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Universidade Tecnológica Federal do Paraná UTFPR Programa de PósGraduação em Ensino de Ciência e Tecnologia PPGECT II Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia 07 a 09 de outubro de 2010 ISSN: 21786135 Artigo número: 142 A galinha e falcão: livros infantis no ensino de ciências na fase inicial de alfabetização Paula Teixeira Araujo Tatiana Pereira da Silva Luís Paulo de Carvalho Piassi Resumo Esse trabalho apresenta resultados da aplicação da literatura infantil no ensino de ciências na fase inicial de alfabetização. A atividade, aplicada em uma escola pública municipal de Guarulhos / SP, consiste na interpretação de histórias sobre animais por pequenos grupos de estudantes. A pesquisa analisou as interpretações dos estudantes em relação a duas noções simples de ecologia: a relação presapedrador entre espécies de animais e a retirada de animais de seu habitat natural. Para isso foram selecionados dois livros infantis, de acordo com critérios prédeterminados de conteúdo, características do texto e das imagens. A elaboração da atividade e a análise dos resultados empregam como referencial teórico a teoria sóciohistórica de Vigotski, com ênfase para a verificação das interações sociais e da aprendizagem conceitual vinculada à zona de desenvolvimento imediato. Palavraschave: literatura infantil, alfabetização, ecologia, animais. Abstract The chicken and hawk: children's books on science education in early

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Artigo número: 142    

 

 

Agalinhaefalcão:livrosinfantisnoensinodeciênciasnafaseinicialdealfabetização

 

 

 

Paula Teixeira Araujo

Tatiana Pereira da Silva

Luís Paulo de Carvalho Piassi 

 

 

 

 

Resumo 

Esse  trabalho apresenta  resultados da aplicação da  literatura  infantil no ensino de ciências na fase inicial de alfabetização. A atividade, aplicada em uma escola pública municipal de Guarulhos / SP, consiste na interpretação de histórias  sobre  animais  por  pequenos  grupos  de  estudantes.  A  pesquisa analisou as  interpretações dos estudantes em relação a duas noções simples de ecologia: a relação presa‐pedrador entre espécies de animais e a retirada de  animais  de  seu  habitat  natural.  Para  isso  foram  selecionados  dois  livros infantis,  de  acordo  com  critérios  pré‐determinados  de  conteúdo, características do texto e das  imagens. A elaboração da atividade e a análise dos resultados empregam como referencial teórico a teoria sócio‐histórica de Vigotski,  com  ênfase  para  a  verificação  das  interações  sociais  e  da aprendizagem conceitual vinculada à zona de desenvolvimento imediato. 

Palavras‐chave: literatura infantil, alfabetização, ecologia, animais. 

Abstract 

The chicken and hawk: children's books on science education in early 

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Artigo número: 142    

literacy 

This paper presents  the application of children's  literature  in science 

education in early literacy. The activity, applied in a public school in Guarulhos 

/ SP, is the interpretation of stories about animals by small groups of students. 

The research examined the students' interpretations in relation to two simple 

notions of ecology: the relationship between pedrador‐prey species of animals 

and  removal of animals  from  their natural habitat. For  this we  selected  two 

books for children, according to predetermined criteria of content, features of 

the text and images. The development of activity and results analysis employs 

the Vygotsky  ´s  socio‐historical  theory, with  emphasis on  the  verification of 

social  interactions  and  learning  linked  to  the  conceptual  immediate 

development zone immediately. 

Keywords: children´s literature, literacy, ecology, animals. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Introdução

Este trabalho visa vincular a importância do ensino de Ciências para as séries iniciais com 

o papel da leitura de temas de Ciências encontrados em livros de literatura infantil, admitindo que 

a  primeira  possibilite  o  desenvolvimento  de  habilidades  não  contempladas  apenas  com  a 

alfabetização e a segunda pode estimular o interesse da criança favorecendo o aprendizado. 

Nas séries iniciais do Ensino Fundamental a preocupação com o processo de alfabetização 

– ler e escrever – é sempre muito enfatizada em relação a outros aspectos da aprendizagem, como 

apontado por Berberian et al.  (2006). Para esses autores, a alfabetização é “concebida como um 

mero  instrumento, reduzida a um processo de aquisição de códigos”  (Berberian et al.  , 2006, p. 

71).  Ao  se  atentar  prioritariamente  nessas  competências  corre‐se  o  risco  de  se  restringir  à 

disciplina de Português, e que outras, tais como Ciência, História, Geografia e Matemática, sejam 

deixadas de  lado. Na perspectiva dessas demais áreas do saber, outras  importantes habilidades, 

como  observação,  análise  e  comparação  de  forma  crítica  e  reflexiva,  estão  atreladas    à 

alfabetização, para que  “a  criança  seja  capaz de  ligar  causa e  consequência, de encontrar uma 

construção  lógica mesmo se o tema é  irracional, de distinguir o que está dito explicitamente e o 

que pode ser deduzido” (Faria, 2008, p. 20). Esse parágrafo é muito importante. Sugiro que vocês 

expliquem melhor a idéia, detalhando mais. 

