A DOENÇA DE CHAGAS · Prevalência da Doença de Chagas em gestantes em Goiânia- GO e...
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Universidade Federal de Goiás - Regional Jataí Município de Jataí – Goiás
A DOENÇA DE CHAGAS
A Doença de Chagas é transmitida pelo
barbeiro, um inseto que vive aqui no Brasil, e
causada pelo Trypanosoma cruzi, um
microrganismo que pode estar presente nas fezes
desse inseto. Quando o inseto pica alguém, ele
deixa suas fezes no local. A picada gera coceira, o
que favorece a entrada do microrganismo para a
corrente sanguínea através da lesão, podendo levar
à doenças e até à morte.
O que é a doença de Chagas?
Nove mbro/2018
Vo lume 2 , Número 3
Transmissão O Trypanosoma cruzi é um protozoário,
causador da doença, e acomete indivíduos
frequentemente no continente americano,
principalmente na América Latina, onde é
endêmico em 22 países, ou seja, ocorre muito
nestes locais todos os anos. A transmissão tem
sido sempre relacionada ao barbeiro e a outros
como o açaí e a cana de açúcar. Porém, a presença
do barbeiro é o principal sinal de alerta para o
risco de adquirir a doença de Chagas, pois o
Trypanosoma cruzi está presente nas fezes do
inseto infectado. Esse inseto pode pousar sobre a
pele de alguma pessoa e picá-la, momento durante
o qual também defeca. A pessoa picada
geralmente coça a ferida e facilita o contato entre
as fezes contaminadas e o local machucado pelo
barbeiro. Dessa forma, o homem contrai a Doença
de Chagas. Pessoas com essa doença podem
transmití-la ao inseto, que a passa de novo ao
homem, tornando a transmissão um ciclo.
Também chamado de “chupão”,
“chupança”, “bicudo”, “fincão” ou “procotó”, o
barbeiro é um inseto muito comum nas áreas rurais
Como identificar o barbeiro?
Sintomas e o que fazer se apresentá-los
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Doença de Chagas
silvestres; outras, se adaptaram à casa do homem e
são domésticos; e outras são capazes de viver
tanto na floresta quanto ao redor das casas,
chamadas de peridomésticos. Todas são capazes
de transmitir a Doença de Chagas se estiverem
infectadas pelo T. cruzi, mas as mais perigosas são
as domésticas, porque estão muito mais próximas
do ser humano.
A doença de Chagas manifesta alguns sintomas como febre, mal estar, inchaço na região dos
olhos, geralmente em apenas um lado; mancha avermelhada na região da picada do inseto, cansaço,
vermelhidão no corpo, dores no corpo, enjoos, vômitos, diarreia, “ínguas”, dor na barriga, dificuldade
para comer, aceleração do coração e palpitações diferentes. No caso de apresentar alguns desses sintomas,
deve-se procurar assistência médica, melhor ainda se for um infectologista (lembrando que na UBS –
Unidade Básica de Saúde ou “postinho”, você é encaminhado para um médico especialista sempre que
possível e necessário), para a realização do tratamento medicamentoso, caso seja feito diagnóstico. O
tratamento consiste na utilização de medicamentos antiparasitários para matar o T.cruzi, e também para
alívio de todos os sintomas. É muito mais eficaz, todo este tratamento quando a doença é descoberta cedo,
ou seja, diante de qualquer um dos sintomas a seguir visite um médico e comente com ele a sua suspeita.
Prevenção e cuidados
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A maneira mais interessante de se fazer a profilaxia da Doença de Chagas seria a vacinação, mas
com os conhecimentos científicos que possuímos no momento, não é possível a produção da vacina. Essa
dificuldade se dá porque o parasita consegue “se esconder” em tecidos do corpo que não são facilmente
alcançados pela resposta gerada pela vacina. Mesmo assim, muitos laboratórios ao redor do mundo,
incluindo alguns bem próximos de nós, como o IPTSP da UFG, trabalham incansavelmente para
alcançarmos essa vitória sobre a doença.
Tem-se recomendado a prescrição, pelo médico, de medicamentos que combatem o microorganismo,
mesmo em pacientes que estão infectados mas não manifestam a doença. Isso para que, caso haja falha na
destruição do vetor (o inseto barbeiro), os pacientes não infectem outros.
Sendo assim, nossa única defesa garantida contra o T. cruzi é evitar que o barbeiro nos infecte. Isso
- Febre - Mal estar - Fadiga - Eritema difuso - Dores no corpo - Náusea - Vômito - Diarreia - Disfagia
- Adenomegalia - Dor abdominal - Taquicardia e palpitações - Inchaço periorbital unilateral - Mácula eritematosa ao redor da picada do vetor
Sintomas
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Doença de Chagas
Epidemiologia
Sendo assim, nossa única defesa garantida contra o T. cruzi é evitar que o barbeiro nos infecte. Isso
deve ser levado muito a sério e pode ser alcançado se não permitirmos que o inseto forme colônias em nossas
residências. O extermínio dessas colônias é feito através da aplicação de inseticidas específicos por equipes
técnicas habilitadas, responsabilidade do Governo. Em lugares onde os insetos podem entrar nas casas através
de frestas ou aberturas, é recomendável a utilização de telas metálicas e mosquiteiros.
