A ALFABETIZAÇÃO E O LETRAMENTO DE CRIANÇAS SURDAS A IMPORTÂNCIA DO PROFESSOR BILÍNGUE GRASIELLY...

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FACULDADE ALFREDO NASSER INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO CURSO DE PEDAGOGIA A ALFABETIZAÇÃO/LETRAMENTO DE CRIANÇAS SURDAS: A IMPORTÂNCIA DO PROFESSOR BILÍNGUE. Grasielly Rabelo Rocha APARECIDA DE GOIÂNIA 2010

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FACULDADE ALFREDO NASSERINSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO

CURSO DE PEDAGOGIA

A ALFABETIZAÇÃO/LETRAMENTO DE CRIANÇAS SURDAS: AIMPORTÂNCIA DO PROFESSOR BILÍNGUE.

Grasielly Rabelo Rocha

APARECIDA DE GOIÂNIA2010

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GRASIELLY RABELO ROCHA

A ALFABETIZAÇÃO/LETRAMENTO DE CRIANÇAS SURDAS: AIMPORTÂNCIA DO PROFESSOR BILÍNGUE.

 Artigo apresentado ao Instituto Superior deEducação, da Faculdade Alfredo Nasser, soborientação da professora Mestre Edna MissenoPires, como parte dos requisitos para Conclusãodo Curso de Pedagogia.

APARECIDA DE GOIÂNIA2010

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A ALFABETIZAÇÃO/LETRAMENTO DE CRIANÇAS SURDAS: AIMPORTÂNCIA DO PROFESSOR BILÍNGUE *

Grasielly Rabelo Rocha *RESUMO

 A educação de alunos com deficiência auditiva é de suma importância,pois nos dias atuais com o processo de inclusão conseguimos detectar alunos inseridos nas escolas. O processo de alfabetização de alunossurdos é semelhante com os dos ouvintes, porém é utilizado àadaptação, e o letramento é através de experiências e da consciênciada diferença entre significações do tema aprendido ou compreendido.Os professores e os pais são importantes no processo de alfabetizaçãoe letramento, pois os alunos surdos devem ser estimulados desdepequenos, para que eles possam estar mais preparados e familiarizadoscom sinais e assim aprenderão com mais facilidade a Língua Brasileirade Sinais, e os professores devem estar capacitados para incluir estesalunos junto aos ouvintes na sala de aula. O objetivo desde é apresentar a importância do bilinguismo para realizar o processo de alfabetização eletramento, com os quais promovem a sua interação social com omundo que o cerca. O artigo foi escrito de forma qualitativa onde foramutilizados vários autores dentre eles se destacam: Goldfeld (1997),Quadros (1997) e Guarinello (2007).

Palavra-chave: Alfabetização, Letramento, Língua Brasileira de Sinais,Professor.

 

INTRODUÇÃO

Esta pesquisa trata-se de um artigo baseado em estudos bibliográficos

com referências a diversos autores dos quais se destacam: Goldfeld (1997),

Quadros (1997) e Guarinello (2007). Visa buscar resposta para a seguinte

questão: Qual é a importância do professor bilíngue no processo de alfabetização

e letramento com crianças surdas? E também visa compreender as formas de

letrar e alfabetizar uma criança com necessidades auditivas através do

bilinguismo, ou seja, utilizando duas línguas sendo Língua de Sinais e a língua

oral na modalidade escrita.

 _________________ 

* Artigo elaborado para fins da conclusão do curso de Pedagogia da Faculdade Alfredo Nasser 

sob orientação da professora Ms. Edna Misseno Pires.* Graduanda do 8º período do curso de Pedagogia da Faculdade Alfredo Nasser.

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Para a compreensão da importância do professor bilíngue dentro do

processo de alfabetização e letramento de crianças surdas, houve necessidade

de pesquisar o histórico da educação dos surdos, a pesquisa também mostra as

leis que defendiam e defendem as pessoas com necessidades especiais, assim

buscando seus direitos dentro da sociedade. No trabalho apresenta também as

três filosofias: Oralismo, Comunicação Total e Bilinguismo, onde o bilinguismo

tem como objetivo ensinar a criança surda a língua de sinais, sendo a língua de

sinais considerada a língua materna. Também foi preciso estudar o processo de

alfabetizar e letrar uma criança surda com um professor bilíngue, dentro da sala

de aula.

 A educação de alunos surdos, nos dias atuais, tem sido bastante discutida

na proposta bilíngue e na educação inclusiva. O indivíduo com necessidades

especiais enfrenta muitas barreiras entre elas a da comunicação. Para que essas

barreiras sejam superadas é necessário que o aluno surdo em primeiro aprenda

língua de sinais e contrapartida o professor também. A escolarização da criança

surda reajustada e reorganizada de acordo com o tempo em função dos avanços

e mudanças permite uma escolarização de qualidade.

 A LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) permite acesso da criança surda à

sociedade, e entender o mundo. Os educadores devem estar capacitados e

interessados no desenvolvimento dos alunos surdos, para isso é necessário

capacitação e formação específica sobre a língua de sinais, para que haja a

comunicação entre o professor e alunos. A contribuição da família é essencial

para o desenvolvimento da criança surda.

