A CRIATIVIDADE NO VOLEIBOL BRASILEIRO DE ALTO RENDIMENTO...
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A CRIATIVIDADE NO VOLEIBOL BRASILEIRO DE ALTO RENDIMENTO: UMA ANÁLISE DOS CONCEITOS E DIFERENÇAS EXISTENTES ENTRE GÊNEROS
Dietmar Martin Samulski1
Franco Noce2 Varley Teoldo da Costa2
1 – CENESP – EEFETO/UFMG 2 – Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH)
RESUMO
Analisar a criatividade, na visão dos jogadores de voleibol de alto nível, foi o
objetivo deste estudo. Utilizou-se um questionário sobre criatividade nos jogos
esportivos, aplicado a 29 jogadores de voleibol em uma competição de alto nível
(Superliga Brasileira). A análise dos dados foi predominantemente qualitativa. A
principal característica do jogador criativo foi a capacidade de criar alternativas e
variações. A personalidade do jogador criativo foi associada com características
como inteligência, raciocínio, coragem, ousadia e audácia. Para o treinamento da
criatividade foi proposto, entre outras coisas, treinar as capacidades cognitivas e
aprender a solucionar problemas. Conclui-se que o conceito de criatividade dos
jogadores está mais associado com a teoria cognitiva. Foram detectadas algumas
diferenças significativas entre os gêneros.
Palavras-chave: Voleibol; criatividade; esporte de alto nível
ABSTRACT
CREATIVITY IN HIGH LEVEL VOLLEYBALL PLAYERS: AN ANALYSE OF THE CONCEPTS AND DIFFERENCES BETWEEN GENDERS
The objective of the study was to analyze the creativity, in volleyball players'
view. A questionnaire was applied in 29 volleyball players in the high level
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competition (Brazilian’s Superliga). The analysis of data was, predominantly,
qualitative. The results showed that creative player's characteristic main was the
capacity to create alternatives and variations of plays. The creative player's
personality was associated with intelligence, reasoning, courage and audacity. For
development of creativity, it was proposed the training the cognitive capacities and
the solution of problems. To conclude, the concept of the players' creativity is more
associated with the cognitive theory. Some differences significant were detected
between genders.
Keywords: Volleyball; creativity; high level sports
INTRODUÇÃO
A Psicologia Esportiva é uma ciência muito recente que ainda necessita
desenvolver-se em muitas áreas de aplicação. Os primeiros laboratórios e institutos
de pesquisa em Psicologia do Esporte surgiram nos início da década de 1920 nos
Estados Unidos, na antiga União Soviética, no Japão e na Alemanha. Mediante este
fato histórico é fácil compreender que existem áreas da Psicologia Esportiva que
são pouco exploradas e abordadas pelos pesquisadores o que dificulta a elucidação
cientifica de um determinado fenômeno (Samulski, 2002; Weinberg & Gould 2001;
Ruiz, Benedicto & Dias, 2004; Tanenbaum et al, 2003).
Para Hamsen e Samulski (1999), a criatividade esportiva é um destes
fenômenos pouco explorados e de fundamental importância na conjuntura atual do
esporte. A busca por atletas criativos que possam desequilibrar uma partida a favor
de sua equipe nas diversas modalidades esportivas é hoje uma tônica que permeia
o trabalho dos Centros de Excelência Esportiva de captação e formação de talentos
nos diferentes países. Outros responsáveis pela descoberta do jogador criativo são
os treinadores e suas comissões técnicas que através de técnicas empíricas ou
científicas buscam descobrir os verdadeiros diamantes de suas modalidades
esportivas.
Serão abordados a seguir os dois principais tópicos deste trabalho que são a
criatividade no esporte e sua manifestação no voleibol brasileiro de alto rendimento.
Criatividade no Esporte:
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Sternberg e Lubart (1999, p.3) definem criatividade como “um assunto
abrangente, complexo e importante em todas as esferas da vida humana para o
domínio de tarefas”.
No esporte a criatividade pode ser compreendida como algo inesperado,
inovativo ou fora dos padrões normais de ação que o atleta consegue realizar na
modalidade em que está inserido (SAMULSKI, NOCE e COSTA, 2001a, p. 57).
