A Crise Hídrica no cenário mundial: análise de suas causas ... · poluição. Defini-se ainda...

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE A Crise Hídrica no cenário mundial: análise de suas causas, conseqüências e proposição de soluções que possibilitem a reversão desse quadro Autora: Marcia Cristina Santos de Mello Orientadora: Maria Esther de Araújo Oliveira Rio de Janeiro Setembro de 2010

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A Crise Hídrica no cenário mundial:

análise de suas causas, conseqüências e proposição

de soluções que possibilitem a reversão desse quadro

Autora:

Marcia Cristina Santos de Mello

Orientadora:

Maria Esther de Araújo Oliveira

Rio de Janeiro

Setembro de 2010

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A Crise Hídrica no cenário mundial:

análise de suas causas, conseqüências e proposição

de soluções que possibilitem a reversão desse quadro

OBJETIVO:

Haja vista o consumo ineficiente e

indiscriminado de água, assim como a não

valoração desta como um bem finito e indispensável

à vida, este trabalho tem como objetivo dissertar

sobre as causas, as conseqüências e a perspectiva

da falta de água no mundo, além de propor ações

para mitigação do problema.

GESTÃO AMBIENTAL

Marcia Cristina Santos de Mello

AGRADECIMENTOS

À Deus pela proteção em todos os momentos

de nossa vida e a todas as pessoas que

contribuiram direta ou indiretamente para a

elaboração deste trabalho.

DEDICATÓRIA

À minha família, meus pais e meu noivo,

pela colaboração, paciência, compreensão,

dedicação e amor.

RESUMO

Este trabalho tem como objetivo geral dissertar sobre a existência de uma

iminente situação de escassez de água no mundo, analisar suas causas e

propor possíveis soluções. A crise hídrica é tratada como uma crise global,

apresentada com base em uma analogia com a crise do petróleo ocorrida nos

Estados Unidos na década de 70. Ela é disseminada, principalmente, pelo mau

uso dos recursos hídricos, seja pelo desperdício, consumo ineficiente e

poluição. Defini-se ainda que entre os aspectos que tendem a agravar o

cenário de escassez estão as alterações climáticas e a destinação de água

para a produção de biocombustíveis, potencial fonte de energia com mercado

ascendente. Para finalizar, deve-se destacar que entre as soluções apontadas

estão algumas ações para evitar a continuidade da crise e outras apenas para

mitigar os efeitos de secas e conflitos já percebidos em determinados locais do

mundo. Adiciona-se o fato de que qualquer ação para o combate a essa crise

silenciosa e de caráter mundial deve envolver todos os níveis sociais e

econômicos da sociedade, isto é, povos e governos, ricos e pobres e, parte do

princípio, de que a tomada de consciência sobre a importância da água e sua

valoração como um bem limitado é a primeira ação a ser tomada.

Palavras-chave: Água. Recurso hídrico. Poluição. Consumo. Escassez. Pico

da água.

METODOLOGIA

A metodologia utilizada para confecção do trabalho foi desenvolvida de

acordo com a seqüência de fases descrita abaixo:

Fase 1: Definição dos pontos abordados, além da forma e disposição com

que os mesmos encontram-se descritos no corpo do texto.

Esta fase consistiu na definição dos tópicos que são discutidos por este

estudo, os quais estão representados pelas causas, conseqüências e

propostas de soluções para a questão da escassez de água e a maneira pela

qual esses itens são tratados e organizados ao longo da monografia.

Fase 2: Coleta e análise de informações, a fim de verificar a pertinência

ao tema proposto (baseada em item e subitens já definidos na fase anterior da

pesquisa).

O material utilizado como base para este texto busca contemplar

informações que caracterizem tempo e espaço. Entre estas estão: dados que

relacionem a quantidade de água existente e a demandada, a fim de

comprovar a existência do suposto pico de água; correlações comparativas

entre regiões e continentes; citação de soluções encontradas na literatura;

entre outras;

Fase 3: Seleção e organização do material surpracitado segundo os

tópicos que constituem o trabalho.

Esta etapa inclui a avaliação do material encontrado, de modo a

caracterizá-lo como adequado ou não com base no objetivo pré-definido.

Ademais, é nesta fase que os itens julgados adequados são segregados em

função de suas características para serem inseridos conforme ordenação

proposta para melhor conexão das idéias;

Fase 4: Execução da dissertação proposta.

Esta fase inclui a montagem do trabalho propriamente dita, isto é, sua

formação, e o detalhamento que deve ser alcançado com o uso de dados

ilustrativos que retratem os objetos de argumentação, desde as causas aos

efeitos, muitos dos quais já observados; a apresentação dos fatos em função

de sua posição em escala temporal e a proposição de soluções julgadas

viáveis dentro do contexto atual. Vale citar que, as soluções apresentadas são

compostas por citações já existentes, pela discussão das possíveis

oportunidades de melhorias, quando oportuno; além de algumas proposições

baseadas em novas idéias;

Fase 5: Finalização do trabalho.

Este item consiste na leitura, revisão do texto final e listagem da

bibliografia utilizada.

Nota: Apesar das fases serem realizadas na ordem proposta, a execução

do trabalho ocorreu de forma dinâmica, isto é, uma fase já trabalhada pôde ser

retomada contínua e paralelamente ao andamento das demais, à medida que

foram observadas possibilidades de inserção de melhorias. Isso pôde

acontecer, ao passo que informações adicionais surgiam, dados interessantes

foram encontrados e novas idéias surgiram visando o enriquecimento

constante do produto almejado pelo estudo em questão.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................. 9

CAPÍTULO I

ÁGUA: SUA IMPORTÂNCIA E DISTRIBUIÇÃO .......................................... 14

CAPÍTULO II

AS CAUSAS DA FALTA DE ÁGUA ............................................................. 39

CAPÍTULO III

O PICO DA ÁGUA ....................................................................................... 65

CAPÍTULO IV

OS PRINCIPAIS IMPACTOS DE UMA ESCASSEZ DE ÁGUA .................. 75

CAPÍTULO V

POSSÍVEIS SOLUÇÕES PARA MITIGAR A CRISE ................................... 99

CONCLUSÃO .............................................................................................. 116

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................. 119

ANEXOS ...................................................................................................... 128

ÍNDICE DE FIGURAS .................................................................................. 152

ÍNDICE DE TABELAS .................................................................................. 155

FOLHA DE AVALIAÇÃO .............................................................................. 156

- 9 -

INTRODUÇÃO

Um assunto muito discutido atualmente e fruto de grandes investimentos

é o desenvolvimento de novas tecnologias e fontes alternativas de energia que

possam ser utilizados como substitutos do petróleo e seus derivados. No

entanto, é preciso dedicar uma parcela de atenção a iminente escassez dos

recursos hídricos que existem no planeta, pois para a água não existem

substitutos.

Com base nessa expectativa, projeções científicas estimam que, até o

ano de 2025, o planeta poderá encarar um problema nunca verificado pela

humanidade: a crise hídrica. Estima-se que dois em cada três habitantes

sentirão os efeitos da escassez de água, seja pela ausência desse recurso ou

pela má qualidade do mesmo.

Assim, a elaboração desse trabalho é dedicada ao levantamento, à

análise e à discussão de dados que demonstrem a possibilidade de ocorrer

uma escassez de água mundial, de modo a considerar algumas de suas

principais causas, impactos e conseqüências a médio e longo prazo. Além

disso, pretende-se propor possíveis alternativas que possam ser utilizadas

rumo a tomadas de ações corretivas e preventivas, a fim de que essa crise de

caráter catastrófico possa ser evitada. Para tanto, permanece a pergunta:

“Quais os principais impactos decorrentes dessa crise e o que pode ser feito

para evitá-los?”.

Para responder a questão supracitada, é importante considerar a água

como um recurso essencial e insubstituível para assegurar a sobrevivência da

vida na Terra. Além disso, é necessário que esse recurso seja analisado como

um bem renovável, porém finito, visto que o suprimento de água fornecido pela

natureza está próximo de ser superado pela quantidade demandada para

mover a sociedade atual.

- 10 -

Com base nisso, esse trabalho visa alertar ao leitor sobre o fato de que a

água, assim como o petróleo, pode passar por um pico. Isso porque, a

população está preocupada apenas com a crise do petróleo visto o alto valor

agregado desde bem, esquecendo-se da crise hídrica que pode ser alcançada

caso a sociedade continue caminhando em direção à cultura do desperdício e

da poluição.

Dessa forma, é importante ressaltar que a qualidade de vida, saúde e

desenvolvimento da população dependem intimamente da qualidade e

disponibilidade deste recurso.

Em função disso, água deve ser observada com sua devida importância,

dado que sua escassez poderá trazer graves conseqüências para a

manutenção da vida existente no planeta. Com esse intuito, é preciso que este

bem seja mais valorizado e que seja adquirida uma consciência ambiental

rumo ao uso sustentável.

Um aspecto que demonstra a importância da água é o fato de que,

atualmente, uma questão muito discutida tem sido a disponibilidade desse bem

para a economia e para a manutenção da vida. Isso porque, apesar de a

superfície da Terra ser constituída por três quartos de água, somente uma

quantidade ínfima desta é útil para a população, isto é, a maior parcela desse

recurso encontra-se em formas de difícil acesso ou sob condições que

exigiriam o gasto de muitos recursos financeiros e energéticos para torná-la

passível para atender as necessidades da sociedade moderna.

Com base nos fatos apresentados, destaca-se que entre as causas que

intensificam o cenário de escassez estão: o alto nível de degradação da

qualidade da água alcançado nos últimos anos; o crescimento exponencial da

demanda, devido ao rápido aumento demográfico e as irregularidades de

distribuição hídrica quando comparadas às necessidades de consumo

localizadas.

Haja vista os dados apresentados, este trabalho apresenta como principal

objetivo dissertar sobre as causas e impactos que caracterizam uma

perspectiva de falta de água mundial, além de propor ações para mitigação do

- 11 -

problema. Diante disso, pode-se definir os seguintes itens como objetivos

específicos:

ü Analisar a importância da água e a distribuição desse bem nos

diferentes setores da sociedade;

ü Discutir sobre as principais causas da falta de água;

ü Dissertar sobre a perspectiva, a médio prazo, de ocorrer o pico da

água, que é definido como o momento em que a demanda por

água será maior do que a oferta, isto é, sua reposição pela

natureza;

ü Apresentar um comparativo entre o suprimento mundial de água e

a distribuição da população por continente;

ü Apresentar os mais importantes impactos sócio-econômicos e

ambientais oriundos do problema;

ü Citar como a ocorrência de uma crise hídrica influenciará na

situação política mundial, isto é, avaliar a potencialidade da

ocorrência de guerras provenientes desta;

ü Definir algumas propostas de soluções para evitar a crise

supracitada.

Nesse contexto, vale ressaltar que os impactos ambientais, sócio-

econômicos e políticos são muitos, entre os quais se destacam: possibilidade

de ocorrência de conflitos ou, até mesmo, guerras; aumento da incidência de

doenças; altas taxas de desemprego; redução da expectativa de vida

populacional; decréscimo da produção de alimentos e da maioria dos bens de

consumo utilizados atualmente, visto que praticamente todos os processos

produtivos fazem o uso da água como matéria-prima ou como utilidades de

processo; entre outras conseqüências drásticas.

Ademais, verifica-se que se as causas que definem a degradação e o

consumo desordenado da água não forem devidamente tratadas, o decréscimo

- 12 -

da quantidade desse bem será proporcional às variações do ciclo hidrológico

ocasionadas pela interferência humana.

No decorrer deste trabalho serão levantadas algumas hipóteses que

apresentam o objetivo de fundamentar a discussão proposta pelo tema em

questão. São elas:

ü O histórico da pouca valorização da água vem promovendo uma

cultura de utilização demasiada e inconsciente deste bem. Além

disso, o crescimento populacional sem controle e a busca cada vez

maior pelo desenvolvimento econômico agravam mais o consumo

de água e aproxima-se uma situação em que sua distribuição

ficará prejudicada, ocorrendo assim, uma crise mundial;

ü A população mundial já começa a sentir os efeitos da crise hídrica,

seja pelo aumento do valor comercial adquirido por este bem ou

por seu decréscimo já observado em determinadas regiões do

mundo;

ü O quadro de crise iminente pode ser revertido. Para isso, um uso

sustentável da água é essencial e este pode ser conseguido por

meio de ações que permeiam diversos níveis da sociedade, desde

o governamental e empresarial até o domicilar;

ü A educação ambiental deve atuar como uma peça chave neste

contexto, perpetuando-se como ferramenta fundamental para que

a população entenda a água como um bem finito e indispensável à

economia e à vida, assim como o petróleo. Com base nisso, a

redução do desperdício diário, muito comum no cotidiano, é uma

medida importante e que depende diretamente da consciência da

sociedade para a questão. Ademais, uma mudança de

comportamento pode ser adquirida pelo uso de conceitos da

educação ambiental.

Para finalizar, este trabalho pretende apresentar propostas de possíveis

soluções que buscam a mudança desse cenário de crise global no qual a água

já pode ser definida como um bem em extinção. Para isso, busca-se propor

- 13 -

alternativas para mitigar a ocorrência dessa crise e, assim, evitar que no futuro,

os conflitos não sejam mais relacionados ao petróleo, mas motivados pela

escassez dos recursos hídricos.

Quanto à delimitação abordada no trabalho, deve-se mencionar que

serão estudados os impactos ambientais, bem como os de âmbito político e

sócio-econômico, ocasionados pela possibilidade da escassez de água. Além

disso, entre as soluções apresentadas, serão discutidas ações que envolvem

os setores governamental, agropecuário, industrial e domiciliar.

Adicionalmente, as causas da crise hídrica serão analisadas em uma

escala temporal que envolve o desperdício de água ocorrido no passado, sua

manutenção e conseqüências já observadas no presente e sua continuidade

como tendência de agravamento futuro.

Outrossim, o estudo em tela pretende utilizar alguns dados que, muito

embora possam, eventualmente, ser correlacionados de forma regional, serão

tratados em âmbito mundial, visto que a falta de água é um tema de efeitos

globais.

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CAPÍTULO I

ÁGUA: SUA IMPORTÂNCIA E DISTRIBUIÇÃO

“(...) Terra! Planeta água (...)” Guilherme Arantes (1981).

1.1. Origem e importância da água

Conforme descrito na lei N°9433 de 08 de janeiro de 1997, que trata

sobre a Política Nacional de Recurso Hídricos, a água apresenta, entre outras,

as seguintes definições:

“(...) Art. 1º A Política Nacional de Recursos Hídricos baseia-se

nos seguintes fundamentos:

I - a água é um bem de domínio público;

II - a água é um recurso natural limitado, dotado de valor

econômico; (...)”

Com base nisso, é importante entender a importância desse recurso para

que lhe possa ser dado o devido valor.

A existência da vida no planeta somente foi possível após o

aparecimento da água. Nesse contexto, é possível verificar, em uma escala de

evolução cronológica, a origem da água e a sua importância para o surgimento

das primeiras formas de vida.

Conforme Barros (2010), há 15 milhões de anos atrás, após a explosão

do Big Bang, a energia se condensou em partículas subatômicas, as quais

deram início aos primeiros átomos de hidrogênio e hélio. Estes deram origem a

nuvens dispersas que, ao se adensarem, formaram as primeiras estrelas.

Devido ao processo de fusão nuclear no interior desses corpos celestes,

formaram-se os elementos químicos mais pesados, tais como carbono,

- 15 -

nitrogênio, oxigênio, entre outros. A partir de então, foi possível a existência de

moléculas de água, inicialmente na forma de vapor, uma vez que estas são

formadas pela combinação de dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio.

Deste modo (Barros, 2010; Freitas, 2010; Smithsonian, 2010), durante a

formação do planeta Terra, intensas atividades vulcânicas foram responsáveis

por expelir, dentre outros gases, grandes quantidades de vapor de água que

originaram a atmosfera primitiva.

As altas temperaturas observadas no período anterior foram

gradativamente reduzidas, de modo a tornar possível a formação das primeiras

nuvens, a partir da condensação do vapor de água da atmosfera. A formação

destas gotas de água aliadas à gravidade terrestre permitiu a ocorrência de

precipitações que deram origem a formação dos primeiros oceanos.

Segundo Smithsonian (2010), foram estes oceanos, os meios propícios

para a ocorrência das complexas reações químicas que transformaram

moléculas simples contendo carbono nas primeiras formas de vida, cujos mais

antigos fósseis datam de 3,5 bilhões de anos atrás. Assim, conforme a Figura

1.1, observa-se que a vida na Terra surgiu somente após o aparecimento de

água líquida.

A partir destas formas de vida mais rudimentares, surgiram os primeiros

seres fotossintetizantes, capazes de produzir seu próprio alimento a partir de

energia solar com liberação de oxigênio. Esta atividade fotossintetizante

promoveu a existência de oxigênio molecular na atmosfera e,

consequentemente, o surgimento de organismos mais complexos.

Finalmente, devido à evolução gradativa da Terra, observou-se a

formação dos atuais continentes, rios, lagos, geleiras e das demais formas

geográficas conhecidas.

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Figura 1.1 – Evolução da Terra (University de Wisconsin-Madison, 2010).

Dessa forma, verifica-se que desde a sua formação até hoje, a água

apresenta papel vital para a existência de todos os organismos vivos (Tundisi,

2009). Assim, por se tratar do melhor solvente disponível na natureza, ela

participa de funções biológicas essenciais à vida, além de atuar como meio de

transporte, na produção de alimentos e de qualquer outro bem de consumo

necessário ou não a sobrevivência.

No solo, a água atua como fator essencial a nutrição da flora; na

vegetação, existem cerca de 80% de água na composição das folhas e até

60% nos tecidos lenhosos. Nas frutas, mesmo aquelas que apresentam menor

quantidade desse bem, contém até 5% do mesmo. Além disso, deve-se

mencionar que embora o ser humano possa viver durante alguns dias sem

alimentos sólidos, não é capaz de sobreviver a mais de três dias sem água.

Segundo ABES (2010), se a água se apresenta em abundância, atua

como fonte necessária ao desenvolvimento agrícola, industrial, social, sanitário

e, consequentemente, na melhoria da qualidade de vida da população. Por

outro lado, sua ausência ou escassez é motivo para o agravamento da

pobreza, para a ocorrência crescente de enfermidades, para o surgimento de

estopins de guerras e para a estagnação econômica.

A tabela 1.1 demonstra alguns dos mais variados usos da água na

indústria. Com isso, é possível mostrar que a água está presente como entrada

Indicação do surgimento de vida após a formação de água

- 17 -

de qualquer processo industrial. Além disso, verifica-se a quantidade média

utilizada para executar as mais diferentes atividades, ou seja, observa-se que

para a manutenção da economia atual e o contínuo desenvolvimento é

necessário um consumo significativo desse recurso.

Tabela 1.1 – Consumo de água na indústria (Idec, 2010; ANA, 2009;

Portal EcoDebate, 2009b).

Conforme Pereira (2010), até para produzir dinheiro é necessário água.

Segundo ele: “A revolução industrial não aconteceria sem a água”.

Quanto a produção de alimentos, Clarke e King (2005) definem o

consumo médio de água segundo a tabela 1.2. Como é demonstrado, para

produzir 1 Kg arroz, principal alimento em diversas partes da Ásia, são

necessários cerca de 1.900 litros de água. Outro exemplo bastante significativo

é a carne de boi, a qual para cada um quilo produzido, são necessários 19.000

litros de água, haja vista a quantidade necessária para cultivar as plantas que

os animais ingerem e o volume que bebem, isto é, para as atividades de

manutenção, pastagem e rações.

Os dados apresentados na tabela abaixo são baseados na relação entre

a quantidade total de água usada no cultivo e/ou processo industrial e a

produção obtida, relação esta definida como “água virtual”, que corresponde a

uma medida indireta dos recursos hídricos consumidos por bem. Vale citar

Tipo de indústria Consumo médio (litros/tonelada de produto) Tipo de indústria Consumo médio

Revestimento Cerâmico 1800-2000 L por t revestimento

Computador 20.000 L por computador

Automobilística 38.000 L por veículo

Cimento Portland 550-2500 L por t de cimento Querosene 40.000 L por tonelada

Saboarias 2.000 L por t de sabão Couros (curtumes) 55.000 L por t de couro

Laticínios 2.000 L por t de produto Explosivo 80.000-83.500 L por t de explosivos

Cobre 3.100 L por t cobre Laminação de aço 85.000 L por t de aço

Minério de ferro 4.200 L por t de minério Vidro 88.000 L por t de vidro

Lavanderia 10.000 L por t de roupa Polietileno 8.400-231.000 L por tonelada

Gasolina 7.000-8.000 L por kL de gasolina Papel 250.000 L por t de papel

Produtos de aço 8.000-12.000 L por t de produto Refinação de petróleo 290.000 L por barril refinado

Fábrica de conservas 20.000 Lpor t de conserva Indústria têxtil 1.000.000 L por t de tecido

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ainda, que a estimativa de água requerida para o cultivo ou produção industrial

dos vários bens agrícolas e industriais varia em torno dos valores

apresentados, em função da técnica de plantio e irrigação, do tipo de solo e de

clima, além do processo produtivo utilizado (Travitzki, 2009).

Tabela 1.2 – Consumo de água para a produção de alguns alimentos.

(Clarke e King, 2005; ANA, 2009; IBM, 2010; Portal EcoDebate, 2009b).

Ademais, este recurso natural presente em mais de 70% da constituição

do corpo humano desempenha atuação fundamental na produção das formas

mais utilizadas de energia e, por isso, se destaca como um bem de extrema

importância não somente a existência, mas também a manutenção da

qualidade de vida alcançada nos vários anos de desenvolvimento humano.

Na produção de energia, a queda de água, e sua conseguinte passagem

por turbinas, é empregada como recurso essencial a geração de energia

elétrica em hidroelétricas; em refinarias, termelétricas e usinas de geração de

energia nuclear, a água é muito utilizada como fluido de utilidades, entre outros

usos. Deve-se adicionar a isso a importância desse recurso no crescente

mercado dos biocombustíveis, no qual a água atua na produção dos insumos

agrícolas utilizados como matérias-primas (cana-de-açúcar, milho, oleaginosas,

entre outras) do processo seu produtivo.

Alimento (tonelada)

Consumo médio (litros)

Alimento (tonelada)

Consumo médio (litros)

Carne bovina 15.000.000 Gelatina 55.100-83.500

Carne de porco 4.800.000 Açúcar 75.000

Aves 3.500.000 Pescado enlatado 58.000

Arroz 1.900.000 Leite em pó 45.000

Soja 1.650.000 Salsicha 20.000-35.000

Pão 1.600.000 Queijo 2.000-27.000

Milho 1.100.000 Manteiga 20.000

Trigo 900.000 Iogurte 20.000

Alfafa 900.000 cerveja 19.600

Batata 500.000 Chocolate em barra 15.000-17.000

Pescado (fresco/congelado) 30.000-300.000

Sorvete 10.000

Leite 2.000-5.000

Tomate 184.000 Macarrão 1.200

- 19 -

Outro aspecto que coloca a água em posição de destaque é o fato de que

grandes civilizações e cidades nasceram às margens de grandes rios, dado

que estes atuam não somente como fonte de água para produção de bens,

fonte de dessedentação, meio de escoamento de resíduos, recurso necessário

à irrigação e energia, como também para transporte e até higienização pessoal.

Exemplo disso foi o surgimento da Mesopotâmia, do Egito antigo e da Índia, às

margens dos rios Tigre e Eufrates, Nilo e Ganges, respectivamente. Além

disso, tem-se, atualmente, como exemplos, a Grande São Paulo em torno dos

rios Tietê e Pinheiros, a cidade de Roma às margens do Tibre e Paris com o rio

Sena (Governo de São Paulo, 2008).

Dessa forma, verifica-se a importância da água não somente sob aspecto

ambiental, que leva em consideração a biodiversidade, a regulação do clima (

dado que os oceanos por acumularem calor do sol, atuam como reguladores

do clima) e manutenção da vida. Percebe-se, também, o papel fundamental

que este recurso desempenha no setor econômico e social.

Conforme Oliveira (2008), mais do que 5 milhões de pessoas morrem

anualmente devido a doenças causadas por qualidade ruim da água, por

indisponibilidade desse recurso ou por péssima condição de higienização e

saneamento. Segundo ele, o relatório de Desenvolvimento Humano da ONU

de 2006 informa que uma das causas do elevado índice de mortalidade infantil

é a diarréia apresentada pela falta de acesso à água potável.

Nesse contexto, deve-se considerar que a água essencial é aquela de

boa qualidade, pois a poluição é considerada um fator de degradação que pode

afetar a saúde humana e, até mesmo, causar a morte de espécies marinhas.

Neste último caso, significa alterar a cadeia alimentar e marginalizar uma

parcela da população que tem a vida marinha como fonte de sustento familiar.

Além disso, a poluição das águas implica na necessidade de purificação por

meio prévios, que demandam energia; no entanto, para se produzir energia, é

necessário: água.

Por esses motivos, a água deve ser entendida como um bem essencial à

vida e, por isso, de grande valor. A degradação desse bem seja em termos de

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consumo ou de poluição, implica em redução de disponibilidade para o uso,

sem o qual não há energia, alimento, água apta ao consumo e,

consequentemente, não há vida.

1.2. Distribuição da água no planeta

Após realizar o primeiro vôo orbital em torno do planeta Terra, em 12 de

abril de 1961, o cosmonauta russo Yuri Gagarin fez a seguinte afirmação: “A

Terra é azul” (Barros, 2010). Essa citação é de fato o que qualquer um pode

afirmar ao ver fotos da Terra vista do espaço, nas quais, sob quatro ângulos

diferentes, é possível observar a imensidão azul e branca, cores que

correspondem ao oceanos, geleiras e nuvens, isto é, água em seus vários

estados físicos (Figura 1.2).

Figura 1.2 – Terra vista da sonda Galileo (NASA/JPL, 1990).

