A Estrutura Social Clássica Ou o Primado Da Cultura

download A Estrutura Social Clássica Ou o Primado Da Cultura

of 8

description

filosfia p

Transcript of A Estrutura Social Clássica Ou o Primado Da Cultura

A ESTRUTURA SOCIAL CLSSICA OU O PRIMADO DA CULTURA

Todos sabem que a Pirmide Social representa uma estrutura tradicional na sociedade humana, porm poucos conhecem hoje a sua verdadeira natureza, que cultural e espontnea, buscando elevar o ser humano s alturas das suas possibilidades... Aps certo tempo -mais ou menos longo dada a solidez das suas instituies-, esta natureza pode estar sujeita a distores e a cristalizaes atvicas, e da tambm a investidas reformistas no raro ditadas por foras involutivas. No obstante, aps sculos de Humanismo e sucessivos ciclos revolucionrios, parece que apenas se trocou uma Pirmide Cultural em ocaso por outra Pirmide Econmica amplamente desigual. Mesmo as revolues materialistas no alcanaram solucionar os problemas da Modernidade, que pelo visto apenas trocou antigos mitos de glria e de salvao por novos mitos de progresso e de igualdade...Assim, para quem deseja conhecer mais sobre os slidos cimentos de milnios de civilizao relativamente estveis, contra os recentes sculos de civilizao precria e fortemente suicida, vejamos algumas destas questes tradicionais.

O refinamento da cultura

A lei-do-mais-forte uma realidade na Natureza, que amide repassa para a humanidade -tal como atravs do darwinismo social alegremente adotado pela burguesia nos sculos passados.Contudo, faz muito que a Filosofia Poltica antiga adotou os critrios de valor e de virtude (coragem, solidariedade, etc.), adaptando os princpios darwiniamos ou refinando-os de fato. Mesmo porque fora no tudo, existe tambm habilidade, inteligncia e cuidado. A isto tudo se agregou porm, na esfera humana, a pureza e a santidade, visando no substituir o materialismo, mas disciplin-lo e equilibr-lo.A pirmide representa com certeza esta estrutura social convergente, mas de uma forma toda prpria. Seu pice ou cume destacado, como um farol a iluminar a ascenso cultural dos povos. Trata-se, pois, de uma pirmide social feita de baixo para cima, ainda que no seu cume existam aquelas foras supra-humanas inspiradoras da Civilizao, da mesma forma como outros momentos da evoluo humana tambm foram orientados por estas foras mais ou menos incgnitas...Assim, mais que hierarquia social, havia uma convergncia direta das quatro classes sociais clssicas no pice transcendente desta pirmide, velando valores ou conquistas supremas como salvao, iniciao, iluminao e ascenso.

Os tringulos piramidais simbolizam os Quatro Elementos, que tambm fazem aluso cosmologia social. Como demonstra fartamente a iconografa tradicional (calendrios, pirmides, etc.), o smbolo piramidal se converte facilmente nas mandalas (ou em susticas) que denotam igualmente esta unidade e integrao circular.

Ora, fcil observar que na Estrutura Social clssica, os valores ascendem cultural e espiritualmente.

O Manu e as castasTomemos o caso da ndia -onde as castas so emanaes de um deus-, cultura razoavelmente conhecida dada a sua continuidade no espao-tempo desde milnios atrs. Pese as vrias distores sofridas pelo seu sistema-de-castas, se sabe que a classe mais exaltada sempre foi a sacerdotal (os brahmanes), comumente relacionada ao ensino e naturalmente minotria pelo refino das suas atividades. E na outra ponta est o clssico proletariado aqueles que proliferam- atravs dos sudras, os servidores.Curiosamente, a classe comerciante (vaishya) no ocupa os topos desta pirmide social, como acontece com a burguesia moderna. Ela est apenas acima dos humildes servidores. Como tal coisa possvel?! Apenas em funo de uma estrutura social baseada em valores e no na riqueza. Na ndia clssica, os comerciantes so pequenos proprietrios, geralmente agricultores, de modo que no costumam ser ricos.Contudo, alguns nobres (kshatryas) so ricos, especialmente aqueles que atuam na administrao do Estado como monarcas -sabemos afinal o quanto o poder pode corromper, e a casta guerreira estava associada ao poder. De todo modo, nas Sociedades Tradicionais, as elites so muito mais naturais e evoludas, como elites da cultura, da tica e da conscincia.Aqui tambm se pode estabelecer certos paralelos com a Sociedade Medieval, embora esta comparao seja tema de debates. De fato, a cultura medieval europeia reproduzia em boa parte os valores clssicos e tradicionais.

