A construção social da ABEn: papel histórico e político das suas … · 2015-11-06 · A...

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A construção social da ABEn: papel histórico e político das suas primeiras seções No dia 12 de agosto de 2006 a enfermagem brasileira estará fe tejando os oitenta anos de sua entidade maior, a Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn). Desde os primórdios de sua criação, a ABEn tem possibilitado à profissão, uma grande contribuição tanto para a prática, como para o ensino e pesquisa da . enfermagem brasileira. Quando do seu início, as fundadoras sequer imaginavam em quão importante a Associação Brasileira de Enfermagem se transformaria com o passar dos anos, e que tantos movimentos de avanços e (recuos ou retrocessos) acontece- riam para que ela se fortalecesse como a entidade de maior representação social e polí- tica no país da profissão. Entendia-se e mantém- e até os dias atuais, a idéia de construção coletiva, de necessidade de ampliar espaços profissionais. Foi a partir da formatura da pri- meira turma de enfermeiras pela Escola de Enfermeiras Dona Ana Néri (EEA ) em 1925, que se decidiu pela criação de uma associação Edith de Magalhães Fraenkel permaneceu durante doze na Presidência da Associação Brasileira de Enfermeiras Diplornadas Brasileiras (A."EDB) : ABEn - OUl. no ••.. dez:. 2005 A primeira Seção a ser criada fora do Estado do Rio de Janeiro, foi a de São Paulo em 1945, denominada de Associação Paulista de Enfermeiras Diplomadas de ex-alunas, considerando que "era conveni- ente tanto à escola, que manteria certo controle sobre o conjunto das enfermeiras por ela díplo- madas" (BARREIRA et al., 2001, p. 158) como também, para as próprias alunas que seriam membros de uma associação, ligada à presti- giosa EEA . A criação dessa entidade de classe vinha ao encontro do que preconizavam as enfermeiras americanas da Mis ão Técnica, de que uma profissão para ser reconhecida, neces- sitava de uma associação e de uma revista. Quando de sua criação em 1926, esta rece- beu o nome de Associação acional de Enfer- meiras Diplomadas (A ED). Posterior- mente duas reformula- ções no nome foram feitas, passando a cha- mar-se Associação a- cional de Enfermeira Diplomadas Brasileiras (A EDB - 1928) e Associação Brasileira de Enfermeira Diplo- madas (ABED -1944). Finalmente em 1954, passou a designar- e As ociação Brasileira de Enfermagem (ABEn), nome que permanece até os dias atuais. A primeira diretoria daA 'ED foi.constituída por Edith Magalhães Fraenkel (Presidente); Heloisa Velos (Secretária) e; Maria Francisca Ferreira de Almeida Reis (Tesoureira) (CARVALHO, 1976), sendo que Edith M. Fraenkel per- manece1.lna Presidência da Associação, durante doze anos, ou seja, até 1938. Com o passar dos anos, a abertura de novas escolas de enfermagem e conseqüentemente a ampliação no número de Enfermeiras, foi inevitável que a Associação percebesse a necessidade de expansão para outros Estados da Federação, como estratégia política e de sustentação da entidade. A primeira Seção a ser criada fora do Estado do Rio de Janeiro, foi a de São Paulo em 1945, denominada de "Associação Paulista de Enfer- meiras Diplornadas", sob a Presidência de Edith M. Fraenkel. A idéia dessa presidente era de que as associações que se formassem a posterí- ori deveriam receber o nome do Estado a que pertencessem. Sabiamente, Haydée Guanais Dourado, era contrária a esta posição, afirman- do que o "nome" deveria ser mantido o de Asso- ciação Brasileira de Enfermeiras Diplomacias (ABED) acrescido da seção correspondente ao Estado em que fosse criada, como um modo de garantir a força e a unidade no trabalho da enti- dade (CARVALHO, 1976, p. 97); (~ ° estatuto da primeira Seção estabelecia dois objetivos que cla- rificavam a idéia da necessidade de sua instalação, ou seja: "a) coordenar os esforços das enfermeiras para a elevação da classe, auxiliando-as em suas carreiras, incentivando o espírito de união e de cooperação, defenden- do seus interesses e desenvolvendo seu preparo profissional; b) colaborar com a Associação Brasileira de Enfermeiras Diplomadas em todas as suas>. finalidades"(CARVALHO, 1976, p. 96). Estes objetivos mostram claramente que a ABEn com o passar dos anos adquiria uma amplitude muito maior em relação ao período de sua criação, demonstrando a necessidade de expandir-se para outros estados, como uma forma de garantir sua sobrevivência, coordenar os espaços de definições profissionais, políticos educacionais e de classe, considerando que até então, era a única entidade da profissão com maior reconhecimento social. A partir daí, as Seções foram sendo criadas uma a urna, e a ABEn foi se expandindo para os demais estados da nação. Com a reformulação do estatuto da entidade em 1946, a qual introduziu capítulos referentes às seções estaduais e as "dívisões", no intuito de "facilitar

