A Cura através do Amor

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    Copyright desta edio Palavra & Prece Editora, 2008.

    Edio brasileira autorizada por intermdio do Autor.

    Ttulo original em ingls: Love is to live.

    Todos os direitos desta edio reservados.

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    Depsito legal na Biblioteca Nacional,

    conforme Decreto no1.825, de dezembro de 1907.

    C

    Jlio Csar Porfrio

    R

    Equipe Palavra & Prece

    C

    Criao: Equipe Palavra & Prece Editora

    Execuo: Srgio Fernandes Comunicao

    Imagem: Dreamstime

    T

    Donato Kracheviski

    I

    Escolas Profissionais Salesianas

    ISBN: 978-85-7763-245-9

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)

    (Cmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

    ndices para catlogo sistemtico:1. Vida crist : Espiritualidade : Cristianismo 248.4

    Parque Domingos Luiz, 505, Jardim So Paulo, Cep 02043-081, So Paulo, SP

    Tel./Fax: +55 (11) 2978.7253

    E-mail: [email protected] / Site: www.palavraeprece.com.br

    Vella, Elias A cura atravs do amor / Frei Elias Vella ; [traduo Donato Kracheviski]. So Paulo : Palavra &Prece, 2012.

    tulo original: Love is to live. ISBN 978-85-7763-245-9

    1. Amor 2. Cura - Aspectos religiosos 3. Espiritualidade 4. Orao 5. Perdo - Aspectosreligiosos 6. Vida crist I. tulo.

    12-10364 CDD-248.4

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    Sumrio

    Uma palavra amiga aos meus leitores ..................................................................................13

    C I Deus quer que voc seja inteiro.....................................................................15odos ns necessitamos de cura ....................................................................................15

    As causas dos nossos sofrimentos ..................................................................................16Perdoa a si prprio e aos outros ..............................................................................17

    Aceita seus fracassos ..............................................................................................17Aceita suas limitaes ............................................................................................17Aceita a realidade de que voc um pecador .........................................................17

    Objetivo deste livro .......................................................................................................17Conhecer Jesus, como Aquele que nos cura ...........................................................17Os discpulos de Emas .........................................................................................18Experimentando a presena de Jesus ......................................................................19Seguir a Jesus .........................................................................................................19

    Algumas orientaes..............................................................................................19odos vocs so originais ................................................................................19Deixe Deus agir ..............................................................................................20

    A histria de um treinador ..............................................................................20Esteja aberto....................................................................................................21

    Encontrar Jesus na orao .....................................................................................21Primeiro estgio: rezar ouvir a Deus ...........................................................................22Segundo estgio: orao significa abrir o seu corao diante de Deus ...........................23erceiro estgio: orao de contemplao ......................................................................24

    Quarto estgio: orao de transformao em Jesus .......................................................25Quinto estgio: deixa o Esprito rezar em voc .............................................................27Experincia de orao....................................................................................................27Partilhando com Deus................................................................................................. 28

    C II Eu vos dou vida em abundncia ..................................................................33A cura um processo ....................................................................................................33

    Vamos compreender que Deus nos ama ................................................................33Vamos nos amar uns aos outros ............................................................................ 34Vamos receber e dar amor .................................................................................... 34

    Vamos ficar abertos para o amor............................................................................35Vamos viver na verdadeira liberdade ......................................................................35Orao de cura e suas condies ...................................................................................35Confiar em Deus ..........................................................................................................36

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    6 A CURA ATRAVS DO AMOR

    Partilhar a autoridade com Cristo ................................................................................36Agir em nome de Jesus ..................................................................................................37Agir conforme o plano de Deus ....................................................................................37Permanecer nEle ..........................................................................................................37Perdoar..........................................................................................................................38Somos mdicos feridos ..................................................................................................38Deus quer a sua cooperao ..........................................................................................39

    Parbola de um pssaro colorido ...........................................................................39Primeira reao ......................................................................................................39Segunda reao ..................................................................................................... 40erceira reao...................................................................................................... 40Quarta reao ........................................................................................................41Quinta reao ........................................................................................................41

    Pingue-pongue com Deus ............................................................................................ 42Histria de uma me ferida .......................................................................................... 42Ministrio da orao de cura ........................................................................................ 44

    Preparao ............................................................................................................ 44Agradecimento .................................................................................................45Discernimento ..................................................................................................45Entrega ............................................................................................................45

    Alguns conselhos importantes...................................................................................... 46Experincia de orao....................................................................................................47Quando o passado realmente passado? ......................................................................48Olhar de frente a pessoa perdoada? ..............................................................................49

    C III o amor que cura .....................................................................................51Histria do violo desafinado ........................................................................................51Misso de evangelizar e curar ........................................................................................52Objetivo da cura ...........................................................................................................53

    A cura de um homem no tanque de Betesda .................................................................53O uso de remdios na cura ............................................................................................54

    Jesus no usa nenhuma tcnica .....................................................................................54

    Quem tem o poder de curar? .......................................................................................55Pessoas j curadas ..........................................................................................................55Uma mulher curada da perda do marido ...............................................................56

    Pessoas dentro do processo de cura ...............................................................................57Pessoas que se relacionam entre si atravs do amor ........................................................58Casais casados ...............................................................................................................58Pais e filhos ...................................................................................................................59

    Amigos ntimos .............................................................................................................59Pessoas unidas espiritualmente ......................................................................................59

    A filha de Jairo volta vida .......................................................................................... 60

    Deus amor ..................................................................................................................61Histria de um cego ......................................................................................................61Vamos permitir que Deus nos ame................................................................................62O amor de Deus um amor pessoal .............................................................................63

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    FREI ELIAS VELLA, OFMConv 7

    Algumas orientaes .....................................................................................................63Experincia de orao................................................................................................... 64

    Ame-se da maneira como Deus lhe ama........................................................................65Jesus realmente quer a minha cura? ............................................................................. 66

    C IV Escolha a vida, no a morte .......................................................................67Pesquisa numa universidade americana .........................................................................67

    A histria de Anna ........................................................................................................68A histria de So Francisco ...........................................................................................69O segredo da aceitao ..................................................................................................70

    Aceite a si mesmo ..........................................................................................................70O problema da autorrejeio .........................................................................................71Histria de uma mulher que se rejeitava ........................................................................71

    Aceita as circunstncias e as situaes em que voc vive ................................................72Aceite as pessoas que lhe rodeiam .................................................................................73Orientaes para aceitarmos as realidades .....................................................................74Primeira orientao:

    Aceite a realidade de que voc tem inimigos .................................................................74Segunda orientao

    Aceite a realidade de que voc poder ter fracassos ........................................................74A experincia de Abraham Lincoln ........................................................................75

    erceira orientaoAceite a realidade de que nem todos lhe amam .............................................................76

    Quarta orientaoAceite a realidade de que voc tem seus prprios limites .............................................. 77Quinta orientao

    Aceite a realidade de que voc deve carregar uma cruz ................................................. 77A definio de Glasser ...................................................................................................78A humildade no falta de autoestima .........................................................................79Experincia de orao I ............................................................................................. 80Experincia de orao II .............................................................................................81Sentindo-se no amado por Deus ................................................................................ 84

    A humildade em Tomas De Kempis............................................................................85C V Somos todos filhos de Deus ........................................................................87

    Alegria em fazer a vontade de Deus...............................................................................87O exemplo do Calvrio .................................................................................................88O amor de Deus nos cura .............................................................................................88Modelo em So Francisco de Assis ................................................................................89Dois alcolicos ..............................................................................................................89O beb Tomas ............................................................................................................ 90Madre eresa ................................................................................................................91

    Deus nos ama como um Pai ..........................................................................................91Histria de um filhote de guia .............................................................................91

    Nossa histria ...............................................................................................................92Vamos sentir o amor de Deus .......................................................................................92

