A Cadeira Ideal

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69 JULHO/2002 velho chavão “o barato sai caro” também se aplica perfeitamente a este produto. Porém, já vimos postos de trabalho com cadeiras sofisticadas, com muitas alavan- cas e acessórios, totalmente des- Conhecer especificaıes tØcnicas de cada produto e as reais necessidades do usuÆrio Ø tarefa dos profissionais de SST O necessários. Neste caso, “o caro sai caro”. Importante ressaltar a importância da ergonomia ao se implantar um novo posto de trabalho, seja na empresa, no escritório ou em casa. Isto é, precisamos conscientizar o usuário da necessidade da boa postura, paradas a cada 50 minutos, ginástica de alongamento, instruções de uso das alavan- cas e dispositivos de contato permanente. Como a Norma Regulamentadora do Mi- nistério do Trabalho e Emprego, a NR-17 é muito vaga, qualquer cadeira, hoje em dia, se apresenta como ergonômica. Além dis- so, uma cadeira ergonomicamente boa não significa que seja construtivamente boa e vice-versa. Primeiramente, deve-se exigir do forne- cedor um laudo de que a cadeira esteja de acordo com as três normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT): as NBRs 13962, 14110 e 13960. O produto deve ter a regulagem da altura do espaldar suficiente para que a região lombar seja devidamente apoiada. O espal- dar deve abraçar a região lombar e, portan- to, deve ter, no mínimo, 41 x 26 cm, sendo que o ideal é de 40 x 35 cm. O espaldar deve proporcionar pressão positiva na lom- bar. O ideal é o contato permanente da lom- bar, o chamado permanent contact. Cuida- do com a largura do espaldar e sua curvatu- ra: algumas cadeiras possuem curvatura muito acentuada que associada ao contato permanente não proporcionará conforto. A altura do espaldar é uma questão de estéti- ca e de hierarquia. Em geral, quanto “mais chefe”, maior será o espaldar. Ergonomi- camente, grande altura de espaldar não sig- nifica nada, é zero. Porém, devemos nos lembrar da hierarquia para não gerar outros problemas como indagações do tipo “Co- mo ele tem uma cadeira igual a minha, se eu sou o chefe” ? OUTRAS ESPECIFICAÇÕES A regulagem da altura do assento deve ser do tipo multiponto com amortecedor e pis- tão (a gás ou mecânico). As espumas mais indicadas são em poliuretano injetado para o assento e espaldar, e devem ter garantia com testes que comprovem sua durabilida- de de compressão e controle ponto a ponto. A cadeira ideal Osny Telles Orselli Engenheiro de Segurança do Trabalho e-mail: [email protected] Apenas a espessura da espuma e a densida- de não garantem este particular. Espessuras de 40 milímetros para o assento, desde que obedeçam as regras acima, são ideais, pois asseguram boa flexibilidade, compressão e ótimo visual. Devem ser injetadas na forma do assento e espaldar, em uma só peça. O assento deve ter dimensões para, no míni- mo, sustentar confortavelmente as nádegas. O ideal é de 46 cm x 46 cm, sendo admissível 45cm x 45cm. Para pessoas um pouco mais “fortes”, nem pensar nesta última medida. É bom lembrar que cadeiras do tipo “secretá- ria”, apesar de estarem disponíveis no mer- cado, não suportam as nádegas, nem de mo- delo “super-magra”. Os apoios para os braços com ou sem regulagem de altura devem, literalmente, sustentar os antebraços, com largura e com- primento confortáveis. A largura de apoio para os braços deve ter, na parte maior, no mínimo 80 milímetros para cadeiras operativas, e comprimento ideal de 250 mi- límetros. Atentar para a largura entre os apoi- os de braços: para os mais fortes deve exis- tir a possibilidade de regulagem da largura dos mesmos a fim de que os cotovelos e antebraços não fiquem fora da área de apoio. INDUSTRIAIS Em se tratando de cadeiras industriais é necessário verificar quantas opções de al- tura do assento em relação ao piso podem ser combinadas, a fim de atender o estudo ergonômico que precede o curso do pistão, normalmente, é de 100 milímetros apenas. O biotipo, as medidas antropométricas e o estudo do posto devem ser levados em con- ta na especificação da altura do assento. Falando nisto, é bom lembrar que estamos nos referindo a cadeiras de postos industri- ais. Não esquecer do apoio para os pés, cuja altura deve ser proporcional ao “tamanho” do usuário. Os aros das cadeiras tipo caixa são antiergonômicos, pois não deixam os pés “plantados”, deixam os pés para trás (que proporciona uma tendência das cos- tas caírem para frente), além de dificultar a circulação pela compressão das coxas. Quando a questão analisada for o reves- timento é importante saber que existem cadeiras no mercado cujo assento e espal- ERGONOMIA ERGONOMIA ARTIGO ARTIGO