Tais propostas podem se encontrar em sintonia com ensino de Ciências, no que remete a 

contribuição para o desenvolvimento dessas habilidades, pois trata de questões desafiadoras, de 

reflexão sobre dúvidas e curiosidades encontradas em seu cotidiano.  

Como apontado por Whertein (2009, p. 68), as noções da criança com temas de Ciências 

partem do contato com os fenômenos naturais, em situações simples que propiciem observações 

e interações de como um sistema natural se comporta. Considerando as experiências cotidianas e 

as situações que a criança percebe, esses podem ser fenômenos que em maioria já rodeiam o seu 

mundo.  Ainda, para Leonir & Delizoicov (2001, p. 03):  

“A  definição  de  alfabetização  científica  como  a  capacidade  do  indivíduo  ler, 

compreender e expressar opinião sobre assuntos que envolvam a Ciência, parte 

do pressuposto de que o indivíduo já tenha interagido com a educação formal, 

dominando, desta  forma, o  código escrito. Entretanto, complementarmente a 

esta definição, e num certo sentido a ela se contrapondo, partimos da premissa 

de que é possível desenvolver uma alfabetização científica nas Séries Iniciais do 

Ensino  Fundamental, mesmo  antes  do  aluno  dominar  o  código  escrito.  Por 

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outro  lado,  esta  alfabetização  científica  poderá  auxiliar  significativamente  o 

processo  de  aquisição  do  código  escrito,  propiciando  condições  para  que  os 

alunos possam ampliar a sua cultura”. 

Neste  contexto, o ensino de ciências  irá apenas ampliar e  complementar na  construção 

desses  aspectos  no  desenvolvimento  de  habilidades  de  experimentação,  observação, 

estabelecimento de relações, bem como ao estímulo da curiosidade. A curiosidade, por sua vez, é 

uma  inquietação propulsora de dúvidas, questionamentos e  consequentes  reflexões, quando  se 

pretende iniciar ou propiciar o incentivo e extensão à leitura.  

A princípio as atividades de leitura são requisitadas mais marcadamente durante a infância 

no que  se  refere à alfabetização. Neste ponto, a prática  se dá por meio de  textos de naturezas 

diversas, inclusive pelo uso da literatura infantil. Segundo Faria (2008, p. 12), “os textos literários 

provocam  no  leitor  reações  diversas,  que  vão  do  prazer  emocional  ao  intelectual  (…),  o  fazem 

adquirir conhecimentos variados, viver situações existenciais, entrar em contato com novas ideias 

etc.” 

Contudo,  quando  nos  atemos  aos  conteúdos  e  habilidades  do  ensino  de  ciências 

supracitados  deve‐se  levar  em  conta  que  fazer  uso  da  literatura  infantil  pode  funcionar  como 

ferramenta  para  desenvolvê‐los.  Esse  aspecto  está  expresso  nos  Parâmetros  Curriculares 

Nacionais, que defendem que:  

“incentivo  à  leitura  de  livros  infanto‐juvenis  sobre  assuntos  relacionados  às 

ciências naturais, mesmo que não sendo sobre os temas tratados diretamente 

em sala de aula, é uma prática que amplia os repertórios de conhecimentos da 

criança, tendo reflexos em sua aprendizagem” (Brasil, 1997, p. 81).  

Perceber  a  literatura  infantil  nesse  conjunto  de  circunstâncias,  é  muito  mais  do  que 

arranjar uma linguagem adequada para implementar o ensino de Ciências nas séries iniciais, trata‐

se   complementarmente de favorecer a aplicação em novas descobertas e progressos contínuos, 

além de estendê‐lo à uma particularidade histórico‐cultural essencial para também compreendê‐

la como cultura.  

Apesquisa

A pesquisa,  realizada em uma escola da  rede municipal de Guarulhos  (SP), consistiu em 

verificar a repercussão do uso de livros infantis com temas de ciências em uma turma de primeiro 

ano  do  ensino  fundamental.  Para  isso  foi  elaborada  uma  atividade  didática  empregando  livros 

infantis de modo a  favorecer o aprendizado em  termos de alfabetização e estimular o  interesse 

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pela  leitura e pelos temas de ciência. Para atender a esses objetivos, foram estabelecidos alguns 

critérios que orientaram a escolha dos livros a serem utilizados: 

a) Texto: Mesmo se tratando do processo  inicial de alfabetização optou‐se por  livros que 

apresentassem escrita, porém atentando‐se ao  sua extensão, de  forma a não  serem escolhidos 

livros com textos muito longos. A quantidade estipulada para cada página foi de aproximadamente 

duas frases simples.    

b)  Tipo  de  letra:  Foi  estipulado  o  uso  de  livros  com  o  texto  escrito  em  letra  bastão 

maiúscula, por acreditar que a sua utilização durante o  início da alfabetização seja o mais usual. 