Em locais próximos de matas ou em atividades desenvolvidas nestes locais, como caçadas, pescas ou
acampamentos, devemos usar sempre medidas de proteção individual, como repelentes e roupas de mangas
compridas. As barracas para pernoite devem ser armadas com cuidado e ser inspecionadas sempre que possível
para evitar que insetos possam entrar nelas através de rasgos ou buracos.
É possível transmitir a doença através de alimentos infectados ingeridos. Para evitar isso, é importante
manter a iluminação distante do local de preparo dos alimentos (para q os insetos não sejam atraídos pela luz),
capacitar os preparadores de alimentos e cozinhar bem qualquer alimento antes de consumí-lo. O congelamento
não mata o T. cruzi, mas a alta temperatura (acima de 45ºC) faz bem o serviço.
Se um morador encontrar um barbeiro em sua casa, deve evitar matá-lo por meio mecânico. Não
esmague, bata, aperte ou danifique o bichinho. Se ele estiver infectado, poderá espalhar os microorganismos.
Ao invés disso, devemos tentar capturá-lo e enviá-lo para ser analisado, por exemplo em uma UBS. Nem todos
os insetos estarão infectados com o T. cruzi, e é importante para as autoridades de saúde saberem se aqueles
encontrados em determinada região estão. Não se esqueça de proteger as mãos com sacos plásticos ou luvas, e
de colocar o inseto num recipiente fechado, com tampa de rosca, para que não escape.
No Brasil, já foram registrados mais de
mil casos no ano passado, sendo que, conforme os
dados do Ministério da Saúde, do ano de 2001 até
o ano de 2017 foram notificados 63 casos de
acometimento pela doença no estado de Goiás,
sendo 4 deles registrados no município de Jataí
(BRASIL, 2018). Entretanto, o fato de o número
de casos parecer ser pequeno na cidade não
diminui os riscos, pois há a possibilidade de que
vários casos da doença tenham sido
subnotificados pelos profissionais da saúde, ou profissionais da saúde, ou seja, de que não tenham sido registrados e notificados para a vigilância
epidemiológica na oportunidade adequada. Dessa forma, é importante que tanto os médicos quanto os
pacientes contribuam com as informações para o registro das notificações, para que a população possa se
informar e estar em alerta.
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Os barbeiros vetores da Chagas podem
aparecer em todas as estações do ano, embora
sejam, principalmente, mais prevalentes em
estações quentes e chuvosas. Em Jataí, a estação
da primavera é caracterizada por ser quente e
chuvosa, proporcionando um ambiente muito
favorável para a proliferação dos barbeiros,
podendo se prolongar de setembro até janeiro.
§ MINISTÉRIO DA SAÚDE. Superintendência de Campanhas de Saúde Pública. Doença de Chagas: Textos de apoio. Brasília: Ministério da Saúde. Sucam, 1989. 52p. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/22doenca_chagas.pdf>. Acesso em: 19.out.2018.
§ NEVES, David Pereira. Parasitologia humana. 13. ed. São Paulo: Atheneu, 2016. § BRASIL.DATASUS. Casos de tuberculose notificados no SINAN em Goiás. Disponível em:
<http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?sinannet/cnv/tubercgo.def> Acesso em: 19.out.2018. § SIRIANO, Liliane da Rocha. Prevalência da Doença de Chagas em gestantes em Goiânia- GO e integração de
minicírculos de KDNA de Trypanossoma cruzi em lactentes de mães infectadas. Tese (Doutorado em Parasitologia) – Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública, Universidade Federal de Goiás. Goiânia, p.p. 17-18. 2013.
§ MINISTÉRIO DA SAÚDE. Guia de Vigilância em Saúde. Volume único. Brasília, p.p.480-503. 2016. § OPAS/OMS. Guia para vigilância, prevenção, controle e manejo clínico da doneça de Chagas aguda transmitida por
alimentos. Rio de Janeiro. 2009. § MINISTÉRIO DA SAÚDE. Doença de Chagas. Disponível em: <www.portalms.saude.gov.br/doença-de-chagas>. Acesso
em: 21.out.2018.
Referências bibliográficas
BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO DE JATAÍ (BEJ) Elaboração: Lucas Tavares Silva, Luciana Ruivo Dantas, Rodrigo Gomes de Andrade, Ruth Mellina Castro e Silva, Thalia Tibério dos Santos. Ilustrações: Raissa Venturini Dall’Oglio. Coordenação e Supervisão: Profa. Edlaine Faria de M. Villela Monitoria: Andréia Cristina Rosa Juliana Carvalho Disciplina: Práticas de Integração Ensino, Serviço e Comunidade III EpiServ é um projeto de ensino, pesquisa e extensão focado na qualidade da informação em saúde e na divulgação científica! Você quer fazer parte da nossa equipe? Entre em contato: E-mail: [email protected] Facebook: @episerv