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ergonomia

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  • 69JULHO/2002

    velho chavo o barato sai carotambm se aplica perfeitamentea este produto. Porm, j vimospostos de trabalho com cadeirassofisticadas, com muitas alavan-cas e acessrios, totalmente des-

    Conhecer especificaes tcnicas de cada produto e as reaisnecessidades do usurio tarefa dos profissionais de SST

    Onecessrios. Neste caso, o caro sai caro.Importante ressaltar a importncia daergonomia ao se implantar um novo postode trabalho, seja na empresa, no escritrioou em casa. Isto , precisamos conscientizaro usurio da necessidade da boa postura,paradas a cada 50 minutos, ginstica dealongamento, instrues de uso das alavan-cas e dispositivos de contato permanente.Como a Norma Regulamentadora do Mi-nistrio do Trabalho e Emprego, a NR-17 muito vaga, qualquer cadeira, hoje em dia,se apresenta como ergonmica. Alm dis-so, uma cadeira ergonomicamente boa nosignifica que seja construtivamente boa evice-versa.

    Primeiramente, deve-se exigir do forne-cedor um laudo de que a cadeira esteja deacordo com as trs normas da AssociaoBrasileira de Normas Tcnicas (ABNT): asNBRs 13962, 14110 e 13960.

    O produto deve ter a regulagem da alturado espaldar suficiente para que a regiolombar seja devidamente apoiada. O espal-dar deve abraar a regio lombar e, portan-to, deve ter, no mnimo, 41 x 26 cm, sendoque o ideal de 40 x 35 cm. O espaldardeve proporcionar presso positiva na lom-bar. O ideal o contato permanente da lom-bar, o chamado permanent contact. Cuida-do com a largura do espaldar e sua curvatu-ra: algumas cadeiras possuem curvaturamuito acentuada que associada ao contatopermanente no proporcionar conforto. Aaltura do espaldar uma questo de estti-ca e de hierarquia. Em geral, quanto maischefe, maior ser o espaldar. Ergonomi-camente, grande altura de espaldar no sig-nifica nada, zero. Porm, devemos noslembrar da hierarquia para no gerar outrosproblemas como indagaes do tipo Co-mo ele tem uma cadeira igual a minha, seeu sou o chefe ?

    OUTRAS ESPECIFICAESA regulagem da altura do assento deve ser

    do tipo multiponto com amortecedor e pis-to (a gs ou mecnico). As espumas maisindicadas so em poliuretano injetado parao assento e espaldar, e devem ter garantiacom testes que comprovem sua durabilida-de de compresso e controle ponto a ponto.

    A cadeira ideal

    Osny Telles OrselliEngenheiro de Segurana do Trabalhoe-mail: [email protected]

    Apenas a espessura da espuma e a densida-de no garantem este particular. Espessurasde 40 milmetros para o assento, desde queobedeam as regras acima, so ideais, poisasseguram boa flexibilidade, compresso etimo visual. Devem ser injetadas na formado assento e espaldar, em uma s pea. Oassento deve ter dimenses para, no mni-mo, sustentar confortavelmente as ndegas.O ideal de 46 cm x 46 cm, sendo admissvel45cm x 45cm. Para pessoas um pouco maisfortes, nem pensar nesta ltima medida. bom lembrar que cadeiras do tipo secret-ria, apesar de estarem disponveis no mer-cado, no suportam as ndegas, nem de mo-delo super-magra.