Porém,  devido  à  dificuldade  de  encontrar  livros  totalmente  escritos  com  esse  tipo  de  letra, 

também  optamos  pelas  letras  bastão minúscula.  O  tamanho  das  letras  deveria  atender  a  um 

tamanho razoável de forma a favorecer sua identificação.   

c)  Ilustrações: A  quantidade  e  tamanho  das  ilustrações  também  foram  utilizadas  como 

critério, pois este recurso pode ser muito atrativo e estimulador da  leitura. "Para os alunos que 

começam a ler, ainda deve predominar a ilustração, e o texto, também pequeno, deve apresentar‐

se em  letras grandes e redondas".  (Cunha,1990 p.74). A sequência de  imagens pos si só deveria 

possibilitar  a  compreensão  da  narração   da  história  por  alunos  ainda  não  alfabetizados 

completamente, de forma a estabelecer futuramente relação entre o texto escrito e as imagens.    

d) Tema: Visando encontrar no ensino de ciências um assunto atrativo, e ao mesmo tempo 

interessante,  para  a  idade  trabalhada,  o  tema  animais  foi  designado  na  escolha  dos  livros, 

também por  se  tratar  de  um  tema  comumente  apresentado  na  literatura  infantil,  e  por  isso 

apresenta grande variedade. Esses ocupam um  importante espaço no cotidiano das crianças por 

meio dos desenhos  animados,  jogos  e histórias, portanto  tendem  a  despertar maior  interesse, 

curiosidade e até mesmo  identificação com diferentes personagens. Devido à antropomorfização 

dos bichos presentes nesses diferentes contextos, as crianças conferem pensamentos humanos, 

sentimentos e linguagem aos animais como se estes fossem pessoas demonstrando certo nível de 

afinidade, muitas vezes.   

Embora grande parte das crianças do grupo ainda não  reconheça  todas as  letras e  seus 

respectivos sons, o contato com o livro, e a tentativa de leitura promove o crescimento, conforme 

afirma Cunha (1990).   

"Ela cresce exatamente na medida em que vence novos obstáculos. Essa dose 

progressivamente maior de dificuldades é que, na  leitura,  como em  todas as 

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atividades  educativas,  faz  o  aluno  sentir‐se  interessado,  empenhar‐se  em 

resolver o problema e desenvolver‐se". (Cunha, 1990.  p.72).  

Sendo assim, alguns dos livros escolhidos para a realização da pesquisa, foram analisados, 

de forma a contribuir para o desenvolvimento de atividades a serem aplicadas, utilizando‐os.   

 

Oslivrosescolhidos

Aviãodepapel

O livro “Avião de Papel” (Siguemoto, 1997) conta a história de um pato que encontra um 

avião,  feito de papel de  jornal, próximo a um  lago, e devido a um  forte vento, o avião decola, 

levando‐o. No voo o pato se assusta ao encontrar alguns objetos simples, como o  rabo de uma 

vaca e um  lençol, que a princípio, parecem perigosos, porém ao observar melhor, percebe que 

não  são.  A  história  acaba  após  o  avião  se  enroscar  em  um  lençol,  pendurado  em  um  varal, 

presente no caminho, e em seguida cair.    

A história se passa em um ambiente rural, com a presença de poucas casas,  lago, muitas 

árvores e outros animais, como: vaca, peixe, sapo, minhoca e cavalo. Os animais, com exceção do 

pato,  se  relacionam  de  uma  forma  real  com  o  ambiente,  os  quais  estão  inseridos,  e  possuem 

características físicas convencionais. O pato, personagem principal, apresenta características físicas 

aproximadas  ao  real,  como  cor  e  formato  do  corpo,  não  sendo  convencional  o  formato  e  o 

tamanho da cabeça, em relação ao corpo.   

 Observa‐se  também  a  antropomorfização  da  personagem  principal,  uma  vez  que  este 

expressa  suas  sensações,  como:  susto,  medo,  alívio  e  encantamento,  de  acordo  com  cada 

momento da viagem. Também estão presentes nas figuras, balões direcionados ao pato, indicando 

fala.  

 

 

 

 

 

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Figura 1  

(Fonte: Avião de papel, Regina Siguemoto. ) 

 

Percebemos  que  a  história  atua  no  campo  da  ficção  e  realidade  pois  embora  o 

personagem viva em seu habitat natural, realiza uma atividade que não é possível no mundo real ‐ 

voar no avião de papel, nesse sentido pode ser  investigado  juntos as crianças se realmente elas 

acreditam que  isso possa ou não  acontecer,  e os  porquês. O  ato de  coragem do  pato  em  sair 

voando  e  conhecer  o  seu  próprio  ambiente  de  uma  outra  perspectiva,  estimulado  pela 

curiosidade, também é relevante, uma vez que as próprias crianças encontram‐se em um processo 

parecido com o vivido pelo pato. Por meio da curiosidade podem "viajar" na própria literatura, e 

conhecer um pouco mais sobre seu próprio mundo. 

 

OpasseiodeRosinha

O outro  livro escolhido para o trabalho "O passeio de Rosinha" (Hutchins, 2004), narra o 

passeio de uma galinha em uma fazenda, que por estar distraída não percebe a presença de uma 

raposa à sua caça. Durante o passeio da galinha a raposa acaba por cair em diversas armadilhas, 

aparentemente não  intencionais. Percebemos a presença de outros animais no  local ao decorrer 

do passeio,  como  cabra,  rato,  coelho,  entre outros,  caracterizando o  ambiente natural de uma 

fazenda.  Os  animais  não  são  humanizados,  com  exceção  da  raposa  que  apresenta  diferentes 

expressões faciais, como insatisfação, por não conseguir sua presa desejada, e também de tristeza 

ao cair nas armadilhas.  

