76314039 Seguranca Do Trabalho

download 76314039 Seguranca Do Trabalho

of 133

Transcript of 76314039 Seguranca Do Trabalho

APOSTILA DE HIGIENE E SEGURANA DO TRABALHO

NDICE

1. Preveno de acidentes 2. Noes de toxicologia 3. Higiene do trabalho 4. Mquinas, equipamentos e materiais. 5. Equipamentos de proteo coletiva e individual 6. Comisso Interna de Preveno de Acidentes CIPA 7. Programa de Controle Mdico e Sade Ocupacional (PCMSO) 8. Programa de Preveno de Riscos Ambientais PPRA 9. Programa de condies de meio ambiente de trabalho na indstria da construo - PCMAT 10. Atividades e operaes insalubres/perigosas 11. Sinalizao de segurana 12. Preveno e combate a incndios 13. Inspeo de segurana 14. Trabalho em espaos confinados 15. Primeiros socorros 16. Legislao aplicada a Segurana e Medicina do Trabalho

1

1. PREVEN0 DE ACIDENTES

1.1 Introduo: O homem trabalha desde seu surgimento na terra, porm as reaes entre suas atividades e doenas permaneceram praticamente ignoradas at cerca de 300 anos atrs. Somente em 1700 que se teve o incio da mentalidade prevencionista quando o mdico Bernardino Ramazini divulgou, atravs de um livro, uma srie de doenas relacionadas cerca de 50 profisses diversas. O Brasil, em busca de um desenvolvimento acelerado, na poca de 70 detinha o ttulo de campeo mundial de acidentes do trabalho. Ao final dos anos 70 o governo, para mudar essa imagem, criou normas relativas a segurana do trabalho (CIPA, fornecimento de EPI, engenheiro e tcnico de segurana etc). Hoje em dia, devido a grande competio das indstrias, estas esto mais atentas para a segurana do trabalhador considerando-a como um fator de qualidade e produtividade. Como veremos at o final deste trabalho, para que se tenha segurana no trabalho, preciso que se tenha sempre em mente a palavra preveno, isto , que se adote uma conduta prevencionista no trabalho, pois, atravs da preveno que conseguiremos efetuar melhor nosso trabalho com maior segurana.

1.2 Conceituao de acidente do trabalho Conceituao prevencionista: acidente do trabalho toda ocorrncia no programada que interfira no andamento normal do trabalho, da qual resulte perda de tempo ou danos materiais e/ou leso ao trabalhador ou as trs conseqncias simultneas. A Lei n 8.213, de 24 de julho de 1991, que dispe sobre os Planos de Benefcios da Providncia Social e d outras providncias, apresenta os conceitos legais de acidente do trabalho, doena profissional e os casos que se equiparam a acidente do trabalho.

Conceituao legal: Art. 19. Acidente do trabalho aquele que ocorrer pelo exerccio do trabalho a servio da empresa, ou ainda pelo exerccio do trabalho dos

2

segurados especiais, provocando leso corporal ou perturbao funcional que cause a morte, a perda ou a reduo da capacidade para o trabalho permanente ou temporria. Art. 20. Considera-se acidente do trabalho, nos termos do Art. 19, as seguintes entidades mrbidas: I - Doenas Profissionais entendida como aquela produzida ou desencadeada pelo exerccio do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da relao elaborada pelo Ministrio do Trabalho e da Previdncia Social; II - Doenas do Trabalho entendida como aquela adquirida ou desencadeada em funo das condies especiais em que o trabalho realizado e com ele se relaciona diretamente, desde que constante na relao mencionada no inciso I. 1 No so considerados como doenas do trabalho: a) doenas degenerativas; b) as inerentes a grupo etrio; c) as que no produzam incapacidade laborativa; d) as doenas endmicas adquiridas por segurados habitantes da regio em que ela se desenvolva, salvo comprovao de que resultou de exposio ou contato direto determinado pela natureza do trabalho. 2 Em caso excepcional, constatando-se que a doen a no includa na relao prevista nos incisos I e II resultou de condies especiais em que o trabalho executado e deve consider-la acidente do trabalho.

