A Capital # 471

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QUEM GANHA O FILÃO? a capital #471 NOVO MAS JÁ OBSOLETO O LABORATóRIO CENTRAL DE CRIMINALíSTICA POUCO AJUDA NO ESCLARECIMENTO DE CRIMES .16 DIRECTOR TANDALA FRANCISCO ANO 9 Nº 472 01 A 08 DE OUTUBRO DE 2011 SáBADO. 01 DE OUTUBRO DE 2011 PREçO 250 KZ “ANóNIMO” ASSUME CONTROLO DAS EMPRESAS AROSFRAM, GOLFRATE E AFRIBELG .04

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QUEM ganha O FILÃO?

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nOVO MaS JÁ OBSOLETO O LabOratóriO CentraL de CriminaLístiCa pOuCO ajuda nO esCLareCimentO de Crimes .16

DIrEcTOr tandaLa FranCisCO anO 9 nº 472 01 a 08 de OutubrO de 2011 sábadO. 01 de OutubrO de 2011 prEçO 250 Kz

“anónimO” assume COntrOLO

das empresas ArosfrAm, GolfrAte

e AfribelG.04

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SprOprIEDaDE mediVisiOn, s.a. DIrEcTOr tandala FranciscoDIrEcTOra aDMInISTraTIVa E FInancEIra marcela da CostaEDITOr chEFE josé dos santos [email protected] DE arTES grÁFIcaS Licínio Queiroz [email protected] DE SOcIEDaDE Lutock matokisa [email protected] DE EcOnOMIa presbítero Lundange [email protected] DE DESpOrTO Zugú epalanga [email protected] DE crIME mariano brás [email protected]çÃO domingos júnior, mirene Cruz, andreza dombala, diniz Kapapelo, miguel daniel, emanuel bianco e dionísia GuerracOLaBOraDOrES pErManEnTES mário paiva, pablo mendes, justino pinto de andrade e m. azancot de menezespagInaçÃO E DESIgnEr Vladmír andré ‘‘menongue’’ e nicholas marcoFOTOgraFIa Carlos muyenga, Francisco botelho e josé diogoDISTrIBUIçÃO E VEnDaS administração/a CapitalIMprESSÃO damer Gráficas s. a.EnDErEçO rua padre manuel, ruela pombo, n.º 12, maianga, tel. 923254848, 931694059, 931694058, 222 350067 e 222 350567 e-mail: [email protected] Luanda - angolarEgISTO mCs - 304 - b - 2001as opiniões expressas pelos colunistas e colaboradores do Semanário a capital não engajam o Jornal

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pessoas fazerem vários elogios a título póstumo. Mas no caso de André Dam-bi, penso que ele é merecedor deste texto como, também, de qualquer refe-rência positiva que seja feita ao seu valor como ser humano e como profissional de Direito.

Respeitei o doutor Dambi como a poucos, nesse mundo, e nutri por ele uma admiração, inspirada pelo seu ele-vado envolvimento em causas cívicas. Não tinha, portanto, como evitar o cho-que ao receber a notícia da sua morte repentina. Deixei o espírito fraquejar a ponto de me ver envolto em análises filosóficas, típicas da ocasião, sobre a justiça divina e, claro, sobre o sentido da vida, procurando entender como se tira, dentre os vivos, uma pessoa tão jovem e dinâmica numa altura em que muitos dos seus semelhantes ainda carecem dos serviços que prestava com inques-tionável talento e elevada decência.

A filosofia deu lugar a umas tantas lá-grimas. Afinal, é apavorante a ideia de não voltar a ver um amigo, uma pessoa

“Uma das pessoas que falou isso é o senhor Makuta NKondo que fica a faltar respeito às pessoas que nem conhece, pensa ser o Bakongo mais inteligente mas não é. Eu gostaria de um dia ter um debate com ele na comunicação social no sentido de esclarecer determinadas coisas”..BENto KaNgaMBa, empresário e político, em entrevista ao Folha 8.

“(…) Não podemos falar do combate à pobreza se as vias de comunicação não forem devidamente reparadas. (…) Não há fomento agrícola, mas sim negócios com os camponeses. Porque os empresários locais que têm inputs agrícolas estão a exigir, dos camponeses, o reembolso num prazo de seis meses”..aMélia jUdith, secretária provincial da UNITA.

“(...)preocupa muito porque está a aproximar-se da época das chuvas e não sei como vamos fazer. Se fechar a estrada e nós não tivermos como circular, as pessoas tiram o negócio aqui no lubango uns tiram peixe no Namibe”.Notícia da voz da aMérica, referindo-se ao deslizamento de terras na Serra da Leba.

!asfrases aboca

Quando entrei naquela sala, estava tão assus-tado que as mãos tre-miam, fugindo-me do controlo. Alguém indi-cou uma cadeira com estofo de couro preto na qual me sentei rapi-damente, olhando para a parte de trás de um

computador com a mesma cor, onde um homem forte, a exibir um bigode farto, se preparava para escrever tudo quanto dissesse. A princípio, a sala es-tava envolta em silêncio tal que quase podia ouvir as batidas do meu ritmo cardíaco acelerado em notas de medo e, até, de algum pânico. André Dambi estava ali, do meu lado direito, a obser-var como tinha os lábios semicerrados e os olhos esbugalhados enquanto ten-tava perceber o que seria de mim em seguida. Passou a mão pelo meu ombro esquerdo e, sereno, disse-me que tudo correria bem, que não precisava de es-tar preocupado. E, felizmente, correu tudo muito bem.

São momentos do dia em que co-nheci o advogado André Dambi, fa-lecido, nesta semana, vítima de uma repentina doença. Já nos comunicá-vamos antes, por telefone. Mas aque-la manhã marcou o nosso primeiro encontro físico, numa das salas da actual sede da Direcção Nacional de Investigação Criminal (DNIC), onde estávamos, eu, acusado de um crime de abuso de liberdade de imprensa e, ele, na qualidade de advogado. Foi-me indicado pelo doutor David Mendes e, quando, ainda ao telefo-ne, contei-lhe os detalhes do caso, rápido percebeu que não havia crime por ali. Logo profetizou que o processo acabaria arquivado como, aliás, foi, fe-lizmente para ambos. Recorri, várias ve-zes, aos seus serviços noutras ocasiões e indiquei-o como advogado a vários amigos necessitados. A satisfação foi unânime.

É comum, em situações como essa, as

Desabafos De um homem sem fé

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tão querida; mas logo endureceu-se--me a alma, já treinada pelos inúmeros contratempos, testada por um número sem fim de duras experiências que se não me tornaram insensível aos menos roubaram a fé que tinha na doutrina cristã, particularmente no que ensina sobre a justiça divina e sobre vida após a morte.

Faltam-me palavras para confortar a família que ficou sem um pai, um ir-mão, um filho. E gostaria, tal como ele fez comigo, de passar a mão no ombro de cada uma das pessoas que lhe eram queridas e dizer-lhes que tudo acabaria bem. Mas não posso fazê-lo, conscien-te, como estou, das dificuldades que se lhes hão de cruzar pelo caminho, sejam espirituais ou materiais. Resta-nos, afi-nal, apenas uma certeza: que se há um sentido na vida, uma razão para a nossa existência, ele cumpriu-a muita bem. E eu sou uma testemunha viva da sua obra bruscamente interrompida. Des-canse em paz, doutor, onde quer que esteja agora.

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anDrÉ DaMBI faleceu, nesta terça-feira, em Luanda, o advogado e amigos desta casa, que era até à data da sua morte, um dos responsáveis da Associação Mãos Livres. O seu desaparecimento prematuro é associado a problemas respiratórios, que

o levaram a internar na Clínica Multiperfil. Dambi foi acérrimo defensor dos direitos humanos, apoiando caso de cidadãos sem recurso a advogados. A direcção deste jornal e o seu colectivo de trabalhadores endereça à família enlutada e os membros da Associação Mãos Livres, sentimentos de profundo pesar e dor.

afigura

FgpL. em condi-ções normais, os fiscais a soldo da

edilidade de Luanda deveriam pautar a sua actuação com mais racionalidade. a prosseguir com os métodos musculados, como tem acontecido nos dias que correm, os mesmos estão sujeitos a obterem uma resposta ao mesmo nível por parte das pessoas que se vêem lesadas por troglodita acção. em nenhum momento está plasmado que tais elementos foram apenas talhados para andarem aos cacetetes com aqueles que, em busca da sobrevivência, invadem o tal casco urbano que se pretende tão guarnecido por esta espécie truculenta de ‘tonton macoute’. te

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D.R.

destaques

ter 27 ministro Do interior orDena expulsão De estrangeiros ilegais no paísqua 28 Cm aprova DeCretos sobre regime De CréDito habitaCionalqui 29 serviço De migração e estrangeiros inaugura portal instituCional

eu tive um sonho

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um dia eu tive um so-nho. Não tão igual, não distante do de Martin Luther King. Sonhei que no meu país, já ninguém queria ser instru-mentalizado, con-trolado, calado e ameaçado.

Sonhei que as pessoas, cansadas da guerra, estavam também cansa-das do conformismo.

Sonhei que ninguém queria mais continuar fechado no seu próprio jar-dim. Sonhei que todos queriam se ver livres da ignorância.

Sonhei que todos os talentos do meu país tiveram direito a oportu-nidade igual. Sonhei que, mesmo diante de tantas agruras, todos os angolanos, sem excepção, tiveram o direito de voltar a ser feliz.

Sonhei que as ovelhas guiadas por um só pastor se tinham dispersado, com o receio de, tal como outros sem rosto, acabarem espetados sob incan-descente labaredas.

mo. Tudo era positivo. No meu sonho, pelo menos, nunca perdi a confiança de que se-ria sem norte. No so-nho vi que a vida pode melhorar. Eu tive um sonho de que deixaria somente de viver de es-perança.

No seu sonho, apren-di que apenas queria só amor. Nada de armas. Nada de terror. Sonhei que o filme de terror ti-nha ficado para trás.

No meu sonho pude ver, afinal, que nem se-quer é o Diabo que paga para vivermos apenas de esperanças.

No meu sonho apren-di a ter fé em Deus. Pas-sei a entender que, mais do que se dizia, Deus não é nada angolano. Que Deus, mesmo que não mande dinheiro para nós, ao menos con-sola alguns pobres de espírito, alguns desgos-tados.

E tudo, no meu so-nho, parecia um para-íso. Havia jardins por todos os lados, onde muitos corriam, ha-via fartura, não havia mais fome, nem sede na minha terra.

E era o meu sonho. E o sonho comanda a vida. Mas, era apenas um so-nho. Despertei. Lá se foi o sonho...

Eu tive um sonho. Mas, conformado, aca-bei por ajeitar para en-frentar o pesadelo de todos os dias da minha vida.

obrigadas a calcorrea-rem as ruas, sob forte ameaça de atropela-mento, a vender o que lhe caiu às mãos para, ao menos, levar um pedaço de pão à boca.

Não havia mais fome, nem miséria. Os ho-mens adultos eram tole-rantes com as crianças, a quem, aliás, davam tudo o que elas mere-ciam. Não havia mais gasolina para cheirar e drogar-se, para assim esquecer do presente e ignorar o futuro. Que as crianças não portavam mais armas de fogo para assaltar o próximo ao virar de qualquer es-quina.

Naquele sonho vi uma só Angola. Não u m a A n g o l a q u e prospera e outra que sofre. Não aquela An-gola onde muitos tra-balham e poucos ape-nas desfrutam. Não meu sonho não houve espaço para colossais assimetrias. Não havia uns de tanga e outros de terno e gravata.

Não existia, no meu sonho, uma Angola linda e outra que, por exemplo, exala mau odor. Era uma e a mes-ma Angola. Era uma Angola que, alem da paz, gozava de muita saúde e trabalho para todos, onde todos fre-quentavam a escola.

Sonhei e fiquei car-regado de fé de que a vida é linda. Sem pessi-mismo, sem negativis-

Sonhei que o meu país, esta pátria que me pariu, queria mostrar a sua ver-dadeira cara. Que havia, dentro de pre-nhe cobardia, uma raça que se mostra sem medo.

Sonhei e continuava a sonhar que não havia que quisesse trair a pátria. Que todos confiavam em si mesmo. Que com fé e esperança seguiríamos para frente.

Sonhei que se havia acabado os limi-tes para que quisesse, na verdade, con-quistar o seu pedaço de chão.

Sonhei que não havia mais distinção entre aquele que come com garfo de prata e quem, à falta de melhor esco-lha, come com as mãos.

Sonhei que caiu do céu maná sufi-ciente para alimentar todos. Que to-dos deixaram para trás a ginástica de perscrutar o lixo algo para responder ao apelo do estômago. E o sonho pros-seguiu: a ignorância de muitos deu lu-gar, primeiro, à reflexão. Tinha ficado para trás.

No meu sonho, as crianças, de vá-rios extractos sociais e várias cores corriam todas alegres. Não era mais

naQUELE SOnhO VI UMa Só angOLa. nãO uma anGOLa Que sOFre e Outra Que sOFre. nãO aQueLa anGOLa Onde muitOs trabaLham e pOuCOs apenas desFrutameça? COmO é Que O inaViC se tenha FeitO QuedO e mudO

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anTIgOS SócIOS aFaSTaDOS. e agora, quem são os titulares destas três empresas que comandaram a distribuição de bens alimentares para a população angolana, com recurso a uma impressionante teia de contactos?

arOsFran, aFribeLG e GOLFrate: Que FuturO?

nOVOS DOnOS SEM rOSTO

se, por um lado, embora lacóni-co o comunicado do Ministério do Interior não deixou dúvidas sobre as razões da expulsão, do território angolano, de um nú-

mero tão elevado de estrangeiros fica--se, porém, com uma pulga atrás da orelha ao constatar-se a ausência, na lista, do nome de Kasseem Tajideen, libanês conhecido como sócio maiori-tário da associação entre as empresas Arosfran e Afribelg, e dono da Golfrate Group.

Sem estas explicações, levanta-se, de imediato, uma dúvida sobre o futuro das empresas então detidas por esse empresário, algumas delas em socie-dade com angolanos, casos da Aros-fran e da Afribelg, e, noutra, isolada-mente, a exemplo da Golfrate Group.

A este respeito, o semanário A Capi-tal contactou o empresário angolano, Kito Dias dos Santos. Este optou por não fazer muitas declarações públicas sobre o caso. Mas disse, entretanto, que a Arosfran era, para ele, “como um amor platónico”, sentimento que es-tendeu à Afribelg.

“Já não há o que dizer sobre isso”, referiu o angolano, ao salientar que “essas empresas já não existem” e que “tudo o que a comunicação social di-fundiu até aqui, é verdade”.

As curtas palavras do empresário remetem-nos às notícias veiculadas no princípio deste ano sobre a existên-cia de pressões, para que os sócios da Arosfran e da Afribelg abrissem mãos dos seus activos a favor de um grupo de empresários nacionais, entretanto não identificados.

Quatro meses depois, estas infor-mações foram reforçadas com de-clarações públicas do angolano Kito Dias dos Santos a darem conta da sua completa desvinculação do grupo Arosfran, incluindo das suas empre-sas associadas, com destaque para a Afribelg, assim como dos negócios de Tajideen ligados à Golfrate Group. Nem Kito Dias dos Santos, nem Kasse-em Tajideen, segundo aquelas decla-rações, detinham mais interesses nas empresas de que eram proprietários.

Em Julho, último, comentou-se so-bre uma reunião mantida entre os

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05O EMprESÁrIO KaSSEEM TaJIDEEn foi identificado, pelo departamento de tesouro dos eua, como um dos principais financiadores do hezbollah, organização libanesa que combate, fundamentalmente, os israelitas, no médio Oriente e tida internacionalmente como terrorista. já em janeiro deste ano, bancos angolanos, entre os quais o banco africano de investimento (bai), congelaram as contas bancárias das três empresas então detidas por Kasseem, os seus sócios e sua família.

MarcOS anTónIO, em BEngUELa

Os manifestantes, entre homens e mulheres, co-meçaram por ser trava-dos nas imediações do Largo de África, a cerca

de 400 metros do local do acto, mas a sua determinação acabou por convencer os Agentes da Polí-cia que acompanhavam o desfile de uma revolta popular fértil em cenas de agressões.

Perante centenas de espectado-res, incluindo membros do Go-verno de Benguela, deram início a uma gritaria tendente a exigir a devolução dos terrenos. «Temos documentos, pagámos algum di-nheiro e agora perdemos o espa-ço», diziam.

Com recurso ao bastante conhe-cido slogan «o mais importante é resolver os problemas do povo», muitos dos munícipes deplora-

SInaIS DE TEnSÃO SOcIaL agITaM BEngUELa

eCos Da manifestação Dos “sem terra”cLarO SInaL DE TEnSÃO SOcIaL Centenas de moradores dos bairros do Quatro e do Onze, arredores da cidade de benguela, marcharam até à administração municipal, no passado dia 26, segunda-feira, em protesto contra o que chamam de retirada de terrenos transformados em reserva fundiária do estado, exibindo palavras de ordem como «também somos angolanos, queremos a terra».

vam a atitude do Executivo e, tal como em situações anteriores, transportavam as coisas para o território da política.

Sem qualquer espanto, o MPLA, partido no poder, acabou por ser sacrificado na sequência do que os homens do Onze e do Quatro dizem representar uma autêntica «injustiça social».

É certo que a intenção era chegar à fala com o administrador muni-cipal, José Manuel Lucombo, mas terá sido o nome de Armando da Cruz Neto, governador provincial, o mais ouvido entre o agitado am-biente, reportado em directo por jornalistas que decidiram que-brar as barreiras do medo.

De acordo com os manifestan-tes, as parcelas de terra ora retira-das foram cedidas na zona do Ae-roporto, uma das mais apetecíveis de Benguela. Eles pretendiam, acima de tudo, saber algo em re-lação ao seu destino, sendo certo que a posição da Administração Municipal (reserva fundiária) pa-rece irreversível.

«Estamos em casas onde paga-mos renda, muitos sem pai e mãe. Nós estamos fartos de tanta espe-ra», atirou uma jovem, pouco an-tes de ter revelado que uma senho-ra grávida, também exasperada, estava a passar muito mal.

«Olhem para ela, teve uma recaí-da», indicou.

Esta situação acontece pouco de-pois de uma jornada de campo de José Manuel Lucombo, no termo da qual denunciou a existência de agitadores por detrás dos protes-tos.

«Estes cidadãos, posso dizer abertamente, são bandidos que estão a provocar a confusão. Serão apresentados e estarão a contas com a justiça», reagiu.

Do outro lado da barricada, membros da sociedade civil, entre eles o jurista e político Francisco Viena, vão defendendo um espa-ço de diálogo entre o Governo do MPLA e os milhares de angolanos insatisfeitos com uma ou outra si-tuação.

trabalhadores e um novo proprietário, cujo nome é, todavia, desconhecido, sabendo-se apenas tratar-se de um ci-dadão francês que representa, nestas empresas, interesses angolanos, igual-mente desconhecidos.

Um giganteO que não pode deixar de ser referencia-da, é a importância destas empresas na distribuição de bens de primeira neces-sidade em Angola. Juntas, a Arosfran, a Golfrate e a Afribelg não tinham concor-rência, em matéria de abastecimento alimentar à população angolana.

Estamos a falar de perto de quase cinco mil trabalhadores, distribuídos pelas distintas unidades das empresas espalhadas por quase todas as pro-víncias do país, sobretudo armazéns grossistas, retalhistas e, ainda, mini mercados.

Esse grupo, constituído ainda em 1991, não demorou a crescer, abraçan-do, além da venda de alimentos, ou-tros sectores da actividade. A Golfrate, por exemplo, não se limita a importar. É responsável pela produção local de vários produtos, assim como a Aros-fran fabrica plástico em pvc, além de deter a Zanuza, uma conhecida empre-sa no ramo de segurança patrimonial.

pressões internas e externasAs pressões sobre Kasseem Tajideen e a sua teia de negócios em Angola da-tam de 2004, altura em que, em Outu-bro daquele recuado ano, um oficial dos Serviços de Inteligência Externa (SIE) denunciou o envolvimento de al-guns grupos empresariais, instalados em Angola, no apoio a organizações terroristas internacionais.

Um mês depois, em Novembro, ao discursar no Namibe, por ocasião dos 29 da independência nacional, o Presi-dente da República, José Eduardo dos Santos, também referiu-se em termos poucos simpáticos a tais empresas. Acusou-as de dominar o comércio de bens alimentares, de manipularem os preços e de criarem dificuldades à ges-tão macroeconómica do Governo.

