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Universidade Candido Mendes Pós-Graduação “ Lato Sensu “ Projeto Vez do Mestre “... A distância do brincar... do nascimento aos seis anos” Nome: Veronica Maria de Souza Orientador: Marysue Rio de Janeiro 2004

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Universidade Candido Mendes

Pós-Graduação “ Lato Sensu “

Projeto Vez do Mestre

“... A distância do brincar...

do nascimento aos seis anos”

Nome: Veronica Maria de Souza

Orientador: Marysue

Rio de Janeiro

2004

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO VEZ DO MESTRE

“ ... a importância do brincar

do nascimento aos seis anos”

OBJETIVOS:

A espontaneidade e a criatividade unem-

Se ao brincar com a aceitação crescente

das regras sociais e morais. Brincando

a criança se humaniza, aprendendo a

conciliar de forma efetiva a afirmação

de si mesma á criação de vínculos

afetivos duradouros. O brincar vem a

ser a ferramenta por excelência de

que dispõem a criança para aprender a

viver. Brincadeira e imitação dão as

mãos nesse processo.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por ter me dado coragem e fé para

concretizar esse trabalho e curso.

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DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho primeiramente à Deus por ter

me dado muitas pitadas de fé e coragem, aos meus

pais, aos meus alunos pela sua matéria-prima, as

minhas amigas Fernanda e Márcia, ajuda e

companheirismo e pelas minhas amigas e amigos

de classe palas grandes trocas.

Valeu !!!

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RESUMO

O brincar faz parte inseparável do processo de desenvolvimento infantil, cognitivo e afetivo- emocional, não podendo ser visto como uma atividade complementar, supérflua ou até mesmo dispensável , o que não ocorre na maioria das escolas que tenho observado, não se dá o tratamento adequado que a atividade lúdica merece, muitos profissionais não tem conhecimento dessa importância.

Do nascimento aos seis anos, a criança percorre em

rápidas passadas aquilo que a humanidade levou milênios para conseguir atingir. Essa aceleração vertiginosa, alcançada pelas estruturas mentais, é possibilitada e extremamente facilitada pelos esquemas lúdicos, que se caracterizam justamente pelo predomínio do prazer sobre a tensão do esforço prolongado, na busca de melhor adaptação a realidade.

A criança quando brinca na escola ou em casa ela está na

verdade treinando inconscientemente para sua vida adulta. Brincando, a criança vai construindo os alicerces da

compreensão e da utilização de sistemas simbólicos como a escrita, assim como da capacidade e habilidade em perceber, criar, manter e desenvolver laços de afeto e confiança no outro. Esse processo tem início desde o nascimento, com o bebê aprendendo a brincar com sua própria mãozinha, e mais adiante, com a mãe.

Assim como aos poucos vai coordenando, agilizando e

dotando seus gestos de intenção e precisão progressivas, vai aprendendo a interagir com os outros, inclusive com seus pares, crescendo em autonomia e sociabilidade.

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METODOLOGIA

Esta metodologia de valorizar atividades lúdicas se destina a apoiar e a vivenciar de como nós educadores devemos nos posicionarmos frente a importância do lúdico para nossas crianças. Utilizando-se desses conhecimentos, as atividades pedagógicas podem ser propostas de maneira a resgatar o interesse do brincar no seu cotidiano escolar.

Pois o lúdico não está somente nos brinquedo, nos jogos,

mas sim na criança. Tornando ela capaz de compreender e ler o mundo.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ...................................08

CAPÍTULO I ...................................10 O BRINCAR E A CRIANÇA DO NASCIMENTO AOS SEIS

ANOS ............................................11 CAPÍTULO II ..................................15 A CRIANÇA PEQUENA E O DESPERTAR DO BRINCAR....16 CAPÍTULO III .................................18 BRINCAR, FANTASIAR, CRIAR E APRENDER..........18 BIBLIOGRAFIA..................................22 ATIVIDADES CULTURAIS..........................24 CONCLUSÃO.....................................26 ÍNDICE........................................27 FOLHA DE AVALIAÇÃO............................28

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INTRODUÇÃO

No brincar, casam-se a espontaneidade e a criatividade com a progressiva aceitação das regras sociais e morais.

