A escravidão e o Clero

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I. ;fA1887 llhlUCEIIlIolllllltil)IICSIlO, gritllon.. 1I01ntOll nnnca impedil' nm(7) OJboli cionismo-1883.'"- 28-leili"LO ele escravos, nem condemnon o regunenreligiosodassenzaln.s. Aegreja cat1Jo1ica, apezar ele seu immensopoderioemnill }Juiz fnnutisndo por e11a, nnncn.e1evoll no Bl'azil a voz em favordaemancipao.Jamais se Jorml1l{tro proposies lfIaisverei adeiras.: ; : ~~ : : : C:Sob o ponto de vista de que no occllpamos,o clero brazileiroactual se conduz comoopassado; ospadres mo lemosgllardiioa tra-di.o dosantigos.No Brazil os parires sempre posuiroescravos, selllprecompraroc veuderoestamercado7"ia com a ausenciade escrupulocomquesenegociaemqualquer outra.As ordensreligiosas elopaizforosempreescravocratas e pl'oprietarias de escravoschristos.OhistoriadorRobert Southeydiz, falandoda instituiO servil no comeo do seculoXVII,quehavia(no estadoeloMaranho) a f ~ r v o rda t.,scravido umpartido forte enIohomensavido' delucros immediatos, ereli-giosos, que, abrandpormotivosvisllmacausaaindamais vil, setornaroadvogados2U-desteexecravel syste-ma, que ordens nvae'sehavi::Loillustrar10L:ombateudo. (8)Como os padres secularese como as ordensreligioas, os nosso bispos foro sempre. servidos por ecra\ os e no combateronuncaa esc:raviclii.o n'este paiz, salva umaexcepo, qnehavemos cle mencionar.PelocOlltrario: UlII bi pobrazileiro legon historia patria um n0rne nodo'ado peloesc:ravismo, do qual foi arhogado franco,estrenuoeesforaoo.R e ~ rimo-nos aD. Jos J oaqnimda Cunhade Azerdo Coutinho, Ri .. po de Pernam-buco. (O)em tll1\'ida foi Azerclo outiuho umbomelll di tindo pelo seu grandeseculti-vado talelltos UlTI ecriptor dA primeiraordem.Porto-. egul'Uor 'puta lOe 100mais illus-trado do queo \+c:onde d Ca)'r, que oeramnito.Eta 'irc:urnst;lOcia, porm, nolhedimi-nueeantes lheaggravaaculpa enormede(8)Robert Southey-Hi-toria doBruv.il.-( 9) Naseen na prol'iueia do Rio de Jaueiro II 8 deSetemhrode 1742e fllllceen a 12neSetembrod 1821.- 30-haverdefendidoo trafico africanoea escra-vido como mesmodesembaraocomqueofezo general Gomes Freire de Andrade.Em sua Analyse sobre a Justia do Com-merciodo Resgate dos Escravos da Costad'Africa, editada em Lisba em1791, ereeditada em 1808, encarou a questosob opontode vistareligiosoemoral de umlado,e sobopontodevistaecon omico e politicodooutro.Pela pritlll::ira face elIe achou-a silllple::;-mente duvidosa, visto que a ascrav ido tinhaexistido desde o principio do lrluLlchenoseiodetodasas religies.Pelo outro aspecto daqnesti10 deciJiu-scpositivamente pela escravidi1o, queSllstentullcom a maior firmeza.Em seu Ensaio Economico sobre o Com-mercio de Portugal e suas Colonias, pl1Lli-cada em 1802, ereilllpressoem 1816, paraser dedicadoaoprincipe D. Pedro, sustentouasmesmasidas.Ambo::l estes traball10s, (los quaes oprimeirofui traduzidopara o france.l e Oi ~ g l e z , e o segundo para o frauccz, pres-1:s: Entreo homens dominaremo,' brt1ncosaospretos fora norflzioonnatureza. ):N atemi.to, cou tiua, as .pretaseos l)retos,para tIne se niLo deconsolem nemdesanimem~eparasn/\ confus0 notemtambemo me&moabrancas eo brancos, que tendoa brallcura srorfra, foremn 'gros por d'ntroo Mandava Deo no Leviticu, qne o cysnc,comoaveimmnnda, se lhe nosacrificas. e, nemaindasecomes e. )65 - E emqne defeito se fnndava esta lei, seocyne, cantor de naspropria::; tobl'allCOcomoameilm:l neve? A razo porqne por fora temas peunabrancas, epordentro temacarnenegra. ))Olh para si fi, bruncnra, e veja e correscmvos;antes procurein'estacorte, como not:>rio, csepodeverdaminha proposta, quese fizesse, comosefez, uma junta dosmaiores lettradossobre este- 79-ponto(31) es dclaras m, comoS declararo,por lei queest regi trada, asdoc'lptiveirolicito.Ma porquens queremos 'ose defen-uemos o illicito; por i 50 nos nuo queremn'aquellaterrae no lunod'ella. Ns