A DEFICIÊNCIA VISUAL, NA ESCOLA, NA FAMÍLIA E NA SOCIEDADE ... GIL LIMA.pdf · A nossa sociedade...
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Marcelle Gil Lima
A DEFICIÊNCIA VISUAL, NA ESCOLA,
NA FAMÍLIA E NA SOCIEDADE.
Por
Marcelle Gil Lima
Rio de Janeiro
2004
1
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO-SENSU”
PROJETO VEZ DO MESTRE
A DEFICIÊNCIA VISUAL, NA ESCOLA,
NA FAMÍLIA E NA SOCIEDADE.
OBJETIVOS: O presente estudo, visa mostrar que o portador
de deficiência visual, assim como o indivíduo que
possui visão normal, tem a capacidade de desenvolver
suas habilidades.
2
AGRADECIMENTOS
A todos que, direta e indiretamente, contribuíram
Para a confecção desse trabalho, levando-me a
Sentir o prazer de mais uma vitória em minha vida.
3
DEDICATÓRIA
Dedico essa vitória ao meu DEUS que me acompanha
E não me abandona nunca, me dando força e luz para
caminhar e vencer.
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INTRODUÇÃO
Esse projeto visa mostrar que os alunos portadores de deficiência visual, possuem a
mesma capacidade que os alunos de visão normal; de desenvolverem suas
habilidades e aptidões, necessitando apenas de algumas adaptações curriculares para
que dessa maneira possam conquistar suas autonomias.
Com todo o desenvolvimento presenciamos diariamente e com a globalização
presente em nossas vidas, não se pode achar que mudanças e adaptações não possa
ser feitas para que os portadores de necessidades espaciais consigam se desenvolver
da mesma maneira que os “não –portadores de deficiência”.Certamente é esse o
ponto que compõe a problemática de deficiência visual, de impor limites, mas não a
incapacidade.
Apesar das mudanças ocorridas até hoje, não só nos currículos como também em
nossa sociedade, muito ainda há de ser feito em prol de um desenvolvimento integral
de um portador de necessidades especiais.O currículo tradicionalmente utilizado
pelas escolas segregam os alunos considerados incapazes de seguir o programa pré-
estabelecido.
Os pais quase sempre não sabem lidar com as necessidades especiais de seus filhos,
pois a princípio se culpam e querem achar uma explicação para o problema,
deixando assim de se desenvolverem suas reais habilidades e competências.
A nossa sociedade ainda está despreparada para acolher a demanda de portadores de
deficiência que de uma maneira ou de outra, rompem essa barreira e consegue
conquistar o seu espaço.
O principal objetivo desta monografia, é demonstrar aos educadores, que com
pequenas, porém significativas adaptações curriculares e com a conscientização das
instituições educacionais, das famílias e principalmente da sociedade, que o portador
de deficiência poderá se formar enquanto indivíduo e assim ter maiores
possibilidades de exercer sua cidadania.
Será utilizado o método dedutivo, visto que terá como base, teorias já existentes a
respeito do tema deficiência visual, o que poderá encaminhar as conclusões do
trabalho.
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RESUMO
O presente estudo, visa mostrar que o deficiente visual, assim como o
indivíduo que possui visão normal, tem a capacidade de desenvolver suas
habilidades.
A família exerce um papel fundamental na vida do deficiente visual, pois é
quem propicia a descoberta do mundo e as condições para o seu crescimento como
indivíduo, tornando-o capaz de ser feliz e produtivo dentro de sua realidade, de suas
potencialidades e de seus limites.
É na Escola que o deficiente visual irá desenvolver suas aptidões e poderá
mostrar suas capacidades em diversos aspectos e campos, tanto no educacional como
no social, de acordo com suas possibilidades, conquistando assim sua autonomia.
Vale ressaltar que a nossa sociedade precisa aprender a aceitar as pessoas
como são e não impor regras e padrões como ela faz. A socialização portanto, é um
ponto relevante no desenvolvimento do portador de deficiência visual.
Assim é importante que a família, a escola e o grupo social atuem de forma
integrada para que haja um crescimento real do deficiente visual sem preconceito e
mais feliz.
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SUMÁRIO
Introdução __________________________ 04
Capítulo I __________________________ 07
Histórico da Educação __________________________ 08
Capítulo II __________________________ 10
A deficiência visual ___________________________ 10
Capítulo III __________________________ 13
Os portadores de deficiência visual e a escola _________________________ 13
Capítulo IV _________________________ 21
A família e o portador de deficiência visual _________________________ 21
Capítulo V _________________________ 24
A sociedade e o portador de deficiência visual _________________________ 24
Capítulo VI _________________________ 27
A tarefa de superar a deficiência visual e o combate ao preconceito ___________ 27
Conclusão _______________________ 31
Bibliografia _______________________ 33
Anexos _______________________ 36
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CAPÍTULO I
Histórico da educação
O direito à educação para todos os brasileiros foi consagrado na constituição
de 1824, a época do Brasil Império.
Desde então, as Constituições de 1934, 1937 e 1946, também garantiam a
todos o direito à educação.