Art. 21. Equipara-se tambm ao acidente do trabalho: I o acidente ligado ao trabalho que, embora no tenha sido a causa nica, haja contribudo diretamente para a morte do segurado, para a perda ou reduo da sua capacidade de trabalho, ou produzido leso que exija ateno mdica para sua recuperao; II o acidente sofrido ainda que fora do local e horrio de trabalho em conseqncia de: a) ato de agresso, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro de trabalho; b) ofensa fsica intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada com o trabalho; c) ato de imprudncia, negligncia ou impercia de terceiro ou de companheiro de trabalho;3

d) ato de pessoa privada do uso da razo; e) desabamento, inundao, incndio e outros casos fortuitos decorrentes de fora maior. III a doena proveniente da contaminao acidental do empregado no exerccio de sua atividade. IV - o acidente sofrido ainda que fora do local e horrio de trabalho: a) na execuo de ordem ou ainda na realizao de servios sob a autoridade da empresa; b) na prestao espontnea de qualquer servio empresa para evitar prejuzo ou proporcionar proveito; c) em viagem a servio da empresa, inclusive para estudo quando financiada por esta, dentro de seus planos para melhor capacitao de mo de obra, independente do meio de locomoo, inclusive veculo de propriedade do segurado. d) no percurso da residncia para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoo, inclusive veculo de propriedade do segurado. 1 Nos perodos destinados a refeio ou descanso ou por ocasio da satisfao de outras necessidades fisiolgicas, no local de trabalho ou durante este, o empregado considerado no livre exerccio do trabalho. 2 No considerada agravao ou complicao de acidente do trabalho a leso que, resultante de acidente de outra origem, se associe ou se superponha s conseqncias da anterior.

Art. 22. A empresa dever comunicar o acidente do trabalho Previdncia Social at o 1 (primeiro) dia til seguinte ao da ocorrncia e, em caso de morte, de imediato, autoridade competente, sob pena de multa varivel entre o limite mnimo e o limite mximo do salrio-de-contribuio, sucessivamente aumentada nas

reincidncias, aplicada e cobrada pela Previdncia Social. 1 Da comunicao a que se refere este artigo recebero cpia fiel o acidentado ou seus dependentes, bem como o sindicato a que corresponda a sua categoria. 2 Na falta de comunicao por parte da empresa, podem formaliz-la o prprio acidentado, seus dependentes, a entidade sindical competente, o mdico que o assistiu ou qualquer autoridade pblica, no prevalecendo nestes casos o prazo previsto neste artigo. 3 A comunicao a que se refere o 2 no exime a empresa de4

responsabilidade pela falta do cumprimento do disposto neste artigo. 4 Os sindicatos e entidades representativas de classe podero acompanhar a cobrana, pela Previdncia Social, das multas previstas neste artigo.

Art. 23. Considera-se como dia do acidente, no caso de doena profissional ou do trabalho, a data do incio da incapacidade laborativa para o exerccio da atividade habitual, ou o dia da segregao compulsria, ou o dia em que for realizado o diagnstico, valendo para este efeito o que ocorrer primeiro.

Quanto s conseqncias de um acidente do trabalho, podemos observar que este poder afetar aquilo que de mais valioso para ns, a sade. Devemos ter em mente que com boa sade teremos liberdade para fazermos o que quizrmos. Com sade podemos trabalhar, podemos nos sustentar, constituir famlia, obter um crescimento pessoal e profissional. Alm disso, devemos pensar que um acidente causado por ns, poder afetar a sade de nossos colegas de trabalho e interferir na vida de suas famlias. Assim, devemos evitar at os pequenos acidentes, pois estes ocasionam perda de tempo, o que afetar a produtividade do trabalho.