Em 2009, porém, as coisas subiram de tom, com os norte-americanos a en-trarem em cena.

expuLsãO de 141 estranGeirOs

O s libaneses estão em maior número, na lista de cidadãos estrangeiros que receberam ordem de expulsão

de Angola, por violarem, segundo um comunicado do ministério do interior, as leis migratórias nacionais. Um comunicado divulgado a meio da semana deu conta da determinação de expulsão de Angola de 141 estrangeiros de várias nacionalidades, com todo o destaque para libaneses, em número de 71. entre tais libaneses, muitos dos quais já deixaram o país, estão filhos e irmãos do empresário Kasseem tajideen que, através das empresas Arosfran, Afribelg e Golfrate comandavam uma extensa rede de distri-buição de bens alimentares em Angola.mas a lista, emitida pelo ministério, não continha apenas cidadãos libaneses. Nela se incluíam, ainda, por ordem decrescente do número de pessoas, sírios (20), tuni-sinos (20), indianos (14), serra-leoninos (4), egípcios (3), palestinos (3) congo-leses democráticos (1) , brasileiros (1), britânicos (1), chilenos (1), portugueses (1) e senegaleses (1).o ministro do interior, sebastião martins, orientou os serviços de migração e estran-geiros (sme) a agir em conformidade, efectuando diligências para a localização dos referidos cidadãos, para a formali-zação dos actos da ordem de expulsão e, consequente, interdição de entrada em território nacional por período superior a vinte (20) anos. Como que a elucidar as razões de tamanha decisão, o ministro do interior reiterou, à opinião pública nacional e internacional, o inequívoco interesse do estado angolano e do seu executivo em respeitar e fazer respeitar as leis angolanas e convenções internacionais no que em matéria migratória diz respeito, no actual contexto de globalização, carac-terizado pela convergência de interesses que permitam a prevenção, detecção e combate das práticas decorrentes do fenómeno da imigração ilegal e do seu auxilio, bem como das que possam pôr em causa a paz e a segurança mundial.

“ESTaMOS EM caSaS OnDE pagaMOS rEnDa, ESTaMOS FarTOS DE TanTa ESpEra”“temOs dOCumentOs, paGámOs e aGOra perdemOs O espaçO», diZiam.

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paULa SIMÃO, rESIDEnTE, aFIrMOU “QuandO COmeçar a ChOVer VamOs FiCar mais a VOntade, pOrQue anteriOrmente nãO era FáCiL ViVermOs naQueLas COndições.”

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os transtornos verificados nas ruas 17 e 18 do bairro Mártires do Kifangondo, em Luanda, reportados na última edição do semanário A Capital são,

afinal, dores de parto de uma emprei-tada cujos benefícios para os residen-tes serão sentidos, tão logo esteja con-cluída.

Uma garantia nesse sentido foi dada por representantes da Odebrecht, empresa encarregue das obras, nome-adamente pelo engenheiro Augusto Garcia, responsável por todo o traba-lho de requalificação daquele bairro. Segundo explicou, apesar de os mora-dores, das ruas 17 e 18, queixarem-se de algum marasmo, as obras decor-rem e, mais cedo que o esperado, eles deverão sentir o mesmo alívio, experi-mentando nas demais nove ruas onde o trabalho já foi concluído.

Com efeito, este semanário pode constatar, através de uma visita guia-da, as melhorias verificadas ali onde a empreitada está pronta, (ruas 1, 5, 6, 8, 10, 12, 14, 15 e 20). Alem do pavimen-to, as obras incluem um sistema de es-

ODEBrEchT garanTE até 2012 a requalificação do mártires do Kifangondo estará concluída e atribui a dores de parto os transtornos que agora se sentem.

coamento de águas residuais, passeios e iluminação pública.

“A circulação nestas ruas está muito melhorada”, comentou o engenheiro responsável, ao anunciar que os tra-balhos foram, agora, acelerados na rua 13, para que, a breve trecho, tudo se conclua. “Infelizmente, não pode-mos atacar todas as ruas de uma vez”, acrescentou, chamando, de imediato, a atenção para o que está a ser feito, também, nas ruas 17 e 18 de onde surgiram as reclamações publicadas, aqui, na semana passada.

Segundo mostrou, ali foram, já, efec-tuados trabalhos de canalização e espe-ra-se pelo asfalto e iluminação pública cujo arranque deverá ser breve. Mas, segundo ga-rantia da empresa, tudo está a ser feito para que até ao reinício das chuvas, “não hajam embaraços e constrangimentos para a população”.

“Estamos a tomar todas as medidas”, afirmou Au-gusto Garcia.

Enquanto a ansiedade assalta os moradores das ruas com obras ainda em execução, ali onde tudo já está concluído as pessoas dão azo à sua satisfação. Odete Paulo, residente no Mártires há 20 anos, referiu que as obras estão a dar uma nova imagem ao bairro.

Fala, particularmente, da rua 14, onde reside. Para ela, “é uma boa obra que está a mudar a nossa vida”, considerou, ape-lando, sobretudo, para a necessidade de a popula-ção contribuir para a ma-nutenção de um trabalho que, segundo a sua opi-nião, está bem feito.

“Já conseguimos circu-

lar à vontade e entrar com as nossas viaturas cá no bairro, coisa que não era possível há anos atrás”.

Por sua vez, Paula Simão, também re-sidente, afirmou que estão a viver um período de alívio. Segundo fez saber, anteriormente as águas das chuvas in-vadiam o bairro.

“Quando começar a chover vamos ficar mais a vontade, porque anterior-mente não era fácil vivermos naquelas condições. O nosso bairro estava cheio de buracos, não conseguíamos circu-lar à vontade. É de louvar os esforços da administração e do governo provin-cial de Luanda”.

Indo mais longe, disse que, para ela, o projecto de requalifi-cação do Mártires é um orgulho a todos os muní-cipes daquela área.

Para os habitantes a requalificação ainda não está terminada, ficou, entretanto, a garantia do engenheiro Augusto Gar-cia de que até ao final de 2012 tudo estará conclu-ído.

Tudo está a ser feito, segundo reforçou, para que os moradores daque-le bairro tenham maior qualidade de vida.

Augusto Garcia rebateu as acusações dos mora-dores de algumas ruas, segundo os quais o lixo tem tomado conta do espaço, desde que foram feitas as escavações. O en-genheiro lembrou que, o lixo acumulado nas vias foi ali depositado pelos próprios moradores “e não pela Odebrecht”. Até porque, depois de traba-lhar, a empresa recolhe todos os restos e entulhos e os deposita em locais apropriados.

“a circulação nestas ruas está muito melhorada”, comentou augusto garcia. “Já conseguimos circular à vontade e entrar com as nossas viaturas cá no bairro, coisa que não era possível há atrás”. afirma Odete paulo

Equipa da Odebrecht mobilizada: as obras decorrem e, mais cedo que o esperado, moradores deverão sentir o mesmo alívio experimentando nas demais nove ruas onde o trabalho já foi concluído. augusto garcia rebateu as acusações dos moradores de algumas ruas, segundo os quais o lixo tem tomado conta do espaço desde que foram feitas as escavações.

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hÁ 9 anOS, o sonho concretizou-se ao ser criado, a 03 de

maio de 2002, o jornal a capital. hoje, o projecto persiste, com cara nova, mas

conservando a dedicação da mesma equipa de jornalistas, com o objectivo de servir a sociedade angolana com a responsabilidade e o rigor que o

bom jornalismo exige.

acapitaller para crer

O nOSSO MELhOr

prESEnTE DE anIVErSÁrIO:

VOcÊ, cOnnOScO DESDE 2002

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hÁ 9 anOS, o sonho concretizou-se ao ser criado, a 03 de

maio de 2002, o jornal a capital. hoje, o projecto persiste, com cara nova, mas

conservando a dedicação da mesma equipa de jornalistas, com o objectivo de servir a sociedade angolana com a responsabilidade e o rigor que o

bom jornalismo exige.

acapitaller para crer

O nOSSO MELhOr

prESEnTE DE anIVErSÁrIO:

VOcÊ, cOnnOScO DESDE 2002

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hÁ 9 anOS, o sonho concretizou-se ao ser criado, a 03 de

maio de 2002, o jornal a capital. hoje, o projecto persiste, com cara nova, mas

conservando a dedicação da mesma equipa de jornalistas, com o objectivo de servir a sociedade angolana com a responsabilidade e o rigor que o

bom jornalismo exige.

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hÁ 9 anOS, o sonho concretizou-se ao ser criado, a 03 de

maio de 2002, o jornal a capital. hoje, o projecto persiste, com cara nova, mas

conservando a dedicação da mesma equipa de jornalistas, com o objectivo de servir a sociedade angolana com a responsabilidade e o rigor que o

bom jornalismo exige.

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O nOSSO MELhOr

prESEnTE DE anIVErSÁrIO:

VOcÊ, cOnnOScO DESDE 2002

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a apOsta de uma instituiçãO

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MUITOS SÃO OS JOVEnS que depois de uma longa vivência com álcool e drogas, encontraram na remar uma porta aberta para a recuperação

no almoço, para de seguida, cada um envolver-se naquilo que é sua tarefa diária. As actividade são atribuídas consoante o talento de cada indivíduo.

Foi com Pascoal Vunge, que a nossa reportagem começou a conversar. As-sumindo-se como “nova ovelha” con-tou os motivos que o levaram àquele local. Aos 36 anos, o ex-tóxico-depen-dente acredita ter nascido de novo.Já lá vão dois meses desde que Vunge está internado numa das salas de recupe-ração da Remar, depois de 20 anos de consumo de substâncias, que só con-tribuíram para a sua desorientação mental e marginalização social. “Perdi muitas coisas”, foi com esta frase de ar-rependimento que Vunge iniciou a con-versa que durou pouco menos de trinta minutos, com o A Capital. Disse que teve o primeiro contacto com o álcool quando tinha 16 anos, por influência do meio onde vivia.

“Os meus amigos eram maiores que eu e já faziam uso de bebidas alcoólicas. Sempre que estivesse com eles, pediam para que tomasse uma cerveja”, até que, um dia, de tanta insistência, “con-venceram-me a beber”. Bebeu, bebeu, e perdeu o controlo da situação. Foi por conta disso, que a família passou a rejei-tá-lo no seu seio; os amigos, afastaram-

ManUEL BEnTO

O consumo exagerado de be bidas alcoólicas e outras drogas são um dos proble-mas mais bicudos, que a ju-ventude angolana enfrenta

nos dias que correm. Na verdade, não têm sido pouca as vozes que se levan-tam, apelando para a correcção deste comportamento dos jovens. É no meio de vários apelos que algumas institui-ções sociais vão surgindo propondo--se a ajudar. Um dos mais activos é o Centro Cristão Benéfico de Ajuda e Re-abilitação (REMAR), em Luanda. Há muito que este Centro, vem ajudando na recuperação de pessoas tóxico--dependentes e alcoólatras que pre-tendam vencer o vício. Numa recente deslocação ao município de Viana, lo-cal onde estão localizados os centros de recuperação da Remar, o A Capital ouviu histórias, na primeira pessoa, de jovens que estão em processo de re-cuperação. A rotina do Centro começa logo pela manhã. Todos levantam-se às 06h00, para a habitual missa do dia. Aqui recebem conselhos e orientações bíblicas, no sentido de, pautarem sem-pre por uma postura mais digna e de civismo. Já às 08h00, tomam o peque-

8 JOVEnSprOCuram ajuda diariamente na remar

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a causa da Remar. Francisco Banda

aconselhou as famílias a levarem os seus mem-bros à instituição, sem-pre que precisarem de ajuda, pois, acredita, é possível moldar o comportamento de um indivíduo que tem uma conduta desviada. Salientou ainda que, a recuperação de-mora entre seis meses a um ano.

“Se neste tempo a pessoa não apresentar sinais de recuperação, é feito o internamento por tempo indetermina-do”, do qual, segundo explicou, a pessoa só sai depois de a organi-zação e os familiares sentirem que o depen-dente está totalmente livre dos vícios. O cen-tro conta com uma es-cola de quatro salas de aulas, onde alunos po-dem frequentar desde a 1ª à 7ª classe, para além de uma área que cuida do lado espiri-tual dos necessitados, oferecendo-lhes tra-tamento terapêutico de recuperação e rea-bilitação com recurso a Deus. A Remar está em Angola desde 1996 e conta com mais de 20 centros distribu-ídos em três provín-cias, nomeadamente, Luanda, Kwanza-Sul e Benguela.

-se dele e perdeu o emprego que tinha. Sem beber, como frisou, não se sentia uma pessoa normal, para tal, tinha que dormir embriagado todos os dias.

Com o afã de mudar de vida, Pascoal Vunge está no centro de reabilitação da Remar, de onde, através da orientação que tem recebi-do para a sua recuperação, espera sair melhor.

Luís Alexandre, também foi parar àquele centro por causa de problemas ligados ao consumo desregrado de bebidas alcoólicas. Di-ferente de Pascoal Vunge, Alexandre disse que se tor-nou dependente por gosto e vontade próprios. “Não digo que foram os amigos que me influenciaram. Eu próprio sou o principal res-ponsável, de tudo o que me aconteceu ao longo desses 13 anos de envolvimento com a bebida”, assumiu Alexandre, que só chegou à Remar graças à irmã mais velha, saturada com os comportamentos do irmão quando bebesse.

“Estava a chegar a um

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paScOaL VUngE Os meus amiGOs pediam sempre para Que eu tOmasse uma CerVeja

FrancIScO BanDatuDo é eitona base Do amor

O responsável para a área masculina do centro da Remar, Francisco Banda, disse à nossa reportagem que, diaria-mente recebem no local, cerca de 08 pessoas com os mais diversos proble-mas, desde o alcoolismo, as drogas, prostituição e outras dependências.

Não se fazem milagres para a re-abilitação dos dependentes. De acordo com Francisco Banda, sim-plesmente usa-se a palavra de Deus através da bíblia sagrada, para mol-dar os indivíduos a uma conduta mais positiva.

Outro aspecto segundo ele, é a ocupação dos do-entes com as mais diversas especialidades, tais como, pedreira, serralharia, ladri-lharia e outras.

“Todo o individuo que en-tra no centro, não se limita apenas a ouvir a palavra de Deus. É, também, inserido no nosso quadro de acti-vidades e tarefas que eles próprios executam para o engrandecimento da obra”, informou o respon-sável.

O processo de interna-mento naquele espaço, acrescentou o nosso inter-locutor, depende da von-tade própria do individuo. “Ninguém é obrigado a ser internado na Remar”, asse-verou, acrescentando que o internamento é grátis, li-mitando-se apenas, o indi-viduo, a levar documentos de identificação pessoal. A alimentação e vestuário são suportados por empre-sas que se solidarizam com

ponto muito desagradável. Foi assim que a minha irmã resolveu trazer-me”, na tentativa de “transformar-me num novo homem”. Há seis meses interna-do, Luís Alexandre acredita que já não é o mesmo, mercê das mudanças que, segundo disse, são evidentes dentro e fora dele. Internado por consumir dro-gas está no mesmo centro, Inácio Luís. Aos 22 anos, o nosso entrevistado refe-riu que quando as tomava cometia mui-tos crimes. Luís, que vive no município do Sambizanga, adiantou que já esteve envolvido em muitos casos de furto, vio-lações e assaltos a residências.

“Foram os meus familiares que me trouxeram aqui. Eu estava a dar-lhes muita dor de cabeça”, informou.

Já Manuel Dala expressou que, até ao memento em que foi parar na Remar,

vivia com a família que ele próprio formou. O desemprego e a falta de condições materiais, estiveram na base do seu envolvimento com as drogas. Todas as ten-tativas de encontrar em-prego, fracassaram. De-sesperado, encontrou

subterfúgio nas drogas, como a liamba. “Sentia que a minha vida ia de mal para o pior”, reconheceu, acrescentando que, à dada altura, começou a pensar que as drogas seriam a saída. Só que, os efeitos das drogas, passaram a reflectir-

-se no seu relacionamen-to com a família. Recor-da que, batia na mulher e nos filhos, quase sempre que chegava a casa. O mi-nistro da Assistência e Reinserção Social, João Baptista Kussumua, considerou urgente que o país adopte e formu-le uma estratégia com políticas abrangentes para o combate ao alco-olismo. João Baptista Kussumua, falava du-rante o acto de abertura do seminário nacional de consulta pública da “Estratégia de combate ao consumo excessivo de bebidas alcoólicas” e, considerou que o consu-mo excessivo de álcool constitui um verdadeiro problema de saúde pú-blica no país.

O processo de internamento no centro de reabilitação da remar, depende da vonta própria do individuo afectado

a remar está em angola desde 1996 e conta com mais de 20 centros distribuídos em três províncias do país. Luanda, Kwanza-Sul e Benguela.

“Sentia que a minha vida ia do mal para o pior, porque procurava emprego e não encontrava”, lamenta Manuel Dala

“TODO O InDIVIDUOQue entra para O nOssO CentrO, nãO se Limita apenas a OuVir a paLaVra de deus”

LUíS aLExanDrE:“sou o principal responsável, por tudo o que me aconteceu ao longo desses treze anos de envolvimento com as bebidas”

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DEVOLVaM-ME a MInha caSa!... DESDE O anO DE 2005 que os moradores da zona da Congeral onde durante anos viviam em condições deploráveis, foram retirados no âmbito da intenção do Governo de retirar a população das zonas de risco, transferindo-as para lugares seguros. a desgraça, porém, foi do senhor Vicente Lunga bambi Gonga, que acabou de ver a casa que seria sua, com o número 100, vendida a uma senhora por supostos fiscais

nEM a caSa nEM O TErrEnO MErEcEU

lerpou na sapú-2Escrevi à 9ª comissão da assembleia nacional, ao Ministério dos antigos conbatentes e Veteranos da pátria, sobre o assunto, mas, até agora, não temho de volta a minha casa. antes mesmo, havia escrito para o ex-governador anibal rocha. Mandadou-me contactar o Investigador zovo nas instalações da extinta DnIc. Este interveio no caso e pediu ao engenheiro pedro neto que me concedesse outra casa. Deu-me um terreno.

MIgUEL DanIEL

V icente Lunga Bambi Gonga, 61 anos, viveu por muito tempo nas imediações da extinta fábrica de sabão, Congeral, localizada por

detrás do museu das Forças Armadas. Mas, as condições da área eram pre-

cárias, o que levou as autoridades a transferir toda a gente, para um sítio mais seguro. O desalojamento foi for-çado. Contudo, cada um teria direito a uma residência no bairro Sapú-2. Só que, na vez de Vicente Gonga receber a que lhe estava destinada na Rua da La-rangeira, com o nº 100, viu-a vendida por supostos agentes da Fiscalização do Governo Provincial de Luanda, à uma senhora. Perante ao que Vicente Gonga chama de azar, fez várias dili-gências junto de algumas entidades, no sentido de reaver a casa.

“Quando o meu grupo chegou, co-meçaram a distribuir-nos casas. Fi-quei com a ficha da casa número 100. Posto lá, dei com uma senhora, ale-gando que tinha comprado a casa. Foi assim que começou o meu azar”, ma-nifestou com o semblante carregado, ao esclarecer que diante deste quadro recorreu ao governador de Luanda, Aníbal Rocha.

Este, por sua vez, como conta o cida-dão, mandou-me contactar o investi-gador Zovo, nas antigas instalações da Direcção Nacional de Investigação Cri-minal (DNIC). O investigador analisou o caso e aconselhou o então coorde-

nador do projecto, Pedro Neto, a atribuir-lhe outra casa.

Mas em vez de casa, Gonga recebeu uma parcela de terreno de 25 metros por 15 metros, no qual, construiu uma re-sidência de três quartos, uma sala, uma cozinha e casa de banho, com meios próprios.

É que se o azar existe, então Vicente Gonga o tem. Depois de construir a casa no terreno que lhe foi dado, com o croquis de localização e o termo de superfície, “os senho-res Gonçalves António, Isaías Sebastião Kuta e Osvaldo Sebastião da Silva, todos do GPL, apro-veitaram-se da minha au-sência, vieram com uma máquina e demoliram a minha casa, já no princí-pio de 2011.”

“Venderam o terreno a uma outra pessoa, que não conheço, e nem os seus pedreiros aceitam revelar o nome”.

Antigo quadro das For-ças Armadas Populares de Libertação de Angola (FAPLA), com a patente de major, dedicou quase toda a vida ao cumpri-

mento do serviço militar, no Cunene.

“Venho para Luanda de-pois da desmobilização de 1992, a convite do falecido ministro da Defesa, Pedro Maria Tonha Pedalé, para servir de seu guarda”, com a promessa de receber um carro e uma casa. Porém, depois da morte do mi-nistro, tudo mudo para o pior. “Já não recebi o pro-metido. Foi assim que fui parar na Congeral”, recor-dou.

Voltando ao cenário do investigador, o lesado diz que chegou a desco-brir que o vendedor da casa que perdeu, era o se-nhor Faria, fiscal do GPL que acompanha as obras no projecto.