Em outras palavras, é brincando que a criança se

humaniza, aprendendo a conciliar de forma efetiva a afirmação de si mesma à criação de vínculos afetivos duradouros.

O brincar dela deriva não sendo uma prerrogativa humana,

mas muito mais amplo e precoce, o lúdico afirma suas raízes em sociedades animais constituindo-se, não apenas como uma preparação à vida adulta, mas como uma atividade que contém sua finalidade em si mesma, que é buscada para o momento vivido.

Com a criança, o brincar dá continuidade a

características válidas para outras espécies vivas, mas também as prolongadas, aperfeiçoa e especializa, havendo se convertido numa das estratégias selecionadas pela natureza e pelo próprio homem, na formação de sua autonomia e sociabilidade ajudando-o a atravessar sua longa infância e adolescência.

É brincando que a criança elabora progressivamente o

luto pela perda relativa dos cuidados maternos, assim como encontra forças e descobre estratégias para enfrentar o desafio de andar com a própria cabeça, assumindo a responsabilidade por seus atos. Constitui-se assim na ferramenta de que dispõe para aprender a viver. Brincadeira e imitação andam de mãos dadas, em intima colaboração nesse processo.

Pais e educadores que respeitam a necessidade da criança

de brincar estarão construindo, portanto, os alicerces de uma adolescência mais tranqüila ao criar condições de expressão e comunicação dos próprios sentimentos e visão do mundo.

Buscar mostrar como o lúdico não está nas coisas, nos

brinquedos ou nas técnicas, mas nas crianças, ou, melhor dizendo, no homem, que as imagina, organiza e constrói.

O brincar, assim como o descobrir e inventar novas

coisas e/ou técnicas, são possibilidades, que se desenvolvem ao longo da história, muitas vezes de maneira entrelaçada.

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O lidar como o imaginário, com o virtual, ao invés de alienar a criança, ajuda-a a separar a fantasia da realidade desde que ela encontre condições físicas de brincar no chão de verdade, com outras crianças de carne e osso.

No primeiro capítulo, traço o eixo maior da evolução

lúdica do nascimento aos seis anos, mostrando como o brincar a criança desenvolve sua inteligência, aprendendo progressivamente a representar simbolicamente a sua realidade.

O desenvolvimento cognitivo e afetivo-emocional entrelaçam-se de forma dinâmica, criativa e prazerosa.

No segundo capítulo procuro relatar momentos marcantes

do desenvolvimento nos seus primeiros anos de vida, traçando esse despertar do brincar.

No terceiro capítulo, enfoco a brincadeira de dois a

quatro anos, dando prosseguimento ao trabalho realizado com crianças da pré-escola.

Associando a criatividade lúdica a artística, em suas

modalidades plásticas, músicas e cênicas. Tratando do brincar em crianças de quatro a seis anos

onde o processo ensino aprendizagem é objetivando e mediado via lúdico.

Visando a melhor compreensão da fundamental importância

do brincar, do nascimento aos seis anos.

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CAPÍTULO I

“O brincar e a criança do nascimento

aos seis anos”

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O BRINCAR E A CRIANÇA DO NASCIMENTO AOS SEIS ANOS

O brincar da criança, do nascimento aos seis anos, tem

uma significação especial do desenvolvimento e para educação.

Esse brincar tem três grandes núcleos organizadores,

que, como pólos, carregado de forças magnéticas, atraem e norteiam a criança: são eles: o corpo, o símbolo e a regra ou seja, o brincar do bebê do próprio corpo, a brincadeira simbólica e o jogo de regras.

1.1 – O BRINCAR COM O SEU CORPO:

RITMO E RECONHECIMENTO. O brincar do bebê tem uma importância fundamental na

construção de sua inteligência e de seu equilíbrio emocional, contribuindo para sua afirmação pessoal e integração social.