1.3 Causas dos acidentes As causas dos acidentes podem ser divididas basicamente em causas humanas (relacionadas com o trabalhador) e causas ambientais (relacionadas com o ambiente de trabalho). Conforme abaixo, podemos eliminar ou diminuir as causas dos acidentes atravs da anlise de um acidente do trabalho e atravs de uma prvia anlise do ambiente de trabalho e de seus trabalhadores. Aps essas anlises, deve-se procurar eliminar ou atenuar os fatores de risco para diminuir-se a probabilidade de ocorrncia de acidentes.

1.3.1 Causas humanas: Chamamos de fator pessoal de insegurana ao comportamento humano, devido a uma deficincia ou alterao psquica ou fsica, que leva a pessoa a provocar o ato inseguro que poder causar o acidente. So fatores pessoais de insegurana: . Fator mental (nervosismo, violncia, insatisfao com o trabalho etc); . Fator fsico (audio, viso, doena etc);5

. Fator tcnico (falta de conhecimento, de experincia, de habilidade etc); . Fator fisiolgico (rodzios de turnos de trabalho, hora-extra etc); . Fator social (jogos de azar, embriagus, relaes com a famlia, relaes com o patro ou com os prprios colegas etc).

Para que os fatores acima no venham prejudicar nossas atividades no trabalho, abaixo esto relacionadas algumas sugestes de condutas a serem desenvolvidas no trabalho: - Procurar esquecer os problemas de casa e vice-versa. - Procurar ajuda para a soluo dos problemas (colegas, chefe). - Informar sempre a suas condies fsicas e emocionais. - Procurar sempre estar em harmonia com os colegas de trabalho. - Se no tiver certeza de sua competncia para realizao de uma tarefa, procurar orientao. - Conhecer seu material de trabalho.

Como visto acima, o ato inseguro uma conseqncia de fatores pessoais de insegurana, pois significa violar um procedimento aceito como seguro, expondo assim, as pessoas a riscos de acidentes. O ato inseguro no s uma violao de uma norma escrita, mas, tambm, de inmeras no escritas que a maioria de ns conhece e observa por uma questo de instinto de conservao. Os atos inseguros podem ser caracterizados basicamente pela existncia de trs comportamentos: imprudncia, impercia e negligncia. Imprudncia: agir sem cautela, sem sensatez, no tomar as devidas precaues. Consiste em enfrentar o perigo, arricar-se para ganhar tempo ou para evitar o esforo de tomar as devidas precaues. Impercia: falta de habilidade ou de competncia tcnica para realizao de uma tarefa. Negligncia: desleixo, displicncia e relaxamento ao no observar a maneira correta de realizar uma tarefa. Exemplo: por displicncia, no cumprir o regulamento de segurana. Esses comportamentos ficam bem evidenciados nos exemplos abaixo: o Preconceito (Acidentes fazem parte do trabalho); o Excesso de confiana ( A 20 anos fao assim e nada me aconteceu); o Idia de que o acidente s acontecer por fatalidade;6

o Exibicionismo, brincadeiras e correrias (neutralizar dispositivo de segurana); o Vontade de revelar-se corajoso; o Desleixo, indisciplina e insubordinao; o Falta de rtmo ou concentrao no trabalho; o Lubrificar, ajustar ou limpar mquinas e equipamentos em movimento; o Utilizar mquinas e equipamentos ou ferramentas defeituosas; o Trabalhar em mquinas e equipamentos sem proteo; o Deixar de usar os equipamentos de proteo individual; o Usar erradamente as ferramentas manuais ou carreg-las nos bolsos; o Empilhar materiais de modo inseguro; o Depositar materiais nas passagens ou junto as portas de sada; o Fumar ou abrir chamas junto a materiais inflamveis, gases, explosivos etc; o Trabalhar com os cabelos compridos, pulseiras , anis etc; o Distrair ou desviar a ateno dos colegas; o Permanecer de baixo de cargas suspensas; o No acatar as normas escritas de segurana do trabalho; o Atitudes de irreflexo (desempenhar as funes sem antes raciocinar

sobre as suas conseqncias); o Etc.

importante salientar que os atos inseguros so os maiores causadores de acidentes, pois os trabalhadores, muitas vezes, acham-se inatingveis e, assim, no possuem a mentalidade prevencionista. Desta forma, colocam em risco a prpria vida, e o que mais grave, que colocam tambm em risco a vida dos colegas de trabalho.