O ex-major das FAPLA é desempregado e viúvo, e não beneficia do di-nheiro da reforma.

“Até hoje o meu nome não sai na caixa social. Vivo a custa de alguns biscates. A mulher que me ajudava em certas necessidades já é faleci-da e, por falta de condi-ções e de como albergar as minhas filhas, tive de as mandar para a provín-cia”, contou.

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ficou então no, «nem uma, nem outra», até que reflectiu e deci-diu ir de novo à luta para rea-ver, pelo menos, uma. É nessa aventura em que se encontra o

antigo militar das FAPLA.“Escrevi para a 9ª Comissão da As-

sembleia Nacional, que, por sua vez, mandou um despacho ao governa-dor provincial, para pôr fim a esta si-tuação”, procedimento que Vicente Gonga repetiu com o Ministério dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria e ao secretário-geral do MPLA, Díno Matross.

“O chefe do departamento dos re-cursos humanos do Ministério dos Antigos Combatentes veio até aqui, constatou a situação e escreveu para o arquitecto Helder José que, tam-bém, orientou a cedência de outra casa”, porém, até hoje, nem água vem, nem água vai.

O interlocutor está ciente de que “o senhor Bento Soito domina a situ-ação”. “Quando ainda exercia a fun-ção de vice-governador de Luanda, chegou a vir cá, acompanhado, in-clusive pela TV Zimbo”, tendo visto e ouvido “as falcatruas que os seus colegas fazem. Uma das alegadas falcatruas é a venda por fiscais do GPL, de acordo com Gonga, dos ter-renos localizados depois do colégio, junto à zona comercial. Os mesmos fiscais, até hoje, alega o queixoso, andam impunes. E no local, para além da situação do antigo FAPLA, encontramos esta. Alguns popula-res que tinham comprado terrenos das mãos de supostos fiscais, cons-truíram neles, casas.

“Pediram que, os populares reti-rassem os seus materiais de cons-

DEVOLVaM-ME a MInha caSa!...

O programa de Emergência habitacional foi aprovado em 2000 pelo conselho de Ministros. E aos 16 de Julho de 2005 os primeiros populares, que viviam em situação de risco, na Boavista e congeral foram realojados no zango e na Sapú, em Viana. Bento Soito, coordenador do programa de realojamento de Luanda, disse que dificuldades financeiras têm atrasado o processo de realojamento dos sinistrados. a execução de obras de estradas e valas de drenagem provoca desalojamentos não previstos pelo programa.

DEVEM prOcUrar as instituições afins para tratarem dos seus assuntos e não correrem para a imprensa

trução. Falo de areia, burgau e blocos”, in-formou Vicente Gonga. Testemunha de Vicente Gonga é dona Teresa, também ex- moradora da Congeral. Foi falan-do nessa condição, que confirmou à nossa re-portagem, que, na ver-dade, o senhor Vicente foi seu vizinho de longa data. Condoída, lamen-ta o facto de este até ago-ra não ter sido contem-plado pela distribuição de casas.

“Lamento o que estão a fazer ao vizinho Vicen-te. Ele sempre foi boa pessoa para com todos lá na Congeral. Não se-ria ele a ficar sem casa. Não sei ao certo, como é que as coisas chega-ram até a este ponto”, solidariza-se, ao teste-munhar que a venda ilí-cita de terrenos e casas, naquela zona, é uma re-alidade. “É só teres sete mil dólares e contactar os fiscais. Tens logo uma casa, porque eles enqua-dram o nome da pessoa compradora, na lista das pessoas beneficiárias”, como se fosse desaloja-da, o mesmo acontecen-do com os terrenos.

“Foi o que fizeram no terreno da Fesa”, voltou a certificar. O Programa de Emergência Habita-

cional foi aprovado em 2000 pelo Conselho de Ministros. E aos 16 de Julho de 2005 os primeiros popula-res que viviam em situação de risco, na Boavista e Congeral, foram realo-jados no Zango e na Sapú-2, algures ao município de Viana. De acordo com o engenheiro Pedro Neto, as casas estão a ser construídas em locais que contam com várias infra--estruturas sociais, desde escolas, centros de saúde e de comércio, água canalizada e luz eléctrica. Cada casa ocupa um espaço mínimo de 61 metros quadrados, e, segundo o responsável, o critério de atribuição das mesmas, da responsabilidade do GPL, consiste na identificação prévia de zonas de risco de onde são retiradas as populações.

Para evitar que terceiras pesso-as reivindiquem a posse de casas, mesmo sem nunca terem morado em locais de risco, o GPL adoptou um sistema de cadastro digitalizado das coordenadas geográficas da an-tiga casa. O Programa de Emergên-cia Habitacional, do GPL, tem por

objectivo construir na Sapú-2, cinco mil casas e realojar 21 mil e 300 fa-mílias no Zango.

De acordo com Pedro Neto, a primeira fase do programa, que contem-pla três mil casas, está avaliado em cerca de 18 milhões de dólares. Cer-ca de cinco mil casas, avaliadas em 30 milhões de dólares, serão ergui-das na segunda fase do programa.Entretanto, centenas de famílias continuam a viver em tendas, no município do Kilamba Kiaxe, Cazen-ga, junto ao cemitério de Viana e no Zango.

Passados cincos anos desde que foram de-salojadas devido às chuvas, e transferidos para áreas considera-das seguras, as casas prometidas continuam intermináveis. Os mo-radores queixam-se do mau estado das tendas e da insegurança aí vivi-da, responsabilizando o GPL de não cumprir com os prazos para a entrega das novas ca-sas. Já de acordo com Bento Soito, coordena-dor do Programa de Re-alojamento de Luanda, dificuldades financei-ras têm atrasado o pro-cesso de realojamento dos sinistrados de Lu-anda.

QUanDO aS aUTOrIDaDES SE FUrTaM

o reCurso sãoos órgãos DeComuniCação

EM LUanDa muitas famílias continuam a viver em tendas. entre elas estão os sinistrados das chuvas de janeiro de 2007, no Kilamba Kiaxi, Cazenga, os desalojados do Gika, e do bairro benfica à ilha do Cabo a

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0030 milhões de dólares investidos

200funcionários trabalham no LCC

0002semanas demora um produto a chegar aos técnicos

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trinta miLhões de dóLares inVestidOs pOdem ir para O raLO

caSTELO DE crIMInaLíSTIca cOM pÉS DE BarrO O QUE SE cOnTa DO LaBOraTórIO cEnTraL DE crIMInaLíSTIca é um papel químico da história da rã que queria ser boi. de tanto inchar, para atingir os níveis das melhores polícias do mundo, a unidade forense doméstica pode acabar por estourar, sem atingir os desideratos que exigiram o seu apetrechamento: facilitar obtenção de prova pericial ou material e, por via disto, acelerar as acções de instrução processual e da condução em juízo

MarIanO BrÁS

Quando em Fevereiro do cor-rente ano, o ministro do Interior, Sebastião Martins, cortava a fita e descerrava a lápide que anunciava a inau-

guração de um Laboratório Central de Criminalística de Angola (LCC) dotado de equipamentos tecnológicos de pon-ta, utilizados em departamentos poli-ciais a nível internacional, tudo indi-cava que estava dado o mote para que o apoio há muito exigido aos tribunais e departamentos de Polícia, visando o esclarecimento de casos criminais em todo o país, quer na esfera cível, quer penal.

Na altura da sua inauguração, o mi-nistro garantia que, pela sua dimen-são e pelo investimento realizado, o Laboratório serviria o país inteiro,

diante do enriquecimento do seu ‘mo-biliário’ tecnológico, começa a dar mos-tras de que o parto terá sido prematuro, facto que não justifica o investimento de cerca de 30 milhões de dólares norte--americanos anunciados na altura.

Fontes conhecedoras do dossier reve-laram ao A Capital que, neste momen-to, aquele organismo está ainda longe de atingir tal desiderato, visto que se encontra com vários serviços paralisa-dos, que vão desde a falta de químicos, oxigénio, papel, luvas, batas, álcool e viaturas, ‘ingredientes’ bastantes para a realização de uma investigação que res-ponda com rigor exigido por este ramo das ciências forenses.

A enchente que até às primeiras ho-ras desta quinta-feira se apresentava na parte frontal daquela estrutura, é sinto-máticos do grau de solicitação de que o organismo é alvo.

E, logicamente, tem uma razão de ser: são pessoas que por aí acorrem, diariamente, no afã de ver realizado os mais diversos exames, geralmente exi-gidos pelos tribunais, facto que é sin-tomático de que alguma coisa não vai bem naquele departamento forense.

E tudo acaba por ficar confirmado, quando as pessoas regressam às suas casas, após longas e fastidiosas horas de espera, sem realizar os referidos exames. “Dizem-nos apenas que hoje não é possível, que temos que regres-sar no dia seguinte ou ainda uma se-mana depois”, reclamou um popular, a quem foi exigido um exame pericial.

Por volta das seis horas da manhã, de segunda-feira, 26, por exemplo, na porta do Laboratório Central de Cri-minalística encontravam-se mais de 20 pessoas, que quase suplicavam por atendimento.

comprometendo-se, inclusive, a servir também outras instituições policiais da região austral do continente que co-operam com Angola.

“Este laboratório afirma-se como um dos mais desenvolvidos e mais apetre-chados da nossa região e, por via disso, podemos considerar que ele estará,

seguramente, a breve tre-cho, disponível para as acções de cooperação que temos com as polícias da África Austral”, concluiu.

Porém, oito meses de-pois, qual gravidez inde-sejada, o LCC, mesmo

Vice- Ministro do interior, Ministro e o director. no começo tudo era promissor e o orgulho imperava

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LaBOraTórIO QUE SE EncOnTra cOM VÁrIOS SErVIçOS paraLISaDOS, que vão desde a falta de químicos, oxigénio, papel, luvas, batas, álcool e viaturas, ‘ingredientes’ bastante para a realização de uma investigação que responda com rigor exigido por este ramo das ciências forenses.

Neste momento, a situação atin-giu um ponto que pode ser considerado de ‘nível zero’, pois o laboratório que atende as 18 províncias do país, há

praticamente duas semanas não está a realizar exames, por alegada ausências de químicos, papéis, luvas, batas, álco-ol e tinta para as impressoras.

E mais: as três únicas viaturas da ins-tituição encontram-se avariadas, por carecerem de assistência técnica. Ou melhor, são assistidas em oficinas ile-gais existentes nos bairros, já que as viaturas de marca Ford, em uso naque-la instituição, não são reconhecidas pela representante daquela marca no país.

Dado o aproximar de uma falência técnica, todo o investimento feito ca-minha para o ralo. Isso quer dizer que, os dez departamentos e as diversas repartições técnicas capazes de inves-tigar tanto provas físicas, quanto ma-terial humano, das quais se destacam o laboratório de retrato falado, foto-gráfico, documentos, balística, ADN, química, toxicologia, informática e flu-ídos humanos, tendem a cair em saco roto.

Todas as áreas foram criadas para funcionar integradas entre si, através de sistemas de informação ligados em rede, onde cada caso é acompanhado por responsáveis técnicos, de cada área de investigação.

Entre eles, encontra-se o Domingos Bernardo, de 38 anos, que afirmou ter um caso em tribunal, que aguarda pelos resultados a realizar no LCC, mas que até aquela segunda--feira estava impossível. “Os senhores do Labora-tório dizem que não têm material, para realizar os exames”, revelou.

Na mesma situação en-contra-se Gaspar Francis-co. Conta 40 anos e há já duas semanas, que se diz no vai e vem, “para ver se consigo realizar o tão de-sejado exame, que me foi exigido”. A verdade é que, até agora não consegue e, mais do que isso, nem sequer tem uma previsão de quando será possível. “Dizem apenas que estão sem material”, frisou, agastado com a situação vigente.

Além da gravidade da si-tuação actual para o bom andamento dos trabalhos daquela central crimina-lística, fontes afectas ao Laboratório asseguram que tudo terá começado tal como o anunciado na cerimónia de inauguração e consideram logo que a situação se desmoronou tão foi nomeado o novo Di-rector Nacional de Inves-tigação criminal (DNIC), Eugénio Alexandre.

Aliás, tal como aferi-ram, foi também nesta circunstância que co-meçou a registar-se a fuga de quadros daquele departamento de inves-tigação, agastados com o ambiente, para outros

organismos. “E saíram bons quadros da nossa instituição, porque não eram valorizados”, reco-nheceram as fontes deste jornal, conhecedoras do dossier.

Acontece que quando se pensou no apetrecha-mento daquela unidade, foram recrutados especia-listas em criminalística das mais variadas ciên-cias, inclusive alguns a re-sidir no exterior do país, que regressaram dispos-to a abraçar o projecto, ao passo que outros foram arregimentados de ou-tras áreas, com a perspec-tiva de evoluírem, mas, ao que tudo indica, oito meses depois tudo come-ça a esfumar-se, nos dias que correm, por o Labora-tório começar a dar sinal de não ter pernas para andar, se, entretanto, in-tervenção urgente não se fazer sentir. “Os princi-pais quadros já pensam em abandonar o navio”, acrescentaram as fontes.

Este jornal envidou to-dos os esforços, no senti-do de contar o responsá-vel máximo da Direcção Nacional de Investigação Criminal (DNIC), para, oficialmente, esclarecer o caso, mas tal não foi possível, dada a ausência dos mesmo nos dias em que se este jornal se fez ao seu local de trabalho, nos dias 27 e 28, respecti-vamente. Mas, nem mes-mo por telefone tal foi possível, uma vez que o se mostrou indisponível para abordar o assunto.

FaLÊncIa TÉcnIca à VISTa

a montanha pariu um rato?

Contudo, agora, com a redução de departamentos, quem actualmente exerce um cargo de chefia, poderá ver--se relegado para simples funcionário, mas com o mesmo volume de traba-lho, o que, para muitos, constitui um contra-senso.

Segundo a fonte deste jornal, tudo está como está pelo facto da sua con-cepção não ter levado em conta, na profundidade, o esforço financeiro que um laboratório do género acarre-ta. “O Laboratório Central de Crimina-lística conta com duzentos funcioná-rios e é visto como um departamento da DNIC, que depende do orçamento da DNIC e funciona com fortes limitações”, quei-xaram-se.

E depois explicaram em miúdos: “antes de se comprar qualquer ma-terial, é necessário uma factura proforma e a disponibilização das ver-ba consome quase uma semana. Desta forma, os exames e os processos ficam também parados ou andam lentamente”, esclareceram os interlo-cutores deste jornal.

As fontes defendem, por isso, que para o suces-so instituição, o Labora-tório deve ser visto como

um órgão autónomo, ou seja, com orçamento independente. “Só desta forma, poderemos contar com uma Policia científica como tal”, sugeriram as fontes.

hebraico como língua oficialO grau de descontentamento por par-te dos técnicos angolanos afectos ao Laboratório Central de Criminalística estende-se, inclusive, ao nível da pró-pria língua dispostas nas máquinas e manuais. Para os mesmos, este terá sido um outro erro, quando se esco-lheu o país para cooperar nesta área.

“A escola israelita”, disseram, “ape-sar de boa não é a melhor”. Porquê? quisemos saber. “O idioma tem sido um grande problema”. Defendem que, fica mais fácil realizar formação no Brasil, Espanha ou Cuba. “O idio-ma desses países facilita a aprendiza-gem, além de que também têm ainda uma vasta experiencia nesta área e são fabricantes de materiais de laborató-rio, com manuais em português”.

Reclamam, por outro lado, que no período da compra dos materiais, os técnicos angolanos não são tidos,

nem achados, para, ao menos, emitirem algu-ma opinião. Vezes há, por exemplo, disseram, que, ao chegarem no país, os materiais não servem. O inverso tam-bém é verdadeiro: “quan-do servem têm pouca capacidade, para o traba-lho desenvolvido naque-le laboratório”.

Apelam, por isso, que “quando forem comprar qualquer material, fa-çam-se também acompa-nhar de um especialista da área ou, ao menos, que tenham a humildade de pedir opinião”.

anTES DE SE cOMprar QUaLQUEr MaTErIaL, é neCessáriO uma FaCtura prOFOrma e a dispOnibiLiZaçãO das Verba COnsOme Quase uma semana

E TUDO acaBa pOr FIcar cOnFIrMaDO, QUanDO aS pESSOaS rEgrESSaM àS SUaS caSaS, apóS LOngaS E FaSTIDIOSaS hOraS DE ESpEra, SEM rEaLIzar OS ExaMES. “diZem-nOs apenas Que hOje nãO é pOssíVeL, Que temOs Que reGressar nO dia seGuinte Ou ainda uma semana depOis”, reCLamOu um pOpuLar, a Quem FOi exiGidO um exame periCiaL.

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academiacapital

as vantagens Da monoDoCênCia CoaDjuvaDa

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a Lei de Bases do Sistema de Educação define-se o Ensino Primário como um período unificado de seis anos. Este subsistema de ensino, em re-

gime de monodocência, como conse-quência da reforma curricular, portan-to, passa de quatro para seis anos de escolaridade.

Esta decisão obedece a uma lógica correcta, aliás, mais cedo ou mais tar-de irá passar para nove anos, ou seja, esta mudança, na minha opinião, não deve merecer qualquer tipo de polé-mica. Com esta reforma curricular pretende-se complementar e desen-volver as habilidades, os conhecimen-tos e as competências dos alunos que completam a 6ª classe ao nível do “saber”, ao nível do “saber-fazer” e ao nível do “saber ser”, portanto, nada há a contestar.

Em contexto de gestão do currículo, o que tem merecido alguma polémi-ca relaciona-se com a monodocência. Há vantagens na monodocência? Que entendimento devemos ter da mono-docência? Aqui parece haver algumas discordâncias e polémicas no seio da comunidade educativa que importa debater.

Antes de abordar propriamente a problemática da monodocência, gos-taria de invocar a conceituação de cur-rículo preconizada por Maria do Céu Roldão.

Segundo esta consagrada especia-lista, o currículo deve ser entendido como o conjunto de aprendizagens que se consideram socialmente ne-cessárias num dado tempo e con-texto, cabendo à escola garantir e organizar.

Um dos aspectos mais importantes a reter é que essas aprendizagens são transformadas em currículo por força da existência de um projecto curricu-lar, contextualizado, em que cada es-cola deve assumir tendo por referência o currículo nacional, contudo, atenta à sua dimensão local, à região, aos estu-dantes e à comunidade onde a escola está inserida.

No que diz respeito à monodocên-cia, aqui entendida como a respon-sabilidade de um professor único para o desenvolvimento de um en-sino globalizante, em relação aos quatros primeiros anos do ensino primário (1ª à 4ª classe), sou um defensor acérrimo deste princípio por três razões:

Em primeiro lugar porque para se

ser professor do ensino primário são necessários saberes e práticas pró-prios oriundos de uma formação inicial especifi-camente concebida para esse efeito.

Em segundo lugar, por um argumento de cunho psicológico, pois decerto todos concorda-rão, o aluno do ensino primário, para além da intervenção do encar-regado de educação, necessita de ter uma re-ferência única (leia-se: professor em regime de monodocência) que seja fundamental para o ajudar a perspectivar o mundo sem atrito com o seu desenvolvimento afectivo.

Por último, numa pers-pectiva pedagógica, devi-do à necessidade da visão globalizadora que ante-cede a aprendizagem de conhecimento especiali-zado.

Esta tese de defesa da monodocência, princi-palmente nos primeiros quatros anos de escolari-dade do ensino primário, assenta na importância de haver apenas um úni-co professor responsável pela gestão de todo o currículo, ou seja, o pro-fessor do ensino primário deve continuar a ser um

professor generalista e coordenar o processo de ensino-aprendiza-gem de uma ou mais turmas.

No entanto, e aqui vou introduzir um elemento reformis-ta, num quadro de monodocência até à 6ª classe, conside-rando a existência de disciplinas de especialização com conteúdos e compe-tências a alcançar de outra complexidade, defendo que pode ser benéfico o professor do ensino primário estar integrado numa equipa e beneficiar de coadjuvação, na expectativa de que a coadjuvação vai enri-quecer o currículo e os processos do seu desenvolvimento.

A monodocência coadjuvada tem sido praticada em outros países com sucesso e penso que, desde que a coadjuvação seja de cooperação e auxílio solidário, poderá aju-dar a resolver proble-mas detectados no processo de avaliação da reforma em algu-mas disciplinas das 5ª e 6ª classes do ensino primário.

EM cOnTExTO DE gESTÃO dO CurríCuLO, O Que tem mereCidO aLGuma pOLémiCa reLaCiOna-se COm a mOnOdOCênCia. há VantaGens na mOnOdOCênCia? Que entendimentO deVemOs ter da mOnOdOCênCia? aQui pareCe haVer aLGumas disCOrdânCias e pOLémiCas nO seiO da COmunidade eduCatiVa Que impOrta debater.

