a deficiência e o esporte paraolímpico

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VII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL Londrina de 08 a 10 novembro de 2011 - ISSN 2175-960X – Pg. 2400-2422 2400 A DEFICIÊNCIA E O ESPORTE PARAOLÍMPICO Rosangela Marques Busto 1 Apresentação A questão da deficiência tem merecido destaque nas discussões da mídia nos últimos anos. Após a Constituição de 1988 1 , veio à tona a discussão sobre a questão do deficiente quando foi estabelecido que o atendimento a pessoa com deficiência deveria ocorrer preferencialmente na rede regular de ensino. Com os Parâmetros Curriculares em 1996, definitivamente incrementou-se a discussão da questão da inclusão, porém, essas discussões acabaram ficando focadas apenas na inclusão da pessoa com deficiente, pois esta era a parcela da sociedade que ainda se encontrava excluída do contexto escolar e social. Outro fato que trouxe a superfície às discussões sobre o deficiente em nossa sociedade foi pelos programas e novelas veiculadas pela TV ter dado uma maior ênfase apresentando deficientes em várias situações corriqueiras do dia a dia, inclusive abordando problemas relacionados à escola e a aceitação do deficiente por parte da sociedade. Não podemos nos esquecer de outros fatos extremamente interessantes, principalmente para nossa área de atuação profissional que tem sido a participação gloriosa do Brasil nas Paraolimpíadas e recentemente no Parapan-americanos sagrando-se campeão geral no quadro de medalhas. Essas discussões propiciaram a preparação desse material com o objetivo de ajudar os profissionais da Educação Física e do Esporte no entendimento das questões da deficiência em nosso campo de atuação. Introdução Para nos localizar melhor quando falamos de deficientes, é interessante iniciarmos mostrando um pouco da visão do deficiente ao longo da história da humanidade. A atenção ao deficiente tem se caracterizado pela segregação, acompanhada pela conseqüente e gradativa exclusão, sob diferentes argumentos, dependendo do momento histórico focalizado. O quadro abaixo elaborado a partir das informações contidas no material distribuído pelo Ministério da educação, nos mostra como a pessoa com deficiência era vista ao longo da nossa história. Antiguidade Pessoa diferente Com limitações funcionais e necessidades diferenciadas, era praticamente exterminada por meio do abandono, o que não representava um problema de natureza ética ou moral. A Bíblia traz 1 Docente do Centro de Educação Física e Esporte da Universidade Estadual de Londrina.

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2400

A DEFICIÊNCIA E O ESPORTE PARAOLÍMPICO

Rosangela Marques Busto1

Apresentação

A questão da deficiência tem merecido destaque nas discussões da mídia nos

últimos anos. Após a Constituição de 19881, veio à tona a discussão sobre a questão do

deficiente quando foi estabelecido que o atendimento a pessoa com deficiência deveria

ocorrer preferencialmente na rede regular de ensino.

Com os Parâmetros Curriculares em 1996, definitivamente incrementou-se a

discussão da questão da inclusão, porém, essas discussões acabaram ficando focadas apenas

na inclusão da pessoa com deficiente, pois esta era a parcela da sociedade que ainda se

encontrava excluída do contexto escolar e social.

Outro fato que trouxe a superfície às discussões sobre o deficiente em nossa

sociedade foi pelos programas e novelas veiculadas pela TV ter dado uma maior ênfase

apresentando deficientes em várias situações corriqueiras do dia a dia, inclusive abordando

problemas relacionados à escola e a aceitação do deficiente por parte da sociedade.

Não podemos nos esquecer de outros fatos extremamente interessantes,

principalmente para nossa área de atuação profissional que tem sido a participação gloriosa

do Brasil nas Paraolimpíadas e recentemente no Parapan-americanos sagrando-se campeão

geral no quadro de medalhas.

Essas discussões propiciaram a preparação desse material com o objetivo de

ajudar os profissionais da Educação Física e do Esporte no entendimento das questões da

deficiência em nosso campo de atuação.

Introdução

Para nos localizar melhor quando falamos de deficientes, é interessante

iniciarmos mostrando um pouco da visão do deficiente ao longo da história da humanidade.

A atenção ao deficiente tem se caracterizado pela segregação, acompanhada

pela conseqüente e gradativa exclusão, sob diferentes argumentos, dependendo do

momento histórico focalizado.

O quadro abaixo elaborado a partir das informações contidas no material

distribuído pelo Ministério da educação, nos mostra como a pessoa com deficiência era

vista ao longo da nossa história.

Antiguidade

Pessoa diferente Com limitações funcionais e necessidades

diferenciadas, era praticamente exterminada por meio do abandono, o que

não representava um problema de natureza ética ou moral. A Bíblia traz

1 Docente do Centro de Educação Física e Esporte da Universidade Estadual de Londrina.

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referências ao cego, ao manco e ao leproso - a maioria dos quais sendo

pedintes ou rejeitados pela comunidade, seja pelo medo de doença, seja

porque se pensava que eram amaldiçoados pelos deuses.

Idade Média

Pessoas doentes, defeituosas e/ou mentalmente afetadas

(provavelmente deficientes físicos, sensoriais e mentais), em função da

assunção das idéias cristãs, não mais podiam ser exterminadas, já que

também eram criaturas de Deus. Assim, eram aparentemente ignoradas à

própria sorte, dependendo, para sua sobrevivência, da boa vontade e

caridade humanas. Da mesma forma que na Antigüidade, alguns

continuavam a ser “aproveitados” como fonte de diversão, como bobos

da corte, como material de exposição, etc.

Período

Medieval

A concepção de deficiência passou a ser metafísica, de natureza

religiosa, sendo a pessoa com deficiência considerada ora demoníaca, ora

possuída pelo demônio;

Século XVI

aos Dias de

Hoje

Começaram a surgir novas idéias, referentes à sua natureza orgânica,

produto de causas naturais. Assim concebida, passou também a ser

tratada por meio da alquimia, da magia e da astrologia, métodos da

então iniciante medicina, processo importante do século XVI.

O século XVII foi palco de novos avanços no conhecimento produzido

na área da Medicina, o que fortaleceu a tese da organicidade, e ampliou

a compreensão da deficiência como processo natural.

Enquanto que a tese da organicidade favoreceu o surgimento de ações

de tratamento médico das pessoas com deficiência, a tese do

desenvolvimento por meio da estimulação encaminhou-se, embora

muito lentamente, para ações de ensino, o que vai se desenvolver

definitivamente somente a partir do século XVIII. Quadro elaborado por Busto baseado em Projeto Escola Viva

2 - Garantindo o acesso e permanência de todos

os alunos na escola - Alunos com necessidades educacionais especiais, Brasília: Ministério da Educação,

Secretaria de Educação Especial, 2000.

No Século passado, as discussões sobre deficiência tomaram corpo, podendo

ser apresentada da seguinte forma:

Paradigma da

Institucionalização

SEGREGAÇÃO

“um lugar de

residência e de

trabalho, onde um

grande número de

pessoas, excluído da

sociedade mais

ampla, por um longo

Foram criados conventos, hospitais psiquiátricos que serviam para o

confinamento, constituindo-se algumas vezes pouco mais que

prisões onde eram enviados os deficientes.

Com a evolução da medicina, a etiologia, o funcionamento e o

tratamento de deficientes foram sendo sistematizados, o que

proporcionou a mudança de um paradigma que durou mais de 500

anos.

Este paradigma começou a ser mudado apenas no século XX por

volta dos anos 60.

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período de tempo,

leva juntos uma vida

enclausurada e

formalmente

administrada”

(Goffman, 1962)

Paradigma de

Serviço

INTEGRAÇÃO

“localizar no sujeito

o alvo da mudança”

Necessidade de modificar a pessoa com necessidades educacionais

especiais, de forma que esta pudesse vir a se assemelhar, o mais

possível aos demais cidadãos, para então poder ser inserida,

integrada, ao convívio em sociedade.

A comunidade deveria oferecer às pessoas com necessidades

educacionais especiais, os serviços e os recursos de que

necessitassem para viabilizar as modificações que as tornassem o

mais “normais” possíveis.

Diferente do paradigma anterior, este rapidamente sofre críticas.

