainda mais

fechado do que atualmente se encontra.

3.6 BENEFÍCIOS DA CONTABILIDADE GERENCIAL EM MICRO E

PEQUENAS EMPRESAS

Desde os primórdios da humanidade, a Contabilidade vem avançando de

forma a demonstrar o fluxo da riqueza nas entidades proporcionando memorização e

controle para a função de apoiar a gestão. A Contabilidade consiste na coleta,

apresentação e interpretação dos dados das transações comerciais, e é uma

importante ferramenta para os negócios, podendo informar ao empresário o lucro

obtido, como também o desenvolvimento da empresa. O mercado em geral passou a

se interessar por essas informações contábeis, como governo, credores, investidores,

sindicatos trabalhistas, e principalmente os administradores das empresas.

Existe uma forte ligação da Contabilidade com o processo de informação e

comunicação nas empresas, não estando limitada a registrar os dados que afetam

o patrimônio da empresa, mais tendo o compromisso de transformar esses fatos

contábeis, em informações que sirvam de base para projeções, comparações,

controles, planejamento, enfim, que auxiliem a gestão e a tomada de decisão.

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Nos tempos atuais a informação é uma poderosa ferramenta de gestão à

disposição dos empresários, extraídas das demonstrações contábeis da empresa,

traçando o planejamento estratégico. A partir destas informações, os empresários das

MPE's modernas devem se estruturar visando o instrumento de informação para

decisão e controle, ajudando a capacitar os gestores com os objetivos da organização

e com o uso eficiente de seus recursos, fazendo necessário à mensuração destas

informações, para conclusão do modelo decisório.

Estas informações auxiliam nas decisões dos preços dos produtos,

desperdício de recursos, controle das despesas e aumento das receitas. A vertente

da Contabilidade que disponibiliza estas informações é denominada Contabilidade

Gerencial, que utiliza dados financeiros e operacionais sobre atividade, controle,

unidades operacionais, produtos, serviços e clientes da empresa para gerar

relatórios para os administradores, que devem ser adequados às necessidades da

empresa facilitando no processo decisório.

Conforme mencionado no item 3.3.5., recapitulando, a Contabilidade

Gerencial é a parte da Contabilidade que tem como objetivo prestar informações

aos gestores da empresa, assim facilitando o processo decisório e de análise do

desempenho da organização.

A informação gerencial contábil mede o desempenho econômico de unidades

operacionais descentralizadas, como as unidades de negócios, as divisões e os

departamentos, o desempenho econômico liga a estratégia da empresa à execução

de cada unidade operacional.

De acordo com Ricardino (2005, p.234), a importância da Contabilidade

Gerencial:

Quanto menos restrições na adoção de critérios contábeis, maior onúmero de ângulos pelos quais as operações da empresa podem servisualizadas, se isso pode não ser interessante para um analistafinanceiro, certamente é fundamental para alguém que precise mensuraras ações futuras de sua empresa.

Segundo Pizzolato (2004, p.195): "A contabilidade Gerencial está voltada

para a informação contábil que pode ser útil à administração, de forma adequada

para assessorar nos processos decisório".

A adaptação das MPE's para os novos paradigmas do mercado exige

capacidade de inovação, flexibilidade, rapidez, qualidade, produtividade, dentre outros

requisitos, o que torna cada vez mais importante e estratégico, o papel que a Contabi-

lidade Gerencial exerce na vida de uma empresa, mostrando ao administrador maior

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competitividade para enfrentar os desafios do mercado, ajudando-o a atingir suas

metas, possibilitando uma visão das operações regulares da empresa, de modo a

melhorar os controles, organizar e planejar mais eficaz e eficientemente, sempre com

o pensamento à frente com a estratégia de atuação no mercado. A necessidade de se

ter informações cada vez mais úteis e confiáveis se tornou imprescindível.

As informações da Contabilidade Gerencial incluem dados estimados

usados pela administração na condução de operações diárias, no planejamento das

operações futuras e no desenvolvimento de estratégias de negócios integradas. Os

relatórios devem fornecer medidas objetivas de operações passadas e subjetivas de

futuras decisões, para ampliar as oportunidades de negócios mostrando informações

mais claras, precisa e focadas na tomada de decisão.

A Contabilidade Gerencial capacita o empresário a assumir riscos, porque

o conscientiza e ajuda a escolher oportunidade de mercado e promove a visão

necessária sobre seu negócio. Dessa maneira, demonstra que é necessário que

o pequeno empresário tenha conhecimento e tome consciência da importância da

realização de uma Contabilidade completa e eficiente que reflita a realidade da

empresa, não só da apuração dos resultados mensais, mas de que maneira ele

foi alcançado.

As Micro e Pequenas Empresas, segundo pesquisa realizada pelo SEBRAE

(2007), representam 99% da rede empresarial nacional, que, com as constantes

oscilações e acréscimo na concorrência entre essas empresas, frisa-se uma maior

necessidade de política especializada de gestão, mostrando que os empresários

não estão preparados para esta mudança, sendo o Contador a pessoa mais

procurada para esta tarefa, e o mesmo tem de responder as questões e auxiliar

cada vez mais estes empresários.

Ainda segundo pesquisa do SEBRAE (2007), sete em cada dez empresas

brasileiras encerram suas atividades antes dos cinco anos de vida, e o principal

motivo a levá-las a isto são as falhas no gerenciamento do negócio por parte de

seus administradores. A pesquisa também demonstra que no Brasil nove em cada

dez empresas são classificadas como Micro ou Pequena Empresa, as quais

absorvem maior contingente de mão-de-obra em relação às grandes empresas,

tendo em vista esta nova perspectiva no mercado.

O SEBRAE realizou parceria com o Conselho Federal de Contabilidade -

CFC, que em conjunto proporcionaram um programa de atualização e reciclagem

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da classe contábil no Brasil, afim de melhor prepará-los para poder ajudar estas

empresas a enfrentar e vencer tais dificuldades que vem sendo imposta pelo

mercado.

Desta forma, o contador tornou-se indispensável, pois este profissional, em

suas atribuições regulamentadas pelo Decreto-Lei n° 9295/46 define que:

Art.25. São considerados trabalhos técnicos da contabilidade:a) organização e execução de serviços de contabilidade em geral;b) escrituração dos livros de contabilidade obrigatórios, bem como de todos

os necessários no conjunto da organização contábil e levantamento dosrespectivos balanços e demonstrações;

c) perícias judiciais e extrajudiciais, revisão de balanços e de contas emgeral, verificação de haveres, revisão permanente ou periódica deescritas, regulações judiciais e extrajudiciais de avarias grossas ecomuns, assistências aos conselhos fiscais das sociedades anônimas equaisquer outras atribuições de natureza técnica conferidas por lei aosprofissionais da contabilidade.