O aluno surdo deve ter contato com as duas línguas sendo língua de sinais

e a linguagem oral para estar inserido na sociedade denominado bilinguismo. O

bilinguismo é uma das filosofias da inclusão de alunos com deficiência auditivanas salas de aula, pois ele tem por objetivo reconhecer e aceitar socialmente,

criando condições para que diferentes regiões possam criar ou ter oportunidade

no convívio social. Para uma educação bilíngüe, a instituição de ensino deve

oferecer professor usuário da língua de sinais e capacitados para o ensino do

Português como segunda língua, onde a língua de sinais deve ser a primeira

língua.

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O HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO DOS SURDOS

 A história da educação especial começou a ser traçada no século XVI,

com médicos e pedagogos, que apesar da sociedade vigente apostavam na

possibilidade de seres, até então considerados não educados. Centrados em

seus pontos pedagógicos, numa sociedade em que na educação formal poucos

tinham direito, começaram os trabalhos, com crianças que estavam sob tutela,

assim sendo eles próprios os professores de seus pupilos.

Portanto, com poucas experiências inovadoras, o cuidado foi meramente

para proteger, surgiram instituições de asilos e manicômios com o principal focono trabalho com indivíduos que eram considerados ineducáveis. Consideravam

que essas pessoas ficariam mais protegidas, se separadas dos demais, para

proteger a sociedade dos indivíduos anormais.

Contudo, as inovações sobre a educação de pessoas com deficiência,

lentamente vai sendo conquistados, na medida em que a sociedade abre

caminhos para ampliar oportunidades educacionais. Assim, tanto as classes

especiais quanto as escolas especiais somente iriam multiplicar-se commodalidade alternativa depois da primeira e segunda guerra mundial. Na metade

do século XX, surgiram respostas maiores da sociedade para os problemas da

educação especial. Assim a educação de crianças e jovens com deficiências, foi

organizando como um sistema, junto à educação geral, por motivos morais,

lógicos, científicos, políticos, econômicos e legais, surgiram as bases para uma

proposta de unificação.

 A LDB (Lei de Diretrizes e Bases para a Educação Brasileira) 9394/96,transmite claramente em seu art. 58º e 59º que:

Entende-se por educação especial, para os efeitos desta lei, amodalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rederegular de ensino, para educandos portadores de necessidadesespeciais.Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidadesespeciais: I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos eorganização específicos, para atender às suas necessidades; II -terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível

exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suasdeficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programaescolar para os superdotados; III - professores com especialização

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adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado,bem como professores do ensino regular capacitados para a integraçãodesses educandos nas classes comuns; IV - educação especial para otrabalho, visando a sua efetiva integração na vida em sociedade,inclusive condições adequadas para os que não revelarem capacidadede inserção no trabalho competitivo, mediante articulação com os

órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam umahabilidade superior nas áreas artística, intelectual ou psicomotora; V -acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementaresdisponíveis para o respectivo nível do ensino regular.

 Assim atualmente até na Constituição Federal Brasileira de 1988 no art.

205 apresenta que a educação regular é direito de todos com incentivo da

sociedade, sendo os alunos com necessidades especiais, junto com os demais

dentro da escola regular, assim haverá quando necessário apoio especializado,

para atender a clientela da educação especial.

 As crianças e jovens com necessidades especiais têm como direito

descobrir a aprendizagem dentro da escola regular, sem ter que isolá-los dos

demais alunos, conforme Mittler (2003. p.25):

O objetivo de tal forma é garantir o acesso e a participação de todas ascrianças em todas as possibilidades de oportunidades oferecidas pelaescola e impedir a segregação e o isolamento. Essa política foi

planejada para beneficiar todos os alunos, incluindo aquelespertencentes a minorias linguísticas e étnicas, aqueles com deficiênciaou dificuldade de aprendizagem, aqueles que se ausentamconstantemente das aulas e aqueles que estão sob o risco de exclusão.

Na antiguidade os surdos eram considerados seres punidos por deuses.

 As pessoas surdas por não desenvolver a linguagem oral não tinham direito legal,

pois não podiam fazer testamento e nem receber herança. Segundo Vieira

(2000), se a pessoa nascesse ouvindo e por qualquer outro acidente ou doença

ficasse surda, tinha permissão de realizar tudo conforme a educação recebida,

caso a pessoa nascesse surdo-mudo era proibido de realizar seu direito.

Também afirma Guarinello (2007, p. 20) “a Igreja Católica afirmava que a alma de

pessoa surda não era imortal, porque eles eram incapazes de dizer os

sacramentos”. Para Aristóteles (384-322 a.C.) as pessoas que nasciam surdas

eram também mudas e, por consequência, não podiam dizer nenhuma palavra.

Segundo Guarinello (2007, p. 21) “Ponce de León, monge beneditinoespanhol, foi considerado o primeiro professor de surdos da história”. Ele foi

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convidado para educar crianças surdas, filhos das famílias ricas da época, que

por sua vez, eram ensinados a fazer contas, ler, escrever, orar, a fim de serem

reconhecidos como pessoas capazes de receber títulos e herdar as propriedades

da família, visto que os surdos não obtiam esse direito. Ponce de León utilizou

uma forma de alfabeto manual que teria como objetivo ensinar seus alunos a falar 

com o tato e a visão. Esse manual era formado por sinais que representavam as

letras do alfabeto das línguas orais.