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    8 A CURA ATRAVS DO AMOR

    Jesus um bom pastor ..................................................................................................93A mulher da perna quebrada .........................................................................................94ornando-nos tais como criancinhas.............................................................................95Poder e humildade ........................................................................................................96

    Amar servir ................................................................................................................97O dom da simplicidade .................................................................................................97Experincia de orao I ..............................................................................................98Experincia de orao II .............................................................................................98Rezar por uma pessoa que eu no amo ........................................................................100

    C VI ornando-nos inteiros no Cristo ressuscitado ..........................................103O toque de Jesus nos cura ...........................................................................................105Condies para a cura .................................................................................................106

    Perdoar ................................................................................................................106Receber o perdo .................................................................................................106Buscar o perdo ...................................................................................................107Dar o perdo .......................................................................................................107

    Experincia de orao..................................................................................................109Perdoar arriscar-se ....................................................................................................110

    C VII Os dois critrios para amarmos ..............................................................111Ame... como a si mesmo.............................................................................................. 111Amar sua caricatura ....................................................................................................112Aquele que eu devo ser ................................................................................................113Amar... como Jesus amou ............................................................................................113A esposa de um alcolico ............................................................................................ 114A magia do amor......................................................................................................... 115Amar incondicionalmente ........................................................................................... 115Amando a mulher adltera ......................................................................................... 115Amando... o filho prdigo ...........................................................................................116O amor a ajuda visual de Jesus ................................................................................. 117Experincia de orao..................................................................................................118Nem todos podem ser meus amigos ............................................................................119

    C VIII A cura atravs do lava-ps .....................................................................121Lendo o Evangelho segundo So Joo.........................................................................124Perdo e castigo ..........................................................................................................125

    C IX Mgoas e feridas da infncia ....................................................................127A histria de Shuan .....................................................................................................127A identificao das feridas ...........................................................................................128ocando em nosso passado .........................................................................................129Mgoas na concepo .................................................................................................130Perguntas a respeito da minha concepo ...................................................................131

    A orao de Belm ......................................................................................................133Dois hospitais .............................................................................................................134Mgoas de nascena ....................................................................................................134

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    FREI ELIAS VELLA, OFMConv 9

    Mgoas da vida ...........................................................................................................135Histria de uma garota do cabelo bonito ....................................................................137Deus nos chama pelo nome ........................................................................................138

    A cura das feridas ........................................................................................................140Experincia de orao..................................................................................................140Cura e intercesso .......................................................................................................143

    C X Amar: o novo mandamento ......................................................................145Pesquisa em Nebraska .................................................................................................145rs tipos de reao .....................................................................................................146Emoes somatizadas .................................................................................................147Sejamos canais de amor ..............................................................................................149

    Amor: a caracterstica do cristo .................................................................................149O amor do mundo e o amor cristo ............................................................................150O amor uma deciso ................................................................................................151

    A cura atravs do amor ................................................................................................152So Paulo insiste no amor ........................................................................................... 153

    ... aos Corntios....................................................................................................153

    ... aos Efsios.........................................................................................................153

    ... aos Filipenses....................................................................................................154

    ... aos Colossenses..................................................................................................155

    ... uma vez mais, aos Corntios.............................................................................155

    ... aos Romanos.....................................................................................................156

    Experincia de orao..................................................................................................157Pessoas que nunca mudam ..........................................................................................159

    C XI A cura atravs do perdo ..........................................................................161Um muulmano pedindo por libertao .....................................................................161Quatro mandamentos importantes .............................................................................163

    Amai os vossos inimigos .............................................................................................163Fazei o bem .................................................................................................................164

    Abenoai ....................................................................................................................165A maldio errou o alvo ..............................................................................................165

    Orai ............................................................................................................................166Perdoar uma ao .....................................................................................................167

    Captulo XII A cura de nossas feridas interiores .............................................................169Os cinco estgios da cura ............................................................................................169Estgio da negao ......................................................................................................169O estgio da raiva .......................................................................................................171

    Ajuda s aeromoas .....................................................................................................172Estgio da barganha ....................................................................................................175Estgio da depresso ...................................................................................................176

    Estgio da aceitao ....................................................................................................177Histria do estupro de uma mulher ............................................................................178Experincia de orao..................................................................................................179Perdoar e ficar curado das feridas ................................................................................180

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    10 A CURA ATRAVS DO AMOR

    C XIII Que todos sejam um .............................................................................183O mosteiro em crise ....................................................................................................183O segredo de uma comunidade ...................................................................................184Crise de amor ..............................................................................................................185

    A unidade como ajuda visual ......................................................................................185Duas declaraes interessantes ....................................................................................186Uma mulher que desejava ser paciente .......................................................................187Seja um construtor na comunidade .............................................................................188

    Segure sua lngua ..............................................................................................188 Esteja treinado a ouvir .....................................................................................188 Mantenha o silncio, quando criticado .............................................................189 Esteja treinado para servir .................................................................................189 Esteja treinado a perdoar...................................................................................189

    Fale a verdade com delicadeza e com amor ......................................................189 Esteja treinado para deixar o outro ganhar uma discusso ................................190 Proporcione alegria ...........................................................................................190 Confirme os carismas, as foras e esperanas dos outros ...................................190 Procure o seu papel na comunidade ..................................................................191

    Crescendo com os outros ............................................................................................191Experincia de orao .................................................................................................192Comunidades e grupos de orao ................................................................................192

    C XIV Cura fsica e sofrimento redentor ..........................................................195

    A cura fsica e a medicina ............................................................................................195O Mdico, o farmacutico, o paciente ........................................................................196Doena fsica e amor ...................................................................................................197Maneiras de rezar ........................................................................................................198

    A evangelizao e a cura ..............................................................................................198Cura e sofrimento .......................................................................................................199

    A cura e o sofrimento redentor caminham juntos? .....................................................201O mal e o sofrimento no vm de Deus ..............................................................201Geralmente Deus retira o sofrimento diretamente...............................................201

    estemunho de um garoto deficiente ...................................................................201A histria da cana de bambu ...............................................................................203Santo Agostinho e o ministrio da cura ..................................................................... 204Experincia de orao..................................................................................................205F e sofrimento .......................................................................................................... 206

    C XV O ministrio da cura fsica .....................................................................207Seguir Jesus .................................................................................................................207

    A cura de uma mulher que sofria de hemorragia .........................................................207A cura de um doente na piscina ................................................................................. 209

    O Sacramento dos Enfermos .......................................................................................210Sacramento de toda a comunidade ..............................................................................211

    Atos de amor ...............................................................................................................211Chamado para servir no ministrio da cura ................................................................212

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    Assustado por ser um mdico? ...................................................................................212Lio no ministrio de cura .........................................................................................213Orao pelas pessoas envolvidas em cuidados com a sade .........................................214

    Amar o rgo doente...................................................................................................216

    C XVI Sinergia dos carismas ............................................................................219Sinergia dos carismas ..................................................................................................219

    Cincias naturais...............................................................................................219 O dom das lnguas ........................................................................................... 220 O dom da profecia ............................................................................................221 Palavra de cincia ............................................................................................ 222 Discernimento de espritos ................................................................................223 Vrios tipos de discernimento ..........................................................................223

    Repouso no Esprito ....................................................................................................224Uma atmosfera favorvel .............................................................................................225

    Unidade com a Igreja ........................................................................................225O caso de uma psicloga ............................................................................................ 226Padre Pio .................................................................................................................... 226Prova de autenticidade ............................................................................................... 226

    Abertos ao Esprito ...........................................................................................227 Orao Alegre ...................................................................................................227 No imite tcnicas ........................................................................................... 228

    Orao de cura ........................................................................................................... 228

    Estabelecendo o tempo para Deus ..............................................................................229Deus pode ficar cansado de mim? ..............................................................................230

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    Uma palavra amiga aos meus leitores

    H muitas coisas na vida que no conseguimos entender. Uma das quais euno consigo entender nem encontrar uma resposta a seguinte: Por que Deusdecidiu levar-me com tanta frequncia a lugares onde no conheo o idioma

    local, tais como as Repblicas checa e Eslovquia, o Brasil, e assim por diante?Eu fico feliz quando estou nestes pases, mas, realmente, no consigo entenderos planos de Deus.