 

 

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Figura 2. 

(Fonte: O passeio de Rosinha, Pat Hutchins. Coleção Crianças Criativas) 

 A  obra  trata  de  questões  alimentares  dos  animais, havendo  uma  relação  de  presa  e 

predador. Este pode  ser um  conteúdo a  ser  trabalhado  com as  crianças, verificando  se há uma 

compreensão prévia do por que a raposa está atrás da galinha, e se essa informação está ou não 

vinculada à definição moral, denotando a um personagem ou ao outro os adjetivos de bom ou 

mau. 

A sequência de imagens dos livros possuem função narrativa, com ilustrações grandes, cada uma 

ocupando sempre duas páginas. O texto verbal é composto apenas por algumas frases, com letra 

de  forma maiúscula  e minúscula, dispostas dentro das  ilustrações. Há uma  articulação  entre o 

texto  e  a  imagem, uma  vez que  estes  se  complementam, embora  a história possa  ser  contada 

apenas  pelas  palavras  ou  pelas  imagens,  o  conjunto  de  expressões  e  detalhes  das  ilustrações, 

enriquece a  leitura.  Esse  livro, embora não atenda ao requisito da  letra escolhida, por empregar 

letras bastão minúsculas, se adequa satisfatoriamente aos outros critérios. 

 

OFalcãobateuasasevoou

Um  terceiro  livro  escolhido  chamado  "O  Falcão  bateu  asas  e  voou",  trata  de  questões 

ecológicas. Um  falcão vive em uma gaiola, em um apartamento da  cidade de São Paulo. A ave 

demonstra  tristeza  por  estar  presa  e  ao  perceber,  a  família  lhe  oferece  diferentes  alimentos, 

tentando  satisfazê‐la. Um dia a ave é  solta, voa até a Avenida Paulista e por  lá  resolve  ficar. Os 

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Programa de Pós‐Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia ‐ PPGECT 

II Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia  

07 a 09 de outubro de 2010                                                                                                 ISSN: 2178‐6135  

Artigo número: 142    

personagens  da  história  apresentam  características  físicas  próximas  ao  real,  porém  o  falcão  é 

humanizado, ao demonstrar seus sentimentos, de tristeza por permanecer na gaiola, e de alegria 

ao ser solto, através de expressões faciais.  

 

 

Figura 3  

(Fonte: O Falcão Bateu Asas e Voou, Vitor Maia. Coleção Fantasias Ecológicas). 

Este livro apresenta algumas diferenças em sua estrutura, em relação aos anteriores. Suas 

imagens são compostas por apenas uma página cada, e o texto é separado das figuras, exercendo 

uma  função  de  complementação,  o  qual  além  de  narrar  o  que  ocorre  na  imagem  também 

complementa, por meio de  falas e pensamentos dos personagens. As  falas e pensamentos dos 

personagens são representados por aspas.   

 A história  explicita  questões  ecológicas  como o  habitat  natural  da  ave  e  também  seus 

hábitos alimentares, possibilitando a utilização da obra para diversas atividades. Uma sugestão de 

trabalho pode  ser o questionamento aos alunos. Podendo perguntar quem possuí pássaros em 

casa, e em seguida promover um debate com intuito de saber a opinião deles sobre o assunto, se 

conseguem observar as limitações que o animal sofre por estar preso, qual atitude teriam frente a 

essa situação, ou seja, se soltariam ou deixariam a ave presa. Outro aspecto a ser trabalhado é a 

relação de  respeito  com os demais, o qual  se  aplica  tanto  a  vida dos  animais, que possuem o 

direito de viver livre, como em suas relações sociais, as quais devem ser pautadas pelo respeito às 

diferentes  escolhas.  O  problema  da  extinção  de  espécies  animais  também  pode  surtir  efeito 

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quanto  ao  interesse,  uma  vez  trabalhada  de  forma  dramatizada  e  problematizada,  os  alunos 

poderão refletir sobre a proporção do problema e possíveis soluções reais.    

Estes  livros atendem aos critérios pré‐estabelecidos, mencionados anteriormente, devido 

a sua letra, sequência de imagens, quantidade de textos e por possuir animais como personagens 

principais,  além  de  apresentarem  conteúdos  implícitos  relacionados  às  Ciências  Naturais: 

possibilidade de voo do pato, hábitos alimentares dos animais, e habitat natural.  

 

Metodologia

A  estratégia  utilizada  para  incorporar  os  livros  de  literatura  infantil  aos  processos  de 

ensino‐aprendizagem  em  sala de  aula  foi  a  elaboração  e  aplicação uma  atividade de  interação 

entre as crianças a partir do contato direto com as obras literárias.  

Com o intuito de verificar o que elas compreenderiam a partir do contato com a literatura 

infantil,  foi aplicado a um grupo de 1º ano do ensino  fundamental –  idade entre 6 e 7 anos – a 

atividade utilizando os  livros “O Falcão bateu asas e voou” e “O passeio de Rosinha”. Embora o 

livro  “Avião  de  Papel”  também  se  encaixe  nos  critérios  de  escolha,  ele  não  foi  utilizado  na 

aplicação da atividade nesta primeira parte do  trabalho, pois diferenciava‐se dos outros dois no 

que se refere ao papel antropomorfizado exercido pelo personagem principal da história, o qual 

realiza atividades não de acordo com o mundo real e também apresenta fala.  