Em 1948, a Declaração Universal dos Direitos do homem, aprovada pela
Assembléia Geral das Nações Unidas, afirma o princípio da não discriminação e
proclama o direito de toda pessoa à educação.
Em 1959, a Assembléia Geral das Nações Unidas aprovou a Declaração dos
Direitos da Criança, assegurando no seu Princípio 7º, o direito à educação gratuita e
obrigatória; ao menos em nível elementar.
Nesta perspectiva, as constituições brasileiras de 1967 e 1969 também
consideraram os princípios emanados da Declaração Universal dos Direitos do
Homem e da Declaração dos Direitos da Criança.
O nosso atual texto Constitucional (1988) igualmente consagra, no art. 205, a
educação como direito de todos e dever do Estado e da família.
É importante registrar que, no período entre a promulgação da nossa
Constituição e da Lei n.º 9394/96, houve um momento histórico internacional no
campo de educação; a Conferência Mundial sobre Educação para Todos, 1990.
Dentre outras recomendações desta conferência, deve-se destacar a primeira:
“relembrando que a educação é um direito fundamental de todos, mulheres e
homens, de todas as idades, no mundo inteiro”.
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Na esteira desta conferência, aconteceu em Salamanca, na Espanha, entre 7 e
10 de junho de 1994, a Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas
Especiais que reuniu delegados de 92 países e 25 organizações internacionais. Esta
conferência teve o objetivo de promover a Educação para todos, analisando as
mudanças fundamentais de política necessárias para favorecer o enfoque da educação
integradora, capacitando as escolas para atenderem a todas as crianças, sobretudo as
que têm necessidades educativas especiais.
Além disso, aprovou a Declaração de Salamanca, cujos princípios norteadores
são: o reconhecimento das diferenças, o atendimento as necessidades de cada um, a
promoção da aprendizagem, o reconhecimento da importância de “escolas para
todos” e a formação dos professores.
Desta forma, os aspectos políticos – ideológicos que estão embutidos nos
princípios desta declaração tem, como pano de fundo, a perspectiva de um mundo
inclusivo, onde todos têm direito à participação na sociedade, em busca do mais alto
nível de democracia.
E como se proporcionar ao deficiente meio e modos para que possam
desenvolver suas reais habilidades e competências.
Com o aumento do interesse sobre o assunto, descobriu-se que atualmente
existem várias escolas já trabalhando com alunos portadores de necessidades
especiais, e no Município do Rio de Janeiro, existe um Instituto chamado Helena
Antipoff que é responsável por todos os alunos portadores de necessidades especiais
na rede municipal.
Informando-se junto a esse Instituto e conhecendo-se um pouco de cada
deficiência foi feita a opção de se interessar pela formação do deficiente visual.
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Talvez por falta de conhecimento ou por puro preconceito, as pessoas vêem o
deficiente visual como uma pessoa incapaz acabando por não aceitá-lo e nem
valorizá-lo, esquecendo por completo suas capacidades e cabe a escola, a família e a
sociedade em geral promover o desenvolvimento de suas potencialidades.
Os educadores têm como obrigação mudar esse conceito. É claro que isso não
será mudado de uma hora para outra, pois o processo é lento. O mais importante é
dar credibilidade à capacidade do deficiente, oferecendo oportunidades, estímulos e
confiança.
Precisa-se portanto entender que democratizar a educação significa propiciar
a todos o acesso e a permanência na escola. Dessa forma, nosso sistema educacional
precisa saber não só lidar com as desigualdades sociais, como também com as
diferenças.
Precisa-se, então saber associar o acesso à permanência com qualidade e
equidade. Portanto é imprescindível e imperioso que o Sistema Educacional
Brasileiro se organize e se estruture de forma que essas pessoas tenham asseguradas
o acesso e a permanência na escola.
O presente estudo busca portanto, um aprofundamento na área de Educação
especial e especificamente com os portadores de deficiência visual, visando questões
do estigma, segregação e desenvolvimento.
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CAPÍTULO II
A deficiência visual
O conceito sobre o portador de necessidades educacionais especiais evoluiu
no decorrer dos anos.
Na visão tradicional a conotação era carregada de marginalização,
anormalidade, incapacidade (mascarando as reais potencialidades da pessoa) e
imutabilidade desta condição (caráter estático da “excepcionalidade” levando a uma
visão pessimista do “excepcional”); ênfase na “classificação” do aluno, no uso de
“rótulos”, ênfase em suas inabilidades e em sua segregação para um melhor
atendimento.
Já na visão moderna as deficiências são relativas (caráter dinâmico da
“excepcionalidade”, levando a uma visão otimista das pessoas; ela pode ser
considerada “com necessidades especiais” por uma comunidade e não por outra,
numa época de sua vida e não em outra) ; ênfase nas habilidades e competências do
aluno; evitam-se as classificações; os rótulos; desinstitucionaliza-se o aluno portador
de deficiência, incluindo-o na escola regular – Educação Inclusiva; proporciona-se a
ele condições de desfrutar situações vividas pelas outras pessoas da comunidade em
que vive.
A deficiência visual se caracteriza pela incapacidade total ou parcial do uso
da visão. Quando a incapacidade é total; diz-se que o indivíduo é cego; se é parcial,
diz-se que tem visão reduzida.