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SaMBIzanga GeradOres Viram ‘mObíLia de LuxO’ na petranGOL.03

cazEnga buraCO na estrada ‘enGOLe’ Camiões e COntentOres.02

cacUacO ‘passaGeirOs’ assaLtam ‘Kupapatas’ durante a bOLeia.03

este suplemento é parte integrante desta edição e não pode ser vendido separadamente

quer Ver publicadas coisas sobre o seu bairro? escreva para [email protected]

peRIGO AÉReOstop Quando se pensava que as passagens de níveis seriam a solução para a livre circulação pedonal, como forma de evitar o perigo nas

estradas, eis que em municípios como o rangel e o Cazenga essas estruturas começam a representar mais perigos que as estradas. mal instaladas, elas apresentam sinais de alguma saturação, de tal forma que as pessoas não sabem como evitar um possível desastre

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DIOníSIa gUErra, nO cazEnga

A situação constatada pela re-portagem do Areal é o que se pode considerar de bastante caótica. Jelson Santos, que vive no bairro da Cuca, há 15

anos, reconhece esta realidade, mani-festando, por isso, o seu total descon-tentamento com o actual cenário por que passa aquela zona. “É uma pouca vergonha. Até parece que não temos administrador no nosso município. As estradas estão todas esburacadas e sem as mínimas condições para tran-sitar”, desabafou o morador.

Há já quase um ano que a rua se en-contra interditada, inicialmente devi-do a rotura de uma conduta. Acontece que os trabalhos foram realizados pela Empresa Pública de Águas de Luanda (EPAL), mas, paradoxalmente, a mes-ma empresa esqueceu-se de tapar o referido buraco.

Resultado: os problemas, sobretudo de engarrafamento, que já eram in-tensos, aumentaram sobremaneira. Nesses dias que correm, os camiões contentorizados têm vindo a sucumbir à profundidade daquela ‘cratera’, complicando a circulação diária de e para aquela circunscrição da capital angolana.

“Muita gente, inclusi-ve crianças, utiliza este troço, pelo que se torna perigoso andar por esta via, sem recear que um desses contentores venha a cair por cima de pessoas e viaturas”, sublinhou um outro morador, bastante preocupado.

O caso é ainda mais preo-cupante, segundo os seus utentes, pelo facto da via não dispor, praticamente, de ‘escapatórias’, com ex-cepção daquela que liga ao Zamba 1, com todos os

transtornos que tal pode representar. Os automobilistas são, por isso, obri-gados a procurar vias alternativas para chegarem a tempo aos locais dos seus afazeres diários. Outros, aqueles que optam pela via normal, permanecem, às vezes, até três horas nos infernais engarrafamentos, a aguardar que o trânsito flua.

Do São Paulo ao Kikolo praticamente não se vislumbra asfalto. Apenas ter-ra batida. “Solicitamos ao piquete da EPAL para reparar este problema, para ao menos tapar o buraco, mas não se obteve ainda resposta. Fomos, inclusi-ve, à administração do Cazenga, para solucionar o problema”, mas, mesmo naquela edilidade o silêncio foi a res-posta.

O pior está ainda no porvir. É que, o bu-raco tornou-se num reservatório de lixo, por as pessoas não conhecerem outro lu-gar para depositar tais resíduos. “O admi-nistrador (do Cazenga) está ciente que o seu município está repleto de sepultura sem cadáveres”, ironizou um morador, abordado pela nossa reportagem.

Moradora no bairro da Cuca, Maria Clara é da mesma opinião que Jelson

Santos. Ela não tem a mínima dúvida: os bura-cos existentes no Bairro representam uma séria ameaça, sobretudo para as crianças. Diz-se ain-da trémula, depois que viu, no mesmo dia, dois contentores caírem na via pública, por força da presença de buracos. “A sorte é que, não tem ha-vido danos mortais, mas os congestionamento na via atrasam a vida dos po-pulares”, lamentou, mais a mais, por os acidentes acontecerem, sobretudo, nas horas de ponta.

“Até que apareça uma grua para liberar a passa-gem, é uma eternidade”,

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BUracO ‘cOME’

caMIõES na cUca

O taxista pedro andré está indignado com a periclitante situação. “Já ouvimos falar que este buraco teria solução, mas, o que estamos assistir é que o buraco tem estado a aumentar cada vez mais”... “Somos multados se não cumprimos com as nossas obrigações, mas, curiosamente, ninguém quer pagar pelos danos que as viaturas venham a registar nas estradas”

OS TraBa-LhOS DE rEparaçÃO DE UMa cOnDUTa FOraM rEaLI-zaDOS pELa EpaL mas a mesma empresa esQueCeu-se de tapar O buraCO.

cazenga após ter recebido recentemente trabalhos de reabilitação ao nível do seu tapete asfáltico, a estrada que liga o bairro são paulo e Cuca volta a ganhar novos buracos, facto que tem criado

vários constrangimentos aos automobilistas e peões

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reconheceu a moradora. De tal forma que para escapar, os becos passaram a ser as vias alternativas. Consequên-cias? “O beco onde os nossos filhos brincam, deixou, agora, de ser um espaço calmo. Em caso de queda dos mesmos contentores, vamos ter mor-tes. É preciso tapar esses buracos”, ad-vertiu.

Além da ameaça dos contentores, ou-tro receio tem sido a chegada da chuva. Auguram uma calamidade, caso a si-tuação perdure, pois não vislumbram que a EPAL seja capaz de pôr cobro ao problema em tempo chuvoso, dada a grande presença de água que se apode-rará do buraco.

O taxista Pedro André está indignado com a periclitante situação. “Já ouvi-mos falar que este buraco teria solu-ção, mas, o que estamos assistir é que o buraco tem estado a aumentar cada vez mais”, queixou-se, lamentando o facto de todos os anos serem obrigados a pagar a taxa de circulação, mesmo sem melhorias ao nível das estradas.

“Somos multados, se não cumpri-mos com as nossas obrigações, mas, curiosamente, ninguém quer pagar pelos danos, que as viaturas venham a registar nas estradas”, voltou a recla-mar André.

cazenga eternos trabalhos de reabilitação agastam municípes Kilamba Kiaxi energia pré-paga na Cidade do Kilambapanguila novo roque sem clientes desespera vendedoressamba Cresce o número de acidentes rodoviários na estrada principal

JOÃO aFOnSO, em cacUacO

Um motociclista foi ferido, nesta terça-feira, após dis-paro de arma de fogo, nas imediações do bairro da Nova Urbanização, quando

se encontrava a realizar o serviço do moto-táxi, uma actividade que exer-cem todos os dias, razão pela qual não lhes passou pela cabeça que naquela dia o quadro se inverteria e para o pior.

Na manhã daquele fatídico dia, como sempre acontece, dois desses elementos, vulgarmente conhecidos também por ‘kupapatas’, transpor-tavam, normalmente, os seus passa-geiros, quando esses, contra todas as expectativas, resolveram mudar a rota, sem um aviso prévio aos condutores.

Porém, ainda assim, os dois motoci-clistas decidiram satisfazer a vontade dos passageiros, dentro da máxima de que o cliente tem sempre razão. Só não lhes passava pela cabeça que o pior, afinal, estava no porvir.

É que, os passageiros eram delin-quentes e, mais do que somente a boleia, pretendiam, acima de tudo, ficar-lhes com a motorizada. E foi só

motos é que estão a dar

‘KUpapaTaS’ na MIra DE aSSaLTanTES

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cenas de assaltos aos motociclistas são frequentes naquela circunscrição nos últimos dias, sobretudo por uma gritante ausência de policiamento na referida área

“não sabemos, agora, quem é o passageiro e quem é o assaltante. Quando menos se espera, estamos a transportar um gatuno”

JOÃO aFOnSO, nO SaMBIzanga

Como quem não tem cão, caça com gato, no bairro da Petrangol, à falta de forne-cimento regular de energia eléctrica da rede oficial,

a solução encontrada continua a ser os geradores e, sem melhor solução, candeeiros à petróleo e velas quase sempre perigosas, porque causadora de vários incêndios.

A ginástica dos moradores é adqui-rir, diariamente, combustível, para ali-mentar os geradores, qual deles o mais barulhento, susceptíveis de provocar problemas auditivos.

Mas, para quem como Dona Joana, procura, ao menos, contar com uma lâmpada acesa, problemas de saúde causados pelos geradores fazem parte apenas da moral e não da necessidade. Por isso, ignoram.

Ela é residente do bairro e garante que, a vida tem sido bastante difícil, por ser uma constante viverem às escu-ras. “Como muitos, precisamos tam-bém de estar informados, conservar alimentos e dispor de outros serviços que a energia eléctrica proporciona, mas não podemos”, lamenta a senho-ra Joana. E dada a periclitante situa-ção, moradores há que há deixaram de comprar frescos, em quantidade,

um piscar de olhos para os conduto-res aperceberem-se que tinham caído numa armadilha.

Segundo um morador das redonde-zas, que se identificou como João Bap-tista, que presenciou tudo o que se passou, um dos proprietários da mo-torizada foi atingido no pé esquerdo, quando procurava evitar o assalto. Os assaltantes, como contou, levaram a motorizada. O segundo condutor con-seguiu salvar o couro, porque naquele momento, já em desespero, não havia mais tempo por parte dos amigos do alheio para levar a outra motorizada.

Avisada a tempo, denunciam os mo-radores, a Polícia apenas apareceu quando os assaltantes já se tinham ‘evaporado’, ao passo que o homem atingido se esvaía em sangue, tendo sido socorrido por um automobilista que passava pelo local e conduzido ao Centro de saúde de Cacuaco.

De acordo com o entrevistado, ce-nas de assaltos aos motociclistas são frequentes naquela circunscrição nos últimos dias, sobretudo por uma gritante ausência de policiamento na referida área. André Sebastião revelou que, recentemente, já foi vítima de

assaltos, ao mesmo tempo que se viu espancado pelos mesmos por apre-sentar resistência. “Para escapar com vida, tive que entregar todo o dinheiro que tinha aos assaltantes”, acrescen-tou.

E o estratagema é sempre o mesmo, como contou Sebastião. “Fingem que são passageiros e indicam a rota, mas acabam, um pouco mais à frente, por desviar a rota, porque ameaçam-nos com armas de fogo”, queixou.

A passageira Luzia da Silva não se refez ainda do susto por que passou recentemente, quando caminhava sobre o ‘dorso’ de uma dessas mo-torizadas, em serviço de kupapatas. Quando se aproximava do local onde deveria descer, viu impossibilitada a caminhada por uma dupla de assal-tantes, que pretendiam ficar com a motorizada.

Houve uma pequena briga, mas tal teve que ser interrompida pelo proprie-tário da mota, quando se viu rendido por uma pistola apontada na cabeça. Viu-se rendido. Teve que entregar a mo-torizada. E não só: “Eu e o motociclista tivemos que entregar todos os valores que trazíamos para poupar a vida”, con-tou Luzia da Silva.

Um outro motoqueiro, que falou sob anonimato, visivelmente assustado, re-velou que os assaltos acontecem prati-camente todos os dias, em todas as ho-ras, de manhã e de noite. “O trabalho dos marginais está a ser facilitada pela fraca presença policial”, considerou.

Por isso, avisam, todo o cuidado é pouco. “Não sabemos, agora, quem é o passageiro e quem é o assaltante. Quando menos se espera, estamos a transportar um gatuno”, lamentou.

Quem também lamenta, é dona Ân-gela, que vende nos pontos de concen-tração dos ‘kupapatas’, lamenta o que tem estado a acontecer, dizendo não compreender os motivos para esta onda de assaltos, sobretudo por as ví-timas serem pessoas que penam, com quantas penas tem uma galinha, para, ao menos, responderem ao apelo do estômago. “Eles ajudam muito a po-pulação e esses roubos não deveriam estar acontecer”, disse, a concluir.

por recearem que os mesmos se de-teriorem. “A vida está cada vez mais difícil”, acrescentou ainda a mesma interlocutora, para quem a falta de luz eléctrica empobrece cada vez mais as famílias. “Não entendo, como é pos-sível que outros bairros tenham ener-gia, enquanto, entre nós, a realidade é às escuras”, reclamou.

Zito Manuel, um outro morador, é um dos que se junta aos clamores daqueles que vivem quase em com-pleto breu. Afirmou que, com algum esforço é possível ultrapassar-se esta situação, uma vez que há bairros limí-trofes que contam com este serviço, embora não seja de grande qualidade, “mas que, ao menos, serve para algu-ma coisa”.

“Gasto todos os dias dinheiro, para que o meu gerador não deixe de fun-cionar. Confesso que, não tem sido fácil, visto que cinco litros de gasolina vão de 350 a 450 kwanzas. Imagine, agora, o que é comprar todos os dias. Quanto terei de gastar”, interrogou Manuel.

E porque a ocasião faz o ladrão, os amigos do alheio estão sempre à es-preita, aguardando pela melhor opor-tunidade para fazer vítimas, contan-do, para o efeito, com a facilidade que é conferida pelo inexistente serviço de fornecimento de energia eléctrica.

Um morador que se identificou apenas de Júlio diz-se exasperado com o barulho que é produzido pela exposição aos moradores. “É irritante. Vivo num quintal comum, onde existem seis casas, cada uma delas usa o seu gerador e temos que viver, diariamente, com esta situação”, contestou.

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Em face do mau estado dessas vias, os moradores optaram por outras, embora nem sempre os resultados sejam os mais esperados. É que se de um lado conseguem escapar das ‘garras’ dos marginais, acabam, na caminhada, por ter de enfrentar várias lixeiras que circundam esses locais.

passagens de níVel

pErIgO SUSpEnSOOBraS estrada de ligação Cabolombo/Futungo, na comuna do benfica, atingiu a fase da construção de passeios laterais e retornos, no âmbito da reabilitação de cerca de sete quilómetros.

IDOSO no quadro do dia mundial do idoso, a Fundação Kilamba, uma organização filantrópica angolana, realiza entre 02 e 15 de Outubro, uma Campanha nacional de solidariedade para com a terceira idade, assinalado no 01 de Outubro. a organização explica que, a iniciativa tem por objectivo arrecadar donativos materiais e fundos para a implementação do “projecto Faça um idoso Feliz”.

VIOLÊncIa entre janeiro do corrente ano, o centro de aconselhamento do município da samba registou mais de trezentos casos de violência doméstica. entre os casos mais flagrantes, a fuga à paternidade e falta de prestação de alimentos encabeçam a lista de delitos mais comuns.

àlupa

Acontece que, por falta de conten-tores de lixo na área e a irresponsabi-lidade de uns tantos moradores, os resíduos sólidos são depositados no chão, não raras vezes, junto da linha férrea, com todo o perigo que tal pode representar para uma livre circulação ferroviária.

O morador da Rua da Comissão do Cazenga afirmou que, desde os anos 90 contam apenas com uma passa-gem aérea, que já está danificada.

Para minimizar a situação, foi cons-truída uma nova. Mas, para mal dos pecados, teve um efeito contrário. Ou seja, os assaltos aumentaram de for-ma exponencial, dado que a passagem foi construída entre casas e becos.

“Não temos paz”, desabafou Francisco Pedro, referindo-se às crianças que têm de atravessar todos os dias, a caminho de escola, as passagens de nível já danifica-das. “Sempre que os nossos filhos saem de casa, não nos sentimos tranquilos, porque não sabemos que perigo podem estar a correr”, lamentaram.

Os problemas, segundo os moradores, são maiores, visto que, praticamente, se sentem presos em casa, com medo de que este tipo de passagens caiam a qualquer momento. “Não podemos con-tinuar a viver desta forma. É demais!”, esbracejou um outro morador.

A viver no bairro da Precol, ao Ran-gel, João Salvador reconhece que a situação por que passam, é, deveras, bastante complicada. “Desde que co-meçamos a registar este tipo de pro-blemas, nunca mais vivemos com tranquilidade, porque somos bastan-te afectados”, defendeu, referindo-se, sobretudo, aos idosos, que não con-seguem passar por essas estruturas, dada a insegurança.

Os moradores acusam, por isso, as administrações municipais dos Ran-gel e do Cazenga de estarem a fazer vistas grossas ante os problemas há muito reclamados pelos munícipes àquelas edilidades. “Estamos cansa-dos com este tipo de situação, porque os danos são cada vez maiores”, afir-mou João Salvador, que diz já se ter queixado por diversas ocasiões.

Reconhecem que, a empresa respon-sável pela recolha de lixo está a envidar esforços, no sentido de removê-lo na totalidade, mas os utentes daquela via defendem, por seu turno, que as admi-nistrações municipais sejam também lestas a reabilitarem essas passagens de níveis.

Esforços foram feitos pela repor-tagem do Areal, tendentes a contar os responsáveis das administrações comunais do Rangel e Cazenga, mas sem sucesso.

miL Casas a COnstruir nO sambiZanGa e CaZenGa

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hELEna MarIa, nO rangEL

A má conservação das passa-gens de níveis localizadas entre a Rua Comandante Cantiga, no Rangel, e a Rua 1 da Comissão do Cazenga

coloca sob ameaça a livre circulação de moradores de ambos municípios. É que aquelas estruturas carecem de corrimão, lixo e a delinquência, como não poderia deixar de ser, tem deixa-do também a sua impressão digital, fazendo dos munícipes reféns, sobre-tudo aqueles que, por falta de via de passagem melhor, arriscam a vida ao tentar atravessar a linha férrea.

De passagem por algumas artérias de ambos municípios foi possível constatar que, as passagens de nível, além de desprovidas de corrimão, es-tão cada vez mais ‘mutiladas’ nos de-graus, uma vez que a placa e a viga de suporte estão danificadas, como recla-mou Francisco Pedro, morador da Rua 1 da Comissão do Cazenga.

“Reconhecemos que este tipo de passagens foram mal feitas, porque as mesmas não suportam muito peso”, revelando que as mesmas, inclusive, chegam a mexer e as noites os amigos do alheio fazem, o que bem lhes dá na pura gana.

Em face do mau estado dessas vias, os moradores optaram por outras, em-bora nem sempre os resultados sejam os mais esperados. É que se, de um lado, conseguem escapar das ‘garras’ dos marginais, acabam, na caminha-da, por ter de enfrentar várias lixeiras que circundam esses locais.

cazenga e rangel moradores sentem-se praticamente presos em casa, com medo de que este tipo de passagens desprovidas de corrimão e cada vez mais ‘mutiladas’

caia a qualquer momento. “não podemos continuar a viver desta forma. é demais”

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1Ainda não tinha enxugado total-mente a emoção pela execução,

nos Estados Unidos, de Troy Davis, e logo surgiu a notícia do falecimento do primeiro Presidente da República de Cabo Verde, Aristides Pereira. Rece-bi, pois, e de uma assentada, uma tre-menda carga emocional, um exagero para um único dia e em tão poucas ho-ras. Reconheço que os meus alicerces psicológicos abalaram.

2Seguramente que esses dois ho-mens nunca se cruzaram. Troy

Davis não terá nunca pronunciado o nome de Aristides Pereira, mesmo que este tenha sido Presidente da Repúbli-ca de Cabo Verde. Nem sei mesmo se alguma vez Troy Davis conseguiria lo-calizar no mapa-mundo o arquipéla-go de Cabo Verde. Suspeito ainda que Aristides Pereira nunca soube quem era Troy Davis, nem tomara conheci-mento do seu prolongado combate para evitar que lhe fosse executada a pena capital.

3Afinal, a única coincidência é que ambos morreram no mesmo dia,

e separados por poucas horas. Troy Davis morreu na cadeia de alta segu-rança em Jackson, no estado da Geór-gia, nos Estados Unidos, e Aristides Pereira nos hospitais da Universidade de Coimbra, em Portugal. Separava-os um longo hiato de 45 anos: Troy Davis tinha 42 anos e Aristides Pereira ia já com a bonita idade de 87 anos.

4Porquê, então, abordar num úni-co texto a morte destes dois ho-

mens que nada tinham de comum? Foi a questão que coloquei a mim pró-prio.

5Escrevo sobre Troy Davis, em princípio, porque sou contra a

pena de morte. E porque a sua execu-

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ção veio reforçar a minha posição críti-ca, já que suspeito que a justiça ameri-cana acaba de cometer nova injustiça.

6Escrevo sobre Aristides Pereira porque sempre o situei no pan-

teão dos políticos que honraram a po-lítica, dignificando-a, quer pela forma como nela entrou, quer como a exerci-tou, e como saiu dela.