As estruturas mentais são organizadas e só desenvolvem

se houver possibilidade de expressão e comunicação com o meio.

Vida a fora o meio exercerá sua influência, sua atração

“ falará” à criança das suas diferentes “linguagens”, convidando-a ou mesmo impelindo-a a agir ou, por outro lado, inibindo-a. A criança, contudo, tornará sempre parte ativa nessa escolha e seleção.

O brincar ensina a escolher, a assumir, a participar, a

delegar, a postergar. Aprender a agir, inclusive a brincar, só se dá em

contato íntimo e significativo. No início da vida é a mãe ou quem a substitua. Não há possibilidade de aprendizagem e consequentemente de humanização fora do convívio social, sem vivenciar e sentir realmente um vínculo afetivo , estável e confiável, que no começo é muito mais sentido do que manifesto.

É a crença no retorno periódico da mãe, que alimenta, protege, aquece, conversa e brincar, que dá forças ao bebê para suportar sua ausência. O caráter ondulatório e cíclico de sua atividade lúdica, simbolicamente que está aprendendo a esperar e a suportar a tensão e a frustração da separação, justamente porque confia em seu retorno.

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Essa confiança, misto de esperança e ansiedade, manifesta-se inclusive na postura da criança, como em sua expressão facial, em seu olhar, em seu sorriso. Consequentemente, quando confia, a brincadeira ganha em movimento, interação, exploração e inovação.

Assim, após momentos de maior frustração, o brincar

compensa e reequilibra o organismo, chegando mesmo a armazenar bem-estar, se assim podemos dizer, para momentos futuros.

1.1.1 – A BRINCADEIRA SIMBÓLICA: UMA

NARRATIVA DE VIDA. A passagem da atividade lúdica com características

predominantes ondulatórias e funcionais do faz-de-conta, que constrói uma cena seqüencial inaugura o primado da narrativa e do drama no brincar.

O brincar, por ser uma atividade livre que não inibe a fantasia, favorece o fortalecimento da autonomia da criança e contribui para a não formação e até quebra de estruturas defensivas.

Dramatizar o vivido, representando-o, ajuda a criança a

afirmar-se como pessoa e a externalizar sentimentos e pensamentos, inclusive os de hostilidade.

- Esquemas Simbólicos: Neste estágio a criança já é capaz de trabalhar com situações ausentes, surgindo a brincadeira de faz-de-conta. Esse tipo de conduta ainda é considerado elementar, pois está relacionada ás ações do cotidiano e ao próprio corpo da criança.

- Aplicações de ações em outros: a criança começa a aplicar nos bonecos e nos adultos ações que são aplicados sobre elas. Com essas atitudes a criança demonstra que já consegue diferenciar suas ações com relação ás ações do adulto, compreendendo que o adulto é um parceiro semelhante a ela. Esse fato vem enriquecer mais a interação entre o adulto e a criança.

- Conduta Simbólica:

- Sistematização da aplicação de ações em outros: O simbolismo presente na brincadeira da criança

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encontra-se mais complexo, estando a aplicação de ações no outro e nos bonecos mais generalizada ( a criança projeta na ação com os bonecos e com os adultos seus desejos e sentimentos). Neste estágio os bonecos deixam de ser considerados como seres passivos e passam a ser vistos como parceiros ativos. Desta forma a criança começa a respeitar os possíveis desejos dos bonecos.

- Seqüencialização de ações simbólicas: nesta fase pode ser observado que as ações da criança durante o brincar apresentam uma melhor coordenação espaço-temporal. Assim, quando a criança simboliza que o boneco vai para a escola, coloca o uniforme no boneco, arruma o material e depois o leva á escola. Desta forma suas ações estão seqüencializadas e organizadas, similarmente ás ações vivênciadas em seu cotidiano.