Os Micro e Pequenos Empresários que lutam para consolidação de seus

negócios, necessitam de profissionais com foco em gestão empresarial, orientando

os processos no âmbito dessas organizações. É de extrema importância que os

gestores das MPE's possuam uma visão generalista no exercício de suas

atividades, utilizando as demonstrações contábeis não apenas para prestação de

contas com Fisco, mais sim utilizando as informações para a tomada de decisão,

para que não se torne mais um caso nas estatísticas de mortalidade de MPE's.

A Contabilidade Gerencial, para Corbett (1997), deverá servir de ponte

entre os gerentes e as informações de lucratividade da empresa, desta forma, os

gestores poderão avaliar quais ações tomarem, levando sempre em consideração

o impacto de seus atos do desempenho da empresa, tendo assim, o objetivo

principal de fornecer dados/informações para os gestores analisem e decidirem

pela empresa o que será melhor.

Porém, Kaplan e Johnson (1991, p.4) alertam que:

um excelente sistema de contabilidade gerencial não vai sozinho garantiro sucesso nos mercados de hoje [...], mas um sistema de contabilidadegerencial ineficaz pode minar o desenvolvimento de produtos, oaprimoramento de processos e os esforços de marketing, quando umsistema de contabilidade gerencial prevalece [...], o melhor resultadoocorre quando os administradores entendem a irrelevância do sistema ese desviam dele criando sistemas de informação personalizados.

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Segundo Coelho (1999), para um bom gerenciamento, o sistema de

informações contábeis é crucial ser conexo ao sistema de gestão empresarial,

tendo assim reunido e consolidado todas as informações relevantes e imprescin-

díveis para gerir a organização.

A Contabilidade Gerencial é parte integral no processo de gestão das

empresas, pois suas informações são elaboradas para que os administradores

possam otimizar o processo da gestão estratégica, através do planejamento,

organização, direção e ações a serem tomadas para que a organização alcance

seus objetivos com eficácia e eficiência. Além de ser uma ferramenta na avaliação

do desempenho da empresa, também representa uma importante ferramenta para

que essas empresas possam desenvolver um planejamento ideal, a fim de

melhorar os resultados e o andamento desses empreendimentos.

A Contabilidade Gerencial não é obrigatória, portanto as empresas nem

sempre se utilizam dela, mais a devida implantação gradativa da Contabilidade

Gerencial e suas informações com relatórios adequados à realidade da empresa, é

fundamental para que consiga atingir seus objetivos, podendo salvar uma empresa

da falência. Os principais usuários são os gestores, administradores, funcionários

de alto escalão, diretores, gerentes de setores, mas em qualquer nível adminis-

trativo o processo de tomada de decisões compreende as mesmas etapas: a

descoberta do problema; levantamento de fatos e do problema; busca e análise de

alternativas; e a escolha da alternativa.

Para a sobrevivência das Micro e Pequenas Empresas, inseridas num

ambiente competitivo e diante de um cenário de incertezas, é importante salientar que

seus gestores estejam bem assessorados e recebam informações que antevejam os

problemas, que subsidiem decisões racionais, ao invés de apenas demonstrações

estáticas que revelam dados passados. Cada vez mais, tem se intensificado a

utilização da informação e do conhecimento nas organizações, levando-as a adotarem

formas alternativas de gestão, centradas na informação e no conhecimento, que as

habilitem para lidar com as contínuas mudanças tecnológicas e mercadológicas. A

informação assume um papel decisivo para a sobrevivência e o desenvolvimento das

organizações, e as MPE's bem informadas passaram a ser sinônimo de organizações

bem sucedidas, diminuindo as incertezas e os riscos, contribuindo para que a

organização alcance seus objetivos.

A Contabilidade Gerencial não deve ser tratada como uma disciplina

específica, pois não funciona como a Contabilidade de Custos que em grandes

companhias disponibiliza departamentos específicos. Ela analisa e transmite os

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dados de acordo com as necessidades dos usuários em um processo integrado

para tomada de decisão é o objeto central da Contabilidade Gerencial, para que

ocorra de maneira transparente todos os resultados obtidos.

"Se temos a Contabilidade e a informação contábil, mas não a usamos no

processo administrativo, no processo gerencial, então não existe gerenciamento

contábil, não existe a Contabilidade Gerencial" (PADOVEZE, 1997, p.28).

Esta afirmação supracitada elucida que a Contabilidade Gerencial é uma

ferramenta indispensável para a organização, a qual se comunica com inúmeras

informações que se bem interpretadas, se tornam benefícios às pequenas e

grandes organizações.

3.7 REFLEXOS DA NÃO UTILIZAÇÃO DA CONTABILIDADE GERENCIAL EM

MICRO E PEQUENAS EMPRESAS

Os motivos que tem levado novos empreendimentos ao fracasso podem

ser divididos da seguinte maneira de acordo com Santos e Pereira (1995):

Quanto aos aspectos técnicos do empreendedor:

• falta de experiência empresarial anterior;

• falta de competência gerencial.

Na área mercadológica:

• desconhecimento do mercado;

• desconhecimento do produto ou serviço.

Na área técnico-operacional:

• falta de qualidade nos produtos e serviços;

• localização errada do imóvel ou do ponto;

• problemas na relação com os fornecedores;

• tecnologia de produção obsoleta e ultrapassada.

Na área Financeira:

• imobilização excessiva do capital em ativos fixos;

• política equivocada de créditos aos clientes;

• falta de controles de custos e de gestão financeira.

Na área jurídica/financeira:

• estrutura organizacional inadequada;

• falta de planejamento e informações gerenciais;

• ausência de inovações gerenciais.

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Em 2007, o SEBRAE apurou a taxa de sobrevivência e de mortalidade das

empresas constituídas em 2003, 2004 e 2005, ou seja, empresas com até quatro,

até três e até dois anos de atividade, identificando os fatores condicionantes do

fracasso e do sucesso das Micro e Pequenas Empresas.

De acordo com a pesquisa do SEBRAE (2007), para os empresários das

empresas extintas (68% deles), a principal razão para o fechamento da empresa

está centrada no bloco de falhas gerenciais, destacando-se: ponto/local inadequado,

falta de conhecimentos gerenciais, desconhecimento do mercado, causando

informação inadequada dos preços dos produtos/serviços, informações de mercado

e logística deficiente, caracterizando a falta de planejamento dos empresários.