Ampliou-se a discussão do deficiente ser um cidadão como outro

qualquer, detentor dos mesmos direitos de determinação e de uso

das oportunidades disponíveis na sociedade, independente do tipo de

deficiência e do grau de comprometimento que apresentem.

Paradigma de

Suporte

INCLUSÃO

A pessoa com

deficiência tem

direito à convivência

não segregada e ao

acesso imediato e

contínuo aos recursos

disponíveis aos

demais cidadãos.

Estão sendo desenvolvidos suportes, instrumentos que garantam à

pessoas com necessidades educacionais especiais o acesso imediato

a todo e qualquer recurso da comunidade.

Os suportes podem ser de diferentes tipos (social, econômico, físico,

instrumental) e tem como função construir um processo que passou

a ser denominada de Inclusão Social.

A Inclusão social é um processo que engloba ações junto a pessoas

com necessidades educacionais especiais e ações junto a

comunidade, num processo bilateral.

Projeto Escola Viva – Garantindo o acesso e Permanência de todos os alunos na escola – Alunos com

necessidades Especiais. Visão Histórica 1. Brasília: MEC. SEE. 2000.

O DEFICIENTE NA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA

Tendo passado rapidamente pela história do deficiente, vamos ver como a

legislação brasileira trata o deficiente.

Em 1999 foi publicada a Política Nacional para a Integração da Pessoa

Portadora de Deficiência3, que compreende o conjunto de orientações normativas que

objetivam assegurar o pleno exercício dos direitos individuais e sociais das pessoas com

deficiência.

No artigo 2, encontramos que cabe aos órgãos e às entidades do Poder Público

assegurar à pessoa com deficiência o pleno exercício de seus direitos básicos, inclusive dos

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direitos à educação, à saúde, ao trabalho, ao desporto, ao turismo, ao lazer, à previdência

social, à assistência social, ao transporte, à edificação pública, à habitação, à cultura, ao

amparo à infância e à maternidade, e de outros que, decorrentes da Constituição e das leis,

propiciem seu bem-estar pessoal, social e econômico.

Para facilitar o entendimento, encontramos as seguintes definições;

DEFICIÊNCIA

Toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica,

fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o desempenho

de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser

humano;

DEFICIÊNCIA

PERMANENTE

Aquela que ocorreu ou se estabilizou durante um período de tempo

suficiente para não permitir recuperação ou ter probabilidade de que

se altere, apesar de novos tratamentos;

INCAPACIDADE

Uma redução efetiva e acentuada da capacidade de integração social,

com necessidade de equipamentos, adaptações, meios ou recursos

especiais para que a pessoa com deficiência possa receber ou

transmitir informações necessárias ao seu bem-estar pessoal e ao

desempenho de função ou atividade a ser exercida.

Buscando regulamentar o atendimento prioritário às pessoas com deficiência

ou com mobilidade reduzida, em 2004, foi publicado o Decreto nº. 5.296 de 2 de dezembro

de 20044.

§ 1o Considera-se, para os efeitos deste Decreto:

I - pessoa com

deficiência a que possui

limitação ou

incapacidade para o

desempenho de

atividade e se enquadra

nas seguintes

categorias:

a) deficiência física: alteração completa ou parcial de um ou

mais segmentos do corpo humano, acarretando o

comprometimento da função física, apresentando-se sob a

forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia,

tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia,

hemiparesia, ostomia, amputação ou ausência de membro,

paralisia cerebral, nanismo, membros com deformidade

congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as

que não produzam dificuldades para o desempenho de funções;

b) deficiência auditiva: perda bilateral, parcial ou total, de

quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma

nas freqüências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz;

c) deficiência visual: cegueira, na qual a acuidade visual é

igual ou menor que 0,05 no melhor olho, com a melhor

correção óptica; a baixa visão, que significa acuidade visual

entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica;

os casos nos quais a somatória da medida do campo visual em

ambos os olhos for igual ou menor que 60o; ou a ocorrência

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simultânea de quaisquer das condições anteriores;

d) deficiência mental: funcionamento intelectual

significativamente inferior à média, com manifestação antes

dos dezoito anos e limitações associadas a duas ou mais áreas

de habilidades adaptativas, tais como:

1. comunicação;

2. cuidado pessoal;

3. habilidades sociais;

4. utilização dos recursos da comunidade;

5. saúde e segurança;

6. habilidades acadêmicas;

7. lazer; e

8. trabalho;

e) deficiência múltipla - associação de duas ou mais

deficiências;

II - pessoa com

mobilidade

reduzida

Aquela que, não se enquadrando no conceito de pessoa com

deficiência, tenha, por qualquer motivo, dificuldade de

movimentar-se, permanente ou temporariamente, gerando

redução efetiva da mobilidade, flexibilidade, coordenação

motora e percepção.

Termos tais como “deficiência”, “deficiente”, “portador de deficiência” e

“portador de necessidades especiais” surgiram bem recentemente, já no século XX.

Fechando o ciclo de esclarecimentos, encontramos os Parâmetros Curriculares

Nacionais5 quando fala das adaptações curriculares e as estratégias para a educação de

alunos com necessidades especiais.

A expressão necessidades educacionais especiais pode ser utilizada para referir-

se a crianças e jovens cujas necessidades decorrem de sua elevada capacidade ou de suas

dificuldades para aprender. Está associada, portanto, a dificuldades de aprendizagem, não

necessariamente vinculada a deficiência(s).

Necessidades educacionais podem ser identificadas em diversas situações

representativas de dificuldades de aprendizagem, como decorrência de condições

individuais, econômicas ou socioculturais dos alunos:

PESSOA COM NECESSIDADES ESPECIAIS – PCN

“aquele que por apresentar necessidades próprias e diferentes dos demais alunos

no domínio das aprendizagens curriculares correspondentes à sua idade, requer recursos

pedagógicos e metodologias educacionais específicas.”

QUEM SÃO?

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• as com condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais e sensoriais

diferenciadas;

• as com deficiência e bem dotadas;

• as de populações distantes ou nômades;

• as de minorias lingüísticas, étnicas ou culturais;

• as de grupos desfavorecidos ou marginalizados.

• os com dificuldades temporárias ou permanentes nas escolas

• os repetentes

• os desnutridos e pobres,

• as vítimas de guerra e conflitos armados,

• os meninos e as meninas de rua,

• as populações das periferias urbanas e zonas rurais,

• os povos indígenas,

• as minorias étnicas, raciais, linguísticas,

• com altas habilidades,

• as crianças de abrigos,

• os que sofreram emocionalmente com a vida...

Todos os que precisam de maior atenção para que possam conseguir um

aproveitamento escolar bom e evolutivo6

SUPERDOTAÇÃO

Notável desempenho e elevada potencialidade em qualquer dos seguintes

aspectos isolados ou combinados:

• capacidade intelectual geral;

• aptidão acadêmica específica;

• pensamento criativo ou produtivo;

• capacidade de liderança;

• talento especial para artes;

• capacidade psicomotora.

CONDUTAS TÍPICAS

Manifestações de comportamento típicas de portadores de síndromes e quadros

psicológicos, neurológicos ou psiquiátricos que ocasionam atrasos no desenvolvimento e

prejuízos no relacionamento social, em grau que requeira atendimento educacional

especializado.

DEFICIÊNCIA AUDITIVA

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Perda total ou parcial, congênita ou adquirida, da capacidade de compreender a

fala por intermédio do ouvido. Manifesta-se como:

• surdez leve / moderada: perda auditiva de até 70 decibéis, que dificulta, mas

não impede o indivíduo de se expressar oralmente, bem como de perceber a

voz humana, com ou sem a utilização de um aparelho auditivo;

• surdez severa / profunda: perda auditiva acima de 70 decibéis, que impede o

indivíduo de entender, com ou sem aparelho auditivo, a voz humana, bem

como de adquirir, naturalmente, o código da língua oral.

DEFICIÊNCIA FÍSICA

Variedade de condições não sensoriais que afetam o indivíduo em termos de

mobilidade de coordenação motora geral ou da fala, como decorrência de lesões

neurológicas, neuromusculares e ortopédicas, ou ainda de malformações congênitas ou

adquiridas.

