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A EDUCAÇÃO FÍSICA NA SALA DE AULA: Uma questão de postura em
ambiente escolar
Autor: José Carlos Bomfim1
Orientador: Claudinei Ferreira dos Santos2
RESUMO
A pesquisa procura demonstrar que a existência de uma cultura físico-postural importante acumulada pelos alunos em sala de aula possui razões históricas e ambientais em um horizonte delimitado por práticas posturais equivocadas além de auxiliar professores e alunos a lidarem com os efeitos adversos dessas condutas físicas resultantes de visões estereotipadas acerca do conceito de postura física correta. E ainda promove reflexões sobre atitudes físico – posturais equivocadas em relação à faixa etária e outras considerações antropométricas indicando caminhos para a superação tornando - se saber significativo para a compreensão da realidade escolar e sua logística, à medida que encoraja alunos e professores a ofertarem reações produtivas, estimulando a construção de uma educação postural em sala de aula.
Palavras chaves: Cultura; Reflexões; Físico – postural.
ABSTRACT
The research aims to show that the existence of a physical-culture important postural accumulated by students in the classroom has historical reasons and environmental horizon bounded by a faulty postural practices in addition to helping teachers and students cope with the adverse effects of these behaviors resulting physical of stereotypical views about the concept of physical posture correct. It also promotes physical reflections on attitudes - wrong posture in relation to age and other anthropometric considerations indicate ways to overcome making - knowing significant for understanding the reality in schools and their logistics, as it encourages students and teachers overture productive reactions stimulating the construction of a postural education in the classroom.
1 . Licenciado em Educação Física pela Faefija - Faculdade Estadual de Educação Física de
Jacarezinho 2 . Doutor em Educação Física pela Unicamp - Universidade Estadual de Campinas
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Keys words: Culture, Reflections, physical - postural.
1.INTRODUÇÃO
O objeto de análise desta pesquisa foi à abordagem da questão postural
e suas conseqüências danosas aos discentes do 8º ano do Colégio Estadual
Anésio de Almeida Leite com o intuito de criar situações que favoreçam a
reflexão acerca do espaço onde desenvolvem suas atividades, auxiliando na
busca por ações positivas diante de possíveis enfrentamentos gerados numa
prática social comprometida por certa letargia de respostas e caracterizada por
modelos socialmente pré – concebidos.
O docente acaba refletindo em sua prática, uma exagerada preocupação
e adequação de métodos e objetivos notadamente distantes da realidade do
ambiente escolar, destoando da questão cultural, ou seja, certo direcionamento
para situações e reflexões que vislumbram horizontes que equivocadamente
privilegiam objetos estranhos à grande aventura do conhecimento: Um estudo
focado no indivíduo e nas vivências que o auxiliam ou atrapalham o seu
desenvolvimento e, historicamente esta missão aparece delegada a outros
setores. Neste contexto, a literatura ergonômica só ganha notoriedade e
visibilidade em bibliografias distantes do âmbito escolar ou em ocasiões
específicas e, portanto, vislumbrar a importância da educação postural na e sua
relação com o desempenho escolar além de reconhecer e ajudar a amenizar os
problemas de sala de aula causados pela desarmonia postural caracterizando
um esforço importante de dores e descobertas.
A elaboração do conteúdo propicia ao conhecimento da educação física
escolar condições reais para o trato com a questão físico - postural em
ambiente escolar oferecendo possibilidades de mudanças de comportamento
em relação ao grupo envolvido no estudo (alunos do ensino fundamental do
Colégio Estadual Anésio de Almeida Leite). Assim, procura demonstrar que a
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existência de uma cultura físico-postural importante acumulada pelos alunos
em sala de aula possui razões históricas e ambientais em um horizonte
delimitado por práticas posturais equivocadas além de auxiliar professores e
alunos a lidarem com os efeitos adversos dessas condutas físicas equivocadas
e resultantes de visões estereotipadas acerca do conceito de postura física
correta.
Promove reflexões sobre atitudes físico – posturais equivocadas em
relação à faixa etária e outras considerações antropométricas indicando
caminhos para a superação de algumas atitudes tornando - se saber
significativo para a compreensão da realidade escolar e sua logística, à medida
que encoraja alunos e professores a ofertarem reações produtivas, estimulando
a construção de uma educação postural em sala de aula.