7Tomado pela emoção e pela sau-dade, resolvi revisitar Aristides

Pereira numa entrevista que conce-deu, há cerca de 9 anos, a um diário

português. No preâmbulo do texto, a jornalista Ana Dias Cordeiro teceu con-siderações que correspondem ao seu retrato: “Aristides Pereira (…) respira serenidade e transmite a calma de um homem realizado, cuja vida lhe deu muito mais do que aquilo que alguma vez imaginou. Por detrás de uns ócu-los grandes, o olhar risonho diz isto e muito mais. As gargalhadas que por vezes solta nada tiram à sua natural distinção”.

8Seria esse também o retrato que eu faria desse homem justo e

simples, do distinto cabo-verdiano que, juntamente com os irmãos Amí-lcar e Luís Cabral, soube transformar em realidade as aspirações de inde-pendência de dois povos, o povo da Guiné-Bissau e o povo de Cabo Verde. E, depois, soube aceitar com humil-dade a derrota eleitoral, na transição do seu país para um sistema político multipartidário e para um regime de-mocrático.

9São dele ainda as seguintes pa-lavras: “Eu costumo dizer que

fiz política sem ser político. O que me levou à política foi a situação de humilhação, de exploração do povo cabo-verdiano e as injustiças do sis-tema colonial. Na minha geração, começou a ganhar-se absoluta cons-ciência da obrigação que tinham os cabo-verdianos de lutar contra essa situação de injustiça. Nunca sonhei, enquanto jovem, qualquer coisa que se parecesse com a política. Era qual-quer coisa que estava fora dos meus parâmetros”.

10Aristides Pereira entrou na política sem ser político.

Mas fez na política um enorme percur-so da sua vida. Porém, ele não cabe no mesmo quadro em que figuram todos

quantos vêem na política o campo onde não há limites nem fronteiras, um território sem regras e sem ética.

11Vou agora em busca de Troy Davis, o negro norte-ameri-

cano que acabou por ser executado com uma injecção letal, depois de 22 anos a clamar pela sua inocência. No dia anterior à sua execução, em carta divulgada pela Amnistia Internacional através do Facebook, Troy Davis es-creveu: “A luta por justiça não acaba comigo. Esta luta é por todos os Troy Davis que vieram antes de mim e por todos os que virão depois. Estou com bom espírito, rezando e em paz, mas não deixarei de lutar até ao meu últi-mo suspiro”.

12Sobre Troy Davis impendia a acusação de ter morto

um polícia que fora em socorro de um mendigo quando estava a ser agredido por dois homens. O polí-cia era branco. Inicialmente, 9 tes-temunhas apontaram-no como o autor dos disparos que vitimaram o polícia. Posteriormente, 7 dessas 9 testemunhas renegaram os pri-meiros pronunciamentos, afirman-do que tinham sido pressionadas pela polícia para prestarem falsas declarações. Além disso não foram encontradas evidências materiais que pudessem sustentar a acusação: nem a arma do crime, nem nos re-sultados dos testes de ADN.

13Perante tais factos, elevou-se um coro de vozes de figuras

públicas pedindo a anulação da pena capital contra Troy Davis, inclusive, Chefes de Estado e até mesmo do Papa Bento XVI.

14As autoridades judiciais do Estado da Geórgia mostra-

ram-se insensíveis e Troy Davis foi

mesmo executado. As suas últimas palavras foram dirigidas à família do polícia morto, que manifestou um particular interesse em assistir à exe-cução: “Que Deus tenha piedade da vossa alma. Não matei o vosso irmão. Não estava armado. Não fiz isto”.

15A justiça norte-americana tem sido fértil no cometi-

mento de erros que, depois, se cons-tata serem crassos. Por exemplo, pre-cisamente há dois anos, foi libertado nos EUA um homem que esteve preso durante 26 anos. Fora acusado de ter violado e ter morto uma mulher, quan-do tinha apenas 15 anos de idade. Os testes de ADN mostraram, porém, o quanto a justiça estava equivocada.

16Os 26 anos passados nos calabouços já tinham passa-

do e nunca serão recuperados – essa é hoje a única certeza. Se o tivessem executado, nunca se saberia que era, afinal, mais inocente.

17Nos EUA, desde a condena-ção até à execução, geral-

mente decorre um longo período de tempo, e existem múltiplas instâncias de recurso, o que dá a possibilidade de se corrigirem eventuais erros. Mas há outros países, como por exemplo a China, onde a pena de morte é exe-cutada quase que em simultâneo com a sentença, o que torna ainda mais problemática essa penalização que é irreversível.

18Depois da execução de Troy Davis, a luta contra a pena de

morte vai pela certeza aquecer vários palcos de debate. Termino, pois, recor-dando esta frase de Mahatma Ghandi: “A pena de morte é um símbolo de ter-ror e, nesta medida, uma confissão da debilidade do Estado”.

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102crianças, em cem, morrem no sudão do sul. a fome é, em grande parte, responsável

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24nObeL da paZ suCumbiu aO CanCrO

WangarI MaaThaI EnLUTa ÁFrIcaquénia de luto morreu aos 71 anos, domingo, vítima de cancro, Wangari maathai, prémio nobel da paz em 2004 pela sua intervenção na defesa do ambiente.

Do mundo inteiro são várias as vozes que se juntam à tristeza queniana. Numa reacção ao seu desaparecimento, o arce-bispo sul-africano, Desmond

Tutu, também ele galardoado com um Nobel da Paz, considerou que o mun-do perdeu “uma verdadeira heroína africana”, que entendeu, como nin-guém, a dinâmica social e económica que conduz à pobreza entre os africa-nos e outros povos do mundo.

“Ela percebeu e combateu os laços inextricáveis entre a pobreza, os direi-tos e a sustentabilidade ambiental. Não podemos deixar de nos maravilhar pe-rante a sua visão e o alcance dos seus sucessos”, referiu, em comunicado.

Por seu turno, a Fundação Nelson Mandela, entidade que gere a imagem e o trabalho humanitário do ex-Presiden-te da África do Sul e tam-bém Prémio Nobel da Paz, Nelson Mandela, Maathai foi uma ativista excepcio-nal da causa do ambiente.

“Ela deixou-nos como herança uma maior cons-ciencialização e um tra-balho mais profundo na protecção do ambiente e do mundo que perdurará por gerações”, salienta uma nota difundida em Joanesburgo pela referida Fundação.

Wangari Maathai foi a primeira africana a con-quistar o Nobel da Paz. Em 1977, fundou o mo-vimento Cinturão Verde,

um movimento qud procura promover a biodiversidade e, ao mesmo tempo, criar empregos para as mulheres e re-alçar a sua imagem no continente e no mundo.

Desde a data da sua fundação contam--se quase 40 milhões de árvores planta-das em África, 20 milhões só no Quénia, tornando-se num dos programas de maior sucesso de protecção do ambien-te.

Wangari Maathai foi a primeira mu-lher a completar o doutoramento na África Central e Oriental, antes de co-mandar a Cruz Vermelha queniana na década de 70 do século XX. Chegou a ser secretária de Estado para o Meio Am-biente entre 2003 e 2005.

Considerava que, em consequên-cia das mudanças climáticas, o meio ambiente degradou-se, sobretudo, o

monte Quénia, a sua re-gião natal. Mas tal não a demoveu de expandir o seu combate ecológico por todo o continente africano, sendo que, nos últimos anos, a sua luta estava centrada na protec-ção da selva da Bacia do Congo na África Central, tão-somente o segundo maior maciço florestal tropical do mundo.

A sua luta não foi, no entanto, favas contadas. A militante teve que enfren-tar a corrupção e a repres-são policial do seu país, tendo, por várias vezesm sido detida.

WanGari maathai, presenteÉ com grande tristeza que a família da

professora Wangari maathai anuncia o seu falecimento, a 25 de setembro de

2011, no Hospital de Nairobi, depois de uma brava e prolongada luta contra o cancro. os seus entes queridos estavam com ela no momento do falecimento.A partida da professor maathai é prematura e uma perda muito grande para todos que a conheciam, como uma mãe, parente, colega de trabalho, amiga, modelo de pessoa e heroína, ou para os que a admirava por sua determinação em fazer do mundo um lugar mais pacífico, mais saudável e melhor.Professora Wangari muta maathai começou o Green belt movement (movimento Cinturão Verde) em 1977, trabalhando com as mulheres para melhorar os seus meios de subsistência, aumentando o seu acesso a recursos como aq lenha para cozinhar e água limpa. ela tornou-se uma grande defensora de uma melhor gestão dos recursos naturais e da sustentabilidade, eqüidade e justiça.Deixa três filhos, Waweru, Wanjira e muta, e neta, ruth Wangari. eles são realmente muito gratos por todas as orações e apoio que receberam.

FOI a prIMEIra aFrIcana a cOnQUISTar O nOBEL Da paz. EM 1997, FundOu O mOVimentO CinturãO Verde, para prOmOVer a biOdiVersidade

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o Presidente do Sudão Sul, Sal-va Kiir, que se tornou, a 09 Ju-lho deste ano, na mais jovem nação do mundo e no 193º Estado-membro da ONU, de-

clarou, durante o recente debate geral da Assembleia Geral das Nações Uni-das, em Nova Iorque, que o seu país “precisa da assistência internacional durante um certo tempo, para desen-volver as suas infra-estruturas básicas e explorar os seus recursos naturais”.

“Na maioria das situações pós-con-flito, as nações esperam normalmente ser reconstruídas. Não é o caso para nós. Antes mesmos das destruições provocadas pela guerra, o nosso país nunca teve nada que valha a pena re-construir”, sublinhou. «Consideramos a nossa missão pós-conflito mais como uma missão de construção, do que de reconstrução”, acrescentou. A preten-são do chefe de Estado do Sudão do

Sul é a de que o apoio em massa concedido à inde-pendência do seu país, em Julho último, se tra-duza, doravante, numa assistência ao desenvol-vimento tangível do país, prevendo que «a nos-sa caminhada para sair do abismo da pobreza e

ManIFESTaçõES VIOLEnTaS na MaUrITânIa violentas manifestações contra uma operação de recenseamento da população em curso na mauritânia realizadas no último fim de semana, prosseguiram durante a semana naquele país, em resposta ao apelo da coordenação “não toque na minha nacionalidade”. as manifestações mais violentas ocorreram em Kaédia, cidade situada no sul do país, onde grupos de jovens saquearam o palácio da justiça. segundo fontes concordantes, a polícia procedeu a pelo menos 17 detenções. Os manifestantes, essencialmente membros da comunidade negro-mauritana, denunciam um censo “discriminatório e racista” da população.

na nIgÉrIasolDaDo expulso Do exérCito

o Exército nigeriano expulsou um dos dois soldados implica-dos no rapto do pai do futebo-lista John Michael Obi no mês passado. O soldado Jaduwa

Thalma foi expulso e entregue à Polí-cia para processo judicial, indicou a imprensa local, enquanto um segun-do soldado, o sargento Victor Essien, será entregue à justiça militar para jul-gamento conforme à ética militar.

Segundo um porta-voz do Exército, o coronel Mohamed Yerima, o regu-lamento das Forças Armadas prevê a expulsão de soldados com o grau de Thlama, ao passo que os sargentos e os militares de grau superior devem ser entregues às autoridades militares.

Os dois soldados fazem parte das pessoas detidas no quadro do rapto do pai de Obi Mikel, Michael, na cidade de Jos, no norte da Nigéria, quando re-gressava à sua casa. Ele foi encontrado vivo 10 dias depois.

para a SUa cOnSTrUçÃOsuDão sul quer apoio internaCional

da miséria, para o reino do progresso e da prosperidade, vai ser muito lon-ga». Reconheceu, igualmente, que o seu país possui abundantes recursos petrolíferos, mineiros e outros, mas que não produz, até agora, quase nada para si próprio, mas que deve di-versificar a sua economia a fim de não ser muito dependente do petróleo. «A ambição do povo do Sudão Sul é poder transformar o seu país numa potência regional agro-industrial, e a realização deste objectivo continuará a ser uma prioridade. «Precisámos da ajuda ex-terna e esperamos que ela será ofereci-da em termos que vão, igualmente, res-peitar as nossas escolhas económicas e políticas», defendeu Kiir.

A segurança, para aquele estadista, continuará a ser um factor essencial, para garantir que o Sudão Sul possa de-senvolver-se, assegurando que o país aspira à paz, tanto no interior das suas fronteiras, como no exterior com os seus vizinhos. Preconizou, ainda, uma resolução rápida do problema da de-marcação das suas fronteiras com o Su-dão e negociações sérias entre os dois países sobre as questões económicas, em particular os acordos petrolíferos.

O Sudão Sul tornou-se independen-te, na sequência dum referendo após várias décadas de guerra civil.

o r e s p o n s á v e l das Relações Externas do Mo-vimento para a Democraica e

Justiça no Tchad (MDJT, rebelião), Ousmane Hus-sein, interpelou as novas autoridades líbias sobre o desaparecimento de Youssouf Togoïmi, presi-dente fundador deste mo-vimento, ocorrido a 24 de Setembro de 2002, após este ter recusado assinar um acordo de paz patroci-nado por Tripoli.

«Exigimos das novas au-toridades de Tripoli um interrogatório ao antigo ministro dos Negócios Estrangeiros da Líbia, Moussa Koussa, que foi na altura dos factos o pri-meiro responsável dos serviços de inteligência de 1994 a 2009.

Se ele estiver em vida, tem de se explicar. Se não, há arquivos a consultar. Em todo caso, queremos que se diga a verdade sobre a sorte de Togoïmi”, decla-rou Ousmane Hissein à PANA em Paris. Ministro em vários Governos de Idriss Déby entre 1990 e 1997, Youssouf Togoïmi,

SOBrE DESaparEcIMEnTO DO SEU LíDErrebelDes tChaDianos interpelam Cnt líbio

Moussa Koussa, então chefe dos serviços secretos líbios, é acusado de ter respon-sabilidades na morte de Togoïmi

John Michael Obi, do chelsa.Um dos raptores do seu pai, um soldado, foi entregue à polícia

YOUSSOUF TOgOïMI, após diVerGênCias COm O CheFe de estadO tChadianO, entra em dissidênCia e FOrma em abriL de 1998 O mdjt.

Salva Kiir e o seu chapéu à cowboy. ajuda precisa-se agora. recursos naturais do país pagam depois...

após divergências com o chefe de Estado tchadia-no, entra em dissidência e forma em Abril de 1998 o MDJT.

Ferido após ter, aciden-talmente, accionado uma mina no norte do Tchad, o fundador do MDJT desapareceu misteriosa-mente a 24 de Setembro de 2002, enquanto estava em tratamento médico num hospital militar de Tripoli, capital líbia.

Moussa Koussa, então chefe dos serviços secre-tos, teria visitado Togoï-mi no hospital, indicou o responsável das Relações Externas do MDJT, acres-centando que no dia se-guinte a esta visita, o che-fe do movimento rebelde tchadiano foi declarado

morto, “sem que se entregasse o seu corpo”. «Na sequência deste desapare-cimento, vários dos nossos militantes residentes na Líbia foram raptados pelos Líbios e muitos outros não vol-taram a ser vistos até agora”, afirmou Hussein, que acusa o regime tchadia-no de cumplicidade neste desapareci-mento, sugerindo, por isso, ao Conse-lho Nacional de Transição (CNT, no poder na Líbia) a instauração de uma comissão para apurar os factos.

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cesta básica continua a não contemplar itens, como saúde, educação e demais serviços essenciais

Cesta básiCa para COmida

UnTa bate-se por melhor cabaz

Igniam iliquat prat et, quatie magna conulla commolo reriusc

Igniam iliquat prat et, quatie magna conulla commolo reriusc inciliquisse velit aute eraesto conpat wis augait aliquipit, quisislosto

prESBíTErO LUnDangE

Cada pessoa em Angola gas-ta, em média, 6 mil e 449 kwanzas para fazer face às respectivas necessidades vitais ao longo dos 30 dias

de cada mês. Assim mesmo estima o Instituto Nacional de Estatísticas, que apresenta tal montante como o valor

do consumo médio mensal, por ango-lano a residir no território nacional.

Analistas como o economista Má-rio Andrade tomam isso como um indicador que permite concluir que o angolano “apenas sobrevive”, argu-mentando que, em condições nor-mais, “nunca ninguém em Angola conseguiria alcançar o bem-estar, com um consumo resumido em 6

mil kwanzas”.O especialista baseia a sua análise,

no facto do custo de vida em Angola ser “bastante alto”, como, aliás, tem sido, amiúde, referido em vários es-tudos a respeito.

Seis mil e 449 kwanzas é, por isso, insignificante para fazer face às ne-cessidades de consumo alimentar e não alimentar, assim como de bem-

-estar e de conforto, tal como avaliou o economista.

Na composição do cabaz de consu-mo, o mais recente relatório analítico do inquérito integrado sobre o bem--estar da população atribui particular importância ao grupo de despesas as-sociadas à produtos alimentares e be-bidas não alcoólicas, que absorve mais de meta do valor correspondente ao consumo médio mensal, por pessoa.

Essa classe representa despesa es-timada em 3 mil 149 kwanzas, equi-valente a 57 por cento do consumo global per capita. Mas a importância deste grupo, segundo tal documento, aumenta nas áreas rurais, onde atinge dois terços do consumo, e diminui nos meios urbanos, onde é responsável por metade do consumo total.

A renda de casa vem logo a seguir na hierarquia de despesas, consumindo em média 739 kwanzas, correspon-dente a 10 por cento do consumo glo-bal, enquanto os serviços de utilidade doméstica, à semelhança de despesas com água, electricidade, gás e outros combustíveis consomem 479 kwan-zas.

Para além da alimentação, serviços e renda nenhuma outra componente principal do consumo contribui em

angOLa . vai, dentro de seis meses, começar a exportar gás natural para os estados unidos da américa

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Até mesmo o vestuário foi ignorado numa cesta básica que só compor-ta arroz (20kgs), açúcar (7kgs), peixe (13kgs), feijão (16kgs), óleo de soja (8 litros), fuba de milho/bombo (18kgs), assim como dez unidades de pão, chá e sal. A cesta básica está, ao preço actu-al de mercado, no valor de pouco mais de 20 mil kwanzas, quase o triplo do salário mínimo nacional.

Quer isso dizer que, o conjunto de produtos que conformam a cesta bási-ca alimentar está agora mais caro, em razão da degradação do poder de com-pra daquilo que é auferido pela gene-ralidade dos trabalhadores angolanos.

Dado o comportamento dos preços no mercado, marcado por constantes subida, a UNTA tem vindo a conside-rar que SMN anda, por isso mesmo, completamente desactualizado, apresentando-se agora com um poder aquisitivo que só já lhe permite cobrir cerca de 40 por cento do valor da cesta alimentar básica, quando, anos atrás, já comprava pouco mais de 60 por cen-to deste cabaz.

A explicação, segundo Manuel Viage, está no facto, dos preços dos bens con-tinuarem a subir, enquanto o salário mantém-se estático à espera de actu-alizações proporcionais com a subida

InFLaçÃODentro Dos marCos traçaDos

A taxa de inflação em Angola não para de crescer, a julgar por aquilo que são os números for-necidos pelo Instituto Nacional de Estatísticas

No seu último Índice de Preços no Consumidor (IPC), a instituição revela que o nível geral de preços na cidade de Luanda registou uma variação de 0,73 por cento, entre o mês de Julho e Agosto de 2011. A classe mobiliário, equipamento doméstico e manuten-ção foi a que registou o maior aumen-to de preços, com 1,60 por cento. Des-tacam-se também os aumentos dos preços verificados nas classes de ves-tuário e calçado com 1,32 por cento; bebidas alcoólicas e tabaco com 1,25% e saúde com 0,93%.

A variação homóloga situa-se agora em 13,68%, ou seja uma baixa de cerca de 0,45 % com relação a variação ho-móloga no período anterior, o que sig-nifica manter-se a tendência decres-cente da variação homóloga, iniciada em Novembro de 2010.

A classe Alimentação e Bebidas não Alcoólicas é a que mais contribuiu para o aumento do nível geral de pre-ços, seguida das classes: Mobiliário, Equipamento Doméstico e Manuten-ção e Vestuário e Calçado.

Olhando para a taxa de inflação acu-mulada ao longo dos primeiro oito me-ses do ano, analistas consideram que os números ainda estão dentro daqui-lo que o Executivo preconizou como meta de inflação para 2011.

No Orçamento Geral do Estado para o presente ano, as autoridades estabe-leceram como propósito barrar a infla-ção na casa dos 12 por cento, o que, a julgar pela actual variação de preços verificado até agora, há probabilidade para que tal seja possível.