Dois grupos de alunos com quatro componentes  foram escolhidos aleatoriamente, cada 

grupo tendo em mãos um livro de literatura infantil dos já mencionados acima. 

A  realização  da  atividade  em  grupo  foi  escolhida  por  proporcionar  às  crianças 

oportunidade de troca de informações e o contato com diferentes compreensões a partir do livro 

apresentado.     Acreditamos  que  uma  contribuição  importante  é  o  referencial  da  teoria  sócio‐

histórica de Vigotski  (2003). Nessa abordagem, a estratégia didática não conduz definitivamente 

para  o  sucesso  ou  fracasso  do  processo  de  ensino‐aprendizagem  dos  conceitos,  ela  apenas 

funciona  como meio de  ação na  interação entre o parceiro mais  capaz  com outros. O parceiro 

mais capaz neste caso poderá ser o professor, um aluno com mais experiência ou mesmo o próprio 

livro. Apesar disso, faz‐se necessário que essa estratégia proporcione a interação social o que pode 

também  possibilitar  outros  aprendizados  para  além  do  domínio  cognoscitivo  e  ser  ainda  a 

motivação para o aprendizado. A princípio, a comunicação ocorreu entre todos os componentes 

dentro  de  cada  grupo,  que  discutiam  sobre  a  história  e  levantavam  hipóteses  para  os 

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acontecimentos.  Aqui  destacamos  como  parceiro mais  capaz  um  aluno  que  compreendia  com 

mais facilidade que os outros, os códigos de escrita e suprimia as pequenas diferenças que seus 

colegas diziam em relação ao que ele havia compreendido através do texto escrito. Paralelo a isso, 

o próprio  livro de  literatura  infantil  funcionou como parceiro mais capaz, exatamente por  trazer 

informações que antes as  crianças poderiam não  ter  totalmente estabelecidas, possibilitando  a 

ação sobre a área de desenvolvimento proximal através dos conteúdos conceituais implícitos.  

Nesse  sentido, o papel de parceiro mais  capaz  fica disposto  a possibilitar  inversões, ou 

seja,  o  individuo  que  em  um  dado momento  é  caracterizado  como  parceiro mais  capaz  pode 

trocar sua atuação dando esse status à outro.  

Nesta  primeira  fase  de  aplicação  da  atividade,  as  crianças  individualmente mantinham 

contato  com  os  livros,  de  maneira  a  folheá‐los  por  inteiro.  Isto  deu  início  aos  primeiros 

comentários em relação ao enredo da história, neste momento os aplicadores não  intervinham, 

apenas anotavam as observações dos alunos.  

As notas tomadas não foram feitas com a utilização de um gravador pois tratavam‐se de 

crianças  de  6  a  7  anos  de  idade,  assim  a  utilização  sem  a  familiarização  prévia  com  tal 

instrumento, poderia desviar a atenção dos alunos e intervir na obtenção dos resultados.  

Na  tentativa  de  tornar  mais  perceptível  a  articulação  do  texto  com  as  ilustrações,  a 

segunda  parte  da  atividade  se  deu  pela  leitura  do  livro  para  as  crianças.  De  forma  similar  a 

primeira parte, as anotações eram feitas conforme os comentários das crianças, porém nesta fase 

algumas  perguntas  as  direcionavam  a  determinados  pontos.  Estas  perguntas  já  haviam  sido 

estabelecidas antes da aplicação, no entanto,  foram adaptadas de acordo com o andamento da 

primeira parte em que não houve intervenção. 

Tomemos  como  exemplo  as  seguintes  perguntas:  “por  que  a  raposa  estava  atrás  da 

galinha”,  “por  que  o  falcão  estava  com  cara  de  triste”,  “quando  solto  o  falcão  foi  para  o  lugar 

certo”, essas eram questões do  tipo problematizadoras para direcionar as crianças a  falarem de 

diversos conceitos da área das Ciências Naturais. Na primeira questão supracitada, conceitos de 

presa e predador  foram  instigados, para analisar  se o percebiam  como uma  relação natural ou 

denotavam  os  personagens  com  adjetivos  de  bom  ou mau.  Na  segunda  e  terceira  questão,  a 

abordagem deu‐se no  sentido de estimular  significados para a  compreensão do habitat natural 

dos animais presentes na história, enfatizando o  local onde vivem esses animais e  seus hábitos 

alimentares.  

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De  um  modo  geral,  as  questões  feitas  giravam  em  torno  de  verificar  se  as  crianças 

percebiam outros elementos na história, qualquer tipo de divisão de papéis e a  identificação do 

ambiente natural dos animais. Foram feitas de maneira que se encaixavam na linguagem infantil, o 

mais  próximo  possível  de  seu  cotidiano,  para  a  obtenção  de  respostas  em  termos  da 

aprendizagem conceitual.  

