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Uma análise aos relatórios de sustentabilidade das Universidades Europeias publicados em 2015-16, no report list da GRI” Rosa Maria Correia Nunes Professora Adjunta, Departamento de Contabilidade e Gestão, Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Coimbra, Instituto Politécnico de Coimbra [email protected] Dolores Gallardo-Vázquez Profesora Titular de Universidad, Departamento de Economía Financiera y Contabilidad, Facultad de Ciencias Económicas y Empresariales, Universidad de Extremadura [email protected] Área Temática: M - Ética e Responsabilidade Social

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Uma análise aos relatórios de sustentabilidade das Universidades Europeias publicados em 2015-16, no report list da GRI”

Rosa Maria Correia Nunes Professora Adjunta, Departamento de Contabilidade e Gestão, Instituto Superior de

Contabilidade e Administração de Coimbra, Instituto Politécnico de Coimbra [email protected]

Dolores Gallardo-Vázquez Profesora Titular de Universidad, Departamento de Economía Financiera y Contabilidad,

Facultad de Ciencias Económicas y Empresariales, Universidad de Extremadura [email protected]

Área Temática: M - Ética e Responsabilidade Social

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Resumo

A Responsabilidade Social vista como a gestão dos impactos gerados pelas organizações,

obriga as Instituições de Ensino Superior a gerirem os impactos económicos, sociais e

ambientais, comuns a todas as organizações, e também os impactos educacionais e

cognitivos, próprios destas instituições.

No presente trabalho e a fim de conhecer quais os principais indicadores de

desenvolvimento sustentável e de responsabilidade social divulgados pelas as

universidades dos seis países europeus incluídos na amostra, analisam-se os seus últimos

relatórios de sustentabilidade publicados no report list da GRI, nos anos de 2015 e 2016.

A investigação, de abordagem qualitativa e de cariz exploratório, efetuou-se com recurso

à análise de conteúdo dos relatórios compreendidos no estudo.

Os resultados revelam uma maior relevância dada aos indicadores económicos e

ambientais em detrimento dos sociais, à exceção da dada à subcategoria dos relacionados

com os aspetos Laborais e das Condições de Trabalho que tem mesma expressão de

económica.

Palavras Chave: Reporting; Universidades; Responsabilidade Social; Sustentabilidade,

Europa

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1. INTRODUÇÃO

O ensino superior tem tido um papel fundamental para o desenvolvimento económico dos

países, através da criação e difusão do conhecimento científico e tecnológico (Cortese

2003) . No entanto, atualmente, é preciso ir mais além, ou seja, é necessário agir e investir

numa educação assente em princípios e valores éticos, que contribua para ajudar a definir

políticas económicas, sociais e ambientais corretas potenciadoras de saúde e bem-estar e

da sociedade em geral (Lópeza et al. 2015).

A fim de responder às mudanças e transformações sociais, económicas e tecnológicas, as

universidades vão dando cada vez mais relevo aos princípios éticos e à responsabilidade

social, integrando-os nas suas atividades de ensino, investigação e de ligação com as

comunidades. No entanto, às IES, tal como às empresas, não basta agirem e praticarem,

é necessário divulgarem aos interessados as suas iniciativas (Wigmore-Álvarez e Ruiz-

Lozano 2014).

A pressão quer das autoridades da tutela ministerial, quer das agências de acreditação e

até da própria sociedade, para que as IES, especialmente as públicas, prestem contas da

aplicação dos fundos que lhe foram entregues através do financiamento público e das

propinas dos estudantes, bem como dos outputs das suas atividades (Bolívar et al. 2013)

tem resultado no aumento do número de relatórios de sustentabilidade.

Os relatórios são uma forma de comunicar com as partes interessadas (Stakeholders) e

com os reguladores (Lee et al. 2017). Desempenham um papel importante na divulgação

de informação de cariz não financeiro, que além de ser complementar, é considerada

fundamental para uma avaliação correta da situação, depois da informação financeira ter

demonstrado não ser suficiente para evitar a de 2007 (Velte 2017; Smith e Smith 2016).

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O modelo de relatório que maior aceitação tem tido por parte das entidades, públicas e

privadas é o da Global Reporting Iniciative (GRI). Este modelo tem demonstrado ser uma

ferramenta capaz de medir, verificar e comunicar a informação relacionada com a

responsabilidade social. Por outro lado, algumas universidades, as mais ativas na

divulgação destes relatórios, têm melhorado a sua visibilidade ao adotar este modelo de

divulgação (o da GRI) (Dagiliené e Mykolaitiene 2015).