queremos que tenlto escravos, massemdemonio (isto , os licitamentecapti \'os) (ellesnii.o queremescravos senocomodemonio(isto, osillicitamcntecaptivJ:'): eporque?Os escravo licitese semdemonio o muito os illicito ecomodemonio oquantoselle qneremcaptivarequanto captivii.o.Este sermo, Goele b8IUse va vacilla.oconstante do espirito de Vieira: agradouCrte, cprincipalmente rainha regenteD. Luiza, viuvadeD. .Joo IV.D. Luizanomeounovogovernador paraoMaranho, a quemfizera recollln::endaesconformesaoagradod Viei ra, que todaviano-mais voltouparaaquelleestado..l'"...... . (31)Referia-sen suaestadapl'odoriaelOLi ba ondeetiverado meiado doannode 165.1 aAbril de1655, en-carregadode negociosdesna Ordem concernentes causado indio ,- 80-Certamenteforollluit.ogralldes os errose as faltas, asfraqnezas einconsequellciasdoPadre AntonioVieira.Seumal foi n.oterumannica regraou norma de conducta, o ter paet.uadocomosinimigos da justia, onuoterse dedicadoexclusivamenteaoapostolado.Istodeveu elleao espirito elesuaonlem,edncaii.ojesuitic:a, e politica de privi-legioseintrigas ueseu tempo, raclo aos ceU3colloeaellao - no pagar jornal a quem tra-balha. -Quaessiloos outros peccadosou delictoquecotronestaclassificao?O homicidiovoluntario;Aviolao dasleis danaturezapela lubri-cidade;- 482-Aoppressoele])'Jbre, principalmentedeorphn.us e villvas.epara percebermos agrayidade (le n;10pagar jornal a quemtrabalba, confrontarmose conl pa rarn'C's eHta fa lta com lSsna trez(;.ongcueres, cllcgarelllo ao eguinte resultaclo:5.0Vlgarjornal a quemtrabalha, COl\lO11:10 pago os senhores de escravos, v:tletanto como assfls inar o~ e u semelhant.e, COlnodescer bestialidade, e 1;01ll0 opprimir ospobrese explorarosorphn.os eas vivas.Emnosaopinifoo, niiohanenhuma com-parafio Illais ver ladeira do qne esta daegrejacatholica-relativamenteoTavicia dos daol'ganisao nova,Eisahi estampadopela auctol'idade maiscompetente - o Lordprotector do minis-terio - o pensamento, alis to fielmenteex cutado,dominautenapoliticainauguradaa 20 de Agosto de1885; - resistenciaaoabolicionismo, mauutenoda escravido,Est excessivamente gasto o palavreadodo Senador Paulino paraqne nos occnpe-mos cl'elle,Foi semprequenosEstados- 574-Unidos - Bentou, Calboum, Uut r, Ghol-san, Clay e antros infelizes advogados daescravid.o, dos qnaes a resistencia patri-otica, a calma, areflexo, oamor daor-dem. social e economica, a I'esol uo dedartempo transformao dotrabalho,etc,no a de morrer n'aqn 'lIepai?eser parasempreextiucta.Mas paraque rememorar a esterilitlade dosesforos retardadores cl'estespredecessores ecorreligional'ios elo Senador Panlino'?Certamente uilo lia n.oharazes,nohaexemplos, nemlogica, queconvencerpossoaquemcomo S. Ex. entendeque aterradevegirar emtornodeseus int.eressespessoaes.N6s no nos admiramos de Iue I Ex.e ontros cidados, principalmente os grandeslavradores doRio deJaneiro, estejo nestaepocha preoccupados em sustentar e defenderessadesgraadaheranada barbaria, que ' aescravidfi,o.O que nos causa extranheza que oBarode Cotegipe, que se senhor deengenho, 6um homemde superior talento, quan 10 nofimdemeio seculo de\ idapublicachegoua ter ahonra de dirigir o governo de seu paiz, fosse- 575 -pararepresentar aparte mais desorientadaeobscurantista d'elle, servir escravocracia,'onsUIuir todo o sen pTestigio emampararuma instituio que desbonra Slla patriaperante omundocivilisado.S. Ex. no poderia dar mais ingloriaapplicau aos ultimos dias de sua longaviela.- 576 -CAPITULOIILibertaao deescravos coma condiaodesubsequente prestaaode serviosDe 1886 para c vae de dia para dia augmen-tando o numero dos senhores que libert.oseus escravos com a condi.o d'estes lhesprestaremservios por espaodedous, tre,quatro, seis eatsete anuos.Quotidiallalllellte se lemnos j o r n a e ~ elopai3 noticias detaesfactos.Os abolicionistas raramen teset"\empro-nunciadoaesterespeito.Muitos dos mais sinceramente COTl-ven.cidos tempromovido libertaes nestascondies, louvado-as em publico e pelasgazetas e at cOllvidado os senhores queainda n.o se resolvero a isto, a faze-rem-no.Acreditam0s perfeitamenteque nestepro-cedimento cxiste da parte dos amigos daliberdade muito baf e bavontade; masjulgamos que ha um erro que deve serquantoantescombatido.