- Uso de símbolos: a criança não trabalha mais apenas com a função concreta dos objetos, já é capaz de representar um objeto com o uso de outro para desempenhar a função que deseja. Para explicar melhor pode analisar-se o seguinte exemplo : se durante a brincadeira a criança necessitar de uma panela e esta não estiver disponível, uma tampinha pode perfeitamente desempenhar o papel da panela. Não só um objeto pode ser transformado em outro, mas também os gestos e a fala podem ser utilizados como símbolos para resolver determinados problemas e situações. Quando a criança começa a utilizar símbolos demonstra estar apta para trabalhar com os conceitos.

Com as citações descritas foi possível observar que,

através das atitudes simbólicas que a criança demonstra em suas brincadeiras, pode-se Ter um perfil de como está seu desenvolvimento cognitivo e de linguagem, tendo em vista que o desenvolvimento destes três aspectos ocorre de forma concomitante.

1.1.2 – FANTASIAR EM EQUIPE: UM GRANDE DESAFIO

No faz-de-conta solitário, em que a criança de dois a

quatro anos vive vários papéis sociais, como o da mãe, do pai ou do irmão, ele exercita para brincar com as outras crianças, aprendendo a ceder e a compartilhar mais tarde,

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numa brincadeira simbólica coletiva, onde as regras sociais já se esboçam e começam a ser internalizadas.

No faz-de-conta coletivo ainda não há a colaboração

e/ou competição manifesta que surgirão no jogo de regras, mais tarde, mas já está presente, sem dúvida a necessidade de pelo menos parcialmente, o outro, para poder ser aceito no grupo.

Ao brincar, aprender também que não basta ter uma idéia

nova e divertida, mas que é preciso, para pô-la em prática, convencer o grupo de que vale a pena argumentando.

A habilidade da negociação faz com que descubra a

importância de saber escutar, inclusive para fazer-se ouvir. Aprender assim a pensar em equipe. A força do grupo no brincar começa através de contatos

muitos breves e intermitentes, mas, pouco a pouco, arrasta a criança em seu movimento de abertura e socialização, ajudando-a a se liberar de dependência exagerada da mãe e a construir sua autonomia.

O brincar, principalmente nos primeiros anos da vida,

vem a ser uma situação altamente significativa para a formação da personalidade e criatividade, ajudando-a inclusive a identificar, controlar e canalizar impulsos provenientes de fantasias agressivas para atividades mais adaptadas nesse processo.

A organização da motricidade e da capacidade de

representar a realidade se entrelaçam num movimento dinâmico, que forma e reflete sua estruturação mental.

O brincar da criança combina corpo e símbolo numa

inserção gradual e progressiva no universo histórico – cultural, que contém regras sociais e morais que a ajudam a manter-se no eixo maior do respeito a si, ao outro e a liberdade.

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CAPÍTULO II

“a criança pequena e o despertar do brincar”

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A CRIANÇA PEQUENA E O DESPERTAR DO BRINCAR

2.1 – OS PRIMEIROS DOIS ANOS DE VIDA Contrariamente à opinião generalizada de que o ato de

brincar se inicia por volta dos dois anos de idade, quando a criança começa a “dramatizar”, utilizando o jogo “faz-de-conta”, o comportamento lúdico tem seu início, já desde o primeiro mês de vida, mediante reações espontâneas e prazerosas. Assim, o bebê pode responder o movimento de um brinquedo próximo de sua vista, seguindo-o com o olhar ou com o girar da cabeça, entre outras formas preliminares de comportamento que revelam certas expressões de prazer e de distração.

A partir desses primeiros sinais, o brincar vai se

configurando ao longo da infância, incluindo “dramatização”, como uma das fases de maior significação no comportamento lúdico.

A criança, nos seus três primeiros meses, podem

divertir-se por sua própria conta, com seus pés ou suas mãos, observando-os e movimentando-os com espontaneidade e satisfação.

2.1.1 – O BRINCAR E O INGRESSO AO TEMPO

HISTÓRICO E CULTURAL O brincar tem um papel fundamental, já que contribui

decisivamente na construção da autonomia e da convivência autêntica.