TABELA 1 - EVOLUÇÃO DAS TAXAS DE MORTALIDADE - 2007

ANOS DE

EXISTÊNCIA DASEMPRESAS

ANO DE

CONSTITUIÇÃOFORMAL DASEMPRESAS

(TRIÊNIO 2002-2000)

TAXA DE

MORTALIDADE(%)A

ANO DE

CONSTITUIÇÃOFORMAL DASEMPRESAS

(TRIÊNIO 2005-2003)

TAXA DE

MORTALIDADE(%)B

VARIAÇÃO DA TAXA

DE MORTALIDADE(%)B-A

Até 2 anos 2002 49,40 2005 22,00 -27,40

Até 2 anos 2001 56,40 2004 31,30 -25,10

Até 2 anos 2000 59,90 2003 35,90 -24,00

FONTE: SEBRAE (2003-2005)

GRÁFICO 1 - TAXA DE MORTALIDADE DE MPE'S CONSTITUÍDAS EM 2005 POR UNIDADE FEDERATIVA - 2007

60,0

50,0

40,0

%

30,0

20,0

10,0

0,0ES MG SE PI RNRN SP PA BA DF AL RJ PB RO GO MS CE MA RS PE SC AM PR MT TO AP AC RRBR

FONTE: SEBRAE (2003-2005)

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Mais da metade dos empresários vem buscando assessoria e/ou auxilio

para o gerenciamento da sua empresa, enquanto que 45% não buscam nenhuma

ajuda. Os contadores continuam sendo procurados por significativa parcela desses

empresários.

TABELA 2 - ASSESSORIA/AUXÍLIO MAIS IMPORTANTE - 2007

% 2000/2002 2003 2004 2005

35% 68% 61% 65%Contador

32% 68% 71% 65%11% 19% 23% 19%

Sebrae20% 22% 22% 22%28% 5% 8% 7%

Pessoas que conhecem o ramo de atividade34% 9% 5% 8%12% 3% 5% 4%

Empresas de consultoria/consultores5% 1%2% 1% 2% 1%

Entidades de classe2%5% 1% 1%

Associação de empresas do ramo2% 2% 1%1% 2% 1%

Senai1%

Senar1%

3%Senac

2%Outras

5%1% 1% 1%

Nenhuma delas1% 1%

BASE EMPRESAS ATIVAS 475 577 3680BASE EMPRESAS EXTINTAS 94 59 251

FONTE: Pesquisa SEBRAE - Fatores Condicionantes e Taxas de Sobrevivência e Morte das Micro ePequenas Empresas no Brasil 2003-2005

Ainda segundo a pesquisa, o fator crucial para as empresas é a dificuldade

no acesso ao mercado, principalmente nos quesitos propaganda inadequada,

formação de preços dos produtos/serviços, informações de mercado e logística

deficiente, caracterizando a falta de planejamento dos empresários.

Para o diretor técnico do SEBRAE Luiz Carlos Barboza, na pesquisa

realizada no primeiro semestre de 2007:

os empresários mais bem qualificados, num ambiente econômico maisfavorável passaram a cuidar melhor das empresas, enquanto ospercentuais de empresários dedicados aos seus negócios subiu expressi-vamente. Pode-se observar claramente que planejamento nas empresaspassou a ser preocupação de 71% dos empresários em 2005 contraapenas 24% em 2000/2004, organização empresarial, 54% contra 17%,marketing e vendas, 47 contra 7%, analise financeira, 36% contra 7%; e,relações humanas, 38% contra somente 3% há poucos anos. É umamudança expressiva, para melhor, na qualidade empresarial.

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TABELA 3 - PRINCIPAL DIFICULDADE NO ACESSO AO MERCADO - EMPRESAS ATIVAS/PRINCIPALMOTIVO PARA O FECHAMENTO DA EMPRESA - EMPRESAS EXTINTAS - 2007

% 2003 2004 2005

25% 29% 29%Propaganda inadequada

17% 12% 24%Formação inadequada dos preços dos 21% 20% 21%produtos/serviço 15% 19% 12%

18% 18% 18%Dificuldade de acesso a informações de marcado

20% 14% 11%13% 19% 15%

Logistica deficiente17% 14% 19%11% 10% 13%

Desconhecimento do mercado15% 13% 17%

Inadequação do produto/serviços às 10% 12% 11%necessidades do mercado 16% 14% 9%

15% 14% 12%Nenhum

13% 19% 13%19% 17% 19%

NS/NR16% 21% 23%

BASE EMPRESAS ATIVAS 902 1052 6726BASE EMPRESAS EXTINTAS 180 127 446

FONTE: Pesquisa SEBRAE - Fatores Condicionantes e Taxas de Sobrevivência e Morte das Micro ePequenas Empresas no Brasil 2003-2005

Diversos países começam a pesquisar a sobrevivência de segmentos de

pequenas empresas, visando aprimorar ainda mais as políticas públicas e os

programas de apoio às micro e pequenas empresas.

3.8 AS FERRAMENTAS GERENCIAIS EFICIENTES E EFICAZES PARA GESTÃO

Apesar de não haver uma padronização das práticas gerenciais, o que

dificulta o estabelecimento normas, estas deverão estar relacionadas às etapas do

processo contábil, uma vez que o que muda é o ambiente no qual este processo é

desenvolvido. O foco da Contabilidade Gerencial é a comunicação no âmbito dos

vários níveis hierárquicos da empresa, e servem para a tomada de decisão dos

gestores da mesma e não ao público externo.

[...] com o conseqüente aumento da distância entre administrador e ativose pessoas administradas, passou a Contabilidade de Custos a serencarada como uma eficiente forma de auxilio no desempenho dessanova missão, a gerencial (MARTINS, 2006, p.21).

De acordo com Lopes e Martins (2005, p.99):

[...] os instrumentos utilizados pela contabilidade gerencial (orçamento,sistemas de custeio, etc.) influenciam diretamente os interesses dosgestores. Essa influência, no entanto, não é unidirecional, ou seja, osgestores também influenciam as práticas de contabilidade gerencial.

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Pode-se através dos sistemas de Contabilidade Gerencial avaliar a desem-

penho de determinada empresa ou setor, o que está muitas vezes atrelada ao

sistema de remuneração e promoção da instituição.

A seguir serão apresentadas algumas das ferramentas da Contabilidade

Gerencial, mais utilizadas pelas organizações para auxiliar nos processos de

planejamento e decisão.

3.8.1 Orçamento

A fase de planejamento dos resultados de uma empresa parte da

elaboração de um orçamento, que definirá os objetivos que esta pretende atingir e

possibilitará o futuro controle e mensuração dos resultados obtidos.

Para Garrison e Noreen (2001, p.262), orçamento empresarial é:

"orçamento é um plano detalhado da aquisição e do uso de recursos, financeiros

ou de outra natureza, durante um período especificado. Representa um plano para

o futuro, expresso em termos quantitativos".

O conceito de orçamento empresarial para Padoveze (2003, p.189):

O orçamento pode e deve reunir diversos objetivos empresariais, na buscada expressão do plano e controle de resultados. Portanto, convém ressaltarque o plano orçamentário não é apenas prever o que vai acontecer e seuposterior controle. O ponto fundamental é o processo de estabelecer ecoordenar objetivos para todas as áreas da empresa, de forma tal que todostrabalhem sinergicamente em busca dos planos de lucros.