1.3.2 Causas ambientais As causas ambientais so aquelas relacionadas com o ambiente de trabalho. So caracterizadas pela existncia de uma condio insegura. A condio insegura inerente a empresa, ou seja, a condio fsica ou mecnica perigosa, existente no local, na mquina, no equipamento ou na instalao, que permite ou ocasiona o acidente. A condio insegura pode ser analisada atravs da identificao do agente causador de acidentes, ou seja, de tudo aquilo que contribua diretamente para a7

ocorrncia do acidente. Portanto, ao identificarmos os agentes, estaremos identificando uma condio insegura e assim poderemos tomar as medidas de preveno necessrias. So exemplos de condies inseguras: o Falta de ordem e limpeza no local de trabalho (leo no cho, caixas mal empilhadas); o Mquinas e equipamentos desprotegidos e defeituosos; o Instalaes eltricas em mau estado; o Rudos e/ou calor em excesso; o Iluminao ou ventilao insuficientes; o Existncia de gases, vapores, poeiras ou nvoas na atmosfera; o Falta de sinalizao ou avisos de segurana; o Deficincia de equipamentos, ferramentas ou materiais; o Pisos, escadas, passagens e coberturas com defeito; o Armazenamento e manuseio inseguro de materiais; o Falta de manuteno de mquinas, equipamentos e ferramentas; o Horrios excessivos de trabalho; o Equipamento de proteo individual insuficiente ou danificado; o Matria-prima inadequada; o Etc.

Para que os fatores acima no venham prejudicar nossas atividades no trabalho, abaixo esto relacionadas algumas sugestes de condutas a serem desenvolvidas no trabalho: - Informar sempre a existncia de mquinas com problemas e ferramentas danificadas ao responsvel pelo setor, mesmo que estas mquinas e equipamentos no faam parte de seu trabalho. - Analisar as condies do local de trabalho. - Usar sempre o EPI. - Conhecer seu equipamento e material de trabalho bem como os riscos que estes podem oferecer para sua sade.

8

2. Noes de Toxicologia

2.1 Generalidades Em um sentido geral pode-se dizer que a toxidade de uma substncia sua capacidade para causar uma leso em um organismo vivo. Uma substncia muito txica causar danos a um organismo mesmo que administrado em quantidades muito pequenas, uma substncia de baixa toxicidade s produzir efeito quando a quantidade for muito grande. Toxicologia a cincia que estuda tudo aquilo relativo a origem, natureza, propriedades, identificao, mecanismo de acumulao e qualidades de qualquer substncia txica. Como toda cincia multidisciplinar, compromete a outras cincias, fundamentalmente a medicina, a farmacologia e a qumica. A toxicologia tem origem remota, j que o homem desde a pr-histria estava interessado na aplicao de venenos. A notcia mais antiga data do sculo XVII a.C. no Papiro de EBERS, posteriormente em todas as pocas h uma preocupao no tratamento de intoxicados. Um dos motivos que impulsionou o desenvolvimento da toxicologia, foi a necessidade de dispor de pessoas com o suficiente conhecimento para poder determinar a existncia, ou no, de envenenamento, em casos judiciais. Este foi o comeo da toxicologia judicial. Posteriormente, o desenvolvimento industrial, pois o homem em contato com uma infinidade de novas substncias, que no em poucos casos trouxe resultados nocivos a seus organismos. Este feito motivou o desenvolvimento da toxicologia Social, em cujo mbito se enquadraria a Toxicologia Industrial.

2.2 Agentes txicos A lista de agentes txicos aumenta constantemente com as pesquisas de novos produtos qumicos em face das necessidades humanas. Geralmente s se ter conhecimento da toxicidade de um produto aps certo tempo de uso, pois a pesquisa para classifica-lo como txico demanda de tempo. Porm podemos neste item listar alguns produtos j sabidamente txicos. Por exemplo: Poeiras minerais. Slica causa a silicose Asbesto (amianto) causa asbestose9

-

Carvo causa a pneumoconiose do carvo

Poeiras vegetais. Algodo causa bissinose. Bagao de cana-de-acar causa bagaose.