Partimos do pressuposto de que essas perguntas auxiliariam as  crianças a pensarem de 

forma mais ampla nos acontecimentos gerais das histórias e relacioná‐los aos temas de Ciências, 

pois assim  como Vigotski  (2003)  identifica, a discussão  transforma a Zona de Desenvolvimento 

Proximal  – o que  a  criança  faz  com  assistência  ‐  em  Zona de Desenvolvimento Real  – o que  a 

criança é capaz de fazer sozinha, avançando no que diz respeito ao processo de aprendizagem da 

criança. 

Ao final, cada criança recebeu uma folha em branco para a elaboração de um desenho em 

referência ao livro acompanhado. 

 

Resultados   

Para a verificação da primeira parte desse trabalho de pesquisa, optou‐se por aplicar uma 

atividade e reter os dados obtidos utilizando‐se de anotações do aplicador. Todas as informações 

transmitidas pelo  grupo, ou por um aluno  ‐  individualmente  ‐  como problematizações, dúvidas 

observações, defesas de ponto de vista, manifestações sentimentais, entre outras, foram anotadas 

para análise dos resultados. Nesta primeira atividade  foram empregados dois  livros, distribuídos 

para dois grupos distintos.     

No grupo de crianças que ficou com o livro “O Falcão bateu asas e voou” havia um aluno 

alfabetizado  que  compreendia  com maior  facilidade  os  códigos  de  linguagem  e  escrita,  sendo 

assim, este aluno por vezes auxiliavam os colegas para contar a história. Após o primeiro contato 

com o  livro, as crianças passaram suas  impressões através de diversos comentários. A  ilustração 

apresentava um papel importante pois a sequência de imagens foi fundamental para a construção 

e o acompanhamento da história por cada criança.  

No início, as crianças facilmente perceberam que tratava‐se de um animal infeliz com sua 

atual  situação,  que  neste  caso  era  um  pássaro  enjaulado.  Embora  ocorressem  algumas 

divergências,  a  dominação  das  formas  narradas  foi  plena  em  comparação  ao  texto  escrito.  É 

interessante destacar que os pequenos leitores conseguiam determinar algumas inferências antes 

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mesmo de chegar ao final da história, por exemplo, um aluno comentou que algum personagem 

na história  libertaria o pássaro da gaiola para "viver  feliz para sempre" antes mesmo de ver nas 

últimas páginas a ilustração que demonstraria tal fato. 

Um  dos  primeiros  comentários  feitos  pelos  alunos  durante  esta  primeira  parte  da 

atividade foi de que eles gostariam de ser pássaros como o da história, para voarem alto pelo céu. 

A  partir  desta  colocação,  é  possível  perceber  que  de  imediato  já  entendem  um  pássaro  como 

animal que não pode ser enjaulado como se passa na problemática da história do falcão. Apesar 

disso, os alunos continuam com afirmações do tipo "ele não pode voar porque ele é grande e a 

gaiola muito pequena", é provável que  considerassem nesse primeiro momento que  se o  local 

onde  o  pássaro  estivesse  fosse  maior  não  seria  necessário  soltá‐lo,  apenas  oferecer  boas 

condições, como uma gaiola maior, por exemplo. 

Em outros momentos, foi possível notar que quando se tratava de cuidar bem do pássaro 

as crianças não percebiam o fato dele estar preso como uma ação ruim. Chegaram a comentar que 

a família que mantinha o falcão na gaiola era ao mesmo tempo boa e má, justificando que boa por 

oferecer comida é má por não deixá‐lo voar.  

Na primeira  fase da atividade os  comentários  foram de naturezas diversas,  indo até da 

apropriação de objetos presentes na história, vários alunos durante a observação das  ilustrações 

diziam que alguns objetos eram deles, como a  ilustração de uma torre de tevê na avenida que o 

pássaro  vai  morar.  Na  segunda  fase  da  aplicação  da  atividade,  como  as  crianças  receberam 

algumas informações do professor os comentários seguiram a direção dada pelas perguntas feitas.   

As  perguntas  para  este  grupo  de  alunos  foram  feitas  para  tratar  da  temática  habitat 

natural  e  extinção  dos  animais. Quando  questionados  sobre  o  assunto  os  alunos  de  imediato 

reconheciam que não era o  local adequado do animal  ficar enjaulado e muito menos depois de 

solto ir para uma avenida com muitos carros e movimentação elevada. As crianças mencionavam 

com  assiduidade  a  floresta  e  as  árvores  como  o  local mais  bem  sucedido  pra  ser  o  “lar”  do 

personagem.  Em  relação  ao  assunto  de  possível  extinção  dos  animais,  parte  dos  alunos 

conseguiram relatar suas impressões sobre este tema. Como numa fala de uma das crianças “se o 

pássaro  viver  em  outro  lugar  ele  vai  ficar  triste,  doente  e  morrer”.  Neste  trecho  é  possível 

perceber que o aluno de alguma  forma entende como o habitat  influencia na  sobrevivência do 

animal. 

A  influência  dos  colegas  no  momento  dos  comentários  foi  muito  relevante,  entre  as 

crianças houve comunicação constante e troca de informação que possibilitavam e fez com que os 

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alunos pudessem ter a frente diferentes pontos de vista.  Uma situação que manifesta tal caso foi 

a discussão iniciada em relação ao local onde o animal vive, uma aluna que considera bom que o 

animal  fique preso na gaiola para que ela possa brincar  com ele, entretanto, quando os outros 

colegas começam a opinarem sobre o assunto mostrando diferentes perspectivas, a aluna muda o 

seu parecer dizendo que o melhor é soltá‐lo para que possa viver na floresta.  