A escassez bibliográfica referente a temática demonstra certo ineditismo
desta pesquisa que ainda investiga a questão postural do aluno em sala de
aula, sendo que a idade escolar compreende a fase ideal para recuperar
disfunções da coluna de maneira eficaz; após esse período, o prognóstico
torna - se mais difícil e o tratamento mais prolongado (DETSCH,2007).
A facilidade para a verificação dos objetivos, sendo que os envolvidos
(alunos do ensino fundamental) têm consciência dos mesmos e os
compartilham. Igualmente, e em vista da temática escolhida, à problemática
que envolveu a pesquisa atrelou - se preferencialmente aos seguintes
questionamentos:
De que maneira a educação postural pode auxiliar professores e alunos do
ensino fundamental a lidarem com as situações de desconforto e
indisponibilidade causados pela adoção cotidiana de atitudes física – posturais
equivocadas?
Instrumentos criados pelo professor e adaptados à realidade da escola podem
auxiliar na solução do problema?
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Nesse sentido, constatamos a importante contribuição da referida
pesquisa na identificação e conscientização de hábitos posturais adequados à
fase da adolescência tão carente de discussões e resoluções em ambiente
escolar.
1.1 IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO DE INTERVENÇÃO NA ESCOLA
O projeto referiu-se a uma pesquisa teórica com aplicação e produção
didático-pedagógicas de caráter participante, as quais foram construídas no
decorrer das atividades do Programa. Nesse sentido, produzimos material
multimídia de conteúdo orientado para CD e pen-drive, reconhecemos lugares
e situações referentes a problemática postural e descrevemos algumas
experiências de alunos e professores do Colégio.
Como ponto de partida os alunos foram instigados a perceberem os
inúmeros problemas posturais que interferem no crescimento e
desenvolvimento corporais, ou seja, na infância e na adolescência e presentes
em contexto local, uma atividade fundamentada pela leitura e reflexão de textos
ofertados pelo professor PDE.
Em seguida foi proposto aos envolvidos que realizassem um
levantamento de informações relacionadas à educação postural.
A partir das discussões realizadas, mediadas pelo professor PDE, foi
efetivado um trabalho de conscientização aflorando nestes alunos ações que
maximizaram as questões relativas à adequação postural, propiciando
respostas equivalentes.
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Finalizando, os envolvidos, partindo dos conhecimentos adquiridos e
orientados pelo professor pesquisador, formaram o GDEP (Grupo de Discussão
da Educação Postural), um espaço onde a independência intelectual
necessária para trabalho de conscientização em ambiente escolar (elaboração
de uma cartilha sobre o tema veiculado em ambiente escolar) encontrou para o
debate sobre a questão postural, um local importante.
O projeto de intervenção pedagógico foi apresentado de acordo com um
organograma elaborado na etapa inicial do programa e composto por algumas
etapas ou ações previstas e avalizadas pelo Orientador e Equipe Pedagógica.
As ações da implementação aconteceram desta forma:
.Apresentação do projeto e produção pedagógica para a direção, equipe
pedagógica e professores de educação física do Colégio.
.Confecção e preparação de materiais para a avaliação postural e
apresentação do projeto ao público – alvo e trabalho com textos acerca da
questão postural.
.Avaliação postural de parte dos envolvidos, leitura e reflexões sistematizadas.
.Disseminação da proposta postural para a escola, confecção de cartazes e
apresentações em ambiente escolar.
.Apresentação do programa SAPAF JOVEM 1.0 aos discentes no laboratório
de informática, preenchimento de fichas da avaliação postural e sistematização
dos dados coletados em ambiente escolar. E ainda, aconteceu a análise das
contribuições do corpo docente, dos cursistas do GTR, dos alunos e a
elaboração da Cartilha da Educação Postural.
A educação postural tem como finalidade possibilitar à pessoa ser capaz
de proteger ativamente seus segmentos móveis de lesões dentro das
condições de vida diária e profissional seja no plano estático ou dinâmico. Ela
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permite a realização dentro de um espaço de segurança gestual (SIMON et al
citado por BRACCIALLI E VILARTA 2000).