- 577-A alforria dos ecravos coma condiodesubsequenteprestaodeserviopor umcerto prazo, no d resultado pratico deespecie nenhuma, exceptoem favor daescra-vidO, seno quandoelle terminar.Se no fosse to provavel quanto adesappario da instituiO servil em umperiodo muitocurto, ainda isto se poderiaadmittir; mas quando estamos a contar osmezes, as semanase os dia daescravidnoBrazil, semelhantepraticanotemoutrarazo de ser seno causar darnuo aosescravos.Este genero de no resolvenenhum dos problemas por cuja soluotantose empenhaoabolicionismo.A justia e o direito continuo a serviolados durante opraoda referidapresta-o deservios; porque oescravocontinaa trabalhar gratuitamente e sem remune-rao paHI. oseuex--senlzor, a quemnadadeve e por quem arbitrariameute extorquido.A immoralielade ela escravido nodimi-nuee permanece domesmomodo; porque oex-escravo coutina immersouos viciasim-mundos da senzala, e a ser um ente vil eabjecto como convem aos interesse e aos73- 578-habitas dos senhores, queDeste casa tam-bemnofazemnenhumprogressomoral.Os pessimos resultados econornicos dotrabalho e s ~ r a vo tambem no melhoro;porque esse trabalhocontina a ser execu-tado nUa s6coma mesma ignorancia qued'antes o escravo possuia, como, o qnemais, comapriva110dos c10us grandesesti-mulo::! qu im pnlsiOniiO a actividade dohomemlivre e fecnnc1,ooSeu trabalho-o interesseeaaffeio. o A deshumG\uidade dos senhores no semodifica; elles (;ontinU/lo a vergastar osex-escravos, a acabrnnhal-os eaarruin&l-ospelotronco e pelafome, pela fadiga e pela. .mSOllll1la.NoLa razo para quese espere que osescravos durante o prazo sejo mais bemtratados doqueo ,oos ingenuos, do queo soosemancipados pelavelhi0E'.86poderonegar esteHfactos as pessoasque noobsen 110o que diariamente se passano paiz, e ao mesmo tempo despreso asleces daexperiellcia dosoutrospovos.Examinemos agora o lado prejudicialdosystemadelibertaes que condemnamoseque no deve contiuul1l" a fazer-secoma579ilequlesGencia, uetlJ com a approvao abolicionistas.Aopassoqu ellasse vomultiplicando,vae naturalmente arrefecendo o abolicioni moeperdendoarazode er.OrR, illurlir oaboliGionismo, fazeI-o esfriarou pelo menos dormitar, tal hoj aprincipalpreocGupa.o dos escravocratas, que, se ocom; guirempor ete meio Oll por outro,poderolivremente cOlltiuuar a exeruer acostumadaoppre. so eascostumadas arbi-trariedades, tanto soure o!> escravos comoour oslibertoscondicionalmente.eo y temaele ill duvida preferivelo Sr. Andrade Figueira - e.cravocrata, 6certo, maslibertador deseusescravos."...:~ l)Peja propagandae pelo votopoderemoscOllsegllir n:1o s a abolifi.o immediata dae ~ c r a vitlo, COl110 asoutrasgmnrlesreformasdequetemos palpitantenecessidade.Be stes ~ i o i s IDeias efficazes, queestiLoaoalcance le muitos cidados,em nosso paiz niLod.o re ultado praticos, e tudo pt!rmaneceJIlai. oumeno nostatll quo, porque deumlado apropagaudaquandosefaz ordi-nariamente frouxa, timidaedesanimada; dooutro o votonamaioria doscasos depen-dentee servil.Entrensmilitasvezes d-seo voto poli-tico porsympathiapessoal, por amisade, porparentescoe, noraro', elle convertirloem- G52-moeda comque se eompra uma promessade favor particular, comque se obtmllmaesperanc;:a de beneficioindividual.Aos comicios brazileiroR pOllCOS so oscidad:los queconcorrem pensando no inte-resse geral e collectivodasociedade.Muitosd'elles levITO o seuvotourna como mesmo pensamentocomque selevao ouro casa' de mercado. .. Alguns fazem o contrnrio: consiclero oseuvotocomon::ercadoriaexposta venda.Emtodoo casoo votante, quedeveria seractivo, passivo, eo deputado, que deveriareceber as inspirac;:es impec::soaes do elei-torado, nadarepresenta senil o o jogo desellSinteresses particulares contra os de seusparentes e amigos, de seus dependentes efreguezes.Umalongaedolorosa experienciaj nORdeve atodoster convencidodainefficacia edainconvenienc:iade semelhanteshabitos.Reformemo-nos, s ~ j c \ m o s independentes.Reforme-se cadaumasi mesmo, emanci-pe-se, URedeseusdirei tes.Emquanto a isto no nos resolvermos,nada conseguiremos em beneficio do paiznememI roveitodasociedade.