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A construção social da ABEn: papel históricoe político das suas primeiras seçõesNo dia 12 de agosto de 2006 a enfermagembrasileira estará fe tejando os oitenta anos desua entidade maior, a Associação Brasileira deEnfermagem (ABEn). Desde os primórdios desua criação, a ABEn tem possibilitado àprofissão, uma grande contribuição tanto paraa prática, como para o ensino e pesquisa da

. enfermagem brasileira.Quando do seu início, as fundadoras sequer

imaginavam em quão importante a AssociaçãoBrasileira de Enfermagem se transformariacom o passar dos anos, e que tantos movimentosde avanços e (recuos ou retrocessos) acontece-riam para que ela se fortalecesse como aentidade de maior representação social e polí-tica no país da profissão. Entendia-se e mantém-e até os dias atuais, a idéia de construção

coletiva, de necessidade de ampliar espaçosprofissionais. Foi a partir da formatura da pri-meira turma de enfermeiras pela Escola deEnfermeiras Dona Ana Néri (EEA ) em 1925,que se decidiu pela criação de uma associação

Edith de Magalhães Fraenkel permaneceu durante dozena Presidência da Associação Brasileira de EnfermeirasDiplornadas Brasileiras (A."EDB)

: ABEn - OUl. no ••.. dez:. 2005

A primeira Seção a ser criadafora do Estado do Rio deJaneiro, foi a de São Paulo em1945, denominada deAssociação Paulista deEnfermeiras Diplomadas

de ex-alunas, considerando que "era conveni-ente tanto à escola, que manteria certo controlesobre o conjunto das enfermeiras por ela díplo-madas" (BARREIRA et al., 2001, p. 158) comotambém, para as próprias alunas que seriammembros de uma associação, ligada à presti-giosa EEA .A criação dessa entidade de classevinha ao encontro do que preconizavam asenfermeiras americanas da Mis ão Técnica, deque uma profissão para ser reconhecida, neces-sitava de uma associação e de uma revista.

Quando de sua criação em 1926, esta rece-beu o nome de Associação acional de Enfer-meiras Diplomadas(A ED). Posterior-mente duas reformula-ções no nome foramfeitas, passando a cha-mar-se Associação a-cional de EnfermeiraDiplomadas Brasileiras(A EDB - 1928) eAssociação Brasileirade Enfermeira Diplo-madas (ABED -1944).Finalmente em 1954, passou a designar- eAs ociação Brasileira de Enfermagem (ABEn),nome que permanece até os dias atuais. Aprimeira diretoria daA 'ED foi.constituída porEdith Magalhães Fraenkel (Presidente); HeloisaVelos (Secretária) e; Maria Francisca Ferreirade Almeida Reis (Tesoureira) (CARVALHO,1976), sendo que Edith M. Fraenkel per-manece1.lna Presidência da Associação, durantedoze anos, ou seja, até 1938.

Com o passar dos anos, a abertura de novasescolas de enfermagem e conseqüentemente aampliação no número de Enfermeiras, foiinevitável que a Associação percebesse anecessidade de expansão para outros Estadosda Federação, como estratégia política e desustentação da entidade.

A primeira Seção a ser criada fora do Estadodo Rio de Janeiro, foi a de São Paulo em 1945,denominada de "Associação Paulista de Enfer-

meiras Diplornadas", sob a Presidência de EdithM. Fraenkel. A idéia dessa presidente era deque as associações que se formassem a posterí-ori deveriam receber o nome do Estado a quepertencessem. Sabiamente, Haydée GuanaisDourado, era contrária a esta posição, afirman-do que o "nome" deveria ser mantido o de Asso-ciação Brasileira de Enfermeiras Diplomacias(ABED) acrescido da seção correspondente aoEstado em que fosse criada, como um modo degarantir a força e a unidade no trabalho da enti-dade (CARVALHO, 1976, p. 97); (~° estatuto da primeira Seção estabelecia

dois objetivos que cla-rificavam a idéia danecessidade de suainstalação, ou seja: "a)coordenar os esforçosdas enfermeiras para aelevação da classe,auxiliando-as em suascarreiras, incentivandoo espírito de união e decooperação, defenden-do seus interesses e

desenvolvendo seu preparo profissional; b)colaborar com a Associação Brasileira deEnfermeiras Diplomadas em todas as suas> .finalidades"(CARVALHO, 1976, p. 96).

Estes objetivos mostram claramente que aABEn com o passar dos anos adquiria umaamplitude muito maior em relação ao períodode sua criação, demonstrando a necessidade deexpandir-se para outros estados, como umaforma de garantir sua sobrevivência, coordenaros espaços de definições profissionais, políticoseducacionais e de classe, considerando que atéentão, era a única entidade da profissão commaior reconhecimento social.