Para Padoveze (2003), um orçamento é composto por diversas metas pré-

estabelecidas em termos de atividade de vendas, produção, distribuição, do consumo

de recursos e financeira, e geralmente produz documentos como o fluxo de caixa,

demonstração de resultados e balanço patrimonial previstos. É ferramenta muito útil

no controle das operações por parte da administração da empresa, com o intuito de

atingir os objetivos inicialmente definidos.

Diversos benefícios podem ser atingidos por meio da utilização de

orçamentos, como por exemplo, o de transmitir os planos da administração para

todos os níveis da companhia, canalizando desta forma os esforços para um

objetivo comum. Auxilia também a gerência no controle e ajustes nos processos

sob sua responsabilidade, aplicando seu tempo de forma mais eficiente.

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Através do processo orçamentário pode-se também identificar possíveis

gargalos e pontos críticos nos processos da empresa e desta forma estabelecer

planos para eliminar ou minimizar o efeito dos mesmos.

3.8.1.1 Processo de elaboração

Em linhas gerais, o processo de elaboração consta de três grandes fases

(PADOVEZE, 2003):

• Previsão

• Reprojeção

• Controle

A fase de previsão comporta todo o trabalho de cálculo propriamente dito

em que se coloca no papel aquilo que a empresa espera e prevê que irá acontecer

para o próximo exercício. É a etapa de elaboração dos quadros orçamentários.

Esta primeira fase deve ser iniciada ao redor de seis meses antes do

exercício a ser orçado, e é quando se verificam as condições atuais da conjuntura

econômica, das políticas de controle de preços, estimativas de inflação etc. Em

geral, é nesta etapa que são desenhados os cenários econômicos imagináveis ou

possíveis, considerados sempre dentro de condições probabilísticas. Informações

como: tamanho e variação do PIB, tamanho do mercado, participação da empresa

no mercado, forças concorrenciais, consumo efetivo versus consumo teórico etc.

devem ser consideradas para o processo de previsão.

Na segunda fase, os dados orçados são submetidos aos setores

responsáveis. Após o retorno das peças orçamentárias e respectivas críticas, será

feito o acerto das previsões inicias. Esses dados deverão estar prontos entre um e

dois meses antes do inicio do exercício, de forma que os responsáveis por todas

as áreas da empresa já se programem para o ano que se iniciará.

A etapa de controle é a ultima fase, onde se verifica se os objetivos previstos

foram atingidos, através da análise das variações, em que serão analisados o

desempenho das áreas de responsabilidade e eventuais correções necessárias a

serem feitas.

O orçamento, através da sua elaboração e controle, pode auxiliar os

administradores de Micro e Pequenas Empresas a atingir as metas previamente

estabelecidas, possibilitando a tomada de decisão, quando necessário para corrigir

eventuais desvios.

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3.8.2 Relações Custo-Volume-Lucro

3.8.2.1 Custos fixos e variáveis

Uma classificação usual e muito importante dos custos é a que leva em

consideração a relação entre o valor total de um custo e o volume de atividade

numa unidade de tempo. Esta classificação divide os custos em fixos e variáveis.

Custo variável é aquele cujo total varia na razão direta das alterações do

nível da atividade, que pode ser expressa de muitas maneiras, como, por exemplo,

unidades produzidas, unidades vendidas, quilometragem percorrida, leitos

ocupados, linhas de impressão, horas trabalhadas e assim por diante (GARRISON

e NOREEN, 2001, p.37).

Como exemplo de custo variável, pode-se citar os materiais diretos, cujo

consumo varia proporcionalmente ao volume de produção. Portanto, durante uma

determinada unidade de tempo (mês ou ano), o valor do custo com tais materiais

varia de acordo com o volume de produção neste período. O gráfico 2 demonstra o

comportamento dos custos variáveis em relação ao volume produzido.

GRÁFICO 2 - CUSTOS VARIÁVEIS

Custo$

Volume de Atividade(c)

FONTE: Martins (2006, p.255)

Em contrapartida, há custos que não variam de acordo com o volume de

produção em um determinado período, por exemplo, o custo do aluguel de uma

fábrica não varia conforme o volume produzido, sendo, portanto, um custo fixo.

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Custo fixo é aquele cujo total permanece constante, independentemente

das alterações no nível da atividade. Diferentemente dos custos variáveis, os

custos fixos não são afetados pelas alterações da atividade. Em conseqüência,

enquanto o nível da atividade sobe ou desce, o total do custo fixo permanece

constante, a menos que seja influenciado por algum fator externo, com variações

de preço (GARRISON e NOREEN, 2001, p.337).

O comportamento dos custos fixos em relação ao volume da atividade

produtiva é demonstrado no gráfico 3.

GRÁFICO 3 - CUSTOS FIXOS

Custo$

Volume de Atividade(a)

FONTE: Martins (2006, p.255)

Portanto, a soma dos custos fixos e variáveis compõe os custos totais, que

pode ser graficamente representados como elucidado no gráfico 4.

GRÁFICO 4 - CUSTOS TOTAIS

Custo$

Volume de Atividade(e) = (a) + (c)

Fixos

Variáveis

FONTE: Martins (2006, p.256)

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3.8.2.2 Ponto de equilíbrio

Para se entender a análise do ponto de equilíbrio, é fundamental entender

também o conceito de margem de contribuição.

Segundo Garrison e Noreen (2001, p.144), "Margem de contribuição é o

valor remanescente das receitas de vendas após a dedução das despesas

variáveis. Esse valor contribui para cobrir as despesas fixas e, em seguida para os

lucros do período".

De acordo com Padoveze (2003, p.368):

Margem de contribuição é a margem bruta obtida pela venda de um produtoou serviço que excede seus custos variáveis unitários; em outras palavras, éo mesmo que o lucro variável unitário, ou seja, preço de venda unitário doproduto deduzido dos custos e despesas variáveis necessários para produzire vender o produto.

As receitas de vendas podem variar de acordo com o volume de vendas ou

o preço e podem ser não lineares. Dependendo da sensibilidade do mercado em

relação ao preço praticado, um aumento no preço de vendas pode não representar

um aumento proporcional na receita, uma vez que poderá haver uma queda no

volume.

Visualizando tal conceito, apresenta-se no gráfico 5 um conjunto de dois

gráficos: o gráfico da esquerda demonstra um aumento não linear da receita em

relação ao volume vendido e a direita um linear.

GRÁFICO 5 - RECEITA EM RELAÇÃO AO VOLUME VENDIDO

Receita Totaldo Setor oudo Mercado

Volume

$Receita Total deuma Empresado Setor

Volume

$

FONTE: Martins (2006, p.257)

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Já os custos variáveis, como exposto anteriormente, variam de acordo com

o volume, o que pode levar a conclusão que uma alteração no preço de vendas ou

no volume de vendas pode alterar a margem de contribuição de determinado

produto, uma vez que o aumento da receita pode ser desproporcional ao aumento

dos custos variáveis, resultando numa nova margem de contribuição.