    Pensando bem, eu preferiria estar num pas de lngua inglesa ou italiana,porque seria mais fcil para mim e para voc. Mas os planos de Deus no soos nossos planos e, portanto, curvamo-nos diante dos planos dEle e O louva-mos por tais planos. E assim sendo, aqui estou eu, tentando ir para alm dasbarreiras dos idiomas e para alm das barreiras culturais. Entretanto, emborativssemos vindo de pases e culturas diferentes, h algo que nos une a todos,e este algo o fato de que todos ns, eslovacos ou malteses, tchecos ou brasi-leiros, ingleses ou italianos, na verdade chamamos Deus de Abba, Pai. E,portanto, todos ns somos irmos e irms com os mesmos problemas, com asmesmas feridas, com as mesmas dificuldades. Antes de comear a evangelizaopelo mundo afora, eu imaginava que as feridas de uma mulher africana fossemdiferentes das feridas de uma mulher britnica. Eu imaginava que as dificulda-

    des de um homem indiano fossem diferentes das dificuldades de um homemaustraliano. claro, as culturas so diferentes, mas a natureza do homem e damulher sempre a mesma. odos ns temos as mesmas feridas, todos ns temos

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    14 A CURA ATRAVS DO AMOR

    as mesmas ansiedades e todos ns temos os mesmos medos. E, acima de tudo,todos ns temos a necessidade de amarmos e de sermos amados. Embora euno lhe conhea, posso dizer que conheo suas dificuldades, porque voc no

    diferente dos outros. Somos todos originais e, por causa da nossa originalidade,temos problemas especficos. Porm, em maior ou menor grau, todos ns temosos nossos medos, todos ns temos as nossas raivas, todos ns somos pecadores.

    Sinto tambm uma vontade enorme de transmitir a mensagem de Jesus atodos vocs. De fato, meu papel principal como sacerdote exatamente o desair pelo mundo e anunciar a Palavra de Jesus. E eu sempre encontro algo que muito comum: Onde quer que eu v para anunciar Jesus, encontro sempre

    irmos e irms muito sedentos da Palavra dEle. E esta a razo pela qualvoc tem este livro em suas mos: somente porque voc quer conhecer Jesuspessoalmente. E voc sabe onde ou como poder encontr-lO? Amando,abrindo-se para receber amor, perdoando... ali voc encontrar Jesus. Porqueamar viver. E viver amar. Voc no acredita nisto? Ento leia este livro... eexperimente isto!

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    CAP U L O I

    Deus quer que voc seja inteiro

    Todos ns necessitamos de cura

    Eu gostaria de apresentar este livro fruto de seminrios ministrados nas

    Repblicas checa e Eslovquia explicando um pouco sobre o seu todo. rata-se... da cura atravs do amor. intil tentarmos convencer algum sobre o fatode que todos ns somos necessitados de cura. Ao invs de falarmos a respeito dacura em si, vamos nos colocar diante de Deus como pessoas necessitadas de curaem muitos aspectos de nossas vidas.

    Ns podemos necessitar de cura espiritual ou de cura fsica; podemos neces-sitar de cura interior ou da cura de reas demonizadas. possvel que os nos-

    sos distrbios interiores sejam o resultado de um ataque direto ou indireto doMaligno. ambm podemos necessitar de cura com relao a nos desprender-mos de pessoas falecidas. Refletiremos a respeito destas cinco dimenses de curaneste livro. Vamos falar especialmente sobre cura interior, ou melhor, sobre acura atravs do amor.

    Ao ler este livro, voc encontrar algumas orientaes sobre a cura interior,sem esperar que isto seja o suficiente para ficar curado. s vezes, aps participarde um seminrio ou de um retiro, algum poder ficar mais confuso porqueencontra ou toma conhecimento de feridas que no eram conhecidas anterior-mente. Voc poder encontrar feridas vindas do passado, sem jamais perceberque suas atitudes de hoje so resultantes daquelas feridas. Vamos tambm tentar

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    16 A CURA ATRAVS DO AMOR

    tocar nas razes de muitos dos nossos comportamentos atuais. Durante este pro-cesso, o velho eu aparecer e vir tona: o eu amedrontado, o eu endure-cido, o eu na defensiva, o eu desesperado.

    So Paulodiz que em cada um de ns existe o homem velho, lutando parasobreviver. Quem esse homem velho vivendo dentro de ns? o eu velho,cheio de medos e raivas, o eu endurecido, o eu medroso, o eu deprimido,o eu desanimado. Ele est me perturbando e provocando danos minhamente e ao meu corao. Deus quer que este homem velho morra, a fim deque eu possa deixar o homem novo viver em mim abundantemente. Algumpoder perguntar: Por que vamos cavar procura de nossas feridas do passado?

    Por um motivo muito simples: Porque a raiz de muitas das nossas atitudes dehoje deve ser encontrada em nosso passado. E, portanto, nosso passado no um passado de fato; nosso passado ainda est presente. Se o nosso passado noexerce mais influncia em nosso presente, ento deixemo-lo no passado. Mas seo nosso passado ainda exerce influncia em nosso presente, ento nosso passadoest presente. E ns devemos toc-lo e cur-lo.

    como a eletricidade. Se tocarmos num fio eltrico, receberemos um choque.Isto significa que o fio est vivo. Mas, se tocarmos no fio e no recebermos cho-que algum, significa que o fio est obsoleto, est morto. Acontece exatamente omesmo com relao a uma cicatriz. oque na cicatriz. Voc sente alguma coisa?Se no sentir, ento a ferida est curada. Mas, caso houver alguma dor, signi-fica que a ferida ainda est viva. Agora, ao tocarmos em nossas experinciasdo passado, muitas vezes recebemos um choque. Comeamos a ver que nossasemoes esto vindo tona. Ficamos com raiva, com medo, ficamos aflitos,inflexveis. Isto significa que as razes de nossas feridas ainda esto vivas, e, por-

    tanto, elas devem ser curadas.

    As causas dos nossos sofrimentos

    No raro, quando nos colocamos diante de Deus, ns vamos at Ele parapedir alguma coisa. Mas a nossa verdadeira cura aconteceria quando, ao noscolocarmos diante de Deus, ao invs de pedirmos que Ele nos d algumacoisa, pedssemos que Ele nos dissesse o que devemos fazer nesta situao. a luz que Ele nos d que realmente vai nos curar. Agora eu quero lhe daralgumas pistas, para que voc saiba quais so as coisas mais importantes noprocesso de cura.

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    FREI ELIAS VELLA, OFMConv 17

    Perdoa a si prprio e aos outrosMuitas vezes, todo o nosso sofrimento tem como causa a falta de perdo

    pelos nossos pecados do passado. Deus me perdoou. Mas eu no estou me per-doando. Isto traz autorrejeio, sentimentos de culpa, medos e distrbios. essencial para a minha cura, que eu me perdoe e que eu perdoe aos outros. Mui-tos distrbios psicolgicos tm como origem o fato de que h algum a quemvoc no consegue perdoar, ou voc no est perdoando a si prprio.

    Aceita seus fracassosEm geral ns no sabemos como aceitar e olhar de frente os nossos fracassos

    na vida. H uma falta de discernimento com relao aos nossos fracassos. Nin-gum mais se lembra dos nossos fracassos. Mas ns ainda somos dependentesdeles. Os fracassos podem lhe levar ao amadurecimento, mas, infelizmente elesdestroem a muitos. Os fracassos so importantes em sua vida.

