A ALEGRIA DA PARTILHA · e das tempestades, da neve e da chuva, e agora partia-se assim, tão...

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FICHA TÉCNICA www.manuscrito.pt facebook.com/manuscritoeditora 2016 Direitos reservados para Letras & Diálogos, uma empresa Editorial Presença, Estrada das Palmeiras, 59 Queluz de Baixo 2730-132 Barcarena Título: A Aldeia da Esperança Autores: Lourenço Macedo Santos,Maria da Paz Braga e Pedro Queirós Copyright: Lourenço Macedo Santos,Maria da Paz Braga e Pedro Queirós Copyright: Letras & Diálogos, 2016 Revisão: Marília Correia de Barros/Editorial Presença Ilustrações: Pedro Benvindo Paginação e capa: Sofia Ramos/Editorial Presença Impressão e acabamento: Multitipo — Artes Gráficas, Lda. ISBN: 978-989-8818-57-7 Depósito legal n.˚ 413 881/16 1. edição, Lisboa, setembro, 2016 A ALEGRIA DA PARTILHA No dia 25 de abril de 2015 ocorreu um violento terramoto no Nepal, que vitimou muitos milhares de pessoas. Perante a dimensão deste género de catástrofes, é habitual ouvirmos muita gente poderosa lamentar o acontecimento e prometer uma contribuição para melhorar as coisas. No entanto, essas ajudas institucionais emperram por vezes em formalidades burocráticas e o que mais nos toca são gestos espontâneos como os do Lourenço Macedo Santos, da Maria da Paz Braga e do Pedro Queirós, que decidiram partir para o Nepal, organizando com outros amigos uma operação de apoio no terreno, que veio a resultar no Campo Esperança, deixando no coração dos Himalaias uma semente de esperança no Futuro, em seu nome e no de Portugal. Ler uma história como esta contada pela jovem Simran, da aldeia nepalesa de Tatopani leva-nos a compreender e a sentir melhor a importância do Voluntariado nos dias de hoje. Ser voluntário consiste em oferecer aos outros o melhor de si próprio e do seu tempo, numa atitude que exprime coragem, ab- negação e espírito de sacrifício, mas que reflete igualmente uma alegria muito profunda a de saber que estamos a contribuir para melhorar a vida de alguém e que a nossa presença ativa e empenhada pode realmente mudar as coisas. Foi o que fizeram o Lourenço, a Maria da Paz e o Pedro nas aldeias nepalesas onde estiveram, juntamente com os outros voluntários que os acompanharam no Campo Esperança, iniciativa que deu origem a este livro e à Associação Obrigado Portugal. Contada numa linguagem simples e dirigida às crianças, com ilustrações muito sugestivas, esta histó- ria mostra-se inspiradora sobretudo pelo modo como nos comunica a alegria da partilha e da dádiva de nós próprios uma dádiva que aliás nunca se realiza num só sentido, sendo retribuída pelos sorrisos das crianças, dos adultos e, enfim, de todos os que se deixam envolver e contagiar por essa entrega. Ao dar, recebemos; ao ensinar, aprendemos; ao apoiar quem precisa, somos também apoiados, numa cadeia infinita capaz de nos ensinar que o que tem mais valor é o que não tem preço, numa atitude cujo lucro não pode medir-se em euros, em libras ou em dólares, mas sim através de um sentimento indescritível de partilha, uma alegria difícil de explicar àqueles que nunca a sentiram. Esperemos que a leitura de um livro como este contribua para que cada vez mais pessoas sintam a força desse apelo, porque a verdadeira aldeia da esperança está no coração de cada um de nós. Fernando Pinto do Amaral Comissário do Plano Nacional de Leitura

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FICHA TÉCNICAwww.manuscrito.pt

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2016Direitos reservados para Letras & Diálogos,

uma empresa Editorial Presença,Estrada das Palmeiras, 59

Queluz de Baixo2730-132 Barcarena

Título: A Aldeia da EsperançaAutores: Lourenço Macedo Santos,Maria da Paz Braga e Pedro Queirós

Copyright: Lourenço Macedo Santos,Maria da Paz Braga e Pedro QueirósCopyright: Letras & Diálogos, 2016

Revisão: Marília Correia de Barros/Editorial PresençaIlustrações: Pedro Benvindo

Paginação e capa: Sofia Ramos/Editorial PresençaImpressão e acabamento: Multitipo — Artes Gráficas, Lda.

