A GRANDE CONSPIRAÇÃO - Cap XXIV

download A GRANDE CONSPIRAÇÃO - Cap XXIV

of 14

Transcript of A GRANDE CONSPIRAÇÃO - Cap XXIV

  • 8/13/2019 A GRANDE CONSPIRAO - Cap XXIV

    1/14

    MICHAEL SAYERS e ALBERT E. KAHN

    A GRANDE

    C O N S P I R A OA G U E R R A S E C R E T A

    C O N T R A A R S S I A S O V I T I C A

    6. a E D I O

    E D I T R A B R A S I L I E N S E S O P A U L O

  • 8/13/2019 A GRANDE CONSPIRAO - Cap XXIV

    2/14

    XXIV O CASO DOS DEZESSEIS

  • 8/13/2019 A GRANDE CONSPIRAO - Cap XXIV

    3/14

    C A P I T U L O X X I V

    O CASO DOS DEZESSEIS

    Nos derradeiros meses da- segunda guerra mundial, o principal tema de propaganda e agitao anti-sovitica na Gr-

    Bretanha e nos E.U.A. foi a questo da Polnia. Quandoo Exrcito Vermelho se arremessou para o oeste, cruzandoas fronteiras polonesas e libertando a maior parte da Polniados invasores nazistas, os tories britnicos e os isolacionistasamericanos acusaram a Unio Sovitica de estar pondo emperigo a liberdade polonesa. Durante semanas, a imprensade Hearst e Patterson-McCormick nos Estados Unidos apelou|)ara uma ao anti-sovitica a fim de libertar a Polnia dobolchevismo. No Congresso dos E.U.A. e no Parlamento

    britnico houve discursos que denunciaram reiteradamente osintuitos imperialistas vermelhos na Polnia, e acusaram o governo sovitico de traio aos princpios das Naes Unidas.Grande parte dessa propaganda anti-sovitica baseava-se emdeclaraes e material oficial fornecido pelo govrrfo polonsexilado em Londres e por seus representantes em Washington.O govrno polons no exlio compunha-se de militaristas, intrpretes dos latifundirios feudais da Polnia, alguns fascistaspoloneses e alguns poucos lderes camponeses e socialistas, que

    tinham encontrado abrigo na Inglaterra depois do colapso daPolnia em 1939 (102.)

    (102) O govrno polons exilado em Londres considerava-se olegtimo herdeiro do regime de Pilsudsld, cuja poltica tradicional ba-seara-se na oposio Rssia Sovitica. Como escreveu Raymond LeslieBuell no seu livro: Polnia: a chave da Europa: Pilsudski acreditavaque a Polnia devia ter um territrio. Por motivos histricos era maisfcil conseguir essa base com prejuzo da Rssia do que com prejuzoda Alemanha. A diplomacia polonesa de anteguerra, sob a direo

    do antigo funcionrio do S. S. anti-sovitico, Coronel Josef Beck, foi

  • 8/13/2019 A GRANDE CONSPIRAO - Cap XXIV

    4/14

    4 1 2 MICHAEL SAYERS E ALBERT E. KAHN

    Nessa ocasio, havia dois governos poloneses. Alm do

    govmo emigrado, em Londres, existia na Polnia o govmopolons provisrio, chamado governo de Varsvia. O govmo deVarsvia, baseado em uma aliana dos partidos antifascistaspoloneses, repudiou a Constituio fascista de Pilsudski, de1935, ainda sustentada pelo govmo polons de Londres. O govmo de Varsvia empreendeu reformas polticas e econmi-

    dirigida no contra a Alemanha nazista, mas contra a Rssia Sovitica.

