A Arma Final do CEO

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A ARMA FINAL DO CEO | TULIO TAKEMAE 1 O Desafio A Arma Final do CEO São Paulo, 2 de julho de 2013. O Desafio Em uma conversa com o CEO de uma companhia de TI de grande porte, ele me questionou: “Temos uma taxa de crescimento anual consistente ao longo dos últimos três anos. Estamos presentes em mais de sete países no mundo. Temos um turnover baixo em comparação a outras empresas do mesmo porte. Mas não deixo de ter a sensação de que nós (líderes executivos e conselheiros) e o restante da empresa não falamos a mesma língua, há falta de sintonia entre o que acordamos e os resultados que obtemos. Sei que isto está trazendo instabilidade em algum ponto, e acho que outros (líderes executivos e conselheiros) sentem o mesmo. O que pode estar acontecendo?”. Certamente, em muitos momentos um CEO se deixa levar pela falsa sensação de segurança e estabilidade que a imagem de sua empresa e dados superficiais podem gerar, e este CEO teve o discernimento para identificar que seu conforto na realidade representava um desconforto, e algo devia estar errado. O Apoio Em momentos de dilema, o CEO tem a seu lado um Conselho Administrativo para ajudá-lo a guiar a empresa para a direção mais favorável a longo prazo, e em muitas ocasiões o CEO também conta com apoio externo e um Conselheiro profissional para certificar-se de que a maior quantidade de variáveis críticas para cada decisão está sendo considerada da forma adequada. Tanto o Conselho Administrativo quanto Conselheiros profissionais à organização devem ser muito bem orquestrados para extrair seu máximo potencial. Estas figuras presentes na vida do CEO são parte crucial da vantagem competitiva da empresa e, por este motivo, devem possuir experiência e também habilidades e pontos fortes únicos, para que se tenha uma receita de difícil replicação por parte de um concorrente. Entretanto, o CEO precisa estar preparado para saber como extrair este potencial e proporcionar à empresa algo verdadeiramente único. Reuniões com o Conselho Administrativo costumam ocorrer de duas a oito vezes ao ano, ou seja, são poucas oportunidades para o CEO potencializar a vantagem competitiva da empresa. Em contra partida, Conselheiros profissionais estão a dispor do CEO ao longo do ano inteiro, e possuem uma visão externa e sem sofrer impacto dentro da cadeia de influências da empresa. A combinação entre Conselho Administrativo e Conselheiros profissionais forma a arma final para o CEO conduzir a empresa ao próximo nível. Entretanto, não basta apenas ter a arma em

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A ARMA FINAL DO CEO | TULIO TAKEMAE

1 O Desafio

A Arma Final do CEO São Paulo, 2 de julho de 2013.

O Desafio Em uma conversa com o CEO de uma companhia de TI de grande porte, ele me questionou:

“Temos uma taxa de crescimento anual consistente ao longo dos últimos três anos. Estamos

presentes em mais de sete países no mundo. Temos um turnover baixo em comparação a

outras empresas do mesmo porte. Mas não deixo de ter a sensação de que nós (líderes

executivos e conselheiros) e o restante da empresa não falamos a mesma língua, há falta de

sintonia entre o que acordamos e os resultados que obtemos. Sei que isto está trazendo

instabilidade em algum ponto, e acho que outros (líderes executivos e conselheiros) sentem o

mesmo. O que pode estar acontecendo?”.

Certamente, em muitos momentos um CEO se deixa levar pela falsa sensação de segurança

e estabilidade que a imagem de sua empresa e dados superficiais podem gerar, e este CEO

teve o discernimento para identificar que seu conforto na realidade representava um

desconforto, e algo devia estar errado.

O Apoio Em momentos de dilema, o CEO tem a seu lado um Conselho Administrativo para ajudá-lo a

guiar a empresa para a direção mais favorável a longo prazo, e em muitas ocasiões o CEO

também conta com apoio externo e um Conselheiro profissional para certificar-se de que a

maior quantidade de variáveis críticas para cada decisão está sendo considerada da forma

adequada.

