“A CPLP é como uma casa. Nem todos irmãos são...

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Ano XVI – Nº 2928 –Sexta-feira, 31 de Julho de 2015 “A CPLP é como uma casa. Nem todos irmãos são iguais” - Salimo Abdula Presidente da Confederação Empresarialda CPLP Existem muitas diferenças en- tre os países da CPLP. “Uns são douto- res, outros são pedreiros, outros são marginais. Mas somos da mesma famí- lia”, ilustra Salimo Abdula. Os constrangimentos são mui- tos, mas o presidente da Confederação Empresarial da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) não tem dúvidas: o caminho é maior integração. Em Lisboa para uma conferência de empresas exportadoras organizada no final de Junho, Salimo Abdula pediu li- berdade de circulação de pessoas e ca- pitais. - É difícil identificar a activi- dade da confederação. Somos nós que andamos distraídos ou têm sido pouco activos? - As duas coisas. Aquela CPLP com base na língua e na cultura fazia sentido até ao momento, mas se não criássemos alguma consistência, iria desmoronar-se. - O objectivo da confedera- ção é ser o braço económico da CPLP? - Os empresários apelaram a outra postura, uma solução para a ima- Frase: Mulheres existem para serem amadas, não para serem entendidas – Vinicius de Moraes gem desgastada da CPLP. Um dos nos- sos grandes objectivos é que haja livre circulação de bens, capitais e serviços. Não faz sentido chamar-lhe comunida- de, quando não podemos circular den- tro de casa. Se estiver numa casa, mas tiver de ficar no seu quarto, não se con- sidera parte da família. A língua repre- Moeda País Compra Venda EUR UE 42,16 42,38 USD EUA 38,21 38,41 ZAR RSA 3,04 3,06 CÂMBIOS/ EXCHANGE 29/07/2015 FONTE: BANCO DE MOÇAMBIQUE SF Holdings, S.A. UM GRUPO COM ENERGIA MOÇAMBICANA

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Ano XVI – Nº 2928 –Sexta-feira, 31 de Julho de 2015

“A CPLP é como uma casa. Nem todos irmãos são iguais” - Salimo Abdula Presidente da Confederação Empresarialda CPLP

Existem muitas diferenças en-tre os países da CPLP. “Uns são douto-res, outros são pedreiros, outros são marginais. Mas somos da mesma famí-lia”, ilustra Salimo Abdula.

Os constrangimentos são mui-tos, mas o presidente da Confederação Empresarial da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) não tem dúvidas: o caminho é maior integração. Em Lisboa para uma conferência de empresas exportadoras organizada no final de Junho, Salimo Abdula pediu li-berdade de circulação de pessoas e ca-

pitais. - É difícil identificar a activi-

dade da confederação. Somos nós que andamos distraídos ou têm sido pouco activos?

- As duas coisas. Aquela CPLP com base na língua e na cultura fazia sentido até ao momento, mas se não criássemos alguma consistência, iria desmoronar-se.

- O objectivo da confedera-ção é ser o braço económico da CPLP?

- Os empresários apelaram a outra postura, uma solução para a ima-

Frase:

Mulheres existem para serem amadas, não para serem entendidas – Vinicius de Moraes

gem desgastada da CPLP. Um dos nos-sos grandes objectivos é que haja livre circulação de bens, capitais e serviços. Não faz sentido chamar-lhe comunida- de, quando não podemos circular den-tro de casa. Se estiver numa casa, mas tiver de ficar no seu quarto, não se con-sidera parte da família. A língua repre-

Moeda País Compra Venda EUR UE 42,16 42,38 USD EUA 38,21 38,41 ZAR RSA 3,04 3,06

CÂMBIOS/ EXCHANGE – 29/07/2015

FONTE: BANCO DE MOÇAMBIQUE

SF Holdings, S.A.

UM GRUPO COM ENERGIA MOÇAMBICANA

O Autarca – Jornal Independente, Sexta-feira – 31/07/15, Edição nº 2928 – Página 2/4 Continuado da Pág. 01

senta cerca de 17% dos custos das em-presas, mas só tem efeito económico se for potenciado pela livre circulação. Queremos também criar a marca CPLP para identificar produtos da comunida-de.

- Em alguns casos a marca nacional não é mais forte? Estou a pensar no Brasil.

- Tem toda a razão, mas se co-meçamos com os problemas não temos soluções. O nosso lema é: “se queres ir rápido, vai sozinho; se queres ir longe, vamos juntos.” É um sonho. Mas te-mos de começar por algum lado. Te-mos de eliminar tabus.