Apesar da resistência da inflação à queda para níveis pretendidos, as condições parecem, agora, mais favo-ráveis para que as autoridades consi-gam, este ano, comprimir o nível geral de preços para a meta de 12 por cento. Mas, o mesmo não se pode dizer em relação ao desejo de ver tal variável, re-duzida para um dígito.

a classe mobiliário, equipamento doméstico e manutenção foi o que registou o maior aumento de de preçoss

no Orçamento geral do Estado para o presente ano, as autoridades estabeleceram como propósito barrar a inflação em 12%

cESTa BÁSIca. está, ao preço actual de mercado, no valor de pouco mais de vinte mil kwanzas, quase o triplo do salário mínimo nacional. do cabaz está excluso até mesmo o vestuário, considerado uma das necessidades básicas do homem

de inflação, agora também impulsio-nada pela depreciação do kwanza, na sua «disputa» com o dólar norte-ame-ricano.

Economistas da nossa praça olham para a não actualização do salário, como uma injustiça na distribuição da riqueza nacional, uma vez que a repar-tição dos ganhos económicos é proces-sada por via dos salários, que cada um aufere.

Desde que o governo aprovou para o país um salário mínimo nacional, a trajectória deste indicador foi de cons-tante depreciação.

Em 2002, por exemplo, o SMN ainda cobria 63,29 por cento do valor da ces-ta básica. Já em 2005, com o mesmo ordenado, o trabalhador só já podia adquirir 36,58 por cento do referido cabaz.

Dados referentes a Junho passado dizem que, neste período, o SMN fazia uma cobertura da cesta básica, em cer-ca de 40 por cento.

Para tal conclusão a UNTA tem se baseado na evolução do valor da cesta básica alimentar ao longo dos últimos anos. O arroz, um dos produtos que integram os itens da cesta básica an-golana, é o exemplo de produtos cujos preços continuam a subir no mercado.

% dOs mais riCOs COnCentra metade dO COnsumO tOtaL

20mais de 5 por cento para o consumo total.

Números disponibilizados pelo INE, por via do relatório estatístico do IBEP, permitem concluir que o consumo de alimentos e bebidas não alcoóli-cas é apenas 40% superior nas áreas urbanas, comparativamente às áreas rurais, enquanto que a média das des-pesas com habitação, água, electrici-dade e combustíveis em áreas urbanas é três vezes superior ao gasto médio nas zonas rurais, uma consequência que está relacionada com diferenças, nos níveis de acesso aos serviços.

Quanto a componente educação, esta aparece como a mais penalizada. De acordo com o documento, os gas-tos médios com esta classe de despesa são “extremamente baixos”, represen-tando um peso de apenas 1% do con-sumo total.

cesta sem educaçãoO país dispõe de uma cesta básica, na

base da qual foi calculado o salário mí-nimo nacional em vigor, em Angola. Ocorre que, tal cesta é apenas alimen-tar, cujo valor não contempla gastos com educação e saúde, nem os demais serviços que também concorrem para o bem-estar de um ser humano.

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autonomia enquanto muitas pessoas se “acotovelam”, disputando um posto em instituições que anunciam vagas nos seus quadros, outras, dotadas de algum espírito empreendedor, criam o seu ganha-pão

MIrEnE Da crUz

A vida não corria de feição para Abraão Sungo, um cida-dão de nacionalidade con-golesa, que há mais de cinco anos reside em Angola.

Angola porquê? À semelhança de ou-tros cidadãos estrangeiros, este, veio a este país atraído pela fama de que, em Angola, a vida ganhava-se com alguma facilidade, razão que o fez não pensar duas vezes, para que decidisse arriscar uma travessia da fronteira.

Mas, em Angola, Abraão tinha que fazer algo, depois que as necessidades do quotidiano começaram a apertar, ainda mais na sua condição de desem-pregado. Foi, então, que deita mãos a um dos ofícios que, na altura, safavam a vida a muitas pessoas desprovidas de um emprego formal: o trabalho de bate-chapa.

Como bate-chapa não trabalhou por muito tempo, optando depois por ocupar-se com serviços de manicure e pedicure, devido a conflitos com o seu patrão. “Era muito exigente”, dis-se, servindo-se dessa explicação, para justificar a decisão que o levou a ini-ciar uma caminhada com as próprias pernas.

Hoje, é disso que ele vive, jogando a seu favor o facto de ter conquistado uma clientela que ronda numa média diária de 15 pessoas, que procuram os mais diversos serviços que envolvem esse profissão associada à beleza hu-mana.

Com esta iniciativa, Abraão Sungo até já deu ocupação a outros tantos jo-vens, que, por sua vez, também foram criando o seu próprio espaço. “As pes-soas não devem ficar de braços cruza-das”, aconselhou.

Em Angola, como em outras para-gens, o auto-emprego tem-se mostra-do ser a alternativa à exígua oferta no mercado de trabalho, onde a luta pela sobrevivência, obriga a um espírito criativo da parte de quem se vê na situ-ação de desempregado.

E foi disso que Beni Mateus, respon-sável pela Televisão Comunitária do Rangel, se serviu, depois de ver as por-tas do mercado de trabalho a lhe se-rem frequentemente fechadas.

“Ainda somos uma micro-empresa”, reconheceu, para se referir da peque-nez do projecto cujo funcionamento é assegurado por três pessoas.

Com habilidades nessa matéria está uma equipa de jovens que detêm a paternidade de um projecto denomi-nado Televisão Comunitária, algo que

desempreGadO pOr nãO ser CriatiVO

Fora do mercado de trabalho, cidadãos criam soluções uteís à sociedade

já constitui fonte de subsistência para muito.

Na sua maioria são antigos estudan-tes do Instituto Nacional de Telecomu-nicações (ITEL) e outros tantos jovens, com cursos de instalação de antenas

parabólicas, profissão com a qual têm estado a encarar as tendências do mer-cado de emprego.

Os serviços prestados por estes jo-vens, na maioria dos casos, parece agradarem o seu segmento de merca-

do, a julgar pelo nível de satisfação dos clientes em relação ao trabalho dos jovens.

Uma usuária de tais serviços, por exemplo, louva a iniciativa desses pe-quenos empreendedores, por segun-

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29do ela, permitir o seu auto emprego.

A satisfação dos clien-tes decorre não apenas do serviço recebido, mas também dos pre-ços que tais técnicos cobram por um pacote que inclui múltiplos canais de televisão por

satélite.São 2 mil e 500 kwanzas para todos

os canais, valor que Maria Helena con-sidera bastante módico, dada a quali-dade com que o sinal chega às casas dos clientes.

O responsável da Televisão Comuni-tária a operar no bairro da Precol disse que os valores, ainda assim, não são da responsabilidade da equipa que pres-ta os serviços daquela casa, que fun-ciona ainda em regime experimental, para além do facto de não ter o aval das autoridades.

“Não estamos capacitados para deci-dir sobre preços”, disse.

Beni Mateus, revelou ter sido os próprios usuários que, em reconheci-mento do empenho dos agentes, esta-belecerem o valor que pagariam pelos serviços a si prestados.

A ideia da criação da TV Rangel não veio do nada. Beni Mateus contou que, o pensamento surgiu em 2006, quan-do terminou o curso médio no ITEL, onde se formou na área de antenas parabólicas, sistemas digitais e seus

pEDrO canga. convidou o sector privado a participar no processo de repovoamento florestal, em curso desde 1993.

BEnI MaTEUS o estudante que pretende instalar rede de televisão comuntirária nas zonas periféricas de todo país

aBraÃO SUngO encontrou nas unhas o seu próprio negócio, não dependendo de patrões

MErcaDOo que isso De auto-emprego

É cada vez mais grintante a necessidade de financiamento para investimentos privados

Banca e empreende-dorismo

a antena parabólica é sustentada por uma hack que emite o sinal, de qualidade, para mais de vinte famílias

até aO mOmentO este é O númerO dOs utentes, mas a ambiçãO dO GrupO Vai aLém

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Por auto-emprego entende--se como forma de actuação profissional autónoma, na qual o indivíduo não tem vín-culo com emprego formal

com um único empregador, porque a relação que mantêm com as insti-tuições são baseadas na prestação de serviço.

Ou seja, pela sua forma, os promo-tores exercem a sua actividade sem qualquer compromisso contratual, “porque só prestamos serviço”, dis-se Estêvão Garcia, um técnico de frio, que, servindo-se desse ofício, criou, ele também, o seu próprio emprego.

Emprego que, entretanto, pode ser de vida efémera, se a banca estiver desassociada a pequenas iniciativas geradoras de renda por conta pró-pria. O profissional defende, por isso, a necessidade da banca envol-ver-se mais, financiando os peque-nos negócios, que têm sido de gran-de valia para subsistência de muitas famílias.

“Precisamos de apoios”, disse, refe-rindo-se à disponibilização de crédito que considera determinante, para o crescimento de qualquer negócio.

Esta é, também, a posição do presi-dente da Associação dos Empreende-dores de Angola (AEA).

Falando durante o fórum “Promo-ver a capacidade empreendedora em Angola”, Jorge Baptista defendeu que, “Angola não pode continua a viver de empreendedorismo de venda ambu-lante. Precisamos de condições neces-sárias, para termos melhor qualidade de vida”.

Além do mais, é hora de se começar a diversificar a economia, com vista a tira o país da sua grande dependência do petróleo.

“Não podemos continuar a depen-der unicamente do petróleo”, salien-tou.

Defendendo que, para tal, deve ha-ver uma séria aposta na promoção dos pequenos negócios, assegurando-os financiamento.

complementares, dotando-se de conhecimentos que lhe permiti-ram montar uma rede de Televi-são Comunitária, que foi, aliás, o seu projecto de fim do curso.

“Depois da nota decidimos por em prática o projecto”, contou, dizendo ser, no fundo, um teste a que o grupo de cinco elementos se propôs, para avaliação das suas capacidades por parte da socieda-de.

“E fomos bem sucedidos”, con-siderou.

Lamenta, por isso, o facto de em Angola valoriza-se mais o estran-geiro em detrimento do nacional, situação que sucede, com fre-quência, no mercado de empre-go, onde a prioridade é, sempre, concedida a quem vem de fora, ainda que o nacional tenha quali-ficações equiparadas.

Segundo ele, tal só acontece por-que, “ainda não acreditamos que também somos capazes”.

Exemplo de prova de capacida-de dos quadros locais é, precisa-mente, a TV Rangel. Neste pro-jecto, os promotores incluíram todos os canais das televisões por satélite, podendo, por via da sua criação, ser vistos ao mesmo tem-po, sem a necessidade de ligar a outros descodificadores.

“É isso que mexeu mais com a população”, garantiu.

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MÁrIO paIVa

no encontro, as novidades residiram na apresentação do chamado “novo quadro operacional da política monetária”, tendo sido

igualmente anunciada a introdução de uma taxa básica de juros pelo banco central, “que se transformará no seu principal indicador do curso da políti-ca monetária”, a decidir pelo já consti-tuído comité de política monetária do BNA, o qual se reunirá mensalmente.

Massano reconheceu que no actual contexto da economia mundial ainda a viver cenários de crise com eventuais “ repercussões nefastas” noutras eco-nomias se mantém “o sentido de aler-ta e protecção da economia angolana contra choques externos”.

A “manutenção de um nível de liqui-dez adequado ao crescimento real da economia e ao declínio da taxa de infla-ção para um nível não superior a 12%” – foram realçadas pelo governador do BNA como prioridades no âmbito das medidas de política macroeconómica, assim como a estabilidade dos preços e o emprego.

Para Massano, a avaliar pela evolução do PIB do sector não petrolífero, que no final do primeiro semestre regista-va já um crescimento próximo de 5%, “ a economia angolana está numa trajec-tória de crescimento”.

Segundo o BNA a inflação confirma uma tendência de desaceleração pa-tente nos 6,8% que a inflação acumula-da atingiu no pretérito mês de Agosto, sendo que se prevê atingir o objectivo para este ano “mas mão permitindo o abrandamento da prudência das polí-ticas monetárias”. Para Massano, estas políticas apresentam já resultados visí-veis como corolário de uma concerta-ção permanente do banco central com o ministério das Finanças, no âmbito das políticas cambial e fiscal.

No chamado novo quadro opera-cional para a condução da política monetária, assinala-se a “evolução progressiva para o referencial taxa de juro para efeitos de controlo da infla-ção” sendo que nesta fase “ a gestão da liquidez na economia passará a ser medida permanentemente pelas reservas voluntárias mantidas pelos bancos comerciais junto do Banco Nacional de Angola, enquanto que as operações de mercado aberto conti-nuarão a substituir-se à emissão de tí-tulos do banco central. Na gestão fina

para MaSSanO “ a economia angolana está numa trajectória de crescimento”economia a

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vem aí a taxa de juro básica do bna O bna vai a perseguir uma política monetária prudencial ajustada ao desiderato de controle da inflação tendo como meta anual uma taxa de menos 12% (em agosto a inflação acumulada era de 6,8%), mantendo uma política restritiva em matéria de crédito sem descorar o estímulo à economia, reiterou o governador do banco central, josé de Lima massano, num encontro com jornalistas, quinta-feira, 19, em Luanda

decidirá sobre a taxa BNA. Vai reunir mensalmente, sendo promessa que tornará pública as suas decisões, sen-do certo que as mesmas se vão reflectir em todas as operações de cedência de liquidez entre bancos, operações de crédito e renumeração de depósitos em moeda nacional vai procurar se-parar as operações puras de política monetária e as operações ditas pru-denciais ( avisos à navegação sobre o custo do dinheiro, etc) LUIBOR - será a taxa de juro interbancária comunica-da diariamente pelo BNA com base na recolha de taxas que fará no mercado .

O cidadão e o dinheiroO governador do BNA sugere uma preocupação em “promover maior di-namismo e competetividade no sec-tor financeiro, impondo maior rigor e transparência na relação com mer-cado”, num percurso capaz de gerar “ maior confiança aos agentes econó-micos”. Desideratos nobres, mas que não fáceis.

José Massano chegou ao banco cen-tral num contexto difícil onde o tradi-cional problema do lugar do BNA na arquitectura institucional do pelouro da economia no governo, suscitava dúvidas sobre o seu papel enquanto autoridade monetária, que os agentes económicos esperavam vir a ser con-trabaleanceado com desempenho e intenções reformistas.

Começam a surgir pois mais refor-mas significativas que coloquem mais verdade na economia, na performan-ce das empresas, nos bolsos dos ci-dadãos e das famílias (poupança), na concorrência.

O custo do dinheiro diminuí - disse-ram-nos no encontro. sendo que as taxas de juro na banca comercial que se situavam entre 24 a 26% estão actu-almente a 20%. sendo que as taxas acti-vas ( custo do crédito) baixam e as pas-sivas (renumeração depósitos) sobem.

Mas o dinheiro ainda tem um custo salgado. O acesso ao crédito por em-presas e particulares ainda enfrenta vários obstáculos. Os salários são na generalidade baixos, apesar da infla-ção “ controlada”. Os empregos são escassos.

A indústria financeira moderniza--se, é verdade. Mas só ela, não basta. Do mesmo modo que em resposta ao cidadão comum que me pergunta ávi-do “vai haver mais dinheiro?”, disse: isso só , também não basta. Para cres-cer e desenvolver.

Dinheiro, Dinheiro quanto Custas ?

da liquidez”. Em suma, a autoridade monetária está agora manifestamen-te mais preocupada em conseguir o almejado equilíbrio entre a oferta de mios de pagamento e o crescimento da actividade económica, isto é, ter “papel” (dinheiro) com equivalente mais próximo à economia real.

Em matéria de agregados monetá-rios, o aumento em 23% dos depósitos á prazo em moeda nacional ( em finais de Agosto) e de 48% em moeda estran-geira ( em parte explicados pela desmo-bilização dos depósitos á ordem cuja contracção foi de 9%) dão um certo “conforto” ao nível da economia. Um conforto que segundo um dos espe-cialistas do BNA presentes começa já a reflectir-se também no bolso daque-les que poupam pelo surgimento das renumerações.

Em finais de Agosto do corrente ano o crescimento acumulado do crédito á economia foi de 17%, destacando-se o aumento do crédito em moeda nacio-nal em cerca de 34%. Para o governa-dor do BNA, José Massano, outro sinal positivo foi o facto de o crédito de mé-dio prazo ter crescido um pouco mais do que o crédito de curto prazo, ou seja 20%, contra cerca de 16%.

Entretanto, o stock de reservas in-ternacionais líquidas do país no final de Junho de 2011 atingiu o valor de 21,468,82 USD contra os 17.326,62 milhões USD em Dezembro de 2010 – mais um resultado visível dos sinais positivos ao nível macroeconómico, segundo José Massano.

O que trará a nova politica monetáriaA taxa básica de juro de referência, denominada taxa BNA, sinalizará a orientação da política monetária. Se a taxa BNA sobe haverá rédea curta na política monetária, o que pode acon-tecer quando se prevê um aumento geral dos preços capaz de conduzir à subida da inflação. Ou no caso em que se reduz a taxa BNA, indicando que um curso expansionista da política monetária, por exemplo, o BNA prever uma diminuição da inflação no curto prazo. Esta taxa servirá também de re-ferência para as taxas praticadas nas instituições financeiras no mercado interbancário

O Comité de Política Monetária (CPM) criado em Agosto de 2011 que inclui o conselho de administração do BNA, definirá a política monetária e

SEgUnDO O Bna a InFLaçÃO cOnFIrMa UMa TEnDÊncIa DE DESa-cELEraçÃO paTEnTE nOS 6,8% Que a inFLaçãO aCumuLada atinGiu nO pretéritO mês de aGOstO, sendO Que se preVê atinGir O ObjeCtiVO para este anO “mas mãO permi-tindO O abranda-mentO da prudênCia das pOLí-tiCas mOne-tárias”

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MUSOngUÊ KILaMBa. sembódrOmO abre as pOrtas

VIagEM aO paSSaDO. Os Grandes saLões de areia

nOVO DIScO nO MErcaDO. santOCas reGressa

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32adiVinhe Quem Vem tOmar O musOnGué?

O ‘VELhO’ E O ‘nOVO’ nO SEMBóDrOMO DO KILaMBa

paULO FILhO

Duas escolas diferentes, divididas por gerações musicais, desfilarão no ‘sembódromo’ do concor-rido Centro Cultural e Re-

creativo Kilamba para edição do mês Outubro do programa Muzongué da Tradição, a realizar a partir das dez ho-ras deste domingo.

De um lado estarão ‘colossos’ da di-mensão de Calabeto, Augusto Chacaiá e Zecax, ao passo que a repartir o mes-mo palco estará Puto Português, que, cada vez mais, após algum tempo a ve-

getar pelo kuduro, vai conquistando o seu pedaço de chão na arena musical angolana.

São gerações diferentes, mas conver-gem num mesmo denominador co-mum: preservar a chama da música angolana, não sendo, por isso, mera obra do acaso que, ao figurarem no cartaz de qualquer casa de espectá-culo, são, por si só, garantia de casa cheia.

Adivinha-se que todos os caminhos irão dar ao Maria da Esquerquenhas, ali na zonas das ‘Bês’, ao Nelito Soa-res, pelo que o quintal do Kilamba re-

clamará de espaço, para albergar a mole de gente amante da

música que se faz dentro de portas e também pelo am-biente que, geralmente, é proporcionado pela gestão

da casa mais famosa do Rangel.

Puto Português, respon-de, assim, às várias solici-

tações dos habituais ‘inquili-

semba um dos mais prestigiados acontecimentos da música popular angolana vai ser honrado, este ano, com a presença de grandes figuras. puto português, depois da sua migração do kuduro para o semba, chega a um clube de notáveis, onde se encontram Calabeto, Zecax e augusto Chacaiá. no Kilamba, este domingo, a partir das dez da manhã, com muito ritmo.

a ‘velha’ e a ‘nova’ geração estará em evidência em mais uma edição do Musonguê da Tradição. puto português repartirá o palco com ‘dinossauros da música angolana

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33praDO paíM é O primeirO artista anGOLanO a COnQuistar, em 1974, um disCO de

OurO, COm O áLbum ‘bartOLOmeu’. é ainda autOr de músiCas COmO ‘enGráCia’ e ‘nZenZe’.

adiVinhe Quem Vem tOmar O musOnGué?

O ‘VELhO’ E O ‘nOVO’ nO SEMBóDrOMO DO KILaMBa

os cerca de 80 mil dólares in-vestido pelo músico Sebas-tião Vicente ‘Santocas’ para a produção conjunta da obra discográfica ‘Minha vida, Mi-

nha história’ e de um documentário em DVD sobre o seu percurso artísti-co, cuja sessão de lançamento e assi-natura de autógrafo acontecem neste domingo, no Parque da Independên-cia, são sintomáticos de um trabalho aturado do músico, ao que se augura um trabalho que responde por alguma qualidade.

Após ter sido apresentado em ceri-mónia singela realizada há pouco mais de uma semana, o trabalho é considerado pela crítica especializada como uma inovação no mercado dis-cográfico, para um trabalho que con-tará dez faixas musicais, ao passo que o disco digital relatará a vida artística entre o período 1075 e 1990.