DEFICIÊNCIA INTELECTUAL

Caracteriza-se por registrar um funcionamento intelectual geral

significativamente abaixo da média, oriundo do período de desenvolvimento, concomitante

com limitações associadas a duas ou mais áreas da conduta adaptativa ou da capacidade do

indivíduo em responder adequadamente às demandas da sociedade, nos seguintes aspectos:

• comunicação;

• cuidados pessoais;

• habilidades sociais;

• desempenho na família e comunidade;

• independência na locomoção;

• saúde e segurança;

• desempenho escolar;

• lazer e trabalho.

DEFICIÊNCIA VISUAL

É a redução ou perda total da capacidade de ver com o melhor olho e após a

melhor correção ótica. Manifesta-se como:

Cegueira: perda da visão, em ambos os olhos, de menos de 0,1 no melhor olho após

correção, ou um campo visual não excedente a 20 graus, no maior meridiano do melhor

olho, mesmo com o uso de lentes de correção. Sob o enfoque educacional, a cegueira

representa a perda total ou o resíduo mínimo da visão que leva o indivíduo a necessitar do

método braille como meio de leitura e escrita, além de outros recursos didáticos e

equipamentos especiais para a sua educação;

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Visão Reduzida: acuidade visual dentre 6/20 e 6/60, no melhor olho, após correção

máxima. Sob o enfoque educacional, trata-se de resíduo visual que permite ao educando ler

impressos a tinta, desde que se empreguem recursos didáticos e equipamentos especiais.

DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA

É a associação, no mesmo indivíduo, de duas ou mais deficiências primárias

(mental/visual/auditiva/física), com comprometimentos que acarretam atrasos no

desenvolvimento global e na capacidade adaptativa.

Na Educação Inclusiva, os sistemas educacionais devem assumir que as

diferenças humanas são normais e que a aprendizagem deve se adaptar às necessidades das

crianças ao invés de se adaptar a criança a assunções preconcebidas a respeito do ritmo e da

natureza do processo de aprendizagem.

Para que você possa elaborar um programa inclusivo, é importante conhecer os

diferentes tipos de deficiência, bem como preveni-las e, nos casos em que a deficiência já

está instalada, promover a reabilitação e o resgate da auto-estima, potencializando as

possibilidades de inclusão social/escolar

Concluindo esta parte da apresentação, vale ressaltar que de acordo com a

Declaração de Salamanca, na Educação Inclusiva, os sistemas educacionais devem assumir

que as diferenças humanas são normais e que a aprendizagem deve se adaptar às

necessidades das crianças ao invés de se adaptar a criança a assunções preconcebidas a

respeito do ritmo e da natureza do processo de aprendizagem7.

ESPORTE ADAPTADO, EDUCAÇÃO FÍSICA ADAPTADA OU ESPORTE

PARAOLÍMPICO?

ESPORTE PARAOLÍMPICO, FATOS HISTÓRICOS, DADOS RELEVANTES,

PAÍSES E MODALIDADES.

Inicialmente devemos estabelecer do que é que estamos falando. Ao falarmos

de adaptado, encontramos no dicionário Michaeles8 “adj (part de adaptar) Que se adaptou;

tornado apto; acomodado, ajustado”. Se falarmos a palavra adaptar encontramos “(lat

adaptare) ... Combinar, encaixar, justapor, ajustar (uma coisa a outra).

A Educação Física Adaptada, Educação Física para Pessoas com Deficiência ou

ainda Educação Especial, terminologia utilizada para a disciplina que abarca

informações sobre educação física para pessoas com deficiência, caracteriza-se

por adequar metodologicamente um conjunto de atividades ou tarefas que

envolvam diferentes estímulos, adaptando as capacidades e limitações do aluno

com deficiência. Sua proposta não difere dos objetivos da educação física

regular, ela visa a ampliar as possibilidades de aplicação da educação física

escolar por meio de metodologias que respeitem a diversidade do grupo, as

características e as necessidades do aluno com deficiência9.

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Quando elaborou o Dicionário de Educação Física e Esporte, Barbanti10

definiu

a Educação Física Adaptada como:

Educação que envolve modificações ou ajustamentos das atividades tradicionais da Educação

Física para permitir a participação de crianças deficientes com segurança e de acordo com suas

capacidades funcionais.

Quando buscamos a palavra paraolímpica ou paraolimpíada, encontramos

definições sobre jogos, evento esportivo que ocorre paralelo às olimpíadas.

Período de quatro anos decorrido entre a realização de dois Jogos Olímpicos (ou Olimpíadas)

consecutivos, no sistema grego de divisão do tempo. Este método de contar o tempo tornou-se

comum por volta de 300 a.C. Todos os eventos eram datados a partir de 776 a.C., o início da

primeira olimpíada conhecida11

Comumente encontramos o termo Educação Física utilizado em várias

situações, para que não incorramos no mesmo erro, iniciaremos esclarecendo o sentido que

utilizaremos durante a apresentação deste texto.

Educação Física Ciência

Educação Física

Especial/adaptada

Destinada a pessoas com deficiência, pessoas com

necessidades especiais.

Esporte Adaptado Modalidades esportivas que foram adaptadas para atender a

pessoas com necessidades específicas.

Esporte Paraolímpico Modalidades que fazem parte dos Jogos Paraolímpicos. Definição de termos por Busto, 2011

1.

Vamos esclarecer então o quadro acima, os exercícios terapêuticos, precursores

da educação física adaptada, já eram utilizados pelos Chineses (com o Cong Fu) e Hindus

(com a ioga) antes de 1115 a.C. na busca e proteção da saúde e os Gregos (480 a.C.)

utilizavam sistemas de exercícios para corrigir várias fraquezas dos corpos dos

estudantes12.

Os Romanos (130 d.C.) no tratamento de doenças crônicas utilizavam polias e

halteres para melhorar a força e o tônus muscular, associavam ainda alimentação

balanceada para manter a saúde.

Na Idade Média por influência da Igreja cristã, acreditava-se que a

“mortificação da carne” trazia a santificação e os jogos e esportes eram considerados

frívolos e indesejáveis. Com a renascença o interesse pelas culturas antigas reaparece,

através dos esportes e da medicina. A preocupação com atividades direcionadas a

populações especiais já aparece no primeiro livro moderno de exercícios terapêuticos,

quando prescreve que ”exercícios especiais devem ser prescritos para pacientes

convalescentes, em bases individuais” 5, (p. 35)

.

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Na idade moderna, surgiram várias formas de tratamentos, Hauffman propôs a

terapia cinética ocupacional (cortar e costurar, atividades diárias gerais), poderia ser

utilizada na obtenção de força e saúde, André propôs exercícios para corrigir deformidades

posturais, já Tissot, o conhecimento de anatomia para a prescrição de exercícios, utilizou

ainda esporte e terapia recreativa.

Já no século XIX, Ling classificou os exercícios em 4 categorias: pedagógicos,

estéticos, militares e médicos. Os médicos foram subdivididos em exercícios ativos,

exercícios passivos e exercícios contra-resistidos.

Nos anos 1920, Klapp propôs o uso de exercícios para o tratamento da

escoliose. Após a Segunda Guerra Mundial, aumentou o uso dos exercícios terapêuticos em

hospitais para a reabilitação, popularizando assim os jogos e esportes adaptados.

Os Jogos Paraolímpicos surgiram para coroar um trabalho de atendimento a

pessoas com deficiência que começou no século 18 e 19. As primeiras notícias nos

remetem a atividades realizadas por clubes esportivos para pessoas com deficiência

auditiva.

As grandes guerras mundiais levaram as autoridades a se a preocuparem com a

recuperação dos soldados mutilados. O auge desta preocupação ocorreu durante a II Guerra

Mundial, quando a Inglaterra contrata entre outros, o neurocirurgião alemão Ludwig

Guttmann que propôs a utilização de atividades esportivas como meio para a reabilitação e

recuperação dos veteranos de guerra.

Neste texto falaremos sobre o Esporte Paraolímpico, fatos históricos, dados

relevantes sobre participantes, países, modalidades entre outros.

Quadro fatos históricos dos Esportes Adaptados até o início das Paraolimpíadas.

