A história do movimento estudantil brasileiro · especial para a União Nacional de Estudantes...

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O movimento Um Passo à Frente surge na necessidade real de fortalecimento das estruturas do movimen- to estudantil brasileiro. No momento em que nossa juventude passa por grandes transformações, precisamos avançar cada vez mais nas lutas que pautem as trans- formações necessárias que o Brasil deve enfrentar. É fundamental inovar, entender que o movimento estudantil passa por uma crise de convicções e trabalharmos dia a dia na organização dos estudantes com combatividade e irreverência. Resgatar a essência do ME é fundamental para que possamos dar um passo à frente e avançarmos em um novo momento, com novas ideias e mais diálogo na busca por verdadeiras garantias de direitos. Radicalizar a democracia! Estimulan- do e garantindo a real participação d@s estudantes em todos os processos, so- bretudo, conquistando representativida- de e legitimidade junto à base. Somos jovens de esquerda, lutamos por justiça, igualdade e liberdade, por uma sociedade mais humana, fraterna, sem as desigualdades sociais do Brasil de hoje, onde o valor das pessoas não seja medi- do por seu gênero, etnia, credo ou posição social. Entendemos que somente a partir de uma Educação Pública e de qualida- de para tod@s conseguiremos construir um novo país, e que esta somente será alcançada com amplo engajamento es- tudantil. Nos lançamos na linha de frente pela defesa da ousadia, chamando a respon- sabilidade de repensar as nossas ne- cessidades, a forma como nos organiza- mos enquanto entidade e a forma como entendemos e queremos fazer política. Uma forma mais dinâmica, plural, artís- tica, inclusiva, representativa, uma forma que fale mais sobre a nossa realidade, que tenha mais a ver com nossos sonhos, que seja radicalmente democrática!

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O movimento Um Passo à Frente surge na necessidade real de fortalecimento das estruturas do movimen-to estudantil brasileiro. No momento em que nossa juventude passa por grandes transformações, precisamos avançar cada vez mais nas lutas que pautem as trans-formações necessárias que o Brasil deve enfrentar.

É fundamental inovar, entender que o movimento estudantil passa por uma crise de convicções e trabalharmos dia a dia na organização dos estudantes com combatividade e irreverência. Resgatar a essência do ME é fundamental para que possamos dar um passo à frente e avançarmos em um novo momento, com novas ideias e mais diálogo na busca por verdadeiras garantias de direitos.

Radicalizar a democracia! Estimulan-do e garantindo a real participação d@s estudantes em todos os processos, so-bretudo, conquistando representativida-de e legitimidade junto à base.

Somos jovens de esquerda, lutamos por justiça, igualdade e liberdade, por uma sociedade mais humana, fraterna, sem as desigualdades sociais do Brasil de hoje, onde o valor das pessoas não seja medi-do por seu gênero, etnia, credo ou posição social. Entendemos que somente a partir de uma Educação Pública e de qualida-de para tod@s conseguiremos construir um novo país, e que esta somente será alcançada com amplo engajamento es-tudantil.

Nos lançamos na linha de frente pela defesa da ousadia, chamando a respon-

sabilidade de repensar as nossas ne-cessidades, a forma como nos organiza-mos enquanto entidade e a forma como entendemos e queremos fazer política. Uma forma mais dinâmica, plural, artís-tica, inclusiva, representativa, uma forma que fale mais sobre a nossa realidade, que tenha mais a ver com nossos sonhos, que seja radicalmente democrática!

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A história do movimento estudantil brasileiro está diretamente ligada às grandes mobilizações e transformações sociais do nosso povo. Não existe nenhum momento da história política do país que não tenha contado com a contribuição e participação generosa da rebeldia contestadora da juventude. Entre os movimentos juvenis, o movimento es-tudantil, por sua característica marcante desde seu nascimento, foi por vocação linha de frente das mobilizações sociais e das grandes lutas da juventude e do povo brasileiro.

Nossa juventude sempre foi decisiva nas mudanças do Brasil, foi assim quando os estudantes foram às ruas para expulsar os franceses do Rio de Janeiro no Brasil-colonial, quando lutaram contra o nazi-fascismo durante a segunda guerra mundial e quan-do se engajaram nas campanhas nacionalistas dos anos 50 e 60. Portanto, juventude e movimento estudantil são sinônimos de luta, mobilização e mudança! Fomos protagonistas ativos da grande campanha nacional ”O petróleo é nosso”, que defendeu o patrimônio territorial e econômico do país e resultou na criação de nossa maior empresa nacional, a Petrobras.

Durante a ditadura civil-militar brasileira resistimos ao regime autoritário que instalou como política de estado a atroz tortura, perseguição, prisão e assassinatos de bravos e heroicos brasileiros que ousam lutar por um Brasil livre, soberano e democrático. Aos companheiros Honestino Guimarães, Edson Luis, Carlos Marighel-la, Carlos Lamarca, Stuart Angel, Sônia Angel, Iuri Xavier Pereira, Ramires Vale, Alexandre Vannucchi Leme, Vladimir Herzog, entre tantos outros brasileiros que deram as vidas em nome da utopia de construir uma sociedade justa, igualitária e socialista, devemos render todas as nossas homenagens. No entanto, nossa maior contribuição deve ser continuar com as suas lutas e nos colocar-mos na trincheira incansável pela efetivação de uma Comissão da Verdade que apresente e esclareça para toda a sociedade os crimes bárbaros de uma ditadura sanguinária, débil e entreguista.