Para elaborarem os relatórios as entidades têm ao seu dispor diretrizes (guidelines), que

têm sofrido alterações ao longo dos anos. A primeira versão dirigida às empresas surgiu

em 2000 e 2005 apareceu a primeira versão para o sector público, revista, depois, em

2010. Cada versão destas guidelines foi sendo conhecida por G1, G2, G3 e a mais recente,

criada em 2013, a G4. Segundo Dagiliené e Mykolaitiene (2015), a versão das guidelines

para o setor público é semelhante às dirigida às empresas na avaliação da performance

ambiental, no entanto, acrescenta indicadores sociais relacionados com a questão dos

padrões de qualidade dos serviços e de garantia da qualidade, introduzindo também um

indicador de eficiência administrativa.

A investigação em RS, no âmbito universitário, é muito pequena comparada com a

realizada sobre as empresas (Gaete 2015) e tem-se cingido na quase exclusividade aos

aspetos relacionados com a perceção dos estudantes, sobre o conceito e causas da RSC e

da oferta formativa e o estudo de casos sobre estratégias desenvolvidas (Chicharro et al.

2015).

Nenhuma análise foi feita no âmbito da divulgação feita no report list da GRI, no

Continente Europeu, pelo que se justifica esta pesquisa. A razão para essa ausência pode

deve-se, tal como Gray et al. (1995) sugeria para as empresas, há pouca e irregular

divulgação por parte destas IES dessa informação, quer por não sentirem vantagens em o

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fazer, quer ainda porque tenham dificuldade em a produzir, devido a abrangência da

informação e por ser dirigida a mais do que um utilizador.

Neste trabalho, o objetivo principal foi conhecer quais os indicadores de responsabilidade

social e da sustentabilidade objeto de divulgação, bem como saber se existiam diferenças

entre as universidades dos seis países incluídos na amostra.

O contributo prático desta investigação é descobrir a situação atual dos relatórios de

sustentabilidade publicados pelas universidades europeias no report list da GRI. Traz

também algumas vantagens para os investigadores e gestores das universidades para

compreenderem a RS e as suas práticas baseadas nas orientações da GRI. As diferenças

entre o reporting por pais serão também analisadas.

O artigo está organizado da seguinte forma: primeiro, faz-se o estado uma breve revisão

da literatura relacionada com o tema. De seguida, apresenta-se a metodologia, e os dados,

depois os resultados da investigação e finalmente as conclusões e as implicações para a

gestão assim como pistas para investigações futuras.

2. BREVE REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Segundo Quezada (2016) a primeira referencia à responsabilidade social das

universidades é feita num livro de Derek Bok, ex presidente da Universidade de Harvard,

em 1984, onde o autor questionava sobre como se devia posicionar a universidade perante

o conceito de multidiversidade e quais os papeis que deveriam assumir as universidades

americanas, naquela época, perante as novas e crescentes necessidades da sociedade.

Passada uma década (1998) é realizada, pela United Nations Educational, Scientific and

Cultural Organization (UNESCO), a Conferência Mundial de Educação Superior. Desta

conferência resultou um apelo às universidades para assumirem uma maior

responsabilidade social no contexto do seu papel na sociedade do conhecimento. Outro

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contributo importante foi o dado, pela mesma organização, quando lançou a Década da

Educação para o Desenvolvimento Sustentável (2005-2014) (Bolívar et al. 2013). Assim

como quando definiu os The Principles for Responsible Management Education (PRME),

aprovados em 2007, fazendo com que a educação em gestão se adaptasse a essa nova

realidade.

Responsabilidade social é na opinião de Wigmore-Álvarez e Ruiz-Lozano (2014) uma

nova maneira de pensar, de fazer negócios e de se relacionar com o outro. Afeta todos os

tipos de organizações e de pessoas e envolve considerar uma seria de valores: liberdade,

respeito pela lei, justiça, utilidade e responsabilidade, entre outros.

A forma como se exerce a responsabilidade social nas universidades (RSU) está

relacionada com as perspetivas (Quezada 2016) . Se a definiremos sob o ponto de o ponto

de vista dos impactos gerados pelo desenvolvimento das suas atividades (Chicharro et al.

2015), podemos dividi-la em várias dimensões: organizacional; educativa, investigadora

e epistemológica e social.

Vázquez et al. (2016, 139) define RS universitária como “uma estratégia de gestão ética

e inteligente de impactos da organização no ambiente humano, social ambiental natural

assim como uma fonte de superioridade e uma vantagem competitiva.”.

Apesar de já terem passados alguns anos desde a primeira referência à Responsabilidade

Social da Universidades, o desenvolvimento desta temática não tem sido tão grande nas

universidade como nas empresas (Larrán-Jorge e Andrades-Peña 2015). A explicação

pode estar relacionada , segundo Larrán-Jorge e Andrades-Peña (2015), com a

necessidade das empresas demonstrarem que obtêm lucros, sem prejudicarem os cidadãos

e a sociedade, enquanto que as universidades, especialmente as públicas, não tem esse

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objetivo, pois a sua missão natural é proporcionar serviços às comunidades de forma

eficiente.