Jogadores criativos sem dúvida, na maioria das vezes, são o diferencial entre
um resultado positivo e uma derrota. Qual clube de futebol não gostaria de contar
com um Ronaldinho Gaúcho? Qual equipe de basquete não queria ter um Michael
Jordan dentro de seu elenco? E no voleibol mundial qual equipe dispensaria os
serviços de um levantador como Mauricio?
A pergunta que continua causando insônia em vários pesquisadores ainda é
a mesma. A criatividade do atleta pode ser treinada ou ela é o produto de um mapa
genético já pré-estabelecido?
Mediante este dilema cientifico, Samulski, Noce e Costa (2001a), em um
artigo de revisão sobre criatividade no esporte detectaram alguns dos principais
fatores que estão relacionados à escassez de estudos da criatividade na área
esportiva; a pouca cientificidade de correntes de estudo da criatividade como, por
exemplo, a corrente mística (ver Westwood & Low, 2003) e a corrente pragmática
(De Bono, 1992 e Taylor & Callahan, 2005); a utilização de métodos e instrumentos
que carecem de validação cientifica e a dificuldade de se mensurar de forma
quantitativa e qualitativa o fenômeno (ver Silvia & Phillips, 2004).
Analisando os dados apresentados por Ruiz, Benedicto & Dias (2004) sob os
rumos da Psicologia do Esporte na Espanha, constatou-se que das 10 grandes sub-
áreas de publicação dos psicólogos esportivos de 1995 a 2003 em nenhuma delas a
criatividade é mencionada, pesquisada e publicada.
Este retrato espanhol vem de encontro com os dados apresentados por
Samulski e Costa (2002), baseados em estatísticas e reflexões publicados pela
Associação Americana de Psicologia (APA) que concluíram que a pesquisa em
criatividade no esporte é uma área que carece de maiores estudos e envolvimento
por parte dos pesquisadores. De acordo com os dados apenas 0,5% dos artigos
publicados dentro da Psicologia Abstrata de 1975 a 1994, refere-se ao tema da
criatividade.
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Mediante todo este cenário de pouco investimento cientifico e baixo interesse
dos profissionais em Educação Física e dos Psicólogos Esportivos, torna-se
necessário apresentar alguns dos principais “guetos científicos” que ainda resistem
na investigação em criatividade.
Os principais veículos científicos de estudo da criatividade são o Journal of
Creative Behavior, fundado em 1967 e o Creativity Research Journal criado em
1988.
O Journal of Creative Behavior, possui um enfoque de estudo da criatividade
voltado para a Educação, tendo atualmente como editor-chefe o Prof. Dr. Thomas B.
Ward, da Universidade de Alabama nos Estados Unidos.
Em parceria com a Creative Education Foundation, fundada por em 1954,
pelo Prof. Dr. Alex Osborn, criador da técnica do brainstorming (tempestade
cerebral) promovem anualmente e de forma ininterrupta desde a sua fundação um
Congresso Internacional sobre Criatividade e Solução de Problemas, que no ano de
2006 estará na sua 52º edição e acontecerá em Chicago no mês de junho.
O Creativity Research Journal é um periódico cientifico bastante eclético, cujo
editor chefe é o Prof. Dr. Mark A. Runco. Observa-se que as publicações estão
relacionadas principalmente ao comportamento criativo dentro dos ambientes
educacionais, organizacionais e da psicologia clinica e cognitiva. Os estudos
publicados raramente envolvem a área esportiva.
No Brasil o LAPES/CENESP-UFMG (Laboratório de Psicologia do Esporte do
Centro de Excelência Esportiva da Universidade Federal de Minas Gerais) tem
procurado fomentar algumas investigações cientificas na área de criatividade e
mecanismos de tomada de decisão. Pode-se citar os trabalhos interculturais
comparando jogadores de futebol da Alemanha e do Brasil (Hamsen & Samulski,
1999, Greco et al., 2001),
Nas áreas de conhecimento tático, tomada de decisão e conhecimento
declarativo no esporte destacam-se as pesquisas realizadas com atletas brasileiros
de seleções estaduais nos Jogos da Juventude (Greco et al, 1998); o ensino do
comportamento tático no voleibol (Noce, Greco e Samulski, 1997).
Paula (2000) validou em seu estudo um teste específico envolvendo
situações de ataque no voleibol que visa mensurar o nível de conhecimento tático e
o tipo de tomada de decisão dos atletas nesta modalidade.