    O exrcito polons, com mais larga percentagem de cavalaria do quequalquer outro exrcito do mundo, foi organizado para operar nas plancies ucranianas. As indstrias polonesas concentraram-se na fronteiraalem; as fortificaes militares polonesas concentraram-se na fronteirasovitica. Desde a sua formao, a Polnia dominada por militaristase proprietrios feudais, foi a base do cordo sanitrio anti-sovitico, eo rendez-vous dos agentes internacionais que conspiravam a derrocadado govmo sovitico. Boris Savinhov montou o seu Q. G. ta Polniadepois de ter fugido da Rssia e, com o auxlio direto de Pilsudski,organizou um exrcito branco na Polnia, composto de 30.000 homens

    para serem utilizados contra a Rssia Sovitica. No fim de 1920, osconspiradores da Torgprom foram entender-se com o alto comandopolons, a fim de obterem que a Polnia fsse uma das bases principaisda nova guerra de interveno que les vinham tramando contra aRssia Sovitica. O S. S. polons estabeleceu estreitas relaes de trabalho com tdas as fras anti-sovtcas, inclusive a organizao subterrnea trotskisla-bukharnisln. Hin 1938, o Pncto dc Munique manifestou claramonto o carter nntl-sovltlco dos chefes poloneses. Quandoos nazistas apresentaram o sou iiltimnto i\ Tclieco-Eslovquia e os tchecosse prepararam para resistir, o govmo polons mobilizou o seu exrcito

    e colocou-o diretamente como empecilho a qualquer possvel assistnciada Unio Sovitica aos tchecos. Como recompensa, Hitler permitiu queos poloneses se apoderassem do distrito de Teschen dos tchecos, porocasio da partilha da Tcheco-Eslovquia. Em 1939, na vspera do ataquenazista Polnia, os militaristas poloneses ainda se recusavam a rever a sua suicida poltica anti-sovitica; rejeitaram um acrdo militarcom a Rssia Sovitica; e no permitiram que o Exrcito Vermelhocruzasse as fronteiras polonesas para se encontrar com a Wehrmachtnazista. As conseqncias dessa poltica foram desastrosas para a Polnia e quase imediatamente depois da invaso nazista o govmo polons fugiu para o exterior, levando consigo as reservas de ouro polons. A princpio na Frana, e posteriormente na Inglaterra, os representantes dsse govmo polons, que se constituram como govmoexilado, continuaram as suas intrigas anti-soviticas e levaram a suanao runa. Nas suas intrigas, les foram secundados por poderososelementos nos crculos econmicos, polticos e religiosos internacionais,os quais olhavam a vitria da Rssia Sovitica na guerra contra aAlemanha nazista como uma ameaa aos seus prprios intersses.

  • 8/13/2019 A GRANDE CONSPIRAO - Cap XXIV

    5/14

    A G R A N D E C O N S P I R A O 413

    cas, abolio dos estados feudais, relaes amistosas e "es

    treitas com a Unio Sovitica.Na conferncia de Ialta, em fevereiro de 1945, Roose-

    velt, Churchill e Stlin discutiram amplamente a questo dofuturo da Polnia e concordaram que o govmo de Varsviadeveria reorganizar-se em bases democrticas mais amplas,com a incluso de lderes da Polnia e de poloneses no exterior, devendo assim ser reconhecido como o govmo provisrio legtimo do pas.

    O acrdo de Ialta encontrou grande oposio da partedos emigrados poloneses em Londres c de seus aliados britnicos e americanos. Foi denunciado como traio Polnia. Mobilizou-se a intriga diplomtica para impedir a consumao da deciso de Ialta.

    A agitao anti-sovitica e a intriga em trno do casopolons atingiram o seu pice quando em mnio do 1945 o

    fovmo sovitico anunciou que prendera dezesseis agentes po-rneses do govmo exilado em Londres, acusados de cons

    pirao anti-sovitica. sse ato do govrno sovitico, declararam os poloneses emigrados em Londres, era o mais ilustrativo exemplo do programa de Moscou para sufocar a "democracia polonesa e impor uma "ditadura vermelha ao povopolons...

    O nome mais conhecido dos 10 presos pelo govmo sovitico era o do General Leopold Bronislav Okulicki, antigochefe do estado-maior do exrcito polons no exlio. sse exercito desempenhara um papel decisivo na campanha anti-sovitica dos emigrados poloneses . . .