Mesmo não se desenvolvendo ao mesmo ritmo, cada vez mais universidades estão

envolvidas no compromisso com a RS e existem várias teorias que ajudam a entender os

motivos para esse empenhamento.

A teoria da agência, por exemplo, que se fundamenta na divergência de objetivos e do

diferente acesso à informação dos donos das empresas e dos gestores executivos das

mesmas, pode ser uma das que justificam a necessidade de prestação de contas. Nas

universidades os reitores e os responsáveis pelas faculdades não têm os mesmos objetivos

dos cidadãos, por isso devem prestar-lhes contas e demonstrar-lhes que foram

responsáveis nas suas condutas do dia a dia e nas tomadas de decisões estratégicas

(Larrán-Jorge e Andrades-Peña 2015).

A teoria consequenciazita levou Quezada (2015) a definir responsabilidade social como

a capacidade institucional para devolver a sociedade o que ela lhe entregou em

financiamento, devendo aproximar-se das partes interessadas para conhecer quais as suas

necessidades, por forma a implementar ações mais eficientes para apoiar a sociedade e

para solucionar os seus problemas.

Qualquer que seja a teoria em que assenta a IES deve divulgar os esforços que esta a

desenvolver na área da RS e a melhor forma de o fazer é implementar um sistema que

melhor a transparência e a clareza da informação de âmbito social, económico e

ambiental, atendendo à conclusão da revisão de literatura que fizeram Larrán-Jorge e

Andrades-Peña (2015) que concluíram, que até ao momento, as universidades não

desenvolveram mecanismos de prestação de contas suficientemente claro e transparentes.

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Desde há alguns anos que o conceito de prestação e contas nas universidades se vem

alterando para requer informação e caracter financeiro e não só. Veja-se as Agencias de

acreditação que pedem informações de inputs e outputs das atividades realizadas. Há

necessidade de informar os stakeholders sobre o desempenho das universidades em

matéria de RS e de o medir através de indicadores.

3. DADOS E METODOLOGIA

Uma vez que o propósito era conhecer as práticas e o desempenho de RS das

universidades europeias, era necessário aceder a essa informação. Como já se referiu

anteriormente o relatório de sustentabilidade acordo com as diretrizes da GRI é o mais

divulgado e também o mais aceite para medir a RS. Por outro lado, é considerado um

mecanismo efetivo de controlo e comunicação da informação sobre RS, por outro pode

ajudar a melhorar o desempenho nessa área e servir de benchmarketing para as

universidades (Bolívar et al. 2013).

A forma mais direta e simples de localizar os relatórios de sustentabilidade é aceder à

base de dados (Sustainability Disclosure Database) da GRI (Global Reporting Initative)

que possui links para os relatórios. Depois de a consultar seguindo determinados

pressupostos procedeu-se a recolha dos dados.

A escolha obedeceu aos seguintes critérios: os relatórios tinham de pertencer ao sector

das universidades; deviam ter sido publicados relatórios de sustentabilidade no report list

da GRI, nos anos de 2015 e 2016, elaborados segundo as guidelines G3 ou G4 e tinham

de pertencer ao espaço europeu. Assim, treze universidades satisfaziam os critérios e

foram incluídas na amostra.

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A opção por este período deveu-se ao facto de se querer analisar a realidade atual em vez

de se fazer um estudo longitudinal. Logo, no caso de alguma universidade ter publicado

nos dois anos, elegeu-se o relatório mais recente, por se entender ser mais aperfeiçoado,

numa lógica de melhoria continua.

Já quanto à limitação ao espaço europeu decorreu do facto das universidades deste

continente, que divulgam relatórios, representarem, em 2016, 33% da divulgação total e

querer perceber se declarações da Comissão Europeia estão a produzir efeitos no aumento

da divulgação destas instituições.

A análise recaiu sobre os relatórios de sustentabilidade, na secção dos indicadores de

desempenho. Para definir os indicadores tomou-se como referência a classificação por

dimensões proposta pela GRI.

Os indicadores da GRI encontram-se divididos por três categorias principais: económica,

ambiental e social e têm a vantagem medir o comportamento do sistema em vez de medir

o seu conteúdo Sikdar (2004). Outra das vantagens é tratarem-se de indicadores

suficientemente testados e contarem com a aceitação internacional generalizada das

empresas, das administrações públicas, das universidades e das diversas ONG’s

(Fernández et al. 2006).

Os indicadores são variáveis muito importantes, porque fornecem informação relevante

para o conhecimento e análise do fenómeno objeto de estudo. A sua utilidade prende-se

com a sua capacidade de simplificação da realidade e por permitirem quantifica-la, com

informação qualitativa ou quantitativa, que por sua vez pode ser comparada com o

objetivo (O.C.D.E., 1997).