- Que tabus? - O factor de colonizados e co-lonizadores [existiu] sempre... Mas passaram 40 anos. É muito tempo. Não podemos fazer das gerações vindouras reféns. Temos de ser pragmáticos. A CPLP está estrategicamente colocada: nove países, quatro continentes. Pode-mos oferecer lazer de qualidade, gran-de produção de alimentos e dentro de duas décadas representaremos 25% do“oil and gas”. Portugal teria mais a ganhar com urna inserção pragmática na CPLP. Está a gerir a sua actualida-de, hipotecando o seu futuro. O presen- te se calhar é a União Europeia, mas no futuro terá mais benefícios em juntar-

se à causa da CPLP. “Se estiver numa casa, mas ti-

ver de ficar no seu quarto, não se con-sidera da família”.

“Bem-haja Angola por investir em Portugal e não noutro país”.

- Para um empresário portu-guês que queira Investir em alguns países da CPLP, a aplicação da lei ainda é um problema?

- Sim, tem de ser melhorado. Há dificuldades, mas também grandes oportunidades. Primeiro temos de abrir e depois gerir a abertura. Sou moçam-bicano e vejo dificuldades para um em-presário sul-africano operar em Mo-çambique. Acha aquilo muito corrupto. Mas não é! O problema é a cultura de negócios, que é totalmente diferente. Um português vai entender muito mais rápido.

- Não sei se isso é um elogio... - É um elogio porque nos en-

tendemos. - Como se compatibilizam

regimes tão diferentes como a Guiné Equatorial ou até Angola com países como Portugal ou Brasil? - Dei o exemplo de uma casa para falar de comunidade. Nem todos os irmãos são iguais. Uns são doutores, outros são pedreiros, outros são margi- nais. Mas pertencemos à mesma famí-lia e temos de conviver. Não nos va-

mos intrometer na soberania de cada país, vamos buscar sinergias positivas. Países como a Guiné Equatorial terão benefícios em abrir-se ao mundo. Foi o penúltimo país que visitámos e surpre-endeu-nos. Podem colocar-se várias questões, mas se os cidadãos têm uma qualidade de vida melhor que grande parte dos países africanos, estamos a discutir o mais importante?

- Muitas vezes o investimento angolano em Portugal é muito criti-cado. Isso incomoda-o?

- Bem-haja Angola por investi-rem Portugal e não noutro país. Portu-gal tem dificuldades, precisa de criar emprego e estes países irmãos podem ser uma solução.

- Perfil de Salimo Abdula, a face empresarial da CPLP

- Natural de Moçambi-que, Salimo Abdula é um empresário que começou este ano a cumprir o mandato de quatro anos à frente da Confederação Empresarial da CPLP. Foi eleito por unanimidade dos nove países. Abdula é ainda presidente da Mesa da Assembleia Geral da Confe-deração das Associações de Económi-cas de Moçambique, presidente do Conselho de Administração da lntelec Holdings. S.A. e presidente de Conse-lho de Administração da Vodacom Moçambique.■ (R)

PROJECTO A ESTAR CONCLUÍDO ATÉ FINAIS DE JUNHO PRÓXIMO... JÁ DECORRE O

PROCESSO DE VENDA DOS IMÓVEIS COM O FINACIAMENTO DO MILLENNIUM BIM... AS CASAS SÃO VENDIDAS COM A CHAVE NA

MÃO... TODAS DEVIDAMENTE MOBILADAS E EQUIPADAS COM TODOS OS

ELECTRODOMÉSTICOS, TAPETES, CORTINAS, LENÇÓIS, TOALHAS...

O Autarca – Jornal Independente, Sexta-feira – 31/07/15, Edição nº 2928 – Página 3/4

Voltar no tempo não é possível, mas estudar nun-ca será tarde. Aplica-se também a Moçambique, pois mais conhecimento atualizado amplia horizontes. Sobre o tema entrevistámos Mônica Valle Vieira (MVV) [em cima à esquerda com a cronista SBG]. MVV dirige a U-NIDAC – «Universidade Sênior de Lisboa» e é uma bra-sileira de Goiás, cujo Estado se situa a centro-oeste do Brasil, limitando com (6) outros Estados: Tocantins (nor-te), Bahia (nordeste), Mato Grosso (oeste); Mato Grosso do Sul (sudoeste), Minas Gerais (leste e sul) e pelo Dis-trito Federal (Brasília). MVV reside em terras lusitanas há dez anos onde terminou seu mestrado (na U-niversi-dade de Lisboa).