A partir daí, as Seções foram sendo criadasuma a urna, e a ABEn foi se expandindo para osdemais estados da nação. Com a reformulaçãodo estatuto da entidade em 1946, a qualintroduziu capítulos referentes às seçõesestaduais e as "dívisões", no intuito de "facilitar

- M e- m ó r i à "A B E n

Rachei Huddock Lobo escreveu o primeiro editorial daRevista Br.isilcira de Enfermagem (REBEn)

o estudo houve maior participação das enfer-meira no- diversos ramos da enfermagem"(CARVALHO, 1976, p,.34). Estas divisõeseram as de ensino de enfermagem e a deenfermagem de saúde pública, que funcionavamcomo verdadeira associações.

Este m o virne n to foi decisivo para astransformações que ocorreriam nos anosseguintes para o fortalecimento da ABEn, desua reorganização enquanto estrutura decisóriae também, para ampliação da di cus ões ereflexõe acerca do futuro da enfermagem.

Importante destacar que a reforma doestatuto em 19+6, incluiu em seus objetivos, apromoção de conferência e congressos. Além

disso, determinava que deveria haver pelomenos cinco enfermeiras, para que se pudesseser criada uma seção estadual, a qual deveriasubmeter seu regimento à aprovação da ABEO.

Conforme a nova proposta do Estatuto érealizado pela primeira vez no país, na cidadede São Paulo, o I Congresso de Enfermagemem 1947, organizado pela Seção deste estado.Como meio de divulgação e socialização dasinformações acerca da profissão e das atividadesda Associação havia somente, a Revista Annaesde Enfermagem, lançada em 20 de maio de1932, atual Revista Brasileira de Enfermagem- REBEn. Esta revista pioneira foi apresentadapor Rachei Haddock Lobo, em seu primeiroeditorial como "o arauto da profissão", uma vezque era o primeiro periódico entre as enfer-meiras (LOBO, 1932).

Vale destacar que a partir da criação daprimeira Seção, outras se seguiram e cada umadela passou a ter suas particularidades especí-ficas de cada região, desenvolvendo atividadesespecíficas de cada Estado, e àquelas propostaspolíticas encaminhadas pelaABEn Nacional emconjunto com as demais seções. Ainda em 1946foram criadas a Seção Di trito Federal, cujaprimeira Presidente foi RosalyTaborda; a Seçãoda Amazônia que abrangia os Estados doAmazonas, Pará, Maranhão e território do nor-te: Amapá, Acre e Guaporé, sendo que a sedeera em Belém e foi criada por iniciativa dasenfermeiras de SaúdePública do SESP.A pri-meira Presidente foi aamericana Tessie F.

Alves de Faria Alvírn. Em 1975, a fusão doEstado da Guanabara com o Estado do Rio deJaneiro, provocou a fusão das seções Estaduai ,com o nome de Seção Rio de Janeiro. A SeçãoVale do Rio Doce, foi criada em 1949 e extintaem 1952, "devido a pouca estabilidade dasEnfermeiras da SESP que constituíam estaSeção" sugerido e acatado pela Presidente daABED, Maria Rosa S. Pinheiro (CARVALHO,1976,p.l07).

Até a década de 1960, foram criadas outras15 seções em todas as regiões do país, o queimplicava numa ampliação do poder políticoda ABEn, e uma cada vez maior organizaçãopara dar conta das inúmeras atividade que sesucediam. Os Congressos Brasileiros percor-riam os Estados e a responsabilidade de seuplanejamento e organização ficava por contado Estado que o abrigava.

De acordo com Mancia, (2002, p. 39) "oCBEn

é o mais competente instrumento criado pela ABEn

para passar sua mensa8em aos sócios, ainda que não

seja o único. Mas neste é possível perceber a presença

do pensamento da diretoria que está no comando. Esta

deleqa a or8anização do CBEn à seção que vai sediá-:10. Parececlaro que a seção terá autonomia com relação

ao temàrio, mas na Jase de construção as comissões

derem aceitar sU8estões da Diretoria nacional,

inclusive indicação de palestrantes. ri proqramaçào

do evenrc atualmente cem a sua aprovação final no

CO ABEn".

