A identidade lésbica a partir de Rich, Falquet, Almeida e Preciado.

23
A IDENTIDADE LÉSBICA A PARTIR DE RICH, FALQUET, ALMEIDA E PRECIADO STEPHANY D. PEREIRA MENCATO* ADVOGADA, PÓS-GRADUANDA EM R.I. CONTEMPORÂNEAS E GRADUANDA EM CIÊNCIAS POLÍTICAS E SOCIOLOGIA PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DA INTEGRAÇÃO LATINO-AMERICANA (UNILA).

Transcript of A identidade lésbica a partir de Rich, Falquet, Almeida e Preciado.

Page 1: A identidade lésbica a partir de Rich, Falquet, Almeida e Preciado.

A IDENTIDADE LÉSBICA A PARTIR DE RICH, FALQUET, ALMEIDA E PRECIADO

STEPHANY D. PEREIRA MENCATO*ADVOGADA, PÓS-GRADUANDA EM R.I. CONTEMPORÂNEAS E GRADUANDA EM CIÊNCIAS POLÍTICAS E

SOCIOLOGIA PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DA INTEGRAÇÃO LATINO-AMERICANA (UNILA).

Page 2: A identidade lésbica a partir de Rich, Falquet, Almeida e Preciado.

INTRODUÇÃO Busca por uma “identidade lésbica” – como se

percebe a existência lésbica? Método: análise bibliográfica:

1. Teoria feminista lésbica - Adrianne Rich;2. Teoria feminista lés. radical- Jules Falquet;3. Movimentos sociais – Glaucia almeida;4. Teoria queer – Simone Preciado.

identidade lésbica – poder – estruturas.

Page 3: A identidade lésbica a partir de Rich, Falquet, Almeida e Preciado.

1 AS DIVERSAS FACES DA IDENTIDADE LÉSBICA

Novos movimentos sociais do final dos anos 60:

1. Feministas;2. Movimentos gays mistos;3. Movimento negro.

diferentes culturas/épocas diferentes significados para a “lésbica”

1. Ocidente, capitalista, neoliberal, heteropatriarcal, generizado por ex.

Page 4: A identidade lésbica a partir de Rich, Falquet, Almeida e Preciado.

1.1 O CONTINUUM LÉSBICO DE

ADRIENNE RICH (1929-2012), feminista, poetisa,

professora militante, judia, lésbica

assumida e escritora dos Estados Unidos, entre 1980 e 1990

professora da Stanford University.

“Heterossexualidade compulsória e a

existência lésbica” – 1980.

Page 5: A identidade lésbica a partir de Rich, Falquet, Almeida e Preciado.

O casamento e a heterossexualidade são

inevitáveis componentes das vidas

fem.– mesmo se opressivos e insatisfatórios

Heterossexualidade “natural” feminina é mentira. É imposta,

reafirmada cotidianamente,

compulsória.

A escolha por parte das próprias mulheres de outras mulheres é

esmagada, invisibilizada, mesmo

pelas feministas. “lésbica”=

amargurada.

Princ. problema: o reforço da heterosex.

como meio de assegurar o dto.

masculino de acesso físico, econômico e

emocional às mulheres.

CONTINUUM LESBICO

“sororidade”

Page 6: A identidade lésbica a partir de Rich, Falquet, Almeida e Preciado.

Questionar a heterossexualidade nata, e a homossexualidade enquanto preferência ou escolha de uma minoria é uma libertação do

pensamento, o passo que possibilitará às mulheres a exploração de novos caminhos, e uma claridade sem precedentes nas relações

interpessoais.

“Sororidade” ou “fraternidade” feminina, não deve ser um laço natural e ingênuo, mas algo voluntário, claramente político, que engloba a

todas as mulheres, sejam lésbicas, heterossexuais, bissexuais... independente de

sexualidade, na luta por uma libertação comum.

Page 7: A identidade lésbica a partir de Rich, Falquet, Almeida e Preciado.

1.2 JULES FALQUET - O PENSAMENTO FEMINISTA LÉSBICO MATERIALISTA

É francesa, ativista feminista graduada em Ciências Políticas pelo Instituto de Estudos Políticos de Paris; doutora em Sociologia pela Universidade de Paris 3-Sorbonne; pesquisadora integrante do Centro de Documentação, Pesquisa e Estudos Feministas (CEDREF) da Universidade de Jussieu-Paris Diderot; professora de Sociologia Política dessa mesma universidade. “De la cama a la calle: perspectivas teóricas lésbico-feministas” - 2006

Page 8: A identidade lésbica a partir de Rich, Falquet, Almeida e Preciado.

“Homens” e “mulheres”: categorias políticas - não podem existir uma sem a outra e se definem por relações de classe

A “lésbica”: escapam ou se recusarem a se tornar ou permanecerem heterossexuais ou integrar o sistema

Sexualidade: elemento central das relações sociais - o feminismo e a lesbiandade como uma bandeira materialista e internacionalista de luta

Page 9: A identidade lésbica a partir de Rich, Falquet, Almeida e Preciado.