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As pessoas cegas são aquelas que possuem no “melhor dos seus olhos”, após
correção, visão inferior ou igual a 1/10 da visão considerada normal (conferência
Inter – americana para o bem estar dos cegos, 1961). Uma pessoa pode dentro destas
características, possuir um grau mínimo de acuidade de visão a chamada “visão
residual”. A visão reduzida é caracterizada pela acuidade visual dentro dos limites de
1/10 a 3/10 de visão considerada normal, após correção (Asheroft, 1963).
Algumas deficiências visuais podem se instalar gradativamente em qualquer
pessoa, as mais conhecidas são: hipermetropia – quando o olho é menor que o
normal impede que o cristalino focalize na retina os objetos colocados próximo ao
olho. A imagem então se forma atrás da retina. A deficiência é tratada com óculos ou
lentes de contato. A cirurgia ainda está em fase experimental.
Miopia – Caracteriza-se pelo globo ocular mais longo que o normal e o foco
que se vê fixa-se num ponto anterior à fóvea, a região mais nítida da retina. Devido a
esta alteração a pessoa só consegue enxergar com nitidez objetos que estão perto. O
principal fator de transmissão é a hereditariedade. Hábitos como a leitura, usar a
visão com pouca luz ou deficiência nutricional não causam miopia. Pode ser tratada
com óculos, ou lentes de contato. Alguns médicos estão usando o laser para tratar o
problema.
Estrabismo – É uma deficiência que desalinha os olhos levando as pupilas a
direções diferentes. As causas ainda não são conhecidas. O desalinhamento pode ser
permanente ou temporário. O problema atinge cerca de 4% das crianças e é
transmitido por herança familiar. O tratamento inclui óculos, oclusão do olho e
cirurgia.
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A cegueira pode ser congênita (quando o indivíduo nasce cego), precoce
(quando se dá até os 5 ou 6 anos) e adquirida (quando ocorre a partir dos 7 anos de
idade). Nesses dois últimos casos, as pessoas são capazes de recordar experiências
visuais anteriores à perda da visão. Doenças infecciosas, como toxoplasmose e
rubéola materna, podem levar à cegueira congênita. Glaucoma, traumas mecânicos
ou doenças degenerativas da retina podem, entre outros, causar cegueira.
Do ponto de vista educacional, cego é o que necessita do método Braille para
leitura e escrita enquanto o de visão subnormal consegue ler textos impressos desde
que seja utilizado o método ampliado. É recomendado, sempre que o indivíduo faça
uso da visão residual de que dispões, afim de aproveitá-la em suas atividades.
É importante lembrar que não se considera como deficiente visual o indivíduo
que possui problemas de acuidade visual, corrigidos após o uso de lentes.
Portanto, atualmente o aluno portador de deficiência visual tem possibilidades
ampliadas de acesso à educação formal e de trabalho, buscando escolha de profissões
compatíveis com a sua deficiência.
Assim fica mais fácil a integração do indivíduo cego ao mercado de trabalho,
tornando-se um ser produtivo e independente.
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CAPÍTULO III
Os portadores de deficiência visual e a escola
Desde a declaração de Salamanca, no encontro mundial de educadores na
Espanha, em 1994, a inclusão de alunos portadores de deficiência visual em salas de
aula regulares começou a fazer parte da pauta internacional dos profissionais da
educação. Hoje não se discute mais se o aluno deve ou não ser incluído, mas como se
dará esse processo.
A integração é um princípio de Educação Especial que se refere a inserção do
aluno no ambiente educacional o menos restrito possível.
Quem vai determinar qual o atendimento mais adequado é a própria
capacidade adaptativa do aluno.
Para que um sistema educacional possa ser considerado democrático, deve
apresentar uma diversidade de estratégias para prestar atendimento a todos os
educandos, consideradas e respeitadas suas diferenças.
Existe uma hierarquia de serviços ou modalidades de atendimento em
Educação Especial. Nem todas são oferecidas pelos sistemas de ensino. A rede
particular de ensino oferece com freqüência escolas especiais. A rede pública dedica-
se com mais atenção a outras alternativas de atendimento. Entre as várias
modalidades de atendimentos educacionais alternativas para alunos portadores de
deficiência visual podemos apresentar:
• Sala de recursos – funciona na escola comum e dispões de equipamentos,
recursos pedagógicos específicos e professor especializado para atuar junto ao
educando com necessidades educativas especiais.
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• Professor intinerante – desenvolve o seu trabalho deslocando-se até as várias
escolas onde os alunos portadores de necessidades educativas especiais estão
matriculados.
• Classe especial – apesar de ser um pouco segregativa, se situa na escola regular.
O aluno recebe os conteúdos acadêmicos na classe especial, mas participa das
atividades não acadêmicas com o restante do corpo discente da escola.
Porém apesar de todos esses recursos, algumas pesquisas indicam que muitos
estudantes brasileiros cegos ou de visão subnormal ainda não participam do
movimento de inclusão. De acordo com o MEC, é dever dos Estados e Municípios
desenvolverem ações efetivas que visam à integração do aluno especial. Segundo a
Professora Maria da Glória Batista da Mota: “não temos como intervir na
organização administrativa dos Estados e Municípios, apenas criamos as diretrizes”.