Tanto o Conselho Administrativo quanto Conselheiros profissionais à organização devem ser

muito bem orquestrados para extrair seu máximo potencial. Estas figuras presentes na vida do

CEO são parte crucial da vantagem competitiva da empresa e, por este motivo, devem possuir

experiência e também habilidades e pontos fortes únicos, para que se tenha uma receita de

difícil replicação por parte de um concorrente. Entretanto, o CEO precisa estar preparado para

saber como extrair este potencial e proporcionar à empresa algo verdadeiramente único.

Reuniões com o Conselho Administrativo costumam ocorrer de duas a oito vezes ao ano, ou

seja, são poucas oportunidades para o CEO potencializar a vantagem competitiva da

empresa. Em contra partida, Conselheiros profissionais estão a dispor do CEO ao longo do ano

inteiro, e possuem uma visão externa e sem sofrer impacto dentro da cadeia de influências da

empresa.

A combinação entre Conselho Administrativo e Conselheiros profissionais forma a arma final

para o CEO conduzir a empresa ao próximo nível. Entretanto, não basta apenas ter a arma em

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2 Conclusão

mãos, é preciso saber usá-la com sabedoria e perícia. Isto não é mero acaso, é exatamente para

proporcionar à empresa um silo espetacular de sinergia, que gera as mais consistentes

contribuições possíveis na organização.

Reuniões repletas de questionamentos, informações e discussões repetitivas, tanto com o

Conselho Administrativo quanto com Conselheiros profissionais, são rotina para muitos CEOs, e

isto sinaliza que a empresa não está honrando com seu compromisso em criar e manter uma

vantagem competitiva que garanta não somente sua presença no mercado, mas também o

crescente fornecimento de valor à sociedade.

As reuniões devem ser focadas nas questões críticas levantadas e discutidas previamente com

cada líder executivo. É um deslize comum o CEO iniciar cada reunião com atualização

financeira da empresa, o que incita o Conselho Administrativo a iniciar uma bateria de

questionamentos focados nos números e, consequentemente, focando a discussão na

compreensão e alinhamento de números. Atualizações financeiras devem fazer parte de um

relatório periódico, ou até mesmo notas encaminhadas por e-mail para serem analisadas e, caso

haja alguma consideração, esta pode ser tratada diretamente com o CEO, fora das reuniões.

Também pode haver uma reunião somente para reporte financeiro, e é importante ressaltar que

números por si só não representam sucesso ou fracasso, e não são discutíveis em si, são uma

representação das ações que foram tomadas previamente, e estas sim são discutíveis, devem

ser rastreáveis e rigorosamente acompanhadas.

Com esta atitude repetitiva por parte do CEO, é normal que a reação do Conselho

Administrativo também seja repetitiva, e as reuniões não extraiam o necessário para garantir a

vantagem competitiva da empresa. Em algumas ocasiões o CEO discute exatamente as

questões cruciais com um Conselheiro profissional, que tem o dever de eliminar quaisquer

informações irrelevantes e repetições. Mas quando o CEO está à frente do Conselho

Administrativo, ele retoma o hábito de repetição e todo o trabalho frutífero que foi feito junto ao

Conselheiro profissional é deixado de lado, e mais uma chance vital de mudar o jogo no

mercado é perdida.

Ambos ficam frustrados, tanto o CEO por carregar consigo a frustração da falta de sintonia entre

ele e a empresa, quanto o Conselho Administrativo por carregar consigo a dificuldade de extrair

do CEO as decisões que realmente devem ser consideradas.

Conclusão Conselho Administrativo e Conselheiros profissionais representam a grande ferramenta para o

CEO definir o curso da empresa, é a arma final, e por isso somente assuntos críticos para a

definição deste curso, os verdadeiramente significativos, devem ser abordados nas reuniões,

para que seja possível extrair o máximo.