Aprender a tecer os fios que nos ligam aos outros de

forma saudável e duradoura, mantendo flexibilidade de ambos os lados, não é nada fácil. O brincar contribui decisivamente para o bem-estar físico e mental, de forma complementar.

Criar situações propícias ao brincar, associado de

diversas formas a atividades artísticas, em instituições de educação infantil (0 a 6 anos). Contribuiu decisivamente para o desenvolvimento cognitivo e afetivo-emocional da criança, tornando-a mais confiante, sociável, reflexiva e criativa.

É o social que vai decodificando a realidade para a

criança, denotando-a e conotando-a segundo sua história de

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vida e sua cultura. Nesse sentido, as decisões e atribuições de valor da criança pequena dependem muito do que ela observa a seu redor.

Em seu desenvolvimento, a criança vai reestruturar

continuamente seu campo de ação, tentando encontrar novas formas de contornar barreiras a fim de obter o que quer, conseguindo mesmo fazer trajetos parciais em sentido inverso ao do objetivo maior.

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CAPÍTULO III “ brincar, fantasiar, criar e

aprender”

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No comportamento diário das crianças o brincar é algo que se destaca como essencial para o seu desenvolvimento e aprendizagem.

Dessa forma se quisermos conhecer bem as crianças,

devemos conhecer seus brinquedos e brincadeiras. No decorrer do desenvolvimento, várias maneiras de

brincar aparecem. Da mesma forma que a criança adquiriu habilidades de andar, falar, escalar, etc... Através da prática repetitiva, ela passa do jogo de exercício para o jogo simbólico, utilizando o faz – de – conta para introduzir no mundo dos adultos. Significa que a criança progride da necessidade de experimentar alguma coisa para a habilidade de pensar sobre ela.

Ela passa a representar vários tipos de papéis: pais,

professores, artistas de rádio e tv, médicos , etc. Dá novos significados e funções a objetos.

A mudança no conteúdo da brincadeira da criança está

intimamente relacionada á mudança em suas atividades rotineiras.

Em todos esses cenários o mundo real é suplementados

pelo mundo de fantasia: a lona do mundo de faz-de-conta é estendida sobre o real.

1.1.1- Brincadeira de faz de conta: Um

caminho para as primeiras competências

Segundo Vygolsky (1984) escreveu que no brincar a

criança está sempre acima de sua idade média, acima de seu comportamento do diário. Assim, na brincadeira de faz-de-conta as crianças manifestam certas habilidades que não seriam esperadas para a sua idade. Nesse sentido, a aprendizagem cria a zona de desenvolvimento proximal, ou seja, a aprendizagem desperta vários processos internos de desenvolvimento. Desse ponto de vista, aprendizagem não é desenvolvimento, entretanto, o aprendizado adequadamente organizado resulta em desenvolvimento mental e põe em movimento vários processos de desenvolvimento que, de outra forma seriam impossíveis de acontecer. Embora a aprendizagem esteja diretamente relacionada ao curso de desenvolvimento da criança, os dois nunca são realizados em igual medida ou em paralelo. “ O processo de desenvolvimento progride de

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forma mais lenta e atrás do processo de aprendizagem “. Resultando desta seqüenciação as zonas de desenvolvimento proximal.

Leva a supor que o brincar pode aumentar certos tipos

de aprendizagem, em particular, aqueles que requerem processos cognitivos mais aqueles que requerem processos cognitivos mais elevados e auto motivação. Através da imaginação e exploração, as crianças desenvolvem suas próprias teorias do mundo, que permitem a negociação entre o mundo real e o imaginado por elas.

Um ponto importante é que essas experiências tomam uma

forma simbólica. Assim, dando tempo para brincar, um ambiente para explorar e materiais que favoreçam a brincadeira de faz–de–conta, os adultos estarão promovendo a aprendizagem das crianças.

2 - O brincar construtivo Os blocos de construção e encaixe são peças

fundamentais para o desenvolvimento infantil, principalmente na fase pré-escolar.

Brincando com blocos de construção e encaixe, as

crianças estão obtendo conhecimentos de proporções e aprendendo reações físicas de causas e efeito.