Já quanto aos indicadores de responsabilidade social corporativa têm dois objetivos,

ajudar a gerir e implementar práticas de negócio mais responsáveis e transparentes e

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fornecer uma visão clara sobre quais os principais conceitos de desenvolvimento

sustentável e de responsabilidade social adotados (Ligteringen e Zadek, 2005). De referir,

no entanto, que os indicadores medem o grau de divulgação, mas não medem o trabalho

realizado pelas universidades nesta área.

A metodologia adotada para estudar a divulgação da informação sobre sustentabilidade

foi a análise do conteúdo dos relatórios, por analogia com a metodologia aplicada nos

estudos realizados sobre o mesmo assunto nas empresas, uma vez que, segundo Milne e

Adler (1999, p.237), é “…um dos métodos de investigação mais utilizado para avaliação

do reporting ambiental e social das empresas”.

A analise de conteúdo é um método muito conhecido e recomendado para estudar a

comunicação da RSC. É útil para analisar vários assuntos desta temática, incluindo a

motivações, os temas, as abordagens e os relatórios e permite condensar um numero

elevado de dados contidos nos textos em poucas categorias (Liao et al. 2017) .

A análise de conteúdo pressupõe a análise de categorias, pré-estabelecidas, sendo que as

mesmas poderão ser palavras, número de frases ou proporção de páginas. Este estudo

insere-se na terceira abordagem apontada por Hsieh e Shannon (2005), a análise de

conteúdo sumativa, que começa com a contagem de palavras ou de um conteúdo,

pretendendo explorar o uso dessas palavras/indicadores de uma forma indutiva. Assim,

pretende-se analisar a presença ou ausência de informação sobre os indicadores de

performance propostos pela GRI.

Segundo Weber (1985), a análise de conteúdo pode ter vários propósitos, dependendo dos

objetivos da investigação, como sejam: identificar as intenções do comunicador,

descrever as tendências do conteúdo da comunicação ou revelar o foco de atenção

individual, coletiva, institucional ou societária. A relevância desta análise para este estudo

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será na descrição das tendências de comunicação, ao nível dos indicadores de

desempenho, apresentadas pelas universidades objeto de estudo.

Quanto ao sistema de pontuação dos itens, usou-se uma variável dummy que assume o

valor um, se a informação constar do relatório, e zero na sua ausência. A metodologia

permitiu realizar uma análise de frequência que se apresenta nos resultados.

Caracterização da amostra

O número de universidades que publicam no GRI tem aumentado desde 2010, com

exceção do ano de 2013 que ficou um pouco a cima de 2011, mas abaixo de 2012, como

se pode observar pelo gráfico seguinte.

4.

Figura 1 - Evolução do nº de publicações por região geografica

Ainda no mesmo gráfico podemos verificar que o continente europeu registou ao longo

deste período o maior número de universidades a fazerem este tipo de publicação, só

sendo igualado em 2015 pela América do Norte.

Por outro lado, os espaços geográficos da Ásia, África e Oceânia são os que têm tido

menor expressão neste tipo de divulgação, sendo que em 2016, a Ásia, África e Oceânia,

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os três juntos, publicaram sensivelmente tanto (13) como a América Latina e Caribe ou a

América do Norte, isolados (12).

A primeira universidade a divulgar o relatório de sustentabilidade na GRI está localizada

aos Estados Unidos, foi a Universidade da Florida, em 2001. No entanto, esta

universidade não registou mais nenhum relatório de sustentabilidade no report list da

GRI. Sendo assim, tratou-se um ato isolado tanto para a universidade como para o sector,

uma vez que não existiram publicações desses relatórios em 2002 e 2003 destas

instituições. Em 2004, sucede outra tentativa de reinício de publicação, desta vez por

uma universidade europeia, a Universidad de Santiago de Compostela. Esta universidade

iniciou as suas publicações, segundo o modelo GRI, neste ano de 2004 e até 2016 é a

universidade que possui o maior numero de relatórios publicados, oito (8) (ver figura nº

2), durante o período disponível para consulta no report list da GRI (1999 a 2016).

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Figura 2 - Nº de relatórios por universidade no período de 1999 a 2016

Mais uma vez, não foi neste ano de inicio das publicações regulares, pois de 2004 até

2008 não se verificaram mais divulgações por este setor.

O ano 2008 marca o início das publicações regulares, porque desde esta data existiram

sempre universidades a registarem os seus relatórios nesta base de dados.

O facto de nos anos seguintes a 2008 haverem sempre universidades a divulgar não

significa que sejam sempre as mesmas. Pelo contrário, denota-se alguma irregularidade

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na divulgação por parte destas instituições, isto é, sucede que divulgam durante um

período, interrompem e voltam ou não a divulgar anos mais tarde.