Data Acontecimento

Séculos 18 e 19 Contribuição no sentido da reeducação e da reabilitação

Berlim, Alemanha 1888 Primeiras notícias da existência de clubes esportivos para pessoas surdas.

I Grande Guerra 1914/1918 A fisioterapia e a medicina esportiva surgiram como recursos importantes

na recuperação das cirurgias internas e ortopédicas.

Paris - 1924 Jogos do Silêncio, com a participação de 145 atletas de nove países

europeus.

1932 Na Inglaterra, fundou-se a Associação de Jogadores de Golfe de um só

Braço.

1944, durante a segunda

grande guerra.

Governo britânico contratou, entre outros, o, Dr. Ludwig Guttmann, -

neurocirurgião alemão, para começar um trabalho de reabilitação para

lesionados medulares dando origem ao Centro Nacional de Lesionados

Medulares de Stoke Mandeville na Inglaterra.

Marcou seu trabalho de reabilitação médica e social direcionados aos

veteranos de guerra, pelo uso da prática esportiva como parte do

tratamento médico.

29 de julho de 1948 Data da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Londres aconteceu

a competição denominada Stoke Mandeville Games. A participação é

modesta: 14 homens e duas mulheres das Forças Armadas Britânicas

competem em arco e flecha

1952 Exsoldados holandeses se uniram para participar dos jogos de Stoke

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Mandeville, e juntamente com os ingleses, fundaram a ISMGF –

International Stoke Mandeville Games Federation – Federação

Internacional dos Jogos de Stoke Mandeville,

Quadro fatos históricos das Paraolimpíadas.

1960 Realizado os jogos em Roma logo após a realização dos Jogos Olímpicos.

Usando os mesmos espaços esportivos e o mesmo formato das olimpíadas,

240 atletas de 23 países participaram da primeira Paraolimpíada.

Até os jogos de 1972 em

Heildelberg, Alemanha

Apenas atletas em cadeiras de rodas participavam oficialmente dos jogos.

1976, nas Paraolimpíadas de

Toronto, Canadá

Inclusão dos atletas cegos e amputados e

1976 na cidade de

Ornskoldsvik, Suécia

Foi realizada a primeira Paraolimpíada de Inverno.

1980, em Arnhem, na

Holanda

Inclusão dos paralisados cerebrais

Até 1992 Os jogos de inverno aconteceram no mesmo ano dos jogos de verão

1994 O ciclo foi ajustado passando a ser realizado no mesmo ano dos Jogos

Olímpicos de Inverno.

1996 - Jogos Paraolímpicos

de Atlanta, USA,

A primeira participação de deficientes intelectuais ocorreu em algumas

provas de atletismo em caráter de demonstração.

2000 Jogos Paraolímpicos

de Sydney, Austrália

Os deficientes intelectuais foram oficialmente incluídos nas modalidades

de atletismo, basquetebol, natação e tênis de mesa.

2000, nos Jogos

Paraolímpicos de Sydney,

Austrália

Houve a comprovação de fraudes na equipe de basquetebol da Espanha

que havia conquistado a medalha de ouro. Alguns atletas da equipe não

eram deficientes mentais e, simplesmente, haviam fraudado laudos e

exames para participarem do evento.

2004 - Jogos de Atenas Em razão de problemas sérios de irregularidades e fraudes encontradas

quanto à elegibilidade de alguns atletas presentes em Sydney, houve a

suspensão dos atletas com deficiência intelectual das atividades

promovidas pelo IPC até que se encontre um meio eficaz e seguro de

definir sua elegibilidade e por isso eles não participaram dos jogos até as

Paraolimpíadas de Pequim em 2008.

A partir de 2009 O sistema de elegibilidade passará a ser de responsabilidade de cada

modalidade esportiva, cabendo a ela definir, se for o caso, as normas de

participação dos atletas deficientes mentais.

Quadro da história das Paraolimpíadas, elaborado por Busto baseado em Conde, Souza Sobrinho e Senatore

(2006, pg. 11 e 12)13

A participação do Brasil nas Paraolimpíadas começou muito antes de sua ida

para a Alemanha em 1972, devemos ressaltar a iniciativa em 1958 de dois brasileiros que

foram para os Estados Unidos fazer tratamento e tiveram os primeiros contatos com o

basquete em cadeira de rodas, Sérgio Del Grande e Robson Sampaio. Ao retornarem ao

Brasil, fundaram em São Paulo o Clube dos Paraplégicos e no Rio de Janeiro o Clube do

Otimismo14

.

O Brasil nos Jogos Paraolímpicos

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2411

Ano Local Acontecimento

1972 Heidelberg -

Alemanha

O Brasil participou pela primeira vez dos Jogos Paraolímpicos

1976 Canadá Veio a conquista das primeiras medalhas: Robson Sampaio de Almeida e Luís Carlos

“Curtinho” conquistaram a prata no lawn bowls, uma espécie de bocha, jogada sobre a

grama

1980 Holanda O time de basquete masculino em cadeira de rodas e um nadador marcam a presença

do Brasil

1984 Inglaterra Com a participação apenas de atletas em cadeira de rodas, o Brasil conquistou 21

medalhas

1988 Seoul O Brasil conquistou 27 medalhas nos Jogos Paraolímpicos de Seul: quatro de ouro,

dez de prata e 13 de bronze. Na classificação geral, voltou como 25º colocado entre 65

países concorrentes. Em Seul, o atleta Luís Cláudio Pereira ganhou três medalhas de

ouro no atletismo - no lançamento de disco, dardo e peso - estabelecendo três

recordes, dois mundiais - dardo e peso – e um paraolímpico – no disco. A outra

medalha de ouro foi da nadadora Graciana Alves

1992 Barcelona -

Espanha

Foram conquistadas apenas sete medalhas: três de ouro e quatro de bronze. Os

brasileiros, porém, atingiram mais dois recordes mundiais. Um deles, com Suely

Guimarães, no disco; o outro, com Luís Cláudio Pereira, no peso. A terceira medalha

de ouro foi conquistada por Ádria Santos, no atletismo. Em Barcelona, diante de 92

países, o Brasil terminou na 30ª colocação.

1996 Atlanta -

EUA

a equipe com 58 atletas conquistou 21 medalhas - duas de ouro, seis de prata e 13 de

bronze. Antonio Tenório, no judô e José Afonso Medeiros, na natação, conquistaram

o ouro. Na classificação geral ficou em 37º lugar entre 114 países

2000 Sidney -

Australia

o Brasil subiu para 24º lugar (entre 126 países), com 22 medalhas – seis ouros, dez

pratas e seis bronzes

2004 Atenas -

Grécia

na melhor campanha das Paraolimpíadas, o País terminou em 14º lugar (entre 146

países). Na bagagem, 33 medalhas – 14 ouros, 12 pratas e sete medalhas de bronze.

2008 Beijing -

China

a seleção paraolímpica conquistou 47 medalhas: 16 de ouro,14 de prata e 17 de bronze

Quadro da participação brasileira nas paraolimpíadas 15

.

As paraolimpíadas ocorrem de quatro em quatro anos, desde sua criação foram

13 edições. A seguir apresentamos a edição dos jogos, o ano que ocorreu, a cidade e o

local.

Paraolimpíadas de Verão - Jogos Paraolímpicos de Verão

Jogos Ano Cidade Acolhedora País

I 1960 Roma Itália

II 1964 Tóquio Japão

III 1968 Tel Aviv Israel

IV 1972 Heidelberg Alemanha Ocidental

V 1976 Toronto Canadá

VI 1980 Arnhem Holanda

VII 1984 Stoke Mandeville e Nova York Reino Unido e EUA

VIII 1988 Seoul Coreia do Sul

IX 1992 Barcelona Espanha

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2412

X 1996 Atlanta Estados Unidos

XI 2000 Sydney Austrália

XII 2004 Atenas Grécia

XIII 2008 Pequim China

XIV 2012 Londres Reino Unido

XV 2016 Rio de Janeiro Brasil

Quadro dos Jogos Paraolímpicos de Verão. 16

Tanto as Olimpíadas como as Paraolimpíadas de Inverno ocorrem de quatro em

quatro anos. Até 1992 os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de Inverno eram realizados no

mesmo ano que os Jogos de Verão. Em 1994, a tradição de realizar os jogos de quatro em

quatro anos foi quebrada para que, a partir de então, os Jogos de Inverno fossem realizados

em anos diferentes dos Jogos de Verão. A seguir apresentamos a edição dos jogos, o ano

que ocorreu, a cidade e o local.