Conforme Clarke e King (2005), a Terra dispõe de aproximadamente de

1,386 Km³ de água. Contudo, tem-se que cerca de 97,4% dessa água

apresenta-se espalhada por oceanos, mares, lagos salgados e aqüíferos

salinos e somente uma pequena fração dessa imensa quantidade, 2,6%,

corresponde a água doce. Vale ressaltar que, dessa última, apenas uma

parcela menor ainda apresenta-se na forma de água doce acessível para

atender as necessidades atuais.

Assim, de acordo com a Figura 1.3, pode-se verificar que os 2,6% da

água doce do planeta se distribuem entre água disponível e indisponível. A

primeira, cerca de 23,3 %, corresponde a água de subsolos, lago, rios, plantas,

- 21 -

animais e umidades de solo e do ar; enquanto a segunda, cerca de 76,7%,

corresponde a água aprisionada nas geleiras, neves, gelos e subsolos

congelados (Clarke e King, 2005; Miller, 2007).

Entre os recursos de água disponíveis, apenas 2,3% se encontram sob a

forma de águas de superfície, aquelas que de mais fácil acesso e, por isso,

mais facilmente degradadas (Clarke e King, 2005; Miller, 2007).

A outra parcela de águas disponíveis (97,7%) apresenta-se como águas

subterrâneas constituídas por lençóis freáticos e aqüíferos (Clarke e King,

2005; Miller, 2007), alguns tão complexos e heterogêneos, que tornam seu

acesso mais dificultado. Exemplo desse tipo de estruturação hidrogeológica é o

aquífero Gaurani, que apesar de abranger cerca de 1,2 milhão de Km2,

espalhando-se pelo Paraguai, Uruguai, Argentina e oito estados brasileiros,

contempla pontos em que não é possível acessar suas águas, como ocorre na

Argentina em que o sistema aqüífero apresenta-se confinado em grandes

profundidades (Machado, 2009).

Figura 1.3 – Dsitribuição de água no planeta (Clarke e King, 2005; Miller,

2007).

Como pode ser verificado na Figura 1.4, da pequena parcela

correspondente às águas de superfície, apenas cerca de 54% encontram-se

disponíveis ao fácil acesso, dada a existência de outras parcelas de água sob a

forma de umidade do solo, biota e vapor de água atmosférico (Clarke e King,

2005; Miller, 2007).

- 22 -

Figura 1.4 – Distribuição das águas superficiais (Clarke e King, 2005;

Miller, 2007).

Conforme mostrado, a existência de água doce se dá em diversos locais

e formas. A figura 1.5 apresenta uma comparação gráfica, com base em

categorias, entre quantidade e distribuição desse recurso no mundo. A

categoria 1 relaciona a quantidade de água distribuída sob a forma de geleiras,

neves e gelos que aparecem nos pólos, principalmente, na Antártica e na

Groelândia; a categoria 2 representa o quantitativo de água na forma de

aquíferos (considerando a inclusão de águas salinas) espalhada pelo mundo e

a categoria 3 representa a distribuição média desse recurso sob a forma de

lagos e rios (IEAv, 2010).

53,0%

37,9% 0,8 % 0,8 % 7,6%

Lagos

Umidade do solo

Vapor de água atmosférico

Rios

Biota

Águas de Superfície

- 23 -

Categoria (1)

Categoria (2)

Categoria (3)

Figura 1.5 – Distribuição de água no mundo em km3 (IEAv, 2010).

1.3. Ciclo Hidrológico

Toda essa quantidade de água presente no planeta é mantida, pois

existe um mecanismo dinâmico de circulação desse recurso, no qual todas as

formas nas quais a água se apresenta, seja como vapor na atmosfera, como

águas subterrâneas ou recursos superficiais, são interligadas e

interdependentes. Esse movimento dinâmico constitui o ciclo hidrológico,

Figura 1.6, e é importante para a manutenção do equilíbrio ecológico do

planeta.

- 24 -

Figura 1.6 – Desenho representativo do ciclo hidrológico (Graci, 2001).

Essa contínua circulação é movida pela energia proveniente dos raios

solares que contribuem para a evaporação das águas dos oceanos, rios, lagos,

solo e para a transpiração das plantas.

No ar, há a condensação do vapor e a formação de minúsculas gotículas

de água que dão origem às nuvens (Associação Guardiã da Água, 2010).

Após retornar a Terra como chuva, neve ou granizo, parte da água

escorre para rios, lagos e oceanos, enquanto outra parcela se infiltra no solo

constituindo as águas subterrâneas armazenadas em diferentes profundidades

e com complexidades distintas. Uma terceira parte regressa a atmosfera para

formar novamente as nuvens e, assim, tem-se a continuidade do ciclo

(IBM,2010).

Dessa forma, apesar da iminência de uma crise hídrica, o volume de

água na Terra não se altera, o que muda é a forma como este recurso se

distribui em função desse movimento cíclico (SBPC/Labjor Brasil, 2000).

Vale citar, que o retorno da água aos oceanos, não ocorre somente por

meio de precipitação, mas também através do escoamento que ocorre por

meio dos leitos dos rios e pelos fluxos subterrâneos de água (SBPC/Labjor

Brasil, 2000).

- 25 -

Assim, o ciclo hidrológico, constituído pelas etapas de evaporação ou

transpiração, condensação, precipitação, infiltração e movimento das águas

superficiais e subterrâneas, é o responsável pela constância da quantidade

total de água existente no planeta.

Por esse motivo, verifica-se que o volume de água na Terra não se altera,

o que muda é a forma como este recurso se distribui em função desse

movimento cíclico (SBPC/Labjor Brasil, 2000).

Ademais, apesar da manutenção da quantidade total de água existente

no planeta, a demanda por esse recurso cresce mais rápido do que o ciclo

hidrológico consegue repor. Acrescido a isso, tem-se a contaminação de parte

da água reposta na superfície e subsolo e a elevação do índice de evaporação

e transpiração ocasionada pelo aumento de temperatura, devido a crescente

poluição atmosférica causada pela intensificação dos gases estufa. Por esse

motivo, apesar da existência do reciclo natural da água, há a previsão de que

uma crise hídrica possa ocorrer.

1.4. Distribuição da água nos continentes

Em termos globais, a água doce apresenta uma distribuição não

uniforme, sua presença em maior ou menor quantidade depende

essencialmente dos ecossistemas de cada território (IDEC, 2010). Um exemplo

disso é o Lago Baikal que apesar de estar localizado em uma região pouco

povoada da Sibéria, contempla cerca de um quarto das provisões mundiais de

água doce (RDH, 2006).

Outro exemplo é o fato de que a América Latina possui doze vezes mais

água por habitante do que a Ásia do Sul; o Brasil e o Canadá apresentam mais

água do que conseguem consumir; enquanto outras regiões, como alguns

países do Oriente Médio possuem muito menos do que necessitam (RDH,

2006).

Essa discrepância é também verificada dentro de um mesmo continente,

ou mesmo, dentro de um país. A África Subsaariana, por exemplo, é

razoavelmente rica em termos de água doce disponível; contudo, tem-se a

- 26 -

República Democrática do Congo com mais um quarto da água da região, ou

seja, com 20.000 metros cúbicos ou mais por habitante, enquanto países como

Malawi, África do Sul e Quênia apresentam situações de pressão sobre os

recursos hídricos. Outro caso é o norte da China, que apresenta menos do que

um quarto da disponibilidade desse recurso por habitante, quando comparado

com o Sul desse país (RDH, 2006).

Conforme o Manual de conservação e reuso de água para a indústria da

FIESP (2010), essa ausência de uniformidade na distribuição dos recursos

hídricos entre as diversas regiões do globo, muitas vezes, tende a dificultar o

abastecimento de alguns locais menos privilegiados em termos desse recurso.

Por esse motivo, verificam-se aumentos gradativos nos custos apresentados

pelo fornecimento de água.

Por meio de uma análise da figura 1.7 observa-se que enquanto o

continente asiático apresenta a proporção de sua população equivalente a

quase o dobro do seu quantitativo de água, continentes como África e Europa

apresentam seu quadro populacional cerca de 2 a 5 % superior ao suprimento

de água que possuem, isto é, o quadro observado é o mesmo, mas em

menores proporções. Por outro lado, verifica-se que América do Norte, América

do Sul e Oceania ainda possuem sua população inferior a sua disponibilidade

de recursos hídricos.

Desse modo, observa-se que apesar do continente asiático ser o

possuidor da maior quantidade do suprimento de água mundial, é também o

detentor do maior quadro populacional, o que o torna uma região de grande

pressão hídrica, que já apresenta sintomas de escassez.

Outro aspecto que pode ser observado é o fato do continente sul

americano ser o mais rico em termos de suprimento hídrico mundial, apesar de

se destacar como o segundo maior continente em termos do suprimento de

água. Isso ocorre, pois seu quantitativo populacional é cerca de 20% inferior a

sua disponibilidade hídrica. Assim, conclui-se que, dispor de grandes reservas

hídricas não é garantia de possibilitar o abastecimento de água para toda a

população.

- 27 -

Figura 1.7 – Comparativo entre o suprimento de água e a população

global por continente.

Em termos globais, essa desigualdade na distribuição de água faz com

alguns países sejam extremamente pobres em água enquanto outros, muito

ricos. Locais desérticos como Arábia Saudita, Kwait, Ilhas Bahamas e Líbia

possuem 200 m³/ano por habitante, enquanto Brasil, Canadá, Gabão e Rússia

asiática apresentam cerca de 100.000 m³/hab/ano. Esses dados somente

evidenciam a discrepância entre a disponibilidade de água entre as regiões

quando comparados ao limite mínimo recomendado pela ONU de 1.000

m³/hab/ano (Gazeta Online, 2009).

A figura 1.8 demonstra a desigualdade uso da água sob o aspecto da sua

distribuição natural. Por meio do mapa do globo é possível verificar como se dá

o gasto de água por país em relação a água doce disponível. Observa-se no

Oriente Médio estão localizados os países com os maiores gastos relativos.

(SBPC/Labjor Brasil, 2000).

Distribuição por continentes

1%5%8%

11%15%

26%

36%

13%13%8%6%

60%

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

Ásia Ámerica doSul

Ámerica doNorte

África Europa Oceania

Val

or

(%)

Suprimento Mundial de água População Global

- 28 -

Figura 1.8 – Gasto de água por país quando comparado a quantidade de

água doce disponível (SBPC/Labjor Brasil, 2000).

Além da disponibilidade hídrica inerente a localização, o consumo de

água está intimamente relacionado às condições de desenvolvimento do país e

do nível de renda das pessoas. A África sulsaariana, por exemplo, que é

atravessada por grandes rios e apresenta um índice pluviométrico anual alto é

constitída por alguns dos países mais pobres do mundo e que, por isso,

possuem infra-estrutura para aproveitar apenas 3,8 % da vazão total de seus

rios (Almanaque Abril, 2008). É por esse motivo, um canadense pode gastar

600 litros de água por dia, enquanto um africano apenas pode consumir 30

litros diários para beber, irrigar plantações, fazer sua higiene, entre outros.

Quanto a distribuição do consumo de água por setor, verifica-se que 70%

do consumo mundial se destina a atividades agrícolas. A irrigação, a

responsável por toda essa demanda, consiste em um uso consuntivo, isto é,

aqule no qual o recurso utilizado não retorna para a mesma fonte de origem

(Grassi, 2001).

Já as atividades industriais, consideradas consuntivas, embora possam

causar a contaminação de suas águas com resíduos específicos para tipo de

indústria, são capazes de destinar seus efluentes para tratamento e, assim,

possibilitar a futura reutilização dos mesmos (Grassi, 2001). O consumo

industrial de água é cerca de 22%.

- 29 -

A utilização de água na indústria se destina aos mais diversos fins. Ela

pode ser incorporada ao produto final como matéria-prima, a exemplo de

fármacos e bebidas; pode ser utilizada para produção de energia, por meio da

acumulação de energia cinética, potencial ou térmica que pode ser

transformada em energia mecânica e, posteriormente, elétrica; além de ser

muito utilizada como solvente ou como fluido de utilidades, para aquecimento

ou arrefecimento de unidades operacionais, além de seu uso na limpeza do

maquinário. Milhares de litros de água estão envolvidos na produção de bens

como plástico e vidro, além de papel, metal e químicos, os três maiores

consumidores industriais.

A água atua na indústria como o sangue no corpo de um ser vivo. Seu

fluxo atende desde finalidades mais nobres até as de menos importância

dentro de uma linha de produção. Para produzir um automóvel, por exemplo, é

necessário pelo menos 120.000 litros de água, sendo 80.000 destinado a

produção do aço e os 40.000 restantes a produção automobilística

propriamente dita (Environment Canadá, 2010).

Outro uso da água é o doméstico, que é caracterizado pela

disponibilidade local desse recurso, pelo nível de renda da população e, até

mesmo, por questões culturais. Esse tipo de consumo mundial representa

cerca de 8%. Essa distribuição conforme citada é descrita pela figura 1.9.

Figura 1.9 – Distribuição de água por setor.

Essa distribuição por setores pode variar com o nível riqueza do país e é

mostrada pela figura 1.10. Verifica-se que países de maior rendimento

- 30 -

apresentam maior utilização industrial, apesar de apresentarem contribuição

significativa de utilização agrícola. Isso ocorre porque quanto maior a renda da

população, maior será a quantidade de bens industrializados e sofisticados que

ela irá exigir do mercado. Já uma população mais pobre, tenderá a apresentar

sua utilização de água mais dedicada ao consumo agrícola, que é mais voltado

a produção de alimentos, isto é, a bens primários (recursos mais essenciais).

Figura 1.10 – Consumo de água por nível de rendimento dos países

(BCSD Portugal, 2010).

Como pode ser verificado, o consumo de água está intimamente

relacionado com o nível de desenvolvimento de um país e com a renda de sua

população. Exemplo característico é definido quando se compara a quantidade

de água gasta para uma pessoa realizar suas atividades diárias. A ONU define

que o volume necessário para tais atividades é o equivalente a 40 litros por dia,

contudo um europeu utiliza em média 150 litros, enquanto um indiano consome

apenas 25 litros (IDEC, 2010).

Outro caso marcante que mostra o quanto as desigualdades sociais estão

relacionadas com a disponibilidade de água no mundo é o fato de que algumas

regiões do mundo, a situação de ausência de água já atinge valores críticos

(CETESB, 2001). A figura 1.11 apresenta o quadro de desigualdade no acesso

à água potável (Aldeodato, 2009b).

Utilização Doméstica 11%

Utilização Industrial 59%

Utilização Agrícola 30%

Utilização Doméstica 8% Utilização Industrial 10%

Utilização Agrícola 82%

Países de elevado rendimento

Países de baixo e médio rendimento

- 31 -

Figura 1.11 – A desigualdade no acesso à água potável a nível global

(Aldeodato, 2009b).

Conforme anexo I, alguns países africanos, como Nigéria, Quênia,

Etiópia, Angola e Bangladesh já se encontram no limiar que tange a faixa limite

de pobreza no consumo de água. Enquanto isso, um cidadão norte-americano

chega a consumir esse recurso de forma exagerada, podendo atingir a faixa de

570 litros de água por dia, o equivalente a 285 garrafas PET (Naime, 2010).

De acordo com Clarke e King (2005), quando verifica-se a distribuição do

consumo de água por setor nos continentes, observa-se que a maior parte

desse recurso é utilizada na agricultura, especialmente nas regiões mais secas

do mundo; enquanto na América do Norte e em alguns países europeus tem-se

predominância do consumo para fins industriais e para geração de energia. A

figura 1.12 demonstra a utilização desse bem por setor e por continente.

- 32 -

Figura 1.12 – Percentual de distribuição do consumo de água por setor

nos continentes (FAO, 2009).

Além disso, vale citar que a utilização dos recursos é desigual dentro de

um mesmo continente. Um exemplo disso é o fato de que em algumas regiões

do sul da Europa, a atividade agrícola é responsável pela captação de mais de

80% do consumo de água (Agência Européia do ambiente, 2009).

Uma distribuição mais detalhada por países, em ordem de quantidade

utilizada para o consumo destinado a cada um dos setores agrícola, industrial

e residencial, pode ser observada no anexo II.

Segundo a ONU, até 2025, o consumo de água deve aumentar de até

50% nos países em desenvolvimento e 18% nos países desenvolvidos. Além

disso, frente às estimativas de crescimento populacional esperado para os

05101520253035404550556065707580859095

África Ásia AméricaLatina

AméricaNorte

Oceania Europa Mundo

Doméstico Industrial Agropecuária

Região Percentual distribuição por setor

Doméstico (%) Industrial (%) Rural (%)

África 10 4 86 Ásia 7 11 81 América Latina 19 10 71 América Norte 22 17 61 Oceania 18 10 72

Europa 15 54 31

Mundo 11 16 73

- 33 -

próximos anos, conforme a figura 1.13, a expectativa é de uma maior utilização

de água para irrigação (Grassi, 2001).

Figura 1.13 – Projeção da captação setorial de água para 2025 em Km3

por ano (RDH, 2006).

Essa distribuição do consumo de água como disposto faz com que haja a

necessidade de que esse bem seja comercializado entre as nações. No

entanto, esse comércio é feito em termos de “água virtual”, ou seja, uma

medida indireta da quantidade desse recurso gasta para produzir um bem,

produto ou serviço.

Quando se trata de produtos primários, a relação corresponde a

quantidade total de água usada no cultivo e a produção obtida em m3/ton. Uma

vez obtido esse valor, todo um inventário hídrico é analisado por meio de

softwares específicos que calculam a teor de água utilizado na obtenção de

produtos finais (Travitzki, 2009).

Esse conceito promove uma gigantesca transferência de água de uma

região para outra no globo. Dessa forma, locais que apresentem esse recurso

em abundância podem transferi-lo para outras localizações em que há

- 34 -

escassez e, por isso, seu uso compete a outras atividades mais essenciais

(Travitzki, 2009).

Um exemplo desse tipo de trâmite estratégico é a China, na qual a

importação de cerca de 45 milhões m³ de água é realizada por meio do

ingresso de aproximadamente 18 milhões de toneladas de soja por ano no

país (Travitzki, 2009).

Outro caso é a típica exportação de água brasileira, que em 2003

exportou cerca de 19,5 bilhões de m³ por meio da transferência de cercade 1,3

milhão de toneladas de carne bovina (Travitzki, 2009).

Segundo Travitzki (2009), dados da Unesco apontam para um

crescimento desse tipo de comércio, que ocorrerá em paralelo ao esgotamento

e a contaminação dois recursos hídricos. Atualmente, tem-se a movimentação

de um volume de água virtual na faixa de 1.000 a 1.340 km³ por ano e a

distribuição desse quantitativo por tipo de produto comercializado é mostrado

na figura 1.14.

Comercialização de água virtual

Produtos Industriais

10%Produtos Agrícolas

67%Produtos Animais

23%

Figura 1.14 – Distribuição de água virtual comercializada por tipo de

produto (Travitzki, 2009).

Com disso, verifica-se que existe um desequilíbrio na disponibilidade

natural de água por região ou por continente. Contudo, deve-se considerar que

a utilização desse recurso pelo homem cresce a passos alarmantes nos

diversos setores, seja na agricultura, na indústria ou nas residências e, por

- 35 -

esse motivo, tem-se a atividade humana como contribuinte indiscutível para a

ocorrência de uma crise hídrica (Tundisi, 2009).

1.5. Distribuição da água no Brasil

O Brasil é um país contemplado por estar localizado sobre a maior bacia

fluvial do mundo, juntamente a Bolívia, Peru, Equador e Colômbia, a bacia

amazônica com seus 6.000.000 km2. Além disso, tem-se a bacia Platina,

segunda maior do mundo, localizada parcialmente sobre território brasileiro

(Webciência, 2008).

A riqueza hídrica do país também está localizada sobre águas

subterrâneas. Nesse contexto encontra-se o aquífero Botucatu/Guarani, com

cerca de 70% de uma área de quase 1,2 milhão de quilômetros quadrados

localizados sobre terras brasileiras (webciência, 2008).

Assim, o país apresenta aproximadamente 12 % da água doce mundial

distribuída por suas bacias hidrográficas, conforme Anexo 3. Contudo, essa

distribuição é não homogênea e algumas regiões já apresentam sintomas de

escassez de água (DAE, 2010).

Segundo a ONU, cada pessoa necessita de cerca de 2 milhões de litro

por ano para atender às suas necessidades de forma confortável. Contudo,

cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco, Goiás e Minas

Gerais apresentam uma oferta inferior a esta para alguns de seus habitantes.

(Planeta Orgânico, 2004).

A Amazônia, com a maior bacia fluvial do mundo, é a região menos

povoada do país; enquanto os grandes centros, locais mais povoados,

encontram-se distantes dos grandes rios brasileiros como o São Francisco, o

Paraná e o Amazonas (Moss e Moss, 2010a).

Desse modo, tem-se em torno de 70% de toda água superficial existente

no Brasil, principal forma de abastecimento de água do país, localizada na

região amazônica. Por outro lado, os 30% restantes encontram-se distribuídos

pelo país de forma heterogênea e destinados a abastecer cerca de 93% da

população (DAE, 2010).

- 36 -

Devido a essa grande heterogeneidade na distribuição, mostrada por

meio da figura 1.15, o Brasil apresenta menor disponibilidade de recursos

hídricos nas regiões mais populosas e industrializadas.

Enquanto um cidadão de Roraima tem acesso a 1,8 milhão de litro

anualmente, um Pernambucano tem acesso a muito menos. Nas regiões mais

populosas, onde se verifica maior consumo e poluição industrial, como o caso

da bacia do rio Tietê, região metropolitana de São Paulo, na qual muitos

habitantes têm acesso a um volume menor do que o recomendado pela ONU

como o necessário à vida saudável (Aldeodato, 2009c).

Recursos hídricos por região brasileira

8,0%

28,0%

42,3%

14,5%

7,3%

68,5%

3,3%6,0% 6,5%

15,7%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%

80,0%

Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Dis

trib

uiç

ão (%

)

População Recursos Hídricos

Figura 1.15 – Comparativo entre população e recursos hídricos por região

brasileira (IBGE, 2009; Montoia, 2006).

A região Norte com 68,5% da água superficial brasileira é junto com a

região centro-oeste, uma das regiões menos habitadas do país. Por outro lado,

a região nordeste, a mais árida e pobre do país é onde reside o maior problema

de escassez

Devido aos longos períodos de seca, a região nordestina, contribuiu de

significativamente para uma migração populacional intensa em direção os

- 37 -

grandes centros. Este fato, aliado a poluição, ao desperdício e ao manejo

inadequado dos mananciais, intensificou o problema da escassez de água nas

regiões Sul e Sudeste do país, locais onde residem cerca de 60% da

população brasileira (Castro e Scariot, 2005).

No Brasil, como na maior parte dos países, tem-se o setor agropecuário,

principalmente, a atividade de irrigação, como a atividade que mais consome

água. Segundo a figura 1.16, o uso humano responde por 21% e a indústria por

18 % dos usos no país.

Os usos da água no Brasil

Industrial; 18%

Humano; 21%

Agropecuário; 61%

Figura 1.16 – Distribuição do uso da água no Brasil por setores (ANA,

2009).

Além dessa formas consuntivas de utilização, devem ser lembrados os

usos múltiplos das bacias hidrográficas por meio da produção de energia,

navegação e pesca (De oho nos manaciais, 2010).

Com a intenção de resolver conflitos gerados pelo o uso da água, em

1977 foi criada a Lei das Águas (No 9.433/97). Esta lei institui a Política

Nacional de Recursos Hídricos (PNRH) e estabelece a criação do Sistema

Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SNGRH), nos quais a água

é entendida como um bem de importância maior e os usos como o

abastecimento humano e a dessedentação são definidos como prioritários em

caso de situações de escassez e conflitos (De olho nos manaciais, 2010).

Agropecuário 61 %

Industrial 18 %

Humano 21 %

- 38 -

Além disso, essa lei prevê a gestão das bacias hidrográficas por meio de

recursos financeiros que devem ser gerados pela cobrança pelo uso da água e

empregados, de modo prioritário, na própria bacia (De oho nos manaciais,

2010).

- 39 -

CAPÍTULO II

AS CAUSAS DA FALTA DE ÁGUA

“Para gerar energia é preciso água. Para distribuir água é preciso energia. Os dois recursos limitam-se mutuamente e os dois estão se esgotando.Há uma saída?” Michael E. Webber (2009).

Destaca-se que entre as principais causas que intensificam o cenário de

escassez estão: o alto nível de degradação da qualidade da água alcançado

nos últimos 50 anos; o aumento exponencial e desordenado da demanda,

devido ao rápido crescimento demográfico, as irregularidades entre a

distribuição geográficas das disponibilidades hídricas quando comparado às

necessidades de consumo localizadas e o desperdício observado em toda

parte do globo. Além desses, deve-se citar a ação do aumento de temperatura,

observado pelo aquecimento global e o aumento na produção de energia,

principalmente, biocombustíveis.

Ao longo da história, o desenvolvimento industrial trouxe inventos

tecnológicos que transportam e controlam a água de forma a garantir maior

conforto e qualidade de vida a população; contudo, em paralelo, gerou a

capacidade de consumir, desperdiçar e poluir cada vez mais esse recurso.

(RDH, 2006).

O ciclo hidrológico garante que a água permaneça o seu processo de

reciclo, essencial à garantia da vida no planeta. Entretanto, a poluição que se

observa nos dias atuais pode ocorrer em qualquer fase desse ciclo seja por

meio do lançamento de esgotos domésticos, efluentes líquidos industriais nos

rios, lagos e oceanos; de agrotóxicos aplicados na agricultura, produtos de

aterros ou lixões, que aos serem carreados pela chuvas, atingem as águas

- 40 -

subterrâneas e, até mesmo, pelos efluentes gasosos, como aqueles expelidos

por veículos automotores. (SAPO, 2010)

Além da poluição que tem ocasionado a perda de muitas fontes de água,

o crescimento populacional e o desperdício tendem a contribuir

significativamente para redução da disponibilidade de água para o atendimento

das necessidades primárias à vida.