O primeiro passo seria um trabalho de orientação aos professores das
escolas sobre a importância da profilaxia e prevenção das dores nas costas,
devido a posturas pobres, teria um grande efeito na redução de alterações
posturais no adulto. Portanto a variação das posturas corporais e das
atividades didáticas seria uma forma de aumentar o prazer do aluno e
professores durante o dia letivo.
As aulas de Educação Física podem melhorar o nível de consciência
corporal e da imagem corporal através da educação corporal.
1.2 SINTESE DA IMPLEMENTAÇÃO DA PRODUÇÃO PEDAGÓGICA
As ações referiam -se a aplicação de uma pesquisa de natureza físico
comportamental abordando práticas posturais equivocadas e suas
conseqüências ao desempenho escolar em discentes do ensino fundamental
apresentando como sustentáculo um material multimídia ( DVD ) produzido em
fase anterior do PDE ( Programa de Desenvolvimento Educacional ), textos
orientados para reflexões docentes e discentes, além da utilização de um
software específico para administrar dados da avaliação postural realizada no
público alvo.
No mês de julho do corrente (2011), realizamos as apresentações do
Projeto de Intervenção e Produção Pedagógica para a Direção, equipe
pedagógica e professores do colégio, que após breve explanação receberam
textos para leitura e posterior sistematização. Os envolvidos também
conheceram o material multimídia e formulários para acompanhamento do
conteúdo e posterior sistematização das reflexões a serem entregues,
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finalizando esta etapa, que foi honrosamente complementada pela
apresentação deste material ( Projeto, Produção ) a representante do programa
neste NRE, a também professora PDE Míriam Olivieri, graciosamente
acompanhada pela equipe do NRE.
Em agosto, deste mesmo ano ( 2011 ), foi confeccionado material para a
avaliação postural e realizada a apresentação do Projeto e Produção aos
discentes que receberam suas incumbências para a participação na
implementação a saber : Parte da turma realizou pesquisas, confeccionou
cartazes sobre a questão postural, outra parte trabalhou textos ofertados pelo
professor PDE para reflexões e sistematizações e ainda outros voluntariamente
submeteram - se a avaliação postural ( devidamente comunicada aos pais ou
responsáveis ). E, em relação aos alunos, o contato, a recepção ao tema e a
participação foram notáveis.
Durante o mês de setembro, realizamos a avaliação postural, a
disseminação da proposta postural para a escola, além de apresentações dos
alunos. A manipulação dos dados ( antropométricos / posturais ) foi realizada
exclusivamente pelo professor PDE, que após a apresentação do software
SAPAF JOVEM 1.0, guardou estes resultados na memória do programa para
posterior sistematização. Todos os momentos ( apresentação dos textos,
programas, deslocamentos em espaço escolar, utilização do laboratório de
informática, etc. ) foram fotografados e acompanhados pela direção do colégio
e/ou seus representantes.
Finalmente, nos meses de outubro e novembro, após o preenchimento
das fichas de avaliação postural e sistematização dos dados coletados,
pensamos a elaboração de uma cartilha de avaliação postural a ser construída
para maior clareza nas idéias de disseminação da questão postural.
O Professor de educação física pode intervir na detecção precoce de
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possíveis alterações posturais, juntamente com profissionais da saúde.
Estimular a exploração do corpo, evitar sobrecargas posturais desnecessárias
e adaptar mobiliário e ambiente às necessidades de cada indivíduo. Devemos
salientar a importância da detecção precoce de afecções posturais,
principalmente se considerarmos o enorme potencial adaptativo das estruturas
relacionadas à postura durante o período de crescimento.
1.3 SINTESE DAS CONTRIBUIÇÕES DOS CURSISTAS DO GTR
Abordar a questão postural em ambiente escolar foi uma proposta que
agradou os participantes deste GTR que receberam o tema com bom
entusiasmo, pois em seus conceitos e/ou reflexões todos os participantes
ativos ( 4 de um total de 7 ) revelaram algum conhecimento acerca do assunto.