    O exrcito polons foi originriamente organizado no solosovitico em 1941 por um acrdo polons-sovitico, para lutarombro a ombro com o Exrcito Vermelho contra os alemes.Foi comandado pelo General Vladislaw Anders, antigo membro da camarilha de coronis que tinham dominado a Polnia sob a ditadura de Pilsudski. Para treinar e equipar oexrcito de Anders para a ao militar contra a Alemanha,o govmo sovitico assegurou-he um emprstimo sem juros de300 milhes de rublos, e deu-lhe tdas as facilidades militaresde recrutamento e acampamento. Entretanto, os generais Anders, Okulicki e outros militaristas poloneses opunham->se secretamente aliana com o Exrcito Vermelho. Acreditavam

  • 8/13/2019 A GRANDE CONSPIRAO - Cap XXIV

    6/14

    4 1 4 ' m i c h a e l s a y e r s e a l b e r t e . k a h n

    que a Rssia Sovitica estava fadada a uma rpida derrota

    pela Alemanha nazista, e agiam conseqentemente.Um informe do Tenente-coronel Berling, posteriormente lder das fras armadas do govmo de Varsvia, revelou queem 1941, logo depois da formao das primeiras unidades polonesas no solo sovitico, o General Anders tivera uma conferncia com os seus oficiais na qual declarou:

    Ao ocorrer o colapso do Exrcito Vermelho sobo golpe dos alemes, o que suceder dentro de pou

    cos meses, devemos estar em condies de irromperpelo Ir, via Mar Cspio. Enquanto formos o nicopoder armado nesse territrio, estaremos na posio emque nos ser possvel fazer o que quisermos/

    Quando, ao contrrio das expectativas do General Anders,o Exrcito Vermelho mostrou que no se dobrava diante daguerra-relmpago nazista, o comandante polons informou os

    seus oficiais de que les no deveriam levar em conta os tr-mos do acrdo militar polons-sovitico de lutarem juntos contra a Alemanha. No h motivo para precipitao, disseAnders ao General Borucie-Spiechowiczow, comandante da VDiviso da Infantaria Polonesa.

    Anders e seus oficias, conforme o Tenente-coronel Berling, fizeram todo o possvel para retardar o treinamento eequipamento das divises, a fim de no entrarem em ao

    contra a Alemanha. O chefe polons do estado-maior, General Okulicki, sabotou vivamente o equipamento das tropaspolonesas. Segundo as palavras de Berling:

    Okulicki sabotou a organizao da base no MarCspio destinada a receber armas e provises inglsasdo Ir. As autoridades soviticas construram um ramal ferrovirio especial e armazns no litoral do Mar

    Cspio, mas o comando do General Anders impediuque sse transportado por ali um s fuzil, tanque ousaco de suprimentos.

    Os oficiais e soldados poloneses que estavam ansiosos porreceberem auxlio e pegarem em armas contra os invasoresalemes de sua ptria, foram amedrontados pela camorra rea

  • 8/13/2019 A GRANDE CONSPIRAO - Cap XXIV

    7/14

    A G R A N D E C O N S P I R A O 4 1 5

    cionria chefiada pelos Generais Anders e Okulicki. Compi

    laram-se listas de amigos dos Sovietes que eram traidoresda Polnia. Um ndice especial conhecido por Arquivo Bcontinha os nomes e fichas de todos os suspeitos de simpatizar com os Sovietes* Incentivou-se a propaganda anti-semitae fascista sob o comando polons. Falou-se abertamente, relatou Berling, da necessidade de ajustar as contas com osjudeus, e houve casos freqentes de espancamento de judeus.O Dwojka, servio de espionagem do exrcito de Anders, co

    meou secretamente a acumular dados sbre fbricas de munies soviticas, granjas do Estado, depsitos de armamentose posies das tropas do Exrcito Vermelho.

    Pela primavera de 1942, o Exrcito do Anders na Rssiaainda no travara uma nica batallui contra o inimigo alemo. Ao invs disso, os oficiais c soldados poloneses vinhamsendo intensivamente doutrinados na ideologia anti-semtica eanti-sovitica dos seus generais. Finalmente o comando polo

    ns solicitou a evacuao do seu exrcito para o Iri, sobos auspcios dos britnicos. Em agosto de 1942, 75.491 oficiais e soldados poloneses e 37.776 membros de suas famliastinham deixado o territrio sovitico, sem terem lutado nemuma s vez pelo seu pas natal.