Poeiras alcalinas. Calcrio causa doena pulmonar obstrutiva, crnica e enfisema pulmonar.

Poeiras incmodas P de madeira que pode interagir com outros agentes nocivos no ambiente de trabalho, potencializando sua nocividade.

Nvoas, gases e vapores. So substncias compostas (compostos ou produtos qumicos em geral)

-

Irritantes causam irritao das vias areas superiores.

Ex: cido clordrico, cido sulfrico, amnia, soda custica, cloro, etc.

-

Asfixiantes causam dores de cabea, nuseas, sonolncia, convulses, coma e morte.

Ex: hidrognio, nitrognio, hlio, metano, acetileno, dixido de carbono, nonxido de carbono, etc.

- Anestsicos a maioria dos solventes orgnicos. Ao depressiva sobre o sistema nervoso central, danos aos diversos rgos e ao sistema formador de sangue (cuidado com o benzeno) e outros. Ex: butano, propano, aldedos, acetonas, cloreto de carbono, tricloro etileno, percloroetileno, benzeno, tolueno, xileno, lcoois, etc

2.3 Vias de penetrao no organismo

O homem frente a um meio natural est protegido eficazmente por meio da pele que o cobre totalmente. A pele considerada como um verdadeiro rgo, e como10

tal, tem funes especificas, uma delas a produzir compostos que anulam a ao de agressivos qumicos e microbianos. Nas aberturas naturais do corpo, a pele troca de aspecto e recebe o nome de mucosa. A propriedade da pele nas mencionadas aberturas so caminhos de entrada de agressivos.

Assim, pois, os txicos industriais, tm quatro vias fundamentais de entradas: - Pele - Nariz - sistema respiratrio - Boca - sistema digestivo - Parenteral - leso de pele A pele perde sua continuidade nos olhos, que tambm se pode considerar uma via de penetrao dos txicos.

Penetrao pela pele A pele se compe de duas partes: epiderme e derme, a primeira est situada na superfcie e a derme na camada mais profunda. Na pele se distinguem trs classes de rgos: plos, glndulas e corpsculos sensitivos. As glndulas podem ser: sebceas, sudorparas e mamarias. As glndulas sebceas impregnam a pele formando uma pelcula lipdica (gorduras) que proporcionar flexibilidade e proteo. As glndulas sudorparas segregam suor, que tem funo excretora e refrigerante. Um txico frente a uma pele, pode atuar das seguintes formas: 1 Reao direta: por exemplo, produtos custicos. 2 Penetrao: leso mecnica, dissoluo em alguns dos meios lquidos superficiais, filtrao pelos poros, canais, etc. Levando em conta a composio qumica da pele, em torno de 70% de gua e a natureza altamente hidrfila dos produtos custicos: cidos, bases, etc., a ao desses se localiza lesando em forma de queimaduras e proporcionando a entrada de outros txicos. A leso mecnica em casos de ulceraes se comporta como uma via de entrada eficaz para por em contato o txico com corrente sangnea via parenteral.

11

A segregao das glndulas proporciona uma pelcula superficial que uma emulso de lipdios e gua, contendo cidos e sais dissolvidos. Esta capa, que proporciona uma excelente proteo tambm o veculo de entrada para os txicos. Na fase lipdica da emulso, se dissolvem praticamente todos os solventes industriais. A maior ou menor dificuldade de penetrao estar relacionada com o nmero de tomos das cadeias, uma vez que os de cadeia curta, geralmente muito volteis, se evaporam e os de cadeia longa permanecem na zona lipdica porque sua viscosidade no permitir a penetrao. Na fase aquosa, no qual se encontra dissolvidos os sais e cidos, ser propicia a dissoluo de compostos inicos e volteis solveis em gua. Tambm possvel a reao de cido de meio aquoso com xidos ou hidrxidos metlicos formando sais. Os metais e suas combinaes tm dificuldade para penetrar na pele, uma vez que esta atua como barreira eficaz, exceto compostos de tlio e derivados de chumbo.