A boa receptividade deveu - se em grande parte aos estímulos de alguns
docentes que, literalmente "esquentaram" o debate atribuindo grandeza ímpar
a medida que as temáticas avançavam.
Durante as discussões sobre a Produção Didática, novos diálogos e
possibilidades foram aventadas e, a luz de uma realidade interessante acerca
de sugestões, algumas acatadas e utilizadas durante a Implementação, essa
etapa foi percorrida e coberta pelos bons resultados.
Em "Vivenciando a prática", um dos pontos altos do curso, os cursistas
deram um "show" com belíssimas participações. Experiências e sugestões
dominaram o cenário, onde destacamos o trabalho de uma cursista, que
mesmo não atuando na área ( educação física escolar ), conseguiu motivar
seus colegas e posteriormente sistematizou suas ações.
Acreditamos que, para se tentar minimizar a alta incidência de afecções
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posturais no aluno, se faz necessário um trabalho de base abrangente,
atuando, principalmente, no plano preventivo e educacional, possibilitando a
mudança de hábitos inadequados.
Sentimo - nos honrados em coordenar tão valorosa equipe que
voluntariamente desprendeu esforços e brilhantemente concluiu nosso GTR.
1.4 ROTEIRO INFORMATIVO REFERENTE AO MATERIAL MULTIMÍDIA
Estudos revelam que posturas físicas inadequadas tendem a interferir de
maneira importante nos resultados produtivos de alunos do ensino fundamental
e nesse sentido, realizar discussões acerca da problemática têm ganhado
notoriedade nos cenários de enfrentamentos da educação física escolar.
Uma leitura peculiar sobre o tema apresentado pelo professor neste
vídeo (DVD) caracteriza uma importante tentativa de propiciar visibilidade
acerca da questão postural. E ainda, procura demonstrar a existência de uma
cultura equivocada relacionado a conforto e postura acumulada pelos discentes
em espaço escolar auxiliando a lidarem com situações adversas provocadas
pela questão postural em ambiente escolar.
Quando os alunos são mantidos durante todo o período de aula na
posição sentada, verifica-se que os mesmos tornam-se desatentos, derrubam
constantemente objetos da mesa, movimentam-se o tempo todo (SILVA citado
por BRACCIALLI E VILARTA, 2000). A desatenção é uma das principais causas
comprometedoras do desempenho escolar. Portanto, a movimentação corporal
e participação dos alunos, seria uma medida eficaz na prevenção de futuras
afecções posturais. Se uma carga estática é repetida freqüentemente e
mantida por um longo tempo, resultam em dores não somente devido a
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alterações dos músculos, mas também dos tecidos conjuntivos dos tendões,
cápsulas articulares e nos ligamentos (GRANDJEAN e HÜNTING citado por
BRACCIALLI e VILARTA, 2000). E ainda, a utilização de mochilas com no
máximo 10% da massa corporal do estudante prevenindo assim algias e
possíveis desvios posturais. (REBELLATO et al,1991; FLORES et al,2006).
2000 sugeriram que o transporte de uma carga externa assimétrica, durante
um tempo significativo, por crianças e pré-adolescentes, seria um dos fatores
contribuidores do aparecimento de curvas escolióticas. Outra solução
interessante é a instalações de armários individuais nas escolas. (NOONE et al
citado por BRACCIALLI E VILARTA, 2000).
O trabalho realizado por Souchard pode ser utilizado em uma etapa
futura como trabalho de educação postural nas escolas, combinado com outras
técnicas e trabalhos posturais. Os exercícios de alongamento de Souchard
devem ser realizados por meio de trações globais que corrijam ao mesmo
tempo todas as possíveis compensações ligadas a determinada cadeia
muscular, procurando aspectos a serem considerados na elaboração de
programas de prevenção normalização da morfologia. Os alongamentos
prolongados, suaves, progressivos e com baixo número de repetições, são
considerados mais eficazes do que as trações bruscas e com grande número
de repetições.