    Aos 13 de maro de l ? " 1 ondente australiano

    tagem no censurada sbre a atitude fascista dos lderes do

    exrcito polons emigrado no Ir, Aldridge afirmava que ciedesejaria publicar os fatos acrca dos emigrados poloneses havia j um ano, mas a censura aliada no lhe permitira. Umcensor aliado disse a Aldridge: Sei que tudo isso verdade, mas que posso fazer? Ns reconhecemos o govmo polons, voc sabe disso.

    Eis alguns fatos relatados por Aldridge:

    O acampamento polons era dividido em classes.

    Quanto mais baixa a situao de cada classe, piores as condies do acampamento. Os judeus eramseparados num gueto. O acampamento era organizado em moldes totalitrios... Os grupos reacionriosmoviam uma campanha contnua contra a Rssia...Quando se estipulou que 300 crianas judias, deveriam ir para a Palestina, a elite polonesa,, sumamente

    James Aldridge cabografou Times uma repor-

  • 8/13/2019 A GRANDE CONSPIRAO - Cap XXIV

    8/14

    416 MICHAEL s a y e r s e a l b e r t e . k a h n

    anti-semita fz presso sbre as autoridades do Iraquepara que no deixassem passar as crianas judias...Ouvi muitos americanos dizerem que gostariam de

    saber da verdadeira histria acrca dos poloneses, masseria intil, porque os poloneses tm uma camorra muito poderosa em Washington..

    Do Ir os emigrados poloneses locomoveram-se para a

    Itlia, onde, sob a direo do alto comando ingls e apoiadopelo Vaticano, o exrcito emigrado estabeleceu o seu Q. G.A ambio dos Generais Anders, Okulicki e seus apaniguados,que les no procuravam esconder, era converter o exrcitoemigrado polons em um ncleo de um novo exrcito brancopara uma eventual ao contra a Rssia Sovitica.

    Quando o Exrcito Vermelho se aproximou da fronteira

    E

    olonesa na primavera de 1944, os emigrados poloneses de

    ondres intensificaram a sua campanha anti-sovitica. Umacondio essencial quer para a nossa vitria como para anossa prpria existncia pelo menos o debilitamento, se noa derrota da Rssia, declarou Penstwo Polski, um dos jornais subterrneos que circulavam na Polnia, divulgados poragentes do governo exilado. Instrues secretas do governopolons de Londres aos seus agentes subterrneos declaravam:Custe o que custar, preciso fazer-se um esforo para seconservarem em bons trmos as relaes com as autoridadescivis alems.

    O govmo polons no exlio estava-se preparando paraa ao armada contra a Unio Sovitica. A agncia incumbidadessa ao era a Armia Krajowa, ou AK, um aparelho militar subterrneo dentro da Polnia, organizado e controladopelo govmo emigrado em Londres. A Armia Krajowa ou AKera chefiada pelo General Bor-Komorowski.

    No como de maro de 1944, o General Okulicki foiconvocado ao Q. G. do General Sosnkowski, representante militar do govmo emigrado polons em Londres. Mais tarde, oGeneral Okulicki descreveu como segue essa conferncia secreta:

    " . . . quando fui recebido pelo General Sosnkowski,antes de voar para a Polnia, le disse que poderamos esperar num futuro prximo uma ofensiva d&

  • 8/13/2019 A GRANDE CONSPIRAO - Cap XXIV

    9/14

    A G R A N D E C O N S P I R A O 4 1 7

    Exrcito Vermelho que resultaria no desbarato dos ale

    mes na Polnia. Nesse caso, disse Sonskowski, o Exrcito Vermelho ocuparia a Polnia e no permitiria aexistncia da Armia Kjajowa no territrio polons como organizao militar subordinada ao govmo polons em Londres.

    Sosnkowski propunha que a Armia Krajowa executasseuma dissoluo simulada depois do Exrcito Vermelho expul

    sar os nazistas da Polnia, e que se estabelecesse um quartel-general de reserva secreto, para operar na retaguarda doExrcito Vermelho:

    Sosnkowski declarou que sse Q. G. de reservateria de dirigir a luta da AK contra o Exrcito Vermelho.