Paraolimpíadas de Inverno - Jogos Paraolímpicos de Inverno

Jogos Ano Cidade País

I 1976 Örnsköldsvik Suécia

II 1980 Geilo Noruega

III 1984 Innsbruck Áustria

IV 1988 Innsbruck Áustria

V 1992 Albertville França

VI 1994 Lillehammer Noruega

VII 1998 Nagano Japão

VIII 2002 Salt Lake City Estados Unidos

IX 2006 Turim Itália

X 2010 Vancouver Canadá

XI 2014 Sóchi Rússia

Quadro dos Jogos Paraolímpicos de Inverno. IV

Quando em 1960 foi proposta a primeira edição das Paraolimpíadas,

participaram apenas atletas com lesão medular. Esta situação perdurou por 4 edições,

quando em 1976, foram incluídas pessoas com amputações, comprometimento visual e lês

autres, palavra francesa que significa os outros (atletas com uma série de condições que

resultam em distúrbios locomotivos - como nanismo - que não se encaixam nos sistemas

tradicionais de classificação dos grupos de deficiência estabelecido). O quadro a seguir

apresenta o ano e quais tipos de deficiência foram incluídos.

Ano Tipos de deficiência inclusas

1960 Lesão

medular

1964 Lesão

medular

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1968 Lesão

medular

1972 Lesão

medular

1976

Lesão

medular Amputação Comprometimento

Visual

Les

Autres

1980

Lesão

medular Amputação Compromentimento

Visual

Les

Autres

Paralisia

Cerebral

1984

Lesão

medular Amputação Compromentimento

Visual

Les

Autres

Paralisia

Cerebral

1988

Lesão

medular Amputação Compromentimento

Visual

Les

Autres

Paralisia

Cerebral

1992

Lesão

medular Amputação Compromentimento

Visual

Les

Autres

Paralisia

Cerebral

1996

Lesão

medular Amputação Compromentimento

Visual

Les

Autres

Paralisia

Cerebral

Deficiência

Mental

2000

Lesão

medular Amputação Compromentimento

Visual

Les

Autres

Paralisia

Cerebral

Deficiência

Mental

2004

Lesão

medular Amputação Compromentimento

Visual

Les

Autres

Paralisia

Cerebral

2008

Lesão

medular Amputação Compromentimento

Visual

Les

Autres

Paralisia

Cerebral

No ano de 1996 foi incluído pessoas com deficiência intelectual, porém, em

2000, um incidente com uma delegação que inscreveu atletas sem deficiência, levou a

suspensão da participação demonstrando a fragilidade na classificação da pessoa como

deficiente intelectual. Existe a expectativa do retorno assim que houver uma forma mais

objetiva de classificação.

As modalidades paraolímpicas da mesma forma que os tipos de deficiências

foram incluídas gradativamente. Podemos observar no quadro abaixo que até as

Paraolimpíadas de 2008, apenas em duas ocasiões não foram incluídas novas modalidades,

em 1972 e em 1996. A primeira Paraolimpíada contou com seis modalidades e atualmente

contamos com 20 modalidades.

Outro fato interessante de ser realçado é que algumas modalidades contaram

com a participação inicialmente apenas masculina como é o caso do basquete em cadeira de

rodas, halterofilismo, tiro esportivo e judô. Temos ainda o Futebol de 7 que é destinado

apenas a equipe masculina.

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2414

Jogos Ano Modalidades Atletas Competição

I 1960

Tiro com Arco

(Arco e flexa)

Cadeirantes, paralisados

cerebrais, amputados e Les

Autres.

As competições são individuais ou por

equipe.

O objetivo é atirar flechas em um alvo

de 122 cm localizado a 70 metros de

distância.

Atletismo Atletas com todos os tipos de

deficiência.

As provas são divididas em: corridas,

saltos, lançamentos e pentatlo.

Basquete em

Cadeira de Rodas

Deficiência física motora,

em cadeira de rodas.

Mesmas regras do basquete

convencional

Esgrima Deficiência física motora,

em cadeira de rodas.

A partida tem três períodos de três

minutos – ou até um dos adversários

completar 15 pontos e pode ser

disputada nas categorias: florete, espada

(masculina e feminina) e sabre

(masculina).

As pistas de competição têm 4m de

comprimento por 1,5m de largura.

A diferença para a esgrima olímpica é

que os atletas têm suas cadeiras fixadas

no solo.

Natação Atletas com diversos tipos de

deficiência (física e visual).

Provas como dos 50m aos 400m no

estilo livre, dos 50m aos 100m nos

estilos peito, costas e borboleta. O

medley é disputado em provas de 150m

e 200m.

Tênis de Mesa

Atletas com paralisia

cerebral, amputados e

cadeirantes.

Equipe, individual ou open.

Pode ser praticado em pé ou de cadeira

de rodas.

II 1964 Halterofilismo Lesão da coluna vertebral.

III 1968 Basquete em

Cadeira de Rodas

Início da Participação

feminina

IV 1972 Heidelberg Alemanha Ocidental Não houve inclusão de modalidade

V 1976

Goalball Atletas com deficiência

visual.

Cada equipe fica do seu lado da quadra,

com três jogadores cada uma e com, no

máximo, três substitutos. O jogo

consiste em lançar a bola com a mão na

direção do gol adversário.

Tiro Esportivo

Pessoas amputadas,

paraplégicas, tetraplégicas e

com outras deficiências

locomotoras.

Durante a competição, que podem ser

disputadas em pé ou sentado. O atirador

tem direito a fazer 60 tiros em 1h45mim,

em distâncias variadas de dez a 50

metros. O alvo possui dez círculos

concêntricos, cada um com 0,7mm. O

círculo mais externo vale um ponto e

assim por diante até o miolo, que vale

dez.

VI 1980

Tiro Esportivo

Início

participação

feminina

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2415

Vôlei Sentado

Atletas amputados,

principalmente de membros

inferiores (muitos são

vítimas de acidentes de

trânsito) e pessoas com

outros tipos de deficiência

locomotora (sequelas de

poliomielite, por exemplo).

Quadra de 10mx6m, com uma rede de

1m15cm de altura. Cada equipe pode ter

12 jogadores inscritos. Basicamente

mesmas regras do vôlei convencional.

VII 1984

Bocha

Paralisia cerebral ou

dificuldade motora e

usuários de cadeira de rodas,

A competição individual ou por equipe,

consiste em lançar bolas (vermelhas ou

azuis) o mais próximo possível da bola

branca. Assim vence o jogador ou a

equipe que aproximar mais a bola, que

podem ser impulsionadas pela mão, o pé

ou com a ajuda de um dispositivo

auxiliar

Ciclismo

Atletas paralisados cerebrais,

deficientes visuais e

amputados.

Individual ou por equipe usando

bicicletas e triciclos (paralisados

cerebrais, segundo o grau de lesão).

Atletas cegos competem em bicicletas

duplas, com um guia. As regras são as

mesmas do ciclismo convencional, mas

com pequenas alterações, relativas à

segurança. As provas se dividem em:

estrada, velódromo e contra-relógio.

Futebol de 7

Atletas do sexo masculino,

com paralisia cerebral,

decorrente de seqüelas de

traumatismo crânio-

encefálico ou acidentes

vasculares cerebrais.

Joga-se dois tempos de 30 minutos, com

um intervalo de 15 minutos, não

existindo impedimento e o arremesso

lateral podendo ser feito com as duas

mãos ou com uma só. Cada equipe tem

sete jogadores em campo, inclusive o

goleiro.

Hipismo após 1ª

participação –

suspensa retorna

em 2000

Atletas com deficiência

física e visual.

A competição de Hipismo é mista, ou

seja, cavaleiros e amazonas competem

juntos nas mesmas provas

VIII 1988 Judô Deficiência visual.

o Judô obedece as regras da Federação

Internacional de Judô. As competições

se dividem em sete categorias de peso.