Para a professora da USP, Roseli Baunel, especializada em ensino especial, a
inclusão é mera questão de mobilização da escola. “A instituição de ensino deve
perceber o que ela pode oferecer ao aluno, currículo escolar, material didático,
espaço físico são os requisitos fundamentais para que a inclusão seja iniciada”,
afirma Roseli.
O professor, em sala de aula, pode suspeitar da presença da deficiência visual
em alunos que fazem excessiva confusão na escrita e leitura de palavras; que traz o
material de leitura muito próximo dos olhos, que possui sensibilidade à luz, dores de
cabeça freqüentes; pisca os alhos em demasia, tem os olhos vermelhos, lacrimejantes
15 ou as pálpebras irritadas, perde o contato visual com a localização do trecho que
estava lendo. A presença de alguns desses sinais pode dar origem a solicitação de
exame oftalmológico. Caberá ao médico dar a palavra final sobre a presença de
deficiência visual.
Quando a deficiência visual é detectada bem cedo ou quando a criança já
nasce cega se faz necessário um trabalho de estimulação essencial, pois o bebê ou a
criança, passa a descobrir o mundo que está a sua volta, formando conceitos de
forma, textura e aprende a discriminar uma série de coisas através do tato.
Segundo Machado: “A escolaridade da criança deficiente visual se inicia na
estimulação essencial. A estimulação essencial visa o desenvolvimento da
afetividade, socialização e da independência da criança.
Muitos bebês que não são atendidos na estimulação essencial, acabam por
não encontrar o estímulo necessário ao seu desenvolvimento, pois seus pais por não
procurar o atendimento necessário, fazem com que eles fiquem praticamente imóveis
em seus berços e muitas vezes sequer descobrem o simples movimento de seus
braços.
Na estimulação essencial com a criança, há duas fases de trabalho:
- A exploração
- A Aquisição de conhecimento.
Na fase de exploração a criança é levada a descobrir o seu corpo e seus
movimentos. Nesta fase o chão é primordial, já que na fase de aquisição de
conhecimentos, a criança é levada a perceber que pode mover e controlar seu corpo,
descobrindo seus limites e o lugar que ocupa.
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Nessa fase o trabalho da psicomotricidade é fundamental para qualquer
criança e principalmente para a portadora de deficiência visual, pois está relacionada
com o pensamento, ação e a emoção, envolvendo alguns pontos básicos que são:
1) esquema corporal – é o ponto chave da ação educativa, onde ocorre a
formação do “eu”, da personalidade, o auto – conhecimento corporal e das
possibilidades deste.
2) Lateralidade – neste ponto se é trabalhado para que haja um
reconhecimento da dominância lateral e da diferenciação da esquerda e da
direita.
3) Estruturação Espacial – esse item situa a criança no espaço com relação as
coisas, é de profunda importância no desenvolvimento de uma criança
deficiente visual, pois é considerado o ponto crucial na vida do deficiente
visual, porque para o cego a dificuldade do desconhecido gera o medo, a
insegurança.
4) Orientação Temporal – a criança é trabalhada de forma que possa se situar
no tempo e ao seu ritmo. É comum ouvirmos uma criança dizer: “amanhã
eu fui à praia”. Essa frase nos confirma a dificuldade que a criança tem de
perceber o que já aconteceu, o que está acontecendo e o que vai acontecer.
5) Equilíbrio – é uma condição indispensável para qualquer ação
diferenciada, onde o equilíbrio resulta de uma ação harmoniosa entre
tonus muscular e a motricidade.
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O equilíbrio pode ser dividido em:
- Dinâmico;
- Estático;
O trabalho do equilíbrio em uma criança deficiente visual é muito importante,
pois se o mesmo não for trabalhado poderá acarretar dois grandes problemas na vida
do deficiente visual, são eles:
- A hipotonia – é o recolhimento dos músculos, onde os membros ficam
moles e o desenvolvimento da mobilidade se torna um problema.
- A hipertonia – é o enrigecimento dos músculos, que passa a prejudicar no
desenvolvimento da escrita, da leitura e da mobilidade.
6) Controle muscular – propicia a criação da interrupção repentina de um
movimento. Para a criança pequena é uma tarefa difícil a ser excartada. O
controle muscular contribui posteriormente para a concentração
necessária na aprendizagem escolar.
7) Controle respiratório – contribui para a formação e hábitos
(concentração, autocontrole de movimentos da voz, auto relaxamento).
Percepção – habilidades de reconhecer um estímulo.
A percepção engloba 5 pontos.
- visual
- gustativa
- olfativa
- tátil
- auditiva
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Sabe-se que uma criança que desde o nascimento é privada da visão poderá
vir a sofrer prejuízos incalculáveis no seu desenvolvimento. Desse modo o professor
deve levar a criança a experimentar várias situações de aprendizagem, para que possa
aprender a explorar, a manipular, a perceber, a reconhecer e finalmente a conhecer o
universo ao qual ela pertence, fazendo com que ela também se desenvolva e se
identifique como indivíduo inteiro e capaz.