Em 2010 verificou-se um aumento de 400% face aos dois anos anteriores. O número de

publicações representa, nesse ano, 29% do número atual (Total de 55 universidades em

2016). Este aumento pode estar relacionado com a exigência das partes interessadas em

obter maior transparência da informação e de prestação de contas às Instituições de

Ensino Superior, uma vez que Bolívar et al. (2013) atribui o aumento do reporting da

sustentabilidade, por parte das universidades, a essa imposição.

Durante o período em análise, 1999 a 2016, de acordo com os dados registados na Report

List da GRI, a Europa foi o continente com maior expressão no relato da sustentabilidade

de acordo com as diretrizes da GRI. Do continente europeu e do período disponível (1999

a 2016) entendeu-se analisar, como já se referiu, os publicitados nos anos mais recentes,

2015 e 2016.

Em 2016 publicitaram-se dezoito relatórios deste sector e deste espaço geográfico, sendo

que 50% (9 relatórios) foram elaborados de acordo com as diretrizes da GRI e os outros

50% (9) foram Não-GRI, logo foram excluídos estes últimos. Em 2015 sucedeu o mesmo,

50% (8 relatórios) GRI e 50% não GRI, pelo que se procedeu da mesma forma,

selecionaram-se apenas os elaborados segundo as diretrizes GRI.

Da operação anterior resultou uma amostra de dezassete relatórios. No entanto, alguns

deles que eram da mesma instituição e quando assim foi, escolheu-se o relatório do último

ano. No final restaram treze relatórios elaborados de acordo com as diretrizes GRI ou

citando o GRI. No entanto, destes, um, o da Ghent University, não continha o índice

remissivo dos indicadores, nem a sua indicação nas páginas do relatório, por isso não foi

incluído na análise, estando doze (12) relatórios para a análise.

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Os relatórios de sustentabilidade objeto de estudo pertencem a universidades de diversos

países e compreendem maioritariamente o período de relato com referência ao ano letivo

de 2014-2015, conforme se constata na tabela I.

Tabela 1 - Período de referência dos relatórios, universidade e país a que pertencem

Nome País Ano de

Publicação

Período de

Referência

Cadiz Espanha 2015 2014-2015

ESADE Business School Espanha 2016 2014-2015

ETH Zürich Suíça 2015 2013-2014

INSEAD - The Business School

for the World França 2016 2014-2015

Universidad Internacional de

Andalucía (UNIA) Espanha 2016 2014-2015

Universidade do Minho Portugal 2016 2015

Università degli Studi di Torino Itália 2016 2015-2016

University of Cantabria Espanha 2015 2014-2015

Univesitat Oberta de Catalunya Espanha 2015 2013-2014

Ghent University Bélgica 2016 2014-2015

ETSII-UPM Espanha 2016 2014-2015

KU Leuven Faculty of

Economics and Business Bélgica 2016 2015-2016

Plymouth University Reino Unido 2016 2014-2015

O país com maior representatividade é o espanhol, só este país representa metade da

amostra como se pode observar na tabela anterior. Na tabela seguinte indica-se o ano de

início de reporte e o número de relatórios publicados por cada uma das universidades

compreendida na análise.

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Tabela 2 - Inicio de relato e nº de publicações

Nome Ano de início de

reporte

Nº de relatórios

publicados

Cadiz 2010 6

ESADE Business School 2012 4

ETH Zürich 2011 3

Universidad Internacional de Andalucía (UNIA) 2009 4

Universidade do Minho 2014 3

Università degli Studi di Torino 2014 3

University of Cantabria 2012 3

Univesitat Oberta de Catalunya 2014 2

Ghent University 2014 2

ETSII-UPM 2010 4

KU Leuven Faculty of Economics and Business 2016

1

Plymouth University 2016 1

Como se pode observar na tabela anterior as universidades com mais experiencia de relato

são as espanholas e dentro destas é a universidade de Cadiz aquela que acumula mais

publicações. A do Reino Unido e a da Bélgica são as que têm menos prática nesta

divulgação, uma vez que é o seu primeiro registo de relatório nesta base de dados.

5. RESULTADOS

Da análise aos relatórios das universidades incluídas na amostra constatou-se pela

observação da figura nº 3, relativamente aos indicadores económicos, que o indicador

desta categoria mais divulgado pelas foi “EC4-Apoio financeiro significativo recebido do

governo”. Este indicador apenas não foi divulgado pela ESAD.

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O segundo e o terceiro mais divulgados foram o “EC1-Valor Economico Gerado e

distribuído, incluindo receitas, custos operacionais, remunerações salariais, doações e

outros investimentos, lucros acumulados e pagamento a investidores e governo” e o

“EC3-Custos de todos os bens materiais e serviços adquiridos”.