O Brasil, segundo Menezes e Santos (2006), quando era colônia

portuguesa governada pelo Imperador Dom Pedro II, a língua de sinais aportou

no país, mais precisamente no Rio de Janeiro. Em 1856, o conde Francês Ernest

Huet desembarcou na capital fluminense com o alfabeto manual francês e alguns

sinais. O material trazido pelo conde, que era surdo, deu origem a Língua

Brasileira de Sinais – LIBRAS. O primeiro órgão no Brasil a desenvolver trabalhos

dos surdos-mudos foi no Rio de Janeiro, hoje Instituto Nacional de Educação de

Surdos (INES). Fundado em 1857 por D. Pedro II, que saíram os principais

divulgadores da LIBRAS. A iconografia dos sinais, ou seja, a criação dos

símbolos, só foi apresentada em 1873, pelo aluno surdo Faustino José da Gama.

Ela é o resultado da mistura da Língua de sinais Francesa com a Língua de sinais

Brasileira antiga, usada pelos surdos das várias regiões do Brasil.

Conforme Guarinello (2007) depois da década de 1980 iniciaram as

pesquisas sobre Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) com a linguista Lucinda

Ferreira de Brito. Com o passar do tempo, mesmo com a língua própria os surdos

tiveram grandes problemas em inserir em uma sociedade, contudo eles lutavam

para garantir seus direitos, pois infelizmente a visão dos ouvintes é que os surdos

são incapazes de tomar decisões sobre seus próprios assuntos. A língua de

sinais é capaz inserir o surdo no entendimento entre a cultura do ouvinte e não-ouvinte.

Conforme a Secretaria de Educação Especial da Língua Brasileira de

Sinais (MEC), a língua de sinais não é universal, cada língua possui sua estrutura

própria. Cada país fala diferentes línguas, também os surdos de todo o mundo

falam diferente. Visto que cada país possui a sua língua de sinais como chilena,

peruana, portuguesa, russa e em vários outros países. Contudo tem uma única

diferença, as pessoas ouvintes que moram em países diferentes não conseguemse comunicar sem ao menos estudar um pouco da outra língua, sendo que os

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surdos conseguem se comunicar com surdos de outros países, pois eles estão

atentos às expressões faciais e corporais das pessoas. Dentro da língua

portuguesa, por exemplo, os substantivos são palavras que possuem desinência

de gênero e número, que são utilizados para a formação e compreensão de

frases, contudo na Libras não há artigos, que de acordo com cada sinal o outro

entende o emissor.

Compreender a surdez envolve entender as filosofias educacionais para

surdos. O oralismo é uma forma de filosofia educacional que visa a criança se

interagir em uma comunidade ouvinte para que ela possa ter condições de

desenvolver sua língua oral (no caso do Brasil o português). O oralismo busca a

inserção da criança surda no mundo ouvinte, para que a surdez seja diminuída e

estimular a audição. Essa forma busca colocar a criança normalizada e afastando

a não-surdez. Segundo Goldfeld (1997) a história dos surdos com a educação

nos deixa claro que a oralização não consegue suprir todas as necessidades da

comunicação dos surdos e após a língua de sinais os surdos passaram a obter 

mais clareza em suas conversas com surdos e com ouvintes, pois trouxe as

necessidades que faltava para inserir nesse mundo.

 A comunicação total é uma das filosofias educacionais para a educação

dos surdos que surgiu por volta da década de 60. Goldfeld (1997) afirma que a

maior e principal preocupação da comunicação total é a comunicação entre

surdos e surdos e entre ouvintes. Essa forma também acredita que a

comunicação oral seja necessária para a educação dos surdos, mas preocupa-se

com os aspectos cognitivos, emocionais e sociais que não devem ser ignorados

em prol do aprendizado exclusivamente da língua oral. A diferença entre a

comunicação total e as outras filosofias educacionais é que ela aceita a utilização

de qualquer outro recurso linguístico, seja a língua de sinais, a língua oral oucódigos manuais, para assim facilitar a comunicação entre os surdos. Como o

próprio nome diz a comunicação é total, que busca a comunicação e interação e

não somente a língua. A comunicação oral também valoriza a família do surdo,

assim acredita que a família busque o seu papel de compartilhar valores e

significados para formar um conjunto com a criança através da comunicação.

Goldfeld (1997) apresenta a diferença das filosofias educacionais para os surdos.

 A comunicação total, ao contrário, busca, aceita e convive com as diferenças,

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procurando sempre levar a comunicação de forma mais fácil entre a criança

surda e sua família ouvinte.

O Bilinguismo é a filosofia educacional que surge na década de 80, que

tem o objetivo de ensinar à criança surda a língua materna e a língua de sinais,

sendo a língua de sinais considerada a língua natural, e a segunda a língua

oficial do país. Conforme Goldfeld (1997) os autores ligados ao bilinguismo

observa o surdo de forma diferente dos autores oralista e da comunicação total,

pois para os bilinguistas o surdo não precisa viver uma vida igual a dos ouvintes,

podendo aceitar e assumir a surdez.