No jardim de infância ou classe de educação infantil, que atende as crianças
deficientes visuais, as atividades são as mesmas de qualquer jardim mas é claro que
deve-se dar ênfase a alguns pontos onde a aprendizagem deve ser a mais concreta
possível.
Com o decorrer dos anos e conforme os conteúdos programáticos vão se
tornando abstratos, nota-se uma certa dificuldade na compreensão por crianças cegas,
que acabam por formular conceitos fragmentados. É facilmente percebido a
dificuldade que o deficiente visual tem em fazer associações, devido sua falta de
experiência, daí surge uma necessidade do deficiente visual poder explorar,
manusear diversos objetos até mesmo de tomar conhecimentos através do tato, o
ambiente em que ele se encontra.
É importante o trabalho que é realizado nas atividades da vida diária, pois irá
auxiliar a criança desde a estimulação essencial, onde a criança aprende a lidar com
as situações do dia a dia, sendo que para que o deficiente visual compreenda todo o
processo é necessário que ele participe do seu início ao fim.
Os sentidos remanescentes são fundamentais para o desenvolvimento do
deficiente visual.
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A audição, por exemplo, deve ser trabalhada em toda a sua plenitude. O
deficiente visual deverá reconhecer diversos sons pois ajudará em muito na questão
da orientação e mobilidade.
É através do tato que o deficiente visual entra em contato com o mundo e de
tudo que o rodeia. É importante que ele possa manusear todo e qualquer tipo de
objeto para que se desenvolva. O deficiente visual aprende a “ver com as mãos” e
passa a identificar, discriminar e classificar objetos.
O olfato pode auxiliar o deficiente visual na orientação e mobilidade. Por
exemplo ao caminhar, o cego sabe que na esquina da sua rua há uma padaria, logo
ele tentará através do olfato sentir o cheiro de alguma coisa que signifique o local
dado.
Uma das maiores limitações do cego é com relação à orientação e mobilidade.
Neste item está inserido questões que englobam a autoconfiança, a independência.
O fato de não darem segurança ao deficiente visual, faz com que ele se sinta
incapaz de executar inúmeras tarefas, onde sozinho, se torna impraticável. Mas, se o
deficiente visual for trabalhado de forma que, confie em si mesmo, que supere seus
medos, suas inseguranças, o nível de sua curiosidade se torna mais aguçado, fazendo
com que ele busque, descubra as possibilidades do mundo.
A Instituição – escola deve oferecer aos seus alunos deficientes visuais,
diversos estímulos que servirão de apoio na orientação da mobilidade e também
material próprio para o desenvolvimento do deficiente visual como: máquina traille,
punção (para marcar os pontos); sorobã (cálculos), papel 40 kg; mapas em relevo;
reglete (régua com os seis pontos, para o deficiente visual fazer as combinações
necessárias à construção da palavra).
20 Se na verdade, a escola Especial ou as classes especiais que atendem o
deficiente visual, tiverem como objetivo o desenvolvimento social, afetivo, cognitivo
e psicomotor, elas estarão dando oportunidade para que derrube rótulos que lhes
foram atribuídos. O deficiente visual poderá mostrar suas capacidades em diversos
aspectos e campos, tanto no educacional como no social, de acordo com suas
possibilidades.
A seguir, algumas sugestões pedagógicas para o apoio do aluno com
deficiência visual:
- disponibilizar com antecedência os textos e livros e transcrevê-los de
acordo com a necessidade (impressão a negro, transcrição para áudio,
braille ou disquete), assim como o material auxiliar como equipamento
informático e auxiliares ópticos;
- identificar os conteúdos de uma figura e descrever a imagem e a sua
posição relativa a itens importantes;
- Ampliação do tempo disponível para a realização das provas e atividades;
- Falar diretamente com o deficiente, empregando um tom de voz natural;
- Ajude só na medida do necessário, evitando super proteger ou pelo
contrário; ignorá-lo.
O papel do professor assume importância primordial no desenvolvimento do
aluno consigo mesmo e com os outros colegas.
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CAPÍTULO IV
A família e o portador de deficiência visual
É na família que a criança tem seu início na socialização, pois a família é o
primeiro grupo social com que a criança convive.
O momento do nascimento de um bebê é rodeado de muitas expectativas que
representam a alegria e a felicidade. Se a mãe dá a luz a um bebê deficiente, logo
esse momento se torna cheio de tristezas, medos, incertezas, angústias e culpas.
A deficiência não é uma coisa desejável e sempre traz consigo sofrimentos,
confusões, ...
Ao ter os primeiros contatos com o bebê, a mãe começa a entender que como
qualquer outro bebê, ele também chora, mama, reage a estímulos, sorri e etc; mas
mesmo assim a mãe tende a adiar que seu bebê precisa de ser super – protegido pois
o acha frágil e indefeso. Com o passar do tempo seus instintos maternos ajudam-na a
educá-lo.
Deveria haver em cada hospital, uma equipe pronta para atender os pais de
crianças deficientes, pois estes, no momento do nascimento do bebê, possuem
inúmeras inquietações; que se fossem ouvidas e lhes fossem dado informações sobre
a deficiência de seu filho, teriam como ajudar, educar de uma forma melhor, dando-
lhes mais confiança e segurança.