Não basta fugir individualmente, não existe verdadeiramente “o lado de fora” - para existir, as lésbicas devem travar uma luta política de

vida ou morte em prol do desaparecimento das mulheres como classe, para destruir o “mito da

Mulher” e para abolir o heteropatriarcado;

O amor e o principal ideal lésbico feminista devem ser relacionados com a possibilidade de que o conjunto de mulheres do mundo tenham um teto, comida e uma vida digna, livre, sem

exploração nem violência.

Page 10: A identidade lésbica a partir de Rich, Falquet, Almeida e Preciado.

Deve-se tomar ou criar espaços físicos ou simbólicos por e para as lésbicas unicamente, a (re)criação de uma

cultura e uma ética lésbicas;

Sair inteiramente das sociedades contemporâneas. As lutas

campesinas pela reapropriação da terra e dos recursos naturais e sobre todos os meios de produção devem ser a base para a nova sociedade

lésbica

Page 11: A identidade lésbica a partir de Rich, Falquet, Almeida e Preciado.

1.3 GLAUCIA ALMEIDA – MOVIMENTOS SOCIAIS E A IDENTIDADE LÉSBICA

Mestre e doutora, integrante do corpo docente da UNISUAM/RJ, focalizou em sua pesquisa de doutorado os “Percursos do ‘corpo lésbico’ na cena brasileira face à possibilidade de infecção por DST/Aids”,

defendida na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

“Não somos mulheres gays: identidade lésbica na visão de ativistas brasileiras” -

2008 Foto: XII Caminhada de Lésbicas e Bissexuais de São Paulo

(2014). Foto: Elaine Campos.

Page 12: A identidade lésbica a partir de Rich, Falquet, Almeida e Preciado.

Entrevistas com mulheres militantes que se auto determinam lésbicas.a identidade

lésbica se forma a

partir de um enfrentamen

to, uma espécie de

rito de passagem a uma nova

condição (de lésbica);

Luta continua

pela afirmação de

direitos individuais

frente a familiares e sociedade

que a rechaça;

a visibilidade caminho para a

superação de todos os males

oriundos da negação da lesbiandade pelo meio social e familiar.

Page 13: A identidade lésbica a partir de Rich, Falquet, Almeida e Preciado.

CONCLUSÕES: argumentos

essencialistas: clara definição dos limites da identidade sexual;

Visibilidade e conhecimento das sexualidades como meio de aceitação;

Se consolidar em um dos pilares centrais do atual diálogo das lésbicas com o Estado.

Contrários a maioria dos discursos das

ciências sociais; Negação dos ideias

que negam a diversidade sexual de

modo racional, manutenção da ordem;

Reformista, não revolucionário.

identidade lésbica como um adereço a mais da identidade

feminina Aceita a

heterossexualidade “natural”

Page 14: A identidade lésbica a partir de Rich, Falquet, Almeida e Preciado.

2 TEORIA QUEER: A

CONTRASSEXUALIDADE DE SIMONE

PRECIADO Nascido na Espanha,

é um dos mais originais pensadores da atualidade sobre

a questão do gênero, o pós-feminismo e a teria queer. Filosofo,

Preciado renovou inteiramente a

perspectiva sobre a construção social e

política do sexo. “Manifesto

Contrassexual” – 2004.

Page 15: A identidade lésbica a partir de Rich, Falquet, Almeida e Preciado.

RESGATA • as analises esquecidas pelas teorias feministas e queer - Heterossexualidade como regime político;

O CORPO • espaço de construção biopolítica, lugar de opressão, mas também centro de resistência;

CONTRASSE-

XUALIDADE

• forma mais eficaz de resistência à disciplina do sexo na sociedade liberal – contraprodutividade, produção de formas de prazer-saber alternativas;

Page 16: A identidade lésbica a partir de Rich, Falquet, Almeida e Preciado.

ROMPE• com a oposições homem/mulher, masculino/feminino, heterossexual/homossexual – define a sexualidade como uma tecnologia;

MÁQUINAS• são os diferentes elementos do sistema sexo/gênero - 'homem', 'mulher', 'homossexual', 'heterossexual', ‘transexual', bem como suas práticas e identidades sexuais

sociedade contrassex

ual

• se dedicará à desconstrução sistemática da naturalização das práticas sexuais e do sistema de gênero heterossocial, binário;

Page 17: A identidade lésbica a partir de Rich, Falquet, Almeida e Preciado.

“Natureza Humana” é apenas um efeito de negociações permanente das fronteiras entre humano e animal, o corpo e máquina, um efeito da tecnologia

social que reproduz nos corpos nos espaços e nos discursos e a equação natureza =

heterossexualidade, um dispositivo social de controle que opera a partir da divisão e fragmentação do

corpo, em centros naturais e anatômicos da diferença sexual – criando corpos “sexuados” e “generizados”

Sexo/genero, como órgão e prática, não são só um lugar biológico preciso ou um pulsão natural são

antes, uma tecnologia de dominação heterossocial assim a Identidade lésbica é uma, dentre muitas,

falhas da estrutura do texto inscrito nos corpos como normas heterossociais, com poder de desvio e

mutação do sistema heterocentrado.