Tal como o jogo sócio dramático o brincar construtivo

requer grandes períodos de tempo para atingir todo o seu potencial.

O desafio a ser superado pela criança deve ser adequado

a seu nível de desenvolvimento. Se for muito difícil ela irá desanimar ou, muito fácil, ela irá se desinteressar. A construção de alguma coisa tem um significado especial para cada criança, pois elas podem ver suas idéias tomar uma concreta. Ao mesmo tempo, elas se sentirem donas desta construção e, por isso, podem derrubá-las mas não permitem que ninguém o faça.

Por toda essa multiplicidade de funções e

possibilidades de exercícios, os blocos podem e devem fazer parte das ações de brincadeiras do dia-a-dia da criança.

Outros brinquedos de encaixe e construção são os

quebra-cabeças que servem de estímulo ao raciocínio, pois

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mantém a atenção durante longo tempo favorecendo a sociabilidade e a cooperação quando montados em grupos.

2.1- O brincar no referencial curricular

nacional para a educação infantil Em 20 de dezembro de 1996, entrou em vigor no Brasil a

Lei 9.394/96, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional.

Nessa lei, vimos que a educação escolar compõe-se de

educação básica é formada por educação infantil, ensino fundamental e ensino médio (artigo 21).

Este marco é muito importante, pois pela primeira vez

na história de nosso país a educação infantil é vista como básica, ressaltando a importância da infância para o sistema escolar.

A finalidade do trabalho na educação infantil é o

desenvolvimento integral da criança, complementando a ação da família e da comunidade.

O Ministério da Educação e do Desporto com a intenção

de auxiliar os profissionais em educação infantil elaborou os referenciais curriculares nacionais (R.C.N.), como guia de reflexão de cunho educacional sobre objetivos, conteúdos e orientações didáticas, respeitando seus estilos pedagógicos e a diversidade cultural brasileira (1,998:8).

O brincar, jogos e brincadeiras constam como recursos

necessários na construção da identidade, da autonomia infantil das diferentes linguagens das crianças (verbais e não verbais).

Para a educação explicita-se o direito de que toda

criança tem de viver experiências prazerosas nas instituições. Há clareza quanto à importância do aprender a movimentar-se através dos jogos, brincadeiras, danças e práticas esportivas, inclusive ressaltando o papel da cultura corporal, onde esses recursos expressivos se manifestam através das expressões faciais dos gestos, das posturas corporais.

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BIBLIOGRAFIA

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- OLIVEIRA, Vera Barros de. (organizadora). A informática em psicopedagogia. São Paulo, Senac, 1996.

Rituais simbólicos no processo de auto-regulação. São Paulo,1998,327.P. Tese (livre docência) - Instituto de Psicologia, universidade de São Paulo.

O símbolo e o brinquedo – A representação da vida. 2ª Ed. Petrópolis, vozes,1999

E Bossa, N.A.(orgs) Avaliação psicopedagógica da criança de 0 a 6 anos. 8ª edição. Petrópolis, Vozes 1999.

- PEREZ – RAMOS, A. M. Q e PERA, C. brinquedos e brincadeiras para o bebê. Kit para criança nos seus primeiros dois anos de vida. São Paulo, vetor Editora Psico-Pedagogia,1995.

- PEREZ – RAMOS. J. Estimulação precoce. Serviço programas e currículos. Brasileira, Ministério da Justiça, Corde, 1996.

- OLIVEIRA. V. B. Um estudo sobre a formação e a utilização do símbolo pelo ser humano, com enfoque na brincadeira da criança de crescer – São Paulo,1989, tese (doutorado) – Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo.

- O símbolo e o brinquedo – A representação da vida. 2ª Ed. , Petrópolis, vozes,1998.

- OLIVEIRA, V. B. e BOSSA, N. A. (orgs.) Avaliação Psicopedagógica da criança de 0 a 6 anos. 8ª edição, Petrópolis,vozes,1999.,

- BOM TEMPO, E. Aprendizagem e brinquedo. In: WITTER G. P. e LOMÔNACO: J.F. Psicologia da Aprendizagem; áreas de aplicação EPU, SãoPaulo,1987.