Estivemos presentes nas mobilizações pela conquista das li-berdades democráticas, nas campanhas pela anistia dos presos políticos e pela volta dos exilados, assim como fomos às ruas defender eleição livre e direta para presidente da República, na

famosa campanha ”DIRETAS JÁ”. Nos anos 90, saímos às ruas para derrubar o presidente corrupto e dizer ”FORA COLLOR” e fomos incansáveis na luta contra o neoliberalismo privatista dos dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso.

Após anos na resistência ao projeto de estrangulamento e asfixia das verbas das universidades públicas e de desregulamentação das universidades pagas, além de uma política econômica que se curvava aos interesses dos poderosos, são inegáveis os importantes avanços conquistados nos últimos 10 anos do governo federal dirigido pelo campo popular. No acesso ao ensino superior, nas transformações sociais no sentido de promover maior inclusão social e nos milhares de brasileiros e brasileiras que deixaram a linha da pobreza extrema.

Vivemos um momento único de nossa história. Ganhamos destaque no cenário internacional ao superar as adversidades desta crise, investindo no nosso povo para continuarmos nos desenvol-vendo no meio da grave crise econômica do capitalismo, em especial dos países europeus da zona do euro, que na ciranda global atual se alastra em dimensões e consequências para o mundo inteiro.

Em um mundo que passa por profundas e rápidas transfor-mações tecnológicas, climáticas, políticas, sociais, culturais e eco-nômicas, muitas temáticas passaram a angustiar as perspectivas de futuro para a juventude.

Apesar disso, a atual política econômica do governo federal insiste em manter medidas conservadoras e não apontar no rumo necessário para o Brasil dar ”um passo à frente”. Temos uma das mais altas taxas de juros do mundo! E uma política macroeconô-mica que, em muitos aspectos, ainda é ditada pela velha cartilha neoliberal. Como consequência, as decisões econômicas sofrem forte influência do capital financeiro, que vive de gerar dinheiro a partir da especulação, sem compromisso nenhum com o desenvol-vimento e com a geração de emprego e renda para o nosso povo.

O Brasil viveu uma década de avanços sociais, de quebras de paradigmas, de superação de crises, de realização de investimentos estratégicos e de avanços na integração Latino Americana, entre outras questões. No entanto, nossos avanços ainda são tímidos diante de nosso papel e necessidade histórica. Romper com 500 anos de exploração e dominação feita pelo capital internacional em estreita consonância com nossa burguesia nacional não é uma tarefa fácil, para isso precisaremos dar ”um passo à frente”: garantir a unidade de nosso povo e construir condições objetivas para avançar na elevação da consciência de classes.

Precisamos seguir em frente, realizar as reformas estruturais que o Brasil precisa, Reforma Política, Reforma do Judiciário, Re-forma Educacional!

No Congresso Nacional, é preciso avançar! Buscar uma alter-nativa que rompa com a forma arcaica de fazer política no nosso país. A eleição de Renan Calheiros para Presidente do Congresso representa um grande retrocesso, em defesas que contradizem com as demandas do campo popular, distanciando cada vez mais o Congresso Nacional do povo brasileiro.

Outro grande retrocesso foi eleger Presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias, o Deputado Marcos Feliciano, que tem em seu histórico declarações racistas e homofóbicas e que de forma alguma representa essa pasta.

Reafirmamos a importância de que haja uma Reforma Política real que insira no seu contexto a juventude e a necessidade de renovação dos espaços de poder, além de um novo pacto federativo!

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Nós do Movimento ”Um Passo à FRENTE!” entendemos que o movimento social precisa fortalecer a rede das entidades estudantis. Pre-cisamos investir em salas de aula, ir ao encontro aos estudantes e dos seus anseios, fortalecen-do os Centros Acadêmicos (CAs) e os Diretórios Centrais de Estudantes (DCEs), para avançar nas conquistas das lutas estudantis e desenvolver uma nova cultura para o movimento estudantil, MAIS PARTICIPATIVO, MAIS DEMOCRÁTICO! Em especial para a União Nacional de Estudantes (UNE) que carece de legitimidade e de mais diá-logo com a sua base.

A UNE tem que estar na vanguarda da luta por um país reno-vado, com paradigmas quebrados e ideais reforçados, buscando a integração dos estudantes brasileiros com as questões nacionais e com esse novo projeto de Brasil.

”Um passo à frente” para propor um novo projeto de nação, pautado nas causas sociais e na disposição de transformar, so-bretudo que o nosso país deixe de investir em perspectivas de consumo e consolide uma efetiva GARANTIA DE DIREITOS.

O momento político que o país enfrenta necessita de mobi-lização dos jovens, para conquistar direitos como o Estatuto da Juventude, a Reforma Universitária, a criminalização da homofobia, entre outras bandeiras.

Convidamos os estudantes de todo os cantos do Brasil a junta-rem-se a nós do Movimento ”Um passo à Frente” e se mobilizarem nesta luta em defesa de uma educação pública, gratuita, laica, de qualidade e socialmente referenciada. É preciso dar ”um passo à frente” para garantir a sustentabilidade como prática transver-sal em nossos espaços de diálogo; o fim da criminalização dos movimentos sociais; a erradicação do racismo, machismo e da homofobia; a busca incansável pela emancipação humana na sua plenitude e a busca pela felicidade.

Chamamos a juventude para a luta! Nas salas de aulas, nas ruas, nas redes, abraçando nossas bandeiras e construindo dia a dia um Brasil melhor para todas as brasileiras e todos os brasileiros.

conjuntura internacional e integração latino americana: o Brasil fica onde?