Penetrao por via respiratria a via mais importante da toxicologia industrial, uma vez ser necessrio a inalao de ar para o funcionamento normal do organismo, e o contaminante que o acompanha penetra facilmente, possibilitando o contato do txico com zonas muito vascularizadas, aonde ir se realizar os intercmbios sangue-ar, nos alvolos pulmonares.

Penetrao por via digestiva A proteo no sistema respiratrio proporcionada pelos tecidos ciliados frente a partculas, fazia que estas se transferissem para o sistema digestivo.

Na digesto, os cidos biliares contribuem para desagregar a matria particulada e a solubilidade dos compostos metlicos, facilitar a absoro posterior do txico.

Txico-cintica Para se d uma intoxicao sistemtica necessrio um meio de transporte do txico, este meio normalmente o sangue. Uma vez que o txico se introduz no fludo sangneo, este circular alcanando a zona em que exerce sua ao.12

Posteriormente se depositar ou se eliminar, transformando-se mediante reaes metablicas. Pode-se considerar seqencialmente o movimento do txico no interior do organismo (cintica) da seguinte forma: absoro, distribuio, localizao,

acumulao e eliminao.

Absoro A absoro consiste no caminho percorrido pelo txico no sistema circulatrio, e atravessar algum tipo de membrana biolgica.

Absoro pela pele A absoro ser favorvel para os compostos lipossolveis, no caso os solventes, sendo quase nula para os compostos metlicos.

Absoro por via digestiva Neste caso, os compostos lipossolveis se absorvidos facilmente e os ionizados estaro influenciando pela troca de pH do trato digestivo. Os estados de ionizao das molculas variam em funo do pH e, como conseqncia, sua maior ou menor facilidade para a absoro. No estmago e no intestino delgado, existem "portadores" especializados para a absoro de ons metlicos.

Absoro por via respiratria Os gases e vapores lipossolveis chegam aos alvolos e se diluem com o ar presente; a absoro acontecer por difuso e depender da concentrao do txico nos alvolos, o coeficiente de difuso atravs da membrana alveolar e o coeficiente de partio entre ar e o sangue.

Distribuio, localizao e acumulao. Os txicos j incorporados no sangue seguem a corrente circulatria e recorre todos os rgos do corpo, aproximadamente uma vez por minuto. O sangue se compe de dois elementos: as clulas, chamadas glbulos sangneos, e o lquido intercelular plasma sangneo. A quantidade de txico que circular pelo sangue depender: - A facilidade de absoro da via de entrada; - Velocidade do fludo sangneo;13

-Coeficiente de solubilidade do txico no sangue, ou a existncia de transportadores adequados do txico; - Equilbrio com os depsitos de acumulao. - Uma vez no sangue, os solventes se distribuem aos diferentes rgos.

Os rgos normalmente se encontram muito vascularizados e a velocidade de entrada do txico, depende da velocidade relativa do sangue nos vasos capilares e a afinidade que tenham com os txicos.

2.4 Vias de excreo do organismo No mecanismo de eliminao renal se invertem as caractersticas dos fenmenos de absoro e eliminao. Neste caso os compostos lipossolveis no tm facilidade para a eliminao, devendo unir com outros compostos que atuam de transportadores e, ao contrario, os compostos inicos encontram facilidade para eliminao.