Educao para todos

Para viabilizar uma condio de dinamismo, eram elaborados nas Sociedades Tradicionais sistemas educacionais especiais almejando padres-de-excelncia atravs das prprias instituies: escola, famlia, administrao e sacerdcio. Naturalmente, um destaque especial era dado s Escolas Iniciticas, para quem almejasse uma carreira realmente especializada.A excelncia da Casa Real era apenas um destes recursos, dentro de sistemas hereditrios. Alm de templos, mosteiros, universidades e prticas de nobreza, havia cidades especiais para forjar nobres e educar sacerdotes, como Macchu Picchu no Peru. Entre vrias sociedades havia tambm o jubileu quinquagenria ou geracional, quando se tratava de renivelar a sociedade (hebreus) e desfazer-se dos suprfluos (maias-nahuas).E havia, acima de tudo, sistemas educacionais especiais como os ashramas da ndia, destinados a capacitar as diferentes classes sociais segundo as vocaes naturais das pessoas, um sistema to puro e elevado que acabou se perdendo grandemente, ao se inverter a certa altura a subordinao classe-educao atravs das castas-de-nascimento (jativarna). Mesmo assim, ainda hoje existem os ashramas, sob diversas distores.

Os famosos Jardins suspensos da Babilnia

Na Antiguidade, este conjunto de valores era melhor administrado a partir das prprias cidades. Naqueles tempos, os valores originais da civilizao estavam puros; os sacerdotes ditavam as regras e a nobreza mantinha boas relaes com o clero -e todos comumente orientados diretamente pelos profetas de Deus, que vagavam pelos desertos e montanhas... O comrcio e o trabalho eram empregados para servir ao conjunto da nao, incluindo os cultos plurais, as estruturas culturais e a identidade nacional, todos com seus devidos representantes. Esta unidade original que recebeu o nome de Civilizao.Na Antiguidade prevalecia o conhecimento direto e a experincia, transmitido diretamente atravs de mestre a discpulo e pela cultura popular, especialmente os bardos e afins. A Histria associa a chegada da poca do individualismo com o poder-de-registro, porm tudo isto apenas aconteceu sob a perda da unidade social e da memria viva sob a desagregao dos valores. Nas sociedades republicanas, a Filosofia se torna coisa diletante e j no uma base transformadora, j que existe um abismo entre o real e as metas superiores da Alma. Na tradio republicana, a cultura ainda sinceramente valorizada pelos nacionalistas, porm os liberais fazem dela comrcio e a corrupo moral e econmica deteriora as estruturas socioculturais.

Quando os valores tradicionais se deterioraram e a corrupo cresceu, antigas prticas republicanas tribais comearam a ser adotadas nas cidades europias, como em Roma e em Atenas, contestando a Monarquia de origem mormente oriental, que adquirira no Ocidente a m fama de opressora. Csar apenas tornou-se imperador aps ser influenciado pelo Egito.No obstante, a Monarquia tambm existia nas sociedades tribais europeias, e na medida em que Roma demostrou a sua face mais dura e decadente, estas sociedades emergiram propondo um novo equilbrio cultural.J no era possvel preservar a velha ordem natural das tribos, contudo, a partir dali se comeou a evitar cada vez mais as cidades, uma vez que se perdia aquela estrutura cultural solar centralizada em valores elevados e ecumnicos- para a qual haviam sido criadas, pendendo antes para o imperialismo desptico, que a anti-pirmide involutiva sujeita s maiores cargas de iluses - e foi Roma que sinalizou isto para o Ocidente. Tais coisas comearam mais ou menos ao mesmo tempo em todo o mundo, ali pela virada da Era de Peixes, dando incio assim ao perodo do feudalismo em quase todo o planeta Europa, ndia, China, Japo...-, mantendo a burguesia sem maior poder e as cidades sem grande populao, como correu at o final da Idade Mdia, quando os europeus comearam a reconquistar o planeta.