 A inserção do bilinguismo nas escolas publica esta sendo implantado de

forma lenta como afirma Goldfeld (1997, p.42):

Em relação à educação pública, é muito raro encontrarmos escolas queutilizem a língua de sinais em sala de aula. O que ocorre em muitoscasos é que os alunos conversam entre si através da língua de sinais,mas as aulas são ministradas em português, por professores ouvintesque não dominem a LIBRAS, o que praticamente impossibilita acompreensão por parte dos alunos. Mas a pior realidade é que grandeparte dos surdos brasileiros e seus familiares nem sequer conhecem alíngua de sinais. Muitas crianças, adolescentes e até adultos surdos nãoparticipam da comunidade surda, não utilizam a língua de sinais etambém não dominam a língua oral.

Guarinello (2007) afirma que, no reconhecer do Bilinguismo pode-se

escolher pela apresentação simultânea ou sucessiva das duas línguas (LIBRAS e

língua da comunidade majoritária). No bilinguismo simultâneo, a criança surda é

apresentada às duas línguas com diferentes interlocutores: a de sinais com

professores surdos e a majoritária com ouvintes, logo que a surdez tenha sido

identificada. A segunda forma do bilinguismo é quando a criança surda aprende a

língua majoritária somente depois que ela tem o domínio da língua de sinais,

chamando de modelo sucessivo. Isto é, ela só deve aprender a segunda língua

depois que ela tem domínio da primeira. Quanto à modalidade da língua

majoritária, essa pode ser a escrita ou a fala. No oralismo o foco é igualar a

criança surda no mundo dos ouvintes, e no Bilinguismo o objetivo é igualar a

família ouvinte ao padrão surdo.

Segundo Guanirello (2007), a proposta do bilinguismo partiu das

reclamações dos surdos pelo direito à sua língua e por pesquisas aprofundadas

linguísticas sobre a LIBRAS. Guarinello (2007 p. 45) “ela é estimada como

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abordagem educacional para tornar-se acessível à pessoa surda duas línguas no

cotidiano escolar”. Contudo estudos revelam que essa proposta é fundamental

para as crianças surdas, pois é considerada uma língua natural e se baseia no

conhecimento do ensino da língua majoritária. Como Quadros (1997) afirma que

“a aquisição da linguagem em crianças surdas deve ser garantida através de uma

língua visual-espacial”. A língua de sinais é a língua natural dos surdos. O

processo de aquisição da linguagem geralmente ocorre, quando pessoas de

nosso convívio utilizam a linguagem conosco e/ou em nossa volta. O bebê

ouvinte, que escuta os sons normalmente, e que tem pais ouvintes e/ou convive

com pessoas que ouvem e falam, receberá as informações linguísticas,

principalmente, por meio da audição e adquirirá a língua que ouve, ou seja, uma

língua oral. O bebê surdo que tem pais surdos que utilizam a língua de sinais

receberá informações linguísticas por meio da visão e adquirirá a língua que está

vendo, ou seja, uma língua de sinais. Assim, a aquisição da linguagem

geralmente ocorre naturalmente, pois durante as interações o bebê tem o acesso

das palavras, possibilitando o desenvolvimento da compreensão de forma

gradual, sendo que esta compreensão é fundamental para o bebê elaborar o que

quer expressar. Na aquisição da linguagem de bebês ouvintes e surdos,

pesquisas demonstram que ambos balbuciam (fazem sons/gestos sem

significado aparente), produzem suas primeiras palavras/sinais e frases na

mesma faixa etária. As fases de aquisição da linguagem são muito semelhantes

no início e no decorrer do desenvolvimento linguístico. No processo de aquisição

da língua de sinais pela criança surda e de aprendizagem da língua de sinais

pelos pais, é fundamental o contato com profissionais fluentes, surdos e/ou

ouvintes, além de crianças surdas de diversas faixas etárias. Na língua de sinais

quando os pais aprendem e a utilizam com o seu filho surdo, a comunicaçãorealmente acontece e há a possibilidade de a criança adquirir a linguagem

naturalmente. Além disso, contribui para um bom relacionamento entre pais-filho

e para o desenvolvimento da criança.

Goldfeld (1997) apresenta que a aquisição da língua de sinais deve

acontecer, perfeitamente, através do convívio com outras pessoas surdas mais

velhas, que dominem a língua de sinais. Ainda nos dias de hoje há pesquisas que

procuram garantir um meio de oportunizar ao surdo o domínio de uma linguagematravés do oralismo, ensinando o surdo a falar e ler os lábios como forma de

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aquisição de uma língua oral-auditiva, ou seja, para que uma criança surda

aprenda a escrita, acreditava-se que era necessário primeiro a falar. Porém, a

filosofia utilizada no contexto escolar garantido por lei e políticos públicos é o

bilinguismo.