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Souza (2002) realizou estudo semelhante no processo de validação de um
teste de conhecimento declarativo através da analise de imagens de jogo no futsal.
As situações apresentadas em vídeo são relacionadas à tomada de decisão de um
fixo no futsal durante uma situação de jogo organizado.
Recentemente a aplicação de métodos de ensino-aprendizagem-treinamento
no futsal visando o desenvolvimento e aquisição de conhecimento tático na
modalidade foi proposta por Moreira (2004) e faz parte de uma linha de investigação
cientifica das áreas de cognição, Conhecimento Tático e Modelos de Ensino-
Aprendizagem-Treinamento para o Desenvolvimento da Criatividade no esporte
postulados por Greco (2004).
Conclui-se assim através desta breve exposição que existe uma demanda e
uma carência muito grande dentro da psicologia esportiva de pesquisas que
esclareçam o fenômeno da criatividade no esporte sob a luz da ciência.
O Voleibol no Brasil: Crisóstomo (2005) afirma que o voleibol é um dos esportes mais praticados
pela população brasileira nas escolas e clubes e possui uma estrutura
organizacional e profissional dentro do Brasil que serve de exemplo para muitas
modalidades esportivas.
A modalidade, como jogo, exige do atleta um bom preparo físico, domínio
técnico, ótimo nível de concentração mental e um bom pensamento tático (Noce,
1999). Porém, o talento do atleta de vôlei brasileiro ainda se destaca através de
uma capacidade que poucos jogadores possuem: a criatividade.
Este fenômeno, aliado a um planejamento estratégico da Confederação
Brasileira de Voleibol (CBV), tem proporcionado ao país uma seqüência vitoriosa de
conquistas dentro do cenário internacional. Segundo estatísticas da CBV (2005) as
seleções brasileiras, masculina e feminina, estão classificadas em 1º e 2º lugares
respectivamente no ranking da Federação Internacional de Voleibol (FIVB). Esta
supremacia também ocorre nas seleções de categoria de base juvenil e infanto-
juvenil masculina e feminina.
O Curso de Treinadores promovido pela CBV e regulamentado pela
Comissão Nacional de Treinadores da CBV é um outro pilar que garante a
qualidade do profissional que trabalha com o esporte no país. Atualmente este curso
é composto por quatro níveis, com provas teóricas e práticas, que seguem
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exigências internacionais rígidas propostas pela FIVB e que garantem a qualificação
e excelência do candidato aprovado, sendo obrigatório, ao profissional do voleibol
freqüentar o curso de atualização de conhecimentos a cada quatro anos.
A construção do Centro de Desenvolvimento em Voleibol, em Saquarema -
Rio de Janeiro em 2003, tem como objetivo principal concentrar em um só local as
instalações e equipamentos esportivos necessários para o treinamento das
seleções brasileiras de voleibol em todas as suas categorias, promovendo uma
maior integração entre as comissões técnicas e possibilitando uma maior interação
entre os planejamentos.
O projeto conta ainda com atendimento ao público por meio de ações sociais
em suas dependências, além de promover cursos de formação e aperfeiçoamento
de treinadores, dirigentes e profissionais do esporte. Já a capacitação dos árbitros é
realizada pela COBRAV (Comissão Brasileira de Arbitragem no Voleibol) que
encarregada de deliberar sobre todos os assuntos referentes ao cumprimento das
regras oficiais e dos Regulamentos que regem a prática do Voleibol e do Voleibol de
Praia.
Avaliando os diferentes conceitos, apresentados por vários pesquisadores do
mundo (Becker, Roazi, Madeira, 2001; Sternberg, 2004; Sternberg & Grigorenko,
2004; Sternberg, 2001; Runco, 2004), sobre o tema da criatividade, observa-se que
os mesmos possuem um certo consenso em relação a duas características
primordiais do tema, que são a originalidade e a utilidade que estão relacionadas à
vantagem e ao beneficio que a ação criativa irá proporcionar.
No esporte, também se pode observar que estas duas características são
fundamentais, por exemplo, a criatividade de uma jogada no voleibol está na
capacidade do jogador desenvolver algo que é novo (fora dos padrões) e que vá
proporcionar a ele ou a sua equipe algum tipo de vantagem (ponto) dentro do set de
jogo. O produto criativo ou jogada criativa está muito relacionado à eficiência e
precisão que um jogador possui para executar ou variar determinada técnica (Costa,
Noce e Samulski, 2000).