O ponto de equilíbrio, por sua vez, representa o volume de produção e

vendas, necessário para que com determinada margem de contribuição os custos

fixos sejam cobertos.

Denominamos ponto de equilíbrio o volume de atividade operacional ondeo total da margem de contribuição da quantidade vendida/produzida seiguala aos custos e despesas fixos. Em outras palavras, o ponto deequilíbrio mostra o nível de atividade ou volume operacional quando areceita total das vendas se iguala ao somatório dos custos variáveis totaismais os custos e despesas fixos (PADOVEZE, 2003, p.369).

Segundo Garrison e Noreen (2001, p.168), "No ponto de equilíbrio, o lucro

e zero. Desse modo, o ponto de equilíbrio pode ser determinado encontrando-se

os pontos em que as vendas igualam as despesas variáveis totais mais as

despesas fixas".

GRÁFICO 6 - PONTO DE EQUILÍBRIO

$

Fixos

Variáveis

Lucro

Prejuízo

Ponto deEquilíbrio

(m)

Custos eDespesasTotais

ReceitasTotais

Volume

FONTE: Martins (2006, p.258)

Conclui-se que o ponto de equilíbrio demonstra a quantidade mínima onde

a empresa deve operar para que não obtenha prejuízo. É neste ponto que a

empresa consegue cobrir os custos fixos e variáveis das unidades produzidas e

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vendidas. A partir deste ponto o lucro começa a crescer de forma mais acentuada,

pois quanto maior o volume vendido, maior será a margem de contribuição

adicional aos custos e conseqüentemente maior o lucro, uma vez que os custos

fixos já foram totalmente cobertos.

Assim, esta análise nos parece fundamental em uma Micro ou Pequena

Empresa, uma vez que estes tipos de empresas parecem ser mais sensíveis e

menos capazes de suportar prejuízos econômicos e financeiros.

3.8.3 Custeio Variável

Outra ferramenta gerencial muito utilizada é a do custeio variável, que

apesar de não ser aceita pelo fisco, parece ser de grande contribuição para a

análise e gerenciamento da empresa.

O custeio variável surgiu como uma forma alternativa de custeamento

devido às dificuldades na apropriação dos custos fixos aos produtos, bem como da

importância do conhecimento dos custos variáveis e da margem de contribuição

(MARTINS, 2006).

No custeio variável somente os custos de produção que variam com a

produção são considerados custos do produto. Isto normalmente leva em conta

materiais diretos, mão-de-obra direta e a parte variável do custo indireto de

fabricação. Neste método, o custo indireto de fabricação fixo não é considerado

custo do produto, mas sim despesa do período e tal como as despesas de venda e

administrativas são confrontadas inteiramente com as receitas do período. Conse-

quentemente, no método do custeio variável, o custo de uma unidade do produto

em estoque ou em custo dos produtos vendidos não contem qualquer elemento de

custo indireto fixo.

Apesar das vantagens, os Princípios Fundamentais de Contabilidade não

permitem a elaboração de demonstrações contábeis baseadas em custeio variável,

isto faz com que não sejam reconhecidos pelos auditores independentes e muito

menos pelo fisco. O principal ponto de divergência está relacionado ao regime de

competência e confrontação, pois poderia estar se reconhecendo uma receita num

momento e alguns custos à ela relacionada em outro momento. Mas esta não

aceitação não impede que a empresa utilize este método internamente para fins de

análise e gerenciamento das operações.

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Do ponto de vista decisorial, verificamos que o custeio variável temcondições de propiciar muito mais rapidamente informações vitais àempresa; também o resultado medido dentro do seu critério parece sermais informativo à administração, por abandonar os custos fixos e trata-los contabilmente como se fossem despesas, já que são quase semprerepetitivos e independentes dos diversos produtos e unidades (MARTINS,2006, p.202).

Existem diversas vantagens na utilização do custeio variável como por

exemplo, os dados exigidos pela análise custo/volume/lucro, que podem ser extraídos

diretamente da demonstração de resultado pela abordagem da contribuição. Esses

dados não são disponibilizados por uma demonstração de resultado convencional,

baseada no custeio por absorção. Outra vantagem do custeio variável é que o lucro

de um período não é afetado pelas variações dos estoques, permanecendo

constantes todas as demais variáveis, como por exemplo, preço de vendas, custos,

mix de vendas etc. Os lucros seguem a tendência das vendas, quando se emprega o

custeio variável.

Os dados do custeio variável facilitam a estimativa da lucratividade dos

produtos, dos clientes e de outros segmentos dos negócios. Por outro lado, no

custeio por absorção, a lucratividade é ocultada por alocações arbitrárias dos

custos fixos. Também o lucro líquido apresentado pelo custeio variável está mais

próximo do fluxo liquido de caixa do que o lucro líquido segundo o custeio por

absorção. Isto é particularmente importante para empresas que tem problemas de

fluxo de caixa.

Desta forma a utilização deste tipo de custeio, pode auxiliar o gestor da

Micro e Pequena Empresa a identificar os produtos que geram mais lucro e

estabelecer um planejamento estratégico baseado nestas análises.

3.8.4 Custeio Baseado em Atividades (ABC)

Segundo alguns autores, os procedimentos de aplicação dos custos fixos

indiretos de produção aos produtos através de percentuais de absorção baseados

em alguma medida razoável de atividade, tais como: horas-máquina de fabricação,

horas ou valor de mão-de-obra direta, têm produzido enormes erros na atribuição

de consumo de recursos dos departamentos indiretos para os produtos individuais,

provocando também sérias distorções na formação de preços de venda com base

nos custos de fabricação.

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Todos os custos indiretos só podem ser apropriados, por sua própriadefinição, de forma indireta aos produtos, isto é, mediante estimativas,critérios de rateio, previsão de comportamento de custos etc. Todas essasformas de distribuição contêm, em menor ou maior grau, certosubjetivismo; portanto, a arbitrariedade sempre vai existir nessasalocações, sendo que às vezes ela existirá em nível bastante aceitáveis, eem outras oportunidades só a aceitamos por não haver alternativasmelhores (MARTINS, 2006, p.79).

O custeio baseado em atividades procura diminuir o problema causado

pela necessidade de atribuição arbitrária dos custos indiretos de fabricação.

[...] surgiu um novo método de custeamento denominado Activity BasedCost (Custeio Baseado em Atividades – Custo ABC), que procuraaprimorar o custeamento dos produtos através de mensurações corretasdos custos fixos indiretos, em cima das atividades geradoras dessescustos, para acumulação diferenciada ao custo dos diversos produtos daempresa (PADOVEZE, 2003, p.331).

Conforme Martins (2006, p.87) "o custeio baseado em atividades, conhecido

com o ABC (Activity-Base Costing), é um método de custeio que procura reduzir

sensivelmente as distorções provocadas pelo rateio arbitrário dos custos indiretos".