Vivemos um momento histórico na América Latina, com a as-censão de governos comprometidos com @s mais desfavorecid@s e resistentes aos desmandos imperialistas, que desde sempre ousam nos impor valores que nada têm a ver com nossa gente e nossas necessidades. Como é de se esperar, sempre que um povo resolve se levantar contra aqueles que os dominam, contra a hegemonia instituída, surgem processos de reação que buscam manter as velhas estruturas de dominação e opressão. Desta for-ma, o continente assiste com apreensão aos recentes golpes de Estado deflagrados em Honduras em 2009 e no Paraguai em 2012. Igualmente escabroso é o processo permanente de tentativa de deslegitimação do Governo Bolivariano da Venezuela, que resis-tiu a inúmeros ataques e tentativas de golpes graças ao avanço ideológico da população, que tem bem discernido quem são seus defensores e seus carrascos.

O Brasil se inclui entre os países governados por setores majo-ritariamente de esquerda. Reconhecemos a importância do Brasil, pela liderança regional que desempenha, deslegitimar o governo golpista do Paraguai, dar abrigo político ao presidente deposto de Honduras e se solidarizar com a Revolução Bolivariana. No en-tanto, é inevitável perceber que dentro desse quadro poderíamos ter avançado muito mais no sentido de consolidação de direitos sociais e disputa ideológica da população brasileira. Nossos avan-ços e acesso a bens sociais, adquiridos recentemente, não vieram acompanhados de transformações estruturantes da sociedade brasileira, o que significa que podem ser revogados com maior facilidade em momento de crise econômica ou na eventualidade de forças que representam o que há de mais conservador no Brasil retomarem o governo.

No campo da Educação, por exemplo, em sua maioria o cresci-mento do acesso ao ensino superior não se dá garantindo vagas nas instituições públicas e ampliando sua estrutura, apesar do inegável avanço que tivemos durante os governos Lula com o REUNI, mas principalmente ampliando o crédito e concedendo bolsas para o ingresso nas instituições privadas garantindo a entrada imediata de milhares de jovens no ensino superior, porém sem garantir que os ”jovens de amanhã” terão essa mesma oportunidade, uma vez que tem sustentáculos que fogem da esfera do governo e do Estado. Queremos mais vagas no ensino superior? SIM! Que-remos que as pessoas entrem na Universidade HOJE, mesmo o Estado não tendo condições de ofertar vagas para tod@s? SIM! Julgamos importante as medidas paliativas? SIM! Mas não po-demos perder de vista o nosso ”sul”, que significa criar condições para que estas medidas não mais sejam necessárias e o Estado dê conta de realmente abarcar os setores menos abastados da sociedade da forma devida, ou seja, ter suficientemente vagas públicas, gratuitas e de qualidade para toda população brasileira.

Preocupante, ainda, é perceber que a inclusão que vivemos nos últimos anos não vem acompanhada de avanços ideológicos, até por se dar sobretudo na transformação dos marginalizados em ”clientes” e não em ”cidadãos”. Nesse sentido, o advento social não vem acompanhado do sentimento de pertencimento a um projeto democrático e popular que precisa ser fortalecido e pro-pagado, mas sim acompanhado de valores conservadores como o

O Movimento Estudantil na FRENTE das lutas sociais!

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individualismo e a meritocracia, seguindo a lógica ”MEU filho entrou na universidade porque EU trabalhei duro” e seus direitos se dão como direitos de consumidor, de cliente da faculdade privada e não de cidadão que está em um espaço que também lhe pertence.

Temos que aprender com a história e entender que o modelo imediatista de garantias sociais não pode vir desacompanhado de um projeto mais consistente e duradouro de transformação da estrutura social, sob o risco de vermos repetir o exemplo da Itália, onde governos de esquerda criaram um país de classe média sem avançar na questão ideológica e depois essa mesma classe média que ascende graças às ações da esquerda sustenta por dé-cadas governos conservadores. O resultado é que hoje muitas das tais ”conquistas sociais” caíram por terra em momentos de crise.

Quando se analisa o Brasil dentro do contexto internacional, ficamos com o duplo sentimento de que, por um lado, nos enche de orgulho ver posições internacionais tomadas como as já cita-das ou o apoio ao povo palestino e, por outro lado, o sentimento que podemos fazer mais, avançando como outros países irmãos da América Latina e fugindo dos erros já conhecidos dos países Europeus.

Radicalizando a democracia no Movimento EstudantilPor mais legitimidade com a participação dos estudantes

A nossa luta histórica por uma União Nacional dos Estudan-tes mais ampla e representativa cada vez mais se consolida com a necessidade real e urgente de garantir a legitimidade da UNE e sua rede junto aos estudantes brasileiros. O movimento ”Um Passo à FRENTE!” vem propor uma grande reflexão para o movi-mento estudantil, de que precisamos, como necessidade histórica de um novo e combativo ME, o respeito aos que pensam dife-rente, e sobretudo garantir a participação efetiva dos estudantes na construção das entidades estudantis, em especial da própria UNE. Não podemos deixar a dúvida de quem a União Nacional dos Estudantes representa! Afinal, para nós, a UNE sempre foi e deve continuar sendo uma entidade combativa, à frente do seu tempo e vanguarda das lutas sociais do povo brasileiro.