O destaque deste trabalho vai para

nos’ da casa, mercê do universo de fãs conquistado, entre adultos e jovens, far-se-á suportar instrumentalmente pela sua banda, como já tem aconteci-do onde quer que se apresente.

Por sua vez, a ‘primeira grandeza’ terá o acompanhamento da banda Kimbambas do Ritmo, que nessas coisas tem dado boa conta do recado, superiormente liderado pelo percus-sionista Manú.

A partir das dez horas da manhã faz-se, pois, ouvir o ‘gongo’ e dá então o início do combate no ‘ringue’ do Cen-tro Cultural e Recreativo Kilamba, com animadíssimos seis assaltos, claro está com a sempre agradável presença dos grandes ‘bailadores’, que bailando escrevem no chão.

E quem conhece essas coisas do ‘Mu-zongué do Kilamba’ sabe que poderá contar com um suculento repasto com coisas típicas da terra, a agradável kis-sângua a acompanhar a cola e o gen-gibre, além de algumas coisas etílicas que o bom do Estêvão Costa oferece a quem lhe visita no primeiro domingo de todos os meses.

Para a animar a roda, os convivas te-rão uma série de propostas musicais, a começar pelos sucessos do disco ‘Ge-ração do Semba’, de Puto Português, além de “Nzambi”, “Ngolo Yami”, “Tussocana Kiebi”, “Nguami Maka”, “Ngui dia ngui nua”, “Divórcio” e “Samba Samba”.

Contudo, tudo lentamente, para não aleijar a donzela...

a nova roupagem de al-gumas canções que o celebrizaram, com desta-que para ‘Ndengue Iami, ‘Buá Santos’, Nguamiami Jitaua’ e ‘Matrimónio’, além de contar também com poemas por si mu-sicados, como ‘Os Meni-nos da Minha Escola’ e um outro cujo título não foi revelado, da autoria de Manuel Rui e Agostinho Neto, respectivamente, sem descurar da canção ‘Onkentu’ (Mulher, no acrónimo português), composta por Paulino Pinheiro.

Após um longo período desaparecido dos gran-des palcos – o que não significa uma travessia no deserto -, Santocas re-

gressa pela porta grande, contando, para tal, com a prestativa colaboração do ‘professor’ betinho Feijó, que esteve encarre-gue da direcção artística, dividido entre estúdios angolanos, portugueses, espanhóis e cubanos, esmerando-se bastante para que este ‘rebento’ conhecesse a luz do dia a partir das primeiras ho-ras deste domingo.

já foi considerado tam-bém como o ‘rei da música política’ angolana, muito em função da sua inclina-ção para composições de intervenção, que marca-ram um período contur-bado da política domésti-ca, entre as guerras para a libertação do país do jugo colonial, e, posteriormen-te, com a chamada ‘guerra dos Movimentos.

A sua carreira, que con-ta já com dois LP’s e mais cinco singles, produções que datam dos anos 70, foi bastante influenciada, desde cedo, pela vivência no célebre Bairro Indíge-na, que viu nascer uma plêiade de talentosos mú-sicos angolanos.

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a VIDa E hISTórIa DE SanTOcaS

filmes

caDa UM SaBE DE SI

CArlos roqUe

Dois amigos de há muito, Mitch e Dave (Jason Ba-teman e Ryan Reynolds), seguem percursos diferen-tes nas suas vidas, e chega

uma altura em que Mitch, um liber-tino inconsequente, e Dave, um advo-gado de sucesso, pai de dois gémeos e marido bem comportado, numa noite de muita cerveja esvaziada dentro de de uma fonte, insatisfeitos com a sua vida e invejosos da do outro, simulta-neamente formulam o desejo de tro-carem de existência. O problema é que afinal era uma fonte dos desejos e... trocaram mesmo.

Cuidado Com o Que Desejas, de David Dobkin, é uma comédia americana que nos tenta fazer rir à custa dos es-forços que cada um faz para se enqua-drar na vida do outro, sendo os dois, embora grandes amigos, homens de carácter muito diferente. Dobkin reco-orre à escatologia, à caricatura sexual e às capacidades de Ryan Reynolds, um sex symbol falhado aqui não tão bom como nos filmes de acção, como em Um trunfo na Manga, e às de Jason Ba-teman, que se safa com como o pai de família insípido que de repente mer-gulha na vida de devassidão do amigo, cheia de desagradáveis surpresas.

Não sendo um filme brilhante, como alguns do género que perduram, como Doidos por Mary, diverte.

Mitch (no corpo de Dave) e Dave (no corpo de Mitch) . após o pânico, tentam viver a vida um do outro. a bela colega de escritório (a deliciosa Olivia Wilde) e as fraldas sujas dos gémeos são prémios bem diferentes

SanTOcaS rEgrESSa pELa pOrTa granDE, cOnTanDO, cOM a cOLaBOraçÃO DE BETInhO FEIJó, diVididO entre estúdiOs anGOLanOs, pOrtuGueses, espanhóis e CubanOs

LITEraTUra “Canto misterioso que me acena com os pés” é o título do mais recente livro de poesia de antónio Gonçalves, apresentado, esta semana, em Caxito. O livro, com a chancela da união dos escritores angolanos (uea), integrado na colecção praxis, será posto à venda em 28 de Outubro.

YUrI Da cUnha participou da cerimónia de lançamento do dVd “xuxa só para baixinhos 11. na sua participação, o cantor angolano misturou ritmos angolanos numa das faixas. a série “xuxa só para baixinhos11” já vendeu mais de oito milhões de cópias.

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Vale lembrar e, de alguma for-ma enaltecer o surgimento de para o Sambizanga e, por arrasto, também para Luanda do Centro Cultural e Recreati-

vo ERME, inaugurado com honras e diante da presença de nomes sonan-tes da música indígena, como Prado Paím, Lulas da Paixão, Dom Caetano, Zé Abílio e Zecax. Ao primeiro olhar, es-tas e demais figuras confirmaram ser um centro, por excelência, para a nova geração que canta e que procura, à sua maneira, dignificar os amantes da mú-sica nacional. Está, pois, aí um novo espaço a ter em conta, na agenda cul-tural do fim-de-semana e a servir como alternativa a outros que ajudam na promoção e divulgação dos autores. Seria de todo útil agregar espaços de leituras e tertúlias, como saídas para a ocupação dos tempos livres de muita juventude mergulhada no ócio. Aliás, já dizia um nacionalista angolano que a cultura dos antigos mantém-se, por transmissão, com os mais novos.

Mais lugares podem surgir ou res-surgir, abarcando todas essas nuances para a satisfação e um contributo às opções de cada final de semana dos luandenses, que conhecem, na me-mória, o que foi o Sambizanga doutros tempos. É que, desta forma, os antigos agrupamentos musicais, por exemplo, teriam muito mais vitaminas para fa-zer acontecer o sonho de regresso aos palcos, mais a mais nesta fase em que é constante ouvirmos lamentos e quei-xas da falta de espaços para a exibição, ainda que, aqui e acolá, presenciemos a recuperação de lugares com história na nossa música. O Maxinde é um des-ses casos. Reabilitado, abriu as portas, mas voltou pouco depois à estaca zero; deixou de funcionar. No Prenda, o sa-lão 11 Bravos está com uma produção regular e bem referenciada, sem pôr de parte novos lugares, com pouca vi-sibilidade, mas com uma frequência recomendada por antigos boémios que por eles passam. Com o ERME, acredita-se, poderemos contar para vários momentos culturais, tal como acontece no Centro Cultural e Recrea-tivo Kilamba.

ISaíaS aFOnSO

estes locais não só serviram para momentos de lazer, mas também de espaços de concertação, concentração e influência para uma activida-

de política revolucionária de muitos angolanos. Dentro de um veículo de vi-vências e convivência passava a lingua-gem revolucionária entre a juventude.

Cipaios e chimbas entram também na história desses locais, como ele-mentos de vigia e, em muitos casos, protagonistas de confrontos havidos durante a dura intervenção policial. Cazenga, Rangel, Sambizanga, Bairro Operário, Marçal, Bairro Popular, Ilha, Zangado, Samba e Prenda, eram, pois, paragens que conformam os grandes e populares bairros de Luanda.

Eram centros recreativos para todos os gostos e ambientes, onde a Música Popular Urbana Angolana era a pala-

saudades dOs VeLhOs saLões de areia

VIagEM aO paSSaDO Da VIDa LUanDInaressurgidos dos salões do antigamente Os centros culturais e recreativos foram palcos de referências de inúmeras actividades a envolver música, teatro, dança e figuras, entre artistas, animadores e bailarinos

vra de ordem. Vários artistas alcança-ram sucessos nesses locais, onde na-moraram as mais belas mulheres.

Por exemplo, a mulata Bela Brinca n’Areia, ali no Marçal, próximo ao Ka-poloboxi, dona e senhora de beleza de causar inveja, que convencia e atraia meio mundo, chegou a ser capa de disco.

Mas, do antigamente na vida não é tudo: nesses tempos de renascimen-

nO SaMBIzanganovo ponto De reenContro

cazenga, rangel, Sambizanga, Bairro Operário, Marçal, Bairro popular, Ilha, zangado, Samba e prenda fervilhavam de sítios musicais

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MúSIca a banda anGOLana Os Versáteis prepara seu nOVO áLbum “as nOssas Ketas”

VErSEJar nOVO LiVrO de pOemas dO arCebispO eméritO de benGueLa, dOm ósCar braGa

António Jacinto, considerado, por muitos, um dos maiores escrito-res angolanos, é o pseudónimo literário do poeta António Jacinto do Amaral Martins, nascido em

Luanda aos 28 de Setembro de 1924 e fa-lecido em Lisboa a 21 de Junho de 1991.

Fez os seus estudos no Golungo Alto e em Luanda, onde concluiu no liceu Salva-dor Correia o curso complementar de Ci-ências. Trabalhou durante alguns anos como escriturário, desenvolvendo nessa altura actividades literárias e patrióticas.

Orlando Távora é o pseudónimo tam-bém utilizado por António Jacinto como contista. Militante do MPLA, foi co-fun-dador da União de Escritores Angolanos, membro do Movimento de Novos Inte-lectuais de Angola e participou activa-mente na vida política e cultural angola-na. Foi Ministro da Educação de Angola e Secretário de Estado da Cultura.

Foi um dos fundadores do Partido Comunista Angolano que funcionou na clandestinidade, o redactor dos Es-tatutos do Partido da Luta Unida dos Africanos de Angola (PLUAA). Por razões políticas esteve preso entre 1960 e 1972, foi preso em 1959, aquando do “Proces-so dos Cinquenta”. Preso novamente em 1961, onde é condenado após o jul-gamento de 1963 a 14 anos de cadeia, sendo deportado para o Tarrafal (Cabo Verde). Resultado de uma campanha internacional em 1972, é-lhe fixada resi-dência em Lisboa, onde trabalha na em-presa transitária ARNAUD até 1973, data em que foge para Argel (Argélia) para a guerrilha do MPLA. Foi director do Cen-tro de Instrução Revolucionária (CIR) Ka-lunga na 2ª Região Político-Militar e do CIR Binheco no Mayombe.

Integrou a 1ª Delegação Oficial do MPLA que chegou a Luanda em 8 de No-vembro de 1974. Após a independência ocupou cargos de responsabilidade no país, como o de Ministro da Educação e Cultura, Secretário de Estado da Cultura, e na Direcção do MPLA.

Os seus contos e poemas integram diversas antologias e publicações colec-tivas entre outras: Antologia dos Poetas de Angola (1950), Caderno da Poesia Negra de Expressão Portuguesa (1953), Antologia da Poesia Negra de Expressão Portuguesa (1958), Contistas Angolanos (1960), Estrada Larga (s.d.), Poesia Afri-cana di Rivolta (1969), Antologia da Po-esia Pré-Angolana (1976), No Reino da Caliban. Antologia Panorâmica da Po-esia Africana de Expressão Portuguesa II (1976). As suas obras publicadas são: ‘Poemas’ (1961; 1985), ‘Vovô Bartolo-meu’ (1979), Em ‘Kiluange do Golungo’ (1984), ‘Sobreviver em Tarrafal de Santia-go’ (1985), ‘Prometeu’ (1987), ‘Fábulas de Sanji’ (1988), ‘Vôvô Bartolomeu’ (1989).

Carta de um COntratadOeu queria escrever-te uma carta amor, uma carta que dissesse deste anseio de te ver deste receio de te perder deste mais bem querer que sinto deste mal indefinido que me persegue desta saudade a que vivo todo entregue...

eu queria escrever-te uma carta amor, uma carta de confidências íntimas, uma carta de lembranças de ti, de ti dos teus lábios vermelhos como tacula dos teus cabelos negros como dilôa dos teus olhos doces como maboque do teu andar de onça e dos teus carinhos que maiores não encontrei por aí...

eu queria escrever-te uma carta amor, que recordasse nossos tempos a capopa nossas noites perdidas no capim que recordasse a sombra que nos caía dos jambos o luar que se coava das palmeiras sem fim que recordasse a loucura da nossa paixão e a amargura da nossa separação...

eu queria escrever-te uma carta amor, que a não lesses sem suspirar que a escondesses de papai bombo que a sonegasses a mamãe Kieza que a relesses sem a frieza do esquecimento uma carta que em todo o Kilombo outra a ela não tivesse merecimento...

eu queria escrever-te uma carta amor, uma carta que ta levasse o vento que passa uma carta que os cajús e cafeeiros que as hienas e palancas que os jacarés e bagres pudessem entender para que o vento a perdesse no caminho os bichos e plantas compadecidos de nosso pungente sofrer de canto em canto de lamento em lamento de farfalhar em farfalhar te levassem puras e quentes as palavras ardentes as palavras magoadas da minha carta que eu queria escrever-te amor....

eu queria escrever-te uma carta...

mas ah meu amor, eu não sei compreender por que é, por que é, por que é, meu bem que tu não sabes ler e eu - oh! Desespero! - não sei escrever também.

setembro

O MÊS DE JacInTO

EraM cEnTrOS rEcrEaTIVOS para TODOS OS gOSTOS E aMBIEnTES, DE MúSIca pOpULar UrBana angOLana Era a paLaVra DE OrDEM. VáriOs artistas aLCançaram aí suCessOs.

Com destaque no cartaz por que não falar do Salão Ginásio, no São Paulo, nas proximidades da conhe-cida Foto Adriano, que foi o primeiro a apresentar um concurso de vestidos de jornal, na época do A Província de Angola, O Co-mércio e o ABC? Fala-se do Ginásio como tendo sido um centro que reunia in-telectuais da época e onde apenas actuavam conjun-tos de elite.

O Kudissanga Kua Makamba, de Manuel Fa-ria, era antes o Salão do Franco, depois do Ferraz e dos Ases e só mais tarde tornou-se no tal espaço para o reencontro dos amigos e, claro está, uma marca no município, ao

to da música angolana será, pois, oportuno para as célebres tertú-lias, para recordar, por exemplo, sobre discote-cários de fama da igua-lha de Sebinho, Zeca da Suzuki, Chico Vocalista da Rádio Ciel, Santana do Majuba, Marco Pollo, Idalina Costa, Joana Pernambuco, Fernando Mayombola, Terramoto e a ainda Rádio Bety, que era próximo daquelas paragens.

O Salão Miradouro, per-tencente a um cidadão cabo-verdiano, podia ser assunto para novos e apetecidos debates, as-sim como a malta dos ‘5 Paus, Berla, Ditas, Pacos, Joãozinho e Adãozinho.

lado do Kebela na Lixeira e do Bra-guês, onde, geralmente, actuavam os Makambas e os Dikindos.

O Salão dos Anjos do Senhor Faria fi-cava bem próximo do Braguês. O Salão Mini Show era bastante frequentado pela PIDE. E foi, aliás, neste salão que Zecax, por exemplo, cantou o seu Paxi Kua Ngola, quando integrava, então, o agrupamento Luanda Show, que era um claro protesto pela morte, prisão e deportação dos seus amigos pela Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE).

Mas, seria quase heresia não re-cordar nestas linhas o Salão dos Ma-lanjinos, o Botafogo, Luandenses e Uníases, lugares de convívio bastante concorridos por malta que, segura-mente, ainda poderemos encontrar várias vezes no Erme num novo es-paço cultural que acaba de nascer no Sambizanga, inaugurado a 25 de Setembro.

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spOrt huambO e benFiCa 80 anOs depOis

MaMBrôafutebol O clube das Cacilhas é recordado por antigos seus com saudade, tendo em conta o actual estado das suas infra estruturas, como o estádio do mambrôa, bastante degradado, para além dos níveis desportivos.

EManUEL BIancO

Considerado como um dos emblemas mais carismáti-co e popular da região cen-tro e sul de Angola, o Ben-fica do Huambo, antigo

Mambrôa, foi fundado a 29 de Setem-bro de 1931, por um grupo de cidadãos portugueses, simpatizantes do Sport Lisboa e Benfica, de Portugal, ávidos de o transformarem num dos maiores “colossos” das então colónias lusas. 80 anos depois o clube das Cacilhas é recordado por antingos integrantes do seu plantel, tendo em conta o ac-tual estado das suas infraestruturas, como o Estádio do Mambrôa bastan-te degradadao, para além dos níveis desportivos. Presente no campeonato nacional de futebol da 1ª divisão, hoje Girabola, desde a 1ª edição, disputa-da em 1979, além de várias presenças em provas oficiais realizadas na era colonial, onde chegou a conquistar o titulo em 1972, o Benfica do Huambo desceu de divisão em 1997. Teve como maior colheita na fina-flor do futebol nacional um 2º lugar (1986) e três 3ºs (1982, 1985 e 1988). Detentor de um vasto património social e desportivo, onde se destaca o estádio de futebol relvado das Cacilhas, com capacidade para 12 mil espectadores, o club presi-dido por Henrique Deolindo Barbosa, tem tentado, desde 2005, recolocar a sua principal equipa de futebol no Gi-rabola. O português Manuel Cavaco foi o seu 1º presidente que mais tarde passou o legado ao cirurgião Angola-no António Freitas de Oliveira. Teve como técnicos de futebol os expatria-dos Bijev (búlgaro), Vidick (croata), Carlos Sérgio e Manuel de Oliveira, ambos portugueses. Entre os técnicos nacionais, o Benfica do Huambo já foi treinado por António Maria, Arlin-do Leitão, Jaime Chimalanga, Carlos Queirós, Horácio Kangato, Zé do Pau.

A Capital procurou antigas glórias do Mambrôa, onde o agora comentarista da Rádio 5 Arlindo Leitão foi jogador, depois treinador e mais tarde dirigen-te . O nosso interlocutor recorda, com saudade, o clube que o marcou muito, embora tenha também passado pelo

“O ESTÁDIO DO MaMBrôa FOi reLVadO em 1972.. FOi O primeirO estádiO priVadO a ser reLVadO VimOs CresCer e hOje é COm extrema máGOa Que Vi uma imaGem de COmO está aQueLe estádiO. Vi as pessOas a irem para O estádiO dO benFiCa e LeVarem um tijOLO para FaZer aQueLe murO Que aGOra está COmpLetamente rebentadO.”