Estudo realizado por Costa, Noce e Samulski (2000), com atletas e
treinadores das Superligas Masculina e Feminina de Voleibol, baseado em
entrevistas estruturadas sobre o tema criatividade, apresentam uma convergência
de depoimentos analisados através do processo de meta-análise, que permitem
definir o atleta de vôlei brasileiro como “um atleta criativo, que improvisa durante a
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partida buscando surpreender o adversário, através da criação de novas jogadas e
variação das jogadas elaboradas previamente nos treinamentos”.
Após esta argumentação cientifica sobre as interfaces da criatividade no
voleibol brasileiro, este estudo, envolvendo jogadores de voleibol de alto rendimento
de ambos os sexos, objetiva verificar quais conceitos esses atletas possuem sobre
criatividade e verificar a existência de diferenças conceituais entre atletas do gênero
masculino e feminino.
MÉTODO
Participaram deste estudo 29 jogadores de voleibol de alto nível, sendo 18 do
sexo masculino e 11 do sexo feminino. Todos os jogadores participaram da
competição denominada “Superliga de Voleibol” nas categorias adulto masculino e
feminino. Estas duas competições reúnem os melhores jogadores do Brasil em
atividade.
O instrumento utilizado para a coleta de dados foi o “questionário sobre
criatividade nos jogos esportivos”, desenvolvido por Roth & Raab (1998), adaptado
por Samulski & Noce (1998) para a língua portuguesa.
O questionário consta de 5 partes abordando aspectos relacionados a
definições, ao produto, à pessoa, ao meio ambiente / treinamento e também sobre a
criatividade, inteligência de jogo e intuição (Anexo A).
O instrumento é predominantemente composto por questões abertas nas
quais os jogadores tem a liberdade de se expressar a respeito dos tópicos
abordados. Consta ainda de algumas escalas de classificação sobre termos chave
da pesquisa e, também, de um quadro de associação de termos relacionados aos
conceitos de criatividade, inteligência e intuição.
O instrumento foi aplicado na oportunidade da realização da competição já
indicada, sempre na cidade de Belo Horizonte. O contato com os clubes era
previamente realizado uma ou duas semanas antes da vinda da equipe para Belo
Horizonte. Os detalhes eram acertados normalmente com o supervisor ou
diretamente com o técnico da equipe, pois o tempo de permanência em Belo
Horizonte era pequeno (dois ou três dias).
A seleção dos indivíduos participantes da amostra ocorreu de acordo com a
indicação dos técnicos das equipes em entrevista estruturada (Anexo B). De acordo
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com os conceitos de criatividade e inteligência de jogo dos técnicos das equipes, os
mesmos indicavam os dois jogadores de sua equipe que mais se aproximavam da
definição.
Devido à característica da competição e das exigências das equipes
participantes, a coleta com os atletas era realizada no hotel em que a equipe ficava
hospedada. O momento exato da coleta era determinado pelo técnico da equipe de
acordo com sua programação. No caso da entrevista com o técnico, esta foi mais
flexível. Uma vez que o técnico ficava à disposição do pesquisador, o mesmo
recebia todas as informações necessárias e respondia à entrevista algumas vezes
no hotel, outras vezes logo após o treinamento da equipe nas dependências do
clube em Belo Horizonte.
Devido à característica do instrumento e da pesquisa, o método adotado foi
uma análise qualitativa na maioria das questões. Foi realizada também uma análise
descritiva exploratória composta por procedimentos de comparação de médias entre
os grupos masculino e feminino. Os procedimentos foram executados através do
pacote estatístico SPSS for windows.
A realização deste estudo intercultural teve, no Brasil, sua condução
orientada pelas normas éticas aplicadas a seres humanos, baseando-se para tanto
na resolução 196/96 (CNS).
RESULTADOS
Definições A definição de jogo criativo, de uma forma geral, predominou sobre a
característica de “criar alternativas e variações”. Este termo, quando comparado os
grupos masculino e feminino (figura 1), não apresentou uma diferença significativa.
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0
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fe mm a s c
Legenda:
1. próprias decisões
2. velocidade percepção;
raciocínio; decisão.