Figura 3 - Nº de universidades que divulgaram os indicadores sociais

Já quanto aos indicadores ambientais (ver figura nº 4), o mais escolhido por todas as

universidades para referirem foi o “EN3- Discriminação do consumo direto de energia,

por fonte de energia primária.”.

Os outros indicadores mencionados nos relatórios, por pelo menos por 50% da amostra,

foram: “EN5-Consumo total de água.”; “EN6-Localização e áreas dos terrenos geridos

em habitats ricos biodiversidade.”; “EN8-Consumo total de água, por fonte.”; “EN15-

Percentagem recuperável dos produtos vendidos e percentagem efetivamente

recuperada.”; “EN16-Total de emissões de gases, diretas e indiretas, causadores do

efeito de estufa, por peso.”; “EN17-Iniciativas dirigidas à utilização eficiente de energia

e energia renovável.”; “EN21-Extracção de águas subterrâneas e superficiais em relação

à quantidade de água renovável.”; “EN22-Quantidade total de resíduos, por tipo e

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método utilizado no fim de linha.”; “EN23-.Extensão total de solo dedicado a atividades

de produção ou à extração”;

Figura 4 - Nº de universidades que divulgaram os indicadores ambientais

Nos indicadores respeitantes à dimensão social, na parte dos Direitos Humanos, fazendo

uma análise semelhante às anteriores, verificou-se que nenhum dos indicadores deste

grupo foi publicado por mais de metade das universidades, incluídas na amostra em

estudo. O divulgado por 33% das entidades estudadas foi “HR3 - Descrição da avaliação

de desempenho em direitos humanos nos fornecedores.” Como se pode observar na figura

seguinte.

Figura 5 - Nº de universidades que divulgaram os indicadores de Direitos Humanos

4 4

12

3

7

6

2

10

1

2

3

2

1

3

7

8

7

4

3 3

6 6

9

1

3

4

2

3

4

1 1

0

1 1

00

2

4

6

8

10

12

14

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EN2

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11

EN1

2EN

13

EN1

4EN

15

EN1

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17

EN1

8EN

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EN2

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EN2

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EN2

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EN2

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EN3

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EN3

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3 3

4

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1 1 1 1 1 1

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HR1 HR2 HR3 HR4 HR5 HR6 HR7 HR8 HR9 HR10 HR11 HR12

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Dentro da mesma categoria, social, e no grupo das Práticas Laborais e Condições de

Trabalho, dos dezasseis (17) indicadores relativos a este assunto, nove (9) foram

publicados por pelo menos 50% das universidades em causa. Pela análise efetuada e na

figura nº 6 podemos verificar que o “LA1-Discrimine a mão-de-obra total, por tipo de

emprego, por contrato de trabalho e por região” foi o que sofreu maior divulgação,

seguido de “LA12 – Prestações sociais e outros benefícios atribuídos aos colaboradores

não exigidos por lei”. O “LA15-Retorno ao trabalho e as taxas de retenção após a licença

parental, por sexo.” não foi publicado por nenhuma das universidades.

Figura 6 - Nº de universidades que divulgaram os indicadores Práticas Laboais e de Trabalho Decente

Quanto aos indicadores relacionados com a Sociedade (Figura nº 7), verifica-se que os

relativos à Comunidade e Contribuições Políticas (SO1 e SO5, respetivamente) são os

que obtêm maior número de divulgação por parte das universidades. Por sua vez os

indicadores “SO6 - Decisões judiciais sobre regulamentação anti-trust e monopólios” ,

“SO7 Descrição de políticas para prevenir comportamentos contrários à livre

concorrência” e “S11 - Número de queixas e reclamações relacionadas com impactos

na sociedade, processadas e resolvidas através de mecanismos formais de queixas e

10

7

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4

6

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reclamações” foram relatados apenas por uma universidade. Por seu lado, os indicadores

relativos à Avaliação de Fornecedores com base nos impactos na Sociedade não foram

objeto de divulgação.

Figura 7 - Nº de universidades que divulgaram os indicadores sociais - Sociedade

Os indicadores possíveis de divulgar segundo o modelo GRI relativos a este assunto são

onze, como se pode observar pela figura acima. Nenhum dos onze foi divulgado por mais

de 50% da amostra.

Quanto aos indicadores relativos à dimensão social, no grupo respeitante à

Responsabilidade por Produtos (Figura nº 8) da totalidade dos indicadores sugeridos pela

GRI, nove (9), apenas um (1) foi divulgado por mais de metade das universidades em

4

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3 3

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1 1

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SO1 SO2 SO3 SO4 SO5 SO6 SO7 SO8 SO9 SO10 SO11

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estudo, o “PR5 -Procedimentos relacionados com a satisfação do Cliente, incluindo

resultados de pesquisas que meçam a satisfação do Cliente.”