    Aceita suas limitaesUma terceira pista a de que geralmente ns no aceitamos as nossas limita-

    es. Somos dependentes da autocrtica; ns nos sentimos debilitados em muitascoisas, somos excessivamente exigentes conosco mesmos. Isto significa que esta-mos perdendo toda a nossa espontaneidade e a nossa liberdade de sermos ns mes-mos. Somos pessoas limitadas, mas no aceitamos isto. E muitas vezes ficamoscom cimes das qualidades e dos carismas dos outros. E por causa desse cime,nada fazemos com relao aos nossos prprios carismas. E voc sabe muito bemque no ganha nada quando apenas sente cimes dos carismas alheios.

    Aceita a realidade de que voc um pecadorUma coisa importante em nosso processo de cura aceitarmos a realidade

    de que somos pecadores. Voc precisa aceitar esta realidade, no sob a tica dalgica, que supe apenas o uso da mente, mas aceit-la atravs do corao.

    Objetivo deste livro

    Conhecer Jesus, como Aquele que nos curaO objetivo deste livro o de lhe ajudar a encontrar Jesus como o seu Mdico.

    Ns vamos encontr-lO e pediremos que Ele nos cure. Nosso primeiro objetivo

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    no o de falarmos a respeito de Jesus, o Mdico, mas o de conhecermos Jesus,o Mdico. Podemos nos colocar em Suas mos e pedir que Ele nos cure. Muitasvezes falamos demais sobre Jesus sem O conhecermos e sem O encontrarmos.

    O fato de eu estar trabalhando para Jesus, o fato de eu estar realizando muitasatividades em nome de Jesus, no quer dizer que eu O tenha encontrado. O quesignifica encontrar Jesus?

    Os discpulos de EmasVoc se recorda do trecho do Evangelho, quando dois discpulos iam de

    Jerusalm para Emas? Eles eram pessoas boas, estavam conversando a respeito

    de Jesus, mas eles estavam angustiados, porque Jesus havia sido crucificado. Elesestavam com raiva daquelas pessoas que O crucificaram. Jesus foi encontr-lose comeou a conversar com eles. Ele conversou com eles e revelou-lhes as Escri-turas. Eles eram pessoas boas e hospitaleiras. Quando escureceu, eles disserama Jesus: No se v! Fica conosco, porque j est escurecendo. No era prudentecontinuar a jornada aps o escurecer! (cf. Lc24,13-35).

    As mentes destes dois discpulos estavam repletas de Jesus, mas eles noencontraram Jesus, eles no O conheciam. Ele estava conversando com eles,que no O reconheceram. Isto pode acontecer conosco tambm. Eu posso falara respeito dEle, eu posso trabalhar para Ele, eu posso anunciar o Evangelhode Jesus, eu posso rezar a Jesus mesmo sem conhec-lO! Afinal de contas,quando os discpulos de Emas conversavam com Jesus, eles estavam rezando.O que a orao, seno conversar com Deus? Eles estavam conversando com

    Jesus, mesmo assim no O reconheceram. Eles estavam se alimentando dasEscrituras e mesmo assim no encontraram Jesus. E, de repente, eles tiveram

    a experincia com Jesus: os olhos deles se abriram, quando Jesus partiu o po.E ento, algo aconteceu na vida deles. Algo mudou a vida deles por completo.Naquele momento eles O conheceram. Mas agora eles O conheceram no maiscom a mente; agora eles vieram a conhec-lO com o corao. Jesus j no estmais falando com eles, mas os est transformando. E todo o medo desapareceu.Eles tinham medo da escurido, mas agora esto

    prontos para voltar, repetir o mesmo caminho no escuro, fazendo todo ocaminho de volta, de Emas a Jerusalm. Antes eles estavam muito cansados,porque o caminho de Jerusalm a Emas de aproximadamente dez quilme-tros, mas agora eles j no mais esto cansados e voltam correndo para Jeru-salm. O que aconteceu? Eles tiveram um encontro com Jesus! Eles tiveram

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    uma experincia com Jesus! Embora eu seja padre h mais de quarenta anos, eutambm tive a minha segunda converso, que aconteceu durante o meu sacer-dcio. O que aconteceu comigo foi o mesmo que aconteceu com os discpulos

    de Emas. Antes, eu havia passado muitos anos discutindo a respeito de Jesus,falando com meus alunos sobre temas teolgicos, mas sem realmente reconhe-c-lO. Ento, houve um momento em minha vida em que eu realmente Oencontrei, e a partir de ento eu no poderia reter essa alegria dentro de mim, e,portanto, eu tinha que levar o Evangelho dEle mundo afora.

    Experimentando a presena de Jesus

    O objetivo deste livro o de conhecer Jesus e de ter uma experincia com Ele,uma experincia que lhe transformar. Quem pode lhe transformar? Nenhumser humano poder faz-lo, seja de Malta ou dos Estados Unidos ou de qualquerparte do mundo nenhum ser humano poder faz-lo. Somente Jesus, com opoder do Esprito Santo, quem poder fazer isto. E Jesus o far, e Ele far istopor voc enquanto voc l este livro. Voc no acredita nisto?

    Seguir a Jesus

    Isto muito importante. A verdadeira cura encontrarmos Jesus em nossasvidas. Mas isto no basta. Se voc seguir a Jesus apenas para ser curado, vocnunca obter a cura verdadeira. Sempre que Jesus opera uma cura, Ele lhe curasomente para que voc O siga. Se no estivermos realmente comprometidoscom Jesus, ou se a cura no nos ajudar a nos comprometermos com Ele, nopodemos falar a respeito da verdadeira cura. Ns falaramos sobre a cura pela f,falaramos sobre a cura da Nova Era ou das curas ocultas, mas nenhuma destas

    nos traz a verdadeira cura. Somente Jesus nos garante a verdadeira cura, a fimde que possamos segui-lO.

    Algumas orientaesAntes de entrarmos no mago deste tema, bom colocarmos de incio algu-

    mas palavras esclarecedoras que podem nos ajudar a experimentarmos o queDeus quer que experimentemos.

    Todos vocs so originaisEm primeiro lugar, somos pessoas originais. Cada um de vocs origi-

    nal, somos obras de arte. importante notar que Deus lhe conhece pela sua

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    originalidade. Deixa Jesus falar com voc pessoalmente, e de uma maneira ori-ginal. No olhe para os outros e no tente ver como Deus opera nos outros.Ningum pode copiar outra pessoa. Deus lidar com voc como se somente

    voc existisse para Ele e Ele para voc. Pode ser que depois de alguma leitura,algum diga: Oh! sinto-me to repleto de alegria. Por outro lado, uma outrapessoa sente tristeza. Isto no quer dizer que Deus opera somente naquela pes-soa que est sentindo alegria e no opera naquela pessoa que sente tristeza. Deforma alguma! Deus lida contigo de uma maneira original. E, portanto, nofique temeroso se voc no sente o que as outras pessoas esto sentindo. E tam-bm no tente sentir o que a outra pessoa est sentindo. Deixe Deus operar por

    Si prprio!Deixe Deus agir

    No o faa sua maneira, mas deixe Deus agir do jeito dEle! Voc comproueste livro, voc o est lendo, e voc est aberto a ter a experincia com Ele. Isto bom! Mas agora deixe Deus agir do Seu prprio jeito. Pode ser que o Senhorfalar com voc aps voc ter lido o primeiro captulo; pode ser que Deus falardias aps voc haver terminado de ler o livro. Pode ser que Deus permanecer

    em silncio por alguns dias e aps algumas semanas ou alguns meses, algoacontecer com voc.