3. análise do comportamento
adversário
4. resolver problemas
5. criar alternativas e variações
6. ter ousadia e coragem
7. jogar de forma inesperada c/
precisão
8. técnica e talento
9. alegre e eficiente (que flui
espontaneamente)
Legenda:
1. próprias decisões
2. velocidade percepção; raciocínio;
decisão.
3. análise do comportamento
adversário
4. resolver problemas
5. criar alternativas e variações
6. ter ousadia e coragem
7. jogar de forma inesperada c/
precisão
8. técnica e talento
9. alegre e eficiente (que flui
espontaneamente)
Figura 1: termos relacionados ao jogo criativo na opinião (%) dos grupos masculino e feminino.
Pessoa As características da personalidade de um jogador criativo e as capacidades
necessárias a este jogador, na visão dos próprios jogadores, é um aspecto
interessante de se observar.
A figura 2 nos mostra que, de uma forma geral, as características da
personalidade necessárias a um jogador criativo estão associadas com a
“inteligência” (18,4%), “coragem e ousadia” (17,2%) e com a “auto-confiança”
(11,5%).
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%
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Legenda:
1.inteligência, raciocínio
2.confiança, auto-confiança
3.coragem, ousadia, audácia
4.antecipação, visão de jogo, percepção
5.habilidades técnicas
6.concentração
7.talento
8.inspiração, intuição
9.responsabilidade para vitória
10.comunicativo
11.controle emocional, lucidez, equilíbrio
12.iniciativa, decisão
20. outros
Figura 2: características da personalidade que um jogador criativo deve possuir.
Ainda em relação às características da personalidade, a comparação dos
grupos (tabela 1) nos mostra que a tendência de associação é semelhante, sendo
as características: “inteligência e raciocínio” e “coragem e ousadia” apresentam uma
indicação bem representativa em ambos os grupos. As diferenças observadas estão
relacionadas às características “confiança e auto-confiança” para o masculino e
“habilidades técnicas” para o feminino. Tabela 1:
Características da personalidade de um jogador criativo para os grupos masculino e feminino
Feminino Masculino
Características N % Características N % 01] Inteligência, raciocínio 6 18,2 01] Inteligência, raciocínio 10 18,9
03] Coragem, ousadia, audácia 6 18,2 02] Confiança, Auto-confiança 9 17,0
05] Habilidades técnicas 4 12,1 03] Coragem, ousadia, audácia 9 17,0
11] Controle emocional, lucidez, equilíbrio 4 12,1 11] Controle emocional, lucidez, equilíbrio 4 7,5
04] Antecipação, visão de jogo, percepção 3 9,1 12] Iniciativa, decisão 4 7,5
12] Iniciativa, decisão 2 6,1 20] Outros 4 7,5
02] Confiança, Auto-confiança 1 3,0 04] Antecipação, visão de jogo, percepção 3 5,7
06] Concentração 1 3,0 06] Concentração 3 5,7
07] Talento 1 3,0 05] Habilidades técnicas 2 3,8
08] Inspiração – intuição 1 3,0 07] Talento 2 3,8
09] Responsabilidade para vitória 1 3,0 08] Inspiração, intuição 1 1,9
20] Outros 1 3,0 09] Responsabilidade para vitória 1 1,9
10] Comunicativo 1 1,9
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No caso das capacidades necessárias a um jogador criativo, as mais
importantes foram: “inteligência, raciocínio” (11,5%), “capacidades e habilidades
técnicas” (11,5%) e “antecipação, visão de jogo” (10,3%).
Meio Ambiente / Treinamento Destaca-se neste ponto as questões referentes aos mecanismos de
desenvolvimento de um jogador criativo, condições do treinamento que facilitam e
dificultam este desenvolvimento e também as características do treinador que
podem interferir positiva ou negativamente no desenvolvimento deste jogador.
No caso do desenvolvimento do jogador criativo, destacadamente, os
jogadores indicam os “exercícios específicos” (21,7%) e também “dar liberdade de
jogar e criar” (13%). Neste mesmo percentual, os jogadores atribuíram que esta
habilidade “é nata” (tabela 2).