Figura 8 - Nº de universidades que divulgaram os indicadores sociais – Responsabilidade pelo Produto

Para fazer uma síntese da análise mais global dos dados elaboram-se três tabelas, a nº 3 4

e 5. Como se pode observar na tabela seguinte (a tabela nº 3) dois (2) dos nove (9)

indicadores económicos foram referidos por mais de 50% da amostra. Tratam-se de dois

indicadores de fácil quantificação, pelo que se estranha não serem indicados por todas as

universidades incluídas na análise, especialmente o primeiro onde se pede informação

sobre o volume de negócios.

Analisando a mesma tabela verificamos que sete (7) dos trinta e cinco (35) indicadores

ambientais foram mencionados por pelo menos 50% das universidades da amostra

estudada. De salientar o “EN3 - Consumo direto de energia, por fontes primárias” que

foi objeto de divulgação em todos os relatórios.

Atentando à tabela referida, nos indicadores sociais, os mais abordados nos relatórios

dizem respeito aos assuntos Laborais e às Condições de Trabalho, sendo que dos

dezasseis (16) indicadores recomendados pela GRI, metade (8) foram citados por pelo

menos 50% das universidades em estudo.

1

0

3

1

7

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1 1

2

0

1

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PR1 PR2 PR3 PR4 PR5 PR6 PR7 PR8 PR9

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Tabela 3 - Indicadores onde se obteve uma percentagem de divulgação igual ou superior a 50%

INDICADOR DESCRIÇÃO %

ECONÓMICOS

EC1 Vendas líquidas 83%

EC4 Percentagem de contratos pagos em conformidade com o acordado 92%

AMBIENTAIS

EN3 Consumo direto de energia, por fontes primárias 100%

EN5 Consumo total de água 53%

EN8 Emissões de gases com efeito de estufa 83%

EN15 Percentagem recuperável dos produtos vendidos e percentagem

efetivamente recuperada 58%

EN16 Incidentes ou multas pelo incumprimento de legislação ambiental 67%

EN17 Iniciativas dirigidas à utilização eficiente de energia e energia

renovável 58%

EN23 Extensão total de solo dedicado a atividades de produção ou à

extração 75%

SOCIAIS

LA1 Descrição do coletivo de trabalhadores, por país ou região, tipo de

emprego e de contrato 83%

LA2 Criação de emprego por região ou país 58%

LA3 Percentagem de empregados representados por organizações

sindicais 50%

LA8 Descrição de políticas ou programas sobre VIH/SIDA 50%

LA9 Média de horas de formação por ano, por empregado e categoria 50%

LA10 Descrição de programas que visam a igualdade de oportunidades, e

seu cumprimento 50%

LA12 Prestações sociais e outros benefícios atribuídos aos colaboradores

não exigidos por lei 75%

LA13 Disposições sobre a representação formal dos trabalhadores na

gestão e governo corporativa 58%

PR5 Número de reclamações recebidas por organismos reguladores para

inspecionar a saúde e segurança no uso de produtos e serviços 58%

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Tabela 4- – Ranking dos indicadores com maior e menor expressão na divulgação

Dimensão/Categoria

Os indicadores com maior e com menor expressão

1º e 2º lugar (+) 1º e 2º lugar (-)

Económica EC1 e EC4 EC2 e EC6

Ambiental EN3 e EN8 EN32; EN35

Social

Direitos Humanos HR3, (HR1, HR2 e HR4) H7 a H12

Laborais e Condições de Trabalho LA1 e LA9 LA15

Sociedade SO1 e SO5 SO9, SO10

Responsabilidade pelo Produto PR5, (PR3 e PR6) PR2; (PR1,PR4, PR7, PR8)

Se comprarmos estes resultados (Tabela nº 4) na dimensão social com o obtidos por Chen

e Bouvain (2009) verificamos que na categoria dos assuntos “Laborais e Condições de

Trabalho “ encontramos o LA1 como o mais mencionado nas publicações estudadas e o

L15 como o menos, nos dois estudos.

Quanto aos indicadores relacionados com o assunto dos “Recursos Humanos”, existe

coincidência deste estudo com o de Chen e Bouvain, na constatação do HR4 como o mais

referido nos relatórios analisados e dos HR8, HR9 e HR10, como os menos.

No que diz respeito aos indicadores do assunto “Responsabilidade pelo Produto” o PR3

encontra-se no mais abordado pelos dois estudos e o PR8 como o menos.

Nos indicadores relativos à sociedade não existem similitudes entre este e o estudo

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referido acima.

Se fizermos uma análise da média ponderada das divulgações em cada uma das categorias

obtemos os seguintes resultados:

Tabela 5- Média ponderada da frequência relativa da divulgação por categoria

Dimensão %

Económica 44%

Ambiental 32%

Social 24%

Se os compararmos com os obtidos por Dagiliené e Mykolaitiene (2015) chegamos ao

mesmo resultado, ou seja a categoria mais divulgada é a económica.