2.1. Desperdício e irregularidades na distribuição de água

Segundo Miller (2007), especialistas em recursos hídricos apontam que a

pouca valoração da água é a principal causa do desperdício. O subpreço

apresentado na forma de subsídio governamental, faz com que os usuários de

água não apresentem interesse em investir em tecnologias que economizem

água. Esses baixos preços contribuem com a questão cultural estabelecida em

anos de evolução, na qual se acredita que a água é um bem abundante e que,

por isso, pode ser desperdiçada.

Miller (2007) complementa ao afirmar que a segunda principal causa do

desperdício é a falta de subsídios governamentais que incentivem a melhora na

eficiência dos usos da água. Dessa forma, a retirada de subsídios que

estimulem o desperdício e o fornecimento de outros que, ao contrário,

incentivem o uso eficiente da água, reduziria significativamente o desperdício

desse recurso da forma como é observado no seu mal uso em todos setores:

doméstico, industrial e agropecuário.

Estima-se que em cada 100 litros de água em condições próprias para

consumo, 60 litros são perdidos por desperdício, isto é, maus hábitos de uso, e

distribuição ineficiente. Verifica-se que, em certos países, até 70% da água

proveniente de reservatórios seja perdida no escoamento por encanamentos

mal conservados. Essa perda no Brasil é calculado em 45% (Almanaque Abril,

2008 apud Planeta sustentável, 2008).

Nesse contexto, verifica-se que não é possível aumentar a quantidade de

água existente no planeta, no entanto, é possível e necessário evitar o

desperdício (DAE, 2010).

- 41 -

- Uso Doméstico

Como citado no capítulo 1, esse tipo de utilização da água corresponde a

cerca de 8% quando se analisa o quadro mundial. Entretanto, verifica-se que

quanto mais as pessoas elevam seu padrão de vida, mais esse consumo tende

a aumentar.

Contudo, não é somente o fator financeiro, o responsável pelo aumento

do consumo doméstico. Tem-se o desperdício gerado por uma questão cultural

que se estabeleceu a anos atrás, como um dos grandes problemas

relacionados ao consumo doméstico e municipal. A figura 2.1, mostra o

consumo dos principais usos da água em residências.

Durante muitos anos, as pessoas acreditavam que a água se tratava de

um bem infinito e que, por isso, poderia ser consumida indiscriminadamente

sem acarretar conseqüências. Acrescido a isso, tem-se a questão da valoração

do bem como um requisito importante para lhe seja atribuído o devido valor.

O consumo doméstico não precisa e não pode ser reduzido, o que deve

ser evitado é o desperdício associado a idéia de que a água é um recurso

barato e inesgotável. Na última década, por exemplo, o desperdício foi

responsável pela perda de cerca de 45 % de toda a água oferecida pelos

sistemas públicos de distribuição brasileiros. (ISA, 2005)

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35%

Descarga em vaso sanitário

Limpeza

Cozinha e água de beber

Lavagem de roupa

Higiene Pessoal

Uso Doméstico da água

Figura 2.1 – Os principais usos domésticos da água (Clarke e King,

2005).

- 42 -

As discrepâncias são tão intensas entre as diversas localidades, que

demonstram que enquanto uns são obrigado a utilizar menos do que

necessitam, outros apresentam o privilégio de desperdiçar. Exemplo disso é o

comparativo que se tem ao verificar que volumes de água destinados às

residências e para abastecimento de áreas municipais variam de mais de 800

litros por dia no Canadá quando na Etiópia esse valor é de apenas 1 litro

(Clarke e king, 2005).

A utilização de aproximadamente 20 litros diários de água por pessoa

pode parecer um luxo em países em desenvolvimento, enquanto em nações

mais ricas, essa é quantidade de água usada para regar jardins (Clarke e king,

2005).

O fato de países pobres em recursos financeiros e água sobreviverem

com quantidades tão ínfimas desse bem não implica que outras partes do

mundo devam se adaptar ao mesmo nível de consumo. Isso significa;

entretanto, que o volume utilizado por países como o Canadá, citado no

exemplo acima, pode ser reduzido.

Segundo Clarke e King (2005), o consumo doméstico de água deve

aumentar significativamente até 2025, vide figura 2.2. E este é um dado

alarmante, quando se verifica que esse aumento deve ser acrescido do

quantitativo correspondente ao desperdício associado, se até este data a

consciência da população para o problema da escassez de água não for

alterada.

- 43 -

87

219

384

607

0100200300400500600700

1950 1980 2000 2025

Ano

Aumento do uso doméstico

Figura 2.2 – Distribuição anual de água em km³ para o consumo doméstico e

projeção para o ano de 2025 (Ckarke e King, 2005).

Vale ressaltar que o desperdício doméstico não reside apenas no uso

excessivo do bem pela população. Isso porque, o desperdício também é

observado nas redes de distribuição, nas quais cerca de 40% das águas

tratadas de países desenvolvidos são perdidas em vazamentos. Por meio

desses, uma parte da água perdida é devolvida para os depósitos

subterrâneos, rios e lagos; enquanto a maior parcela de perda é devido a

evaporação (Clarke e king, 2005). A figura 2.3 mostra fotos de vazamento em

rede de abastecimento, como muitas outros que são visivelmente percebidas

em diversos pontos da cidade.

- 44 -

Figura 2.3 – Fotos demonstrativas de vazamentos nos sistemas de distribuição

de água (Esquerda: Silveira, 2009 e Direita: Instituo SOS Rios do Brasil, 2009).

Esses vazamentos também são observados nas residências por meio de

problemas em tubulações internas, em descargas, máquinas de lavar, válvulas

e torneiras. A figura 2.4 demonstra o desperdício de água por uso inadequado

de torneiras.

Figura 2.4 – Demonstrativo do gasto devido ao uso inadequado de torneiras

(CEDAE, 2010).

Uma torneira pingando = 46 litros por dia

Um filete de 1 mm= 1.200 litros por dia

Um filete de 1,5 mm= 2.800 litros por dia

Um filete de 3 mm= 8.000 litros por dia

- 45 -

De acordo com uma matéria do Jornal Globo de 24/05/2010, um cano

com buraco de 2 mm desperdiça, diariamente, até 3.200 litros de água,

quantidade que seria suficiente para a dessedentação de uma família

constituída por quatro pessoas por cerca de um ano e um mês. Enquanto, esse

mesmo vazamento ocasiona um gasto mensal de 96.000 litros, valor suficiente

para atender a mesma família por quase 33 anos.

Dessa forma, o conjunto formado por maus hábitos e por instalações

pouco conservadas tende a agravar o desperdício de água no que corresponde

ao consumo doméstico.

- Uso Industrial

Assim como o uso doméstico, a atividade industrial também é

responsável por um elevado consumo de água. Entre os grandes

consumidores industriais estão as indústrias química e petrolífera, as de papel

e celulose, as de metal e de madeira e as de processamento de alimentos e de

maquinário (Clarke e King, 2005).

Embora mais da metade dessa utilização seja empregada para produção

de energia em usinas hidrelétricas, onde a maior parte da água usada retorna

inalterada para sua fonte; uma parcela significativa do uso industrial não é

reaproveitada (Clarke e King, 2005). Essa parcela é composta pela água

virtual, conforme já definido no item 1.4 desse trabalho e pela água constituinte

de efluentes industriais não tratados.

A água contaminada residual das indústrias pode ser tratada e

reaproveitada, tratada e lançada em corpos d’água ou, simplesmente,

despejada nesses sem qualquer espécie de tratamento anterior. Essa última

postura é responsável pelo aumento da poluição dos corpos hídricos e,

consequentemente, pela redução da quantidade de água disponível para

consumo.

Além disso, o não tratamento dos efluentes industriais constitui uma

forma de desperdício de recursos que poderiam ser reutilizados após o devido

- 46 -

tratamento, mesmo que apenas como fluido de limpeza, aquecimento e

resfriamento de unidades.

Outra forma de desperdício também observada no setor industrial é a

existência de vazamentos ocasionados por tubulações e redes de transporte

interno mal conservadas.

Estima-se que o problema de desperdício de água pelo consumo

industrial tenderá ao agravamento se as indústrias não buscarem o

desenvolvimento de processo produtivos mais eficientes, visto que conforme a

figura 2.5, há a projeção de que esse tipo de uso da água apresente um

aumento vertiginoso nos próximos anos, à medida que mais países se

industrializam (Clarke e King, 2005).

204

713 776

1170

0

200

400

600

800

1000

1200

1950 1980 2000 2025

Ano

Aumento do uso industrial

Figura 2.5 – Distribuição anual de água em km³ para o consumo industrial

e projeção para o ano de 2025 (Ckarke e King, 2005).

Com o objetivo de reduzir o desperdício por meio da reutilização das

águas usadas, alguns países estabeleceram técnicas de tratamento de

esgotos domésticos e industriais, que os deixam em estado passível de serem

reaproveitados em usos menos nobres e, dessa forma, contribuem para que

- 47 -

esses efluentes não sejam despejados sem tratamento em rios e represas

(Moss e Moss, 2010 b).

Um exemplo disso é caso de Israel que emprega, desde 1987, mais de

30% de suas águas urbanas, após tratadas, em suas atividades de irrigação.

Além disso, vale citar que esse país tem a intenção de aumentar para 80%

esse percentual.

- Uso Agropecuário

Considera-se que a atividade agrícola apresenta um dos mais graves

potenciais de desperdício, visto que utiliza 70% da água doce de lagos, rios e

aqüíferos.

Além disso, tem-se a pecuária com uma demanda significativa de água,

que precisa ser utilizada para a manutenção do rebanho, no preparo dos cortes

e na produção de derivados, como o leite e ovos. Dessa forma, tem-se que o

desperdício de comida está intimamente associado ao desperdício da água

utilizada em qualquer etapa de sua produção (UNESCO, 2007b).

Segundo Miller (2007), cerca de 60% da água aplicada na irrigação não

chega às plantações e, consequentemente, não contribuem para produção de

alimentos. As águas superficial ou subterrânea encaminhadas para esse fim

seguem pela ação da gravidade por valas sem coberturas, a fim de que as

culturas possam absorvê-las.

No entanto, esse método de irrigação conhecido por “irrigação por

alagamento” fornece mais recurso do que o necessário e as perdas por

vazamento, escoamento ou evaporação, respondem por cerca de 40% do

volume original de água utilizado (Miller, 2007).

Os países industrializados respondem por 25% das lavouras irrigadas,

enquanto uma grande parcela dos países em desenvolvimento utilizam para

fins de irrigação, cerca de 40 % de suas águas doces renováveis (Clarke e

King, 2005).

- 48 -

Além do desperdício, outro problema gerado pelo grande consumo de

água na irrigação é que, no caso de drenagem inadequada da terra, os campos

podem encharcar, ocasionando o aumento do nível de sais no solo e causando

a esterilização do mesmo (Clarke e King, 2005).

Com o objetivo de reduzir o consumo de água para irrigação, deve-se

adotar, quando possível, cultivo de culturas que exijam menor quantidade de

água. Além disso, deve-se utilizar técnicas que permitam o manejo mais

eficientes desse recurso. (Clarke e King, 2005; Miller, 2007).

O desenvolvimento de técnicas que tratem e reaproveitem esgotos

domésticos e industriais para destiná-los à agricultura é um meio significativo

para a redução do desperdício dos setores de forma interligada.

Dessa forma, possibilita que águas contaminadas provenientes dos dois

primeiros setores sejam reutilizadas e, não mais, desperdiçadas; além de

assegurar que a irrigação consuma menos águas provenientes de corpos de

água e as desperdice através de seus métodos de manejo, mesmo quando

aplicado o mais eficiente deles, aquele nos quais já existe uma redução de 5 a

20% do desperdício (Miller, 2007).

A perspectiva de crescimento do setor agrícola foi tratada no item 1.4;

enquanto a discussão sobre a utilização de diferentes tipos de métodos de

manejo no setor agrícola será tratada no capítulo 4 deste trabalho.

Assim, o setor agrícola, como o maior consumidor de água no mundo,

precisa administrar melhor suas formas de utilização desse recurso. Caso isso

não ocorra, a procura mundial por esse bem indispensável à sobrevivência

deverá crescer entre 70% a 90% até o ano de 2050 (Zenker, 2009).

De acordo com a figura 2.6, verifica-se que, ao longo dos anos, não é

somente a quantidade de água consumida pelos diferentes setores da

economia que apresenta tendência ao crescimento. Observa-se que há em

cada setor um aumento na discrepância entre a água extraída das fontes (rios,

lagos e fontes subterrâneas) e aquela que efetivamente consumida.

- 49 -

Figura 2.6 – Projeção do uso da água discriminado em extração e

consumo (UNEP, 2008d).

Os gráficos da Figura 2.6 retratam em cinza as diferenças existentes

entre a água extraída para atender as necessidades dos diferentes econômicos

e aquela que é efetivamente consumida. Água extraída: aquela retirada dos

corpos hídricos, que corresponde a soma das parcelas consumida,

reaproveitada, perdida por evaporação e devolvida aos mesmos, independente

de estar ou não degradada, isto é, toda a água retirada com a intenção do

consumo. Água consumida: parcela efetivamente utilizada no atendimento da

demanda de consumo (UNEP, 2008d).

Essa tendência evidencia a má utilização desse recurso, isto é, mostra

que é extraído mais do que o necessário para atender a demanda de consumo

nos diferentes setores econômicos. Em suma, verifica-se a necessidade de que

a utilização da água seja realizada com maior eficiências, de modo que as

perdas sejam reduzidas e o reaproveitamento seja uma ação mais presente e

eficaz.

- 50 -

2.2. Crescimento Populacional

A ONU afirma que a prospecção de água potável triplicou nos últimos 50

anos e atribui isso ao crescimento da população mundial. Esse aumento

demográfico é responsável por um incremento anual do equivalente a 64

milhões de metros cúbicos na procura por água (zenker, 2009). Soma-se o

aumento do padrão de vida da população trazido pelo desenvolvimento, fato

que responde por um consumo maior de água, já que esse recurso precisa ser

utilizado na produção de bens, desde aqueles destinados a necessidades

primárias, como alimentos, até aqueles mais sofisticados e, algumas vezes,

supérfulos.

A figura 2.7 demonstra que a extração de água para atender as diversa

atividades realizadas para atender a demanda mundial está diretamente

relacionada ao crescimento populacional.

Figura 2.7 – Comparativo entre crescimento populacional e extração de

água para consumo (WWAP, 2010).

- 51 -

Figura 2.8 – Projeção do crescimento populacional até 2050 (BBC-News,

2009)

Como observado na figura 2.8, a população mundial cresce a grandes

passos e, em conseqüência, esgota gradativamente os recursos hídricos do

planeta. Em seu relatório anual de população para 2001, a ONU afirma que os

recursos estão sendo consumidos com maior intensidade do que em qualquer

outro momento da história humana.(Lovell, 2001).

Para agravar a situação, todo o crescimento esperado ocorrerá em um

mundo onde as reservas já podem ser consideradas super-exploradas.

Segundo dados da ONU para 2025, as captações de água devem aumentar

em 50% nos países em desenvolvimento e 18% nos países desenvolvidos.

Além disso, em 2050, a água terá que atender a sistemas agrícolas e meios de

subsistência para uma população adicional equivalente a cerca de 2,7 bilhões

de pessoas. (RDH, 2006). A situação de exploração das bacias mundiais é

mostrada no anexo IV.

Contudo, enquanto há um aumento da população e, consequentemente,

de suas necessidades; a quantidade de água no planeta permanece inalterada

(figura 2.9). Quanto mais pessoas, maior o consumo de água para matar a

- 52 -

sede, para produção de grãos e carnes, para o uso doméstico e para atender a

demanda da indústria cada vez mais desenvolvida no cenário mundial.

Além do aumento do consumo de água devido ao crescimento

populacional, tem-se o aumento per capita trazido pelo desenvolvimento

econômico, isto é, não somente há um aumento da quantidade de pessoas,

como as pessoas estão consumindo mais. Conforme Clarke e King (2005),

tem-se o consumo médio diário de cerca de 1.700 litros de água por pessoa

crescendo em direção a um valor cada vez maior, enquanto a quantidade de

água permanece inalterada.

Figura 2.9 – Comparativa entre a quantidade de pessoas e de água ao

longo dos anos (WWAP, 2010).

Além disso, observa-se que o crescimento populacional é mais

significativo em regiões, como África e Ásia (figura 2.4), nas quais já há uma

tendência a pouca disponibilidade de água. Sabe-se que os países localizados

nas regiões mais secas desses dois continentes estão entre os mais carentes

de água no mundo (Clarke e King, 2005).

Mais de 1 bilhão de pessoas ainda não têm acesso fácil a uma fonte de

água confiável para atender as suas necessidades básicas e a tendência é o

- 53 -

agravamento desse cenário frente ao crescimento populacional esperado para

os próximos anos (Clarke e King, 2005).

Nesse contexto, deve-se considerar que uma parcela significativa da

população mundial não possui uma torneira em casa e precisa carregar baldes

ou latas, quase diversas vezes em um mesmo dia. Desse modo, as pessoas

que precisam carregar água consomem apenas cerca de cinco litros diários

desse recurso, quantidade capaz de atender a dessedentação, mas insuficiente

para a higiene pessoal; para limpeza de roupas, louças e panelas,

necessidades também consideradas básicas para a sobrevivência (Clarke e

King, 2005).

Para exemplificar o mencionado, tem-se o fato de que na África, mulheres

gastam mais de cinco horas por dia na coleta de água, após caminharem até

longos percursos, acompanhadas de crianças pequenas. Vale citar ainda, que

nesses locais, crianças precisam acordar antes de amanhecer para buscar

água, atividade que as deixam muito cansadas para o bom aproveitamento

escolar (Clarke e King, 2005).

Além disso, nessa busca por água, muitas vezes, há a utilização de

fontes não confiáveis, como tanques abertos, usado por animais e poços

perigosamente fundos. E mesmo quando há a possibilidade de utilizar uma

fonte de água pura, as mulheres precisam caminhar longas distâncias para

coletar o sustento hídrico diário de sua família (Clarke e King, 2005).

Enquanto se verifica o aumento da população em locais menos

desenvolvidos, com menos acesso a água; os continentes mais desenvolvidos,

como América do Norte, Europa e Oceania, que possuem melhor infra-

estrutura para suprir sua população de água tratada e canalizada, apresentam

ligeiro ou nenhum aumento populacional.

O acesso a fontes de água pura por porcentagem da população mundial

é mostrado pela figura 2.10. Verifica-se que os locais mais carentes são alguns

países africanos e uma parcela do Oriente Médio, locais onde o clima seco

contribui para a pouca disponibilidade de água, mesmo impura. Vale citar que

- 54 -

esse quadro tende a ser agravado pelo crescimento populacional esperado

para os próximos anos, aliado ao consumo insustentável desse bem.

Figura 2.10 – O mapa ilustra a % da população com acesso à fontes de

água pura (UNEP, 2008c).

Como indicado no gráfico acima, a África Subsaariana é a região que

apresenta o menor acesso a água potável, apresentando cerca de apenas 60%

da população servida por esse tipo de bem (UNESO, 2007a).

De acordo com Clarke e King (2005), cerca de 500 milhões de pessoas

vivem em países com escassez crônica de água, enquanto 2,4 bilhões vivem

em locais onde o sistema hídrico já se encontra ameaçado.

- 55 -

Junto ao crescimento populacional, a urbanização e a industrialização

agravam o consumo de água. Isso é explicado pela mobilidade da população

rural, acostumada a retirar a quantidade de água necessária ao seu consumo

diário de um poço de aldeia, em direção aos grandes centros urbanos, nos

quais passam a viver em residências com canalização de água e, que devido a

nova facilidade de acesso, triplicam seu consumo (CETESP, 2001).

Além dos fatos apresentados, deve-se considerar que o crescimento da

população ocasiona o aumento do desperdício e da poluição, que ao alterar o

aspecto qualitativo dos corpos hídricos, responde como um fator importante na

redução do seu quantitativo, isto é, sua disponibilidade em condições

necessárias ao uso humano. Dessa forma, há o aumento da contribuição para

o quadro de escassez esperado.

2.3. Poluição das águas

Não são apenas o crescimento do consumo e má utilização da água que

ocasionam sua escassez gradativa, mas também a má qualidade, determinada

pela poluição das reservas ainda disponíveis (SBPC/Labjor Brasil, 2000).

A poluição se dá pelo lançamento e acúmulo, nos corpos hídricos, de

esgotos domésticos, resíduos de lixões e despejos industriais, além de adubos

químicos, agrotóxicos e dejetos utilizados nas atividades agrícolas, cada vez

mais industrializadas (Batista, 2008; Clarke e King, 2005).

A gravidade da contaminação das águas não está somente na

intensificação da escassez, mas também na ocorrência de inúmeros outros

problemas, como a ocorrência de enchentes e de doenças causadas pelo uso

de água contaminada (SBPC/Labjor Brasil, 2000).

Segundo o capítulo 18 da agenda 21 do Plano Mundial de Metas

Ambientais estabelecido pela ECO 92, cerca de 80 % das doenças de origem

hídrica e mais de um terço das mortes de países em desenvolvimento são

causadas pelo uso de água contaminada (SBPC/Labjor Brasil, 2000).

Um aspecto que intensifica a ocorrência da poluição é o crescimento

populacional. Um exemplo, foi o crescimento da cidade do Rio de janeiro e das

- 56 -

áreas vizinhas, que acarreta uma carga diária de, aproximadamente, 400

toneladas de esgoto doméstico, além de 64 toneladas de lixo industrial

orgânico, 300 quilos de metais pesados e 7 toneladas de óleo. Todos esses

rejeitos contribuem para tornar a Baía de Guanabara um corpo hídrico

altamente contaminado (Pinotti, 2007).

Outro fator que agrava a poluição é pouca eficiência das redes de

distribuição de água. Além dos vazamentos já tratados no item 2.1, há a

ineficiência na coleta do esgoto gerado, ocasionada pela ausência de um

saneamento básico adequado. Assim, tem-se que 90 % do esgoto doméstico e

70 % dos efluentes industriais sendo lançados em rios, lagos e águas

litorâneas, sem qualquer forma de tratamento prévio (Gomes, 2010).

Esse quadro afeta, principalmente, os países em desenvolvimento, nos

quais a falta de saneamento adequado para toda a população e a negligência

quanto o destino dado aos rejeitos agrícolas e industriais fazem com cerca de

50 % da população esteja exposta a fontes de água contaminadas.

Outro ponto a ser discutido quando se trata de poluição de recursos

hídricos é a degradação das águas subterrâneas, que ocorre pela dissolução e

carreamento para o subsolo de resíduos acumulados em depósitos sem o

devido tratamento (SBPC/Labjor Brasil, 2000).

Contudo, o fato desses tipos de reserva hídrica serem enormes estoques

inertes, os quais são imunes à ação do sol, da atmosfera e da maioria dos

microorganismos, torna sua poluição um processo de difícil ação reversa

(Pinotti, 2007). Por esse motivo, os locais de escavação de poços e as áreas

do entorno devem ser cuidadosamente escolhidos para que esse tipo de

contaminação seja evitada (SBPC/Labjor Brasil, 2000).

Segundo Pinotti (2007), os Estados Unidos executam um intenso trabalho

com o objetivo de limpar aqüíferos contaminados. O método que eles utilizam

consiste em puxar a água para superfície, a fim de tratá-la e reinjetá-la.

Entretanto, segundo especialistas, a limpeza total da maioria dessas reservas é

uma tarefa quase impossível.

- 57 -

Exemplo de corpos hídricos poluídos são os rios Madeira, Cuiabá e

Paraguai, na região amazônica e no Pantanal, que já apresentam

contaminação por mercúrio, metal proveniente de garimpo clandestino e por

uso de agrotóxico nos campos de lavoura. Além desses, pode-se citar o caso

do rio Tietê e Pinheiros, localizados na grande São Paulo e do rio Guaíba,

localizado em Porto Alegre; cujo comprometimento da qualidade é devido as

intensas quantidades de esgotos de origem doméstico e industriais, além das

conseqüências trazidas pelo uso de agrotóxicos e fertilizantes (DAE, 2010).

Na china, em 2007, o governo assumiu que 70 % das reservas de água

do país encontram-se intensamente contaminados. Entre eles estão os lagos

Taihu e Chaochu (terceiro e quinto, respectivamente, em termos de capacidade

no país) e rios importantes, como o Yang-Tsé e o Amarelo. Tem-se, dessa

forma, a poluição das águas como um fator extremamente considerável como

causador da falta de um abastecimento adequado no país (Pujol, 2010).

A figura 2.11 apresenta fotos ilustrativas de casos de poluição

alarmantes.

Figura 2.11 – Fotos demonstrativas de poluição de corpos hídricos

(Esquerda: homem pescando em águas contaminadas na China (Pujol, 2010);

e Direita: espuma observada no rio Tietê, na cidade de Salto, a 101km de São

Paulo (Pessoa, 2008)).

- 58 -

Entre os poluentes mais comuns destaca-se o nitrato, proveniente da alta

concentração de nitrogênio em esgotos domésticos, em fertilizantes e nos

dejetos das atividades pecuárias. Esse contaminante afeta, de forma intensa,

regiões como Estados Unidos, China, Índia e Europa Ocidental, devido a alta

densidade populacional e o uso intensivo da terra em atividades agropecuárias.

Vale citar que no norte da china, o nível de nitrato correspondia a 50 mg/l em

1995, valor que já ultrapassava, há 15 anos atrás, o limite máximo estipulado

pela Organização Mundial de Saúde (OMS) equivalente a 45 mg/l (Pinotti,

2007).