A UNE e sua tradição democrática, popular e de defesa das liberdades, não pode permitir que em sua construção interna exis-tam práticas que sejam antagônicas aos seus pilares de existência, que é a democracia no movimento estudantil e a legitimidade das organizações estudantis. Não podemos aceitar aparelhamentos e construções que excluem os estudantes do direito à participação, inclusive, nos próprios fóruns da União Nacional dos Estudantes.

Nosso compromisso em defesa do movimento estudantil é lutando pelo direito de representação dos estudantes e pelo comprometimento da ampliação da base de participação da UNE.

Vamos dar um passo à frente! Balançar as estruturas da maior entidade estudantil do país, fazendo uma UNE cada vez mais dos ESTUDANTES.

Por mais investimentos na Educação

As mobilizações dos movimentos sociais estão cada vez mais fortalecidas na luta por mais investimentos na Educação, a fim de avançarmos na qualidade do ensino e no desenvolvimento social do país. Estamos diante de uma grande possibilidade de darmos ”um passo à frente”, e sairmos da posição de um país que ”acha” que o nosso futuro depende da qualidade da nossa educação, para um país que de fato entende que é necessário investir para mudar a nossa história. Diante disso, convocamos a juventude para a defesa da destinação dos 10% do PIB, 50% do Fundo Social do Pré-sal e 100% dos Royalties para a educação pública!

Avançar na assistência estudantil

Contestamos a maneira unilateral que se dá a formulação de políticas públicas de assistência estudantil e, especificamente, a concessão ou não de bolsas auxílio. O crescimento do investimento público em assistência estudantil é numericamente claro. Em 2007 o investimento era referente a R$ 102 milhões e em 2012 cresceu para R$ 500 através do Plano Nacional de Assistência Estudantil. No entanto, seja pela má gestão e/ou ampliação da verba insu-ficiente, esses números não representaram uma melhoria plena na condição de vida dos alunos em situação econômica de risco. Um estudo da Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior) alega que é necessário o investimento extra de R$ 1,4 bi anual para garantir a assistência estudantil plena a todos os alunos em condição de vulnerabilidade econômica, pois hoje apenas 24% dos estudantes nessa condição de risco são contemplados pela assistência estudantil.

A ausência de um canal permanente de diálogo Governo/Ges-tores da Universidade/Estudantes caracteriza um processo pouco participativo nas políticas de assistência, gerando o desconhe-cimento das reais expectativas e necessidades dos estudantes. Um dos pontos críticos da política de assistência estudantil é o caráter não cumulativo de bolsas oferecidas pela universidade. A chamada dedicação exclusiva nega aos estudantes que possuem o benefício da bolsa permanência o direito de desenvolver projetos de pesquisa, programas de educação tutorial (PET) e projetos de extensão de forma remunerada.

Temos o entendimento que bolsas como a de permanência são oferecidas para viabilizar os direitos básicos de subsistência da vida como moradia, alimentação, transporte, os quais, os estudantes fora da condição de vulnerabilidade econômica já possuem. Sendo assim, o acúmulo de bolsas de outros programas não representa um ”beneficio extra”, mas um auxílio para garantir outras necessidades diárias do estudante/cidadão na universidade, desde a famosa compra de xerox a serviços subjetivos e não pré-estabelecidos como os culturais e de saúde.

As ações de assistência estudantil sugeridas pelo PNAES de-vem ter como prioridade fundamental viabilizar a igualdade de oportunidades e contribuir para a melhoria do desempenho aca-dêmico do aluno, além de agir, preventivamente, para minimizar as situações de repetência e evasão decorrentes da insuficiência de condições financeiras. Em muitas ações, porém, é necessário dar um passo à frente. Precisamos por em prática por completo o PNAES e fazer com que as instituições se comprometam em investir com planejamento e responsabilidade os recursos des-

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tinados à Assistência Estudantil.As políticas públicas de assistência estudantis devem se voltar

não só para as questões de ordem econômica, como auxílio finan-ceiro para que os estudantes realizem suas atividades diárias na instituição, mas também de forma pedagógica.

Atualmente, grande parte de nossas universidades estão tra-tando esse tema de uma forma que consideramos que não seja a melhor.

1 Muitas instituições estão adotando o ”Auxilio Moradia” como prioridade e, sendo assim, deixam de lado o investimento em Casas do Estudante, colaborando somente com a especulação imobiliária e com a iniciativa privada, deixando de lado a importância do con-vívio entre os acadêmicos, oportunizado pela moradia estudantil.

2 Ampliação dos Restaurantes Escolas, os quais, além de oferecerem refeição aos estudantes, possam ser também uma escola de aulas práticas para os cursos de áreas afins, como a Nutrição, Gastronomia e etc.

3 Os Auxílios Materiais, que têm por objetivo oferecer o material necessário para a realização das aulas práticas, não são oferecidos em grande parte das nossas instituições, ou, quando existem, não atendem todos os cursos e todos os estudantes que necessitam desse auxílio.

4 O Auxílio Maternidade/Paternidade muitas vezes deixa a desejar, quando seria muito mais proveitoso a instituição oferecer Creche Escola, que além de cumprir o papel de creche, poderia ofe-recer diversos estágios para os estudantes de áreas afins, como por exemplo Pedagogia, Enfermagem, Medicina, Nutrição e etc.

Educação não é mercadoria!

O ensino superior privado no Brasil tem cada vez mais levanta-do motivos para preocupação. Sua rápida expansão carrega uma grande e crescente parcela de investimento de capital estrangeiro, transformando instituições de ensino em empresas bem lucra-tivas, que demonstram claramente em suas conduções que não existe nenhum compromisso com o desenvolvimento do país, o que coloca em risco a soberania nacional.