A eliminao renal mediante a urina o melhor dos sistemas de eliminao. Existem outras vias de eliminao, como a pulmonar. O ar aspirado se eliminam txicos gasosos volteis, como solventes. Tambm existe eliminao por meio da blis, suor, saliva, leite materno, etc. Transformao dos txicos no organismo Quando um txico se absorve no organismo, normalmente se origina uma srie de reaes, tendendo a diminuir seus efeitos e facilitar sua eliminao. Estas reaes podem trocar a composio do txico, ou por fenmenos de conjugao modificar suas propriedades. O txico modificado se denomina metablico. Nem sempre as reaes so favorveis, e pode acorrer, na potencializaro das caractersticas do txico. Tambm pode ocorrer que o txico se elimine sem ter sofrido nenhuma transformao. Em todo caso, esses tipos de reaes tm um papel fundamental das enzimas. As enzimas aumentam a velocidade de reao, sendo dos tipos de biocalalizados mais importante de que dispe os organismos.

14

3. HIGIENE DO TRABALHO

Higiene do Trabalho a cincia e arte devotada ao reconhecimento, antecipao e controle dos fatores ambientais e stress oriundos do ou no local de trabalho, que podem causar doena, comprometimento da sade e bem estar, ou significante desconforto e ineficincia entre os trabalhadores ou membros de uma comunidade.(ACGIH)

3.1 ambientais.

Conceituao,

classificao

e

reconhecimento

dos

riscos

Os riscos ambientais so aqueles relacionados com o ambiente de trabalho. Consideram-se riscos ambientais os agentes fsicos, qumicos e biolgicos existentes no ambiente de trabalho, capazes de causar danos sade do trabalhador em funo de sua natureza, concentrao ou intensidade e tempo de exposio. Consideram-se tambm como riscos ambientais os agentes mecnicos e outras condies de insegurana existentes nos locais de trabalho, capazes de propiciar e contribuir para a ocorrncia de acidentes do trabalho provocando leses integridade fsica do trabalhador.

3.1.1 Riscos qumicos Os produtos qumicos esto presentes em quase todos os processos industriais como, por exemplo, para: limpeza, processamento industrial, pintura, remdios, inseticidas, lubrificantes etc. Sem o devido cuidado, esses produtos podem ser perigosos para a sade dos trabalhadores e at mesmo letais. Por isso, importante que os trabalhadores conheam os produtos qumicos do seu ambiente de trabalho. Quanto ao estado fsico, os produtos qumicos podem se apresentar nas formas: slida, lquida e gasosa. Os produtos qumicos que se encontram em suspenso ou disperso no ar podem ser classificados como: a) Aerodispersides: estes contaminantes so sistemas diversos, cujo meio de disperso gasoso e cuja fase dispersa consiste de partculas slidas ou lquidas. Apresentam tamanho bastante reduzido e podem se manter por longo tempo em suspenso no ar. Para diferenciar os aerodispersides, so utilizados os seguintes termos:

15

- Poeiras: aerodispersides formados por disperso e constitudas por partculas slidas, geralmente com dimetros maiores que 1 micron. Ex: poeiras de slica, asbesto (amianto) e algodo. - Nvoas: aerodispersides constitudos por partculas lquidas,

independentemente da origem e do tamanho das partculas. Ex: nvoa de cido sulfrico e de tinta. - Fumos: aerodispersides formados por condensao, sublimao ou reao qumica e constitudos por partculas slidas, geralmente com dimetros menores que 1 micron. Ex: fumos metlicos. - Fumaas: aerodispersides resultantes da combusto incompleta de materiais orgnicos. So constitudas, geralmente, por partculas com dimetros inferiores a 1 micron. b) Gases: so as substncias que em condies normais de temperatura e presso (25 e 760mmHg) esto na forma gasosa (Exe mplos: hidrognio, oxignio e C nitrognio). c) Vapores: so a fase gasosa de uma substncia que a 25 e 760mmHg C lquida ou slida (Exemplos: vapor dgua, de gasolina, de naftalina etc).