Padoveze (2003) conceitua o custo ABC como um método de custeamento

que atribui primeiro os custos para as atividades e depois aos produtos, baseado

no uso das atividades de cada produto. O custeamento com base em atividade é

fundamentado no seguinte conceito: produtos consomem atividades, atividades

consomem recursos. Isto pode ser visualizado no figura 3.

FIGURA 3 - CUSTEIO ABC

Recursos

Atividades

Objetos deCusto

Medidas deDesempenho

Geradores doProcesso

Visão da Atribuição de Custos

FONTE: Padoveze (2003, p.333)

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Geralmente, os custos indiretos de fabricação são gerados nos depar-

tamentos de serviços que suportam os departamentos de produção, que também

possuem seus próprios custos indiretos, que normalmente são menos relevantes.

O custeamento por atividades não necessariamente se baseia em identificar uma

atividade para cada departamento de serviço. Este método busca identificar as

atividades relevantes que geram os custos necessários para os produtos. Desse

modo, um departamento pode ter mais de uma atividade, assim como podem

existir atividades que não tenham de ser acumuladas por departamentos ou

centros de custos. De qualquer forma, é possível que se consiga identificar uma

atividade relevante para cada departamento (PADOVEZE, 2003).

Para Martins (2006), uma atividade é uma ação, que utiliza recursos

humanos, materiais, tecnológicos e financeiros para se produzirem bens ou

serviços. É composta por um conjunto de tarefas necessárias ao seu desempenho.

As atividades são necessárias para a concretização de um processo, que é uma

cadeia de atividades correlatas, inter-relacionadas. Num departamento são

executadas atividades homogêneas.

Assim, o primeiro passo, para o custeio ABC, é identificar as atividades

relevantes dentro de cada departamento.

No segundo passo, devem-se atribuir custos às atividades, ou seja, todos

os sacrifícios de recursos necessários para desempenhá-la. Deverá estar incluso

os salários com os respectivos encargos sociais, materiais, depreciação, energia,

uso de instalações etc. A Contabilidade é a melhor fonte para se obter estes

dados. Também é necessário um levantamento dos processos e pessoas

envolvidas (MARTINS, 2006).

Ainda segundo Martins (2006), a próxima etapa é a identificação e seleção

dos identificadores de custos, que é a grande diferença que distingue o ABC do

sistema tradicional de custos.

Direcionador de custos é o fator que determina o custo de uma atividade.Como as atividades exigem recursos para serem realizadas, deduz-seque o direcionador é a verdadeira causa dos seus custos. Para efeito decusteio de produtos, o direcionador deve ser o fator que determina ouinfluencia a maneira como os produtos "consomem" (utilizam) asatividades. Assim, o direcionador de custos será a base utilizada paraatribuir os custos das atividades aos produtos. (MARTINS, 2006, p.96).

As atividades, ao serem executadas, consomem recursos que devem ser

alocados a estas, seguindo a ordem apresentada anteriormente. Os direcionadores

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de recursos responderão às seguintes perguntas: 'o que é que determina ou

influencia o uso deste recurso pelas atividades?' ou 'como é que as atividades se

utilizam deste recurso?' (MARTINS, 2006).

Para custear as atividades, deve-se alocar a elas parte de cada custo indireto

dos departamentos, utilizando-se dos direcionadores de custos de recursos. Assim,

com base nos direcionadores de recursos definidos, pode-se atribuir os custos

(recursos) alocados para cada departamento às suas respectivas atividades. Então, o

custo de cada atividade será composto pelos mesmos componentes do custo do

departamento (MARTINS, 2006).

Uma vez identificadas, as atividades relevantes, seus direcionadores de

recursos e respectivos custos, a próxima etapa será custear os produtos. Para tal, faz-

se um levantamento da qualidade e quantidade de ocorrência dos direcionadores de

atividades por período e por produto. Assim, os direcionadores que foram escolhidos

para levar o custo das atividades para os produtos demonstram a melhor relação

entre atividade e produto (MARTINS, 2006).

A utilização desta ferramenta pode possibilitar ao administrador observar

os custos totais relacionados a cada produto de forma mais justa e precisa, o que

pode refletir de forma positiva na tomada de decisão.

3.8.5 Custo Padrão

Existem diversos conceitos de custo-padrão. Muitas vezes é entendido

como sendo o custo ideal de produção de um determinado bem ou serviço. Seria

então o valor conseguido com o uso dos melhores materiais possíveis, com a mais

eficiente mão-de-obra viável, a 100% da capacidade da empresa, sem nenhuma

parada por qualquer motivo, a não ser as já programadas em função de uma

perfeita manutenção preventiva etc.

Conforme Martins (2006), existe um outro conceito de custo padrão muito

mais válido e prático. Trata-se do custo-padrão corrente. Este diz respeito ao valor

que a empresa fixa como meta para o próximo período para um determinado

produto ou serviço, mas com a diferença de levar em conta as deficiências

sabidamente existentes em termos de qualidade de materiais, mão-de-obra,

equipamentos, fornecimento de energia etc. É um valor que a empresa considera

difícil de ser alcançado, mas não impossível.

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O objetivo do custo padrão é o de fixar uma base de comparação entre o

que ocorreu de custo e o que deveria ter ocorrido. Desta forma, induz a conclusão

de que custos padrão não é uma outra forma, método ou critério de contabilização

de custos, mas sim uma técnica auxiliar. Não é uma alternativa, mas sim um

coadjuvante. A utilização do custo-padrão não significa a eliminação de custos a

valores reais incorridos; pelo contrario, só se torna eficaz na medida em que exista

um custo real, para se extrair, da comparação de ambos, as divergências

existentes (MARTINS, 2006).

O custo padrão é uma das técnicas para avaliar e substituir a utilização docusto real. Independentemente de a empresa utilizar o método do CusteioDireto ou Custeio por Absorção, ela pode utilizar o conceito de custo-padrão, o qual se diferencia do custo real no sentido de que ele énormativo, objetivo, proposto ou um custo que se deseja alcançar.(PADOVEZE, 2003, p.345).

Segundo Padoveze (2003), o custo real representa o custo acontecido.

Como instrumento de planejamento estratégico ou operacional, o custo real não

tem nenhum significado. Para avaliação de inventário, ele serve apenas para

atender as necessidades legais e fiscais da Contabilidade empresarial. O custo

real tem validade apenas no sentido em que, após a análise de suas variações, em

cima de um custo padrão, se identificam as causas do porquê das variações e,

através delas, se permita corrigir os rumos atuais.

Padoveze (2003) descreve três tipos principais de custo padrão, quanto à

variações conceituais que podem ser adotadas pelas empresas:

• Custo-padrão ideal: é o custo-padrão calculado de forma científica, em

que todas as condições de utilização máxima dos recursos produtivos,

de estrutura de produto e processo de fabricação pudessem ser alcan-

çadas. Representa o custo de um produto que acontece sem qualquer

desperdício, ociosidade, em condições ideais de produção, com os

melhores equipamentos e melhores recursos humanos.