É muito importante também que essa equipe encaminhe a família a uma
instituição educacional para que se forme um elo. Para os pais se torna muito difícil a
conscientização de que mesmo seu filho necessitando de atendimento médico –
específico, ele também possui as mesmas necessidades que qualquer outra criança,
precisa de carinho, amor, estímulo e acima de tudo precisa sentir que está sendo bem
22 cuidado, para que possa estabelecer uma confiança nessa relação pais e filhos, sendo
a afetividade um fator de suma importância.
Ter um filho especial implica mudar radicalmente o ponto de vista sobre o
mundo e reavaliar os valores. Durante nove meses a mãe sonha com um bebê de
bochechas rosadas e cachinhos e não há pecado nisso. Ao se deparar com uma
realidade tão amarga quanto inesperada, o choque é inevitável. O surpreendente,
nesses casos, é a incrível rapidez com que a mãe compreende que não tinha o direito
de idealizar um filho só para atender suas fantasias, ela descobre que o fato do bebê
não ser do jeitinho que ela esperava, não significa que ele não trará amor e alegria.
Para os pais, aceitar uma criança com limitações e confiar em sua recuperação
exige esforço e consiste em um grande avanço. No início, o sentimento de frustração
leva ao desânimo. Parece que os pais não conseguem enxergar nada além daquele ser
frágil e dependente. Mas passada essa fase deve-se sempre lembrar que não é porque
a criança é deficiente visual, que ela não é inteligente, até porque a inteligência não
está condicionada a um órgão específico. Os pais precisam confiar na capacidade de
seus filhos e parar de buscar incessantemente respostas para descobrir o porquê de
seu filho ser assim e muitas vezes de se sentirem responsáveis por tal fato.
Todos tem a necessidade de encontrar culpados por tudo que acontece, mas
na verdade é de suma importância que os pais de crianças deficientes aceitem o fato
para que juntos possam enfrentar as dificuldades que surgirão, já que a sociedade ao
rotular um deficiente como incapaz, faz com que ele se isole do mundo.
A família é a base do desenvolvimento do ser humano, cabe a ela a tarefa de
oferecer ao portador de deficiência visual condições para o seu crescimento como
23 indivíduo, tornando-o capaz de ser feliz e produtivo, dentro de sua realidade, de suas
potencialidades e de seus limites.
Embora nem sempre seja fácil, a família precisa entender que o portador é
antes de mais nada e acima de tudo, uma pessoa total, portanto a atitude mais
importante consiste em acreditar nas suas potencialidades, considerando-o capaz de
estudar, de ser independente, de trabalhar, praticar esportes e tantas outras coisas que
seus amigos fazem.
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CAPÍTULO V
A sociedade e o portador de deficiência visual
A sociedade não foi estruturada para conviver com as minorias. Toda pessoa
ou grupo que foge ao padrão estabelecido pelas velhas estruturas sociais é rejeitado
ou o que é mais grave, muitas vezes aleijado do processo social.
O deficiente visual não escapa a esse tipo de comportamento. O estigma da
cegueira torna-se pesado e impõe ao indivíduo que o carrega, sérias conseqüências
como a incapacidade, o descrédito, a piedade que se mesclam formando uma barreira
compacta e difícil de transpor. A discriminação, mesmo que inconsciente perpassa as
ações humanas. O homem discrimina de forma disfarçada ou acintosamente. Na
verdade, quando se impede alguém de exercer algum papel no grupo, pune-se
alguém por uma culpa que não é sua. O preconceito é isso; o deficiente passa a
assumir uma carga negativa que o outro lhe conferiu.
Tais atitudes acarretam para a pessoa portadora de deficiência visual uma carga
significativa de complexos, de frustrações, de medos. O posicionamento adverso da
sociedade trás no bojo prejuízos incalculáveis. O crescimento efetivo de uma pessoa
cega ou mesmo de visão reduzida torna-se mais lento e doloroso.
No campo profissional, os obstáculos se fazem mais difíceis ainda. O Brasil
ainda hoje não está preparado para receber pessoas portadoras de deficiências no seu
mercado de trabalho.
Atualmente, algumas frentes foram abertas, entretanto, ainda são insuficientes
para suprir as necessidades desse contigente de pessoas.
Para que se reverta esse quadro é necessário que se faça todo um trabalho de
esclarecimento.
25 Os meios de comunicação, as escolas, as universidades precisariam estar a par
de problemática do deficiente visual. Entretanto já se pode observar algumas
mudanças e adaptações para facilitar o deficiente visual. Alguns restaurantes e
lanchonetes já possuem o cardápio em Braille, alguns produtos no supermercado já
possuem em sua embalagem a escrita em Braille, alguns elevadores, teclas de
telefone e teclado do computador também possuem números e letras em Braille. E
recentemente foi desenvolvido no núcleo de computação eletrônica da Universidade
Federal do Rio de Janeiro, o sistema DOS VOX. É um sistema para
microcomputadores que se comunica com o usuário. Através de síntese de voz. Seu
programa é composto de um sistema de síntese de fala para a língua Portuguesa;
editor, leitor e impressor / formatador de texto; impressor / formatador para Braille;
programas de uso geral para deficientes visuais, como caderno de telefones, agenda,
calculadora, preenchedor de cheques e etc; jogos diversos; ampliador de telas para
pessoas com visão reduzida; programas de ajuda à educação de crianças com
deficiência visual; e programas de acesso à Internet, como correio eletrônico, telnet,
FTP. Atualmente no Brasil existem mais de 2000 usuários desse programa.