IX 1992 Tênis em cadeira

de rodas

Cadeirantes (diagnosticada

uma deficiência relacionada

com a locomoção).

Individual ou em dupla.

X 1996 Atlanta Estados Unidos Não houve inclusão de modalidade

XI 2000

Halterofilismo

Entrada da categoria

feminina.

Atletas cadeirantes,

amputados, paralisados

cerebrais e Les Autres,

Divididas em dez categorias de acordo

com o peso corporal.

Judô (feminino) Atletas com deficiência

visual.

As competições se dividem em sete

categorias de peso, no masculino e no

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2416

feminino.

Rugby

Homens e mulheres

tetraplégicos competem

juntos, em times de cadeira

de rodas mistos.

Os times, formados por quatro atletas,

não podem somar em quadra mais do

que oito pontos.

Vela

Amputados, cadeirantes,

deficientes visuais, paralisia

cerebral e "les autres".

Apenas duas classes fazem parte do

programa da vela na Paraolimpíadas: a

classe Sonar que é composta por três

atletas, que recebem pontos que variam

de um a sete, de acordo com o grau de

deficiência, sendo que cada equipe não

pode ultrapassar a marca de 12 pontos e

a 2,4mR, disputada por apenas um

velejador em cada barco.

XII 2004 Futebol de 5

Atletas cegos e com a visão

comprometida. Os jogadores

usam um tampão nos olhos

para evitar que aqueles que

enxergam alguma coisa

tenham vantagem.

A bola possui quizos e os jogadores se

orientam pelo som que eles produzem.

As partidas, com cinco jogadores em

cada equipe, têm dois tempos de 25

minutos e são disputadas em quadras de

futebol de salão.

Judô – Feminino Deficiência visual.

XIII 2008

Remo

Pessoas com deficiência

física (lesão medular, pólio e

paralisia cerebral).

As corridas são realizadas num percurso

de 1000 metros para todas as quatro

classes.

XIV 2012 Londres Reino Unido

XV 2016 Rio de Janeiro Brasil

Quadro elaborado por Busto, baseado em vários sites. 17

,18

.

As modalidades paraolímpicas coletivas apresentam características próprias

quanto a sua duração, número de jogadores e tipo de deficiência que pode participar. A

seguir temos o resumo dessas características.

Modalidade Nº

Jogadores

Tempo

Total de

Jogo

Nº de

Parciais

Tempo

de cada

Parcial

Atletas

Futebol 5 5 50 2 25 Deficiência Visual

Futebol 7 7 60 2 25

Atletas do sexo masculino, com

paralisia cerebral, decorrente de

seqüelas de traumatismo crânio-

encefálico ou acidentes vasculares

cerebrais.

Voleibol

Sentado 6 5 sets 5 sets

25 pontos

15 tie

break

Amputados, principalmente de membros

inferiores (muitos são vítimas de

acidentes de trânsito) e pessoas com

outros tipos de deficiência locomotora

(sequelas de poliomielite, por exemplo).

Basquete em

cadeira de

rodas

5 40 4 10

Deficiência física motora, em cadeira de

rodas.

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2417

Rugby 4 32 4 8 Homens e mulheres tetraplégicos

competem juntos.

Goalball 3 20 2 10 DV

Quadro elaborado por Busto, Rosangela Marques.

Da mesma forma que as modalidades paraolímpicas coletivas apresentam

características próprias, as modalidades individuais também têm suas peculiaridades que

são apresentadas a seguir quanto a seus participantes e as provas. A seguir veremos o

resumo dessas características.

MODALIDADE PROVAS CLASSIFICAÇÃO

ATLETISMO DV.

CLASSES * Cegos.

* Baixa Visão.

ATLETISMO – DF

Lesionado Medular (a classificação

leva em consideração a altura da lesão).

Amputados (nível da amputação).

Paralisado Cerebral – PC. Com Limitação Cognitiva.

Les autres que, traduzindo

literalmente, significa “os outros” (inclui todos os outros que não se

enquadrem nos grupos já citados).

Provas individuais:

100m rasos;

200m rasos;

400m rasos;

800m rasos;

1.500m rasos;

5.000m rasos;

10.000m rasos;

salto em distância;

salto triplo;

salto em altura;

arremesso de peso;

arremesso de disco;

lançamento de dardo

pentatlo.

Provas de Revezamento:

4 x 100m masculino e feminino,

4 x 400m masculino e feminino.

maratona. Apenas para

Deficientes físicos.

Para provas de campo - arremesso, lançamentos e saltos

F – Field (campo)

F11 a F13 – deficientes visuais

F20 – deficientes mentais

F31 a F38 – paralisados cerebrais (31 a 34 -cadeirantes e 35 a 38 - ambulantes)

F40 - anões

F41 a F46 – amputados e Les autres

F51 a F58 – Competem em cadeiras (sequelas

de Poliomielite, lesões medulares e amputações)

Para provas de pista - corridas de velocidade e

fundo

T – track (pista)

T11 a T13 – deficientes visuais

T20 – deficientes mentais

T31 a T38 – paralisados cerebrais (31 a 34 -

cadeirantes e 35 a 38 - ambulantes)

T41 a T46 – amputados e les autres T51 a T54 – Competem em cadeiras (sequelas de

Poliomielite, lesões medulares e amputações)

2. CICLISMO

Paralisados cerebrais, deficientes visuais,

amputados e lesionados

medulares (cadeirantes), de ambos os sexos, competem

no ciclismo.

Individual ou em

equipe

Classificação

LC - Locomotor Cycling (Pessoas com dificuldade de locomoção)

LC1 - Atletas com pequeno prejuízo em função da deficiência, normalmente nos membros superiores.

LC2 - Atletas com prejuízo físico em uma das pernas, permitindo o uso de prótese para competição.

LC3 - Atletas que pedalam com apenas uma perna e não podem utilizar próteses.

LC4 - Atletas com maior grau de deficiência, normalmente amputação em um membro superior e um inferior.

Tandem - Para ciclistas com deficiência visual (B1, B2 e B3). A bicicleta tem dois assentos e ambos ocupantes pedalam em sintonia. Na frente, vai

um ciclista não-deficiente visual e no banco de trás o atleta com deficiência

visual. Handbike - Para atletas paraplégicos que utilizam bicicleta especial

impulsionada com as mãos.

3. BOCHA

Individual BC1

Individual BC2

Individual BC3

Individual BC4 Pares BC3 –

Somente jogadores

pertencentes à classe

As parciais possuem um

tempo limite para serem

terminadas. Será aplicado de

forma decrescente, como a seguir:

Individual BC1, BC2 e

BC4: 5 minutos,

BC1 – O atleta tem paralisia cerebral com

disfunção motora que afeta todo o corpo.

BC2 – O atleta tem paralisia cerebral com

disfunção motora que afeta todo o corpo BC3 – O atleta tem paralisia cerebral ou

não cerebral, ou de origem degenerativa.

BC4 – O atleta tem grave disfunção

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BC3

Pares BC4 –

Somente jogadores pertencentes à classe

BC4

Equipe – Somente jogadores

pertencentes às classes BC1 e BC2

Individual BC3: 6 minutos,

Pares BC3: 8 minutos,

Pares BC4: 6 minutos,

Equipes: 6 minutos.

locomotora nos quatro membros, de

origem degenerativa ou não cerebral.

Em jogo individual e de pares, cada partida será

composta por quatro parciais.

Quando houver empate de pontos, será disputada uma quinta parcial chamada de tiebreak.

Em jogo de equipe, cada partida será composta de

seis parciais, caso não seja necessário à disputa de tiebreak.

No jogo individual, cada jogador estará de posse de

seis bolas azuis ou seis vermelhas, conforme sorteio. No jogo de duplas, cada jogador estará de posse de

três bolas azuis ou três bolas vermelhas, conforme

sorteio. No jogo de equipe, cada jogador estará de posse de

duas bolas azuis ou duas bolas vermelhas, conforme

sorteio.

Atletas BC4

Ataxia de Friedrich.

Distrofia Muscular (força mais próxima menor que 60%).

Esclerose múltipla.

AVC. Lesão medular de C5 e acima.