• Custo-padrão corrente: neste caso, buscam-se padrões de custos e

produção que, mesmo calculados cientificamente, considerem as even-

tuais condições correntes da empresa. O custo-padrão corrente é

tomado como meta para todos os setores da empresa, mas em patamares

que, mesmo que ideais e com certa dificuldade de obtenção permitam,

porém, que seja alcançado.

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• Custo-padrão corrente baseado em dados passados: o custo-padrão

também pode ser calculado em cima dos dados reais já acontecidos, no

pressuposto de que os dados reais anteriores tenham significância e

possam servir para parâmetros futuros. Como é próprio de informações

futuras baseadas em dados do passado, é importante saber que o que

aconteceu antes não seguramente se repetirá. Nesse aspecto, os riscos de

falhas na construção do padrão são possíveis com esse tipo de padrão.

Outra finalidade do custo-padrão, Martins (2006, p.317) discorre:

uma outra grande finalidade do Custo-Padrão, decorrente da adoção dequalquer base de comparação fixada para efeito de controle, é o efeitopsicológico sobre o pessoal. E este pode ser positivo ou negativo,dependendo da forma de tratamento dispensada à implantação.

Um dos pontos-chave na elaboração do custo-padrão, que contém metas a

serem atingidas, é a sua verificação junto ao custo real. Tem-se, então, a análise das

variações entre o custo-padrão, que é o que deveria ser atingido, e o custo real, que é

o que aconteceu. Diante das análises, verificam-se os problemas e se tomam

medidas corretivas para que os padrões possam ser alcançados (PADOVEZE, 2003).

3.8.6 Balanced Scorecard

O balanced scorecard é um sistema de informação para gerenciamento da

estratégia empresarial. Traduz a missão e a estratégia da empresa em um conjunto

abrangente de medidas de desempenho financeiras e não financeiras, que servem de

base para um sistema de medição e gestão estratégica.

O balanced scorecard consiste em um conjunto integrado de medidas dedesempenho decorrentes da estratégia da empresa e que dão suporte aessa estratégia, em toda a organização. A estratégia é basicamente umateoria sobre como alcançar as metas da organização (GARRISON eNOREEN, 2001, p.320).

Conforme Kaplan e Norton (1997), o balanced scorecard enfatiza a busca

de objetivos financeiros, mas também inclui os vetores de desempenho desses

objetivos. Procura medir o desempenho organizacional sob quatro perspectivas

equilibradas: financeira, do cliente, dos processos internos da empresa e do

aprendizado e crescimento.

O balanced scorecard é composto por quatro processos (tradução de

visão, comunicação e comprometimento, planejamento de negócios e feedback e

aprendizado) a seguir apresentados.

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3.8.6.1 Tradução da visão

É o processo de traduzir a missão da empresa de forma compreensível para

os gestores divisionais. Isso ajuda os gestores a formar um consenso em torno da

visão e estratégia da organização. As diretrizes estratégicas devem ser traduzidas de

forma fácil em termos operacionais e oferecer orientação útil para as ações dos

gestores. As declarações da missão empresarial devem ser expressadas como um

conjunto integrado de objetivos e indicadores, que descrevem direcionadores de

sucesso de longo prazo e que devem ser aceitos por todos os gestores divisionais.

3.8.6.2 Comunicação e comprometimento

Esta segunda etapa ou processo permite aos gestores comunicar sua

estratégia, para cima e para baixo, na organização, e ligar os objetivos empre-

sariais aos departamentais e individuais. O balanced scorecard proporciona aos

gestores uma forma de assegurar que todos os níveis da organização entendam as

estratégias de longo prazo e que tanto os objetivos departamentais quanto os

individuais estão alinhados entre si.

3.8.6.3 Planejamento de negócios

Este processo possibilita às empresas integrar seus planos comerciais e

financeiros. É nesta etapa que as estratégias e iniciativas da empresa devem ser

transformadas em indicadores para os planos dos gestores divisionais, bem como

para formar uma base para alocar recursos e estabelecer prioridades.

3.8.6.4 Feedback e aprendizado

O feedback e os processos de revisão de foco existentes concentram-se

no fato de a empresa, seus departamentos ou seus empregados, isoladamente,

terem alcançado suas metas financeiras orçadas. Com o balanced scorecard no

centro dos sistemas de gerenciamento, uma empresa pode monitorar os resultados

de curto prazo a partir de três diferentes perspectivas adicionais – clientes, processos

internos de negócios e aprendizado e crescimento – e assim avaliar a estratégia

adotada à luz do recente desempenho. Este quarto processo possibilita o que

Kaplan e Norton (1997) denominam de aprendizado estratégico.

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FIGURA 4 - QUATRO PROCESSOS DO BALANCED SCORECARD

Estabelecendo e Traduzindo a

Visão e a Estratégia

� esclarecendo a visão

� esclarecendo o consenso

Comunicando e Estratégico

Estabelecendo Vinculações

� comunicando e educandoBalanced Scorecard

� articulando a visão compartilhada

� estabelecendo metas � fornecendo feedback estratégico

� vinculando recompensas a medidas � facilitando a revisão e o aprendizado

de desempenho Planejamento e Estabelecimento estratégico

de Metas

� estabelecendo metas

� alinhando iniciativas estratégicas

� alocando recursos

� estabelecendo marcos de

referência

FONTE: Padoveze (2003, p.123)

3.8.6.5 Indicadores essenciais

Segundo Kaplan e Norton (1997), os indicadores essenciais que devem

compor o balanced scorecard são os seguintes:

1. Indicadores financeiros essenciais:

a) Retorno sobre o investimento/valor econômico adicionado;

b) Lucratividade;

c) Aumento/mix de receita;

d) Produtividade da redução custos.

2. Medidas essenciais dos clientes:

a) Participação de mercado;

b) Aquisição de clientes;

c) Retenção de clientes;

d) Lucratividade dos clientes;

e) Satisfação dos clientes.

3. Medidas essenciais de aprendizado e crescimento

a) Satisfação dos funcionários;

b) Retenção de funcionários;

c) Lucratividade por funcionário;

d) Produtividade por funcionário.

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Apesar de complexo e abrangente, o balanced scorecard é uma ferramenta

que pode contribuir de forma significativa para a gestão de empresas, levando em

conta não só o aspecto financeiro, mas também os assuntos relacionados e que

causam impacto no desempenho das instituições.

