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PAULO PEIXOTO JOÃO PAULO CARDIELOS (ORGS.) IMPRENSA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA COIMBRA UNIVERSITY PRESS A ÁGUA COMO PATRIMÓNIO EXPERIÊNCIAS DE REQUALIFICAÇÃO DAS CIDADES COM ÁGUA E DAS PAISAGENS FLUVIAIS Versão integral disponível em digitalis.uc.pt

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Esta obra resulta de um projeto internacional, desenvolvido em 4 países. Trata-se de

uma versão em português, revista e abreviada, do livro “Acqua come patrimonio –

Esperienze e savoir faire nella riqualificazione delle cita d’acqua e dei paesaggi fluviali”

(organização de Romeo Farinella, editora Aracne, Roma). Está dividida em 3 partes.

Numa primeira parte é enunciada a problemática. Na segunda parte, sob a forma de

Atlas, é feito um diagnóstico dos 4 territórios. Por fim, na terceira parte, apresentam-se

os 4 projetos de intervenção, consubstanciando ideias e propostas concretas para os

territórios abrangidos pelo projeto.

Inseridos em contextos muito díspares, sob vários pontos de vista, e enquadrados

em escalas, também elas, muito diferenciadas, os 4 territórios são estudados e

problematizados a partir de uma perspetiva comum. A água, sob as diversas formas

em que está presente em cada um dos territórios, é encarada como um instrumento de

planeamento urbano, de modo a facilitar abordagens metodológicas e a comparação

de experiências que fomentem oportunidades de requalificação territorial a partir de

intervenções baseadas na presença da água.

9789892

610245

Paulo Peixoto – doutorado em Sociologia pela Universidade de Coimbra.

Investigador do Centro de Estudos Sociais, onde integra o grupo Cidades, Cultura e

Arquitetura. É professor de Sociologia na Faculdade de Economia da Universidade

de Coimbra. Integra o Grupo de Pesquisa Arte, Cultura e Poder (CNPq/UERJ)

na Universidade Estadual do Rio de Janeiro, onde foi Professor visitante. Executa

atualmente projetos de investigação sobre património e turismo e sobre ensino

superior. Desenvolve atividades de extensão coordenando a avaliação de projetos de

intervenção social e de políticas públicas.

João Paulo Cardielos – (Viana do Castelo, 1963). Arquiteto pela Faculdade de

Arquitetura da Universidade do Porto (1986). Mestre em Arquitetura (PCCAP)

pela Universidade de Coimbra (1998). Doutor em Arquitetura pela Universidade

de Coimbra (2009). Docente do Departamento de Arquitectura da Universidade de

Coimbra desde 1992. A par com a prática profissional da arquitetura e do desenho

urbano tem-se dedicado à investigação em Projeto da Paisagem, com interesse

particular nos domínios da arquitectura e da cultura do território português, tendo

proferido conferências, lecionado cursos, comissariado eventos e exposições.

PAULO PEIXOTO

JOÃO PAULO CARDIELOS

(ORGS.)

IMPRENSA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRACOIMBRA UNIVERSITY PRESS

A ÁGUA COMO PATRIMÓNIO

ExpEriências dE rEqualificação das cidadEs com água E das paisagEns fluviais

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COORDENAÇÃO EDITORIAL

Imprensa da Universidade de Coimbra

CONCEPÇÃO GRÁFICA

António Barros

INFOGRAFIA

Mickael Silva

IMAGEM DA CAPA

As imagens da capa são relativas à instalação coordenada por António Olaio e Pedro Pousada no âmbito da exposição

"O Rio Voador". Integrada no projeto EPAT (Água como Património) a exposição decorreu no Museu da Água de

Coimbra, entre 14 de Fevereiro e 11 de Abril de 2012. A capa reproduz os trabalhos, em papel recortado, coordenados

por Alice Geirinhas e uma peça suspensa, produzida sob a coordenação de António Olaio e Pedro Pousada. Ambos os

trabalhos foram produzidos por alunos que, dessa forma, participaram no projeto EPAT.

EXECUÇÃO GRÁFICA

Simões e Linhares, Lda.

ISBN

978 ‑989 ‑26 ‑1024 ‑5

ISBN DIGITAL

978 ‑989 ‑26 ‑1025 ‑2

DOI

http://dx.doi.org/10.14195/978 ‑989 ‑26 ‑1025 ‑2

DEPÓSITO LEGAL

408560/16

© 2016, IMPRENSA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA

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Esta obra é a versão em português de um projeto internacional, realizado em 4 países, financiado

pela Comissão Europeia.