    Sosnkowski pediu que essas instrues fssem transmitidas ao comandante da AK na Polnia, GeneralBor-Komorowski..

    Logo depois, o General Okulicki voou misteriosamente para a Polnia ocupada pelos alemes, onde prontamente entrou em contacto com o General Bor-Komorowski, transmitindo-lhe as instrues de Sosnkowski. O comandante da AKdisse a Okulicki que iria montar um aparelho especial, incumbido das seguintes tarefas:

    1. Esconder armas para atividades subterrneas epara o caso de um levante contra a UBSS.

    2. Criar destacamentos de combate armados de 60homens cada um.

    3. Formar grupos terroristas e de "liquidao para assassinar os inimigos da AK e os de representantes do comando militar sovitico.

    4. Treinar sabotadores para operaes atrs das linhas soviticas.5. Desenvolver o S. S. militar e as atividades de

    espionagem na retaguarda do Exrcito Vermelho.6. Preservar as estaes rdioemissoras j mon

    tada- pela AK e manter comunicaes com o comandocentral da AK em Londres. '

  • 8/13/2019 A GRANDE CONSPIRAO - Cap XXIV

    10/14

    4 1 8 MICHAEL SAYERS E ALBERT E. KAHN

    7. Dirigir a propaganda oral ou impressa contra

    a Unio Sovitica.No outono de 1944 o Exrcito Vermelho atingiu as bar

    rancas do Vstula e deteve-se diante de Varsvia para reagrupar as suas fras e prover-se de suprimentos novos depois de sua prolongada ofensiva de vero. A estratgia doalto comando sovitico era no lanar um ataque frontal s-bre a capital polonesa, mas uma sbita operao envolvente,

    preservando assim a cidade e a sua populao. Mas, sem oconhecimento do alto comando sovitico e atuando sob as ordens de Londres, o General Bor-Komorowski iniciou um levantegeral dos patriotas poloneses em Varsvia, declarando que oExrcito Vermelho estava marchando sbre a cidade. Com oExrcito Vermelho completamente desprevenido na ocasio para cruzar o Vstula, o alto comando nazista pde bombardearsistemticamente tdas as seces da cidade detidas pelos patriotas poloneses insurretos. Eis a narrativa do prprio General Okulicki sbre o papel de Bor-Komorowski na ltima rendio das fras polonesas em Varsvia:

    No fim de setembro de 1944, o comandante daAK, General Bor-Komorowski, negociou a rendio como comandante das tropas alems em Varsvia SS.Obergruppenfuehrer von Den-Bach. Bor-Komorowskiindicou o chefe-deputado do segundo departamento do

    Q. G., o General Bogulawski, para as negociaes comorepresentante do estado-maior da AK. Informando Bor--Komorowski em minha presena acrca dos trmos derendio adiantados pelos alemes, Bogulawski disseque von Den-Bach pensava que fsse necessrio queos poloneses cessassem a luta armada contra os alemes, porque era a Unio Sovitica o inimigo comumda Alemanha e da Polnia. Encontrando-me com Bor-

    -Komorowski no dia da rendio eu lhe disse que vonDen-Bach talvez tivesse razo e Bor-Komorowski concordou comigo.

    Nos meses de outono e inverno de 1944 e na primaverade 1945, com o Exrcito Vermelho operando gigantescas ofensivas destinadas ao esmagamento final do poder militar ale

  • 8/13/2019 A GRANDE CONSPIRAO - Cap XXIV

    11/14

    A G R A N D E . C O N S P I R A O 4 1 9

    mo na Frente Ocidental, a AK sob o comando do General

    Okulicki executava uma larga campanha de terrorismo, sabotagem, espionagem e batidas armadas na retaguarda dos exrcitos soviticos.