Segundo Clarke e King (2005), alguns outros focos de poluição de

corpos hídricos devido a presença de nitratos que merecem destaque, são:

- Na Dinamarca, os níveis de nitrato em suas águas subterrâneas que

quase triplicaram desde a década de 1940;

- No Centro da Nigéria, o descarte de dejetos humanos e de animais

ocasionou um aumento de 50 a 500 mg/l desse poluente próximos as

pequenas cidades;

- No Canadá, o aqüífero Abbotsford-Sumas apresenta níveis de nitratos

que ultrapassam os limites estabelecidos pelo padrão de saúde do país;

- Nas Ilhas Canárias, Espanha, o uso nitratos destinado às plantações de

banana foi responsável pelo poluição de poços com cerca de 70-265 mg/l

desse poluente;

- Na índia, qualquer dos 14 sistemas fluviais encontram-se poluídos. Em

Deli, 200 milhões de litros de resíduos são despejados diariamente no rio

Yamuna (RDH, 2006);

- Na Malásia e Tailândia, o nível de poluição é tão grande que os rios

contêm, frequentemente, 30 -100 vezes mais a porcentagem de agentes

patogênicos permitida pelos limites necessários à saúde (RDH, 2006);

- No Brasil, o rio Tietê, em São Paulo, apresenta elevados teores de

poluição por efluentes não tratados e altas concentrações de metais pesados

(RDH, 2006).

- 59 -

Entre outros poluentes podem ser destacados os poluentes orgânicos,

que esgota o oxigênio vital à água; alguns metais pesados, como mercúrio e

chumbo; o DDT e os POPs (poluentes orgânicos persistentes). Estes últimos,

permanecem estáveis por longos períodos no meio ambiente e são

responsáveis por percorrer a cadeia alimentar e causar graves danos à saúde

(Clarke e King, 2005)..

Como exemplo tem-se o DDT (Dicloro-Difenil-Tricloroetano), pesticida

famoso, que já foi banido em muitos países, tais como os Estados Unidos que

proibiu sua utilização há 30 anos atrás. Contudo, apesar de todos esses anos

passados, esse contaminante ainda pode ser encontrado em lençóis freáticos

do país. Em um levantamento realizado no meio da década de 1990 constatou-

se ainda haver a presença desse poluente em 60 % dos poços analisados em

áreas de lavoura (Pinotti, 2007).

Nesse contexto, a poluição dos corpos hídricos aparece como um fator

agravado pelo crescimento populacional e, também, como um fator que aliado

a esse crescimento é determinante para que se atinja o quadro de escassez

hídrica que já pode ser observado em alguns países. Isso porque, as águas

poluídas são não podem ser consideradas disponíveis para consumo, visto que

sua utilização pode acarretar em doenças graves á saúde de qualquer espécie

viva.

A degradação das águas apenas reafirma o cenário de consumo

insustentável desse recurso que, por esse motivo, contribui significativamente

para a iminência do pico da água.

Assim, o ideal é que sejam utilizados métodos de tratamento das águas

usadas para que possam retornar as condições de consumo, para fins de

reutilização, ou para que possam ser lançadas às suas fontes sem causar

danos ao corpo hídrico receptor, de forma a possibilitar o uso pelas futuras

gerações.

Além disso, o uso eficiente e o reuso da água constituem um modo de

ampliar o número de pessoas com acesso a um sistema de abastecimento sem

a necessidade de grandes investimentos (Franco Jr., 2007).

- 60 -

Os dados abaixo são alarmantes e mostram a importância de que a água

seja utilizada de forma racional, isto, de maneira que o desperdício e a poluição

sejam evitados (Moss e Moss, 2010a).

- Mais de um bilhão de pessoas não têm acesso a água potável no

planeta;

- Cerca de 40 % da população mundial sobrevive em condições de

ausência de saneamento básico;

- Por volta de 6 mil crianças morrem todos os dias por doenças

relacionadas a poluição e escassez de água, seja pelo consumo de água

contaminada, por problemas de higienização, ou mesmo, desidratação;

- Cerca de 1 bilhão de pessoas em todo o mundo consome água

contaminada.

2.4. Aquecimento global

A ONU prevê que entre as causas da escassez hídrica, a alteração

climática, ocasionada pela ocorrência do aquecimento global, tenderá a

agravar às condições limite do quantitativo de água já observada em algumas

partes do mundo. Mesmo os locais, que ainda não apresentam problemas

relacionados à escassez desse recurso, terão uma redução dos níveis de água

de seus reservatórios pelo efeito do aumento da temperatura (Zenker, 2009).

A ação do aumento da temperatura está na elevação dos índices de

evaporação observados. A figura 2.12 mostra que a evaporação dos

reservatórios se destaca em uma curva ascendente ao longo dos anos, assim

como já observado para os dados de consumo doméstico e industrial da

população no mundo.

No setor agrícola, por exemplo, uma alta de temperatura e,

consequentemente, o aumento de perdas por evaporação de culturas poderá

acarretar um aumento da demanda por água para irrigação (IPCC, 2007 APUD

Freitas, 2009).

- 61 -

Dessa forma, o aquecimento global e, consequentemente, a elevação da

quantidade de água evaporada, atua por aumentar o teor da água no estado

vapor presente na atmosfera e, assim contribui para a redução da

disponibilidade do recurso em condições físicas que permitam o seu uso.

Figura 2.12 – Elevação da evaporação dos reservatórios ao longo dos

anos, determinado pelo efeito do aquecimento global. (UNEP, 2010).

As maiores taxas de evaporação ocasionarão a presença de secas mais

intensas ao redor do mundo. Oásis deixarão de existir, desertes aumentarão

sua extensão de área, o fluxo de rios será reduzido. Como exemplo, pode-se

citar a previsão de declínio de 40 % no fluxo do rio Indo, rio de grande

importância por estar entre os grandes sistemas mundiais de irrigação, além de

ser a única fonte de água do Paquistão (PUBLIFOLHA, 2009).

Outros exemplos de previsões de seca são: a redução de 30 % no fluxo

do rio Niger, no oeste da África; de 10 % do rio Nilo, importante fonte de água

- 62 -

no Egito e Sudão e de metade do fluxo de alguns rios australianos

(PUBLIFOLHA, 2009).

Nesse contexto, modelos de alterações climáticas que vêm sendo

analisado indicam que continentes como Europa, América do Norte e Austrália

irão aumentar suas extensões de secas. Enquanto o Grande lago Salgado, nos

Estados unidos, e os lagos Chade, Tanganica e Malauí, no Canadá,

apresentam o riso de deixarem de existir (PUBLIFOLHA, 2009).

2.5. Consumo de água para produção de energia

A demanda de água no setor energético é grande, pois as principais

fontes de energia, tanto as usinas que queimam combustíveis fósseis, como

as nucleares e termelétricas consome muita água, que ao ser extraída para fins

de produção de energia, tem seu fornecimento alterado para a população,

agropecuária e indústria (Webber, 2009).

O problema das alterações climáticas, que segundo algumas teorias, é

proveniente do aumento da presença de gases estufa na atmosfera terrestre,

causa o estímulo a uma modificação da matriz energética mundial.

Os Estados Unidos, por exemplo, definiram que a melhor forma de

acabar com seus problemas de segurança e energia é acabar com a

dependência do petróleo importado. Como o setor de transportes é o maior

dependente do petróleo e, o maior emissor de carbono, deve apresentar

algumas mudanças quanto ao combustível que passará a utilizar (Webber,

2009).

Entre as escolhas preferidas, por questão de eficiência e custo, estão a

eletricidade para os automóveis elétricos e os biocombustíveis (Webber, 2009).

Estudos feitos pela University of Texas, em Austin, concluíram que a

geração de energia elétrica para um automóvel elétrico ou híbrido consome até

10 vezes mais água e até 3 vezes mais água por quilômetro do que o

necessário para a produção de gasolina para um carro (Webber, 2009).

- 63 -

A tabela 2.1 apresenta o volume de água, em litros, necessário para gerar

um megawatt por hora de energia elétrica.

Tabela 2.1 – A quantidade de água necessária para gerar eletricidade (um

megawatt por hora)

Volume de água gasto na geração de energia elétrica em megawatt por hora

Ciclo combinado de gás e vapor 28 mil – 75 mil

Carvão e petróleo 0 -190 mil

Nuclear 95 mil -230 mil

Segundo Webber (2009), os biocombustíveis são as piores fontes

energéticas em termos de consumo de água. Segundo pesquisas, o ciclo

completo da produção, desde a irrigação dos grãos até o abastecimento do

carro, tende a consumir cerca de 20 vezes ou mais água para cada quilômetro

percorrido do que a produção de gasolina.

Apesar disso, o consumo desse tipo de fonte energética vem sendo muito

estimulado atualmente, conforme pode ser verificado nas reportagens do

Anexo V.

Por outro lado, a produção de água consome cada vez mais energia,

tanto para extração de lençóis freáticos e aqüíferos, para distribuição através

de dutos, para tratamento de efluentes e processos de dessalinização

(Webber, 2009).

Vale citar que, esses dois últimos usos são cada vez mais intensos, dado

os altos níveis de poluição apresentados atualmente pelos corpos hídricos e a

falta de disponibilidade desse recurso, já observada em alguns locais, nos

quais técnicas para dessalinizar água dos oceanos e mares já estão sendo

aplicadas. A tabela 2.2 dispõe dados sobre o consumo médio de energia para

distribuir 3,7 milhões de litros de água limpa (Webber, 2009).

- 64 -

Tabela 2.2 – Energia necessária na distribuição de água.

Energia, em quilowatts-hora, para a distribuição de 3,7 milhões de litros de água.

Extração de água limpa de lagos ou rios 1.400

Extração de água limpa de lençóis

freáticos 1.800

Tratamento e distribuição de efluentes

líquidos contaminados 2.350 – 3.300

Dessalinização e distribuição da água 9.780 – 16.500

Dessa forma, verifica-se que um pico na produção de petróleo, principal

fonte de energia atual, agravaria a situação de pico de água eminente, isto é,

escassez hídrica gerada pelo consumo maior e mais rápido do que a natureza

consegue repor.

Vale lembrar, que se a falta do petróleo pode ocasionar problemas

globais ao desenvolvimento econômico da sociedade, a falta de água poderá

acarretar danos não somente a economia, mas vida. Isto porque, a água não é

somente um bem necessário, é um recurso essencial.

De acordo com Webber (2009), uma forma de tratar esse paradoxo

existente entre água e energia é a integração entre os setores reguladores de

ambas, pois como os dois recursos são extremamente interdependentes, há a

necessidade que seus gestores tratem os mesmo com base em decisões

conjuntas.

- 65 -

CAPÍTULO III

O PICO DA ÁGUA

“Água Potável, um bem cada vez mais precioso”

Rafael Pinotti (2007).

O verso do poema do Velho Marinheiro de Samuel Coleridge retrata

claramente o problema do abastecimento mundial de água doce (RDH, 2006):

“Água, só vejo água por toda a parte, e nem uma só gota que se beba”

A escassez de água no planeta tem assumido papel de destaque em

algumas reuniões mundiais. Isso porque não é um problema de ação futura,

mas algo que já sendo observado no mundo cotidiano.

Segundo especialistas, a água está se tornando uma commodity em crise

e, no máximo em 20 anos, existirá uma crise semelhante à ocorrida com o

petróleo norte-americano em 1973 (Grassi, 2001).

Conforme citado, o pico da água pode ser tratado fazendo-se uma

analogia ao pico do petróleo previsto pelo geofísico Marion King Hubbert, que

verificou a ocorrência de um declínio da produção de petróleo nos estados

americanos entre os anos de 1950 e 1970 (Rifkin, 2003).

Como na época da previsão, os EUA apresentavam uma produção

recorde de petróleo, muitos geólogos e companhias energéticas duvidaram de

sua proposição. Contudo, apesar do descrédito percebido pelo geofísico, sua

previsão foi concretizada e a produção norte-americana atingiu realmente um

pico na década de 1970, ponto a partir do qual foi observada uma queda

quanto fora sua subida, que a curva correspondente assume o formato de um

sino (Rifkin, 2003).

Segundo Hubbert, a extração do petróleo iniciou-se lentamente e foi

acelerada de forma rápida; entretanto, após essa fase, passa a presentar um

- 66 -

retardamento devido a descoberta e exploração dos maiores campos. Após

isso, tornava-se mais dificultoso localizar campos menores, ao passo que a

perfuração e o processamento dos poços já existentes ficavam cada vez mais

caros (Rifkin, 2003).

Além disso, quanto maior a drenagem dos campos maiores, maior era a

dificuldade em bombear o óleo restante para a superfície. Dessa forma, pode-

se dizer que foras o declínio nas descobertas e na produção dos campos

existentes, aspectos responsáveis pela ocorrência do quadro de pico (Rifkin,

2003).

Com base nisso, pode ser feita uma analogia entre o pico do petróleo e o

pico da água. Neste contexto, esse último pode ser observado como o início de

uma situação de escassez desencadeada pela combinação de dois aspectos

relacionados a degradação dos recurso hídricos: a redução da sua quantidade

e a alteração de sua qualidade, conforme detalhado no capítulo 2 desse

trabalho.

Figura 3.1 – Gráfico representativo do pico da água similar a curva em

forma de sino observada por Hubbert para o petróleo.

- 67 -

É importante citar que a água, diferente do petróleo, é um bem renovável,

caracterizado pela existência do ciclo hidrológico. Todavia, o homem tem sido

responsável por consumi-la de forma muito mais rápida do que a natureza é

capaz de repor. Isso porque a renovação das fontes hídricas pode levar até um

século ou milênio, sendo necessário para tanto, mais de uma geração da

espécie humana.

Assim, verifica-se que o aumento do consumo e do desperdício da água

potável, adicionado a poluição de muitas fontes, além do agravamento da

disponibilidade devido às alterações climáticas, têm contribuído para que a

demanda por esse bem tenha superado gradativamente a quantidade ofertada.

É em função disso, que se justifica a existência de um ponto crítico mundial,

isto é, uma crise silenciosa, a crise hídrica.

Segundo o Relatório do Desenvolvimento Humano de 2006, hidrologistas

calculam o grau de risco de escassez de um determinado local através de uma

análise da equação água por população.

Convencionou-se adotar 1.700 metros cúbicos por pessoa como o limite

mínimo para que sejam atendidas as necessidades dos usos agrícola,

industrial e doméstico. Além disso, tem-se que uma quantidade de água inferior

a 1.000 metros cúbicos já pode ser considerada uma situação de escassez

hídrica e que um valor abaixo de 500 metros cúbicos é considerada escassez

absoluta (RDH, 2006).

A figura 3.2 mostra a elevação do grau de escassez observado por

quantidade de pessoas até o ano de 2050 (RDH, 2006).

- 68 -

Figura 3.2 – Quantidade de pessoas

atingidas pela situação de pressão ou

escassez em relação aos recursos

hídricos (RDH, 2006).

Atualmente, já existem cerca de 700 milhões de habitantes em 43 países

que sobrevivem em condições inferiores ao limite mínimo considerado como

falta de água (RDH, 2006). Estima-se que esse número tenderá a aumentar

para 5 bilhões até 2025 (PUBLIFOLHA, 2009).

A figura 3.3 mostra que o mundo está entrando em uma região de stress

hídrico, uma combinação de aspectos ambientais (como problema de

estiagem) e socioeconômicos (como o rápido crescimento demográfico).

Contudo, existem regiões em que já foi atingido inclusive o quadro de escassez

(Almanaque abril, 2008 APUD Planeta Sustentável, 2008).

- 69 -

Figura 3.3 - Curva de disponibilidade de água no mundo projetada para

2050 (Kanitz, 2008).

Entre as regiões mais atingidas, tem-se o Oriente Médio com uma

reserva de 1.200 metros cúbicos por pessoa. Nessa região apenas Iraque,

Líbano, Irão e Turquia encontram-se acima do limite inferior. Enquanto isso,

Palestinos são obrigados a viver sobre condições críticas de escassez, visto

que possuem somente cerca de 320 metros cúbicos disponibilizados por

pessoa (RDH, 2006).

Vale mencionar o exemplo da África Subsariana, na qual quase um

quarto da população habita países que convivem com a falta de água, número

que se encontra em ascendência significativa (RDH, 2006). Até mesmo o

Brasil, apesar de sua grande reserva de água doce, não está imune a

ocorrência de escassez, dado seu padrão de desperdício e os altos níveis de

poluição apresentados por muitos de seus principais corpos hídricos.

A figura 3.4 mostra a pressão sobre os recursos hídricos e seu

crescimento acelerado em várias regiões do planeta, incluindo dados

projetados até o ano de 2050, caso não haja alteração na forma como a água

tem sido encarada até os dias atuais.

- 70 -

Figura 3.4 – Condições de pressão e escassez observada nas várias

regiões do planeta (RDH, 2006).

Outro fator observado pela figura 3.4 é o fato que regiões como América

Latina, Caribe, Ásia Oriental e Pacífico apresentarão suaves sintomas de

pressão, mas não tenderão a atingir a escassez até 2050. Escassez essa que

será atingida por locais como Países Árabes, África Subsariana e,

principalmente, Ásia do sul.

Outro fator que deve ser analisado, figura 3.4, é o fato de que embora

haja queda da disponibilidade de água por pessoa em todos os locais, pois a

falta desse recurso atinge todo o planeta; esse declínio é observado em níveis

que variam com o desenvolvimento econômico das regiões.

- 71 -

Figura 3.5 – Gráfico demonstrativo da disponibilidade em função do

desenvolvimento (RDH, 2006).

Verifica-se, pela figura 3.5, que os países desenvolvidos a redução na

disponibilidade de água é significativamente inferior àquela observada em

países em desenvolvimento, isto é, aqueles nos quais a maior extração de

água é devida ao aumento do consumo nos vários setores da economia em

ascensão.

Outro aspecto é que entre os países em desenvolvimento, aqueles

localizados em regiões áridas são mais afetados pela redução da

disponibilidade de água, devido aos fatores geográficos e, consequentemente,

climáticos, que determinam uma maior condição de seca.

Entre os indícios de escassez não está somente o mau uso em termos de

a quantidade, mas também de qualidade da água. Assim, muitas bacias ao

- 72 -

apresentarem elevados níveis de poluição, são consideradas ameaçadas pela

crise. Isso ocorre, pois a poluição dos corpos hídricos, ao afetar a quantidade

de água disponível para consumo, contribui para a ocorrência do cenário de

escassez.

Atualmente, 20 países já enfrentam a falta de água; no ano de 2025, 14

países passarão da condição de pressão hídrica para uma de escassez efetiva

e em 2050, o cenário de escassez de água afetará cerca de 7 bilhões de

pessoas em 60 países (Castro e Scariot, 2005; RDH, 2006).

Entre as previsões da evolução da crise hídrica, pode-se destacar:

- Na África subsariana, haverá a intensificação da condição de pressão

hídrica, em função do aumento da população esperado passar de 30 % para 85

% em 2025 (RDH, 2006)

- No Oriente Médio e no Norte da África, as reservas de água passarão

para cerca de 500 metros cúbicos por pessoa em 2025 e mais de 90 % dos

habitantes deverão estar expostos a condições de escassez de água (RDH,

2006);

- Na China, o Norte do país, mais árido, apresenta o lençol freático

exaurido; enquanto o Sul, onde se localizam suas maiores fontes de água, os

níveis de poluição são elevados nos maiores rios. Assim, caso o país continue

a crescer demográfica e economicamente com base nos padrões atuais, em

que metade das cidades já são afetadas com a escassez hídrica, 30 milhões

de chineses estarão sem água em 2030 (Webciência, 2008; RDH, 2006);

- Na Índia, verifica-se a ocorrência do esgotamento do seu principal curso

d’água, o rio Ganges (Webciência, 2008);

- No Oriente Médio, tem-se que a água utilizada em atividades agrícolas

e industriais precisará ser proveniente de esgoto tratado, dado que dentro de

40 anos a água doce será suficiente apenas para o consumo doméstico

(webciência, 2008);

- No Norte da África: A disponibilidade de água por pessoa será reduzida

em 80% (Webciência, 2008).

- 73 -

A tabela 3.1 apresenta algumas previsões relacionadas às condições de

escassez de água no ano de 2025. Destacam-se o grau de severidade da

ausência de água por população, sua disponibilidade, os principais problemas

ocasionados e alguns dos países a serem atingidos potencialmente.

Tabela 3.1 – Dados previstos sobre a escassez de água no mundo para

o ano de 2025 (Pinotti, 2007).

Escassez mundial de água em 2025

Grau de Severidade

(população)

Disponibilidade

(m³/pessoa/ano)

Principais

Problemas Países Afetados

Limitada (32,6 %) Entre 68,7 e 118,9 Restrições na

produção agrícola

Peru, Bélgica, Polônia, Índia,

Paquistão, Afeganistão, Irã,

Uzbequistão, Coréia do Sul,

África do Sul, Lesoto,

Zimbawe, Eritréia, Níger,

Nigéria, Togo, Líbano

Escassa (5,3 %) Entre 34,3 e 68,7

Restrições

persistentes na

agricultura e indústria

Somália, Etiópia, Quênia,

Ruanda, Burundi, Malawi,

Egito, Marrocos, Burkina,

Israel

Severa (2,8 %) Menor que 34,3

Ameaça séria em

potencial à

agricultura, indústria

e saúde humana

Argélia, Líbia, Tunísia,

Jordânia, Arábia Suadita,

Iêmen, Oman, Emirados

Árabes

De acordo com Benjamin Franklin, uma das grandes figuras da

Declaração da Independência dos Estados Unidos: “Quando os poços secam é

que nos damos conta do valor da água” (RDH, 2006).

Essa declaração define claramente o que está sendo observado quando

se pensa no quadro de crise hídrica iminente. Em outras palavras, foi

necessário que o mundo começasse a sentir os efeitos da escassez de água,

para que o povo e os governos começassem a tomar consciência da

importância desse recurso para a manutenção e desenvolvimento da vida sob

os mais variados aspectos.

- 74 -

Somente após inúmeros impactos causados pela redução da

disponibilidade da água, é que a consciência humana começa a entender e

estimular, ainda a passos lentos, uma política de conservação que preza pela

valoração e entendimento da água como recurso limitado.

- 75 -

CAPÍTULO IV

OS PRINCIPAIS IMPACTOS DE UMA ESCASSEZ DE

ÁGUA

“Apenas quando o poço seca é que aprendemos o valor da água”.

Beijamin Franklin (1706 – 1790).

Os impactos causados pela a escassez de água são muitos e podem ser

verificados nos mais diversos setores da sociedade. A crise ocasionará desde

problemas ambientais e sociais até aqueles relacionados à política e à

economia. Alguns desses impactos já podem ser observados ao longo do

tempo e apresentam forte tendência a piorar.

Entre essas ocorrências pode-se destacar a degradação observada no

mar de Aral, localizado na ex-URSS; a redução dos níveis de água de

aqüíferos e sua poluição; além de pontos de secas em corpos hídricos

superficiais como o rio Colorado, localizado na Califórnia.

Esse quadro de impactos destaca também a possibilidade de guerras

iminentes, que antes eram observadas apenas pela disputa de terra, petróleo

ou outro recurso de maior valor agregado.

Ademais, deve-se considerar o impacto causado diretamente ao

crescimento econômico, visto ser a água matéria-prima indispensável a

qualquer processo de produção, seja agropecuário ou industrial. Dessa forma,

a crise pela água certamente ocasionará a crise por alimentos e por qualquer

outro bem e dificultará gradativamente a manutenção do nível de qualidade de

vida alcançado por todas as classes sociais.

Neste contexto, considera-se o aumento da ocorrência de doenças

causadas não somente pela desidratação, como também pelo uso de água

- 76 -

contaminada ou alimentos produzidos a partir dessa. Com isso, a expectativa

de vida da população será reduzida e as condições serão desfavoráveis até

mesmo para a subsistência.

Outro aspecto relevante será a ocorrência de dificuldades financeiras que

deverão atingir inicialmente as empresas pequenas, mas que ao decorrer do

tempo deverão alcançar, até mesmo, os grandes impérios. Em função disso,

será observado um grande aumento no quadro de desemprego da população,

o que tornará as condições de sobrevivência ainda mais precárias.

4.1. O desastre do Mar de Aral

Entre um dos exemplos mais alarmantes do mau gerenciamento dos

recursos hídricos é o encolhimento do Mar de Aral.

Localizado na Ásia Central, conforme figura 4.1, na fronteira entre o

Casaquistão e o Uzbequistão, duas repúblicas da ex-União Soviética, o mar

era abastecido por dois rios, o Amu Darya e o Syr Darya (Pinotti, 2007; Revista

Planeta, 2008a).

Figura 4.1 – Localização do mar de Aral (Google Maps, 2010b).

- 77 -

Contudo, quando a ex-União soviética, em 1930, decidiu passar da

condição de importadora para a de exportadora de algodão, a região tornou-se

auto-suficiente e as práticas tradicionais de cultivo foram substituídas por

irrigação intensiva (Copozoli, 2000; Revista Planeta, 2008a).

Para isso, grandes canais foram construídos a fim de desviar as águas

dos rios supracitados e garantir para a região, a condição de grande produtora

de algodão. Fato este, responsável por dar ao Uzbequistão, destaque como

potência na produção do famoso “ouro branco” (Revista Planeta, 2008a).

No entanto, a partir de 1960, os efeitos do consumo elevado e ineficiente

de água começaram a ser percebidos. O desvio de água, aliado às secas e

elevadas taxas de evaporação ocasionadas pelo clima quente e seco da região

ocasionaram a redução do mar (Miller, 2007; Pinotti, 2007).

Até 1969, observou-se uma redução média do mar de 20 centímetros

anuais, que passaram a 60 centímetros por volta de 1970 e a até um metro em

1980. Considera-se que neste recuo do mar, sua área superficial caiu mais de

40 % entre os anos de 1960 e 1985 (Pinotti, 2007; Revista Planeta, 2008a). As

figuras 4.2 e 4.3 demonstram a evolução da degradação gradativa ocorrida no

mar de Aral.

Figura 4.2 – Evolução anual da redução do volume de água no mar de Aral

(UNEP, 2008b).

- 78 -

Figura 4.3 – Fotos de Satélite que demonstram o encolhimento gradativo do

mar de Aral (Revista Planeta, 2008b).