Page 18: A identidade lésbica a partir de Rich, Falquet, Almeida e Preciado.

CONSIDERAÇÕES FINAIS:

Page 19: A identidade lésbica a partir de Rich, Falquet, Almeida e Preciado.

IDENTIDADE LÉSBICA VAI ALÉM DA SEXUALIDADE, SEXO, GÊNERO,

CLASSE – DEBATE ESTRUTURAL

DEBATE TEÓRICO POLÍTICO, SOCIAL E ECONÔMICO

OCIDENTAL CAPITALISTA, NEOLIBERAL, BIOPOLÍTICO,

HETEROPATRIARCAL

MOVIMENTOS SOCIAIS

PRECISAM PAUTAR ESSES

DEBATES NA LUTA POR DIREITOS

CIVIS

IDENTIDADE LÉS, ESTRITA OU AMPLIADA - SE CONSOLIDA COMO UMA IDENTIDADE DE

RESISTÊNCIA, UM ESPAÇO DE LUTA, DE CONSTRUÇÃO

QUE ESTÁ EM JOGO NÃO SE ENCONTRA APENAS NO CAMPO DA SEXUALIDADE, MAS NAQUELE DO PODER,

DO CONTROLE E FORMA DA REALIDADE SOCIAL POSTA,

Page 20: A identidade lésbica a partir de Rich, Falquet, Almeida e Preciado.

4 BIBLIOGRAFIA/WEBGRAFIA ALMEIDA, Gláucia Elaine Silva de. A progressiva autonomização do

movimento brasileiro de lésbicas no contexto da epidemia de Aids. Seminário Temático Sexualidade e ciências sociais: desafios teóricos, metodológicos e políticos. 31º Encontro Anual da ANPOCS, Caxambu, MG de 22 a 26 de outubro de 2007.

ALMEIDA, Gláucia Elaine Silva de. Não somos mulheres gays: identidade lésbica na visão de ativistas brasileiras. Niterói, v. 9, n. 1, p. 225-249, 2. sem. 2008 link: <file:///C:/Users/Usuario/Downloads/102-328-1-PB%20(1).pdf>

COSTA, Sylvio de Sousa Gadelha. Governamentalidade neoliberal, Teoria do Capital Humano e Empreendedorismo. Educação e Realidade 34(2):171-186 mai/ago 2009. acesso em 20/06/2016. link: <http://seer.ufrgs.br/educacaoerealidade/article/viewFile/8299/5537>

FALQUET, Jules. Breve reseña de algunas teorías lésbicas. ed. Fem-e-libros. México, 2004. Acesso em junho de 2016. Link: <https://julesfalquet.files.wordpress.com/2010/05/breve-resena-pdf-pr-blog.pdf>

Page 21: A identidade lésbica a partir de Rich, Falquet, Almeida e Preciado.

FALQUET, Jules. De la cama a la calle: perspectivas teóricas lésbico-feministas. Producción: Brecha Lésbica. ISBN: 978-958-9307-61-8. Bogotá, octubre de 2006.

FALQUET, Jules. Romper o tabu da heterossexualidade: contribuições da lesbianidade como movimento social e teoria política. Cadernos de Crítica Feminista Ano VI, N. 5 – dezembro / 2012 <https://repassefeminista.files.wordpress.com/2014/02/j-falquet-romper-com-o-tabu-da-heterossexualidade.pdf>

FOUCAULT, Michel. Nascimento da Biopolítica - Curso dado no Collège de France (1978-1979). Tradução: Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2008.

MOATAÑO, Carlos; DURIGUETTO, Maria Lúcia. Estado, classe e movimento social. 1. ed. São Paulo: Cortez, 2010 - (Biblioteca básica de serviço social; v. 5)

Page 22: A identidade lésbica a partir de Rich, Falquet, Almeida e Preciado.

PRECIADO, Beatriz. Manifesto contrassexual. tradução de Maria Paula Gurgel Ribeiro. São Paulo n-1 edições, 2014.

PRECIADO, Beatriz. Multidões queer: notas para uma política dos "anormais". Rev. Estud. Fem. vol.19 no.1 Florianópolis Jan./Apr. 2011. Link: <http://dx.doi.org/10.1590/S0104-026X2011000100002 >

RICH, Adrienne. Heterossexualidade Compulsória e a Existência Lésbica. 1993. Tradução: Carlos Guilherme do Valle. Revista Bagoas. v.04 n. 05. pg. 18-44. Acesso em 20/07/2016. Link de acesso: <http:://periodicos.ufrn.br/bagoas/article/view/2309/1742

Page 23: A identidade lésbica a partir de Rich, Falquet, Almeida e Preciado.

STEPHANY DAYANA PEREIRA MENCATO

[email protected]