    As medidas do comando militar sovitico na zona dehostilidades foram sabotadas, declarou mais tarde Stanislaw

    Jasiukovicz, vice-primeiro-ministro da Polnia do govmo exilado em Londres e um dos aliados de Okulicki. Nossa imprensa e nossas estaes de rdio iniciaram uma propagandadifamatria. O povo polons vinha sendo incitado contra os

    russos.Destacamentos de Okulicki dinamitaram trens de tropasdo Exrcito Vermelho, destruram depsitos de suprimentossoviticos, minaram estradas .por que tinham de passar astropas russas e obstruram de todo modo possvel as linhasde transportes e comunicaes soviticas. Uma ordem baixadaaos 17 de setembro de 1944, por um dos auxiliares de Okulicki, dizia o seguinte:

    As operaes devem ser totais destruio de

    trens militares, caminhes, trilhos, pontes e populaes.Deve ser guardado o maior segrdo.

    Um comandante de um destacamento da AK de nomeLubikowski, que dirigia uma escola secreta especial de espionagem e sabotadores, relatou mais tarde com respeito a algumas tarefas realizadas pelos seus agentes:

    Recebi uma relao escrita da execuo da minha,ordem... de Ragner, que me informou que executara doze atos de sabotagem, descarrilara dois trens,demolira duas pontes e danificara uma linha ferroviria em oito pontos.

    Grupos especialmente treinados de terroristas da AK esperavam de emboscada e assassinavam soldados do ExrcitoVermelho e representantes do govmo de Varsvia. Segundoos dados incompletos posteriormente publicados pelas autoridades militares soviticas, os terroristas da AK mataram 594oficiais e soldados do Exrcito Vermelho num perodo de oitomeses e feriram mais 294 ...

  • 8/13/2019 A GRANDE CONSPIRAO - Cap XXIV

    12/14

    4 2 0 MICHAEL SAYERS E ALBERT E. KAHN

    Na mesma ocasio, atuando com instrues recebidas pelordio do comando polons em Londres os agentes do General Okulicki desempenharam operaes de extenso servio secreto atrs das linnas soviticas. Uma diretiva do govmopolons em Londres, dirigida ao General Okulicki e datadaae 11 de novembro de 1944. n. 7201 1 777, diziao seguinte:

    Desde que o conhecimento das intenes e pos

    sibilidades militares... dos sovietes a leste de fundamental importncia para a previso e planejamentode futuros desenvolvimentos na Polnia, essa lacunadeve ser preenchida pela transmisso de informaesde acrdo com as instrues do servio de espionagemdo quartel-general.

    A diretiva continuava pedindo informaes pormenoriza

    das acrca das unidades militares soviticas, trens de suprimentos, fortificaes, aerdromos, armamentos e indstria deguerra.

    Durante semanas uma rde de radioemissoras operandoilegalmente na retaguarda do Exrcito Vermelho ps-se a despachar informaes do servio sccreto para os poloneses emLondres. Um radiograma tpico, n. 621-2 enviado de Cracowao comandante-chefe em Londres, e interceptado pelo S. S.

    militar sovitico, dizia o seguinte:Na segunda metade de maro uma mdia de 20

    trens com tropas e munies (artilharia, tanques americanos, infantaria, da qual um tro era de mulheres)passaram diriamente em direo ao oeste... Em Cracow foi afixada uma ordem de convocao das classesde 1895-1925. Realizou-se em Cracow, com a participa

    o do General Zymierski, a cerimnia de comissionamento de 800 oficiais vindos de leste. . .

    Aos 22 de maro de 1945, o General Okulicki resumiuas ltimas esperanas de seus superiores em Londres, numadiscreta diretiva dirigida ao Coronel Savbor, comandante dodistrito ocidental da AK. A diretiva extraordinria de Okulickidizia o seguinte:

  • 8/13/2019 A GRANDE CONSPIRAO - Cap XXIV

    13/14

    A G R A N D E C O N S P I R A O 4 2 1

    A hiptese da vitria da URSS contra a Alemanha ameaar no s os intersses britnicos mas lanar o pnico na Europa inteira... Considerando osseus prprios intersses, os britnicos tero de proceder mobilizao das fras da Europa contra a URSS. claro que tomaremos o nosso lugar nas posies devanguarda dsse bloco anti-sovitico europeu; impossvel tambm encarar sse bloco sem a participaoda Alemanha, que ser controlada pelos britnicos.

    sses planos e esperanas dos emigrados poloneses tiveram curta durao. No como de 1945, o S. S. militar sovitico comeou a prender os conspiradores poloneses atrsdas linhas soviticas. No vero de 1945, os ns da cadeiaestavam nas mos dos soviticos. Dezesseis dles, inclusive oGeneral Okulicki, defrontaram o Collegium Militar da SupremaCrte da URSS.