ISBN: 978-989-8818-57-7Depósito legal n.̊ 413 881/16

1. edição, Lisboa, setembro, 2016

A ALEGRIA DA PARTILHANo dia 25 de abril de 2015 ocorreu um violento terramoto no Nepal, que vitimou muitos milhares de

pessoas. Perante a dimensão deste género de catástrofes, é habitual ouvirmos muita gente poderosa

lamentar o acontecimento e prometer uma contribuição para melhorar as coisas. No entanto, essas

ajudas institucionais emperram por vezes em formalidades burocráticas e o que mais nos toca são

gestos espontâneos como os do Lourenço Macedo Santos, da Maria da Paz Braga e do Pedro Queirós,

que decidiram partir para o Nepal, organizando com outros amigos uma operação de apoio no terreno,

que veio a resultar no Campo Esperança, deixando no coração dos Himalaias uma semente de esperança

no Futuro, em seu nome e no de Portugal.

Ler uma história como esta — contada pela jovem Simran, da aldeia nepalesa de Tatopani — leva-nos a

compreender e a sentir melhor a importância do Voluntariado nos dias de hoje. Ser voluntário consiste

em oferecer aos outros o melhor de si próprio e do seu tempo, numa atitude que exprime coragem, ab-

negação e espírito de sacrifício, mas que reflete igualmente uma alegria muito profunda — a de saber

que estamos a contribuir para melhorar a vida de alguém e que a nossa presença ativa e empenhada

pode realmente mudar as coisas. Foi o que fizeram o Lourenço, a Maria da Paz e o Pedro nas aldeias

nepalesas onde estiveram, juntamente com os outros voluntários que os acompanharam no Campo

Esperança, iniciativa que deu origem a este livro e à Associação Obrigado Portugal.

Contada numa linguagem simples e dirigida às crianças, com ilustrações muito sugestivas, esta histó-

ria mostra-se inspiradora sobretudo pelo modo como nos comunica a alegria da partilha e da dádiva de

nós próprios — uma dádiva que aliás nunca se realiza num só sentido, sendo retribuída pelos sorrisos

das crianças, dos adultos e, enfim, de todos os que se deixam envolver e contagiar por essa entrega.

Ao dar, recebemos; ao ensinar, aprendemos; ao apoiar quem precisa, somos também apoiados, numa

cadeia infinita capaz de nos ensinar que o que tem mais valor é o que não tem preço, numa atitude

cujo lucro não pode medir-se em euros, em libras ou em dólares, mas sim através de um sentimento

indescritível de partilha, uma alegria difícil de explicar àqueles que nunca a sentiram. Esperemos que

a leitura de um livro como este contribua para que cada vez mais pessoas sintam a força desse apelo,

porque a verdadeira aldeia da esperança está no coração de cada um de nós.

Fernando Pinto do Amaral

Comissário do Plano Nacional de Leitura

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HOJE SENTI A TERRA A TREMER. Estava a tomar o pequeno-almoço, como em todas as outras manhãs, junto da minha família,enquanto via os desenhos animados na televisão.

Era um dia normal, igual a todos os outros. Eu ia para a escola juntamente com os meus irmãos, e os meus pais iam trabalhar nos campos. Quando, de repente, a terra tremeu.

Se calhar nunca sentiste esta sensação.

É MUITO ESTRANHA. É como se alguém te estivesse a abanar com muita força. A atirar-te de um lado ao outro, como se deixasses de sentir a terra debaixo dos pés.

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Eu caí da cadeira, a mesa onde estava a comer virou-se, os armários começaram a abanar, as paredes de minha casa ficaram destruídas pelas enormes pedras que rolaram da montanha.

Eu sempre achei que a minha casa era resistente, que me protegia do frio e das tempestades, da neve e da chuva, e agora partia-se assim, tão facilmente…

CORRI PARA A OMBREIRA DA PORTA.

Na escola, a professora já me tinha ensinado que era o sítio mais seguro para se estar em caso de terramoto.