Diante da busca incontrolável pela inclusão da pessoa com deficiência na

sociedade e, principalmente na educação, realizou-se, em 1994 nos dias 7  – 11

de junho, uma conferência na cidade de Salamanca, Espanha, com

representantes do mundo todo, da qual resultou um documento denominado

Declaração de Salamanca. A Declaração de Salamanca permite perceber a

importância da inclusão da pessoa com deficiência na educação, pois seu

convívio e aprendizado com outras pessoas só lhe trará benefícios e

crescimentos, tanto em âmbito educacional como social.

Em 2001, o Conselho Nacional de Educação por meio da Comissão de

Educação Básica, elaborou a Resolução CNE/CEB nº. 2. Esse documento faz

menção explicita à inclusão por reestruturar os sistemas de ensino para dar 

respostas às necessidades educacionais de todos os alunos. As Diretrizes

mencionam os instrumentos e os princípios da educação inclusiva, tais como:

recursos humanos qualificados, o projeto pedagógico da escola, a característica

da população, a descrição dos serviços e modos de atendimentos. Também

coloca explícito que os alunos com dificuldade de comunicação, os conteúdos

sejam diferenciados como o artigo 12º § 2º:

Deve ser assegurada, no processo educativo de alunos que apresentamdificuldades de comunicação e sinalização diferenciadas dos demaiseducandos, a acessibilidade aos conteúdos curriculares, mediante autilização de linguagens e códigos aplicáveis, como o sistema Braille e alíngua e sinais, sem prejuízo do aprendizado da língua portuguesa,

facultando- lhes e às suas famílias a opção pela abordagem pedagógicaque julgarem adequada, ouvidos os profissionais especializados emcada caso.

Contudo o desafio da inclusão na escola tem se tornado algo efetivo com a

oficialização da lei LIBRAS, em abril de 2002, (Lei nº10.436, de 24 de abril de

2002) que diz:

No artigo 1º: “É conhecida como meio legal de comunicação e

expressão a Língua Brasileira de Sinais  – LIBRAS e outros recursos deexpressão a ela associados”, e ainda define no parágrafo único:“Entende-se como Língua Brasileira de Sinais  – LIBRAS a forma de

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comunicação e expressão, em que o sistema linguístico de naturezavisualmotora, com estrutura gramatical própria, constituem um sistemalinguístico de transmissão de ideias e fatos, oriundos de comunidadesde pessoas surdas no Brasil”. 

 Assim o decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005, regulamente essaLei e estabelece a LIBRAS como disciplina curricular obrigatória nos cursos de

Formação de Professores.

 A LIBRAS é considerada língua natural, porque o indivíduo desenvolve

naturalmente, com seu grupo de uma sociedade e são adquiridas após a

exposição à língua, conforme Quadros (1997, p.47):

Tais línguas são naturais internamente e externamente pois refletem a

capacidade psicobiológica humana para a linguagem e porque surgiramda mesma forma que as línguas orais  – da necessidade especifica enatural dos seres humanos de usarem um sistema linguístico paraexpressar ideias, sentimentos e ações. As línguas de sinais sãosistemas linguísticos que passaram de geração em geração de pessoassurdas. São línguas que não se derivam das línguas orais, mas fluíramde uma necessidade natural de comunicação entre pessoas que nãoutilizam o canal espaço-visual como modalidade linguística.

 As leis têm como proposta defender o direito que os surdos possuem

dentro da sociedade, um ponto que antigamente eles não tinham no meio social.

Com a língua de sinais os surdos puderam se comunicar e conhecer seus direitos

de forma mais prática. Assim o bilinguismo encaixa na sociedade dos surdos,

pois os mesmos podem ter a primeira língua sendo a língua de sinais e a

segunda o português, contudo a criança pode ser alfabetizada e letrada com a

forma bilíngue.

O BILINGUISMO COM PROPOSTA PEDAGÓGICA PARA A ALFABETIZAÇÃOE LETRAMENTO DE CRIANÇAS SURDAS.

Segundo Fernandes (2005), Vygotsky tem uma perspectiva que o ser 

humano aprende gradualmente em um mundo sociocultural. Sendo que envolve

os chamados de “signos” que modificam no decorrer do desenvolvimento da

criança, que assim postula um conceito mutável e dinâmico, através da

maturidade psicológica e cognitiva do indivíduo. Para Rego (2002, p. 71):

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o desenvolvimento pleno do ser humano depende do aprendizado querealiza num determinado grupo cultural, a partir da interação com outrosindivíduos da sua espécie. Isto quer dizer, por exemplo, um indivíduocriado numa tribo indígena, que desconheça o sistema da escrita e nãotem nenhum tipo de contato com um ambiente letrado, não sealfabetizará. O mesmo ocorre com a aquisição da fala. A criança só

aprenderá a falar se pertencer a uma comunidade de falantes, ou seja,as condições orgânicas (possuir o aparelho fonador), emboranecessárias, não são suficientes para que o indivíduo adquira alinguagem.

 Assim, ao trabalhar como meio cultural e com a relação entre os indivíduos

para a definição do percurso do desenvolvimento humano, Vygotsky não propõe

uma pedagogia autoritária. Pelo contrário, trabalha constantemente com os

conceitos de reconstrução e reelaboração por parte do indivíduo do conteúdo

culturalmente construído e transmitido na interação social com grupo que integra. A palavra letramento surge na metade da década de 80, no discurso de

especialistas das Ciências Linguísticas e da Educação, como uma tradição da

palavra de língua inglesa “literacy”.