    A histria de um treinadorEu me lembro de um homem que treinava um time de polo aqutico, e que

    tinha um grande problema com drogas; ele tambm era traficante de drogas.Algum insistiu em traz-lo a mim, a fim de que eu conversasse com ele e

    rezasse por ele. Ele estava muito relutante em vir e no estava realmente abertopara fazer aquilo que Deus queria que ele fizesse. Mas, finalmente ele veio. Euconversei com ele; de fato ele no demonstrou interesse naquilo que eu lhe dizia.Finalmente, eu lhe perguntei se ele queria que eu rezasse por ele, ao que ele merespondeu: Se voc quiser. Ento eu tentei rezar. muito difcil voc rezar poruma pessoa quando voc v que a pessoa no est cooperando. Mas, afinal, euaprendi algo em meu trabalho como sacerdote. Eu aprendi que o ser humano algo que compete a Deus e no a mim. Eu aprendi que Ele est mais interes-sado no homem com o qual ou para o qual eu estou rezando, do que eu prpriopoderia estar interessado. Eu apenas posso fazer a minha pequena parte, masa partir da com Ele a forma como agir a respeito. E assim sendo, eu apenas

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    rezei por ele e ele foi embora. Eu pensei haver apenas jogado uma semente nomeio do pedregulho.

    O homem nem pensava mais a respeito daquela orao. Mas voc sabe o queaconteceu? Algumas semanas depois ele estava caminhando ao longo da praia.Naquele momento aconteceu algo em sua vida. Sem saber o porqu, ele sentiuum impulso forte de tirar do bolso as drogas que ele iria vender a um de seusclientes e atirou-as no mar. Ele no conseguiu resistir quele impulso e jogoutodas as drogas no mar. Aps um instante ele perguntou: O que aconteceucomigo? Ele se sentiu to cheio de alegria que voltou para me ver. Desta vezningum estava pedindo para que ele viesse at mim. E ele me pediu para no

    somente rezar, mas tambm para louvar a Deus por ele. Deus agiu maneiradEle. Quando ningum mais pensava a respeito daquilo, Jesus ainda estavainteressado naquela pessoa.

    Esteja abertoIsto poder acontecer tambm com qualquer um de vocs. Voc poder ir

    para casa dizendo: Bem, eu no sei se valeu a pena ou no ir a um seminrioou a um retiro ou mesmo ler um livro espiritual. Voc poder sentir que certasexperincias de orao no so adequadas para voc. Pode at ser que voc diga:Bem, eu considero esta orao um tanto infantil, ou Esta orao est de certaforma me perturbando.... No tem importncia. Estamos apenas propondotipos de oraes, mas, encontre depois o seu prprio estilo de rezar. Ningumpoder lhe ensinar como conversar com a sua me, porque falar com sua me algo que vem espontaneamente e de uma maneira original. H tantos tiposde oraes centenas e milhares de oraes mas tenha a sua prpria orao.

    Mantenha essa orao, que poder realmente ajud-lo a entrar em comunicaocom Deus. Ao ler este livro, com frequncia voc se sentir desafiado por muitostipos de orao, mas no necessariamente todo o tipo de orao servir paravoc. No importa.

    Encontrar Jesus na oraoO que significa encontrar Jesus como o nosso Mdico? Durante os semin-

    rios eu sempre apresento muitos mtodos de orao, experincias que podem serdepois aplicadas na vida pessoal de cada um conforme suas prprias caractersti-cas, seu prprio estado de vida, seu prprio sexo, se homem ou mulher, sua pr-pria sensitividade e sensibilidade. Isto significa que nem toda experincia servir

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    para todas as pessoas. No tem importncia. O importante aprendermos queexistem muitos mtodos sobre como nos encontrarmos com Deus. Dado aofato de que daremos mais nfase ao seminrio sobre cura interior, vamos entrar

    numa intimidade conosco mesmos e depois com Deus. Quando conseguimospartilhar alguma coisa com Deus, ento significa que estamos comeando aentender alguma coisa sobre cura interior. Podemos encontrar Jesus pela oraoe atravs do encontro com seus irmos e irms. Ame a Deus e ame o seu pr-ximo estes so os dois polos de uma cura verdadeira: receber o amor de Deuse dar este amor aos outros. Isto lhe faz completo e lhe d a plenitude. Quandovoc reza, entra em intimidade com o Senhor. H uma comunicao entre voc

    e Deus. Esta comunicao significa que voc fala e Ele lhe escuta, Ele fala e vocescuta. Muitas vezes nossas oraes so apenas um monlogo. Ao rezarmos,geralmente falamos muito com Ele, sem tomarmos o cuidado de ouvirmos oque Ele tem para nos falar. Isto no nos leva a nenhuma real intimidade. Nossaorao se torna somente em... falarmos para Deus. Agora, quais so os estgiosque nos levam a este encontro com o Senhor na orao?

    Primeiro estgio: rezar ouvir a DeusEm primeiro lugar, rezar significa tornar-se ntimo de Jesus, ter uma relao

    de amizade com Jesus, conversar com Jesus. Rezar no significa fazer algumacoisa; significa estar com algum. No significa somente pedir coisas, mas tam-bm conversar com Ele. s vezes as pessoas perguntam: Como devo rezar?.Muitas temem no saberem como rezar. Se voc uma destas pessoas, simples-mente diga isto a Jesus, e pronto: voc est rezando! Diga a Ele que voc no

    sabe rezar... e desta maneira voc j est rezando. Portanto, rezar no fazeralguma coisa. No pronunciar ou no pronunciar palavras. No significa usarou no usar sua mente e sua boca. Rezar significa estar com Algum em Suapresena. Rezar sentir-se indefeso diante de Deus; apenas amparando-se nEle.Isto rezar. Devemos ser muito simples ao ouvirmos Deus. Imagine uma pessoaque seja f de msica clssica. Ela liga o rdio procura de um programa queesteja transmitindo msica clssica. No momento em que ela liga o rdio, noest tocando a msica. Assim, ela simplesmente deixa o rdio ligado e continuaa fazer o que estava fazendo antes. Mas, no momento em que no rdio tocaa msica clssica, imediatamente a msica chega aos seus ouvidos porque ordio est ligado. Portanto, durante a orao, voc deve abrir seu corao para

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    que, quando Deus quiser lhe falar alguma coisa, voc possa captar na hora. EEle conversa com voc atravs de muitas coisas, atravs de muitas circunstn-cias, atravs de muitos irmos e irms. Portanto, orao significa abrir o nosso

    corao e ouvir Deus falar. Geralmente, quando estamos em orao, ficamosfrustrados porque no ouvimos Jesus falando conosco. claro, Jesus no vaicochichar nas suas orelhas. Ele pode fazer isto, mas geralmente no faz. Mas,ento, como vamos ouvir e compreender o que Deus quer e o que Ele estfalando para ns? Muitas vezes abrimos a Bbliae ficamos ainda mais confusos,especialmente quando encontramos algo que no conseguimos entender. Vocse lembra quando Samuelestava ouvindo algo estranho? Ele se dirigiu a Elias

    e lhe disse: Eis-me aqui, chamaste-me. Heli disse: A voz que voc ouve, a vozdo Senhor, Samuel. Ento, esteja preparado. Mas agora vai e torna a deitar-se,e se algum lhe chamar, diga: Falai, Senhor; pois seu servo escuta(cf. Sam3,1-18). Samuel no permanecia o tempo todo acordado. Portanto, esteja preparadopara escutar Deus atravs das circunstncias, atravs dos irmos e irms, atravsda Bblia. Uma vez aberto o seu corao, voc ouvir no momento certo em queDeus falar contigo.