SBG: O que significa o acrónimo UNIDAC?

MVV: Significa Unidade Cultural.

SBG: Por quê uma UNIDAC?

MVV: Justamente pelo facto de existirem tantos agrupamentos sociais. Uma UNIDAC seria perfeita para um público um pouco mais preocupado com a sua inte-racção no meio e na realidade onde vive.

SBG: Quem teve a ideia?

MVV: A ideia surgiu em 2011 na AALT – Asso-ciação de Amizade Luso-Turca, onde buscava-se a união de duas culturas num objectivo comum. Tínhamos aces-

so às instalações físicas e a alguns subprojectos de im-plantação, sendo um deles o Projecto Sequoia, que veio unir a UNIDAC à FLUL – Faculdade de Letras da Uni-versidade de Lisboa. Em 2013, deixamos a AALT, cria-mos uma outra associação, a Associação Unidade Cultu-ral – UNIDACSER e, neste mesmo ano, apresentamos uma nova proposta junto à FLUL que em conjunto com o Projecto Sequoia, fez surgir a nova UNIDAC – Uni-versidade Sénior na Universidade.

SBG: Onde se situa a UNIDAC? MVV: Na Faculdade de Letras da Universidade

de Lisboa, onde as aulas são ministradas, tanto no edifí-cio antigo como no pavilhão novo.

SBG: Quando tem início as atividades? MVV: As actividades iniciam-se sempre em ou-

tubro, uma vez que trabalhamos a intergeracionalidade, através do Projecto Sequoia, e precisamos primeiro a-daptar os horários dos alunos da FLUL com os horários dos alunos da UNIDAC.

SBG: Como é dirigir uma Universidade Sênior? MVV: É muito gratificante. Mesmo com o imen-

so trabalho de gestão, inerente nestas circunstâncias, o resultado alcançado, tanto com os professores (alunos voluntários da FLUL) como com os alunos seniores, jus-tifica todo o esforço.

UNIDAC: SABE O QUE É?

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O Autarca – Jornal Independente, Sexta-feira – 31/07/15, Edição nº 2928 – Página 4/4

minaremos a nossa própria espécie. Os jovens preci-sam desta consciência social, aprendendo a interagir com o mais velho para que, num futuro não muito dis-tante, também possam fazer parte do grupo de seniores conscientes e activos, conscientizando novos jovens.

No Japão, a senilidade [velhice] é vista como um acréscimo de sabedoria e os mais velhos, são agre-gados às famílias e comunidades, como sábios. A ex-periência adquirida e conquistada ao longo dos anos não tem preço e devemos valorizar quem conseguiu, muitas vezes a duras penas, aprender a ser sábio. Po-deria citar inúmeros filósofos a falarem sobre o enve-lhecer, sobre a sabedoria ou mesmo sobre o aprendiza-do.

Entretanto, apresentarei uma pequena frase de Francis Bacon que sintetiza todo o nosso trabalho: “Não se aprende bem a não ser pela própria experiên-cia.”

(Texto e grafismo: Silvya Botton Gallanni. Fotos de arquivo).

SBG: Que matérias são dadas na UNIDAC? MVV: Como temos um protocolo de colabora-

ção com uma instituição voltada para as humanidades, buscamos interagir com as mesmas disciplinas da Fa-culdade, acrescentando outras para diversificar o leque opcional. São elas: Artes decorativas, Alemão, Árabe, Espanhol, Francês, Italiano, Inglês, Descobrir Lisboa e Portugal, Desenho e Pintura, Estamparia, Fotografia, Filosofia, Jardinagem, História Clássica, da Arte e de Portugal, Informática, Ideias Políticas, Literatura, Poe-sia e Escrita Criativa.

SBG: Agradecendo a Mônica Valle Vieira pe-lo esclarecimento sobre a UNIDAC, pedimos à mes-ma, algumas palavras adicionais para os mais jovens, e os menos jovens. Afinal, é sempre tempo para se sa-ber mais, abrindo um leque de cultura que certamente ampliará novos horizontes a todos.

MVV: O mundo está envelhecendo progressi-vamente e se não buscarmos meios de minimizar os e- feitos deste rápido envelhecimento provavelmente eli-

APRENDER, NUNCA É TARDE!

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