Assim, com a cria-ção das Seções Esta-duais as atividades daABEn se ramificarampara os Estados, oracom realizações deeventos definidos pelaABEn Nacional, oracom outras ações decunho técnico, políticoe cultural específicasde cada uma das Se-ções. Como os Con-gressos, que se consti-tuíram e se constituem

ainda hoje em um espaço político, cultural esocial privilegiado, e de maior magnitude daABEn, considerando o número de participantesde todo o país e até mesmo de outros países daAmérica Latina, podemos referir também arealização da Semana Brasileira de Enferma-gem, que atualmente atende a uma temática

A partir da criação da

primeira Seção, outras se

seguiram e cada uma dela

passou a ter suas

particularidades específicas de

cada região, desenvolvendo

atividades específícas de cada

Estado

Williams. A Seção deMinas Gerais foi criadaem 1947, e teve comosua primeira presiden-te Wale ka Paixão. Asses-q,es da Bahia e deGoi~s foram criadasem 1948, sendo a Pre-sidente da primeiraOlga Verderese e da se-gunda lrmã Mônica deLima. A de Pernambuco em 1949, também foipresidida por uma enfermeira religiosa, a IrmãLídia de Paiva Luna. este mesmo ano, duranteo 1II Congresso 1 acional de Enfermagemrealizado na cidade do Rio de Janeiro é criadaa Seção do Estado do Rio de Janeiro, sendo aprimeira Presidente, a Enfermeira Ermengarda

ABEn - ou t. nov. dez. 2005

central em todas as Seções, entretanto aamplitude de sua organização e realização,depende da conformação política de cada Seção.É celebrada anualmente, desde 1940, no dia 12de maio (data do nascimento de Florence

ightingale), e encerrando-se no dia 20 demaio (data do falecimento de Anna Nery).

A Semana da Enfermagem é realizada comoatividade regular da ABEn, especialmente apartir da criação das Seções. Durante a Semanada Enfermagem de 1946, realizou-se a 6'Conferência sobre currículo mínimo, na SeçãoSão Paulo, discutindo assuntos relacionados àseleção e ingresso nas escolas de enfermageme detalhes da distribuição da carga horária docurrículo mínimo (CARVALHO, 1976). Desdeentão, a enfermagem brasileira comemora adata com atividades científicas, políticas eculturais. Além das atividades já relacionadas,aABEn mantém outras atividades regulares em

A lnteqração da ABEn

Nacional com as Seções

Estaduais permite que atue

proqresstvamente como

articuladora e interlocutora

política da enfermagem juntoa órqãos nacionais e

Internacionais

BARREIRA, Ieda de A.; Sauthier, Jussara; Baptista,Sue1y de Souza. O movimento assoeiativo daseiifàmeiras diplomadas brasileiras na 1a metade doséculo 20. R. Bras. Enferm., Brasilia, v.53, n.4, P:157-173, abr./jun. 2001.

interlocução da enfer-magem brasileira em fórunse movimentos nacionais enos estados, buscando egarantindo a"representação dostrabalhadores de erifermaaem em

instâncias políticas e no apoio e

luta pelos direitos à saúde dapopulação, pelo exercício dianoe desenvolvimento da prifissão"(VALE, 2001, p.154).

A integração da ABEnNacional com as SeçõesEstaduais permite que atueprogressivamente comoarticuladora e interlocutorapolítica da enfermagemjunto a órgãos nacionais einternacionais, especial-mente àqueles vinculados asaúde e a educação. oentanto, hoje se exige daentidade nas diferentesregiões do país uma orga-nização e dinamismo quefaça frente à história ao tra-balho de enfermeiros que aconstroem em seu dia-a-diae fortalecem a luta pela

. organização e desenvolvi-mento da profissão.

Referências

Waleska Paixão foi a primeira presidem. da Seção de Minas Gerais. criada em1947

Maria Itayra Coelho de Souza PadilhaProfessora Adjunta do Departamento de Enfermagem

da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)-Brasil. Doutora em Enfermagem pela Escola deEnfermagem Anoa Nery da UFRJ.Více-Líder do

Grupo de Estudos da História do Conhecimento deEnfermagem (GEHCE). Pesquisadora do CNPq.

Coord. do Programa de Pós-Graduação emEnfermagem da UFSC. Ernail: [email protected]

Miriam Susskind BorensteinProfessora Adjunta do Departamento de Enfermagem

da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)- _Brasil. Doutora em Enfermagem pelo Pro~a de

Pós-Graduação em Enfermagem da UFSC. Lider doGrupo de Estudos da História do Conhecimento dJ

Enfermagem (GEHCE). Pesquisadora dó GNPq.Emaíl: miriam@nli;uf~ .

Ângela Maria l\lProfessora Adjunta do Departamento de EnIi _.

da Universidade Federal de Santa CatarinaBrasil. Doutora em Enfermagem pelo -

Pós-Graduação em Enfermagem da UFS_C_daABEn - Seção Santa Ca .

.. alvarez

CARVALHO, Anayde Corrê a de. AssociaçãoBrasileirade Enfermagem (1926-1976):documentário.Brasilia:ABEn, 1976. 514p.

LOBO, Raquel Haddoek. A era nova. Annaes de