    Os apoios para os braos com ou semregulagem de altura devem, literalmente,sustentar os antebraos, com largura e com-primento confortveis. A largura de apoiopara os braos deve ter, na parte maior, nomnimo 80 milmetros para cadeirasoperativas, e comprimento ideal de 250 mi-lmetros. Atentar para a largura entre os apoi-os de braos: para os mais fortes deve exis-tir a possibilidade de regulagem da largura

    dos mesmos a fim de que os cotovelos eantebraos no fiquem fora da rea de apoio.

    INDUSTRIAISEm se tratando de cadeiras industriais

    necessrio verificar quantas opes de al-tura do assento em relao ao piso podemser combinadas, a fim de atender o estudoergonmico que precede o curso do pisto,normalmente, de 100 milmetros apenas.O biotipo, as medidas antropomtricas e oestudo do posto devem ser levados em con-ta na especificao da altura do assento.

    Falando nisto, bom lembrar que estamosnos referindo a cadeiras de postos industri-ais. No esquecer do apoio para os ps, cujaaltura deve ser proporcional ao tamanhodo usurio. Os aros das cadeiras tipo caixaso antiergonmicos, pois no deixam osps plantados, deixam os ps para trs(que proporciona uma tendncia das cos-tas carem para frente), alm de dificultar acirculao pela compresso das coxas.

    Quando a questo analisada for o reves-timento importante saber que existemcadeiras no mercado cujo assento e espal-

    ERGONOMIAERGONOMIAARTIGOARTIGO

  • 70 JULHO/2002

    ERGONOMIAERGONOMIAARTIGOARTIGO

    A cadeira insubstituvel, porm h situaes em que ela invivel.Veja algunsexemplos de atividades em que ela no pode ser utilizada.

    Quando ela deve ficar de lado

    ATIVIDADESSegurana patrimonial: o trabalhador

    deve vigiar, f icar atento, no cochilar epronto para a ao. Nos supermercados,portarias ou bancos o vigilante no podese sentar, pois perderia um tempo es-sencial para a devida ao. Cadeira altatambm no adequada

    Inspetor de linhas de produo ou a-fins: o trabalhador estar se movimentan-do sempre que uma ocorrncia pedir suaao.

    Operadores de caixa de supermerca-do: uma questo polmica, vrios es-tudos indicam mudana do layout cls-sico, introduzindo cadeiras baixas no sen-tido longitudinal dos compradores. Nes-te caso, o cliente quem sofre (ser elequem dever pegar a lata de tinta ou oengradado de refrigerante e colocar di-ante do caixa para o devido scanner edepois recolocar o produto no carrinho.Quando no o cliente, o operador quese levanta e suspende a carga, e como namaioria das vezes, o olho ptico est nafrente do caixa, ele obrigado a mexerna carga para que o scanner leia o cdi-go de barras que nem sempre est numaposio fcil. No caso do operador comcadeira baixa, o olho ptico foiposicionado para que ele no se levante.Como ele est em p nestas situaes decarga, f ica ainda mais difcil eantiergonmico, o operador passar a car-ga no olho ptico, que estar numa posi-o muito desconfortvel, gerandolombalgias e leses na coluna a curto pra-zo. O layout clssico mostra que cadei-ras altas do tipo caixa so deixadas delado pelos usurios, e no passam de en-

    feites para mostrar s DRTs. Como ooperador precisa sair da cadeira para pas-sar compras mais pesadas ele a deixa delado. Alm disso, o aro para descansaros ps antiergonmico, pois no deixaa planta dos ps em posio de descanso,fora as pernas para trs fazendo com quea coluna se incline para a frente alm decomprimir as coxas dificultando a circu-lao.

    O QUE FAZERRecomenda-se os bancos semi-senta-

    dos, semi em p, cintos abdominais lom-bares e, eventualmente, tapetes antifadi-ga. Obviamente, no necessariamente si-multneos, mas seria o ideal. Para os ope-radores de caixas, o cinto abdominal lom-bar indispensvel, mas sempre com trei-namento adequado.

    ATIVIDADEOperadores de mquinas operatrizes:

    a maioria ainda utiliza o banquinho demadeira de quatro ps que os violinistastanto gostam para suas apresentaes depoucos minutos. As posies do usuriocom estes banquinhos ultrapassados pro-vocam srios problemas de postura.