A anti-pirmide capitalstaNa esteira deste processo, hoje temos um novo surto de liberalismo e de materialismo global, ou seja: de imperialismo republicano. O proletariado julga necessria a ditadura porque o capitalismo tambm representa uma ditadura mais ou menos disfarada. Como sair deste crculo vicioso? Enquanto prevalecer o consumismo, no se v perspectivas. Tocaria ento s sociedades emergentes, em especial, manifestar e resgatar os valores tradicionais, devidamente adaptados aos novos tempos do mundo, refutando a massificao e evitando as megalpoles enfermas e tumorosas para a sade do planeta e para a liberdade e o bem-estar dos seres humanos.http://filosofiaperene1.blogspot.com.br/2015/06/a-estrutura-social-classica-ou-o.html

MITO - A REVELAO DA ESSNCIA: UMA DIDTICA-DO-INFINITO

O mito traduz em smbolos que captam a nossa ateno os fatos ocultos importantes que de outra forma poderiam nos passar despercebidos, dando-lhes assim a devida importncia que merecem. Neste sentido, o mito diametralmente oposto Cincia, que tem a pretenso de avaliar a verdade das coisas, porm raramente vai alm da superfcieO mito uma linguagem de sntese, mas tambm representa um recurso didtico especial. Atravs do mito voc convidado a sentir as coisas, para vir a se interessar a conhecer. E no existe melhor forma de conhecimento do que a experincia direta.Como falar do poder do Sol em poucas palavras? s vezes pode ser mais fcil transmitir a essncia das coisas atravs de um culto do que por um tratado repleto de nmeros e de informaes frias e dispersas. Mesmo porque, provavelmente os tratados jamais podero comunicar tudo aquilo que o Sol pode realmente representar na vida das pessoas.

Confunde-se muito o mito com a fbula. Hoje se procura muitas vezes dar ao mito uma conotao psicolgica. Talvez os gregos, no seu af de humanizar o politesmo, tenham buscado objetivos como este, acarretando neste caso num reducionismo.O mito visa no aumentar, mas retificar as iluses humanas. Grandes feitos podem no ser aquilo que a maioria deseja ou espera. Talvez o Destino tenha outros planos para as coisas, e quando os homens sentem-se desamparados deveriam saber que podem estar eles mesmos no caminho errado.Os mitos dramatizam para sensibilizar. De que servem narrativas histricas lineares, quando se necessita dar exemplos e prestar orientao? O mito busca transmitir uma experincia direta ao invs de simples informao. So famosos os exageros orientais, como hiprboles, e as mscaras rituais ou artsticas tinham uma inteno semelhante.Se os mitos existem para sensibilizar os homens, tambm existe um caminho para superar os mitos, que alcanar a sensibilizao provavelmente com o auxlio deles mesmos. Porm, aqueles que renegam os mitos, antes de se tornarem realmente sensveis, o que restar para estas pessoas?! E esta premissa se estende aos dharmas em geral, como ensinou o prprio Buda.O mito no exagera de fato, ele apenas revela o oculto. Para os socilogos, o mito incluindo nisto as religies- a forma de cultura das sociedades antigas, que so aquelas que no obstante relacionamos Idade de Ouro.Partindo ainda da nossa prpria Antiguidade histrica, vrios socilogos e historiadores, tem avaliado as transformaes da cultura universal nestes termos:

Mitologia -> Epopia -> Filosofia -> Cincia

possvel inclusive enquadrar estas tendncias dentro de ciclos conhecidos atravs de certos calendrios sociais, com Idades entre 1.000 e 1.300 anos de durao, cuja sequncia aquela conhecida de Ouro, Prata, Bronze e Ferro.