Recreativo da Cáala e Ferrovia do Huambo “Tenho um grande res-peito por este clube que faz 80 anos. E em conversa que tive com pessoas como João Lara, o falecido Rui de Carvalho que foi direc-tor da Rádio, soube que este nome de Mam-brôa vem por que não

podia dar prémios, como davam por exemplo o Ferrovia do Huambo, nem o Sporting do Huambo, que estavam todos acima do Mambrôa. Então, no fim do jogo davam sempre uma broa. E como aquela população anasala muito as palavras, dizia então que “va-mos ter direito a uma mbroa”, fim de citação. Segundo nos revelou, o Mam-brôa era um clube sem muitas condi-ções, mas, entretanto, no período de 68 até 1975, esta equipa teve uma direc-ção encabeçada por José Guerreiro Ca-vaco, com outros membros que lá esti-veram e que conseguiram projectá-la até ser a melhor equipa de Angola em 1972, no Girabola daquele ano, onde se sagrou campeão. “Esta direcção fez mais e aí admiro que aquele campo do Mambrôa foi o primeiro privado a ser relvado, porque havia também o dos coqueiros aqui em Luanda, mas era do Estado(em 1969). O Estádio do Mam-brôa foi relvado em 1972. Hoje é com extrema mágoa que vi uma imagem de como está aquele estádio”, disse Arlin-do Leitão que lançou um repto à actual direcção do Clube encarnado do pla-

nalto central, a fazer aquilo que a direc-ção liderada por José Guerreiro Cava-co fez naquela altura, quando todas as pessoas davam o seu apoio. “Vi as pes-soas a irem para o estádio do Benfica e levarem um tijolo, para fazer aquele muro que agora está completamente rebentado. Estes dirigentes do Benfica que revolucionaram tudo naquela épo-ca, diziam assim: você vai ao estádio, leve a sua contribuição e dê o mínimo que quiser e o que puder em dinheiro e também em materiais de construção civil, e, vi em grandes dias do Mam-brôa as pessoas a levarem para aquele campo um tijolo na mão, para cons-truirem aquele muro”, revelou o nosso interlocutor, que considera o Mam-brôa um clube histórico, ao qual o Mi-nistério da Juventude e Desportos, por parte do Estado, tem também que aju-dar, porque o Mambrôa já é um patri-mónio do Governo da província do Huambo. Disposto a ajudar com a sua experiência, Leitão diz ser inadmissi-vel que o estádio do Mambrôa fique como se de um fantasma se tratasse. O ex-terinador do Mambrôa revela que quando se disputou o último girabola antes da independência, o Huambo ti-nha mais equipas que Luanda, ou seja, quatro e Luanda apenas três, Benguela duas. “O futebol no Huambo tem mui-tas tradições, por isso no Girabola não podem aparecer 8 equipas de Luanda e uma do Huambo. Isto não diz a ver-dade do que deve ser a província do Huambo. As pessoas que estão lá têm de ter esta ideia”, frizou, tendo mani-festado tristeza não só em realção ao Benfica do Huambo, mas também para o Petro do Huambo, porque já foi nos anos 80 a 2ª ou 3ª melhor equipa de Angola, cujos dirigentes também disseram que sairiam do Girabola para se dedicar aos campeonatos jovens, e depois aparecer novamente. “A provín-cia do Huambo merece aparecer sem-pre, porque disputa hegemonia com Luanda e Benguela”, rematou, para depois acrescentar ter feito já uma po-roposta para a formação, no Huambo. “Quando apostamos na formação te-mos sempre os nosso louros. Mesmo depois da independência nos anos 1978/79 apostamos muito na forma-

O Ministério da Juventude e Desportos, por parte do estado, tem tmabém que ajudar, porque o Mambrôa já é um património do governo da província do huambo.

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como atletas, uns vieram para Luanda, outros foram para o Portugal e alguns ficaram no Huambo. A partir daí co-meçou-se a notar a queda do Mam-brôa na vertical e que, ultimamente, tem lutado bastante e não tem conse-guido subir de divisão. “Vejo que existe um grande esforço do Sr. presidente Barbosa, que tenta imprimir uma di-nâmica, para ver se o Mambrôa volta novamente para o lugar que merece, que é a 1ª divisão”. Lutukuta, manifes-ta-se disponivel a servir e ter uma con-versa com o Armindo Magalhães, par ver se dão um pouco mais em equipa-mentos e o que for necessário para aju-dar o Mambroa. Quanto ao espirito que no passado fez do Mambrôa uma equipa de renome, Lutukuta destaca a unidade e entrega de todos que se con-seguiu fazer um Mambrôa forte, a par da direcção muito coesa liderada por José Guerreiro Cavaco, e Armindo Ma-galhães, como Vice- Presidente, que conseguiram fazer um bom trabalho, em que o Mambrôa avançou, consegui-ram relvar o campo e tinham um projec-to de erguer a bancada à volta do campo. Para recuperar a sua mística, o médio trinco do mambroa defende que pesso-as de boa vontade que gostam do Mam-brôa façam um gesto, para repor o Clu-be nos seus níveis e revelou que para o Mambrôa chegar onde chegou naquela altura era fruto da boa organização que o clube tinha. Para ele, a realidade do Mambrôa hoje é dificil, quase que não tem receitas, se as tem, não dão para dar um estágio, ou uma refeiçãoaos jogado-res. “O Mambrôa tem que rever os só-cios que tem, começar a conquistar mais pessoas, embora muita gente aqui tem me contactado para pagar as suas quotas. É necessário que se reorgani-ze”, frisou, para depois acrescentar que irá ajudar a resolver os problemas den-tro da experiência que tem. “Estou pronto a ajudar o actual Mambrôa e vou falar com outras pessoas, que co-nhecemos, que estão dispostas para ver se podem ajudar o Mambrôa e ten-tar sair das dificuldades que vive. “Se subir de divisão, vai ter mais dificulda-des ainda, porque será preciso viajar para o Moxico, Huila, Cabinda e isso acarreta muitas despesas” e propõe que o Presidete Barbosa convoque uma reunião com antigos atletas e diri-gentes, para ajudá-lo a dar um maior alento à direcção do Mambrôa. Nas suas memórias Lutukuta recorda os trumunos, equipas e jogadores do seu tempo. “Aproveito render a memória do senhor João Dimas David, que faleceu a semana passada, que deu muito traba-lho em campo, o Manecas, o Xico Negri-ta, o Flávio e outros. O jogo que me mar-cou, foi quando ganhamos aqui nos coqueiros com o Sporting de Luanda, outro jogo foi contra o Futebol Clube do Moxico. A outra equipa para qual rendo a minha hoenagem é o Independente do Porto ALexandre, que nunca conse-guimos ganhar. Por ocasião do 80º ani-versário do seu Clube do coração, Lu-tukuta dá muita força ao Presidente do club e aconselho os atletas a terem muita força de vontade, coragem, cum-prir sempre com aquilo que o treina-dor estipular, olhar para as vitórias e contar que o Mambrôa consiga subir este ano e manter-se na primeira divi-são para sempre.

ção e acho que o Huambo estava a frente de qualquer outra porivíncia”, lembrou Arlindo Leitão para quem em termos de infraestruturas o Huam-bo, a par de Luanda, Benguela, Cabinda e Huila, deveria ter beneficiado da reali-zação do CAN 2010 em Angola, para a reabilitação dos Estádios do Ferrovia, Mambrôa, Sporting e do Recreativo da Caala par além de infraestruturas des-portivas. Sobre o futuro do Clube do Mambrôa, Arlindo Leitão augura a sua reabilitação urgente e que quando co-memorar o 85º aniversário tenham sido ultrapassados os problemas que o clube enfrenta hoje. Uma outra voz da antiga coqueluche do Huambo ouvida pela Capital é António Fonseca, mais conhecido por Nito, ex-campeão do Mambrôa em 1972 que também já re-presentou as cores do Vitória e da Selec-ção do Bié. O antigo médio ala direito lembra o facto do emblema do planalto central ter se lançado naquela altura para recrutrar muitos e bons jogadores que o levaram a conquistar o titulo em 1972. Nito também manifestou-se de-sapontando com o estado em que se encontra o clube em que militou, agora na segunda divisão. “Tenho acompa-nahdo de perto, infelizmente o nosso Mambrôa tem estado em baixo, sinto essa mágoa, mas penso eu que o Mam-brôa irá recuperar”, sublinhou, ele que também promete dar com a experiên-cia que adiquriu em Lisboa ajudar a me-lhorar o futebol do Mambrôa. Coma-

O clube desmembrou-se todo praticamente, tanto da parte da direcção, como dos atletas, onde uns vieram aqui para Luanda, outros foram para portugal e alguns ficaram no huambo.

Esta equipa teve uma direcção encabeçada por José guerreiro, que conseguiu projectá-la até ser a melhor equipa de angola em 1972, no girabola, onde se sagrou campeã.

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prando as competições daquela época com as ac-tuais, o veterano Nito con-siderou que, as condições que os jogadores têm ago-ra, não as tinham no pas-sado. Mesmo assim, disse que trabalhavam todos os dias, para ter um futebol que já era de alta comepti-ção. Deixou um recado para a juventude actual, para que seja mais discipli-nada, e que haja maior in-tercambio com clubes da europa. Por ocasião dos 80º aniversário do Mam-brôa, António Fonseca “Nito” gostaria que houvesse uma festa de homenagem entre as velhas guar-das, na companhia de Lutukuta, Mane-cas, Arlindo Leitão e outros colegas dos anos setenta, para lembrar o Mambrôa que muito merece.Disposto a ajudar, Daniel Lutukuta, outro nome sonante do Mambrôa, busca do passado experi-ências para no presente ajudar a resol-ver os problemas do clube e no futuro mantê-lo para sempre na alta roda do futebol nacional. O ex-craque tem no Mambrôa o seu clube de nascença, onde ainda jovem fez grandes jogos e tentou, como treinador fazer o melhor possivel para o clube. Reconehce que depois de muito tempo de Guerra o clube desmembrou-se todo pratica-mente, tanto da parte da direcção,

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Aos 42 anos, o intermediário de profissionais de futebol mostra-se optimista quanto ao futuro em relação a sua actividade. Na entrevista

concedida ao A Capital revela as ra-zões que o fizeram trocar a psicologia para representante de profissionais de futebol. Aliás, José Luís é o principal responsável para vinda de dois técni-cos ao nosso país, nomeadamente Miroslav Maksinovic, que representa o Petro de Luanda, e o português An-tónio Caldas, ao serviço do Interclube.

O que consiste ser agente FIFA ? O profissional deve fornecer aos seus

representados (atletas e treinadores) de futebol uma base profissional e fi-nanceira, de forma que esses tenham tranquilidade em desempenhar o seu trabalho. São tido como agentes dos jogadores em razão da sua categoria, mas sobretudo goza da liberdade de negociar e transferir jogadores ou trei-nadores de um para outro clube. O mercado do futebol é um campo mui-to restrito, entretanto muito visado pe-las pessoas. Porém, com crescimento deste mercado e a profissionalização das entidades/ clubes, viu-se a neces-sidade da criação de carreiras que fa-çam intermediação entre os mesmos e o atleta profissional.

Quando é que foi habilitado como agente FIFA?

Em 2007, recebi a minha licenciatu-ra de agente UEFA e sete meses depois obtive, igualmente, a minha licença da FIFA. Assim sendo, desde esta data pas-so a exercer actividade de agente Fifa.

Em termos financeiros, um represen­tante de atletas não tem muito por onde se queixar ?

Não é bem assim. Como qualquer actividade, tem os seus prós e contras, mas, ainda assim, isso não me impede de fazer o meu melhor. Contudo, fru-to da situação económica menos boa que o mundo atravessa, temos que sa-ber gerir os ganhos desta actividade. As estadias, os telefonemas e outras situações consomem bastante os nos-sos lucros. Porém, uma coisa é repre-sentar um Lionel Messi ou Cristiano Ronaldo, outra é representar treinado-res ou jogadores ao nosso nível. Ainda assim, nesta actividade, ganhamos o suficiente para manter, minimamen-te, o nosso nível de vida. Actualmente negoceia o passe de atle­

tas e treinadores ? De momento não. As minhas aten-

ções estão concentradas unicamente na agenciamento de treinadores. No passado, por exemplo, a experiência de negociar atletas não foi boa. Por isso, agenciar treinadores uma vez que não me dá maior contrariedade. 0s treinadores são mais maduros e en-tendem as coisas da melhor maneira comparativamente aos jovens. Daí a minha preferência para representar treinadores. Todavia, tão logo termine o Girabola, estou a negociar com um atleta que pretendo levar a Alemanha e ,quiçá, consiga rubricar um novo contrato.

É possível avançar o número e nomes de treinadores com os quais trabalha ?

De momento, em Angola, estou a representar os técnico do Petro de Lu-anda e do Interclube, designadamen-te Miroslav Maksinovic e António Cal-das. Recentemente, assinei um acordo com o técnico do FC Bravos, Augusto Portela, e brevemente devo também rubricar um acordo com Bernardino Pedroto. São os treinadores com quem trabalho e do qual nutro um grande respeito.

Para além destes técnicos existem ou­tros nomes fora de portas?

Não. Estou apenas a trabalhar em Angola, pelo facto de ser angolano e co-nhecer melhor o mercado. Dizer tam-bém que meu o objectivo é contribuir para o desporto nacional, mais con-cretamente o futebol, através de uma colaboração com os clubes, dirigentes e treinadores. Mas, isso não me tem impedido de manter contacto com ou-tras realidades, como são casos os da Alemanha, África do Sul, Ghana, e Bra-sil, apenas para citar estes. Sou agen-te Fifa e posso trabalhar em qualquer parte do mundo.

Na sua carteira de clientes são notório ausências de treinadores angolanos?

Infelizmente, parece não ser uma cultura dos treinadores angolanos ter um manager, ou como queiram um representante. Diversas vezes procu-rei saber por que razão a maioria dos técnicos angolanos não se fazem acompanhar de um representante li-gado à FIFA. Hoje por hoje, é raro um técnico europeu, americano ou asiá-tico que não é representada por um agente FIFA. Dizer que um treinador que tenha ambição de alcançar o topo, necessita dos préstimos de um agen-te. Ou seja, um indivìduo que reúne

o perfil para o defender em qualquer situação ligada à sua profissão. Exis-tem treinadores que nem sequer são pagos pelos seus clubes. O que fazer? O agente está ai precisamente para aju-dar o treinador e pode mesmo levar o caso ao tribunal da FIFA para dirimir o conflito. Por outro lado, é importante assegurar a estabilidade emocional do técnico, uma vez que ele deverá apenas preocupar –se com as questões do trei-namento e das tácticas.

O que dizer do mercado angolano em relação a figura de um agente –Fifa ?

O mercado está numa fase aceitável.A direcção Petro Luanda, por exemplo, quando recorreu aos meus préstimos, apresentou o perfil do técnico que pre-tendia para a equipa principal de fute-bol. As outras direcções não fizeram por menos e apresentaram também o “traços” dos treinadores que preten-diam ter à frente dos seus respectivos plantéis.

Em Angola actuam uma série de agen­tes locais sem a licença da FIFA. Isto não é salutar para a modalidade ?

Claro que sim. Os agentes que não estão licenciados pela instituição que

gere a modalidade a nível do mundo ficam expressamente proibidos de exercerem a sua actividade local como internacionalmente. O que acontece é que em Angola alguns dirigentes pa-recem não levarem a sério esse pres-suposto. Os presidente dos clubes têm que recorrer aos préstimos de um agente licenciado para trabalhar junto na contratação de jogadores e treina-dores. Aliás, na minha condição de agente da FIFA, por exemplo, anual-mente, pago uma taxa de 4 mil e 800 euros. Estes valores, na eventualidade de realizar um jogo e em caso de um acidente no estádio, poderá servir para custear as despesas deste encontro.

Recentemente, Maradona acusou o seu sucessor no comando da selecção argentina, Sérgio Batista, de receber su­borno de agentes Fifa para convocar jo­gadores durante o seu consulado. Esse procedimento é comum num agente?

Infelizmente, não acompanhei as declarações de Maradona sobre o as-sunto. Mas, deixa dizer que este tipo de procedimento não é normal, como é condenável a todos os níveis, uma vez que fere com a ética e os princípios que regem a carteira de um agente-Fifa.

josé luís gomes residente na alemanha há cerca de 23 anos, isto é, desde 1989 que deixou Lobito para concluir a sua formação académica em terras germânicas, é, provavelmente, o único angolano licenciado pela FiFa, para representar, agenciar, negociar, transferir atletas e treinadores ou até mesmo organizar jogos, adoptando os princípios que regem a sua actividade.

jOsé Luís

O agEnTE FIFa

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diVersas VeZes prOCurei saber pOrQue raZãO a maiOria dOs téCniCOs anGOLanOs nãO se FaZem aCOmpa-nhar de um repre-sentante LiGadO a FiFa. hOje pOr hOje, é rarO um téCniCO eurOpeu, ameriCanO Ou asiátiCO Que nãO é represen-tada pOr um aGente FiFa.

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o Direcção da UNITA vê motiva-ções políticas no assassinato, faz amanhã duas semanas, do seu secretário no municí-pio do Bocoio, 110 quilóme-

tros a Norte da cidade de Benguela, mas prefere, prudente, esperar pela conclusão da investigação que leva a cabo, paralela à da Polícia de Investi-gação Criminal.

Januário Sikaleta, professor, foi encon-trado morto a qualquer coisa como cem metros de casa, num domingo, depois de ter sido brutalmente espancado por elementos até agora desconhecidos.

A versão, descrita pelo secretário provin-cial, Victorino Nhany, indica que o políti-co, vítima de vários golpes na cabeça, aca-baria por falecer já no Hospital Central de Benguela, para onde foi transportado algumas horas após a barbárie.

Sikaleta, conta o secretário provincial do «galo negro», foi interpelado assim que se ausentou pela segunda vez para comprar medicamentos, a fim de as-sistir a adoentada mulher.

De acordo com a fonte, a cidadã que o acompanhava não escapou da acção dos algozes, cujo número não avançou,

OS FILhOS MaIS VELhOS de michael jackson viram o pai morrer, segundo o chefe de segurança do cantor, Faheem muhammad, testemunhando no julgamento do médico Conrad murray por homicídio culposo.

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mas recupera dos ferimentos no Hos-pital de Benguela. «Pensamos que nos encontramos perante um assassinato político», prosseguiu Victorino Nhany, certo de que situações como estas em nada contribuem para a Reconciliação Nacional. «É também um atentado à democracia. A Polícia está a fazer o seu trabalho, é perfeitamente aceitável, mas nós fazemos a nossa investiga-ção», concluiu, já de malas feitas para a reunião realizada no Huambo.

No terreno, fonte independente confi-denciou ao A Capital que o assassínio do professor terá como pano de fundo pro-blemas ligados a cenas de ciúmes, afastan-do, desta forma, a hipótese levantada por Nhany.

Em conferência de imprensa, o porta--voz do Comando Provincial da Polícia, Lito Mota, disse que as primeiras impres-sões, apresentadas pelos especialistas que investigam o caso, apontam para um crime passional.

Confrontado com a visão da UNITA, respondeu que cabe à Polícia de Inves-tigação Criminal tratar de casos como estes. «É tudo que vos posso avançar nesta altura», afiançou.

Januário Sikaleta foi encontrado morto a cem metros de casa, num domingo, depois de ter sido brutalmente espancado por elementos desconhecidos. a UnITa afirmou que o governador de Benguela “recuperou as garras da velha ditadura que o regime havia escondido”.

asemanade

0 1 > 08paIxÃO anTónIO JúnIOr foi recon-duzido como presi-dente do Conselho de administração do banco de poupança e Crédito (bpC), conforme deu a conhecer uma nota do Conselho de ministros (Cm), divulgada a meio da semana. pelo docu-mento em refe-rência, o Cm revelou, por outro lado, a nomeação de maria Luísa perdigão abrantes para o cargo de presidente do Conselho de administração da agência nacional de investimento privado (anip), em substituição de agui-naldo jaime. Foram, ainda, indicados administradores para o bpC, para a anip, epaL e angola telecom, com o devido destaque a ser atribuído a andré Luís brandão, antigo ministro dos transportes, hoje nomeado para administrador não executivo da empresa pública de telecomunicações.

EM acTO InÉDITO, o tribunal provincial do huambo condenou, quinta-feira, em julgamento sumário, o administrador do município do huambo, josé Luís de melo marcelino, a 60 dias de pena suspensa, por crime de desobedi-ência às ordens da autoridade pública. O juiz de direito avelino Yululu e seus assessores da sala dos crimes comuns acordaram, no final das audições, que a pena de prisão ora imposta é suspensa por um período de dois anos. durante a sessão de julgamento, foram ouvidos os dois cidadãos cujas obras o adminis-trador pretendia demolir, apesar de os mesmos possu-írem sentenças proferidas pelo tribunal provincial que ordenou o levantamento do embargo imposto pela administração.

O MÉDIcO DO MIchaEL JacKSOn, Conrad murray, pediu ajuda para recolher frascos de remédios do quarto do cantor antes de telefonar para os serviços de emergência, segundo o testemunho de um segurança do cantor, ouvido no terceiro dia de julgamento. alberto alvarez, o primeiro a chegar ao quarto do astro, disse não ter questionado as ordens que recebeu. segundo o segurança, jackson estava na cama, com os olhos abertos. “Quando eu estava no pé da cama, ele (murray) recolheu alguns recipientes e falou: ‘aqui, coloque-os em uma sacola’”, disse alvarez. “eu acreditava que o dr. murray tinha as melhores intenções em relação ao sr. jackson”. alvarez teria sido o primeiro a chegar ao quarto do cantor depois que o médico pediu ajuda. “eu não questionei a sua autoridade.”

D.R.

www.sme.ao é o endereço do portal institucional do Serviço de Migração e estrangeiros (SMe) apresentado na quinta-feira, em Luanda, em cerimónia orientada pelo seu director nacional, João de freitas neto. O site permite uma desburocratização crescente dos serviços prestados e uma relação de interactividade e proximidade com os seus utentes. no portal estão disponibilizados todos os serviços prestados pelo SMe, com formulários para preenchimento on-line ou em papel, informações detalhadas sobre cada um e todo o enquadramento legal necessário. Além disso, é possível ao utente, sem sair de casa, marcar a sua sessão de atendimento com os serviços, após o registo no portal.