No outro grupo, em que foi trabalhado com o livro "O passeio de Rosinha", inicialmente o 

grupo folheou o  livro   e   sem  intervenção do aplicador contaram a história um para o outro. Por 

não haver nenhum aluno alfabetizado no grupo, acompanharam a história apenas pela sequência 

das imagens. 

Um dos alunos ao narrar a história perguntou ao aplicador se em uma determinada frase 

estava  escrito que  a  raposa  estava  tentando pegar  a  galinha. A  frase  a qual o  aluno  se  referiu 

encontrava‐se  nas  primeiras  páginas  do  livro,  onde  é  possível  perceber  a  intenção  da  raposa. 

Nesse primeiro comentário nota‐se que os alunos compreendem que há uma relação entre texto 

e imagem.  

Ao perceberem o enredo da história  todos do grupo demonstraram preocupação com a 

galinha, e a cada tentativa da raposa em avançar na presa, os alunos ficavam agitados e ainda mais 

interessados  em  continuar  a  história.  Nesse  momento  uma  das  crianças  chegou  a  falar 

espontaneamente: "Cuidado galinha, a raposa vai te pegar". Ao notar a fala do aluno observamos 

que esses  interagem com a história de  forma a  tentar solucionar o problema existente, avisar a 

galinha que está correndo perigo.    

Enquanto um dos alunos narrava o caminho percorrido pela galinha, os outros apontavam 

para elementos secundários presentes na ilustração, por exemplo, os animais que faziam parte do 

contexto  da  história  e  as  características  próprias  de  um  ambiente  rural,  como  a  presença  de 

muitas árvores, plantações, entre outras.  

A  curiosidade  também  foi percebida na atividade, assim  como ocorreu no outro grupo, 

pois antes mesmo de terminar a história, os alunos também tentavam imaginar o que aconteceria. 

Nesse  momento  dois  alunos  acharam  que  a  galinha  seria  morta,  enquanto  os  outros  dois 

defendiam a ideia que ela permaneceria viva.  

Curiosamente dois garotos identificaram‐se com o papel da galinha, justificando ser a mais 

inteligente por não ter sido pega, enquanto as duas garotas identificaram‐se com a raposa, devido 

a sua esperteza e rapidez, além de destacarem também a beleza do animal. Essa afirmação feita 

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por  todos de  forma aleatória,  foi posteriormente  reafirmada ao verificar os desenhos  feitos por 

cada um, os quais foram desenhados exatamente o animal a qual cada um se identificara.  

Ao  iniciar  a  segunda  parte  da  atividade,  foram  feitas  perguntas  pré‐estabelecidas  pelo 

aplicador, e que ainda não tivessem sido respondidas voluntariamente pelos alunos. As questões 

trataram‐se  sobre  o  reconhecimento  do  habitat  natural  dos  animais  bem  com  seus  hábitos 

alimentares. 

Por  terem  já  mencionados  os  vários  elementos  componentes  da  história,  e  por 

demonstrarem  clareza  quanto  ao  local  de  vida  desses  animais,  percebeu‐se  que  os  alunos 

possuíam  informação ou  ideia corretas sobre o assunto. Porém, ao serem questionados sobre a 

intenção  da  raposa  em  comer  a  galinha,  houve  uma  divisão  referente  a  compreensão  do 

conteúdo. Duas  crianças denotaram moralmente  a  situação,  apontando  a  raposa  como má em 

querer comer a presa. 

Problematizou‐se então a situação para que esses alunos pudessem pensar nos motivos 

da raposa ter essa atitude. Nesse momento foi perguntado pelo aplicador "Mas, se a raposa não 

comer a galinha, o que ela vai comer?". Então, um dos participantes do grupo comentou sobre a 

necessidade da raposa em comer outros animais. Os demais demonstraram compreender a razão 

de tal atitude da raposa, realizando até mesmo outra problematização: "É mesmo, se a raposa não 

comer ela pode morrer".  

As crianças  identificaram a história como uma situação real,  justificando‐a pela presença 

de animais existentes em locais possíveis de sobreviver ‐ a fazenda. Além disso, comentaram sobre 

histórias pessoais que  se passaram em  fazendas e  sítios, e  também com a presença de animais 

presentes na história.  

Apesar dos livros apresentarem conceitos de Ciências diferentes, em algumas situações os 

comentários feitos pelas crianças dos dois grupos apresentavam semelhanças, como é o caso da 

previsão do que ocorrerá na história antes mesmo do final, e a própria  interação e  identificação 

com os personagens. Nos dois casos, as crianças relacionaram situações da história com episódios 

ocorridos em seu cotidiano e ligados a seus familiares.  

As  crianças demonstraram  interesse em participar da atividade e até  certa euforia para 

recontar  a  história. Assim  também  realizaram  a  atividade,  de  fazer  um  desenho  sobre  o  livro, 

demonstrando interesse em representar aquilo que mais chamou a atenção.   