Espinha bífida com envolvimento da

extremidade superior. Outras condições semelhantes que

resultem em problemas de força e

coordenação.

4. ESGRIMA

As competições se

dividem em

categorias de acordo com a arma:

florete,

espada e sabre.

Classe 1A - Atletas sem equilíbrio

sentado, que têm limitações no braço

armado, não possuem extensão eficiente do cotovelo em relação à gravidade e não

possuem função residual da mão,

fazendo com que seja necessário fixar a arma com uma atadura. É comparável à

antiga ISMGF 1A, ou tetraplégicos com

lesões espinhais no nível da C5/C6. Classe 1B - Atletas sem equilíbio

sentado e com limitações no braço

armado. Há extensão funcional do cotovelo mas não há flexão dos dedos. A

arma precisa ser fixada com uma

bandagem. É comparável ao nível completo de tetraplegia no nível da

C7/C8 ou lesão incompleta superior.

Classe 2 - Atletas com total equilíbrio

sentado e braço armado normal, com

paraplegia do tipo T1/T9 ou tetraplegia

incompleta com sequelas mínimas no braço armado e bom equilíbrio sentado.

Classe 3 - Atletas com bom equilíbrio

sentado, sem suporte de pernas e braço armado normal, como paraplégicos da

T10 à L2. Atletas tanto com pequenos

resquícios de amputação abaixo do joelho ou lesões incompletas abaixo da

D10 ou deficiências comparáveis podem

ser incluídos nesta classe, desde que as pernas ajudem na manutenção do

equilíbrio sentado.

Classe 4 - Atletas com um bom equilíbrio sentado e com suporte das

extremidades superiores e braço armado

normal, como lesões abaixo da C4 ou deficiências comparáveis.

Limitações mínimas - Deficiência dos membros inferiores comparável a

amputações abaixo do joelho.

As pistas de competição têm

4m de comprimento por 1,5m

de largura. A diferença para a esgrima olímpica é que os

atletas têm suas cadeiras

fixadas no solo. Nos combates de florete, os

pontos só podem ser

computados se a ponta da arma tocar o tronco do

oponente. Também na espada,

o que vale é tocar o adversário com a ponta da

arma em qualquer parte acima

dos quadris, mesma área de pontuação adotada nos duelos

de sabre.

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5. HALTEROFILISMO

os atletas

permanecem

deitados em um banco, e executam

um movimento

conhecido como supino.

atletas amputados,

les autres

com limitações mínimas, atletas das classes de paralisia

cerebral e

atletas das classes de lesões na medula espinhal.

Feminino

Até 40Kg

Até 44Kg Até 48Kg

Até 52Kg

Até 56Kg Até 60Kg

Até 67,5Kg

Até 75Kg

Até 82,5Kg

Acima

82,5Kg

Masculino

Até 48Kg

Até 52Kg Até 56Kg

Até 60Kg

Até 67,5Kg Até 75Kg

Até 82,5Kg Até 90Kg

Até 100Kg

Acima de 100Kg

6. HIPISMO

A única disciplina do Hipismo do

Programa

Paraolímpico é o Adestramento.

A competição de Hipismo é mistas, ou

seja, cavaleiros e

amazonas competem juntos nas mesmas

provas.

Existem quatro classificações para os cavaleiros: Classe I: Predominantemente cadeirantes com

pouco equilíbrio do tronco e/ou debilitação de

funções em todos os quatro membros ou nenhum equilíbrio do tronco e bom funcionamento dos

membros superiores.

Classe II: Predominantemente cadeirantes ou aqueles com severa debilitação envolvendo o

tronco e de leve a bom equilíbrio do tronco ou

severa debilitação unilateral. Classe III: Predominantemente capaz de

caminhar sem suporte, com moderada

debilitação unilateral. Podem requerer o uso de cadeira de rodas para longas distâncias ou devido

à pouca força. Atletas que têm total perda de

vista em ambos olhos. Classe IV: Debilitação de um ou mais membros

ou algum grau de deficiência visual.

7. JUDÔ

1. Cada país pode inscrever um participante por categoria de peso;

2. Os grupos visuais B1, B2 e B3

competirão juntos; 3. A duração de cada luta é de:

Masculina – 5 minutos – tempo efetivo

de luta; Feminina – 5 minutos – tempo efetivo

de luta.

3. Cada participante tem direito a um

intervalo de 10 minutos entre cada luta.

COMPETIÇÕES FEMININAS POR

EQUIPE

Até 52kg; Até 57kg;

Até 63kg.

COMPETIÇÕES MASCULINAS POR

EQUIPE

até 66kg; até 90kg;

até 73kg;

até 81kg; acima de 90kg;

8. NATAÇÃO

Dos 50m aos 400m no estilo

livre,

Dos 50m aos 100m nos

estilos peito, costas e borboleta.

O medley é disputado em provas de 150m e 200m.

As classes sempre começam

com a letra S (swimming) e o atleta pode ter classificações

diferentes para o nado peito

(SB) e o medley (SM).

S1 a S10 / SB1 a SB9 /

SM1 a SM10 – nadadores com limitações físico-

motoras.

S11, SB11, SM11 S12, SB12, SM12 S13, SB13, SM13 – nadadores com

deficiência visual (a

classificação neste caso é a mesma do judô e futebol de

cinco).

S14, SB14, SM14 – nadadores com deficiência

mental.

As adaptações são feitas nas

largadas, viradas e chegadas. Os nadadores

cegos recebem um aviso do

tapper, por meio de um bastão com ponta de

espuma quando estão se

aproximando das bordas. A largada também pode ser

feita na água, no caso de

atletas de classes mais baixas, que não conseguem

sair do bloco. As baterias

são separadas de acordo com o grau e o tipo de

deficiência.

9. REMO São quatro Classificação As corridas são realizadas

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categorias de

competição:

Single Skiff Masculino,

Single Skiff

Feminino, Doublé Skiff Misto

Quatro Com Misto.

A – Grupamento funcional utilizado:

braço.

TA – Grupamento funcional utilizado: tronco e braço.

LTA - Grupamento funcional utilizado:

perna, tronco e braço.

num percurso de 1000 metros

para todas as quatro classes.

10. TÊNIS

Game – O primeiro ponto vale 15, o segundo 30, o terceiro 40, e o quarto encerra o game. Se os dois tenistas empatarem o game em 40 a 40, vence o game quem fizer dois pontos seguidos.

Set – O primeiro tenista que vencer seis games, com diferença de dois, ganha o set. Caso o jogo

empate em 5/5, o set fecha em sete games. Se os dois empatarem em 6, a decisão vai para o tiebreaker.

Tiebreaker – Cada jogada vale um ponto. O primeiro tenista saca uma vez e depois os jogadores

vão alternando dois saques para cada um. Quem chegar a sete pontos primeiro, com diferença de dois, ganha o desempate. Caso fique 6/6, ganha quem fizer dois pontos de diferença primeiro.

Observação: no tênis em cadeira de rodas, os jogos são sempre em melhor de três sets, ou seja,

quem fizer dois sets primeiro ganha o jogo.

11. TÊNIS DE MESA

individuais,

em duplas ou

por equipe. As partidas

consistem em uma

melhor de cinco sets, sendo que cada

um deles é

disputado até que um dos jogadores

atinja 11 pontos. Em

caso de empate em 10 a 10, vence quem

primeiro abrir dois

pontos de vantagem.

Classes para cadeirantes

Classe I (Tetraplégico): atleta com

grave redução da atividade no braço que joga, afetando a ação de

agarrar, a flexão do pulso e a

extensão do cotovelo. O músculo tríceps não é funcional.

Classe II (Tetraplégico): atleta com

redução da atividade no braço que joga, afetando a ação de agarrar e a

função da mão (músculos do

pulso). O músculo tríceps é funcional.

Classe III (Paraplégico): atleta com

insuficiente equilíbrio quando sentado ereto numa cadeira de

rodas sem suporte de um encosto;

músculos abdominais e das costas não são funcionais para controlar a

parte superior do tronco e fixar a

posição lombar. Classe IV (Paraplégico): atleta com

suficiente equilíbrio quando

sentado ereto; sem movimento

deliberado no tronco nos planos

sagital e frontal devido à falta dos

músculos funcionais do quadril e da coxa.