Outro aspecto importante a ser mencionado, é o fato de que devido à

mudanças climáticas, muitos fazendeiros passaram a cultivar arroz, uma

cultura que responde pelo consumo de uma quantidade maior de água, quando

comparada a necessária para a produção de algodão. Esse fator adicional

contribuiu para a redução do volume de água do mar. (Revista Planeta, 2008b)

O governo da então União Soviética tentou apoiar um plano que previa a

redução do plantio de algodão. Outro plano previa desviar rios da Sibéria para

a direção de Aral, mas devido ao alto custo e as alterações ambientais

envolvidas, preferiu-se a inércia de ações. Motivo pelo qual o mar de Aral pode

ser considerado um dos maiores problemas ambientais já vistos (Pinotti, 2007

e Revista Planeta, 2008a).

Em função da redução do volume das águas, o teor de salinidade do mar

passou de 10 mg/L para 45 mg/L e, em alguns locais de sua parte Sul, passou

a 98 mg/L. (Revista Planeta, 2008a). Atualmente, o nível das águas desse mar

já foi reduzido em mais de 16 metros, caracterizando-o com um ambiente

Maio de 1973 Agosto de 1987 Julho de 2000

- 79 -

marinho rico em salinas e muito raso (Revista Planeta, 2008b). A figura 4.4

mostra a foto de embarcações abandonadas sobre o leito seco do mar.

Figura 4.4 – As fotos mostram carcaças de navios sobre o leito seco do

Mar de Aral, além da presença de salinas - pó branco ao fundo (Revista

Planeta, 2008a).

Esse elevado teor de sal destruiu espécies de peixes nativas, o que

ocasionou o fim da atividade pesqueira local e tornou às margens do mar de

Aral um local habitado por vilas abandonadas. (Pinotti, 2007)

Dessa forma, além do custo ambiental observado, destacam-se os custos

sociais e econômicos. Na região, o índice de pobreza foi intensificado, pois a

indústria de pesca local era responsável pelo emprego de mais de 60 mil

pessoas (Miller, 2007).

Ademais, a população foi atingida por problemas respiratórios e outras

doenças relacionadas a presença de poeira tóxica, sal e água contaminada

(Miller, 2007).

Fortes ventos também contribuíram para espalhar o sal, que poluiu

águas, matou animais selvagens, plantações e outros vegetais. Vale citar, que

o sal, ao ser carregado por ventos e depositado nas geleiras do Himalaia,

- 80 -

contribui para o seu derretimento em velocidade mais rápida do que a normal

(Miller, 2007).

Outro impacto da redução desse mar é alteração climática observada,

visto que o mesmo atuava como isolador térmico moderando o calor do verão e

o frio excessivo do inverno. Essa alteração climática aliada a grave salinização

do ambiente alterou as temporadas de cultivo e reduziu a produção de grãos, o

que ocasionou o aumento do quadro de miséria existente. (Miller, 2007).

Neste contexto, vale mencionar que a construção de uma barragem com

fundos do Banco mundial e do governo do Casaquistão, com finalidade de

separar o Aral Sul do Aral Norte, já vem apresentando resultados. Após um ano

de conclusão das obras, a região Norte do mar apresentou uma elevação de

sei metros e já são observadas a incidência de gramíneas e pássaros

aquáticos na região (Revista Planeta, 2008c).

4.2. O encolhimento do Lago Chade

O Lago Chade, figura 4.5, localizado no continente africano, na fronteira

entre os países República do Chade, Níger, Nigéria e camarões, também pode

ser citado como exemplo marcante de impacto ocasionado pela escassez de

água que está alastrando pelo mundo. Este recurso hídrico praticamente

deixou de existir, dando lugar a seca e vegetação.

Figura 4.5 – Localização do Lago Chade (Google Maps, 2010a).

Lago Chade

- 81 -

Este lago apresenta cerca de 90% de suas águas provenientes dos rios

Chari e seu afluente, Rio Lagone, ambos localizados na sua parte Sul. Sua

parte Norte, correspondente a 10 % de sua área total, é formada pelo Rio

Komadougou Yobé, que chega da Nigéria já enfraquecido pela ação de duas

barragens (UNEP, 2006 APUD Wikipédia, 2010).

Segundo dados da UNEP, pesquisas realizadas nos últimos 40 anos

mostraram que a ação humana foi fator decisivo na redução do lago Chade

(UNEP, 2008a).

Desde 1963, devido a mudanças climáticas (o clima da região ficou mais

seco dado a intensa devastação da cobertura vegetal pela ação do sobre

pastoreio) e ao uso intensivo das águas para agricultura dos quatro países que

o cercam, por meio do desvio dos rios Chari e Logone, o lago apresentou uma

redução significativa de sua área (UNEP, 2008a).

A figura 4.6 demonstra a evolução da degradação do Lago Chade,

enquanto a figura 4.7 mostra a mesma degradação gradativa por meio de fotos

de satélite retiradas nos anos de 1972, 1987 e 2001.

Figura 4.6 – Evolução anual gradativa da redução do Lago Chade (UNEP,

2008a).

- 82 -

Figura 4.7– Fotos de Satélite que demonstram o encolhimento do Lago Chade

(Guardian, 2008).

Em 1963, o lago apresentava uma área de cerca de 23.000 a 25.000km2

(UNEP, 2006 APUD Wikipédia, 2010). Em 1982, sua área estimada atinge

aproximadamente 2.276 km2 e é reduzida para 1756 km2 em 1994

Atualmente, o lago apresenta a presença de espécies invasoras de plantas que

cobrem cerca de 50 % da sua superfície restante (UNEP, 2008a).

Assim, desde 1963 até 2001, estima-se que a área do Lago Chade tenha

sido reduzida de aproximadamente 25.000 km2 para 1.350 km2 (UNEP,

2008a).

Toda essa mudança ocasionou problemas que vão desde a escassez de

água local, dificuldade na manutenção da agricultura, morte de rebanhos, crise

na área pesqueira, salinidade do solo e, consequentemente, crescimento da

pobreza (UNEP, 2008a).

4.3. A redução do nível dos aquíferos

Os imensos reservatórios de água do mundo também tem sido super-

explorados e contaminados pela ação humana. Apesar das águas desses

- 83 -

reservatórios serem respostas pelo ciclo hídrico natural, esse bem está sendo

retirado em um ritmo muito mais rápido do que a natureza consegue repor.

Desde as primeiras civilizações, as pessoas retiram água dos aquíferos;

contudo, foi apenas nos últimos 50 anos que essa extração atingiu um nível

exagerado. Entre os usos dados a essa fonte de água estão a irrigação

intensiva, a utilização para encher piscinas e até mesmo para regar campos de

golfe (Clarke e King, 2005).

Devido à cobertura rochosa que cobre essas fontes de água, elas

deveriam ser menos poluídas. No entanto, o aumento da população, o uso

indiscriminado da terra e o avanço da industrialização têm contribuído para a

redução dos aquíferos.

Dessa forma, outra causa da escassez das águas desse tipo de fonte é a

poluição causada por esgotos sanitários; contaminação por resíduos de origem

doméstica e industrial que permeiam o solo, pelo uso inadequado de

fertilizantes agrícolas, por metais pesados e pela salinização causada pela

retirada excessiva de água doce, o que favorece a diferença de pressão em

nas fronteiras com os oceanos e mares, acarretando a invasão por águas

salobras (IEAv, 2010).

Entre os casos mais severos da redução desses reservatórios podem ser

destacados queda dos níveis dos aquífero Azraq, na Jordânia e do aquífero

Ogallala, nos EUA; além do afundamento e a fissuração observados na Cidade

do México.

O aqüífero Azraq, localizado na Jordânia, próximo a fronteira com a Síria

e a Arábia Saudita, teve seu volume de água extraída triplicado nas duas

últimas décadas. O resultado disso foi o recuo de cerca de 20 metros do lençol

subterrâneo, o que causa ameaça ao abastecimento de várias cidades do país,

como o caso de sua capital, Amã (Aldeodato, 2009a).

Outro problema marcante é o caso do aqüífero Ogallala que se estende

do estado do Texas até a Dakota do Sul. A região que teve suas primeiras

tentativas de cultivo desestimuladas pela erosão do solo e ciclos de seca,

passou a ser explorada em escala industrial apenas após a Segunda Guerra

- 84 -

Mundial, quando moinhos a vento foram substituídos por motores a diesel, que

culminaram por aumentar a vazão de retirada de água subterrânea de alguns

litros por minuto para centenas (Little, 2009).

O número de poços de irrigação aumentou e em 1977, uma das regiões

mais pobres dos EUA se transformou em uma das mais ricas. Isso tornou a

região exportadora de produtos agrícolas e contribuiu para engorda de seus

rebanhos que se alimentavam com os grãos ali cultivados. Essa região passou

a responder por 20 5 de toda a região agrícola americana (Little, 2009).

A figura 4.7 mostra a intensa quantidade de campos de irrigação

existente sobre o aqüífero Ogallala, que são responsáveis não somente pelo

crescimento econômico da região, mas também pela redução do nível de água

dessa importante e imensa fonte subterrânea.

Figura 4.7 – Campos de irrigação localizados sobre o aqüífero Ogallala (Little,

2009).

No entanto, toda esse crescimento foi obtido por meio do consumo

exagerado e veloz das águas do aqüífero Ogallala. Com base nisso, o Serviço

de Pesquisa Geológica dos Estados Unidos, juntamente a órgãos locais e

estaduais, verificou que entre os anos de 1949 até 1974, a extração anual de

água subterrânea havia quintuplicado. Verificou-se que, em alguns lugares, os

- 85 -

fazendeiros retiravam cerca de 1 a 2 metros de água por ano, enquanto a

natureza apenas recolocava menos do que 1,5 cm (Little, 2009).

Segundo Little (2009), os níveis de água da região haviam caído em 3

metros por volta do ano de 1980 e, em alguns pontos, como no centro e ao sul

das Planícies Altas, a redução já havia ultrapassado 30 metros. Ademais,

estima-se que, nos últimos 50 anos, os níveis de água da região caíram de

forma significativa na maior parte da região, com um empobrecimento que

corresponde a cerca de 12 trilhões de litros por ano (Aldeodato, 2009a; Little,

2009).

A figura 4.8 demonstra a intensidade das alterações no nível da água do

aqüífero entre os anos de 1950 e 2005.

Figura 4.8 – Alterações nos níveis de água do aqüífero Ogallala (Little, 2009).

Outro impacto causado pela retirada excessiva de água do subsolo é

registrado na Cidade do México, capital do país. A extração de água para o

- 86 -

abastecimento da população crescente aliado ao solo argiloso e, por isso,

instável e frágil, característico da região, tem ocasionado o afundamento da

cidade. Adiciona-se a isso, o fato da urbanização ter levado a intensa

pavimentação do solo, estragando áreas da superfície, por meio das quais as

águas da chuva deveriam penetrar para alimentar o aqüífero (Aldeodato,

2009a).

A Cidade do México retira do subsolo cerca de 72 % da água que

consome e, devido ao seu crescimento rápido e intenso, são extraídos 52,3

m3/segundo de água, enquanto apenas 28 m3 são repostos. Assim, o

esvaziamento do subsolo aliado a perfuração de 6.000 poços para extração do

lençol freático da região estão ocasionado o afundamento de,

aproximadamente, 20 cm por ano de partes da megalópole, considerada a

terceira maior do mundo (Estadão, 2008a; Super Interessante, 2010).

O afundamento observado coloca a cidade sob risco de enchentes, o que

levou o governo a instalar bombas de drenagem e executar obras para

contornar o problema (Super Interessante, 2010).

Para reduzir o consumo de água proveniente do subsolo da região e,

assim, minimizar o impacto, uma das soluções encontradas é a utilização de

água de outros locais, por meio do bombeamento a 1.200 metros de altura

através das montanhas que cercam a cidade. Para isso, são usadas águas da

cidade de Lerma, localizada a 60 km de distância e da cidade de Cutzmala, a

126 km. (Estadão, 2008a).

Outro dado alarmante relacionado ao problema existente na cidade do

México é o fato de que, à medida que o lençol freático é rebaixado, a pressão

sobre os canos de esgoto aumenta, o que pode ocasionar o rompimento das

tubulações e contaminação do aqüífero (Aldeodato, 2009a).

Na cidade podem ser observadas rachaduras em prédios, ruas e túneis

do metrô (Estadão, 2008a). Algumas dessas rachaduras, causadas pela

instabilidade do solo e o consumo excessivo de água, podem ser observadas

por meio da figura 4.9.

- 87 -

Figura 4.9 – Fotos de rachaduras na Cidade do México (Nájar, 2009).

Segundo Nájar (2009), em reportagem para a BBC Brasil (Anexo VI), em

junho de 2009 fortes ruídos foram ouvidos, casa tremeram e uma rachadura de

quase um quilômetro de extensão e seis metros de largura foi encontrada por

moradores de Villas San Martin.

Nesse contexto, vale citar o aqüífero Guarani, maior reserva de água

doce da América do Sul, com águas que cobrem mais de 1.000.000 de km2,

estando 80 % desse total localizada sobre região brasileira. Assim, para

garantir a preservação desse imenso reservatório, há um esforço coletivo por

parte de Brasil, Uruguai, Paraguai e Argentina, países em que se localiza

(Aldeodato, 2009a).

Em áreas metropolitanas, poços artesianos e semi-artesianos atuam com

o objetivo de complementar o abastecimento por meio de águas superficiais.

Isso pode ser observado, por exemplo, no Brasil, em que cerca de 250 mil

poços forma perfurados nos últimos 30 anos. Como parte desses poços são

particulares e, por isso, não recebem o devido controle, devem ser visualizados

como causas potenciais de problemas relacionados à das águas subterrâneas

(SBPC/Labjor Brasil(2000).

Com base nisso, o anexo VII aponta reportagens que mencionam sobre

problema relacionados a poluição e redução dos níveis das águas já

observados em alguns pontos do aqüífero Guarani.

- 88 -

Por meio do anexo VIII é possível verificar as fontes de águas

subterrâneas do mundo, desde bacias com os aqüíferos mais produtivos, os

mais complexos e importantes, até os mais pobres. Além disso, o mapa

mostrado define áreas em que devido à extração excessiva de água, existe alta

poluição dessas fontes pela causada pela invasão de águas salobras.

4.4. Os conflitos pela água.

Em algumas partes do globo, como aproximadamente 260 bacias

hidrográficas atravessam 145 fronteiras internacionais, uma mesma reserva de

água é divida por dois ou mais países. Como exemplo pode ser citado o Rio

Danúbio que é compartilhado por 17 países na Europa e o Rio Mekong dividido

por quatro países africanos (Montoia, 2006).

Em função disso, as nações localizadas a montante dos rios podem

utilizar mais água e construir represas que, algumas vezes, impactam a

situação dos países a jusante desses corpos hídricos que, por isso,

apresentam-se mais vulneráveis e sujeitos a abusos. (Clarke e King, 2005;

Montoia, 2006).

Com base nisso, estudiosos estimam que, assim como o petróleo, a água

também poderá ser motivo para a ocorrência de guerras. Conforme um alerta

feito pela Organização das Nações Unidas (ONU): em 25 anos, um terço da

população global sofrerá com a crise hídrica, o que irá ocasionar a ameaça da

ocorrência de graves conflitos internacionais. Isso porque, não existem

acordos disciplinados entre muitos dos países que possuem corpos hídricos

compartilhados (Capozoli, 2000).

Dessa forma, tem-se a água como uma das fontes potenciais de guerras

no século XXI. Sendo assim, sinais desse tipo de tensão já podem ser

observados em algumas partes do globo, principalmente, no Oriente Médio e

na África (ISA, 2005).

Na África, as águas do rio Nilo são utilizadas em grandes quantidades por

três países, Etiópia, Sudão e Egito. A Etiópia, onde brotam cerca de 85 % das

águas desse rio, devido ao rápido crescimento da população, planeja desviar

- 89 -

mais água do mesmo por meio da construção de uma série de pequenas

obras, que tendem a reduzir o fluxo das águas que antes chegavam até Sudão

e Egito. (Capozoli, 2000; Miller, 2007).

A figura 4.10 mostra a extensão do rio Nilo, localizado na África, ao longo

de Etiópia, Sudão e Egito. Ademais, esse mapa demonstra localização dos rios

Tigres e Eufrates e dos países localizados nessa região.

Figura 4.10 – Localização do Rio Nilo e dos Rios Tigres e Eufrates.

(Miller, 2007).

O Sudão, também tem planos de aumentar o uso das águas do Nilo e,

por esse motivo, o Egito, último país localizado ao longo da extensão do rio, e

que depende desse recurso para sobreviver, poderá ter sua quantidade de

água reduzida devido a esses desvios. (Miller, 2007).

- 90 -

Não existe acordo diplomático entre esses países relacionado ao

compartilhamento das águas do Nilo. Por esse motivo, em função dos seus

planos de investir em irrigação para aumentar sua produção agrícola, o Egito

possui algumas opções: utilizar técnicas mais econômicas de cultivo, reduzir

seu crescimento populacional ou importar mais grãos para reduzir a

necessidade de água para irrigação. Caso não considere nenhuma dessas

opções, este país pode entrar em guerra com Sudão e Etiópia pelo direito ao

uso da água (Miller, 2007).

Outro caso de iminência de guerra pelo uso da água é a bacia do rio

Jordão, região do Oriente Médio onde devido à intensa escassez de água, há

uma forte competição por esse recurso. Esse rio, nasce ao sul do Líbano e

atravessa Israel e Jordânia. Entre os países que disputam as águas dessa

bacia estão: Jordânia, Síria, Palestina (constituída pela Faixa de Gaza e pela

Cisjordânia) e Israel. (Miller, 2007; Webciência, 2008).

Segundo Miller (2007), Israel já comunicou que poderá destruir a maior

represa que a Síria pretender construir. Ademais, verifica-se que Israel não

está interessado na bela paisagem das Colinas de Golan, localizada na região,

mas nas nascentes do rio Jordão, importante fonte de recurso hídrico para o

local (Clarke e King, 2005).

Outro aspecto que definiu a condição de conflito na região foi o fato de

que os árabes realizaram obras a fim de desviar o fluxo do rio Jordão e seus

afluentes. Contudo, essa nova rota ocasionaria a perda de uma quantidade

significativa de água por parte de Israel. Essa divergência culminou com o

governo Israelense ordenando para bombardear as construções árabes, o que

tornou a situação mais rivalizada (Webciência, 2008).

Nesse contexto, vale lembrar que essa região já foi marcada por guerras

pela água. Isso ocorreu em 1967 com a Guerra dos Seis Dias, a qul foi

estimulada, em parte, como uma resposta de Israel a um planejamento da

Jordânia que previa o desvio das águas para seu uso. Como resultado dessa

guerra, Israel ganhou acesso as cabeceiras do Jordão e assumiu o controle do

aqüífero que existe abaixo da Cisjordânia (Clarke e King, 2005).

- 91 -

Com isso, os israelenses apresentaram um aumento de quase 50 % em

suas fontes de recursos hídricos. E enquanto na Cisjordânia, alguns palestinos

necessitam sobreviver com apenas 35 litros de água por dia; alguns colonos

israelenses desperdiçam esse recurso em atividades como molhar gramados e

encher piscinas (Clarke e King, 2005).

Vale citar que em 1993 foi estabelecido um acordo o Programa para o

Desenvolvimento Hídrico Comum e em 1995, um segundo acordo foi criado, o

Acordo Provisório de Oslo. Contudo, Israel ainda mantém o controle sobre os

recursos hídricos da região e por meio do Emissário Nacional de Israel, o país

extrai mais de 75 % do fluxo de água proveniente da parte superior do Rio

Jordão, permitindo que apenas uma pequena parcela de água chegue até a

Cisjordânia. Além disso, a única fonte de água para a Cisjordânia, o Aqüífero

das Montanhas também é controlado por Israel (Clarke e King, 2005).

A figura 4.11 mostra os aqüíferos existentes na região e o Emissário

Nacional de Israel, forma pela qual Israel mantém a escassa água local sob

seu controle.

Figura 4.11 – O Emissário Nacional

de Israel e os aqüíferos da região

(Clarke e King, 2005).

Outro foco de conflitos são os rios Tigres e Eufrates. Nessa região, a

Turquia, onde estão localizadas as nascentes desses rios está desenvolvendo

- 92 -

a construção de 24 represas ao longo da parte superior dos mesmos para fins

de irrigação e geração de eletricidade (Miller, 2007).

Entretanto, essa iniciativa ocasionará a redução de cerca de 35 % do

fluxo das águas que chegam até a Síria e Iraque. Adicionalmente, a Síria

também pretende construir uma grande represa ao longo do Eufrates, o que

pode gerar uma guerra com o Iraque, visto que este último será intensamente

prejudicado pela redução do fluxo de água que passará a receber (Miller,

2007).

Em outras partes do planeta, já foram observadas até batalhas judiciais

para reverter tentativas de desviar a água de uma região em favorecimento de

outra. Exemplo disso, foram os protestos realizados no Alasca, que

conseguiram derrotar uma proposta que visava utilizar águas dos rios Gualala

e Albion, a fim de encher grandes reservatórios destinados a serem rebocados

até a Califórnia. (Clarke e King, 2005).

Nesse contexto, verifica-se que, atualmente, não existem muitos acordos

de cooperação para o uso de mais da metade das bacias existentes entre dois

ou mais territórios. No entanto, para resolver esse problema de distribuição de

água é necessário que se estabeleçam acordos pelo uso da água (Miller,

2007). Caso contrário, muitos países terão apenas duas opções: sofrer as

conseqüências econômicas e humanas ocasionadas pela pobreza hídrica ou

entrar em guerra.

Entre os acordos realizados estão (Clarke e King, 2005; Montoia, 2006):

- acordo realizado entre Estados Unidos e México: os EUA extraem

muita água do rio Colorado deixando para os mexicanos apenas um fluxo

pobre e rico em sal. Por esse motivo, como uma medida de compensação, os

norte-americanos assinaram um compromisso de fornecer aproximadamente 2

km3 de água potável por ano para o México. Além disso, se comprometeram

com a qualidade de água enviada ao país, o que implicou na construção e

operação de uma usina de dessalinização em Yuma;

- acordo realizado por Tailândia, Camboja, Vietnã e Laos: esses países

negociam a utilização do rio Mekong por meio de um comitê criado em 1957;

- 93 -

- Índia e Paquistão: essas nações criaram uma comissão para tratar de

assuntos relacionados ao rio Indo;

- Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai: esses países esforçam-se para

manter a preservação e uso sustentável do aqüífero Guarani. Para isso,

criaram um comitê para regular e controlar a extração e utilização das águas do

aquífero.

Ademais, algumas reportagens que tratam sobre os conflitos mundiais

pelo uso da água são mostradas no Anexo IX desse trabalho.

4.5. Impactos causados pela poluição das águas

A poluição é um fator que reduz a quantidade de água potável disponível

para consumo, visto que o uso de água poluída deve ser evitado devido às

doenças que pode causar.

Cólera, febre tifóide, poliomielite, meningite, tacoma, diarréia e as

hepatites A e E estão entre as doenças de origem hídrica mais freqüentes.

Além disso, agentes patogênicos causadores de doenças infecciosas se

disseminam e são mais facilmente transmissíveis pela água contaminada

(Clarke e King, 2005).

Doenças de veiculação hídrica apresentam maior índice de aumento em

regiões de alto crescimento populacional, urbanização e industrialização. Isso

ocorre, pois aliado ao aumento dessas atividades, ocorre o crescimento de

geração de resíduos industriais, agrícolas e domésticos, muitos dos quais são

despejados nos meios hídricos sem qualquer forma de tratamento prévio.

A falta de saneamento adequado e a ausência de esgoto tratado

possibilitam a contaminação de solos e de águas superficiais e subterrâneas

por agentes patogênicos que ao entrarem em contato com água potável e

aquela utilizada no cultivo de alimentos, podem chegar as fontes de

alimentação. Além disso, deve-se mencionar as doenças que podem ocorrer

pelo simples contato com a água contaminada (Clarke e King, 2005).

- 94 -

Dados da ONU revelam que os rios e oceanos estão sendo

contaminados com milhões de toneladas de poluentes por dia. E em função

disso, a vida marinha está sendo envenenada e muitas doenças estão se

espalhando pelo mundo. (Reuters APUD G1-Globo, 2010).

Segundo dados da FAO, 50.000 km percorridos pelos principais rios da

China já não possuem peixes, devido aos altos índices de poluição (Pinotti,

2007). Além disso, devem ser citados a salinidade, a contaminação por

arsênico, fluoretos e outras toxinas como fontes poluidoras em potencial.

(Castro e Scariot, 2005).

De acordo com a ONU, no mundo, a água poluída causa mais mortes do

que a violência. Cerca de 2,2 milhões de pessoas morrem em decorrência de

diarréia causada pelo uso de águas contaminadas e, aproximadamente, 1,8

milhões de crianças com idade inferior a cinco anos morrem por falta de acesso

a água potável, sendo esses dados medidos com base em referência anual.

(Reuters APUD G1-Globo, 2010).

Além disso, deve-se considerar as doenças causadas pela precariedade

na disponibilidade de água, que pode ocasionar desidratação e, até mesmo,

doenças relacionadas a falta de higienização dada a escassez desse recurso.

Segundo SBPC/Labjor Brasil (2000a), é estimado que apenas 74 % da

população global consiga acessar água potável; contudo esse valor pode ser

reduzido para 46 % na África e chegar, até mesmo, a menos de 24 % nos

países africanos de Chade e Mali.

A figura 4.12 mostra dados mundiais relacionados ao número de mortes

por precariedade no sistema de abastecimento de água no ano de 2000. Essa

figura apresenta como o número de mortes por água suja atinge cada

continente do globo. Verifica-se que as regiões mais pobres do planeta são as

mais afetadas pela ocorrência de mortes ocasionadas pelo uso de água

contaminada. (Clarke e King, 2005)

- 95 -

Figura 4.12 – Número de mortes devido à ocorrência de água suja no ano

de 2000.

Outro tipo de doença relacionada à contaminação da água é a síndrome

do bebê azul. Essa doença é ocasionada pela presença de altos índices de

nitratos proveniente da utilização de fertilizantes. No organismo da criança, os

nitratos são transformados em nitritos, impedindo que o oxigênio seja

transportado pelo sangue, o que pode ocasionar asfixia e morte. Segundo

Clarke e King (2005), desde 1950, cerca de 3.000 mortes já foram registradas

em diversos países do mundo.