Tabela 2:
Como se desenvolve um jogador criativo
Características / Capacidades Geral Feminino Masculino
01 Desenvolver a própria iniciativa 00 (%) 00 (%) 00 (%)
02 Aprender resolver situações difíceis 02 (4,3 %) 01 (4,5 %) 01 (4,2 %)
03 Dar liberdade de jogar e criar 06 (13,0 %) 04 (18,2 %) 02 (8,3 %)
04 Exercícios específicos – treinamento 10 (21,7 %) 03 (13,6 %) 07 (29,2 %)
05 Desenvolver auto-confiança, determinação e força de vontade 03 (6,5 %) 00 (%) 03 (12,5 %)
06 Desenvolver capacidades cognitivas 04 (8,7 %) 03 (13,6 %) 01 (4,2 %)
07 Domínio técnico 03 (6,5 %) 01 (4,5 %) 02 (8,3 %)
08 Permitir espontaneidade 03 (6,5 %) 03 (13,6 %) 00 (%)
09 Espaço máximo e ajudar companheiros / ajuda do técnico 03 (6,5 %) 02 (9,1 %) 01 (4,2 %)
10 Relacionado ao amadurecimento, experiência 03 (6,5 %) 02 (9,1 %) 01 (4,2 %)
11 É nato 06 (13,0 %) 02 (9,1 %) 04 (16,7 %)
12 Oferecer informações 01 (2,2 %) 00 (%) 01 (4,2 %)
13 Condições de treinamento positivas 01 (2,2 %) 00 (%) 01 (4,2 %)
20 Outros 01 (2,2 %) 01 (4,5 %) 00 (%)
Porém, ao comparar os grupos, observa-se um comportamento distinto. O
grupo feminino considera mais importante a “liberdade de jogar e criar” (18,2%) e o
grupo masculino considera os “exercícios específicos” (29,2%) mais importante.
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Criatividade A análise do conceito de criatividade também foi efetuada através do método
de associação de diversas palavras com o referido termo.
O termo criatividade recebeu por parte dos atletas, uma nota referente ao
nível de associação com cada uma das 18 palavras do questionário. A escala de
associação segue abaixo:
1 existe pouca associação
2 existe associação
3 existe muita associação
Pode-se observar que, para ambos os sexos, a criatividade está fortemente
relacionada às palavras “Solução de problemas”, “Inspiração”, “Pensamento”,
“Decisão”, “Concentração” e “Espontaneidade” (figura 3).
0 ,5
1
1 ,5
2
2 ,5
3
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 1314 15 16 1718
fe m in inom a s c ulino
Legenda:
1. Antecipação
2. Atenção
3. Automatização
4. Pensamento
5. Decisão
6. Iluminação
7. Inspiração
8.Instinto
9.Irracionalidade
10.Concentração
11.Pensamento mágico
12.Racionalidade
13.Solução de problemas
14.Espontaneidade
15.Inconsciência
16.Pressentimento
17.Precisão
18.Percepção
Figura 3: associação do termo criatividade na opinião geral dos jogadores.
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Ainda na comparação dos grupos, pode-se verificar diferenças bem
interessantes. Por exemplo, o grupo masculino associa o termo com muito mais
relevância ao “pensamento mágico”, enquanto que o grupo feminino seleciona a
“solução de problemas”.
Durante a comparação dos grupos, através do procedimento estatístico,
foram encontradas diferenças significativas nos seguintes termos:
Irracionalidade (p=0.04) M = 1.47 ± 0.72
F = 1.00 ± 0.00
Pensamento mágico (p=0.0005) M = 2.93 ± 0.26
F = 1.91 ± 0.94
Pressentimento (p=0.05) M = 2.18 ± 0.88
F = 1.54 ± 0.69
Legenda:
M – masculino
F – feminino
p – valor do teste de
significância
Discussão e Conclusão A criatividade pode ser entendida de acordo com várias teorias e correntes
(Sternberg, 2004; Samulski, Noce, Costa, 2001a). Os resultados obtidos neste
estudo indicam que o conceito de criatividade dos jogadores está mais associado à
corrente cognitiva. Weisberg (1986, 1993) propõe que a criatividade envolve
essencialmente processos cognitivos usuais resultando em produtos
extraordinários.