Os autores são os únicos responsáveis pelos conteúdos deste livro, não podendo a Comissão

Europeia ser responsabilizada pelas pela informação aqui divulgada.

Uma versão mais longa desta obra foi publicada (com textos em italiano, francês e inglês) pela

editora Aracne, Roma, sob a organização de Romeo Farinella (Coordenador Geral do projeto EPAT -

Eau comme patrimoine).

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À Marica Solomon

Entre o Sono e Sonho

Entre o sono e sonho,

Entre mim e o que em mim

É o quem eu me suponho

Corre um rio sem fim.

Passou por outras margens,

Diversas mais além,

Naquelas várias viagens

Que todo o rio tem.

Chegou onde hoje habito

A casa que hoje sou.

Passa, se eu me medito;

Se desperto, passou.

E quem me sinto e morre

No que me liga a mim

Dorme onde o rio corre —

Esse rio sem fim.

Fernando Pessoa, in Cancioneiro

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ITÁLIA

Co ‑organizadores

Ente di Gestione per i Parchi e la Biodiversità ‑ Delta del Po

Lucilla Previati - Coordenadora

Anna Luciani

Michele Ronconi

Maria Cristina Veratelli

Università degli Studi di Ferrara ‑ Dipartimento di Architettura

CITER - Laboratorio di Progettazione Urbana e Territoriale

Romeo Farinella – Coordenador

Alice Clementi

Elena Dorato

Saveria Olga Murielle Boulanger

Nicola Tosi

Alessandro delli Ponti - Séminaire Robert Auzelle

Andrea Noferini

Laura Belotti

Angela Cavallo

Roberta Corradetti

Eleonora Fraternali

Silvia Tarantini

Beatrice Tassinari

Antonella Trusgnach

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ParCeiros

Amministrazione Provinciale di Ferrara

Settore Pianificazione Territoriale, Mobilità,

Energia, Lavoro e Formazione Professionale

Amministrazione Comunale di Comacchio

Claudio Fedozzi

Giuseppe Guidi

ACER Azienda Casa Emilia Romagna ‑Ferrara

Daniele Palombo

Diego Carrara

Marco Cenacchi

Colaboração

Living Urban Scape

Milena De Matteis

Alessandra Marin

Valeria Leoni

Ianira Vassallo

Barbara del Brocco

Daniele Carfagna

Marianna Mazzetta

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235LILLEA DIMENSÃO CULTURAL DA ÁGUA

Planícies da Grande Viragem

Polaridade comercial

Estação de água

O jardim de água de Euratecnologias

Centro multimodal de distribuição urbana

As PirâmidesPlanície des

Vachers

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Considerações finais

Paulo Peixoto

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Esta obra resulta de um projeto internacional, desenvolvido em 4 países. Trata -se de uma versão

em português, revista e abreviada, do livro “Acqua come patrimonio – Esperienze e savoir faire nella

riqualificazione delle cita d’acqua e dei paesaggi fluviali” (organização de Romeo Farinella, editora

Aracne, Roma). Está dividida em 3 partes. Numa primeira parte é enunciada a problemática. Na se-

gunda parte, sob a forma de Atlas, é feito um diagnóstico dos 4 territórios. Por fim, na terceira parte,

apresentam -se os 4 projetos de intervenção, consubstanciando ideias e propostas concretas para os

territórios abrangidos pelo projeto.

Inseridos em contextos muito díspares, sob vários pontos de vista, e enquadrados em escalas,

também elas, muito diferenciadas, os 4 territórios são estudados e problematizados a partir de uma

perspetiva comum. A água, sob as diversas formas em que está presente em cada um dos territórios,

é encarada como um instrumento de planeamento urbano, de modo a facilitar abordagens metodo-

lógicas e a comparação de experiências que fomentem oportunidades de requalificação territorial a

partir de intervenções baseadas na presença da água.

A conceção e o desenvolvimento do projeto que sustenta esta obra empresta -lhe um caráter sui

generis que consideramos enriquecedor. Porque envolveu um vasto número de pessoas, misturando o

olhar académico, o olhar técnico, o olhar político e olhar cidadão. Porque privilegia uma leitura inte-

grada dos territórios, evitando abordagens meramente estéticas, lúdicas ou exclusivamente centradas

num determinado ponto de vista, permitindo, por essa via, problematizar a água como instrumento

de planeamento regional e urbano. Ou porque, sem esgotar os argumentos, incrementou uma prática

interdisciplinar, globalmente considerada pelos participantes como um eixo fértil de produção e de

difusão de conhecimento.