FIGURA 5 - MAPA ESTRATÉGICO

Temas "Excelência Operacional"(abastecimento e distribuição)

Medição Medição Iniciativa

� receita operacional � aumento de 20% � programas semelhantesRentabilidade

� crescimento de loja � aumento de 12%

comparável

� taxa de retorno � reduzir 50% ao ano � gestão da qualidade

da empresa

� fidelidade de clientes � 60% � fidelidade

PerspectivaFinanceira Crescimento

da Receita- % de ativos

- nº de unidades � 2,4 unidades

� mercadoria de � 70% até o 3º ano � programa corporativo

fábricas "A" (%) de desenvolvimento

� itens em estoque � 85% da fábrica

Perspectivado Cliente Qualidade

do ProdutoExperiênciade Compra

� % de habilidades � 50% no 1º ano

estratégicas disponíveis � 75% no 3º ano � plano de habilidades

� 90% no 5º ano estratégicas

� desktop de fornecedoresPerspectivaInterna

FábricasClasse "A"

Gestão doPlanejamento

de Linhas

Perspectiva deAprendizado eCrescimento

Habilidade deRelacionamento

na Empresa

Sistema deCompras/Planej.de Mercadorias

FONTE: Padoveze (2003, p.125)

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES

4.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente pesquisa expôs a importância da Contabilidade Gerencial como

instrumento de apoio aos Micros e Pequenos Empresários na gestão dos negócios,

que em um mercado altamente competitivo, torna-se imprescindível ter conhecimento

de sua empresa e administrá-la de maneira eficiente e eficaz.

Com relação ao objetivo geral que era "Descrever a importância da Contabili-

dade Gerencial para as Micro e Pequenas Empresas no Século XXI no Brasil", pode-

se apurar que se faz necessário que o Pequeno Empresário tenha conhecimento da

importância da realização de uma Contabilidade completa e eficiente que reflita a

realidade da empresa, possibilitando assim elaborar demonstrações contábeis que

sirvam de base para gerar informações úteis para a gestão dos negócios.

Já no que diz respeito ao primeiro objetivo específico que era "Diferenciar

as Contabilidades Societária e Financeira da Contabilidade Gerencial", a pesquisa

apontou que a Contabilidade Gerencial destaca-se dentre as demais, pois como

visto no decorrer desta pesquisa, fornece subsídios de grande valia para a

administração da empresa, fazendo com que o gestor consiga analisar, mensurar e

interpretar as informações para melhor tomada de decisão.

Referente ao segundo objetivo específico, o qual era "Conceituar Micro e

Pequena Empresa e demonstrar benefícios legais existentes", a pesquisa demonstrou

que a legislação brasileira dispõe de elementos que auxiliam no desenvolvimento

desta classe empresarial. Para tanto, promove menor carga tributária e auxilia no

amadurecimento de tais gestores, instituindo fóruns para trocas de experiências, de

informações e de novas tecnologias, assim como tratamento diferenciado para tais

empresas, visto a necessidade de fortalecê-las.

Quanto ao terceiro objetivo específico, que era "Identificar os benefícios da

utilização da Contabilidade Gerencial em Micro e Pequenas Empresas", verificou-

se que esta vertente da Contabilidade auxilia no desenvolvimento das estratégias

de futuras decisões, com informações mais claras, precisas e úteis sobre a atual

realidade da empresa, que, se bem interpretadas, facilitam o ponderamendo dos

administradores sobre ações a serem tomadas, tornando mais fácil o planejamento

e controle das operações.

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No que tange ao quarto objetivo específico, o qual era "Identificar os reflexos

da não utilização da Contabilidade Gerencial pelas Micro e Pequenas Empresas,

verificou-se em consulta à pesquisa do SEBRAE (2007) sobre os fatores condicio-

nantes e taxas de mortalidade das MPE's, a qual contempla os anos de 2003, 2004 e

2005, esta apontou que grande percentual destas empresas neste período, tiveram

sua dissolução principalmente pela falta de fatores relacionados com a gestão da

empresa. Tal pesquisa demonstrou que a grande maioria das empresas extintas,

apontaram como sendo falhas gerenciais as causadoras da falência prematura da

empresa, ou seja, a falta de uma Contabilidade Gerencial que auxiliasse o micro e

pequeno gestor a manter-se no mercado.

Com relação ao quinto objetivo específico, o qual visava "Demonstrar as

ferramentas gerenciais mais eficientes e eficazes para gestão de uma Micro e

Pequena Empresa", pode-se salientar as mais utilizadas, e apontadas nesta

pesquisa como fundamentais para o bom desempenho da Contabilidade Gerencial

nas MPE. Dentre tais ferramentas destaca-se a utilização de orçamento, da análise

de custos, da análise do ponto de equilíbrio e a utilização do balanced scorecard.

Cada ferramenta auxiliando num ponto-chave da empresa, assim fortalecendo a

gestão da empresa, pois utilizando-se de cada ferramenta citada, o gestor do

negócio terá um panorama geral de como a empresa se situa em relação aos

custos, controlando melhor seus gastos com a utilização do orçamento, analisando

o ponto de equilíbrio, sabendo assim se a empresa consegue absorver todos os

custos incorridos com o volume de produção ou venda, e utilizando o balanced

scorecard para uma melhor visualização dos fluxos que a empresa possui. Em

geral, o gestor terá um controle eficaz sobre a empresa como um todo.

Desta forma, com a presente pesquisa pode-se concluir que a Contabi-

lidade Gerencial é de grande importância para as Micro e Pequenas Empresas,

pois com a implementação desta a empresa possuirá mais recursos de gestão

para continuarem no mercado, sendo assim não interrompendo tão prematu-

ramente sua continuidade. Assim sendo, com a implementação da Contabilidade

Gerencial na empresa, os gestores terão que estar aptos a utilizá-la. Com tal requi-

sito, acredita-se que a Contabilidade Gerencial fará com que as Micro e Pequenas

Empresas no Brasil tenham mais oportunidade de se manter no mercado e sendo

competitiva.

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4.2 RECOMENDAÇÕES

Devido à dificuldade em realizar pesquisa de campo relacionada ao tema

abordado e devido ao grande número de Micro e Pequenas Empresas existentes no

Brasil, a utilização de pesquisa divulgada pelo SEBRAE (2007) referente a empresas

dos anos de 2002 a 2005 foi uma limitação, uma vez que os índices apresentados

podem ter se modificado de forma significante. Para pesquisas futuras recomenda-se,

primeiramente, avaliar as mudanças que poderão ocorrer na Contabilidade e na sua

legislação, pois este ramo da ciência social não é estático, possuindo um extremo

dinamismo. Recomenda-se também a aplicação de questionários aos Micro e

Pequenos Empresários para reforçar o estudo aqui apresentado, não deixando de

lado pesquisas correlacionadas com o tema aqui exposto, atualizações futuras que o

SEBRAE possa vir a efetuar na pesquisa aqui utilizada e pesquisas de outros órgãos

similares. Recomenda-se ainda a verificação da viabilidade financeira para

implementação das ferramentas gerenciais aqui expostas nas MPE's.

Sugere-se que a presente pesquisa seja disponibilizada para o meio

acadêmico em geral, para os Micro e Pequenos Empresários e para todo o público

que venha a se interessar pelo assunto desenvolvido.

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