Pensando assim, a Cincia quer dar uma conotao algo infantil cultura antiga. Inversamente, porm, aqueles que a representam consideram infantil, bruto e primitivo ater-se somente s coisas evidentes, tangveis e materiais. Noutra abordagem, ter-se-ia que tal limitao corresponde a uma espcie de senilidade da cultura humana, j que a criana nem sempre est assim to apegada ao plano material, sobre o qual ela recm est aprendendo/assimilando na verdade.Nisto, possvel sim comparar o mito com o recurso didtico da fbula destinada s crianas em especial. Diante dos grandes fatos, o homem comum se assemelha criana, e necessita ser impregnado por um novo imaginrio de expanso.Os grandes mitos descrevem acontecimentos maiores, incapazes de descrio objetiva. O mito visa conferir justia e proporo quilo que poderia ser ignorado, sob pena de desconhecermos o tamanho da ao divina ou, eventualmente, de alguma outra natureza. Contudo, aquilo que importa aqui o poder divino de superar grandes provaes, inclusive aquelas advindas de poderes especiais das trevas ante os quais os seres humanos acham-se totalmente importantes...Por exemplo, se diz que certos avatares escreveram dezenas de milhares de obras, o que literalmente no corresponde aos fatos, porm somando os esforos dos seus discpulos o resultado no estaria longe disto. A obra fundadora ou o dharma-raiz, tinha em si embutida potencias inestimveis, e este tipo de considerao exponencial ou qualitativa era muito comum na forma antiga de narrar a Histria.

O mito visa despertar o enlevo e a adorao que uma situao pode merecer, mas que poderia no ser percebida pelos humanos como tal sem o apelo a recursos especiais de linguagem. Por ser a cultura da Idade de Ouro, o mito trata de elaborar uma Didtica do Infinito para comunicar sobre os Atos Fundadores de uma cultura ou civilizao emergente.O termo mito tambm se usa no sentido da falcia e do engodo. O mito pode ser falseado? Obviamente existem falsos mitos e tambm mitos esvaziados como deus otiosus. Isto toca unicamente ao discernimento das pessoas decidir. Um falso mito um problema to grave como a falta do bom mito, e na verdade ambas as coisas esto bem relacionadas. O mitmano algum que vive uma iluso crnica e inquestionvel, associada prtica da mentira compulsiva e busca por criar uma imagem fictcia.O mito algo to forte e determinante, que o ser humano no pode viver sem ele. A ausncia do mito simplesmente uma quimera, a prpria Cincia, que pretende substitu-lo, termina por representar um mito falho, na medida em que no se admite como mito. A Epistemologia veio para corrigir estes problemas, fazendo um meio-campo necessrio entre a Cincia e a Filosofia.

Naturalmente h mitos de diferentes espcies, com funes tambm dspares. Porm, os verdadeiros mitos tratam dos deuses e, dai, dizem respeito ao universo da religio. A dificuldade de conhecer um grande homem como a de conhecer uma grande montanha: remota, distante e enevoada. Os fatos nem sempre atendem a demanda da fantasia humana. Os humanos querem adorar seres poderosos, porm a verdadeira grandeza pode se assemelhar mais a um iceberg, apenas uma pequena parte se revela. Por sua prpria natureza, a espiritualidade pede discrio e modstia. A histria de Jesus em tudo um exemplo de como Deus pode surpreender e inovar.Ento, a criao dos mitos fundadores representaria o alicerce fundamental de uma cultura, perdendo apenas em importncia para os atos fundadores em si. Isto explica a importncia das lendas e da literatura na formao ou na consolidao de muitas sociedades emergentes. O legislador Moiss foi um grande mitificador. O papel das Leis toca aos divinos Manus (Mentores) e aos seus correlatos. O Pentateuco (significa cinco rolos) fazia aluso aos cinco estados-de-conscincia do ser humano, relacionados s razes das classes sociais.A Idade de Ouro mitifica (no mistifica) fatos ocorridos previamente na fundao das coisas, durante a chamada Idade do Diamante quando ocorre o grande embate entre a luz e a trevas em nome da criao de um novo tempo do mundo. Vivemos hoje o estgio central desta Idade de transio, quando o "carvo" do velho mundo vira "diamante" no novo mundo para transmitir a luz de uma nova revelao. Como estamos comeando a parte positiva da transio, caberia dar incio tambm organizao das novas estruturas culturais do mundo.

http://escolaagartha.blogspot.com.br/2015/05/mito-revelacao-da-essencia-uma-didatica.html