- 653-CAPITULOVIUltimaVerbaLibertar os captivos da escravido civilnopode ser o llnico desideratum, dosaboli-cionista brazileiros.Como os abolicionistas americanos, ellessseal existirentreos meninosdas dual:! raas sob o ponto de vistaelasaptidesintellectnaes. ) Noencontreinenhuma; todosos mestresetodas as mestras a qnem consnltei dero-meopinioegnal.O Dr. Zincke, citado por Hippeau, confes-souse extremamente admirado da promptidode espirita dos alunmos negros de umaescholaquevisitoun' aquelle paiz.Declarou que cmnenhuma eschola da661 -Inglaterra, ondevisitara muitas, tinha encon-trado n:iellino que possuissemtanta facili-daue para cOTIlprebender as leres comoaquelles, e quennncatinhaouvidorespostasto judiciosasedemontrando t,antaintelli-genciados textos.O mesmoRi ppeaudizqueyisitanuo umaeschola delingua grega. cujaprofessoranotiuha mais de25annos, assistia lJma rapa-riga negracommuitaexactido traduzirdogregopara oinglezumclpitulodolivrodeThnc) dites.Elogios el1lelhal1tc fazemp.luitos ameri-canos competentes intelligencia dos negn1s.N.os6 sob opontode vistadaeduca-oque os liuerto arneri;, nlCSlflOmuitos dosquej esto idosos, esto princijJianeloaapren-der o alI habeto o vo e:>cholas nocturnase elomillicaes: muitas vezes se veem os libertoscnlpregarlofl nasestradasoeferro, nos lloteis- 663-evapores, nasboraselelazer, esturlauuo seusyllabariocomtodaaattenno. )rc Os soldados negros esto procurandotalllbemaprender a ler e escreyor, e seusoffic.;iaes merecem muito louvor pelo quefazem~ 1 1 I bem da educao de eus soldados.(c Onde, e emque tempo houveoutro povocru mostrasse tanta paixo. pela instruco?)Emseus estabelecimentos deeducaO6absolutamenteprohibidoo uodotabaco eda bebidas aleoolics:NoEstadocl'Oberlin, ond. a raa negraf o r l l l ~ cerca da quintaparte dapopulao,os membroscl'ellasoreputaclos oscioadosmais pacificas, mais ordeirose ledicado aoestudo.MUltas pessas brancas, antigamentecscravocratas e inimigas da eoucao dosnegros, hoje nland:io seos filhos para asescholas cl'eIles.Estesfactosprovioqueo estado de em-brutecimento dos negros hrazileiros, emgeral, no um predicaclo la rael; masresultadonecessariodo meio oeial cmqueclIesvivem.664 -Tanto quanto distaolibertobrazileiro -psycbologic:ae sociologicamentedo liberto. a lU ericano, clisto, em geral, oscidados ingenuos cl'este paiz dos cidadosingenuos dos Estados-Unidos, disto as esc11o-las e osmethodos de ensino d'aqui das e cho-las e methodos 1eensinod' aquellepaiz.N.o fOrade proposita, quando pedimosinstruco parao negro, demonstrarquee11e,se6 ignorante, uoincapazdeinstruco;que se, entre n6s, elle nada sabe e estatrasadissimo, pMque no temtido mes-tres, ou os tem tido maus: no 6fora deproposito; Iorqueos escravocrataspelo factodo abolicicionislDo lhes arrancaras prezasdoseuegoismo,osanimaes de cujosanguetm vivido, comeoa affirmar queumavezlibertoellenoapto senoparaavagabundagemepara o roubo. e nos Estados-Unidos emancipando-seos escravos por meiode uma guerra, duranteo propriotempoemqueellaaffligiaaquellanao, foi possivel tratar-se da educaodos libertos, muito maisfacil estetrabalhoseria paran6s que estamoscmpazemanci-:'t'- B'5 -paneloo' escrayos de nosso paiz, e em paz de-sejamos concluir a tarefa de SURo libertao.Cuidemos, p O l ~ , de cumprir este outrograndedever.o6 possiyel permlttlr queosingenuos