A gente virou pronome

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CURIOSIDADES DO COTIDIANO DA LÍNGUA PORTUGUESA NO BRASIL Falar o idioma culto é mais difícil que apenas escreve-lo. Usar a linguagem culta é um desafio que muitas pessoas não encaram, pois é mais fácil utilizar a linguagem coloquial. Será pelo motivo de haver regras mais frouxas na linguagem do dia-a-dia? Será pelo não domínio das regras gramaticais que procuram preservar a linguagem culta da corrupção diária do nosso falar? “A gente” virou pronome... AUTOR: Cirineu José da Costa - Eng° MSc

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Transcript of A gente virou pronome

CURIOSIDADES DO

COTIDIANO DA

LÍNGUA

PORTUGUESA NO

BRASIL

Falar o idioma culto é mais

difícil que apenas escreve-lo.

Usar a linguagem culta é um

desafio que muitas pessoas não

encaram, pois é mais fácil

utilizar a linguagem coloquial.

Será pelo motivo de haver

regras mais frouxas na

linguagem do dia-a-dia?

Será pelo não domínio das

regras gramaticais que

procuram preservar a

linguagem culta da corrupção

diária do nosso falar?

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“A gente” virou pronome...

AUTOR: Cirineu José da Costa - Eng° MSc

DISCURSOS COM “A GENTE ” :

”Todo mundo fala, no Brasil, que o turismo vai gerar

muitos empregos. Pois bem, nós criamos o Ministério

do Turismo para ver se a gente consegue melhorar a

geração de empregos no país.”

(Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio

Lula da Silva, na visita à Vila Irmã Dulce Teresina –

PI, 10 de janeiro de 2003)

Como será que foi inserida a expressão “a gente”

nesta afirmação do ex-presidente? Nela não está

explicitada nenhuma pessoa, nenhuma equipe do

Governo ou da sociedade.

Veja a afirmação assim escrita: “Pois bem, nós

criamos o Ministério do Turismo para ver se

conseguiremos melhorar a geração de empregos no

país”.

Aqui está explícito o compromisso da equipe de

governo (nós) de melhorar a geração de empregos.

ʔ xxxxx ʕ

“Já colocamos o governador Aécio Neves para

conversar com o nosso ministro do Planejamento,

para que a gente comece a pensar em como

trabalhar para cumprir, em parte ou totalmente,

aquilo que está no programa que fizemos para o Vale

do Jequitinhonha”.

(Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio

Lula da Silva, por ocasião da visita à cidade de Itinga,

MG, 11 de janeiro de 2003).

Neste trecho do discurso, novamente, “a gente” é

usada de forma a não indicar claramente quem

deveria pensar na maneira de cumprir o prometido. É

mais um “a gente” bem genérico.

Interpretações flexíveis?

DISCURSOS COM “A GENTE”:

“É a segunda vez que eu venho a São Paulo, num

evento oficial, e a prefeita Marta e o governador

Alckmin estão me fazendo um bem muito grande,

porque eu sou obrigado a falar pouco, na medida que

eles falaram pouco. Normalmente a gente faz um

discurso e esquece de terminar.”

(Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio

Lula da Silva, na cerimônia de abertura da IX Feira

Internacional do Plástico São Paulo, SP, 10 de março

de 2003)

Neste trecho do seu discurso o ex-presidente usou “a

gente” para não se indicar diretamente como uma

pessoa que inicia e não consegue terminar um

discurso...

ʔ xxxxx ʕ

“Eu espero, companheiro Ademir Andrade, que a

gente consiga aprovar o seu projeto, porque o nosso

país é um país habituado a aprovar belíssimas leis e

depois a gente ouve da boca de pessoas importantes

a frase de que a lei “não pegou”, porque

lamentavelmente é assim, tem lei “que pega” e tem lei

“que não pega””.

(Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio

Lula da Silva, na cerimônia de lançamento do Plano

Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo Palácio

do Planalto, 11 de março de 2003)

Neste trecho do discurso o ex-presidente diz “Eu

espero.....que a gente consiga...”, ou seja, ele está

automaticamente excluído do “a gente”!!!

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DISCURSOS COM “A GENTE”:

“É fundamental para o Brasil formar técnicos para que

a gente seja capaz, primeiro, de melhorar a

capacitação dos brasileiros.”

(Discurso da Presidente da República, Dilma

Rousseff, durante cerimônia de formatura do Pronatec

em Cuiabá, MT, 24 de abril de 2014)

Neste trecho do seu discurso a presidente usou “a

gente” evitando a inclusão da oradora como

responsável direta pela ação proposta (melhorar a

capacitação dos brasileiros)

ʔ xxxxx ʕ

“Nesse sentido, torna‐se necessário observar as

especificidades referentes ao emprego desses

pronomes, pois, se por outro lado o uso de a gente

apresenta, no corpus analisado, traços que o

distingue do pronome nós, logo não é aquele

simplesmente uma variante deste; por outro lado é

preciso, então conceber esses traços paramétricos

como um tipo de especialização, e não a simples

substituição de uso coloquial.”

(do Artigo: O uso dos pronomes nós e a gente no

gênero entrevista da mídia televisiva - Ednalvo

Apóstolo Campos - Departamento de Letras Clássicas

e Vernáculas – Universidade de São Paulo)

“... de forma que entendemos que esse pronome (a gente) ainda está às cegas aos olhos dos autores dos livros, ou quem sabe os autores preferem não sair de uma área de conforto oferecida pela GT e discutir variação linguística.” (MÁRCIA MARIA JUNKES - OS PRONOMES NÓS E A GENTE EM LIVROS DIDÁTICOS DE LÍNGUA PORTUGUESA – Dissertação de mestrado,2008)