    Segundo estgio: orao significa abriro seu corao diante de Deus

    Se estivermos treinados para esta intimidade e para esta escuta de Deus,poderemos passar a partilhar tambm as nossas emoes com Jesus. Isto podeparecer muito fcil, mas no . Espero no lhe chocar ao lhe dizer que muitasvezes, quando nos colocamos em orao, ns sempre usamos uma mscara. Por

    exemplo, com frequncia ns ficamos com raiva de Deus, mas no ousamosfalar isto a Ele. Ns falamos isto ao nosso diretor espiritual ou para o nossoconfessor, mas no falamos para Ele. No somos ousados o suficiente para noscolocarmos diante de Deus e dizer a Ele: Bem, estou com muita raiva de voc,porque isto parece ser falta de respeito. Ao invs de dizermos que estamos comraiva dEle, ns comeamos a louv-lO! Na verdade queremos gritar, mas tenta-mos parecer muito alegres. Estamos cheios de medo, mas tentamos nos conven-cer de que somos pessoas fortes e corajosas. Ns ainda no sabemos nos apre-sentar como somos diante de nosso Senhor, mas tentamos parecer de maneiradiferente. No sabemos gritar ou chorar diante de Deus. alvez sequer saibamosdanar diante dEle. Ainda no sabemos como ficar com raiva de Deus. emos

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    medo de expressar nossos sentimentos ntimos para Ele. E assim, muitas vezesnossa orao no apresenta a realidade daquilo que somos. entamos partilharcom Deus coisas diferentes das que estamos vivendo. Deus, afinal de contas, j

    sabe tudo sobre voc, independente de voc decidir dizer a Ele ou no. Se vocest com raiva dEle, Ele j o sabe. Se est triste, Ele sabe que voc est triste,e no adianta esconder. intil colocar uma mscara no rosto. Portanto, sejavoc mesmo com Deus. ambm Jesus foi Ele mesmo com Seu Pai. Quandoficava muito contente, Ele exultava no Esprito, gritando ao Pai: Pai, Senhordo Cu e da terra, eu lhe dou graas porque escondeste estas coisas aos sbios e inte-ligentes e as revelaste aos pequeninos (Lc10,21). ambm, quando Jesus estava

    cheio de medos, Ele disse claramente ao Pai: Abba! Pai! Suplicava Ele, tudolhe possvel; afasta de mim este clice! (Mc14,36). Jesus, quando ficou zangadocom Seu Pai, partilhou com o Pai muito claramente e diante de todos, gritando:Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste? (Mc15,34). Ele no colocavamscaras e era sempre Ele mesmo e, dado que agora Ele estava voltando ao Pai,todas estas oraes vinham do corao e no apenas da mente. Geralmente nsachamos difcil partilhar nossos problemas mais ntimos, exatamente porque

    no sabemos como partilh-los nem mesmo com Deus. Como posso partilharmeus problemas com uma outra pessoa que poderia me ajudar, se eu no confioem partilhar estes mesmos problemas com o prprio Deus?

    Terceiro estgio: orao de contemplao

    Chegamos agora ao terceiro estgio, onde comeamos a contemplar Deus,apenas nos colocando diante dEle em silncio, sem pronunciar nada, apenaspermanecendo ali, diante dEle! Ao falarmos sobre a contemplao, podemosusar o simbolismo de banho de sol diante de Deus. Quando tomamos banhode sol, ns tambm podemos no pensar no Sol. Mas depois de uma hora desol, imediatamente voc sente que est mudado; para melhor ou para pior, masest mudado.

    Isto acontece quando voc se coloca diante da Eucaristia e simplesmentedorme. Sim; da mesma forma voc fica transformado. Isso tambm pode seruma orao, porque naquele momento estamos absorvendo o poder que vem daEucaristia. Muitas vezes imaginamos que uma orao perfeita pelas palavrasbonitas ou poticas que dizemos a Ele.

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    Muitas vezes algum vem at mim e me diz: Oh! Padre, eu estive numencontro de oraes. E voc sabe: que orao bonita eu rezei! Com certeza foiinspirada pelo Esprito Santo!. E como voc sabe que foi uma orao inspi-

    rada?, pergunto-lhe. Porque palavras bonitas fluam da minha boca. Comose palavras bonitas fizessem uma bonita orao! No h nada a fazer. Deus no um simples poeta que precisa da poesia para me entender.

    Com certeza, Ele tambm poeta, mas, acima de tudo, Ele um Pai. Por-tanto, a importncia da minha orao no est no estilo que eu uso ou naspalavras bonitas que escolho, mas se ela vem ou no do meu corao. Se eu mecoloco diante de Jesus e fico ali diante dEle, olhando para Ele, fixando o olhar

    nEle, esta a orao mais bonita. Quanto menos voc pronunciar palavras,tanto melhor e mais bonita ser sua orao. como a atitude de uma menini-nha que se coloca diante de sua me e no diz nada, apenas fixa seu olhar nosolhos da me. Imagine o que a me pode sentir vendo uma menininha fixandoseu olhar nos olhos dela. Este o encontro mais bonito que a filha poder criarcom relao sua me. Ento, olhe para Jesus e, se voc conseguir no dizernada, apenas permanecendo ali, olhando para Ele, isto ser contemplao.

    Quarto estgio: orao de transformao em Jesus

    Chegamos agora ao quarto passo, e este no ser somente estar com Jesus,mas tornar-se Jesus. Neste estgio, no somente ficamos unidos a Jesus, masnos tornamos Jesus. Ns nos tornamos a pessoa que amamos. ornar-se Jesus muito difcil. claro, no estou afirmando isto de uma maneira pantesta. quando voc diz a Jesus: Querido Senhor, o que quer que eu faa, o que quer

    que eu pense, o que quer que eu venha a desejar, aqui estou, e eu quero faz-locomo Voc; como se fosse Voc fazendo. Isto pode parecer muito estranho,mas lembre-se do que Paulodiz: Eu vivo, mas j no sou eu, Cristo que vive emmim (Gal2,20). Se pudermos chegar a este estgio, ento muitos dos nossosproblemas estaro resolvidos. Com frequncia perguntamos: Eu posso fazeristo?. E eu apenas lhe respondo: Pode fazer, como se Jesus estivesse fazendo. Eimediatamente voc recebe a resposta. Imagine uma me me perguntando se elapode ficar brava ou no com seu filho. Eu apenas digo a ela: No h problemaem ficar brava com seu filho, mas... fique brava como se Jesus ficasse bravo comaquela criana. E voc ver como ser fcil receber a resposta certa. s vezeseu preciso ficar bravo, mas no seria mais raiva quando eu simplesmente coloco

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    meus nervos no meu filho. Deve ser uma raiva que vem do amor e no da rebel-dia. Imagine uma mulher que vem a mim lamentando-se com relao suafilha de 16 anos que est trazendo muitos problemas aos pais. Uma vez esta me

    d algumas palmadas na filha e depois vem me dizer: Bem, eu bati na minhafilha. Voc acha que eu agi corretamente ou no?. Podemos ter uma longadiscusso a respeito disto, mas ao invs de discutirmos o fato, eu diria a estame: Vai e olha nos olhos de Jesus e diga a Ele: Senhor Jesus, eu bati na minhafilha. Est certo? Depois, espera a resposta. Assim, sem nenhuma discusso.

    Apenas fixando seus olhos nos olhos dEle. E voc ter todas as suas respostas.Esta era a orao dos padres do deserto. O mtodo dos padres do deserto era

    este: eles sempre imaginavam Jesus diante deles, eles fixavam o olhar nos olhosdEle e depois perguntavam a Jesus: Est bem assim? E recebiam a resposta.

    A experincia deles pode ser expressa nestas palavras: Em qualquer dificuldadeque voc tenha, simplesmente fixe o olhar nos olhos de Jesus.