Esse mostra a importância da realização simultânea de exercícios
concêntricos para a musculatura da dinâmica enfraquecida, e exercícios
excêntricos para a musculatura da estática retraída liberação expiratória. Tais
atividades podem permitir um reequilíbrio do tônus postural e a realização
eficaz, harmônica e segura de quaisquer movimentos. Além disso, permitir a
manutenção da flexibilidade global do indivíduo e, conseqüentemente, um
desempenho melhor nas atividades físicas e uma maior conscientização
corporal para a criança.
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1.5 ORIENTAÇÕES
Após a exibição do material, assistido anteriormente pela equipe
pedagógica, professores e alunos, em grupos distintos, realizarão discussões
sobre a temática postural sendo instigados a perceberem esta problemática em
contexto local. Em seguida, será proposto aos envolvidos que realizem um
levantamento de informações relativas a eventos posturais e conseqüências
em seu espaço. Recomenda – se que as atividades sejam sistematizadas.
Propiciar condições reais para o trato com a questão postural além de
favorecer as mudanças de comportamento em relação a atitudes posturais
equivocadas, promover reflexões e ainda colaborar com professores e alunos a
determinarem mudanças de condutas onde desenvolvem suas atividades,
auxiliando na busca por ações positivas diante desse importante problema
evidenciando nesta produção didática, constituem – se em situações almejadas
após a apresentação deste material multimídia.
2. CARTILHA DA EDUCAÇÃO POSTURAL
A postura é uma posição ou atitude do corpo para uma atividade
específica, ou para sustentá-lo. A boa postura refere-se àquela que a pessoa
mantém com esforço muscular mínimo, estabelecendo uma maneira individual
de sustentação do corpo, orientada em função da linha de gravidade. Em
contrapartida, a má postura aumenta o estresse sobre elementos corporais, e o
distribui para estruturas menos capazes de suportá-lo, provocando mudança no
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centro de gravidade e, em consequência, alterações posturais e dor.
Os problemas posturais comumente aparecem com o crescimento, em
decorrência dos comportamentos de risco adotados para a coluna vertebral,
como a utilização indevida das mochilas e a má postura ao sentar. A escoliose,
por exemplo, é uma condição que atinge mais de 20% da população infantil,
instalada por uma causa inicial associada ao estirão de crescimento; contudo,
em 75% dos casos, poderia ser evitada pela educação postural iniciada
precocemente.
Os maus hábitos posturais constituem problema de saúde coletiva,
atingindo estudantes de ambos os sexos em diferentes idades, acabando por
instigar fisioterapeutas e demais profissionais da saúde a propor programas
educativos para a busca de hábitos posturais saudáveis, bem como prevenir
futuras complicações.
O ambiente escolar é antes de tudo um espaço de concentração e,
portanto, os casos de deficiências posturais em discentes são relativamente
comuns, em virtude de situações que acompanham os indivíduos desde suas
realidades ou até em razões da própria rotina escolar ( mochilas, mobiliário
escolar, etc. ).
A disseminação dessas informações em ambiente escolar é
fundamentalmente prioritária, cabendo ao profissional de educação física, tutor
destes conteúdos, fomentar através de múltiplas ferramentas, a popularização
destes temas. E assim, elaboramos uma cartilha com linguagem de fácil
aquisição para discentes do ensino fundamental ( 8º ano do período vespertino
) do Colégio Estadual Anésio de Almeida Leite, público – alvo da nossa
intervenção.
Este material foi concebido em comprimento as etapas do nosso
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planejamento de trabalho e será distribuído aos discentes envolvidos e, ainda
uma versão encadernada será entregue a Direção do Colégio.
O documento é composto pelas seguintes partes : Apresentação,
Desenvolvimento e Conclusão. Nestas 12 laudas, procuramos explicitar a
importância da percepção da existência dos problemas posturais, suas causas
e enfrentamentos.
2.1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O presente trabalho foi subsidiado por obras como Alívio das tensões na
visão psicocorporal, onde Silvana Teixeira de Almeida apresenta a idéia de
ressignificação atrelada à questão postural, característica essencial para os
enfrentamentos em espaço escolar, conceito que aparece de maneira bem
adequada a este trabalho na obra de Miriam Abramovay em Escolas
Inovadoras, caracterizando a necessidade de realização de projetos que
contribuam para a diminuição das tensões nas instituições de ensino.