A deficiência deve ser analisada como uma limitação e não como uma
incapacidade.
Se uma criança portadora de deficiência visual que a princípio só tem como único
referencial o seu próprio corpo, tiver uma família que estimule e ofereça
oportunidades e uma sociedade que esteja realmente preparada para recebê-la poderá
tornar a descoberta do mundo agradável e positiva.
26 Todo um trabalho no desenvolvimento da autoconfiança, da independência e
da autonomia, são vitais para que o deficiente visual mostre a sua família e a
sociedade do que ele é capaz.
É uma visão árdua e de construção. Pais, educadores, instituições e a
sociedade em si, precisam estar abertas, pois o desenvolvimento humano é muito
complexo. Aceitar um deficiente visual não é mera concessão, nem um gesto
altruísta. Aceitar é ver alguém fazendo parte efetivamente daquele grupo, é percebê-
lo como membro integrante e participante do crescimento de todos.
A sociedade tem de abrir-se, e o deficiente visual tem de lutar pelos seus
direitos, e o que é mais importante, trabalhar no sentido de conquistar respeito e
confiança de qualquer grupo social em que esteja inserido.
A socialização portanto, é um ponto relevante no desenvolvimento do
portador de deficiência visual.
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CAPÍTULO VI
A TAREFA DE SUPERAR A DEFICIÊNCIA VISUAL E O
COMBATE AO PRECONCEITO.
O Brasil tem hoje, em torno de 150.000 portadores de deficiências visuais. Os
obstáculos aparentemente insuperáveis que cercam tais pessoas não impedem que
muitas consigam se integrar à sociedade.
Para Roseli Behaker Garcia, portadora de deficiência visual, a realidade da
vida poderia ser talvez insuportável, se ela não fosse muito especial. Todos os que a
cercam, admiram o contagiante humor, a força de vontade inquebrantável e a atenção
que dá aos que a cercam. O segredo? Ela mesma revela um pouquinho dele quando
diz, sorrindo: “A família me proporcionou condições de encarar a vida de forma
positiva, apesar da cegueira”.
É preciso retroceder no tempo para melhor entender os fatos que acabaram
gerando esse simpático perfil. Foi há 28 anos que nasceram as gêmeas idênticas
Roseli e Rosana. Como eram prematuras e precisavam de cuidados especiais, as duas
pequeninas criaturas foram postas na incubadora. Os olhinhos de Roseli não foram
protegidos adequadamente, suas retinas sofreram forte incidência de calor e se
queimaram. Roseli não revela nenhuma amargura quando conta como ficou cega.
Era um problema que ninguém estava preparado para encarar e foi preciso
buscar forças para superar os obstáculos que adviriam. A família enfrentou com
extraordinária capacidade o drama de ter uma criança vítima de um erro grosseiro,
tendo, ao mesmo tempo que prepará-la para a vida. “Além de duas tias, que
28 trabalharam com portadores de deficiências, ninguém da minha família estava
preparado para isso”, explica Roseli.
Matriculada aos 6 anos no Instituto Padre Chico, uma escola especial para
portadores de deficiências visuais, no bairro do Ipiranga, em São Paulo – ela foi
alfabetizada pelo método braille. Após dois anos, já no 3º ano – agora com 9 anos de
idade – foi para uma sala comum. “O deficiente deve se envolver com as crianças
comuns. Isso faz parte do aprendizado para enfrentar a vida”, salienta a funcionária
mackenzista. “Nesse aprendizado pode-se superar a curiosidade entre os outros
alunos em saber como vive um cego, questionar um outro mundo, em que você tem
que desenvolver a percepção de distância, espaço, localidade. Aprende-se a conhecer
o espaço por pedaços, indo até lá, tocando, memorizando. Se eu não for não vejo”,
explica.
O mundo das sombras é diferente do de luz que conhecemos. Formatos,
cores, símbolos passam a ter outro significado para o deficiente visual. “É importante
ressaltar que, para quem enxerga o quadrado, o retângulo ou o redondo são diferentes
do que para quem não vê. A seqüência mental é diferente no momento de assimilar
isso no espaço”, diz Roseli.
Grande parte das limitações que os portadores de deficiências visuais
enfrentam podem ser virtualmente eliminadas por meio de dois elementos – a
educação adaptada à sua realidade e o uso da tecnologia para diminuir barreiras. Foi
o caminho percorrido por Roseli. Além do sistema braille, cursos e workshops
complementaram seu aprendizado. “Aos 18 anos, fiz o curso de Orientação e
Mobilidade, quando aprendi a me locomover sozinha num espaço”, conta. O segredo
é assimilar percursos, lembrar detalhes, fazer o roteiro mental.