A questão do desenvolvimento do jogador criativo passa pela corrente mística
da criatividade, na qual está relacionada a aspectos como inspiração ou mesmo um
dom divino que possibilita os atletas a realizarem jogadas geniais (Hamsen &
Samulski, 1999). Porém, a maioria dos jogadores entrevistados sugere que a
criatividade pode ser estimulada com exercícios específicos e também oferecendo
aos atletas a liberdade de jogar e criar. Sternberg et al (1997) sugerem uma relação
entre a atividade física e o desenvolvimento do pensamento criativo. Os defensores
da teoria de processamento de informações acreditam que com estímulos
vivenciados por estes atletas na prática é possível aperfeiçoar o desenvolvimento do
potencial criativo (Schmidt & Wrisberg, 2001; Magill, 2000). Alencar (2002) verificou
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que o ambiente com estímulo à criatividade aumentou a percepção dos sujeitos
inseridos no mesmo. Em contrapartida, Alencar & Fleith (2003) verificaram a
existência de diferentes barreiras à expressão da criatividade pessoal que também
dependem do ambiente a qual os indivíduos estão inseridos. Também foi verificada
a importância da qualificação do profissional e de seu relacionamento com o grupo
como elementos facilitadores da criatividade (Santeiro et al, 2004).
A personalidade do jogador criativo foi associada à características como
inteligência, coragem e auto-confiança. Paralelamente à via cognitiva, a
personalidade social é uma das vias para se compreender os processos criativos.
As características relacionadas a traços de personalidade, aspectos motivacionais e
o envolvimento sociocultural são variáveis importantes dentro da personalidade
social (Sternberg & Lubart, 1999). Sternberg & Grigorenko (2004) indicam que a
cultura de uma região também pode estar relacionada com a expressão e
compreensão da criatividade, o que influenciaria de forma decisiva nos processos
de ensino-aprendizagem.
Estudos de Amabile (1983); Gough (1979) e Mackinnon (1965) tem
observado que certos traços de personalidade normalmente caracterizam pessoas
criativas. Pessoas com traços de julgamento independente, autoconfiança, atração
pela complexidade, orientação para o caráter estético (beleza, plasticidade),
periculosidade possuem uma probabilidade maior de serem criativas.
Sternberg & Lubart (1999) citam estudos de Maslow, nos quais os traços de
audácia, coragem, liberdade, espontaneidade, auto-aceitação podem orientar a
pessoa na percepção da totalidade de seu potencial.
Estudos de Amabile (1983), Crutchfield (1962) e Gollan (1962) relacionam a
motivação e a auto-motivação com a criatividade. Segundo estes autores a
motivação intrínseca serve para ordenar e fazer com que haja o progresso em
determinadas ações. A dimensão da volição também foi considerada por Becker et
al (2001) como um componente decisivo da criatividade.
Csikszentmihalyi (1996) associa o conceito de criatividade com a sensação
de “flow-feeling”. Segundo o mesmo autor, o “flow-feeling” é caracterizado por uma
sensação de alegria durante a atividade, a total e absoluta identificação nesta,
esquecendo de si mesmo. Pode-se diferenciar os seguintes elementos do “flow-
feeling” (Jackson & Csikszentmihalyi, 1999): equilíbrio entre habilidade e desafio,
união entre consciência e ação, concentração total, sensação de controle total sobre
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si mesmo e a situação, motivação intrínseca e movimentos harmoniosos, soltos e
fluídos.
Trabalhando de forma paralela com a via cognitiva, a corrente da
personalidade social tem desenvolvido estudos sobre a motivação intrínseca
(Amabile, 1983; Hennessey & Amabile, 1988). Segundo estes autores é possível,
através do treinamento motivacional e outras técnicas, regular o nível de motivação
e observar os efeitos na performance criativa de tarefas tais como escrever poemas
e fazer colagens.
A comparação dos grupos de acordo com o gênero sugere que existem
diferenças significativas quanto à objetividade dos argumentos apresentados na
conceituação do fenômeno (Samulski, Noce, Costa, 2001b; Samulski, 2002).
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Anexo A: Questionário sobre criatividade nos jogos esportivos
1.1. DEFINIÇÃO
a) Por favor, defina, resumindo numa frase, que é um jogador armador
b) Por favor, defina, resumidamente numa frase, que é jogo criativo (criatividade)
1.2. PRODUTO
a) Que é para você, rendimento criativo durante um jogo?