Um dos maiores desafios, e poder -se -ia acrescentar dos maiores dramas, das civilizações urbanas

em que vivemos é a relação individual e coletiva que mantemos com a água. Situação que é transversal

e abrangente, envolvendo pessoas em condições sociais muito diferenciadas e países com níveis de

desenvolvimento muito díspares. A água é o maior desafio civilizacional dos nossos dias. E se esse

desafio não se faz mais presente é porque, paradoxalmente, a água é, para muita gente, um elemento

visualmente omnipresente. Esse paradoxo pode ser ilustrado se retivermos o exemplo de uma metrópole

como São Paulo, onde milhões de pessoas circulam e permanecem, presas no tráfego, quotidianamen-

te, nas margens de um dos rios que atravessam a cidade. Para, à mínima anomalia pluviométrica, se

darem conta das necessidades de racionamento e terem que enfrentar mudanças de comportamentos

de usos para os quais não estão nem sensibilizadas, nem preparadas. Tanta água e sem água.

Diversos organismos internacionais introduziram há muito as questões da água nas suas agendas

e nas suas prioridades. Desde que a ONU organizou, em 1977, a Conferência da Água, vários eventos

se seguiram perseguindo objetivos semelhantes. A UE, como esta obra revela, nascendo o projeto que

está por trás deste trabalho dessa orientação, tem ela própria vindo a consolidar uma política abran-

gente para a água. Aqui e ali, multiplicam -se os eventos que sensibilizam as pessoas para a importância

civilizacional da água. Ainda que estes eventos não obedeçam a uma lógica meramente comemorativa

ou simbólica, a questão essencial não é de sensibilização para a pluralidade de problemas ligados

http://dx.doi.org/10.14195/978 -989 -26 -1025 -2_14

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240 CONCLUSÃO

à água. A questão essencial passa por introduzir as questões da água no quotidiano das pessoas.

Sobretudo daqueles que a usam como não deveriam usar. Por isso se torna tão importante converter

a água num instrumento incontornável de planeamento urbano e regional.

A acesso a água potável – que é uma miragem para milhões de pessoas; viver quase exclusivamente

para garantir quotidianamente a água indispensável à sobrevivência – como acontece com milhares

de mulheres e crianças obrigadas a calcorrear diariamente muitos quilómetros; a morte dos rios – que

se tornou um fenómeno global – devido à poluição, ao desenvolvimento ou ao crescimento urbano;

as alterações climatéricas e os seus efeitos nos ciclos da água, na produção agrícola e nas reservas

sólidas do Planeta – que estão em vias de agravar uma catástrofe que se anuncia; são, todas elas,

questões mediáticas e prementes. Muitas vezes parecem ser apenas o problema de alguns. Tanto mais

que nos países mais desenvolvidos a água entrou, nas últimas décadas, numa dimensão patrimonial

e paisagística. Este estatuto, por um lado, renova e reinventa as funções sociais da água, mas, por

outro lado, insere -a também numa dimensão de extraordinariadidade e de espetacularização que não

é propícia a uma gestão integrada da água. Os eventos e os equipamentos que alimentam este novel

estatuto da água, por regra, estão localmente enraizados e obedecem a uma lógica concorrencial que

os afasta da função primordial que a água sempre teve como formatadora de territórios que partilham

um destino comum. É esse o seu ethos patrimonial.

O projeto desenvolvido e os 4 casos estudados não têm a ambição de discutir todas estas questões.

Na sua imensa diversidade, o que os 4 casos nos mostram é uma história comum de interesse recente

pela água e pelas paisagens fluviais enquanto instrumento de planeamento, contrastando com um

trajeto, mais ou menos longo, de profunda transformação, mas também de menosprezo, negligência

e maus -tratos. Os 4 casos partilharam também, pela mobilização de agentes diversos, esse esforço de

inscrição no quotidiano das pessoas dos desafios inerentes à água, da relação da água com a memó-

ria coletiva, da importância da água para o ethos local e o seu papel no domínio da requalificação e

da regeneração urbana. Porque a água será, pelo menos tanto quanto foi no passado, um elemento

estruturante das nossas vidas, este livro procura lançar algumas pontes para o futuro, ambicionando

que as problemáticas levantadas e as sugestões deixadas possam ter relevância local, sendo ao mesmo

tempo inspiradoras para pensar outras realidades.

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