    Eu odeio a minha colega

    Certa vez, numa escola, eu aconselhava uma garota de quinze anos. Ela me dissebruscamente: Eu odeio a minha colega. Ela esperou minha resposta. E eu apenas

    respondi: Tudo bem, nada errado nisso. Ela ficou muito chocada pela minharesposta e repetiu: Mas eu odeio ela de verdade! E novamente eu respondi: Notem importncia. Mas ela insistiu novamente: Ento, voc quer dizer que, apesardisso, eu posso receber a Santa Comunho? E eu respondi: Por que no? Eu sei queDeus lhe ama. Eu no demonstrei nenhuma reao contra aquilo que ela me dizia,e depois eu a convidei para uma pequena orao. Eu disse a ela para fechar os olhos,para imaginar Jesus diante dela, olhar nos olhos dEle e dizer a Ele: Jesus, obrigadopor me permitir odiar esta colega. Imediatamente ela abriu os olhos e virando-se

    pra mim, disse-me: Mas eu a odeio! E eu respondi: Tudo bem, diga isto a Jesus.Mas ela no conseguia dizer a Jesus. Finalmente, ela me disse: Tudo bem! Eu aperdoo.s vezes samos procura de um diretor espiritual ou um padre apenaspara vermos se ele concorda ou no conosco, quando no fundo j sabemos aresposta. Ao invs de fazer isto, olha nos olhos de Jesus e fala com Ele. Este umpasso muito importante em nossa vida de orao. Isto significa tornar-se Jesus.ornar-se Ele de mente e de corao. Paulodiz: Por isto, vos conjuro a que sejaismeus imitadores (1Cor4,16) porque quem me imita, est imitando Aquele que

    vive em mim. Seja algum com a mente de Jesus! Ame com o corao de Jesus!E voc ver que as suas atitudes mudaro. Voc comea a agir de acordo com osfrutos do Esprito em voc. E, como voc sabe, os frutos do Esprito so: alegria,amor, pacincia, bondade, controle de si prprio.

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    Quinto estgio: deixa o Esprito rezar em voc

    Chegamos agora ao estgio mais alto da nossa orao, quando, ao invs de

    ns rezarmos, deixamos o Esprito rezar em ns. Podemos ver isto em Romanos,quando Paulofala a esta comunidade: Outrossim, o Esprito vem em auxlio nossa fraqueza; porque no sabemos o que devemos pedir, nem orar como convm,mas o Esprito mesmo intercede por ns com gemidos inefveis (Rm8,26). Istosignifica uma entrega total de nossa orao nas mos de Deus. O momentomais alto de sua orao mstica quando voc se coloca diante de Deus Pai emsilncio, na certeza de que dentro de voc existe Jesus e o Esprito, e voc deixa

    o Esprito rezar em voc e atravs de voc, por qualquer necessidade sua. Eucomeo ento a ser o tabernculo de Deus, onde Deus permanece e onde Jesusreza ao Pai. Isto significa a cura completa e verdadeira.

    Experincia de orao

    Voc notar isto a seguir: vamos tocar em vrios tipos de orao.

    Por enquanto, vou lhe apresentar uma experincia bastante curta, que euchamo de experincia da respirao. Escolhi esta experincia de propsito por-que, como veremos mais adiante, esta considerada como uma daquelas expe-rincias da Nova Era, mas ns vamos us-la de uma maneira diferente.

    Deus me deu um corpo e atravs deste corpo eu quero louv-lO. Eu O louvocom a minha mente, quando medito; eu O louvo com minha boca, quando eucanto para Ele; eu O louvo com minhas pernas, quando me ajoelho em adora-o diante dEle; eu O louvo com as minhas mos, quando bato palmas paraEle. A respirao tambm faz parte do corpo e da personalidade do homem.Ns queremos louv-lO tambm atravs da nossa respirao. Respirao emhebreu significa nefesh, que significa vida. O prprio Deus usou de Sua respi-rao quando criou o primeiro homem e quando Jesus deu o Esprito Santo aos

    Apstolos. Usando a respirao, Ele nos unge, porque uma atividade essencialda vida em mim. Na experincia da Nova Era eles tentam se esvaziar e deixarque aquele vazio permanea l para ser preenchido com... quem sabe o qu.

    Ns queremos nos esvaziar pela respirao, de todos os nossos problemas, masdepois convidamos Jesus para que venha preencher nossa personalidade, o nossovazio. Vamos experimentar esta orao, seguindo o que eu lhe sugiro fazer.

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    Vamos entrar na presena de Deus. Deus est aqui neste exato momento, preenchendoeste lugar como Ele preencheu o monte Tabor aparecendo a Pedro, Tiago e Joo;como Ele preencheu o monte Horeb, quando apareceu a Moiss e lhe disse: Tire

    as sandlias dos seus ps, porque o lugar em que lhe encontras uma terra santa!.Fecha seus olhos e entra na presena de Deus por si mesmo. Deus est perto de ti.Deus est olhando e fitando Seus olhos em voc. Ele lhe conhece, Ele lhe conhece pelonome, e Ele conhece as suas dificuldades e seus problemas. Eu quero Te agradecer,meu Senhor, por cada parte do meu corpo, mas hoje eu quero Te agradecer pelaminha respirao. Oh! Muitas vezes eu apenas a vejo como algo certo e me esqueoda importncia e da beleza da respirao em minha vida. A respirao umacoisa maravilhosa que Deus lhe deu. Tente inspirar e respirar normalmente,mas tome cincia da sua respirao. Respire profundamente, puxando e soltando

    o ar. E enquanto voc inspira e respira, muito vagarosamente e profundamente,pense em Deus como o seu Pai. Ele Aquele que entra nos detalhes de sua vidade uma maneira to maravilhosa. Tenho certeza de que Deus lhe preencheu comtantas maravilhas em sua vida. Mas h tambm algumas coisas que no so tobonitas assim: medos, ansiedades e bloqueios. Quando respirar, respire tambmtodos os medos e problemas que voc tem. Jogue fora com a sua respirao o seuprincipal problema, a principal dificuldade da sua vida, aquela coisa negra queest lhe colocando para baixo, que est lhe deixando triste. Jogue-a fora com a suarespirao. E ao inalar o ar atravs da sua respirao, pede para Jesus entrar no seuvazio. Vem Jesus, e coloque as Tuas mos no meu problema. Sinta a mo suave deJesus, tomando o seu problema em Suas mos. Ele conhece o seu problema. intilfalar longamente a respeito do problema, Ele sabe bem qual . Agora, somente coma sua respirao, quando puxar o ar diga a slaba JE, e quando soltar o ar diga aslaba SUS, a fim de que voc consiga dizer JESUS, ao inspirar e ao expirar o ar.Deixe Jesus entrar em seu corao. Vem, Jesus, entra no meu corao. Entra no meuvazio, meu Senhor. Toca no meu problema, toca na minha dificuldade e cura-os.Que a minha respirao, meu Senhor, me faa lembrar que ests comigo, que eu no

    estou sozinho com o meu problema. Todos vs, que estais af litos, vinde a mim e Euvos restaurarei. Eu Te agradeo, meu Senhor; obrigado, meu Senhor. Que o Senhorvos abenoe, em nome do Pai, e do Filho e do Esprito Santo. Amm.

    Partilhando com Deus

    Voc falou sobre partilharmos nossos problemas com Deus. O que isto significa?