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Universidade Tecnológica Federal do Paraná ‐ UTFPR  

Programa de Pós‐Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia ‐ PPGECT 

II Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia  

07 a 09 de outubro de 2010                                                                                                 ISSN: 2178‐6135  

Artigo número: 142    

Considerando  a  faixa  etária  e  o  nível  de  alfabetização  de  grande  parte  dos  alunos  do 

grupo, buscou‐se estabelecer um diálogo por meio de uma linguagem aproximada a do aluno. De 

forma a possibilitar maior compreensão e participação desses na atividade. 

Consideraçõesfinais

Com a aplicação dessa atividade, pudemos perceber que o livro infantil pode se configurar 

como um estímulo não apenas ao interesse pela leitura, mas também à interação entre os alunos 

em torno de temas de ciências. Nos dois casos, o foco central estava em temas ligados à ecologia e 

aos animais e as noções implícitas nas histórias, apesar de simples, eram fundamentais para uma 

posterior compreensão de conceitos mais sofisticados ligados ao tema. O que queríamos verificar 

nesse  trabalho é  se, de  fato, o uso dos  livros em uma  atividade de  sala de  aula, permitia que 

aflorassem  essas  noções  de  forma  articulada  ao  desenvolvimento  de  habilidades  essenciais  ao 

processo  de  alfabetização.  Isso  foi  possível  perceber,  tanto  pelas  interações  ocorridas  entre  os 

sujeitos, como pelas intervenções individuais.  

Em termos da metodologia da coleta de dados, acreditamos que será importante, em uma 

etapa posterior desse trabalho, estudar mecanismos para que o uso de gravadores não interfiram 

significativamente no comportamento das crianças. Com isso, teremos a possibilidade de deixar as 

crianças  trabalharem  em  grupo  sem  a  intervenção  constante  de  um  adulto  e  de  registrar  as 

interações que ocorrem nesse  tipo de  situação. Além disso, disporemos de uma quantidade de 

dados maior para análise. 

De  todo  modo,  acreditamos  que  os  resultados  obtidos  apontaram  a  necessidade  de 

aprofundamento da pesquisa, na medida em que mostraram que a articulação entre o  trabalho 

conceitual de ciências e o desenvolvimento de habilidades necessárias à alfabetização não apenas 

é possível, mas também que são dois processos que podem se auxiliar mutuamente. Nas próximas 

etapas  da  pesquisa  realizaremos  atividades  usando  um  número  maior  de  livros  e  de  forma 

articulada  a  outros  tipos  de  intervenções,  tais  como  o  teatro  de  fantoches,  os  experimentos 

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Programa de Pós‐Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia ‐ PPGECT 

II Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia  

07 a 09 de outubro de 2010                                                                                                 ISSN: 2178‐6135  

Artigo número: 142    

simples e o uso de brinquedos, todos eles vinculados aos conteúdos e histórias apresentadas nos 

livros infantis. 

Referências

 

BERBERIAN,  A.  P.,  ANGELIS,  C.  C.  M.  de,  MASSi,  G.  Letramento  ‐  Referências  em  saúde  e 

educação. São Paulo: Summus, 2006.  

BRASIL.  Secretaria  de  Educação  Fundamental.  Parâmetros  Curriculares  Nacionais:  Ciências 

Naturais/Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997. 

CUNHA, M. A. A. Literatura Infantil ‐ Teoria e Prática. São Paulo: Ática, 1990.    

FARIA, M. A. Como usar a literatura infantil na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2008.   

HUTCHINS , P. O Passeio de Rosinha. Coleção Crianças Criativas.  São Paulo: Global, 2004. 

Leonir, L., Delizoicov, D. Alfabetização científica no contexto das séries  iniciais,  jun. 2001. Ensaio 

Pesquisa em Educação em Ciências. Belo Horizonte, Volume 3. Número 1,   2001. Disponível em: 

<http://www.fae.ufmg.br/ensaio/v3_n1/leonir.PDF>. Acesso em: 19 jul. 2010.  

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do Livro, 1998 

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VIGOTSKI, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 2003.  

WHERTEIN, J., Cunha, C. da. Ensino de Ciências e Desenvolvimento: o que pensam os cientistas, 

São Paulo, nov. 2009. Disponível em: <http://unesdoc.unesco.org/images/0018/001859/185928por.pdf>. 

Acesso em: 25 jul. 2010.  

 

 

 

Paula  Teixeira  Araujo.  Graduando  a  licenciatura  em  ciências  da  natureza  da  Escola  de  Artes, 

Ciências e Humanidades da USP e professora de Ensino Fundamental I da rede pública municipal 

de Guarulhos (SP). [email protected] 

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Programa de Pós‐Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia ‐ PPGECT 

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07 a 09 de outubro de 2010                                                                                                 ISSN: 2178‐6135  

Artigo número: 142    

Tatiana  Pereira da  Silva. Graduando  a  licenciatura  em  ciências  da natureza  da  Escola de Artes, 

Ciências e Humanidades da USP. [email protected]   

Luís  Paulo  de  Carvalho  Piassi.  Orientador  e  professor  doutor  da  Escola  de  Artes,  Ciências  e 

Humanidades da USP. [email protected]