Alguns produtos químicos como organoclorados, provenientes de

despejos industriais, agrícolas e domésticos também são causadores de

doenças graves. Conforme Clarke e King (2005), os efeitos desses poluentes

na água ainda estão sendo analisados; contudo, estima-se que estejam

relacionados à queda de fertilidade masculina entre outras anormalidades.

Com base nos dados apresentados, verifica-se que a poluição das águas

é um dos fatores que causa grandes impactos na qualidade de vida humana,

seja por aumentar o número de casos de doenças relacionadas aos poluentes

- 96 -

disseminados nas águas contaminadas; por reduzir a quantidade de água

limpa disponível para consumo, podendo causar desidratação e problemas

relacionados falta de higienização adequada; ou mesmo, por atuar como

entrave no desenvolvimento econômico de locais, que tenham a água como

fonte de subsistência para suas atividades produtivas, como aquelas referentes

ao setor agrícola, pesqueiro, entre outros.

4.6. Água: fonte de vida e desenvolvimento econômico.

A vida humana e o desenvolvimento estão intimamente relacionados a

quantidade e a qualidade de água doce disponível (ABES, 2010).

A água está presente como o constituinte químico mais abundante nas

células, além de participar de todos os processo vitais aos seres. Uma pessoa

pode resistir até 40 dias sem alimento, mas sem água o tempo de

sobrevivência é de apenas três dias (Pereira, 2010).

Ademais, a água atua com componente essencial em todos os processos

produtivos existentes no planeta, o que a torna importante para os diversos

setores da economia. Dessa forma, não há crescimento e desenvolvimento

sem água.

Segundo informações da BBC-Brasil (2001), a crise hídrica fará com que

muitas pessoas sejam obrigadas a abandonar seus lares, o que ocasionará em

uma onda de imigração em direção a locais em que ainda exista quantidades

desse bem.

Com o aumento da população mundial, maior será a quantidade de água

demandada para a produção de alimentos. Em conseqüência disso, o preços

dos alimentos, dos bens de consumo primários ou não e, até mesmo da própria

água tenderá a aumentar. E em mundo cada vez mais pobre em

disponibilidade de água, os países mais pobres terão que optar entre utilizar

esse recurso para irrigação, para indústria ou para uso doméstico (BBC-Brasil,

2001).

Com isso, com preços cada vez maiores e com o aumento do

desemprego, dado o fechamento de muitas empresas e atividades que não

- 97 -

consigam se sustentar sem água barata, os índices de pobreza devem se

elevar em muitas partes do mundo. Aliado a isso, uma queda na produção de

alimentos ocasionará desnutrição em massa, agravará o quadro de doenças e

definirá um desastre ecológico (Clarke e King, 2005).

Na China, estima-se que a população que a população de 1,2 bilhão de

habitantes deva crescer para 1,5 bilhão em 2030, o que acarretará em um

aumento de 66 % na demanda de água no mesmo período (BBC-Brasil, 2001)

Vale lembrar que as condições das águas disponíveis no país já se encontram

precárias, principalmente, devido ao alto nível de poluição.

A região metropolitana chinesa já apresenta um terço de seus poços

secos e na região entre o Norte de Xangai e o Norte de Pequim, o lençol

freático é reduzido a um nível equivalente a 1,5 metros anualmente. Em função

disso, o setor agrícola sente as perdas causadas pelos desvios de água para

as cidades e pela exaustão dos aqüíferos (Leal e Vicária, 2008).

Na Índia, um sexto da produção agrícola depende do bombeamento de

água do lençol subterrâneo. Em Puniab, uma região agrícola altamente

produtiva do país, o nível do lençol freático cai cerca de 1 metro por ano. Além

disso, acredita-se que Nova Deli terá suas reservas de água esgotadas dentro

de 15 anos e, segundo estimativas do Banco Mundial, a demanda de água

nesse país deverá ultrapassar a quantidade disponível até 2050 (BBC-Brasil,

2001; Leal e Vicária, 2008).

No continente africano, a Líbia apresenta suas reservas subterrâneas

salobra e o país, por meio do financiamento do petróleo, pretende gastar

muitos bilhões de dólares, com o objetivo de construir um rio artificial de 1.000

km de extensão. Contudo, essa fonte apenas suportará o consumo até cerca

de 50 anos (Leal e Vicária, 2008).

Até mesmo o Brasil, país privilegiado em termos de quantidade de água,

apresenta problemas relacionados a escassez hídrica, principalmente pelo fato

de que há má distribuição desse curso, isto é, as regiões mais povoadas são

as que apresentam menor quantidade disponível desse bem.

- 98 -

O Estado de São Paulo, por exemplo, já apresenta o volume de água

disponível para uso igual a quantidade demandada pela população. O volume

de água dos rios e das represas da região estão se esgotando e existem

estimativas de que em cerca de cinco anos possa haver problemas

relacionados a falta de água na cidade (Leal e Vicária, 2008).

A crise esperada está relacionada a escassez de água que se dá pelo

consumo exagerado e pela poluição dos corpos hídricos existentes. Problemas

como desidratação, desnutrição, doenças ocasionadas pela ingestão de águas

contaminadas, falta de higienização e problemas sócio-econômico devem

atingir toda a população mundial em algum momento. Em função disso, o nível

de pobreza deverá aumentar, o que, certamente, trará impactos negativos ao

desenvolvimento econômico das nações.

- 99 -

CAPÍTULO V

POSSÍVEIS SOLUÇÕES PARA MITIGAR A CRISE

“Água doce é um recurso cada vez mais escasso e valioso. Deveria ser usado de maneira mais eficiente

possível”. Robin Clarke e Jannet King (2005).

Se para desenvolver hoje é necessário consumir grandes quantidades de

água, para que este desenvolvimento possa ser mantido é extremamente

importante que a utilização dessa água seja realizada de forma sustentável,

isto é, controlada e consciente. Contanto, para isso, urge que ações sejam

tomadas em direção à valoração da água como bem de consumo essencial e à

conscientização ambiental.

5.1. Redução do consumo de água na irrigação

A agricultura é o setor que mais consome água atualmente; contudo uma

significativa parcela de toda essa água é desperdiçada pelo uso ineficiente

desse recurso por meio das técnicas de irrigação tradicionais.

Em todo o mundo a água utilizada na irrigação é retirada de um rio

próximo ou de um poço de água subterrânea por meio de um sistema de

aqueodutos. No entanto, cerca de 60% da água aplicada não chega a atingir as

plantações (Miller, 2007).

Tradicionalmente é utilizado o método do fluxo gravitacional, no qual a

água flui pela ação da gravidade, sendo direcionada por valas sem cobertura

localizadas em meio às plantações. Todavia, esse método induz a perda de

40% da água inicialmente utilizada, que o se dá por vazamentos e evaporação

ao longo do escoamento pelos canais (Miller, 2007).

- 100 -

Com base nisso, é necessário a aplicação de outras tecnologias que

consumam menor quantidade de água. Entre elas destacam-se as técnicas da

irrigação por pivô central ou daquela realizada por gotejamento (Clarke e King,

2005; Miller, 2007).

A primeira delas utiliza bombas de aspersão para pulverizar, com baixa

pressão, água sobre a plantação e permite um consumo efetivo de cerca de

80% do recurso hídrico aplicado. Por outro lado, esse método pode ser ainda

mais preciso e garantir a utilização de 90 a 95% da água utilizada. Para isso, a

pulverização de água é feita mais próxima ao chão e através do uso de gotas

maiores (Miller, 2007).

Quanto à técnica de irrigação por gotejamento ou microirrigação, tem-se

este como o método mais eficiente. Nesta a água é distribuída por mangueiras

ou por uma rede de tubos plásticos perfurados que ao serem instalados no

nível do solo ou abaixo dele, permitem que as gotas de água sejam

depositadas lenta e constantemente próximo as raízes das plantas (Clarke e

King, 2005; Miller, 2007).

Segundo Clarke e King (2005), neste último método, tem-se uma perda

por evaporação equivalente a apenas 5%. Vale citar que esse sistema pode ser

adaptado de modo apresentar sua estrutura fixa ou móvel de acordo com

padrão de cultura utilizado e o custo associado (Clarke e King, 2005).

Devido ao custo relacionado a utilização desse método, ao baixo valor da

água, muitos agricultores preferem utilizar os métodos mais tradicionais que

demandam um consumo exagerado de água. Isso pode ser observado quando

se constata que apenas, aproximadamente, 1% das plantações no mundo

utilizam essa técnica de irrigação (Miller, 2007).

Esse número cresce em alguns lugares: nos EUA este valor corresponde

a 4%, sendo desse total 13% no estado da Califórnia; no Chipre, tem-se 905 de

uso; enquanto em Israel este valor equivale e 66% (Miller, 2007).

A figura 5.1 mostra uma ilustração dos desses três métodos de cultivo:

irrigação por fluxo gravitacional ou alagamento, irrigação por pivô central e

irrigação por gotejamento.

- 101 -

Figura 5.1 – Métodos de irrigação

Outras tecnologias estão sendo desenvolvidas para reduzir o consumo de

água na irrigação. Segundo Little (2009), engenheiros instalaram 16 sensores

infravermelhos sem fio em no braço de um sistema de irrigação por pivô central

para tratar uma plantação de algodão. A intenção é que os sensores verifiquem

a temperatura das folhas e permitam que o equipamento apenas utilize água

quando necessário. Este procedimento tem sido capas de economizar 5cm de

água por colheita.

Outra tecnologia de ponta que vem sendo testada é o uso de

equipamentos a laser que objetivam medir a turbulência provocada por ondas

de calor que existem sobre a plantação, devido a evapotranspiração das

pnatas (Little, 2009).

Nesse contexto, outras formas de reduzir o consumo de água pode ser a

utilização, quando aplicável, culturas que consumam menos água. Isso pode

ser verificado na região do aqüífero Ogallala, na qual alguns fazendeiros

substituíram milho por girassol, trigo, sorgo e outras culturas que exigem

menos água (Little, 2009).

Fluxo Gravitacional Gotejamento Pivô Central

- 102 -

Ainda na região do aqüífero Ogallala, alguns agricultores fizeram

modificações em seus métodos de cultivo. Eles deixaram de arar o campo após

a colheita, deixando a sobra da colheita anterior no solo a fim de plantar a nova

safra sobre os resíduos. Com isso, eles verificaram que havia redução da

erosão do solo e que ao reduzir as perdas por evaporação, reduziam a perda

de umidade a um equivalente a cerca de 3cm ou mais de chuva anualmente

(Little, 2009).

Podem ser também empregadas técnicas diferentes para o plantio de

uma mesma cultura. De acordo com Clarke e Kind (2005), o método tradicional

para o cultivo de arroz utiliza a lavoura constantemente embaixo d’água;

porém, por meio de alguns experimentos realizados na província de Guangxi,

China, constatou-se que as plantações de arroz são beneficiadas quando os

níveis de água são mais baixos. Assim, foi possível cultivar maior quantidade

dessa cultura através do consumo de menor quantidade de água.

Outro método que também pode ser aplicado é a captação e o acúmulo

da água das chuvas para serem empregadas posteriormente nas plantações

(Little, 2009).

Israel, no entanto, por ser um país onde há grande escassez de recursos

hídricos, trata e reaproveita cerca de 30% de suas águas residuais

provenientes de esgotos domésticos para fins de utilização na agricultura.

Ademais, esse país pretende elevar esse valor para 80% até o ano de 2025 .

No entanto, para isso, o governo precisou retirar grande parte dos subsídios da

água e aumentou preço da mesma para um dos mais altos valores do mundo

(Miller, 2007).

Assim, para o caso de agricultores pobres e que fazem o uso de de

culturas de baixo valor e que, por isso, não possuam condições de arcar com

os custos envolvidos nessas tecnologias mais sofisticadas, outras soluções

para redução do consumo de água podem ser apontadas.São elas: a utlização

de canais revestidos em susbstituição as valas abertas usadas no método de

irrigação por alagamento e , mais simples ainda, o uso da irrigação noturna, a

fim de reduzir as perdas por eveporação (Miller, 2007).

- 103 -

5.2. A dessalinização da água.

Em locais onde os recursos hídricos apresentam elevado grau de

escassez existem apenas dois meios para sobrevivência hídrica. Um deles é o

transporte de água doce proveniente de locais onde ela exista em abundância

para as localizações menos favorecidas. Outro método que também pode ser

empregado é a dessalinização da água (Clarke e King, 2005).

A dessalinização consiste na retirada dos sais dissolvidos em águas

salgadas provenientes do mar ou de água levemente salgada de aqüíferos ou

lagos. Todavia, dado o alto valor de sua tecnologia e a elevada quantidade de

energia necessária, esse método responde por apenas 1 % da água utilizada

no mundo (Clarke e King, 2005).

Atualmente, existem cerca de 3.500 usinas de dessalinização que

operam em 120 países do mundo. Estas estão localizadas, principalmente, em

locais mais desérticos e áridos do Oriente Médio, do norte da África, do Caribe

e do Mediterrâneo (Miller, 2007).

Entre os métodos de dessalinização estão a evaporação e a osmose

reversa (Miller, 2007).

A evaporação consiste em aquecer a água do mar até sua fervura, coletar

o vapor gerado e, em seguida, condensá-lo para produzir água doce. A figura

5.2 constitui um esquema representativo do que acontece nesse processo.

Figura 5.2 – Esquema representativo do processo de dessalinização por

evaporação.

- 104 -

O processo de osmose tradicional se baseia no contato de suas soluções

de concentrações diferentes, no qual a solução mais diluída se direciona para

no sentido da solução mais concentrada até que as pressões se igualem.

A osmose reversa, por outro lado, trata-se de um sistema de filtragem no

qual a água salgada é bombeada por meio de bombas movidas a eletricidade

ou diesel, com pressão superior a pressão osmótica, contra uma membrana

semipermeável que retém as moléculas maiores de sal e deixa passar as

moléculas menores de água limpa (Clarke e King, 2005; Miller, 2007).

Nesse ponto, vale mencionar, que esse processo precisa ser repetido

mais de uma vez até que sejam atingidos os níveis de pureza especificados

para considerar a água tratada em condições de uso. A figura 5.3 apresenta

um esquema representativo do que ocorre em processo de osmose reversa.

Figura 5.3 – Esquema representativo do processo de desalinização por osmose

reversa.

Existem, porém, duas grandes desvantagens para a utilização desses

processos: o alto custo e a grande quantidade de sais obtida como subproduto

(Miller, 2007).

O alto custo associado a esses métodos está intimamente relacionado a

grande demanda de energia empregada. Atualmente, custa cerca de duas a

três vezes mais caro dessalinizar água do que purificá-la por meio dos métodos

tradicionais (Miller, 2007).

- 105 -

Alguns avanços na tecnologia empregada na osmose reversa têm

apontado para a redução do consumo de energia (Miller, 2007). Uma

comparação, figura 5.4, pode ser feita para determinar a diferença entre as

quantidades de energia exigidas para dessalinização de água pelos métodos

apresentados.

Figura 5.4 – Energia necessária para produzir 1.000 litros de água doce por dessalinização. Dados baseados no ano de 2003. (Clarke e King, 2005).

Quanto a salmoura gerada como subprodutos desses métodos, essa

pode ser encarada como um problema, visto que por apresentar grandes

quantidades de sais e de outros minérios, seu despejo deve ser analisado com

o devido critério para não ocasionar problemas ecológicos.

A disposição da salmoura em local próximo ao mar, por acarretar em um

amento da salinidade da água marinha, pode ameaçar os recursos alimentícios

e as espécies de vida aquática local. Se, por outro lado, a salmoura for

depositada em terra, pode ocasionar a contaminação de águas subterrâneas e

superficiais.

Segundo Miller (2007), cientistas estão desenvolvendo membranas mais

eficientes para a realização da osmose reversa. Contudo, apesar de reduzir o

custo empregado, essas novas tecnologias ainda não apresentam as

condições necessárias para atender a demanda mundial por água potável.

Além disso, é necessário que sejam empregados métodos que utilizem

formas de alternativas para atuarem com fontes de energia (como a energia

Osmose Reversa Evaporação

25-200 kWh de eletricidade

6 kWh de eletricidade

- 106 -

solar, por exemplo) e, assim, reduzir o custo do processo. Entretanto, o

problema relacionado ao descarte da salmoura produzida como subproduto

deve permanecer. (Miller, 2007)

Dessalinizar fontes de água pode ser a solução para o caso de locais

onde realmente não há solução melhor para o abastecimento de água doce,

dada a intensa escassez apresentada, como o caso dos países do Oriente

Médio e alguns locais da África.

Contudo, esta opção não deve ser entendida como a solução dos

problemas relacionados à crise hídrica. Este é apenas um método alternativo e

emergencial para casos pontuais.

A dessalinização é um método que demanda muita energia e não resolve

o problema de escassez hídrica mundial. Isso porque, não seria possível

dessalinizar toda a água necessária para atender a demanda cada vez maior

da população mundial em curto prazo. E, em última análise, porque, dessa

forma, seria mantido o elevado consumo de água e a sua utilização de modo

descontrolado e abusivo, com base na manutenção de uma crença de que a

água deve ser vista como recurso ilimitado.

Dessa forma, a solução para evitar a crise hídrica ainda é a mudança na

linha de cultura que aponta o desperdício e a poluição dos recurso hídricos

como situações cotidianas e normais.

5.3. Educação Ambiental

A água como um bem inesgotável é uma visão que existia desde as eras

mais antigas e que se estabeleceu durante muito tempo, mesmo nas

sociedades mais modernas e desenvolvidas. Contudo, atualmente, sabe-se

que essa interpretação não condiz com a realidade presenciada no planeta.

Hoje, já existem populações de uma lista de locais que sobrevivem sob

condições de estresse hídrico e estima-se que, dentro de pouco tempo, muitos

outros locais também passarão a fazer parte dessa lista. A crise hídrica é um

problema de ordem global e, por esse motivo, cedo ou tarde será sentida por

todos.

- 107 -

Dados da ONU revelam que um terço da população mundial já vive em

condições de estresse hídrico médio e alto. Ademais, segundo projeções, essa

organização estima que o crescimento demográfico colocará,

aproximadamente, 5 bilhões de habitantes na mesma situação até o ano de

2025 (IPCC, 2007 APUD Freitas, 2009).

Assim, a degradação dos recursos hídricos precisa ser interrompida; mas,

para isso, é necessário que o consumo de água passe a ser realizado de forma

mais eficiente, o que inclui duas ações: desperdiçar menos e poluir menos

ainda. Essas atitudes são importantes, pois podem contribuir para que haja o

tempo necessário demandado para que a natureza consiga repor

constantemente os estoques desse recurso por meio do ciclo hidrológico.

Todavia, não basta que essas ações sejam tomadas por apenas uma

parcela da população, é preciso que sejam realizadas pelo maior número de

pessoas possível em toda parte do planeta.

Com base nos dados apresentados, verifica-se que a reversão do quadro

de escassez hídrica depende da colaboração direta ou indireta, maior ou

menor, de todos e envolve, sobretudo, uma mudança cultural significativa. Para

isso, é necessário que novos conceitos sejam considerados, abordando uma

visão diferenciada em relação àquela que apresenta a água como um bem

ilimitado.

Com esse objetivo, entende-se que uma boa solução seria investir em

projetos de educação ambiental, destinados a informar e, principalmente,

conscientizar a população quanto à importância da água e a necessidade de

que seja preservada.

Estes projetos deveriam propor programas diferenciados de educação

ambiental, em função das diferenças de idade do público alvo.

- Projeto 1

Objetivo: Desenvolver meios de conscientizar a população adulta.

- 108 -

Área de atuação: Esse projeto pode ser desenvolvido dentro de

empresas, de bairros, de pequenos municípios e, posteriormente, pode ser

estendido, em partes, a cidades e grandes centros.

Atividades:

1 - Promover a realização de palestras por grupos, nas quais as

informações seriam passadas de maneira diferenciada, visando atingir todos os

níveis de entendimento e utilizando-se, para isso, das mais variadas formas de

linguagem.

Nessas palestras devem ser abordados os seguintes temas: a

importância da água para vida e a escassez hídrica que já atinge algumas

partes do globo. Ademais, vale citar que devem ser tratados estudos de casos,

como o da China, que demonstra uma forma insustentável de desenvolvimento;

a possibilidade de guerras civis pela água e as doenças que podem ser

disseminadas pela falta de água e pelo uso de fontes poluídas.

Esses casos devem ser analisados de forma ilustrativa e em caráter

chocante, a fim de chamar a atenção, por meio de fotos, documentários e

dados presentes e de estimativas futuras.

2 - Podem ser realizadas pesquisas por meio de questionários, nos quais

algumas perguntas seriam:

-Você sabe que a água é um bem limitado?

-Você conhece a importância desse bem? Você acha que é possível

sobreviver sem água?

-Você sabe que existem estimativas que prevêem a existência de uma

crise hídrica?

-Você percebe quando desperdiça água em sua casa e/ ou local de

trabalho?

-Você sabe que o preço da água irá aumentar?

- 109 -

-O que você fará quando isso ocorrer? Vai mudar sua postura e

economizar mais? Ou vai continuar consumindo da mesma forma sem se

preocupar com a conta no fim do mês?

3 - Podem ser distribuídos muitos cartazes que tratem de modo ilustrativo

do mundo sem água: fotos de secas e de pessoas com dificuldades de acesso

à água. Estes podem também conter citações e questionamentos como: “O

poço está secando!” ou “Você conseguiria sobreviver sem água?”

4 - Entre outras atividades, podem ser realizadas gincanas e torneios a

fim de julgar o melhor slogan para o problema da crise hídrica ou a melhor

poesia sobre a água. Podem ser realizados, também, concursos para avaliar as

melhores pinturas que retratem a água e suas perspectivas futuras para a

humanidade.

Nesse ponto, vale citar que essas atividades estão mais relacionadas à

atuação dentro de uma empresa. Quando o foco é um grande centro urbano é

importante investir em propagandas repetitivas que retratem os impactos da

falta de água. Além disso, sempre que possível, durante grandes eventos e

fóruns, deve ser dedicado um tempo para tratar sobre a falta de água, suas

causas e, principalmente, seus principais impactos a saúde e ao

desenvolvimento.

Concursos de pinturas, slogans e poesias sobre a água também podem

ser realizados em associações de moradores de bairros e em condomínios.

- Projeto 2:

Objetivo: Desenvolver meios de conscientizar a população infantil.

Área de atuação: Esse projeto poderia ser desenvolvido dentro de

escolas.

Atividades:

1 - Realizar palestras informativas sobre a água e sua importância para a

manutenção da vida. Tratar sobre os males que a falta de água pode causar;

2 - Promover concursos de poesias e frases sobre a água;

- 110 -

3 - Incentivar, constantemente, o não desperdício, com base na utilização

das boas práticas de uso da água;

4 - Nas reuniões com os pais, sugerir que os mesmos, em seus lares,

incentivem o não desperdício e a redução da poluição dos corpos hídricos.

Essa iniciativa vai ajudar não somente a criação de uma cultura sadia na

criança, como também vai contribuir para mudança cultural dos próprios pais.

5 - Incentivar que as crianças se sintam proprietárias da água que as

cerca e que, por isso, sejam capazes de protegê-la, informando seus pais e

colegas, quando perceberem ações de desperdício e poluição de corpos

hídricos.

5.4. A valoração da água

Com base nos dados apresentados, que revelam a iminência de uma

crise hídrica mundial, a valorização da água é definida como uma das ações

necessárias para a reversão desse cenário.

Entre as ações relacionadas a essa valoração destacam-se: o

aproveitamento da água da chuva; o melhor gerenciamento dos resíduos e o

tratamento de efluentes a fim de que a água tratada possa ser reaproveitada

em outra atividade; a redução de vazamentos em tubulações de fábricas ou

redes de distribuição para o público, que favorecem o desperdício; o uso de

tecnologias que permitam realizar os processos tradicionais com o uso de

menores quantidades desse bem; além da ação do governo no

estabelecimento de leis e incentivos que estimulem a redução dos níveis de

consumo, de forma a regular e controlar o uso da água.

Uma boa forma de obtenção de água barata e que contribui para a

redução do consumo é a captação de água da chuva que, de outro modo, se

perderia no solo ou por evaporação. Essa ação pode ser realizada em

residências, na agricultura e nas indústrias. A água pode ser coletada de

telhas, calhas e telhados e direcionada para o acúmulo em cisternas, onde

permanecerá até que seja utilizada como recurso para irrigar lavouras, para

- 111 -

atuar como aquecimento e arrefecimento de instalações industriais e, entre

outros usos, para lavar carros, calçadas e ser utilizada em vasos sanitários.

Quanto à tecnologia empregada para essa captação, esta pode variar de

acordo com a necessidade e a disponibilidade de investimento de cada

atividade para qual seu uso se destine.

Como exemplo pode ser mencionado o aeroporto de Frankfurt na

Alemanha, o qual realiza a coleta de cerca de 16 milhões de litros de água da

chuva anualmente e a aplica em limpeza, jardinagem e vasos sanitários do

estabelecimento (Clarke e King, 2005). Com essa iniciativa, o aeroporto

favorece a mitigação da crise, além de reduzir seus gastos com utilidades.

Outra maneira de reduzir gastos e o desperdício é a melhor gestão de

tubulações e redes de abastecimento, a fim de permitir sua boa conservação

através de manutenções corretivas e preventivas, dificultando a ocorrência de

vazamentos.

O melhor reaproveitamento dos recursos hídricos pode ocorrer com base

no seu tratamento, após uso, para posterior reutilização. Segundo Clarke e

King (2005), em muitos países em que a condição de escassez é observada,

os esgotos urbanos são tratados e a água, após purificada, é utilizada na

irrigação.

Em Israel, por exemplo, é utilizada tecnologia avançada em usinas de

tratamento de esgoto, que direcionam a água tratada para irrigação de

aproximadamente 20.000 hectares de lavoura (Clarke e King, 2005).