    Para compreendermos o que implica partilhar com Deus e com os outros,voc deve, em primeiro lugar, compreender a diferena que existe em brigar,discutir e partilhar. Ns brigamos quando nossas opinies so opostas e assimalgum tenta defender emocionalmente seus direitos contra o outro. Isto

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    brigar. Eu penso que ns somos especialistas em brigas. Entre numa casa, el voc facilmente ver marido e mulher brigando, isto , batendo boca. Istotambm acontece entre pais e filhos, entre vizinhos. Entre num tribunal, e l

    voc ver pessoas brigando. Facilmente o ato de brigar ou de bater boca leva discusso ou vice-versa. O que uma discusso? A discusso acontece quandose tem opinies diferentes sobre o mesmo assunto, cada parte argumentandosobre o porqu de se manter aquela posio. A discusso acontece principal-mente em grupos. Em todos os comits, sejam eles religiosos ou civis, vocsempre encontrar pessoas discutindo e discutindo. Agora, enquanto discutem,algum j sabe sua concluso final, e de forma alguma est disposto a mudar.

    As sesses parlamentares so um exemplo clssico, durante as quais os mem-bros do governo e da oposio discutem uns com os outros. Eles passam horase horas discutindo a respeito de um tema. Mas, antes de iniciarem a discusso,eles j sabem, ambos os lados, a respeito da concluso que iro defender. Nosignifica que aquela concluso ir lev-los a algum acordo, mas somente paraexpor o que eles pensam. Muitas vezes, infelizmente, ns apenas discutimoscoisas. Permita-me aqui voltar a uma famlia, onde acontece uma discussoentre marido e mulher. Muitas vezes a discusso se transforma em um tal de

    lanar flechas, mas eles no esto dispostos a ouvirem um ao outro; eles noesto prontos a chegar a um acordo a respeito do assunto. Eu penso que nin-gum chega cura alguma atravs da discusso; do contrrio, numa discussoalgum poder facilmente magoar e provocar feridas nos outros. Depois, h umterceiro estgio, que o estgio da partilha. Na partilha, so necessrias duascoisas muito importantes. Em primeiro lugar eu devo possuir a arte de ouvir.Isto algo muito raro. Muitas vezes ns no sabemos ouvir a outra pessoa.

    Quando a pessoa comea a falar, imediatamente eu quero dar uma resposta.E isso j no mais partilha. Partilhar significa que eu estou pronto a lhe ofe-recer espontaneamente algo que meu. E voc deve ter a delicadeza de aceitare receber aquilo que estou lhe dando. H uma diferena entre escutar e ouvir.Eu posso lhe escutar sem lhe ouvir, ou eu posso lhe escutar e lhe ouvir. Ouvirvoc significa que eu sofro contigo em sua dificuldade. Eu me compadeo de tiou eu me rejubilo contigo em seu problema. Certa vez algum me contou, oumelhor, algum me perguntou: Voc sabe por que Deus nos deu duas orelhas euma boca? Eu no consegui encontrar uma resposta na Bblia. E ento eu disse:No, eu no sei. Diga-me. E a pessoa me disse: Eu acho que porque Deusquer que ouamos o dobro do que falamos. Eu acho que aqui Deus falhou! Ao

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    partilhar, voc precisa no somente ouvir, mas precisa tambm ter a coragem dedar outra pessoa algo que somente seu. Veja a diferena entre discusso e par-tilha. Durante uma discusso eu tenho este copo com gua e comeo a discutir

    a respeito dela: De onde a gua vem, de que ela consiste quimicamente, onde eua consigo. Mas, como voc pode ver, aps uma hora de discusso sobre a gua,ns dois permanecemos com sede. Na partilha, eu simplesmente lhe ofereo estecopo com gua e lhe digo: Bebe-a. Isto partilha. Estou lhe oferecendo algoque meu, somente meu. Assim, estou revelando a voc algo que ntimo emminha vida. Voc me v aqui com uma mscara no rosto. Se eu lhe chamar e lhedisser: Eu quero partilhar meus medos com voc, voc poder me dizer: Oh!

    Eu pensava que voc no tivesse medos. Agora estou tirando a minha mscarae partilhando contigo algo que talvez estivesse escondido, mas que agora estoulhe revelando. Ou eu posso lhe dizer: Bem, nestes dias eu realmente estouem baixa, realmente estou sendo atacado pelo diabo. E voc poder me dizer:Oh! Eu pensei que voc estivesse falando do diabo porque voc j o derrotou.Mas agora a mscara caiu e eu estou lhe contando que estou sendo atacado pelodiabo, como todos vocs tambm so atacados por ele. Isto partilha, quandoeu tenho a coragem suficiente de lhe encontrar e de lhe dar parte de mim. Real-

    mente no fcil encontrar uma pessoa com quem voc possa partilhar, porquemuitas vezes a pessoa com a qual partilhamos no suficientemente madura. Seeu lhe dou este copo com gua e voc me diz: Oh! Eu preferiria que esta guafosse ch ao invs de gua, significa que voc no est aceitando a minha parti-lha. Isto acontece muitas vezes quando partilhamos uns com os outros. Se vocvem at mim e me diz: Eu tenho um medo enorme de entrar num elevador,e eu lhe digo: Oh! Voc no deveria sentir medo. Na verdade, eu no sinto

    medo algum, significa que no estou aceitando aquela partilha. Voc est medando algo de voc e eu estou lhe dizendo: Voc no deve ter isto. Assim, aoinvs de lhe ajudar, eu estou lhe desapontando. No h nada de errado em lheajudar a superar esse medo. Mas se estou lhe dando um pedao de laranja, porfavor, no me diga: Oh! Como eu ficaria feliz se fosse uma ma. Geralmente,tambm no somos capazes de partilhar com Jesus. E na verdade, quando noscolocamos diante de Jesus, tentamos falar para Ele a respeito de tudo, mas noa respeito do que somos. Por exemplo, voc est muito triste e voc vai at Jesuse comea a louv-lO. Voc est colocando mscara em si prprio. Voc tenta semostrar alegre quando na verdade voc no est. No temos a coragem de dizera Jesus: Bem, meu Senhor, estou triste. Ou talvez eu esteja realmente zangado

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    com Deus e vou at Ele para agradecer. Voc est colocando uma mscara norosto. Por que voc no vai at Ele e diz: Bem, meu Senhor, receba como quiser,mas eu estou zangado Contigo. Partilhe com Deus o que voc . Coloque-se

    diante dEle como voc . Afinal de contas, intil esconder isto dEle. Ele jo sabe. Portanto, no coloque mscaras diante de Deus. Se eu ainda no estoupronto para partilhar com Deus, eu no posso estar pronto para partilhar comoutra pessoa. claro, partilhar pressupe riscos. Muitas vezes as pessoas quepartilharam foram tradas. O prprio Jesus arriscou Sua vida ao partilhar ondeEle iria rezar quando estava no jardim do Getsmani. Ele arriscou Sua vida e

    Judas O traiu. Portanto, quando falamos a respeito da partilha, no quero dizer

    que devemos partilhar com todo mundo. Voc deve encontrar as pessoas quepodem lhe ajudar. No qualquer pessoa que pode aceitar a sua partilha. Maseu tenho certeza de que, se voc for aberto com Deus, aprender a ser tambmaberto com outras pessoas, com irmos e irms. Voc deve ser corajoso at empartilhar consigo prprio e aceitar as realidades que esto dentro de voc. Existeem ns um mecanismo de autodefesa. E s vezes ns usamos este mecanismotambm conosco mesmos. Quando, por exemplo, voc percebe que est comraiva, normalmente voc diz: Sim, estou com raiva, mas tudo por culpa dos

    outros. Isto significa que eu no sei partilhar sequer comigo mesmo. Eu colocouma mscara tambm quando estou tratando do assunto comigo mesmo. E seeu no estiver pronto para ser verdadeiro e autntico comigo mesmo, se eu noestiver pronto para ser verdadeiro e autntico com Deus, como poderei ser ver-dadeiro e autntico com os outros? Como poderei ser eu mesmo? E por issoque eu permaneo sempre bloqueado. Eu permaneo sempre como uma esttua,bloqueada no bloco de mrmore.

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    Este livro no termina aqui...

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