Apresentar a questão das inadequações posturais dos discentes em
ambiente escolar não parece uma tarefa muito simples, porém quanto ao
importante papel da disciplina de educação física na localização e
decodificação da simbologia dessas relações complexas e delimitadas por
ações sociais comprometidas por conceitos equivocados, recorremos a Érica
Verderi, em sua obra A Importância da Avaliação Postural, que evidencia o
poder do saber estratégico desta ciência no processo de entendimento do
problema, em alusão a um estado de constante conflito em ambiente escolar,
além de outras obras que nortearam e deram sustentação a esse trabalho
como: Educação Física Escolar na Perspectiva da Promoção da Saúde: Um
Estudo de Revisão, de Mauro de Barros e Fernando José da Cunha, A
Educação Postural na Escola, de Marcí Aparecida de Almeida etc. Atualmente
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existem algumas abordagens para a Educação Física Escolar, que buscam a
articulação das diferentes dimensões do ser humano. Para Gonçalves (1997) a
Educação Física tem um papel importante para a vida humana, se destacando
como ato educativo que: relaciona-se diretamente à corporalidade e ao
movimento do ser humano. Implica,portanto, uma atuação intencional sobre o
homem como ser corpóreo e motriz, abrangendo formas de atividades físicas,
como a ginástica, o jogo, a dança e o desporto. (p. 134) 380
Segundo Hurtado (1983), a Educação Física destina-se a promover o
desenvolvimento físico, social, emocional e mental da criança através da
atividade corporal. Assim, torna-se explícita a preocupação com o
desenvolvimento integral da criança, como ser convivente e agente da
sociedade, possuidora de vontade e limitações. A Educação Física inserida do
contexto escolar é, sobretudo, Educação. Os valores/fins da Educação em
geral, assim como seus objetivos, estendem-se totalmente à Educação Física
que, "como ato educativo, está voltada para a formação do homem tanto em
sua dimensão pessoal como social" (GONÇALVES, 1997), ou seja, o
desenvolvimento da totalidade do ser.
2.2 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Reconhecemos que a questão postural ainda, apesar de esforços carece
de intenso trabalho de reconhecimento em ambiente escolar e neste sentido, o
envolvimento de colegas e parceiros não atinge o público de maneira
significativa.
Contribuímos para a participação de professores e alunos na construção
de ações de conscientização. A participação da família ainda se deu de forma
bastante limitada na maior parte dos eventos da pesquisa. Nesta escola aqui
abordada, entretanto, observou-se a existência de diversas estratégias
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voltadas à construção de relações positivas e compartilhadas com as famílias e
as comunidades. com relação à comunidade, o investimento em sua
participação efetiva no dia-a-dia foi, igualmente, a saída encontrada pela escola
para aproximar seu trabalho das legítimas aspirações da população, em um
entorno particularmente violento e problemático.
Vale atentar ao fato de que, se não há uma grande diferença no estado
físico da escola onde a implementação ocorreu em relação à maioria das
escolas públicas do país, é com respeito às práticas e atitudes dos integrantes
da escola e do seu entorno face ao espaço escolar que se estabelece o novo.
A participação da comunidade, muitas vezes, preenche determinadas
carências das escolas. como na maioria delas há dificuldades para a obtenção
de recursos para investimentos, notadamente os de infra-estrutura, é comum a
realização de pequenas reformas com a participação dos moradores e
comerciantes locais. Estas iniciativas têm-se revelado um bom mecanismo de
aproximação com o entorno.
Um aspecto digno de atenção em nossa pesquisa foi o processo de re -
significação das atitudes posturais após a disseminação do nosso trabalho.
Notou - se que uma sensível mudanças em hábitos e a diminuição de
indivíduos em atitude físico - postural equivocada em salas de aula. Uma
situação gratificante para nós e fundamentalmente importante para os
envolvidos. Tais procedimentos singularizam o comportamento dos jovens, dos
professores e da escola, determinando para a pesquisa um infinidades de
possibilidades de estabelecimento de outros enfoques.