1.3. PESSOA
a) Mencione, por favor, no mínimo 3 características da personalidade, as quais um jogador criativo
deve possuir.
b) Que capacidades precisa um jogador criativo?
1.4. MEIO AMBIENTE / TREINAMENTO
a) Como se desenvolve, segundo sua opinião, um jogador criativo?
b) Mencione, por favor, as condições do meio ambiente que facilitam e as condições que
dificultam o desenvolvimento de um jogador criativo.
c) Mencione, por favor, as características do treinador as quais facilitam e dificultam o
desenvolvimento de um jogador criativo.
1.5. CRIATIVIDADE, INTELIGÊNCIA DE JOGO E INTUIÇÃO
a) Que importância tem o comportamento criativo para um jogador armador ?
Muita importância Nenhuma importância
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
b) Que importância tem a inteligência de jogo para um jogador armador ?
Muita importância Nenhuma importância
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
c) Que você entende por inteligência de jogo ?
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d) Que importância tem a intuição para um jogador armador ?
Muita importância Nenhuma importância
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
e) Que importância tem a intuição para um jogo criativo ?
Muita importância Nenhuma importância
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
f) Que você entende por intuição ?
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g) Na tabela abaixo, você encontra na 1ª coluna, 18 palavras. Por favor, avalie a relação de cada
palavra com o conceito de criatividade, inteligência de jogo e intuição. Neste conceito significa:
1 = existe pouca associação
2 = existe associação
3 = existe muita associação
Por favor, coloque em todos os quadros das colunas 2, 3 e 4 (2-criatividade, 3-inteligência de jogo e
4-intuição), o número 1, 2 ou 3, o que representa segundo sua opinião a intensidade adequada de
associação com a palavra.
Coluna 1 Coluna 2 Coluna 3 Coluna 4
Intensidade de associação relacionada à
PALAVRAS
Criatividade
1, 2 ou 3
Inteligência
1, 2 ou 3
Intuição
1, 2 ou 3
1. Antecipação
2. Atenção
3. Automatização
4. Pensamento
5. Decisão
6. Iluminação
7. Inspiração
8. Instinto
9. Irracionalidade
10. Concentração
11. Pensamento mágico
12. Racionalidade
13. Solução de problemas
14. Espontaneidade
15. Inconsciência
16. Pressentimento
17. Precisão
18. Percepção
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Anexo B: Questionário criatividades – técnico voleibol Dados Pessoais 1. Sexo: masculino feminino
2. Idade: ______ anos
3. Desde quando você treina esta equipe? ______ anos e _____ meses
4. Desde quando você exerce a profissão de técnico? ______ anos
5. Você teve experiências como jogador? ______ anos
6. Quantos jogadores você tem no seu elenco? ______ jogadores
7. Quantas sessões de treino por semana você realiza com sua equipe? ______ sessões
8. Quanto tempo dura uma sessão de treinos em média? ______ minutos
9. Quantos anos em média jogam seus jogadores no clube? ______ anos
10. Você possui uma licença de técnico? sim não
no caso de afirmativo, qual licença ? ___________________________________________
11. Você estudou Educação Física ou uma área afim? sim não
no caso de uma área afim, qual ? ______________________________________________
12. Quais são suas fontes de informação sobre voleibol ?
TV Livros Cursos de capacitação / aperfeiçoamento
Vídeo Revistas Estágios com técnicos
Amigos Medidas do clube outras fontes: ___________________________
Perguntas relacionadas com o conceito de Criatividade 13. Mencione 3 palavras com as quais você associa “Criatividade”:
14. Como você define “Criatividade”?
15. Quais dos conceitos abaixo mencionados você relaciona com a palavra “Criatividade”?
Idéia Talento Inteligência de jogo
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Armador Originalidade Antecipação
Flexibilidade Desempenho no treino Motivação
16. Você acha que a Criatividade pode ser treinada? sim não
No caso afirmativo:
Como você treina a Criatividade: ____________________________________________
Métodos: _______________________________________________________________
Exemplos de exercícios: ____________________________________________________
17. Mencione, por favor, 5 elementos básicos do seu treinamento com categorias básicas (infanto-
juvenil & juvenil).
Contato: Dietmar Martin Samulski Rua Desembargador Paula Motta 888 - Ouro Preto Belo Horizonte – MG – Brasil – CEP; 31310-340 e-mail: [email protected]