 A palavra letrado, no novo dicionário Aurélio da Língua Portuguesa é

aquele “versado em letras, erudito”, e iletrado é “aquele que não tem

conhecimento literários”. No mesmo dicionário não registra a palavra letramento.

Essa palavra só aparece, em um dicionário* da Língua Portuguesa publicado hámais de um século. 

 A tradução da palavra letramento se faz na busca de expandir o conceito

de alfabetização, assim chamando a atenção não apenas para o domínio do ato

de codificar e decodificar (ler e escrever), mas também para os usos dessas

habilidades em práticas sociais em que escrever e ler são necessários. Na

tradução implícita dessa palavra está a ideia de que o domínio e o uso da escrita

trazem consequências sociais, culturais, políticas, econômicas, cognitivas,

linguísticas, quer para o grupo que está inserido, quer para a pessoa que

aprende a usá-la.

 ___________ 

* Dicionário Contemporâneo da Língua Portuguesa, de Caldas Aulete, na sua 3ª edição brasileira,então afirma Soares (2006, p.17): ²verbete “letramento” caracteriza a palavra como “ant.”, isto é,“antiga, antiquada”, e lhe atribui o significado de “escrita”; o verbete remete ainda para o verbo“letrar” a que, como transitivo direto, atribui a acepção de “investigar, soletrando” e, comopronominal “letrar -se”, a acepção de “adquirir letras ou conhecimentos literários “ – significadosbem distantes daquele que hoje se atribui a letramento (que, como já dito, não aparece no

 Aurélio, como também nele não aparece o verbo “letrar”). 

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De acordo com Soares (2006), letramento é o resultado da ação de

ensinar ou de aprender o codificar e decodificar, bem como resultado da ação de

usar essas habilidades em práticas na sociedade, é o estado ou condição que

adquire um grupo social ou uma pessoa como consequência de ter-se apropriado

do ato de escrever e de ter-se inserido em um mundo organizado diferentemente:

a cultura escrita.

Entre outros conceitos letramento conceitua em inserir o individuo em um

mundo letrado, assim trabalhando com as diversas formas de uso da escrita

dentro da sociedade. Essa forma de letramento, propriamente dito, começa até

mesmo antes de alfabetização, quando a criança começa a buscar na sociedade

as práticas do letramento como: reconhecer um produto na prateleira de um

supermercado através do rótulo, ou até mesmo dentro de casa. Contudo, o

letramento é cultural, sendo que a criança entra na escola já com um

conhecimento adquirido acidentalmente.

Historicamente, o conceito de alfabetização se assimilou o ensino-

aprendizagem da “tecnologia da escrita”, isto é, o sistema alfabético de escrita o

que significa, na leitura, a capacidade de decodificar os sinais gráficos,

transformando os em “sons” e na escrita a capacidade de codificar os sons da

fala, transformando em sinais gráficos.

Particularmente os conceitos de alfabetização a partir dos anos 1980,

foram ampliados com as contribuições das pesquisas e estudos de Emilia

Ferreiro e Ana Teberosky sobre a aquisição da língua escrita. Conforme esses

estudos, a aprendizagem do sistema de escrita não se minimizaria ao domínio de

correspondências entre grafemas e fonemas (codificar e decodificar), mas se

caracterizaria como um processo ativo por meio do qual a criança desde seus

primeiros contatos com a decodificação, construiria e reconstruiria aspectos sobrea natureza e o funcionamento da língua escrita, entendida como um sistema de

representação.

Soares (2006) apresenta o conceito de analfabetismo de acordo com o

novo dicionário Aurélio da Língua Portuguesa:

 Analfabetismo é o “estado ou condição de analfabeto”, e analfabeto é o“que não sabe ler e escrever”, ou seja, é o que vive no estado ou

condição de quem não sabe ler e escrever; a ação de alfabetizar, isto é,segundo o Aurélio de “ensinar e ler” (e também a escrever, que o

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dicionário curiosamente omite) é designada por alfabetização, ealfabetizado é “aquele que sabe ler” (escrever). 

Progressivamente, o termo passou a designar o processo não apenas de

ensinar a aprender as habilidades de codificação e decodificação, mas também odomínio dos conhecimentos que permitem o uso dessas habilidades nas práticas

sociais de leitura e escrita. E frente a essas novas exigências que surge um novo

conceito para o termo  – alfabetização funcional  – criada com a finalidade de

incorporar as habilidades de uso da leitura e da escrita em condições dentro da

sociedade e, posteriormente, a palavra letramento. Assim a diferença entre

alfabetização e letramento dentro dos fatores de linguagem é enganosa, como

Soares (2003, p.14) afirma:

Dissociar alfabetização e letramento é um equívoco porque, no quadrodas atuais concepções psicológicas, linguísticas e psicolinguísticas deleitura e escrita, a entrada da criança (e também do adulto analfabeto)no mundo da escrita ocorre simultaneamente por esses dois processos:pela aquisição do sistema convencional de escrita – a alfabetização – epelo desenvolvimento de habilidades de uso desse sistema ematividades de leitura e escrita, nas práticas sociais que envolvem alíngua escrita  –  o letramento. Não são processos independentes, masinterdependentes, e indissociáveis: a alfabetização desenvolvesse nocontexto de e por meio de práticas sociais de leitura e de escrita, isto é,

através de atividades de letramento, e este, por sua vez, só se podedesenvolver no contexto da e  por meio da aprendizagem das relaçõesfonema –grafema, isto é, em dependência da alfabetização.