Educação não é mercadoria! E não podemos deixar que as uni-versidades privadas se consolidem numa mera relação de ”cliente e empresa”, afinal, o papel da Universidade está diretamente ligado na formação do cidadão brasileiro, consequentemente nas ações necessárias para as transformações que o Brasil precisa.

São recorrentes os abusos sofridos nas universidades privadas, os aumentos absurdos nas mensalidades, deixam estudantes no dilema entre desistir ou se submeter aos abusos impostos pelos ”tubarões do ensino”. Se quisermos mais jovens na universidade, é necessário garantirmos uma regulamentação das universida-des privadas, e um acompanhamento mais próximo dos setores responsáveis, garantindo que estas instituições tenham de fato condições de exercer atividade educacional, prezando sempre pela qualidade no ensino e condições estruturais adequadas, para uma boa formação.

Pela redução das desigualdades e garantias de direitos

Não podemos deixar que as inversões de valores e prioridades sejam consolidadas em nosso país. A marginalização do jovem pobre, em sua grande maioria negros, está presente e muitas ve-zes escondida nas ações conservadoras que a direita apresenta à sociedade. Por isso somos CONTRA a redução da maioridade penal e a favor de políticas de inclusão e mudanças profundas na sociedade, que se reflitam verdadeiramente em oportunidades e direitos para os jovens, em especial os mais carentes, que, mesmo previstos no ECA, o Estado não consegue atender.

Fomentar esse debate de forma equivocada é desviar o foco das verdadeiras causas do problema da violência, que está profun-damente ligada a questões como desigualdade social, exclusão, e certos comportamentos exagerados em nossa sociedade, como individualismo e o consumismo. É irresponsável o comportamento da grande mídia brasileira, que demoniza os jovens e tenta inflar a opinião pública a partir dos interesses da classe dominante. Sabemos muito bem que nosso sistema carcerário não recupera ninguém e que precisamos de fato garantir uma EDUCAÇÃO PÚ-BLICA de qualidade para garantimos um desenvolvimento que combata a desigualdade.

O péssimo habito do marketing verde

Sobre a ameaça do aquecimento global, do desmatamento, da poluição e desequilíbrio climático, parece que se tornou pou-co ética e até vergonhosa a falta de comprometimento com o meio ambiente. As grandes empresas, após sentirem o peso da responsabilidade ambiental, mesmo sem abdicar das suas ações irresponsáveis, passaram a criar uma atmosfera muito confortável através do marketing verde. Não se diminuiu os impactos, não se propôs outro modelo de produção, unicamente passou a oferecer produtos com rótulo verde. Exemplo: se a maioria dos veículos são movidos a combustíveis fósseis, como faz para acalmar os corações? A rede de postos planta árvores. A hipocrisia consiste no fato do desgaste ambiental gerado por essas empresas ser quase sempre irreversível. Oferece-se uma recompensa de ”ajuda ao meio ambiente” devido ao estrago ambiental feito anteriormente. Essa ”ajuda” gera mais retorno econômico para empresa do que recuperação para o meio ambiente. No marketing verde é assim: a propaganda dos atributos ambientais do produto serve de ganho para a imagem institucional.

O marketing verde avança e as leis que proporcionam o des-matamento no Brasil também. Passamos por um retrocesso na política ambiental com a aprovação do novo código florestal. Era inegável a necessidade de revisão do código florestal brasileiro, mas para beneficiar e regularizar os pequenos produtores, ribeirinhos, comunidades tradicionais, preservação de biomas, consolidações de APP’s e reservas legais. E não só isso, mas também para garantir a reconstrução da função social da terra, a qual foi retirada pelas oligarquias rurais, que com seus grandes latifúndios aceleram o desmatamento para garantir os grandes lucros.

Nossa luta trata-se de garantir um modelo de produção rural mais democrático e sustentável. Precisamos nos ater ao fato de que não existe sustentabilidade com um modelo de produção que busca gerar a superexploração dos recursos primários. Não se

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trata somente de modelar a imagem do produto para o consumi-dor, mas da reformulação no modelo de produção para garantir o bem-estar ambiental e social.

Há pouco tempo passamos por um espaço de formulação e um de negociação em escala global, respectivamente, a Cúpula dos Povos e o Rio + 20. Era a Cúpula dos Povos um espaço de fomentação e articulação da comunidade civil, da qual de proveito tiramos as articulações informais e o acúmulo para nossa mili-tância individual e de grupos. Pois nos espaços oficiais da Cúpula éramos bombardeados de empresas, bancos e ONGs adeptas do marketing verde. O espaço Rio + 20, composto por Chefes de Es-tado, com intuito de discutir e aprovar medidas benéficas para o Planeta em relação à proteção ambiental, resultou em decepção de expectativas, frustrando até os mais otimistas. Nesse espaço, a preocupação do crescimento econômico foi levada como prio-ritária na frente do bem estar da população e conservação dos recursos naturais.

Além da lógica do mercado, é preciso tentar mudar nossas práticas diárias, que muitas vezes são destrutivas e nem per-cebemos, por estarem enraizadas no nosso modelo de vida. A militância ambientalista deve ser feita de forma coerente e madura, com responsabilidade socioambiental, que desenvolva críticas e proposições que modifiquem a todos. Nesse sentido, devemos pensar o espaço da universidade como laboratório vivo, no qual compartilhamos novas práticas.