As questões cruciais para o CEO garantir esta vantagem competitiva são:

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3 Conclusão

1. Identifique e discuta com antecedência junto aos demais Líderes Executivos as questões

críticas a longo prazo que devem ser abordadas junto aos Conselheiros.

2. Para validar estas questões antes de leva-las aos Conselheiros, verifique junto aos demais

Líderes Executivos se não há formas de endereça-las dentro das próprias áreas da

empresa ou com apoio externo de empresas especializadas.

3. Defina junto aos Líderes Executivos e Conselheiros um conjunto de classificações de

informações para determinar quais serão abordadas e reportadas por e-mail, relatório,

em reuniões individuais, por telefonemas, em reuniões executivas ou em reuniões do

conselho, e qual será a periodicidade de cada uma.

4. Crie vínculo entre a Liderança Executiva e o Conselho Administrativo, incluindo a

participação ativa da Liderança Executiva nas reuniões de conselho.

5. Designe um secretário para as reuniões, o qual será responsável por formalizar tudo o que

foi discutido, todas as opiniões, decisões e ações em uma ata, a qual deve ser

disponibilizada de forma segura a todos os Líderes Executivos e Conselheiros. Desta forma,

é mantido um histórico que pode ser acompanhado e utilizado como base para

monitorar a condução da empresa, reforçando também o comprometimentos de todos

os envolvidos.

6. Ações definidas nas reuniões devem possuir sempre um único responsável e um prazo, e

devem ser acompanhadas nos períodos entre cada reunião. Ações que representam

pontos críticos na estratégia da empresa devem ser sempre revisitadas logo no início de

cada reunião, para manter o senso de criticidade e garantir que tudo o que é definido

nas reuniões é conduzido até o fim de forma assertiva.

7. Conheça em detalhe cada um de seus Líderes Executivos e Conselheiros. Solicite a cada

um que desenvolve um dossiê sobre sua carreira, pontos fortes, personalidade e formas

preferidas de comunicação. Desta forma, você terá como combinar da melhor forma

possível os pontos fortes de cada um e se comunicar de forma verdadeiramente eficaz,

pois cada pessoa possui uma forma de se comunicar e é importante considerar isto. Títulos

e conquistas acadêmicas são supervalorizados, considere que estes não possuem peso

significativo para a vantagem competitiva. O que é verdadeiramente significativo e

relevante são os pontos fortes e suas competências, a real contribuição de cada um é

percebida somente na hora da ação.

8. Líderes Executivos e Conselheiros que causam desentendimentos e atrasos nas reuniões,

revisitando questões irrelevantes ou já endereçadas anteriormente, sem que contribuam

de forma construtiva, devem ser afastados. Vale ressaltar que ter opiniões e pontos-de-

vista divergentes ou até mesmo polêmicos é muito bom vindo a qualquer discussão, pois

gera sinergia. Comportamentos escusos devem ser eliminados.

9. Tenha sempre em mente que, como CEO, seu dever não é receber ordens e repassá-las,

e sim ser um mediador em uma negociação contínua entre Liderança Executiva,

Conselho Administrativo, colaboradores, sociedade, analistas de mercado e acionistas.

O CEO é o tomador da decisão final, e somente a ele cabe a responsabilidade e o

comprometimento de garantir o melhor benefícios para todas as partes.

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4 Conclusão

10. Para extinguir quaisquer dúvidas, recorra a um Conselheiro profissional, pois este não

possui os vínculos e vícios aos quais qualquer colaborador da empresa está sujeito, e sua

experiência e opinião tendem a ser as mais francas e objetivas.

Conselheiros são uma grande parte da vantagem competitiva de qualquer empresa, e é preciso

saber selecioná-los e extrair o máximo potencial deles para que o todo flua da forma mais

benéfica para a empresa e para a sociedade.

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Tulio Takemae

Tulio Takemae é Conselheiro Executivo profissional e através de sua

pesquisa que durou nove anos, desvendou a chave para a Excelência

nos Negócios, através da qual auxilia CEOs de todo o mundo a conduzir

seus negócios ao Próximo Nível.