Pensamos que o primeiro resultado concreto da implementação de
nossa empresa nesta realidade escolar foi de orientação aos professores sobre
a importância da profilaxia e prevenção das dores nas costas, queixas comuns
dos educandos devido a posturas pobres. Como esperado, obtivemos um
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grande efeito na redução de alterações posturais em discentes. Portanto a
variação das posturas corporais e das atividades didáticas seria uma forma de
aumentar a satisfação dos envolvidos durante o dia letivo.
A pesquisa comprovou que as aulas de Educação Física podem
realmente melhorar o nível de consciência e imagem corporal através da
educação postural.
A pesquisa ainda salientou a necessidade do uso de novas tecnologias
aplicadas a prática nas aulas de educação física escolar, visto que a
apresentação do software SAPAF JOVEM 1.0 aos professores colaboradores e
aos discentes em momentos e espaços distintos, possibilitou uma maior
familiaridade no trato com a questão postural em ambiente escolar. O domínio
de linguagem tecnológica aparece como obrigatório para o docente desta e das
outras áreas do conhecimento.
Criamos um grupo de discussão acerca da questão postural em
ambiente escolar.
Produzimos um material multimídia que ficará a disposição da escola
para auxiliar na abordagem de outras pesquisas e ainda através deste criamos
um vínculo com mestres e doutores desta valorosa disciplina, enriquecendo
nossos horizontes de pesquisa.
Concluímos, conforme resultados das avaliações posturais que os
discentes que apresentaram resultados físico - posturais com alterações
também apresentavam deficiências de aprendizagem, respondendo a nossa
maior indagação proposta pela pesquisa.
Cremos, após a captação dos resultados desta pesquisa que a utilização
do software SAPAF JOVEM 1.0 para diagnosticar ou aferir distúrbios posturais
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em discentes do ensino fundamental, aparece com um importante instrumento
para o professor de educação física escolar e, neste sentido, recomendamos.
Entendemos que o maior obstáculo ao êxito do trabalho foi a pouca
colaboração do corpo docente que, em determinado momento da pesquisa não
aconteceu.
Pensamos ainda que a impossibilidade de divulgação de dados sobre a
avaliação postural realizada, sistematizada e armazenada no programa SAPAF
JOVEM 1.0 devido a uma possível inquietação de país e ou responsáveis de
uma comunidade simples, limitou de forma importante a pequisa.
E, finalmente falhamos ao apresentar resultados e discussões medianas
que creditamos em parte a nossa inexperiência em trabalhos científicos e
também ao escasso tempo dedicado ( em meio a provas e problemas inerentes
à profissão de educador ).
Sabemos que a Educação Física, pouco a pouco, tem buscado o seu
lugar ao sol dentro da escola, como uma fonte de conhecimento necessário
para a construção de um novo cidadão, mais completo, mais integrado e
consciente de seu papel na sociedade a qual pertence. Buscamos com este
trabalho, abrir os olhos, tanto dos profissionais da Educação Física como das
demais áreas do conhecimento, para que possam ver o grande valor da
Educação Física para os alunos e da sua colaboração para uma Educação total
do homem.
Atualmente a Educação Física começa a lutar por sua legitimidade,
querendo assim, conquistar um lugar de respeito junto aos demais
componentes curriculares. A Educação Física está em busca de seus princípios
fundamentais, questionando quais são seus objetivos, seus conteúdos, suas
metodologias de modo à dizer da sua importância junto aos demais saberes
escolares. Segundo Mattos & Neira (2000, p.25):
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[...] para inserir a Educação Física dentro do currículo escolar e coloca-la no mesmo grau de importância das outras áreas conhecimento é através da fundamentação teórica, da vinculação das aulas com os objetivos do trabalho, da não improvisação e, principalmente, da elaboração de um plano que atenda às necessidades, interesses e motivação dos alunos.
Desta forma, a Educação Física está lutando para ser compreendida
como parte integrante da cultura escolar, isto é, enquanto um componente que
desenvolve atividades expressivas dos alunos tais como: jogos, ginásticas,
danças esportes, brincadeiras, lutas... enfim, como um componente que prime
pela produção de cultura do educando.
2.7 REFERÊNCIAS
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