Classe V (Paraplégico): atleta com

bom equilíbrio quando sentado ereto e com a musculatura do

tronco e abdome funcionais;

amputação em uma das pernas com capacidade funcional de caminhar.

Classes para andantes

Classe VI: atleta com a combinação

de deficiências no braço que joga e nos membros inferiores

Classe VII: atleta com amputação

simples (braço que joga) ou dupla, acima ou abaixo do cotovelo, ou a

combinação de ambos; atleta com

ambos os membros inferiores afetados.

Classe VIII: atleta com amputação

simples acima ou dupla abaixo do joelho; atleta com grave deficiência

em um ou dois membros inferiores.

Classe IX: atleta com amputação simples abaixo do joelho, mas bom

equilíbrio dinâmico e deficiência

mínima em uma perna. Classe X: atleta com amputação de

1/3 do antebraço do braço livre,

com função normal do braço que joga; deficiência muscular mínima

em uma das pernas

Classe XI: atleta com deficiência

mental

12. TIRO

Rifles e pistolas de ar, com

cartuchos de 4.5mm, são utilizados nas provas de 10

metros de distância.

Já nos 25 metros, uma pistola de perfuração é

utilizada com projéteis de

5.6mm. Rifles de perfuração e

pistolas são as armas das

provas de 50m, também com as balas de 5.6mm de

Pessoas amputadas, paraplégicas,

tetraplégicas e com outras deficiências locomotoras podem

competir tanto no masculino como

no feminino.

As pontuações de ambas as

fases são somadas e vence quem fizer mais pontos. O

alvo é dividido em dez

circunferências que valem de um a dez pontos e são

subdivididas, cada uma, entre

0.1 e 0.9 pontos. A menor e mais central circunferência é

a que vale mais, dez pontos.

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diâmetro.

13. TIRO COM ARCO

O formato de disputa do

tiro com arco durante os Jogos Paraolímpicos é

chamado de “Round

Olímpico”. Na primeira fase do Round

Olímpico, as seleções

atuam simultaneamente. As tentativas consistem em

três seqüências de nove

flechas, com cada uma durando três minutos no

máximo. Vão à final as

quatro melhores parcerias. Na decisão, as seleções

têm direito às mesmas três

seqüências de nove setas da etapa preliminar.

Tetraplégicos, paraplégicos e

pessoas com mobilidade limitada nos membros inferiores competem.

Estes últimos podem escolher atuar

em pé ou sentados num banco.

Uma distância de 70m separa

os atletas do alvo, que mede 1,22m de diâmetro, sendo

formado por dez círculos

concêntricos. O mais externo vale um

ponto. A partir daí, quanto

mais próxima do círculo central estiver a flecha, maior

a pontuação obtida. Dez

pontos são dados para quem acerta o centro do alvo,

14. VELA

Três tipos de barco são

utilizados nas competições paraolímpicas:

o barco da classe 2.4mR

tripulado por um único atleta;

o barco da classe Sonar,

com 3 atletas; e o barco SKUD-18 para 2

tripulantes paraplégicos,

sendo obrigatoriamente 1 tripulante feminino.

Pessoas com deficiência

locomotora ou visual podem competir na modalidade

As competições, denominadas

de “regatas”, são percursos sinalizados com bóias, feitas

de acordo com as condições

climáticas, de forma que o atleta teste todo seu

conhecimento de velejador.

O esporte, considerando-se a definição de deficiência aprovada pela Resolução n

o. 48 de 1996

da Organização das Nações Unidas – ONU, cumpre os nobres objetivos de detectar e

desenvolver os potenciais das pessoas com deficiência e proporcionar a elas oportunidades para

que sejam reconhecidas como capazes de participar da vida comunitária em condições de

igualdade com as demais pessoas. O esporte vem cumprindo eficazmente este papel nas suas

mais diversas formas de manifestação, seja inicialmente, exercendo uma função terapêutica,

com base nas diversas formas de atuação da esporteterapia, ou seja, promovendo a inclusão

social, tanto com base no esporte de reabilitação quanto no esporte competitivo, nas suas mais

diversas formas de manifestação, tanto do esporte adaptado quanto do esporte paraolímpico ou

mesmo do esporte olímpico19

Com este texto esperamos ter apresentado o esporte paraolímpico de forma

simples proporcionando um contato inicial esclarecedor aos profissionais e demais

interessados no tema.

Porém, este tema não se encerra apenas com esta introdução, necessário é

estudarmos com mais profundidade cada uma das modalidades, as características das

deficiências envolvidas, tipos de treinamento e quais avaliações físico motoras e esportivas

estão sendo realizados , seus resultados bem como os estudos das demais áreas de interesse

para o desenvolvimento do esporte paraolímpico.

1 Brasil. Constituição da Republica Federativa do Brasil. Gráfica do Senado Federal. 1988.

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2 Projeto Escola Viva – Garantindo o acesso e Permanência de todos os alunos na escola – Alunos com

necessidades Especiais. Visão Histórica 1. Brasília: MEC. SEE. 2000. 3 BRASIL. Decreto 3.298 de 20/12/1999, Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de

Deficiência. Brasília. 1999. 4 BRASIL. Decreto nº. 5.296 de 2 de dezembro de 2004. Atendimento prioritário às pessoas portadoras de

deficiência ou com mobilidade reduzida. Brasília. 2004. 5 BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais A adaptações curriculares e as estratégias para a

educação de alunos com necessidades especiais. Brasília: Ministério da Educação. 1998 6 LEI No 10.098, DE 19 DE DEZEMBRO DE 2000. Normas gerais e critérios básicos para a promoção da

acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida. 7 SILVA, Adilson Florentino da, CASTRO, Ana de Lourdes Barbosa de, BRANCO, Maria Cristina Mello

Castelo. A inclusão escolar de alunos com necessidades educacionais especiais: deficiência física.

Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial, 2006. 8 Dicionário on line Michaeles. Disponível em http://michaelis.uol.com.br/, acesso em 17/06/2011.

9 Teixeira, Ana Maria Fonseca e Ribeiro, Sonia Maria. Basquetebol em cadeira de rodas: manual de

orientação para professores de educação física. Brasília : Comitê Paraolímpico Brasileiro, 2006. 10

Barbanti, Valdir J. Dicionário de Educação Física e Esporte. Barueri, SP. Manole, 2003. 11

Dicionário on line de Portugues. Disponível em http://www.dicio.com.br/olimpiada/, acesso em

17/06/2001.

12 Adams, Ronald C.; Daniel, Andred N.; Cubbin, Jeffrey A. Mc.; Rullman, Lee. Jogos, Esporte e

Exercícios para o deficiente físico. Editora Manole Ltda. 1985. 13

Conde, Antonio João Manescal; Souza Sobrinho, Pedro Américo de e Senatore, Vanilton. Introdução ao

Movimento Paraolímpico: Manual de Orientação para Professores de Educação Física. Brasília :

Comitê Paraolímpico Brasileiro, 2006.

14 Teixeira, Ana Maria Fonseca e Ribeiro, Sonia Maria. Manual de Orientação para Professores de

Educação Física. Basquete em Cadeira de Rodas..Brasília : Comitê Paraolímpico Brasileiro, 2006. 15

O Brasil nos Jogos Paraolímpicos. Disponível em

http://www.paraolimpiadas.com.br/paraolimpiadas.html Acesso 16/06/2011. 16

Quadro de Medalhas. O que são as Paraolimpíadas. Disponível em

http://www.quadrodemedalhas.com/olimpiadas/paraolimpiadas-jogos-paraolimpicos.htm. Acesso em

16/06/2011. 17

Modalidades. Disponível em http://www.paraolimpiadas2004.kit.net/modalidades.htm 18

Modalidades. Disponível em http://www.cpb.org.br/esportes/modalidades 19

Conde, Antonio João Menescal. Introdução ao movimento paraolímpico: manual de orientação para

professores de educação física / Antonio João Menescal Conde, Pedro Américo de Souza Sobrinho, Vanilton

Senatore. – Brasília : Comitê Paraolímpico Brasileiro, 2006.