O bilinguismo vem sendo estudado, mas ainda visa divulgar e estimular a

utilização da língua de sinais, por ser adquirida espontaneamente pelos surdos.

Somente depois da exposição de língua de sinais o indivíduo surdo pode

desenvolver-se linguística e cognitivamente sem dificuldades. Goldfeld (1997,

p.106) explica claramente a importância da língua de sinais no cotidiano do

indivíduo surdo.

O importante é que todos os profissionais percebem a importância dalíngua de sinais no desenvolvimento da criança surda. Esta língua é aúnica que pode ser adquirida espontaneamente pela criança surda, ouseja, em suas relações sociais, nos diálogos, pois, como já afirmouaqui, a língua oral requer técnicas especificas para ser aprendida pelacriança surda.

Conforme Quadros (1997) o bilinguismo é uma proposta de ensino que é

utilizada em escolas que propõem a tornar duas línguas no contexto escolar 

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acessível a criança surda. A preocupação do bilinguismo dentro da sociedade é

respeitar a autonomia da língua de sinais e estruturar um plano educacional para

assim não afetar no desenvolvimento psicossocial e linguística da criança surda.

 A língua de sinais será utilizada e considerada essencial para a construção

e estruturação do pensamento, assim evitará cognitivo e escolar do individuo

surdo, que a língua de sinais é natural para o surdo, visto que a crianças surdas

possuem capacidade de compreensão a alfabetização é possível desde que

oferecida em sua língua materna. Goldfeld (1997, p.109), apresenta a situação da

criança surda filha de ouvinte para a concretização do bilinguismo em seu

convívio.

 Abordando a questão da língua materna, devem-se considerar as ideiasde Vygostsky e Bakhtin. Se a criança estiver inserida em umacomunidade e interagir com os membros desta utilizando uma língua,ela poderá utilizar esta língua tanto para a comunicação como para odesenvolvimento cognitivo, através da internalização desta língua. Acriança, então, recorta o mundo, percebe a si própria e aos outrosatravés dos ideais, conceitos e valores desta língua. No caso de acriança adquirir como primeira língua uma língua diferente da de seuspais, várias consequências podem ocorrer, já que, mesmo após adquirir uma segunda língua, no caso a língua oral, a forma de pensar e de ser não deixara de ser marcada pela primeira língua, aquela que foi utilizadapara o desenvolvimento das funções mentais superiores da criança.

De acordo com Quadros (1997), quando se trata de currículo escolar de

uma escola bilíngue, sugere que inclua os conteúdos programáticos discorridas

nas escolas comuns. Sendo a mesma especializada para os alunos surdos, mais

ao mesmo tempo, uma instituição regular de ensino. As matérias devem ser 

desenvolvidas na língua materna da criança, isto é, LIBRAS. O português deve

ser priorizado na modalidade escrita, sempre utilizando recursos visuais para a

melhor compreensão da criança surdas.Contudo o bilinguismo possibilita o desenvolvimento cognitivo, para

assegurar a aquisição da linguagem dentro das praticas sociais, utilizar a filosofia

bilíngue envolve professores preparados e capacitados.

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A IMPORTÂNCIA DO PROFESSOR BILÍNGUE NO PROCESSO DEALFABETIZAÇÃO DE CRIANÇAS SURDAS

O professor bilíngue como mediador do conhecimento precisa contribuir para mudanças realizadas no cotidiano escolar. O professor tem que construir 

uma interação com os outros sujeitos e inserir a criança surda em diálogos para

que possa construir significados como Silva (2005) afirma que o diálogo no

ambiente escolar é importante na medida em que a linguagem se constrói na

interação com os outros sujeitos.

Guarinello (2007, p.84), mostra várias formas de acontecer a interação

com o professor e alunos surdo, com resultados de ensino-aprendizagem como:

O educador/terapeuta deverá basear-se sempre no texto, mesmo comcrianças pequenas, pois o uso de palavras e frases soltas não faránenhum sentido para o aprendiz. O profissional poderá utilizar váriostipos de textos escritos, ler em conjunto, fazendo o aprendiz seinteressar pelo objeto escrito, e depois pedir para que o surdo escreva.No início desse processo, o profissional poderá atuar como escriba dosurdo, ou seja, o surdo conta uma historia, faz um relato e o mediador escreve, começará a reconhecer palavras e frases e escrever por si só.