Incentivo à Ciclovia Nós do Movimento “Um Passo à Frente” queremos que não só os Planos Direto-res Municipais incluam a construção de ciclovias, nós queremos também que os Campi universitários incluam ciclovias em seu interior. Assim você garante mais qualidade de vida a esses alunos, desafoga o trânsito e diminui o número de pessoas que utilizam o transporte público.

Bibicletários Que as prefeituras e as Universida-des instalem bicicletários para que os usuários possam guardar suas bicicletas em segurança e assim poderem trabalhar e/ou estudar tranquilamente.

Transporte Coletivo Melhorar o acesso ao transporte público e melhorar também as condições desse transporte, pois, na maioria das vezes, os ônibus estão superlo-tados e isso influencia diretamente no rendimento do estudante em sua Universidade.

Alimentação balanceada Nosso Mo-vimento também exige que os RU’s façam comida mais balancea-da, menos carboidratos e proteína e mais vitaminas por meio de verduras e legumes. Pois pensamos na seguinte lógica, quanto mais consumirmos carne, logicamente os rebanhos de gado terão que aumentar e isso fará com que mais florestas sejam devasta-das e transformadas em pastos, além das emissões de carbono gerada pelos animais bovinos. Por isso esse Movimento pede uma comida mais balanceada, afinal, qualidade de vida também é sustentabilidade.

Refeições baratas Infelizmente na maioria das Universidades as refeições oferecidas são muito caras e os estabelecimentos muitas vezes ficam com aquela estrutura da Universidade, às vezes não pagam água e nem energia e não é visto nenhum retorno aos alunos. O que o Movimento pede é que se dê opção de refeição barata aos estudantes carentes que querem passar o dia no Campus estudando e não podem voltar em casa para se alimentar, já que o dinheiro deles não suporta essa despesa. Uma refeição boa e barata também é sustentabilidade, visto que engloba a parte econômica e a parte de qualidade de vida.

Campi sustentáveis O Movimento preza pela redução do desperdício. Pedimos que os Campi implantem sis-temas de gestão ambiental, os quais visem reduzir o desperdício e utilização indevida de materiais, como por exemplo: reduzir o gasto com papéis, com copos descartáveis, água no banheiro, etc. Achamos que se os Campi fizerem isso, a Universidade pode se tornar referência em políticas ambientais.

Direito à água O Direito à água é de todos, por isso acreditamos que as pessoas devam saber utilizar-se des-sa fonte, para que no futuro não haja racionamento. Em nossas Universidades não pode ser diferente, devemos nos ater a utilizar somente a quantidade necessária.

O protagonismo feminino no meio político

“O poder como fato positivo é a capacidade de decidir sobre a própria vida; como tal, é um fato que transcende o indivíduo e se plasma nos sujeitos e nos espaços sociais: aí se materializa como afirmação, como satisfação de necessidade, e como realização de objetivos (...) Mas o poder consiste também na capacidade de decidir sobre a vida do outro, na intervenção com fatos que obrigam, circunscrevem ou impedem. Quem exerce o poder se arroga o direito ao castigo e a postergar bens materiais e simbó-licos. Dessa posição domina, julga, sentencia e perdoa. Ao fazê-lo, acumula e reproduz o poder.” (Iagarde, 1993.)

Historicamente o poder foi renegado as mulheres e, junto a isso, a falta de condição igualitária nos espaços de exercício do poder sentenciou as mulheres à condição de subalterna por mui-to tempo. Primeiro condiciona-se a mulher através da ”divisão natural” do trabalho a ser responsável pelo trabalho doméstico, o qual em uma sociedade baseada no acúmulo de propriedade privada não permite autonomia financeira ou social. Está então a mulher condicionada a viver em função da família, obedecer e reproduzir, respeitar e se submeter ao marido. Entramos então em outros debates que se entrelaçam com o da sociedade patriarcal e machista: A concepção de família. Quem define o que pode ou não ser família? Quem decide a quem se pode amar? Quem decide a estrutura social no qual o amor precisa ser moldado?

Poderia dizer Graças a Deus, mas na verdade, graça às lutas sociais vem sendo desconstruída essa concepção machista, hetero-normativa e patriarcal da família. Passamos então a poder revisar o papel e os direitos das mulheres não só dentro da família, mas na sociedade como um todo. Nós feministas que somos mulheres, travestis, homens, transexuais, independente do gênero ou sexo, lutamos em nome da emancipação e da ocupação paritária dos espaços de poder.

Atentamos todos para o fato de que não podemos nos basear em uma política cotista por Ad Eternum. A criação de espaços obri-gatoriamente femininos foi e ainda é necessário no meio político, como forma de empoderamento e respeito à atuação feminina nos espaços de poder, que durante tanto tempo foi renegada e intimidada. No entanto, essa é uma medida afirmativa que precisa ter como resultado a quebra de espaços intimidadores e a cria-ção de uma atmosfera na qual a disputa dos espaços de poder seja traçada por projetos e protagonismo político e não pela falsa hierarquização do sexo onde se desvaloriza a atuação da mulher. Perceber e desconstruir a hierarquia sexual é responsabilidade contínua de todos @s militantes.