    O julgamento comeou aos 18 de junho na Casa dosSindicatos em Moscou. Durou trs dias. O depoimento demonstrou que os emigrados poloneses e o seu aparelho subterrneo tinha sido movido pelo seu dio Rssia Sovitica,o que o levara a dar apoio substancial aos nazistas invasores de seu pas.

    Durante o julgamento, travou-se o seguinte dilogo entreo promotor sovitico, Major-general Afanasiev, e o lder domovimento polons anti-sovitico, General Okulicki:

    Afanasiev.Sua ao interferiu nas operaes doExrcito Vermelho contra os alemes ...?

    Okulicki... Interferiu. Afanasiev. Ajudando a quem? Okulicki. Naturalmente, ajudando os alemes.

    O Major-general Afanasiev comunicou Crte que leno pediria a sentena de morte para os rus, porque lestinham sido meros joguetes dos emigrados poloneses de Londres,e porque ns j estamos desfrutando agora dos dias Jubilososda vitria, e les no nos oferecem maiores perigos.' O promotor sovitico continuou: ,

  • 8/13/2019 A GRANDE CONSPIRAO - Cap XXIV

    14/14

    4 2 2 MICHAEL SAYERS E ALBERT E. KAHN

    ste julgamento encerra as atividades dos reacionrios poloneses que durante anos lutaram contra aUnio Sovitica. Sua poltica acarretou a ocupao daPolnia pelos alemes. O Exrcito Vermelho lutou pelaliberdade e pela independncia contra a barbrie... AUnio Sovitica, com o auxlio dos aliados, desempenhou papel decisivo na derrota da Alemanha. MasOkulicki e outros quiseram cortar o Exrcito Vermelhona retaguarda... les preferem um cordo sanitrioem tomo da Rssia amizade com ela...

    Aos 21 de junho, o Collegium Militar Sivitico baixou o seuveredito. Trs dos acusados foram despronunciados. O GeneralOkulicki e onze dos seus companheiros foram julgados culpadose sentenciados priso desde dez anos a 4 meses (103.)

    Depois do julgamento, os E.U.A. e a Gr-Bretanha recusaram o seu reconhecimento ao govmo polons exilado emLondres (104.) O govmo de Varsvia reorganizado de acrdo

    com os termos do entendimento de lalta, foi formalmentereconhecido como o govmo provisrio da Polnia.

    (103) O julgamento do dcimo sexto indivduo acusado, Anton-Paidak, foi adiado por causa de sua enfermidade. Quando sses 16poloneses foram originriamente presos pelas autoridades soviticas, osecretrio de Estado americano, Edwrd R. Stettinius, e o ministrodo Exterior britnico, Anthony Eden, protestaram vigorosamente, declarando que os homens aprisionados eram importantes lderes demo

    crticos" poloneses. Depois do julgamento, Stettinius e Eden mantiveram um discreto silncio.

    (104) O govmo sovitico tinha cortado relaes diplomticas com ogovmo polons exilado dois anos antes, em 25 de abril de 1943, por causadas atividades conspirativas anti-soviticas do govmo polons de Londres.

    Desde o seu incio, o govmo polons exilado tinha sido especialmente protegido e financiado pelo govmo britnico. Depois ao reconhecimento do govmo de Varsvia, estava compreendido que algunsdos emigrados poloneses receberiam cidadania britnica e talvez encargos policiais nas colnias britnicas. Ao saberem da deciso aliada

    de reconhecerem o govmo de Varsvia, o General Anders e seus auxi-liares declararam publicamente que as tropas emigradas polonesas sobo seu comando nunca aceitariam essa deciso dos aliados, permaneceriam leais ao seu govmo em Londres e s retomariam a sua terranatal de armas nas mos. No outono de 1945, entretanto, numerosos soldados emigrados poloneses comearam a desertar da causa deseus lderes reacionrios e a convite do govmo de Varsvia, comearam a voltar Polnia para participar da tarefa de sua reconstruo.