O educador deve considerar os erros que as pessoas surdas cometem nomomento da escrita, devem ser colocado com ponto decorrente da aprendizagem

da segunda língua, assim como o ouvinte que tem domínio a língua majoritária

começa a aprender a língua estrangeira. O profissional terá que saber relacionar 

esses “erros” como interferência da primeira língua e da sobreposição da língua

que está aprendendo. O educador deve ter consciência das várias diferenças

entre a língua portuguesa e a língua de sinais. O português tem diferenças que o

professor desconhecendo as mesmas o aluno surdo pode ter dificuldades nacompreensão de conteúdo, como por exemplo, não possui artigos dentro das

frases em libras, sendo que o português o artigo é necessário para a

compreensão de frases. O professor bilíngue é aquele que compreende duas

línguas: o português e a língua de sinais, para assim o conhecimento flui como

um diálogo onde o aluno surdo pode compreender o conteúdo.

Perrenoud (2000 p. 71) afirma que “ensinar é também estimular o desejo

de saber”. Essa afirmação se aplica para o professor bilíngue, pois ele tem o

dever de motivar a criança surda para o interesse do conteúdo a ser transmitido.

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Equivale ressaltar que o desejo de saber tem que ser estimulado desde o

letramento, pois a criança tem interesse pelo que é apresentado e de que forma é

apresentado, como coloca Perrenoud (2000 p.70):

 A maioria das pessoas interessa-se, em alguns momentos, pelo jogo daaprendizagem, se lhes oferecerem situações abertas, estimulantes,interessantes. Há maneiras mais lúdicas do que outras de propor amesma tarefa cognitiva. Não é necessário que o trabalho pareça umavia crucis; pode-se aprender rindo, brincando, tendo prazer.

Os alunos com necessidade especiais auditivas possuem dificuldades

assim com os ouvintes, a alfabetização e o letramento ocorrem através de

recursos visuais. Portanto o professor bilíngue dentro da sala de aula ajudará a

criança surda, para a compreensão desses recursos visuais, assim desenvolvê-lo

em todos os âmbitos, sendo intelectual, físico e social.

CONSIDERAÇÔES FINAIS

Na antiguidade os surdos eram considerados seres punidos por deuses.

 As pessoas surdas por não desenvolver a linguagem oral não tinham direito legal,

pois não podiam fazer testamento e nem receber herança. Com as inovações

sobre a educação de pessoas com deficiência, lentamente vai sendo

conquistadas, na medida em que a sociedade abre caminhos para ampliar 

oportunidades educacionais. Para inserir as pessoas com necessidadesespeciais dentro da sociedade, surgiram leis e decretos, para consolidar esses

indivíduo no mundo social. Com a língua de sinais os surdos puderam se

comunicar e conhecer seus direitos de forma mais prática. A LIBRAS é

considerada língua natural, porque o indivíduo desenvolve naturalmente, com seu

grupo de uma sociedade e são adquiridas após a exposição à língua.

 A proposta do bilinguismo partiu das reclamações dos surdos pelo direito à

sua língua e por pesquisas aprofundadas linguísticas sobre a LIBRAS. O

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bilinguismo é estimada como abordagem educacional para tornar-se acessível à

pessoa surda duas línguas no cotidiano escolar.

Na alfabetização e no letramento de crianças surdas o bilinguismo

contribui para o desenvolvimento da criança surda. Os professores utilizam-se

recursos visuais para estimular e compreender a língua de sinais e a língua

portuguesa com mais facilidade, assim alfabetizando e letrando crianças com

necessidades auditivas. Portanto, precisa-se de professores capacitados e

familiares sempre estimulando o seu desenvolvimento. Apesar de programas de

apoio com curso de capacitação para compreender melhor a Libras, ainda falta

programas de apoio nas instituições para os familiares compreender a língua de

sinais, pois os filhos aprendem na escola o uso da mesma, porém no contexto

familiar não conseguem estabelecer relações por não entender Libras. Essa

ajuda familiar seria essencial para melhor desenvolvimento da criança surda para

assim compreender com mais rapidez e se sentir inserido na sociedade.

 A língua de sinais será utilizada e considerada essencial para a construção

e estruturação do pensamento, assim evitará cognitivo e escolar do individuo

surdo, que a língua de sinais é natural para o surdo, visto que as crianças surdas

possuem capacidade de compreensão a alfabetização é possível desde que

oferecida em sua língua materna. O professor bilíngue é aquele que compreende

duas línguas: o português e a língua de sinais. Assim o bilinguismo encaixa na

sociedade dos surdos, pois os mesmos podem ter a primeira língua sendo a

língua de sinais e a segunda o português, contudo a criança pode ser 

alfabetizada e letrada com a forma bilíngue.

ABSTRAT

The education of students with hearing impairment is of utmost importance,because these days with the inclusion process can detect students placed inschools. The process of literacy for deaf students is similar to those of listeners, but is used to memorize, and literacy is through experience andawareness of the difference between the meanings of the subject taught or understood.Teachers and parents are important in the process of literacyand literacy for deaf students should be encouraged since childhood, so theycan be more prepared and familiar with signs and thus learn more easily theBrazilian sign language, and teachers should be able to include thesestudents with the listeners in the classroom.The aim is to present since the

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importance of biliguismo to make the process of literacy and literacy withwhich to promote their social interaction with the world around him. Thearticle was written in a qualitative way where it was used many authorsamong them are: Goldfeld (1997), Tables (1997) and Guarinello (2007).

Keyword: Literacy, Literacy, language users, Teacher  

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