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Não só nas esferas de poder se desconstrói a opressão de gêne-ro, pois essas opressões se replicam em todas as relações sociais. Não só no modelo de intimidação, mas também em outros modelos, como os assédios que silenciam nosso corpo, nossas mentes e nossas vozes. Tiremos como exemplo o espaço da universidade, que tantas vezes é afirmado como espaço de desconstrução de preconceito e quebra de paradigmas, é também palco de assédios dos mais diversos tipos. Não aceitamos o assédio, seja físico ou moral. Não importa de quem parte, seja do docente, discente, ter-ceirizado, técnico-administrativo, nenhum caso deve ser abafado ou silenciado por relação de hierarquia universitária. A punição deve acontecer legalmente e através de processo disciplinar para que se entenda que essa não é uma pratica aceitável, seja dentro ou fora dos muros da universidade.

Nessa sociedade, onde o assédio muitas vezes é entendido como ”diferentes níveis de cantada”, faz-se necessário tomar me-didas paliativas e, entre elas, a garantia de segurança especializada para mulheres. Os ambientes universitários distantes, esvaziados, com deficiência de infraestrutura como iluminação, rotas segu-ras e transportes colocam em risco a segurança das mulheres que fazem diariamente esses percursos. É de responsabilidade institucional em diálogo com alunas, funcionárias, professoras e demais mulheres que ocupem o ambiente universitário pensar qual melhor forma de fiscalizar e ocupar os espaços para evitar que o discurso do medo tire nossa autonomia de ir e vir.

Ainda pensando na mulher no espaço da universidade, preci-samos romper as barreiras impostas pela política de assistência universitária, que tantas vezes nos deixa de mãos atadas para dar continuidade a nossa vida acadêmica. Qual o valor moral ou social que deslegitima uma mulher que engravidou de receber assistência da universidade? Se esse valor absurdo existe, iremos derrubá-lo! Queremos a garantia de moradia estudantil para as mulheres que são mães. Entendemos assistência no sentido amplo, que vai além de um teto e seiscentos reais na conta, queremos a assistência através da criação de creches, da moradia adaptada de modo a receber crianças, direito a licença maternidade no âmbito acadêmico, assistência médica e psicológica.

Dentro do movimento estudantil nossa luta é travada em nome da ruptura da intolerância e desvalorização da figura feminina, práticas que, mesmo inconscientemente, ainda são predominantes na condução de reuniões e discussões. Exaltamos nossas dife-renças e legitimamos as lideranças femininas para que cresçam e se expressem cada vez em maior número! Jovens mulheres socialistas capacitadas para protagonizar as lutas, construir opi-niões, transformar a realidade.

A Bola Fora do Governo Brasileiro

Os debates sobre cumprimento de prazos, execução dos proje-tos e infraestrutura acerca da Copa do Mundo de 2014 vêm sendo supervalorizados pela grande mídia. No entanto, existe um ponto que precede o da eficiência no cumprimento de metas que é o le-gado que a Copa vai deixar para o povo brasileiro. Os megaeventos esportivos vêm moldando a dinâmica de cidades e intensificando problemas já existentes, como a precarização do trabalho, cria-ção de parcerias público-privada, segregação do espaço urbano e higienização urbana.

Dentre os impactos socioespaciais temos problemas explíci-tos como a remoção de comunidades carentes para construção de grandes obras, o que serve de manutenção para o modelo de

política urbana excludente do Brasil. Essas comunidades retiradas de suas moradias são, em maioria, moradores de baixa renda que se localizam em regiões que, ao longo do tempo, passaram por valorização econômica, se tornando foco da especulação imobiliária em nome dos grandes lucros do setor privado de construção. Nesse jogo entre concessões públicas e construções de luxo, quem fica de escanteio é uma parcela da população brasileira, que deslocada, mas não realocada, perde seu direito à moradia!

A garantia dos direitos da criança e do adolescente, como educa-ção pública de qualidade, segurança, serviços culturais e esportivos, já são uma luta constante no Brasil e precisam novamente entrar em pauta. Passaremos por um período de influência direta dos megaeventos no dia-a-dia de nossas crianças e adolescentes, um ciclo que se inicia na Copa das Confederações 2013 e vai até o fim das Olimpíadas de 2016. Nesse contexto, exigimos do poder público a responsabilidade com nossos pequenos cidadãos. A criação de modelos eficientes de fiscalização e campanhas e que combatam o fomento de redes de exploração sexual e trabalho infantil.

O futebol sempre foi e ainda é um esporte admirado, jogado e assistido pelo povo e isso não será diferente dentro dos grandes estádios brasileiros. No entanto, os padrões FIFA aceitos deli-beradamente por parte do governo sem pensar nas adaptações necessárias para o perfil cultural e econômico do torcedor brasileiro vão distorcer a dinâmica que conhecemos. Devido à modelagem dos estádios, as torcidas modificaram, mesmo que involuntaria-mente, a forma de torcer. Um projeto arquitetônico que transforma o estádio em estúdio, dispondo a torcida da forma a garantir os melhores ângulos para transmissões para televisão e não para o corpo vivo que é o estádio quando está cheio de torcedores. Para completar a elitização do futebol dentro do estádio, nos depara-mos com os altos valores de ingressos. Hoje 30% dos ingressos da copa já estão reservados para os VIPs da FIFA e os ingressos à venda estão sendo superinflacionados. Na televisão somos bom-bardeados pelo marketing ”Essa copa não é só do artista, não é só do mega empresário, não é só do rico. É da Maria, do João, do Pedro”. Queremos saber: as Marias e Pedros brasileiros vão ter condição de comprar ingressos para a copa de 2014?