- Brinquedo, linguagem e desenvolvimento . In. AZEVEDO M. ª (Org.).Pretextos de Alfabetização Escolar: algumas fronteiras do conhecimento. CODA/USP, Vol. 2, P.23-40, 1998.

- A Brincadeira de Faz de Contas ; lugar do simbolismo, da representação do imaginário. In: KISHIMOTO T.M. (Org.). Jogo Brinquedo, Brincadeira e a Educação. – Editora Cortez, São Paulo, 1996.

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- Brincando se aprende; uma trajetória de produção cientifica. Tese (Livre-Docência), IP. USP., São Paulo, 1997.

- Ferraz, Maria Heloisa Correa de Toledo – Metodologia do Ensino de Arte/Maria. Heloisa C. de T. Ferraz, Maria F. de Rezende e Fusari – São Paulo; Cortez, 1999. – 2.Ed. Coleção Magistério – 2º Grau - Série formação do professor)

- BROUGÉRE GILLES BROUGERE; Brinquedo e Cultura; Revisão Técnica e Versão Brasileira , adaptada por Gisela Wajskop – 3. Ed. – São Paulo – Cortez – 2.000 – (Coleção Questões da Nossa Época; V.43).

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ATIVIDADES CULTURAIS

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CONCLUSÃO Conclui neste estudo que no brincar a espontaneidade e a

criatividade andam lado-a-lado com a progressiva aceitação s das regras sociais emocionais.

O lúdico afirma suas raízes em sociedades animais

constituindo-se, não apenas como uma preparação à vida adulta, sua finalidade em si mesma, que é buscar para o momento vivido.

O brincar dá continuidade as características vivas, mas

também as prolonga, aperfeiçoa e especializa para formação de uma autonomia e socialidade ajudando-a atravessar sua longa infância e adolescência.

E brincando que a criança elabora progressivamente o

luto pela perda, encontra forças e descobre estratégias para enfrentar o desafio de andar com as próprias penas e pensa aos poucos com a própria cabeça, assumindo a responsabilidade por seus atos . Constitui-se na ferramenta para aprender a viver.

Construindo, portanto, os alicerces de uma adolescência

mais tranquila ao criar condições de expressão e comunicação dos próprios sentimentos e visão do mundo.

Mostrar que o lúdico não está nas coisas nos brinquedos

ou nas técnicas, mas nas crianças, no homem, que as imagina, organiza e constrói.

O lidar com o imaginário , com o virtual, ajuda-a a

esperar a fantasia da realidade desde que ela encontre condições físicas de brincar.

Com o brincar a criança desenvolve sua inteligência,

aprendendo progressivamente a representar simbolicamente a sua realidade.

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO: Capítulo 1: O brincar e a criança do nascimento aos seis anos; 1.1 – O brincar com seu corpo: ritmo e reconhecimento 1.1.1. – A brincadeira simbólica: uma narrativa de vida; 1.1.2. – Fantasia em equipe: Um grande desafio. Capítulo 2: A criança pequena e o despertar do brincar. 2.1 – O primeiro ano de vida; 2.1.1-- O brincar e o ingresso ao tempo histórico e cultural. Capítulo 3: Brincar, fantasiar, criar e aprender. 3.1. – O brincar construtivo 3.2. – O brincar no referencial curricular nacional para educação infantil. Conclusão: Bibliografia: Atividades Culturais: Índice: Folha de Avaliação:

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PROJETO A VEZ DO MESTRE Pós-Graduação “Lato Sensu” Título: A importância do brincar do nascimento aos seis anos Autor: Veronica Maria de Souza Orientador: Marysue Data da Entrega: __________________________________ Auto Avaliação: Como você avalia este trabalho? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Avaliado por: ___________________________Grau:__________

Rio de Janeiro, 28 de Julho de 2004.