6. CONCLUSÕES

O número máximo de universidades que registaram em 2016 o relatório de

sustentabilidade no Report List da GRI foram cinquenta e cinco (55), sendo que 33% são

europeias. O número tem vindo a crescer desde 2008, ano de início das publicações

regulares deste sector.

Nem todos os relatórios de sustentabilidade registados na GRI pelas universidades

europeias seguem as suas diretrizes, sendo nos últimos dois anos 50% GRI e 50% não

GRI.

Nesta análise, regista-se uma tendência em termos relativos para mencionar mais

indicadores da dimensão económica, provavelmente, porque são os mais comuns e são os

mais solicitados por utilizadores habituais da informação produzida pelas IES. Por

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exemplo, são exigidos pela tutela aquando da prestação de contas anual e pelos gestores

internos para controlo de rendimentos.

Com a mercantilização da educação ganha força a pressão para avaliar a performance

económica nestas organizações, daí que a tendência para o domínio desta categoria em

termos de divulgação de indicadores seja compreensível. É uma forma de responder à

sociedade atual, que está cada vez mais exigente e quer saber como as IES aplicam e

gerem os fundos colocados ao seu dispor pelos organismos públicos ou privados ou ainda

por particulares.

A dimensão ambiental é a segunda com maior divulgação de indicadores, em termos

relativos e pode deve-se ao facto, de nos últimos anos, as universidades terem adotado

práticas de redução de energia e ou utilização de energias alternativas e de redução de

água e de resíduos, bem como a terem de medir a eficácia dessas medidas. As causas para

a adoção dessas práticas podem estar relacionadas com a necessidade de redução de

custos e a, cada vez maior, consciencialização das instituições e da sociedade para a

necessidade de agir nestes domínios.

Neste estudo, a dimensão social foi a que registou menos indicadores divulgados em

termos médios. No entanto, as Práticas Laborais e Condições de Trabalho tiverem uma

divulgação igual à da dimensão económica. Já subcategoria de Recursos Humanos e da

Responsabilidade pelo Produto tiveram a menor expressão dentro da categoria social. A

justificação poderá ser a dificuldade de aplicação literal de grande parte de indicadores

recomendados pela GRI para estas subcategorias, neste tipo de instituições.

Este trabalho fez uma análise de conteúdo aos relatórios, na parte dos indicadores de

desempenho, e o que permite avaliar o compromisso com os problemas de RS e às partes

interessadas confronta-los com o desempenho real não só económico, mas também social

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e ambiental. Assim, podemos concluir que as IES estão mais preocupadas com os

impactos económicos e ambientais e menos com os sociais.

As universidades como qualquer instituição devem comparar-se com as suas concorrentes

e fazer o benchmarking das melhores práticas, igualmente das que lhes permitem serem

instituições socialmente responsáveis. Este estudo, apresenta uma radiografia da

realidade atual europeia ao nível da divulgação da sustentabilidade e pode ajudar as

universidades a definir uma politica de RS e fornecer pistas para a elaboração desde tipo

de relatórios.

Desde estudo, dado o pequeno número de universidades a publicarem estes relatórios,

não se pode propor a partir deles um conjunto mínimo de indicadores aceite e utilizado

pela maioria, à semelhança do que nos afirmavam Chicharro et al. (2015) na sua

investigação.

Adicionalmente deste pequeno número de universidades a divulgar relatórios de

sustentabilidade não se pode inferir do não envolvimento das IES em práticas de

responsabilidade social, porque nem todas as práticas se transformam em relatórios de

RS (Majeed et al. 2015).

Podem existir IES que não vejam vantagens na divulgação das práticas realizadas. No

entanto, a pouca importância dada à divulgação das práticas de RS na Europa e a

exigência da sociedade e das instituições como a UNESCO, a Global Compact ou a

Comissão Europeia para as universidades assumirem a responsabilidade social como

parte da estratégia global da organização, deve ser motivo para que as universidades se

questionarem se estão a fazer o que é necessário e está ao seu alcance para contribuírem

para uma sociedade mais saudável, justa e sustentável Bolívar et al. (2013).

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A divulgação de um relatório autónomo sobre RS ou sustentabilidade não é defendido

por todos os autores. A necessidade de integrar metas, ações e medidas corretivas conduz-

nos atualmente aos relatórios integrados (Wigmore-Álvarez e Ruiz-Lozano 2014). Este

especto não foi tido em conta neste estudo pelo que também neste sector seria interessante

em estudos futuros verificar se já existem universidades a enveredar por este caminho.

Ainda, neste trabalho não se fez uma a análise longitudinal, sugerindo-se em estudos

futuros essa análise, especialmente nas universidades que publicam há mais anos, a fim

de conhecer a evolução da divulgação e as melhorias obtidas ao longo dos anos.

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