O uso de métodos para transformar esgoto em água potável existe, por

exemplo, nas estações espaciais. Outro caso que pode ser citado é a cidade

de Singapura, em que seus habitantes bebem água residual tratada

diariamente e não apresentam efeitos colaterais devido a isso (Webber, 2009).

O emprego de novas tecnologias também deve ser realizado com objetivo

de propor processos que utilizem cada vez menos quantidades de água. De

acordo com Clarke e King (2005), países desenvolvidos, com o intuito de

reduzir custos, propuseram uma redução geral no seu consumo de água e

- 112 -

obtiveram grandes êxitos na manutenção de seus processos produtivos com

base na utilização de quantidades menores de água.

Como exemplo, pode-se citar que, atualmente, a produção de aço

consome menos do que um quarto da água que utilizava anteriormente. Outro

exemplo é a economia de água observada na indústria norte-americana de

1950-1990, período em que uso industrial por pessoa foi reduzido pela metade

no país e a produção foi quadruplicada (Clarke e King, 2005).

A economia no consumo de água também deve ser estendida no setor

agrícola, seu consumidor em potencial, conforme já discutido no item 5.1 deste

trabalho. O que pode ser feito por meio do uso de técnicas mais eficientes de

irrigação ou pelo uso de culturas que mais resistentes à falta de água, quando

aplicável.

Nas residências, além do uso da água da chuva, a utilização de vasos

sanitários com descarga controlada é um exemplo do uso de tecnologias

alternativas e, muitas vezes, simples, para a redução do consumo e do

desperdício de água. O vasos convencionais que utilizam cerca de 16 litros de

água por descarga estão sendo substituídos por vasos com descarga

controlada, nos quais o consumo corresponde a, aproximadamente, 6 litros por

descarga.

Na Califórnia, verificou-se que o custo de investimento para essa

tecnologia era inferior ao necessário para canalização de maiores quantidades

de outras fontes. Ademais, vale citar que cerca de 350 mil vasos sanitários com

descarga controlada foram instalados na Cidade do México, o que possibilitou

uma economia de 28 milhões em metros cúbicos de água por ano. Entretanto,

essas instalações só foram utilizadas devido a um aumento nas tarifas de água

locais (Clarke e King, 2005).

Assim, verifica-se que a valorização da água, que pode ser medida pelo

aumento direto de sue preço no mercado, é um fator determinante para

combater a crise. Pode-se dizer que a mudança de cultural de uma população

começa quando sua situação financeira começa a incomodar, em outras

palavras: “a mudança de postura é reflexo da situação financeira de cada um”.

- 113 -

Nesse contexto, tem-se que o preço que o consumidor paga pela água

influi diretamente na quantidade que ele utiliza. Dessa forma, quanto maior o

valor estipulado para a tarifa, maior o grau de conservação será dado a esse

bem e menor será a tendência ao desperdício e a poluição.

Por outro lado, enquanto a água for entendida como um recurso ilimitado

e sem valor, menor será o incentivo ao seu uso sustentável. Isso é o que se

observa em locais de elevada produtividade agrícola, no qual os subsídios

fornecidos pelos governos favorecem ao elevado consumo de água e a falta de

interesse para investir em métodos mais eficientes de irrigação.

Entre muitos exemplos dessa realidade, podem ser citados: a região do

aqüífero Ogallala nos EUA, no qual devida a intensa atividade agrícola, já se

observa sintomas de seca e o caso da Espanha, que apesar de ser um dos

locais mais secos da Europa, é comum o cultivo de plantas que exigem

grandes quantidades de água, como o milho, a alfafa e a batata. Essa atitude

espanhola é apenas o reflexo do fato do preço pago por alguns fazendeiros

locais representar o equivalente a apenas um por cento do custo real envolvido

no fornecimento de água (Clarke e King, 2005; Little, 2009).

Segundo Miller (2007), preços mais altos favorecem o melhor

entendimento da cultura da preservação dos recursos hídricos; contudo,

dificultam o acesso da água para que agricultores e população de baixa renda

possam atender as suas necessidades básicas.

Para resolver esse paradigma, o governo sul africano encontrou uma

solução que já está sendo utilizada por alguns outros países sob condições

diferenciadas.

A solução encontrada pela África do Sul foi o aumento do preço da água

por meio do estabelecimento da tarifa denominada “salva-vidas” que se baseia

em um sistema de cota pré-estabelecida. Nesse sistema, as residências podem

utilizar uma determinada quantidade de água a um preço baixo para atender às

suas necessidades básicas; entretanto, quando ultrapassam a quantidade

estabelecida, é observado um aumento no valor da tarifa.

- 114 -

Além do fornecimento de subsídios, uma das formas utilizadas pelo

governo para estimular a redução do consumo e a valoração da água é a

criação de uma legislação ambiental aplicada ao tema.

No Brasil, entre os instrumentos mais importantes para regular e controlar

o uso sustentável dos recursos hídricos, destacam-se: a outorga de uso, a

cobrança pelo uso e o princípio do poluidor-pagador.

A outorga de uso dos recursos hídricos consiste em um meio através do

qual o Poder Público autoriza, concede ou permite a um usuário fazer o uso

desse bem. É uma forma de controle qualitativo e quantitativo sobre a água.

A Política Nacional dos Recursos Hídricos, lei Nº9.433 de 1997, define

quais os tipos de empreendimentos e atividades que dependem de outorga,

dadas às alterações quantitativas e qualitativas ocasionadas aos corpos

superficiais ou subterrâneos.

A cobrança pelo uso da água é outro instrumento para gestão dos

recursos hídricos, também instituído pela lei Nº9.433 de 1997. Segundo a

Agência Nacional de Águas (2010), a cobrança é um meio que visa o estímulo

ao uso racional da água e a geração de recursos financeiros que serão

destinados à recuperação e preservação de mananciais de bacias.

Vale citar que a cobrança também está sujeita a outorga, visto que não

pode haver cobranças por atividades cujos usos não tenham sido outorgados.

Ademais, devido à degradação e à escassez dos recursos hídricos

ocasionados pela produção e consumo, outro instrumento, o princípio do

poluidor-pagador é um meio que obriga o usuário que polui a pagar pela

poluição real ou potencial causada

Esse princípio é tratado na Política Nacional dos Recursos Hídricos, lei Nº

6.938 de 1981, sob a segunda definição:

“(...) Art.4° A Política Nacional do Meio Ambientevisará:

VII – à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar

e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização

de recursos ambientais com fins econômicos. (...)”

- 115 -

Em vista dos fatos apresentados, verifica-se que muitas são as ações

envolvidas na preservação da água como um bem limitado. Todavia, a melhor

ação a ser empregada é aquela que melhor atende às necessidades

específicas de cada atividade e à legislação aplicável.

- 116 -

CONCLUSÃO

“Nosso planeta líquido brilha como uma safira azul macia na dura

escuridão do espaço. Não há nada como ele no sistema solar. Por causa

da água”. John Todd (1950-2007)

A água é um recurso essencial à manutenção da vida e de extrema

utilidade em todos os processos produtivos e nas atividades cotidianas.

Entretanto, desde os tempos remotos, devido a sua abundância relativa, não

apresenta valor significativo. Por esse motivo, uma cultura baseada na pouca

valoração desse bem e que favorece o desperdício e a poluição dos recursos

hídricos foi estabelecida.

Atualmente, verifica-se que a visão da água como um recurso inesgotável

está sendo conduzida a um processo de extinção gradativo. Vale mencionar,

que tal mudança somente está ocorrendo devido às evidências que apontam

para a eminência de uma crise hídrica.

Essa crise é silenciosa e já pode ser observada em algumas partes do

globo por meio dos quadros de seca, escassez e aumento no índice de

doenças. Essas últimas estão relacionadas à ingestão ou contato com águas

poluídas ou à utilização dos recursos hídricos em quantidades inferiores às

solicitadas ao atendimento das necessidades básicas à vida.

Assim, devido ao desperdício, à poluição e ao elevado consumo motivado

pelo desenvolvimento econômico das nações, o ciclo hídrico se encontra

comprometido e incapaz de repor toda a quantidade demandada em tempo

hábil.

Sabe-se que as causas expostas podem ser tratadas com incentivos a

novas tecnologias; a adoção de boas práticas de uso da água, desde grandes

- 117 -

indústrias até nas residências; o uso de projetos de educação ambiental que

invistam em mudança de cultura e estimulem a valorização e o respeito aos

recursos hídricos e, em suma, maior comprometimento de toda a população.

Com esse objetivo, é importante que seja criada uma maior

conscientização ambiental, mesmo que, para isso, seja necessário aumentar o

valor das tarifas pagas pelo uso da água.

Não basta acreditar que é possível dessalinizar toda a água do mar que

precisarmos para matar a sede do progresso e da qualidade de vida. Este é

apenas um método pontual e que não trata o problema da crise.

Além disso, não adiante criar políticas que incentivem apenas a redução

do crescimento populacional, a fim de reduzir o consumo dos recursos hídricos.

Pois, apesar do crescimento populacional ser uma das principais causas que

contribuem para o agravamento da situação de escassez, atuar de forma a

inibi-lo é apenas uma forma de atrasar a crise, mas não de evitá-la.

A solução para que a escassez de água seja evitada é, inicialmente, o

entendimento de que esse recurso é propriedade de todos e de que sua falta

irá refletir mais cedo ou mais tarde, direta ou indiretamente sobre todos. Por

isso, é preciso que ações sejam tomadas em âmbito mundial, englobando

todos os níveis e setores da economia.

Na indústria, por exemplo, algumas ações para o melhor uso da água

podem ser: evitar vazamentos; reprojetar processos, a fim de atingir menor

consumo; tratar efluentes antes de direcioná-los aos corpos hídricos e

recircular o máximo possível da água que utilizam.

Quanto aos governos, estes podem regular e controlar o uso da água por

meio de uma legislação ambiental específica, além de através de ações como:

aumentar o preço da água; diminuir os subsídios para o fornecimento de água;

aumentar os mesmos para a redução do desperdício e considerar maiores

investimentos em educação ambiental.

Nesse contexto, é urgente que haja uma mudança de postura frente o

conceito de importância e do uso da água. Isso se faz necessário para impedir

- 118 -

que a escassez desse recurso possa atuar como um entrave no crescimento e

desenvolvimento econômico das nações e no progresso da qualidade de vida

da população.

Diante do exposto, verifica-se que o melhor gerenciamento dos recursos

hídricos na busca pela qualidade e disponibilidade da água é essencial para

manutenção da dinâmica do desenvolvimento econômico.

Assim, para enfrentar a crise e evitar suas piores conseqüências é

preciso, primordialmente, conscientização ambiental. Com isso, será possível

entender que o problema da crise hídrica não é determinado pelo quanto se

usa de água, mas pela forma como ela é utilizada.

Logo, a solução para crise hídrica que se mostra iminente, não consiste

em parar de utilizar água; mas, simplesmente, usá-la de forma sustentável.

A água como muitos recursos naturais estão sendo utilizados de maneira

desrespeitosa e predatória. Com base nisso, a sociedade precisa repensar

como e com que intensidade muitas de suas ações presentes podem impactar

o futuro das próximas gerações. É nesse contexto, que os versos de Herbert

Marcuse nos fazem refletir:

“A luta para ampliar o mundo da beleza, da não violência, da tranqüilidade

é uma luta política. A insistência nestes valores, em restaurar a Terra como

meio ambiente humano, é não apenas uma idéia romântica, estética, poética

que concerne unicamente aos privilegiados: é hoje uma questão de

sobrevivência.” (Senent, 1979).

- 119 -

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- 128 -

ANEXOS

Índice de Anexos

ANEXO I

Consumo de água nos países ............................................................. 129

ANEXO II

Distribuição mundial do consumo de água por setor .......................... 130

ANEXO III

Regiões Hidrográficas Brasileiras ....................................................... 131

Regiões Hidrográficas Brasileiras: Vazão Média X População ........... 132

ANEXO IV

Consumo de água nas bacias mundiais.............................................. 133

ANEXO V

Reportagens: Consumo de água na produção de biocombustíveis .... 134

ANEXO VI

Reportagens: Impactos – Redução dos aqüíferos .............................. 138

ANEXO VII

Reportagens: Impactos – Poluição do aqüífero Guarani ..................... 140

ANEXO VIII

A exploração dos aqüíferos no mundo ................................................ 143

ANEXO IX

Reportagens: Conflitos pela água ....................................................... 144

- 129 -

ANEXO I

Figura A1 - Reportagem do Portal EcoDebate que demonstra as

desigualdades envolvidas no consumo de água de alguns países. (Naime,

2010).

- 130 -

AN

EX

O II

Figura A2 – Distribuição mun

dial do consum

o de

água utilizada

por setor, em ordem

de quan

tidad

e consum

ida (Clarke e King,

2005).

- 131 -

ANEXO III

Figura A3.1 – Mapa demonstrativo das delimitações entre os Estados e as

regiões hidrográficas brasileiras (SAPO, 2010).

Linhas brancas: fronteiras entre Estados

Cores: territórios delimitados por cada região hidrográfica.

- 132 -

AN

EX

O II

I

0%10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Am

azônic

a

Cost

eira

lest

e

Par

aguai

Par

aná

Toca

ntins

Uru

guai

São

Fra

nci

sco

Par

naí

ba

Cost

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Sul

Cost

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Nord

este

Orien

tal

Nord

este

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den

tal

Regiões HidrográficasR

egiõ

es H

idro

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fica

s: v

azão

méd

ia X

popula

ção

Vaz

ão M

édia

%P

opula

ção %

População %

4,6%

8,3%

1,1%

33,2%

4,8%

2,3%

7,8%

2,2%

7,0%

15,6%

13,1%

0,04%

Vazão Média %

69,6%

0,9%

1,2%

6,6%

9,8%

2,6%

1,9%

0,5%

2,6%

2,1%

0,5%

1,6%

Amazônica

Costeira

leste

Paraguai

Paraná

Tocantins

Uruguai

São

Francisco

Parnaíba

Costeira

Sul

Costeira

sudeste

Nordeste

Oriental

Nordeste

Ocidental

Figura A3.2 – Com

parativo en

tre as vazõe

s méd

ias e o quantitativo popu

lacional das regiões hidrográficas brasileiras (M

oss e

Moss, 2010a

).

- 133 -

AN

EX

O IV

Figura A4.1 – Situação de consum

o da

s principa

is bacias mun

diais.

- 134 -

ANEXO V

Reportagem 1 (Cortez, 2009a): Matéria apresentada em 06/07/2009 no Portal EcoDebate, autor: Henrique Cortez. Relatório alerta para o balanceamento dos biocombustíveis e dos recursos hídricos

Pesquisadores da Rice University afirmam que os EUA devem ter

cuidado que a nova ênfase no desenvolvimento dos biocombustíveis como

uma alternativa ao petróleo importado e levar em consideração os potenciais

prejuízos para os recursos hídricos da nação.

De acordo com os pesquisadores um crescimento rápido na produção

dos biocombustíveis poderia ter grande impacto ambiental, com significativas

repercussões econômicas e isso, provavelmente, irá destacar a

interdependência e a crescente tensão entre a segurança energética e de

água. As conclusões da pesquisa foram publicadas no relatório “The Water

Footprint of Biofuels: A Drink or Drive Issue?”

A pesquisa indica que a crescente produção de agrocombustíveis

afetará a disponibilidade de recursos hídricos e aumentará a degradação dos

mananciais e da qualidade da água. A produção de agrocombustíveis

necessitam de grandes quantidades de água e a poluição da água é agravada

pela drenagem agrícola contendo adubos, pesticidas e sedimentos.

Os autores estimaram que para produzir etanol de milho irrigado em

Nebraska são consumidos 189 litros de água apenas para abastecer um carro

médio para a distância de 1,6 Km. Dadas as diferentes práticas da utilização

dos solos e outros fatores, esse número diminui para 87 litros para o milho

cultivado em Iowa e sobe para 435 litros de produção de sorgo no Texas.

O relatório reconhece que algumas fontes de biocombustível, como o

etanol celulósico a partir do switchgrass e outras opções, podem produzir mais

energia com menor demanda de terras agrícolas, agroquímicos e água. De

acordo com os pesquisadores as culturas devem ser escolhidas com base na

- 135 -

sua adequação às condições climáticas locais e que os produtores possam

adotar culturas sustentadas por chuvas, em vez de irrigação.

Reportagem 2 (Cortez, 2009b): Matéria apresentada em 06/08/2009 no Portal EcoDebate Impacto da produção de etanol de milho nos recursos hídricos é 3 vezes maior do que o estimado.

A cada dia são apresentadas novas pesquisas que detalham os pesados

impactos ambientais da produção do etanol de milho, também chamado de

bioetanol, contrariando os argumentos dos produtores e do governo em sua

defesa e na manutenção de grandes subsídios.

Uma nova pesquisa [Water Embodied in Bioethanol in the United States]

detalha que o impacto da produção de etanol de milho nos recursos hídricos é

3 vezes maior do que o estimado. Numa altura em que o abastecimento de

água já é crítico em muitas áreas dos Estados Unidos isto pode ser um

desastre ao longo prazo. É isto que demonstram cientistas demonstram no

artigo publicado na revista Environmental Science & Technology.

De acordo com os pesquisadores a produção atual de etanol de milho,

nos EUA, é de 9 bilhões de galões, com tendência ao crescimento, em razão

da expansão da área plantada e da manutenção dos subsídios.

A produção já impacta a disponibilidade hídrica e seu crescimento pode

ser uma ameaça ainda maior. Estudos anteriores estimaram que um

galão(3,78l) de bioetanol à base de milho requer a utilização de 263(995l) a

784(2967,7l) galões de água, da exploração agrícola até à bomba de

combustível.

Os cientistas fizeram uma nova estimativa do impacto do bioetanol sobre

o abastecimento de água usando dados mais detalhados da irrigação em 41

estados, estimando que um galão de etanol pode exigir a mais de 2.100 galões

de água a partir da exploração agrícola até à bomba de combustível,

dependendo da prática de irrigação regional.

- 136 -

No entanto, os Estados do ‘cinturão de milho’ (Corn Belt) consomem

menos de 100 galões de água por galão de etanol, tornando-os mais

adequados para a produção de etanol.

Reportagem 3 (Zenker, 2009): Matéria apresentada em 22/03/2009 no Agência Brasil – Empresa Brasil de Comunicação Dia Mundial da Água: ONU recomenda que países criem políticas para regular consumo

O aumento cada vez maior do consumo de água vai exigir que os países

estabeleçam políticas públicas para regular o seu uso. Essa é uma das

conclusões do 3º Relatório das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Mundial

dos Recursos Hídricos, divulgado durante o 5º Fórum Mundial da Água, que

ocorreu em Istambul, na Turquia, ontem (22), Dia Mundial da Água.

O documento informa que já existem políticas em diversos países para

redução da demanda e do desperdício de água. O texto alerta também para a

necessidade do envolvimento de todos os setores da sociedade responsáveis

pelas tomadas de decisão, e não somente das áreas que tratam diretamento

do assunto, na formulação de diretrizes para regular o consumo de água.

Entre os fatores que vão levar ao consumo ainda maior de água, prevê o

relatório da ONU, estão o crescimento e a mobilidade da população, o aumento

no padrão de vida, mudanças nos hábitos alimentares e o crescimento da

produção de energia, particularmente de biocombustíveis. Além disso, segundo

texto, os efeitos das alterações climáticas devem agravar a situação em países

que já estão quase no limite de uso de água dos recursos hídricos.

De acordo com o relatório, triplicou a prospecção de água potável nos

últimos 50 anos e dobrou o número de áreas irrigadas.

A ONU atribuiu isso ao crescimento da população mundial, que registra

cerca de 80 milhões de nascimentos por ano. O aumento demográfico vem

- 137 -

resultando num incremento anual de 64 bilhões de metros cúbicos na demanda

por água.

A agricultura é o principal consumidor, respondendo por 70% do uso de

água. Caso não sejam tomadas medidas para conter o uso dos recursos

hídricos pelo setor agrícola, alertam os autores do relatório, a procura mundial

por água vai crescer entre 70% e 90% até 2050.

Ainda segundo o relatório da ONU, a expansão da produção de

biocombustíveis também contribuiu para aumentar o consumo de água. A

produção de etanol, de acordo com o documento, triplicou entre 2000 e 2007 e

pode chegar a 127 bilhões de litros até 2017. O Brasil e os Estados Unidos são

os principais produtores, tendo como matrizes, respectivamente, a cana-de-

açúcar e o milho.

Além disso, destaca o documento, as mudanças nos hábitos alimentares

também têm aumentado a demanda pelos recursos hídricos, especialmente o

crescimento do consumo de carne. Para a produção de um quilo de carne são

necessários entre 800 e 4 mil litros de água.

- 138 -

ANEXO VI

Reportagem 1 (Nájar, 2009): Matéria apresentada em 07/08/2009 na BBC Brasil Excesso de extração de água causa rachaduras gigantes no solo do México

A Cidade do México está sofrendo com rachaduras gigantes no solo que

ameaçam comunidades inteiras. De acordo com as autoridades, o problema se

deve ao excesso de extração de água na capital e nos arredores, onde o solo

não é estável. Dados oficiais revelaram que há risco de afundamento em oito

delegações da cidade, onde vive mais de um milhão de pessoas.

Os moradores de Villas San Martín, no município de Chalco, a leste da

Cidade do México, levaram um susto no início de junho, quando um forte ruído

foi ouvido e várias casas tremeram.

Do lado de fora, eles encontraram uma rachadura de quase um

quilômetro de extensão e seis metros de largura.

"Escutamos um barulho muito forte que vinha de baixo, e logo vimos que

o chão estava se abrindo. Me assustei porque tudo aconteceu em poucos

segundos", disse à BBC a moradora Martha Ortíz.

'Círculo Vicioso'

O governo mexicano já localizou 172 fendas como a de Chalco, além de

250 comunidades construídas sobre túneis e minas antigas.

As rachaduras no solo se tornam mais frequentes na época de chuvas,

que começa em maio e termina em setembro. Segundo Jorge Legorreta, da

Universidad Autónoma Metropolitana, o problema se agravou nos últimos dez

anos.

"A cidade não tem fornecimento de água de fontes externas e a situação

foi resolvida com a extração do subsolo. É um círculo vicioso difícil de ser

rompido", explica ele.

- 139 -

Legorreta alertou que as fendas no solo continuarão aparecendo

enquanto não se encontrar uma alternativa para a prospecção de água.

A população que vive em terrenos com minas e túneis subterrâneos

também está em risco permanente.

As fendas no chão se tornam mais freqüentes na temporada de chuvas

"É um problema que já tem muitos anos e que estamos resolvendo, mas

no passado casas inteiras se afundaram", diz o administrador local José Luis

Zamorra.

- 140 -

ANEXO VII

Reportagem 1 (Portal EcoDebate, 2010):

Matéria apresentada em 15/06/2010 no Portal EcoDebate Uso inadequado e poluição ameaçam reservas de águas subterrâneas

“(...) Uso inadequado

Apesar da grande extensão do Aquífero Guarani, 1,1 milhão de

quilômetro quadrado (Km2), de acordo com o geólogo, Luiz Amore, observa-se

sinais de exploração exagerada em regiões específicas como a de Ribeirão

Preto, cidade localizada a 320 km da capital do estado de São Paulo.

Segundo o pesquisador, o aquífero rebaixou quase 60 metros, na zona

central da cidade, desde 1970 até hoje. “A própria sociedade usa ainda o

recurso num nível insustentável. A média de consumo de água nacional é de

250 litros habitante/dia, em Ribeirão Preto é de 400 litros/dia e algumas

residências têm aspersores no telhado para reduzir o calor em determinadas

épocas”, informa.

Para Amore, o descontrole e o interesse especial pela utilização do

recurso têm várias explicações, entre elas, a qualidade e o baixo custo. “Uma

água pura, limpa, da melhor qualidade e barata. Não exige tratamento. Tratar

água superficial é muito mais caro”, argumenta.

O especialista em engenharia ambiental também reforça que o problema

do rebaixamento do aquífero em Ribeirão Preto é local. “Não afeta nem mesmo

as regiões vizinhas (com exceção de Sertãozinho que também usa a água

subterrânea). Por isso, é muito importante aprender a usar e a fomentar a

gestão local do Aquífero Guarani, com a participação da população, dos órgãos

públicos e dos gestores hídricos da região”, sustenta.

Ribeirão Preto está localizada numa área de recarga do Guarani, onde há

maior vulnerabilidade natural à poluição e um intenso uso da água subterrânea

para o abastecimento público. O fato também de ser um pólo de

- 141 -

desenvolvimento regional, em constante crescimento,motivou a implantação de

um Projeto Piloto no local, onde foi feito o zoneamento de áreas com o objetivo

de preservar o reservatório natural.

Segundo Amore, a Comissão Local de Apoio à Gestão, criada no âmbito

do projeto, permitiu a criação de áreas de zoneamento na região: áreas onde

não se pode mais perfurar poços; áreas com uso possível dependendo das

circunstâncias e outras destinadas à preservação. Nestas últimas, não é

permitido impermeabilizar e nem ter determinados tipos de desenvolvimento

urbano e asfalto.

“Porque, caso contrário, a água não vai infiltrar e recarregar o aquífero e

o rebaixamento vai piorar. Eles (agentes públicos e privados de Ribeirão Preto)

começaram a fazer a gestão do próprio aquífero para o uso sustentável das

águas subterrâneas nos próximos anos”, comenta Amore.

No Brasil, a água subterrânea é de domínio dos estados. Na avaliação do

presidente da Associação Brasileira de Águas Subterrâneas (Abas-RJ),

Humberto Albuquerque, o sistema de gestão nos estados precisa funcionar de

forma adequada, em todo o território nacional, para não abrir espaço para as

perfurações de poços de maneira clandestina. “A pessoa começa a usar e não

é do conhecimento público, dos órgãos gestores”(...)”.