Ainda existe um ponto crítico, marginalizado não só pela mídia e governo, mas também pela ”moral social”: a prostituição. Um mercado informal de trabalho que, sem garantias trabalhistas e regulamentação, passa a se basear em uma condição de explora-ção, a qual tem nos megaeventos seu consumo intensificado com o turismo sexual. Podendo gerar uma violação do serviço, corpo e mente das mulheres e travestis atuantes no mercado sexual. Precisamos pensar em como garantir às/aos trabalhadores desse mercado seus direitos básicos, para não reforçar uma prática de sociedade machista, de domínio e objetificação do corpo. Não po-demos estigmatizar pessoas pelo usufruto do seu próprio corpo, seja esse mercadológico ou não, ou torna-se inviável a construção de uma sociedade igualitária e de liberdade sexual.

Democratizar a informação!

É preciso darmos um passo à frente na efetivação da comuni-cação como um direito. Desde a privatização das telecomunicações no Brasil e do sucateamento da Telebras, o acesso da população às diversas formas de comunicação foi extremamente limitado pelo poder aquisitivo do cidadão. Atualmente os movimentos sociais exigem que o acesso à banda larga seja efetivado como um direito universal e nós, do Movimento ”Um Passo à Frente”, fazemos

Page 8: A história do movimento estudantil brasileiro · especial para a União Nacional de Estudantes (UNE) que carece de legitimidade e de mais diá-logo com a sua base. A UNE tem que

coro e engrossamos esse cordão! Retomar a Telebras para que o acesso à banda larga seja efetivado é sim uma bandeira nossa!

Infelizmente o governo federal comunicou, através do Ministério das Comunicações, que não pretende rever a política de concessões de rádio e tv, permitindo que grandes conglomerados monopolizem o setor e que a função social, comum às concessões públicas, seja descumprida ou ainda, que o proselitismo religioso se sobreponha ao Estado laico.

A Liberdade de Imprensa foi uma bandeira conquistada pelo povo brasileiro e muit@s companheir@s tombaram em combate para garantir esse direito. Para garantir que essa liberdade não seja usada como porta voz do discurso de ódio e de intolerância é importante aprimorarmos o controle social da mídia. Não se trata de censura, como afirmam alguns veículos de comunicação, trata-se de empoderar a população nos espaços públicos e punir aqueles/aquelas que desrespeitam a cultura de paz e os direitos humanos.

A influência jovem na formação da culturaE a ideia de uma cultura anticapitalista

Os principais movimentos culturais do país e do mundo tive-ram em sua maioria a participação expressiva dos jovens. Sempre impulsionados por ideais e convicções, conseguimos com muita criatividade e/ou rebeldia nos expressarmos a favor ou contra alguma lógica implementada na sociedade. Em todos os âmbitos artísticos, o ”novo” se fez presente e agregou ideias, sonhos e muita vontade de se fazer ouvir, ser visto e sentir.

A História nos mostra as imposições culturais pré-estabelecidas pelo o imperialismo e suas faces. Perdemos muito quando a lógica capitalista entra nas vertentes culturais, fazendo com que a arte se torne mecanismo de disputa e um produto exclusivamente comercial.

Nós do Movimento ”Um Passo à Frente”, acreditamos que a juventude está vivendo um novo momento, no que se diz res-peito às novas expressões culturais e as formas de expandi-las. Queremos desconstruir a ideia da necessidade de um ”rótulo”, ou a diminuição da representação artística para estar dentro de um padrão estético ou comercial, reduzindo nossa capacidade de

criar, construir, sentir e pensar.Vamos valorizar mais a nossa identidade e cada vez mais a

cultura popular e alternativa!

por mais inserção da cultura no Movimento EstudantilNossas armas? Microfone, danças, Graffiti, ska-te! Outra Política, COM MAIS CULTURA!

Feito por nós, pra nós, em nós! Pra falar, dar eco e refletir nossos sonhos, nossos anseios, nossa realidade é que cantamos, pintamos, dançamos. Mas não dançamos SÓ como dançavam nossos pais e mães. A menina de 16 anos continua no frevo, mas hoje também vai pro RAP, dançar break. Uns garotos ainda pin-tam quadros, mas tantos outros fazem dos muros seus murais e exprimem através do graffiti e da arte urbana as mais criativas e politizadas mensagens.

É comum ouvir dizer que a nossa geração não quer saber de política. É MUITO comum muitos de nós dizermos que não gostamos mesmo de política. Será? Quando nos indignamos com a eleição de Renan no senado, quando ”xingamos muito no twitter” o Feliciano ou simplesmente quando subvertemos um espaço público desti-nado apenas à publicidade com intervenções artísticas, estamos em todos esses momentos fazendo política. O que as pessoas não gostam, não é da política, mas dos espaços consolidados de atuação política, como as entidades do movimento estudantil ou o Congresso Nacional. E isso acontece porque esses espaços não estão verdadeiramente abertos a estas novas formas de contar e enxergar o mundo.

Podemos até entender que o Senado não dialogue com a ju-ventude de hoje em dia. Mas é inadmissível, absurdo e vergonhoso que o Movimento Estudantil não se reinvente e tenha na arte um instrumento de fazer política, de cativar novas e novos militantes e de transformar a realidade. A UNE no passado lutou com pedras, mas lutou com violões também. Hoje, nem pedras, nem violões, nem sprays... Chega de mais do mesmo! Lutar por mais pistas de skate, produzir sarais em frente a órgãos públicos como forma de protesto, disseminar a cultura contra-hegemônica, valorizando o tradicional e o novo é mais do que uma necessidade.

A UNE precisa dar um passo à frente na forma de fazer política!