    O QUE FAZERBancos com altura regulvel, almofa-

    dados, circulares, rotativos, sem espaldar(pois no d para usar o espaldar), combase f ixa ou com rodzios para pisosabrasivos, alm do uso de cintos lomba-res. Pode-se comear com os cintos lom-bares e, paulatinamente, os bancos comaltura regulvel.

    dar so totalmente injetadas em Poliu-retano (PU) Integral Skin, que no maisnecessitam tecidos sintticos ou madeira.O PU resiste a agentes fsicos e qumicos, ventilado e tem bom perfil anatmico.Quando em tecido, o normal 100 % po-lister ou 100 % l (ao contrrio do quepossa parecer, no aquece). Ainda temosos revestimentos em PVC (Kourvin,Courino, etc). Todos devem ser cuidado-samente verificados, pois h aqueles 100% polister com uma trama que logo seesgara. A definio de PVC por si s nosignifica nada, pois necessrio precisara espessura (no mnimo 1,5 milmetros) esua procedncia. As costuras devem serevitadas, pois acumulam poeira, e so pon-tos de rpido desgaste. Deve-se evitar queo revestimento seja fixado sua estrutura

    por grampos que se oxidam rapidamente eque precisam de perfis de PVC flexveispara escond-los. Estes se polimerizam eracham rapidamente.

    RESISTNCIAAquelas cadeiras, mesmo muito bonitas,

    que comeam a balanar o assento ou es-paldar, no utilizam material (ao) compa-tvel com o produto (espessura) e normal-mente possuem mancais de apoio com bu-chas subdimensionadas em quantidade equalidade.

    As bases devem ser injetadas numa peas, pois produtos com os braos soldadoslogo se quebram pela ao da fadiga da sol-da, ou ficam manquitolando com o desgas-te de um dos braos. Hoje em dia pode-seter bases injetadas em uma s pea em ni-

  • 71JULHO/2002

    lon com fibra de vidro que podem receberreforo de ao quando se tratar de serviosuper pesado.

    H dois tipos bsicos de rodzios desti-nados para carpete, e piso abrasivo ou duro. necessrio especificar. Devem ser de ni-lon, dimetro mnimo de 50 milmetros,duplos, largura mnima de 60 milmetros.Notar que a cadeira deve suportar no mni-mo 1000 quilos. J h cadeiras antiestticasno mercado, mas necessrio pedir o lau-do correspondente, pois as exigncias deresistncia variam muito. Todos os rodzi-os devem ser antiestticos, por motivo desegurana. Quem trabalha com componen-tes eletrnicos precisa de cadeiras anties-tticas.

    No se usa mais cetim ou madeira com

    couro sinttico para dar o acabamento em-baixo do assento e atrs do encosto. Usa-sepolipropileno injetado em uma s pea. Po-rm, indispensvel especificar que os mes-mos sejam tratados contra raios UV, do con-trrio ressecam, e racham rapidamente.

    A garantia deve ser de cinco anos. Quemgarante mais do que isso, desconfie. H for-necedores que garantem os pistes a gspor 15 anos ou pela vida da cadeira, impor-tados. Quem d a garantia a fbrica dopisto. Finalmente, quando especificar ca-deiras com pranchetas pense na preveno:obrigue que elas sejam antipnico! Nuncase sabe!

    Cabe ao Setor de Sade Ocupacional, aosetor de Segurana do Trabalho, conheceras especificaes tcnicas dos produtos que

    podero ou no afetar a sade do trabalha-dor e o bolso do acionista ou da entida-de. S testar, achar bonito e mandar parao departamento de compras escolher, nobasta. Este setor ter sempre a obrigao decomprar o mais econmico, com raras ex-cees, caso no tenham especif icaesclaras e precisas, pois essa a funo deles.

    bom lembrar que a maioria dos conse-lhos acima valem para cadeiras destina-das para treinamento, escolas, salas de es-pera, modelos fixos tipo longarinas de con-sultrios, auditrios e para hotis, hospi-tais e clnicas. Agindo assim, estamos con-tribuindo para a sade do usurio, dimi-nuindo dores nas costas, ensinando bonshbitos e zelando pelo nosso bolso ou denossos patres.

    Postura dos operadores de caixa ainda est em discusso Na vigilncia, em geral, os profissionais no podem sentar-se