- 142 -

Reportagem 2 (Portal EcoDebate, 2009a): Matéria apresentada em 02/09/2009 no Portal EcoDebate Agrotóxicos são ameaça no Aquífero Guarani

“ (...) Método detecta agrotóxicos na água e no solo de áreas do Aquífero

Guarani – Pesquisas feitas em parceria IQ-Embrapa concentraram-se na divisa de Goiás

e Mato Grosso

Métodos simples e econômicos para determinar a presença de

agrotóxicos na água e no solo das áreas de recarga do Sistema Aquífero

Guarani (SAG) acabam de ser desenvolvidos e validados pelo Instituto de

Química (IQ) da Unicamp, em parceria com a Embrapa Meio Ambiente de

Jaguariúna (SP). O SAG é o maior reservatório de águas subterrâneas da

América do Sul e o terceiro do planeta, localizando-se em sua quase totalidade

no território brasileiro e se estendendo até a Argentina, Uruguai e Paraguai. As

áreas de recarga são aquelas de afloramento das águas que, próximas à

superfície, estão mais sujeitas à contaminação.

(...)

A pesquisadora explica que agrotóxicos depositados no solo podem ser

transportados até as águas subterrâneas principalmente por meio de

degradação, adsorção e lixiviação. A avaliação dos níveis desses produtos

ganha relevância devido à existência de outras regiões de recarga do Aquífero

Guarani sob risco de contaminação, como nos estados de São Paulo (cultura

de cana-de-açúcar), Paraná (milho), Santa Catarina (maçã) e Rio Grande do

Sul (arroz) (...)”.

- 143 -

AN

EX

O V

III

Figura 4.8 – A situação da exploração dos aqüífe

ros no mundo

(Clarke e King, 2005).

- 144 -

ANEXO IX

Reportagem 1 (Rocha, 2009): Matéria apresentada em 21/03/2009 no A Tarde OnLine As guerras por falta d’água.

O que fazer quando se abre a torneira e não cai nem um pingo, mas

quando os olhos se viram para o vizinho e a água jorra pelas tubulações? Difícil

pensar em situações extremas de sede, e talvez seja a dificuldade de raciocínio

que leve povos e países a entrarem em conflito por conta da escassez ou da

má distribuição do líquido vital. Quanto mais raro é o bem, maior é a

possibilidade de atritos. Neste final de semana a Organização das Nações

Unidas (ONU) está reunida para tentar identificar onde eles estão ocorrendo.

No mundo, segundo cálculos da ONU, mais de 1.800 situações de

relação internacional entre países já ocorreram por conta da disputa por água.

A maioria, oficialmente, não passou do diálogo e terminou em tratados

pacíficos. No entanto, a ONU calcula que pelo menos 21 guerras já foram

causadas por conta da disputa por água, na radicalização da lógica do “farinha

pouca, meu pirão primeiro”.

Dentre os conflitos armados, Israel está envolvido na maioria (18).

Exemplos recorrentes são as disputas com Síria e Jordânia pelas Colinas de

Golã. “Israel foi à guerra contra a Síria não porque as Colinas de Golã têm uma

vista bonita, mas porque ali há as nascentes do Rio Jordão, fundamental para o

abastecimento de água para o Oriente Médio”, explica Antônio da Costa

Miranda Neto, membro do Conselho de Assessoramento ao secretário-geral da

ONU para assuntos de água e esgoto.

A água é mais um motivo da disputa de Israel com os palestinos em

Jerusalém e Faixa de Gaza. “Em Jerusalém, cidade dividida entre os dois

povos, tem cano de água que passa de um lado para o outro, mas hoje

ninguém se atreve a fechar uma tubulação dessas, porque aí a radicalização é

- 145 -

tremenda”, conta Antônio Miranda, pernambucano internacionalizado graças

aos seus profundos conhecimentos em recursos hídricos.

Mas, volta e meia, Palestina e Israel trocam acusações sobre roubo de

água. Israel acusa palestinos de construírem poços ilegais. Mas sofre

acusação de roubar água do subsolo palestino se utilizando de bombas ultra-

avançadas. E a água, bem fundamental para a vida, segue como mais uma

desculpa para esta guerra sem-fim.

Atualmente, uma guerra se anuncia iminente entre Sudão e Egito, na

África, por conta da exploração do Rio Nilo. O especialista pernambucano

Antônio Miranda explica que o Sudão, país a montante do rio, manifestou o

desejo de construir mais uma barragem. O Egito, país mais abaixo do rio

(jusante), encara a possível obra como uma manifestação de guerra. E o

Sudão, como reação, ameaça explodir barragens do Nilo e afundar regiões do

Egito.

Problemática – Os exemplos de Israel versus vizinhos e Sudão versus

Egito estão localizados nas regiões mais problemáticas: o Oriente Médio e a

parte norte da África. Mas as possibilidades de conflito pelo uso da água são

imensas, já que as fronteiras de 145 países são estabelecidas por 260 bacias

hidrográficas, o que torna uma única fonte de água doce disputada por pelo

menos duas nações. Para tentar evitar conflitos, a Unesco lançou o programa

“De conflitos potenciais à cooperação potencial”.

Reportagem 2 (Estadão, 2008b): Matéria apresentada em 03/06/2008 no Estadão OnLine. Síria diz que Israel deve devolver Colinas de Golan.

Falando a editores de jornais dos Emirados Árabes Unidos durante uma

visita ao Estado do golfo árabe, Assad também disse que a mediação dos

Estados Unidos seria essencial para a continuidade das conversas indiretas,

- 146 -

iniciadas no mês passado através de representantes turcos. "Neste estágio,

não estamos falando (com Israel) sobre mais nada. O que está na agenda é a

devolução de todas as terras", disse o presidente na segunda-feira, segundo o

jornal al-Khaleej. "Nas negociações indiretas, vamos definir os detalhes, que

incluem recursos hídricos e outras questões."

"Em relação à água, há regras internacionais que governam essas coisas,

mas se a questão da água servir para (a Síria) desistir das fronteiras de 1967

que vão até a Tibéria, então nunca vai haver um consenso sobre as fronteiras

de 1967", disse.

Israel e Síria disseram no mês passado que retomaram as negociações

de paz depois de oito anos. As últimas negociações acabaram por causa do

controle da área próxima ao lago de onde Israel retira boa parte da água que

utiliza. A Síria diz que, segundo a Turquia, Israel garantiu que os Estados

judeus estão dispostos a devolver as Colinas de Golan em troca de paz.

"As negociações estão em um estágio primário. Depois, elas precisarão

de patrocínio internacional, principalmente dos Estados Unidos, uma

superpotência que tem ligações especiais com Israel", disse Assad, segundo o

jornal al-Bayan.

Muitos analistas dizem que a hostilidade americana à Síria torna a paz

com Israel improvável, pelo menos antes do fim do mandato de George W.

Bush. Os Estados Unidos dizem não se opor às negociações, mas continuam a

criticar a Síria por seu "apoio ao terrorismo".

Israel anexou as Colinas de Golan em 1981 e foi condenado pela

comunidade internacional. Além da posição estratégica, as Colinas de Golã

dão a Israel o comando de importantes recursos hídricos, que tem pastos,

hortas e vinícolas, raridade na região árida. Cerca de 18 mil israelenses se

mudaram para as Colinas de Golan, onde vivem aproximadamente 20 mil sírios

que obtiveram a oferta de cidadania israelense. Muitos recusaram.

- 147 -

Reportagem 3 (Estadão, 2009): Matéria apresentada em 03/09/2009 no Estadão OnLine. Turquia, Iraque e Síria disputam o fornecimento de água.

Aumentou hoje a tensão entre Turquia, Iraque e Síria pela utilização da

água dos rios Tigres e Eufrates. Iraque e Síria pedem mais água, pois

enfrentam uma forte seca, mas a Turquia diz que está no limite. A questão

ameaça prejudicar as relações entre a Turquia e seus vizinhos e complicar os

esforços para levar estabilidade à região. O assunto foi discutido hoje na

reunião sobre o estabelecimento de estações conjuntas para medir o volume

de água dos rios, troca de informações sobre o clima e a criação de programas

conjuntos de educação para melhorar a gerência dos recursos naturais.

O ministro de Energia da Turquia, Taner Yildiz, disse que a região

sudeste do país também está sofrendo com a falta de chuvas, mas afirmou que

seu país continua enviando mais água do que está legalmente obrigado. Ele

disse que a Turquia está liberando uma média de 517 metros cúbicos de água

por segundo, em vez dos 500 metros cúbicos exigidos. "A água não é

abundante na Turquia", disse Yildiz durante a reunião. "Não podemos elevar

mais esta quantidade".

O Iraque, que sofre com uma forte seca, acusa a Turquia e a Síria de

pegarem muita água dos rios. Chuvas abaixo da média e água insuficiente do

Tigre e do Eufrates deixaram o Iraque carente de água pelo segundo ano

seguido, arruinando a agricultura e ameaçando o suprimento de água potável.

O ministro iraquiano das Reservas d''água, Abdul-Latif Jamal Rasheed,

reclamou dos vizinhos: "A Turquia diz que está mandando 500 metros cúbicos

por segundo, mas essa quantidade não está chegando até nós", afirmou

Rasheed. "Temos de observar a água que vem da Síria".

- 148 -

Nader al-Bunni, ministro da Irrigação da Síria, afirmou que seu país está

permitindo que mais água vá para o Iraque do que o exigido pelos acordos.

"Nós entendemos a necessidade do Iraque e estamos permitindo que 69% das

águas do Eufrates fluam para o povo irmão do Iraque. Elevamos o porcentual

de 58% para 69%", afirmou.

Reportagem 4 (Diário de Notícias, 2005): Matéria apresentada em 03/02/2005 no Diário de Notícias. Água pode ser causa de guerra

A disputa pela água pode vir a desencadear guerras em África e no

Médio Oriente, alertou ontem Butros Butros Ghali, antigo secretário-geral da

ONU. Numa entrevista à BBC rádio, o responsável egípcio afirmou que "uma

confrontação militar entre os países da bacia do Nilo parece ser praticamente

inevitável", a menos que estes "consigam fazer uma partilha justa" daquele

recurso natural.

O Egipto é, desde há muito, o maior utilizador da água do Nilo. No

entanto, países como o Quénia (onde morreram recentemente 15 pessoas

numa disputa interna pela água ), a Etiópia e a Tanzânia começaram a

reclamar uma melhor gestão e maior partilha da água.

Alguns governantes queixam- -se do uso excessivo que os egípcios

fazem do Nilo para tentar converter áreas desérticas em solos aráveis. Mas,

explica Butros Ghali, "o Egipto vai ainda precisar de mais água no futuro devido

à sua explosão demográfica", uma vez que nos últimos 50 anos a sua

população aumentou em 50 milhões (actualmente conta com 70 milhões).

O antigo ministro dos Negócios Estrangeiros egípcio fez questão de

sublinhar que "a segurança do Egipto depende das suas relações com a

Etiópia (país onde nasce o Nilo Azul), o Sudão, o Quénia e outros Estados

- 149 -

africanos". E manifestou a esperança de que organizações internacionais,

como o Banco Mundial, intervenham para garantir um acordo pacífico entre

todos os países da bacia do Nilo.

Butros Ghali referiu ainda que "um Estado palestiniano não será viável no

caso de a sua água ser controlada por Israel".

- 150 -

ÍNDICE

RESUMO .................................................................................................................................................... 5 METODOLOGIA ........................................................................................................................................ 6 SUMÁRIO ................................................................................................................................................... 8 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................... 9 CAPÍTULO I ............................................................................................................................................. 14 ÁGUA: SUA IMPORTÂNCIA E DISTRIBUIÇÃO ............................................................................... 14

1.1. ORIGEM E IMPORTÂNCIA DA ÁGUA ................................................................................................ 14 1.2. DISTRIBUIÇÃO DA ÁGUA NO PLANETA ........................................................................................... 20 1.3. CICLO HIDROLÓGICO ..................................................................................................................... 23 1.4. DISTRIBUIÇÃO DA ÁGUA NOS CONTINENTES ................................................................................. 25 1.5. DISTRIBUIÇÃO DA ÁGUA NO BRASIL ............................................................................................. 35

CAPÍTULO II ............................................................................................................................................ 39 AS CAUSAS DA FALTA DE ÁGUA .................................................................................................... 39

2.1. DESPERDÍCIO E IRREGULARIDADES NA DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA.................................................. 40 2.2. CRESCIMENTO POPULACIONAL ..................................................................................................... 50 2.4. AQUECIMENTO GLOBAL ................................................................................................................. 60 2.5. CONSUMO DE ÁGUA PARA PRODUÇÃO DE ENERGIA ..................................................................... 62

O PICO DA ÁGUA .................................................................................................................................. 65 CAPÍTULO IV ........................................................................................................................................... 75 OS PRINCIPAIS IMPACTOS DE UMA ESCASSEZ DE ÁGUA .................................................... 75

4.1. O DESASTRE DO MAR DE ARAL .................................................................................................... 76 4.2. O ENCOLHIMENTO DO LAGO CHADE ............................................................................................. 80 4.3. A REDUÇÃO DO NÍVEL DOS AQUÍFEROS ........................................................................................ 82 4.4. OS CONFLITOS PELA ÁGUA. .......................................................................................................... 88 4.5. IMPACTOS CAUSADOS PELA POLUIÇÃO DAS ÁGUAS..................................................................... 93 4.6. ÁGUA: FONTE DE VIDA E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO. ......................................................... 96

CAPÍTULO V ............................................................................................................................................ 99 POSSÍVEIS SOLUÇÕES PARA MITIGAR A CRISE ........................................................................ 99

5.1. REDUÇÃO DO CONSUMO DE ÁGUA NA IRRIGAÇÃO ........................................................................ 99 5.2. A DESSALINIZAÇÃO DA ÁGUA. ..................................................................................................... 103 5.3. EDUCAÇÃO AMBIENTAL .............................................................................................................. 106 5.4. A VALORAÇÃO DA ÁGUA .............................................................................................................. 110

CONCLUSÃO ........................................................................................................................................ 116 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................................. 119 ANEXOS ................................................................................................................................................. 128

ANEXO I ............................................................................................................................................. 129 ANEXO II ............................................................................................................................................ 130 ANEXO III ........................................................................................................................................... 131 ANEXO III ........................................................................................................................................... 132 ANEXO IV .......................................................................................................................................... 133

- 151 -

ANEXO V ........................................................................................................................................... 134 Reportagem 1 (Cortez, 2009a): ...................................................................................................... 134 Relatório alerta para o balanceamento dos biocombustíveis e dos recursos hídricos ................... 134 Reportagem 2 (Cortez, 2009b): ...................................................................................................... 135 Impacto da produção de etanol de milho nos recursos hídricos é 3 vezes maior do que o estimado. ........................................................................................................................................................ 135 Reportagem 3 (Zenker, 2009): ........................................................................................................ 136

ANEXO VI .......................................................................................................................................... 138 Reportagem 1 (Nájar, 2009): .......................................................................................................... 138 Matéria apresentada em 07/08/2009 na BBC Brasil ...................................................................... 138

ANEXO VII ......................................................................................................................................... 140 Uso inadequado e poluição ameaçam reservas de águas subterrâneas ......................................... 140 Reportagem 2 (Portal EcoDebate, 2009a): .................................................................................... 142 Agrotóxicos são ameaça no Aquífero Guarani ............................................................................... 142

ANEXO VIII ........................................................................................................................................ 143 ANEXO IX .......................................................................................................................................... 144

Reportagem 1 (Rocha, 2009): ......................................................................................................... 144 As guerras por falta d’água. ........................................................................................................... 144 Reportagem 2 (Estadão, 2008b): .................................................................................................... 145 Síria diz que Israel deve devolver Colinas de Golan. ..................................................................... 145 Reportagem 3 (Estadão, 2009): ...................................................................................................... 147 Reportagem 4 (Diário de Notícias, 2005): ..................................................................................... 148

ÍNDICE DE FIGURAS ........................................................................................................................... 152 ÍNDICE DE TABELAS .......................................................................................................................... 155 FOLHA DE AVALIAÇÃO ..................................................................................................................... 156

- 152 -

ÍNDICE DE FIGURAS

FIGURA 1.1 – EVOLUÇÃO DA TERRA ......................................................................................................... 16

FIGURA 1.2 – TERRA VISTA DA SONDA GALILEO ....................................................................................... 20

FIGURA 1.3 – DSITRIBUIÇÃO DE ÁGUA NO PLANETA .................................................................................. 21

FIGURA 1.4 – DSITRIBUIÇÃO DAS ÁGUAS SUPERFICIAIS ........................................................................... 22

FIGURA 1.5 – DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA NO MUNDO EM KM³ ....................................................................... 23

FIGURA 1.6 – DESENHO REPRESENTATIVO DO CICLO HIDROLÓGICO ....................................................... 24

FIGURA 1.7 – COMPARATIVO ENTRE O SUPRIMENTO DE ÁGUA E A POPULAÇÃO GLOBAL POR

CONTINENTE. .............................................................................................................................................. 27

FIGURA 1.8 – GASTO DE ÁGUA POR PAÍS QUANDO COMPARADO A QUANTIDADE DE ÁGUA DOCE

DISPONÍVEL ................................................................................................................................................. 28

FIGURA 1.9 – DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA POR SETOR ................................................................................... 29

FIGURA 1.10 – CONSUMO DE ÁGUA POR NÍVEL DE RENDIMENTO DOS PAÍSES ......................................... 30

FIGURA 1.11 – A DESIGUALDADE NO ACESSO À ÁGUA POTÁVEL A NÍVEL GLOBAL ................................... 31

FIGURA 1.12 – PERCENTUAL DE DISTRIBUIÇÃO DO CONSUMO DE ÁGUA POR SETOR NOS CONTINENTES

.................................................................................................................................................................... 32

FIGURA 1.13 – PROJEÇÃO DA CAPTAÇÃO SETORIAL DE ÁGUA PARA 2025 EM KM³ POR ANO .................. 33

FIGURA 1.14 – DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA VIRTUAL COMERCIALIZADA POR TIPO DE PRODUTO ................... 34

FIGURA 1.15 – COMPARATIVO ENTRE POPULAÇÃO E RECURSOS HÍDRICOS POR REGIÃO BRASILEIRA.... 36

FIGURA 1.16 – DISTRIBUIÇÃO DO USO DA ÁGUA NO BRASIL POR SETORES ............................................. 37

FIGURA 2.1 – OS PRINCIPAIS USOS DOMÉSTICOS DA ÁGUA ...................................................................... 41

FIGURA 2.2 – DISTRIBUIÇÃO ANUAL DE ÁGUA EM KM³ PARA O CONSUMO DOMÉSTICO E PROJEÇÃO PARA

O ANO DE 2025........................................................................................................................................... 43

FIGURA 2.3 – FOTOS DEMONSTRATIVAS DE VAZAMENTOS NOS SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA .. 44

FIGURA 2.4 – DEMONSTRATIVO DO GASTO DEVIDO AO USO INADEQUADO DE TORNEIRAS ...................... 44

- 153 -

FIGURA 2.5 – DISTRIBUIÇÃO ANUAL DE ÁGUA EM KM³ PARA O CONSUMO INDUSTRIAL E PROJEÇÃO PARA

O ANO DE 2025........................................................................................................................................... 46

FIGURA 2.6 – PROJEÇÃO DO USO DA ÁGUA DESCRIMINADO EM EXTRAÇÃO E CONSUMO. ....................... 49

FIGURA 2.7 – COMPARATIVO ENTRE CRESCIMENTO POPULACIONAL E EXTRAÇÃO DE ÁGUA PARA

CONSUMO ................................................................................................................................................... 50

FIGURA 2.8 – PROJEÇÃO DO CRESCIMENTO POPULACIONAL ATÉ 2050 ................................................... 51

FIGURA 2.9 – COMPARATIVA ENTRE A QUANTIDADE DE PESSOAS E DE ÁGUA AO LONGO DOS ANOS ...... 52

FIGURA 2.10 – O MAPA ILUSTRA A % DA POPULAÇÃO COM ACESSO À FONTES DE ÁGUA PURA .............. 54

FIGURA 2.11 – FOTOS DEMONSTRATIVAS DE POLUIÇÃO DE CORPOS HÍDRICOS ...................................... 57

FIGURA 2.12 – ELEVAÇÃO DA EVAPORAÇÃO DOS RESERVATÓRIOS AO LONGO DOS ANOS, DETERMINADO

PELO EFEITO DO AQUECIMENTO GLOBAL ................................................................................................... 61

FIGURA 3.1 – GRÁFICO REPRESENTATIVO DO PICO DA ÁGUA SIMILAR A CURVA EM FORMA DE SINO

OBSERVADA POR HUBBERT PARA O PETRÓLEO. ....................................................................................... 66

FIGURA 3.2 – QUANTIDADE DE PESSOAS ATINGIDAS PELA SITUAÇÃO DE PRESSÃO OU ESCASSEZ EM

RELAÇÃO AOS RECURSOS HÍDRICOS ............................................................................................................. 68

FIGURA 3.3 - CURVA DE DISPONIBILIDADE DE ÁGUA NO MUNDO PROJETADA PARA 2050........................ 69

FIGURA 3.4 – CONDIÇÕES DE PRESSÃO E ESCASSEZ OBSERVADA NAS VÁRIAS REGIÕES DO PLANETA .. 70

FIGURA 3.5 – GRÁFICO DEMONSTRATIVO DA DISPONIBILIDADE EM FUNÇÃO DO DESENVOLVIMENTO ..... 71

FIGURA 4.1 – LOCALIZAÇÃO DO MAR DE ARAL .......................................................................................... 76

FIGURA 4.2 – EVOLUÇÃO ANUAL DA REDUÇÃO DO VOLUME DE ÁGUA NO MAR DE ARAL.......................... 77

FIGURA 4.4 – AS FOTOS MOSTRAM CARCAÇAS DE NAVIOS SOBRE O LEITO SECO DO MAR DE ARAL, ALÉM

DA PRESENÇA DE SALINAS - PÓ BRANCO AO FUNDO .................................................................................. 79

FIGURA 4.5 – LOCALIZAÇÃO DO LAGO CHADE .......................................................................................... 80

FIGURA 4.6 – EVOLUÇÃO ANUAL GRADATIVA DA REDUÇÃO DO LAGO CHADE .......................................... 81

FIGURA 4.7– FOTOS DE SATÉLITE QUE DEMONSTRAM O ENCOLHIMENTO DO LAGO CHADE ................... 82

FIGURA 4.7 – CAMPOS DE IRRIGAÇÃO LOCALIZADOS SOBRE O AQÜÍFERO OGALLALA ............................. 84

FIGURA 4.8 – ALTERAÇÕES NOS NÍVEIS DE ÁGUA DO AQÜÍFERO OGALLALA ............................................ 85

FIGURA 4.9 – FOTOS DE RACHADURAS NA CIDADE DO MÉXICO ............................................................... 87

- 154 -

FIGURA 4.10 – LOCALIZAÇÃO DO RIO NILO E DOS RIOS TIGRES E EUFRATES. ....................................... 89

FIGURA 4.11 – O EMISSÁRIO NACIONAL DE ISRAEL E OS AQÜÍFEROS DA REGIÃO .................................. 91

FIGURA 4.12 – NÚMERO DE MORTES DEVIDO À OCORRÊNCIA DE ÁGUA SUJA NO ANO DE 2000. ............ 95

FIGURA 5.1 – MÉTODOS DE IRRIGAÇÃO .................................................................................................. 101

FIGURA 5.2 – ESQUEMA REPRESENTATIVO DO PROCESSO DE DESSALINIZAÇÃO POR EVAPORAÇÃO. .. 103

FIGURA 5.3 – ESQUEMA REPRESENTATIVO DO PROCESSO DE DESALINIZAÇÃO POR OSMOSE REVERSA.

.................................................................................................................................................................. 104

FIGURA 5.4 – ENERGIA NECESSÁRIA PARA PRODUZIR 1.000 LITROS DE ÁGUA DOCE POR

DESSALINIZAÇÃO. DADOS BASEADOS NO ANO DE 2003.......................................................................... 105

FIGURA A1 - REPORTAGEM DO PORTAL ECODEBATE QUE DEMONSTRA AS DESIGUALDADES

ENVOLVIDAS NO CONSUMO DE ÁGUA DE ALGUNS PAÍSES........................................................................ 129

FIGURA A2 – DISTRIBUIÇÃO MUNDIAL DO CONSUMO DE ÁGUA UTILIZADA POR SETOR, EM ORDEM DE

QUANTIDADE CONSUMIDA ......................................................................................................................... 130

FIGURA A3.1 – MAPA DEMONSTRATIVO DAS DELIMITAÇÕES ENTRE OS ESTADOS E AS REGIÕES

HIDROGRÁFICAS BRASILEIRAS .................................................................................................................. 131

FIGURA A3.2 – COMPARATIVO ENTRE AS VAZÕES MÉDIAS E O QUANTITATIVO POPULACIONAL DAS

REGIÕES HIDROGRÁFICAS BRASILEIRAS .................................................................................................. 132

FIGURA A4.1 – SITUAÇÃO DE CONSUMO DAS PRINCIPAIS BACIAS MUNDIAIS.......................................... 133

FIGURA 4.8 – A SITUAÇÃO DA EXPLORAÇÃO DOS AQÜÍFEROS NO MUNDO ............................................. 143

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ÍNDICE DE TABELAS

TABELA 1.1 – CONSUMO DE ÁGUA NA INDÚSTRIA ..................................................................................... 17

TABELA 1.2 – CONSUMO DE ÁGUA PARA A PRODUÇÃO DE ALGUNS ALIMENTOS. ..................................... 18

TABELA 2.1 – A QUANTIDADE DE ÁGUA NECESSÁRIA PARA GERAR ELETRICIDADE (UM MEGAWATT POR

HORA) ......................................................................................................................................................... 63

TABELA 2.2 – ENERGIA NECESSÁRIA NA DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA. ........................................................... 64

TABELA 3.1 – DADOS PREVISTOS SOBRE A ESCASSEZ DE ÁGUA NO MUNDO PARA O ANO DE 2025 ........ 73

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FOLHA DE AVALIAÇÃO