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A prática dá a ela autonomia suficiente para, sozinha, ir ao trabalho e retornar
para casa no fim do dia, contando com a ajuda de alguém que estiver do seu lado
para lhe dizer quando o ônibus chega, ou auxiliando-a na travessia de ruas. Tudo sem
levar em conta que tanto as ruas quanto as calçadas da cidade não são adequadas nem
mesmo para o cidadão ou cidadã que não sofrem qualquer tipo de restrição física ou
mental.
A autonomia da simpática e disposta funcionária mackenzista já cruzou
fronteiras. Pois foi Roseli quem representou a mulher cega brasileira no Congresso
Mundial realizado no Canadá, por escolha feita no Congresso Nacional para
Deficientes Visuais, patrocinado pela Fundação Dorina Nowill para cegos. “Foi a
primeira vez que saí do país”, conta com alegria. “Claro que tive total apoio de toda
família”, reconhece. “Foi sensacional para o meu aprendizado, entrar em contato
com pessoas de outros países!”, exulta. “Com certeza, tive um pouco mais de
dificuldade por ter que me comunicar em um idioma diferente do nosso. As
explicações me eram dadas em inglês, por profissionais acostumados a passar
informações rapidamente sem muitos detalhes. A assimilação tinha que ser rápida,
imediata, exigia de mim o máximo de atenção”. Formou-se no Fisk em 1995, e em
seguida deu aulas nos cursos básico e intermediário. Nas aulas ela digitava do braille
e, a seguir, imprimia as lições.
Está comprovado que a convivência muda a imagem que as pessoas tem do
deficiente. Para Roseli, a falta de conhecimento e o pré – julgamento criam
preconceitos. “adoro conviver com as pessoas, trocar idéias. Preocupa-me a
discriminação que existe por toda parte” diz. Para ela, o pior é a falta de paciência
30 que as pessoas revelam. “Tudo tem seu tempo, não adianta fazer algo por mim para
ganhar alguns segundos. Se quero abrir uma janela, preciso do tempo certo para
chegar até lá e abri-la”, explica.
A experiência e a tranqüilidade são frutos do amadurecimento que a vida
trouxe. Roseli teve o suporte familiar, que possibilitou chegar onde está. Atualmente,
seu círculo de amizades a ajuda a ampliar tal universo. Ouvir descrições de locais ou
de fotos, por exemplo, são formas de ela se sentir incluída na conversa e de fazer
parte daquele grupo. “É ficar um pouco na pele da pessoa e desenvolver o convívio
que abre os mecanismos de defesa que se criam diante do desconhecido”, conclui.
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CONCLUSÃO
A deficiência impõe limites ou seja, ela limita o indivíduo, mas não o torna
incapaz de desenvolver suas capacidades. Uma criança não é mais ou menos capaz
por ser cega. A cegueira não confere a ninguém qualidades menores. A deficiência
visual não destrói a afetividade, a cognição e nem incapacita o desenvolvimento
social. A criança cega é um ser que se desenvolve, que constrói outra criança de
visão normal, é claro que seu crescimento dependerá exclusivamente das
oportunidades que lhe forem dadas, da forma pela qual a sociedade a vê e da maneira
como ela própria se vê e se aceita.
A família é um agente de segurança, os pais devem dar credibilidade aos seus
filhos, respeitando suas vontades, ações e desejos. A família de uma pessoa
deficiente tem que apoiar mas sem inibir suas ações. O relacionamento com amor,
carinho e respeito irá contribuir para que a criança tenha realmente crença nela, que
tenha capacidade em conquistar seu mundo, alargando seus horizontes sem ficar
restrito a sua casa, a seu núcleo familiar.
Já a escola possui um papel fundamental na vida da criança, pois ela através
do trabalho de estimulação e das oportunidades que oferece a criança de
experimentar várias situações de aprendizagem, a prepara para enfrentar todos os
problemas e para atuar de forma crítica perante os acontecimentos.
Por fim, a sociedade deve se conscientizar do fato da existência de pessoas
deficientes, se preparando para recebê-las, dando oportunidades para que o deficiente
se desenvolva cognitiva e socialmente.
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A partir do momento em que as pessoas e a sociedade em geral dêem
credibilidade não só ao deficiente visual mas a qualquer outro portador de
necessidades especiais, o mesmo ou os mesmos se sentirão indivíduos completos,
podendo serem úteis a si mesmos e a sociedade.
Portanto o papel da família, da escola e da sociedade, são de suma
importância, pois quando bem exercidos, contribuirão para a formação de um
indivíduo sem preconceito e mais feliz.
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Publicação 8/80. Texto mimeografado. Rio de Janeiro.
WERNECK, Claudia. Ninguém mais vai ser bonzinho na sociedade inclusiva. Rio de
Janeiro: WVA, 1997.
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FOLHA DE AVALIAÇÃO
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PROJETO A VEZ DO MESTRE
Pós-Graduação “Lato Sensu”
Título da Monografia: Deficiência visual na escola, na família e na sociedade.
Data da Entrega: --------------------------------
Avaliado por:-----------------------------------------------------Grau---------------------
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ANEXOS