Conforme os efeitos fisiolgicos sobre o organismo, os produtos qumicos podem ser classificados em: - Irritantes: so substncias que produzem inflamaes nos tecidos vivos com que entram em contato direto, tais como a pele, a conjuntiva ocular e as vias respiratrias. Ex: cido sulfrico, amnia, cloro, gases nitrosos (solda eltrica), oznio etc. - Asfixiantes: so aqueles que causam o bloqueio dos processos vitais tissulares (asfixia) pela falta de oxignio. Podem ser subdivididos em: . Asfixiante simples: so as substncias que tm a propriedade de deslocar o oxignio do ar. O ar precisa manter, no mnimo, 18% de oxignio para que a vida humana seja mantida sem risco algum. So exemplos de asfixiantes simples: nitrognio, metano, acetileno, dixido de carbono, hlio e etano. . Asfixiante qumico: so substncias que, ao ingressarem no organismo, interferem no processo de absoro do oxignio pelo organismo. Ex: monxido de carbono (CO), gs sulfdrico, anilina e cido ciandrico.

16

- Narcticos: so as substncias que apresentam ao depressiva sobre o sistema nervoso central, produzindo efeito anestsico aps terem sido absorvidos pelo sangue. Ex: ter etlico, acetona, hidrocarbonetos alifticos, benzeno etc. - Intoxicantes sistmicos: so compostos que causam leses nos rgos. Por exemplo, o benzeno e o tolueno so compostos que causam leses no sistema formador de sangue. J o lcool metlico e etlico e o dissulfeto de carbono atuam sob o sistema nervoso. Como compostos txicos orgnicos e metais txicos citam-se: o cianureto de sdio, cianureto de potssio, fluoreto e a maioria dos metais (chumbo, mercrio, cdmio, berlio etc). Os materiais particulados, poeiras, fumos, neblinas e nvoas, podem no ser txicos, mas mesmo assim, provocarem efeitos prejudiciais no organismo. H poeiras que so produtoras de fibroses (poeira de slica e de amianto). H tambm poeiras inertes que no produzem efeitos apreciveis, a no ser quando em grande concentrao nos pulmes (ex: alguns carbonatos, sais complexos de alumnio e carvo). Por fim, h partculas que tm efeito alergizante e/ou irritante (ex: poeiras de algumas madeiras (cavina), partculas de leos vegetais (castanha e caju), plens, resinas, sementes secas de mamona etc). Quanto forma de absoro, os produtos qumicos podem ser absorvidos: - por ingesto: a ingesto ocorre acidentalmente nos casos onde o trabalhador come, bebe ou fuma num ambiente de trabalho contaminado. um processo que ocorre mais freqentemente com as crianas. - pela pele: a substncia penetra no organismo atravs da pele. A pele e sua gordura protetora agem como uma barreira efetiva. O agente qumico pode agir apenas na superfcie da pele provocando irritao primria ou penetrar no organismo atravs da pele, atingindo o sangue e provocando uma intoxicao generalizada. - por inalao: a mais importante via de penetrao de contaminantes. As substncias so inaladas quando esto dispersas no ar atmosfrico. Os gases e vapores absorvidos passam ao sangue para serem distribudos a outras regies do organismo. Os slidos e lquidos absorvidos ficam retidos nos tecidos, podendo produzir uma ao localizada, ou dissolvem-se sendo possvel sua distribuio atravs do aparelho circulatrio. A capacidade pulmonar de aproximadamente 1m de ar por hora e a superfcie alveolar tem uma rea de 80/90m. As vias de eliminao dos agentes qumicos so: suor, urina e fezes.

17

Os fatores que colaboram para que os agentes qumicos causem danos sade so: - O tempo de exposio aos agentes qumicos; - O nvel de concentrao do produto; - A toxidez da substncia; - A forma e o estado em que a substncia se apresenta e - O grau de sensibilidade do indivduo ao produto qumico.

Como medidas preventivas quanto exposio aos produtos qumicos, citam-se: - Ventilar o ambiente (abrir janelas e portas, usar ventiladores quando a concentrao for alta); - Substituir o produto por um menos txico; - Modificar o processo industrial (efetuar o mesmo trabalho de forma diferente sem o uso de produtos qumicos); - Confinar o equipamento que produz maior contaminao; - Usar os equipamentos de proteo individual adequados (mscara para p, mscara para gases, luvas); - Limitar o tempo de exposio (consultar pessoa especializada sobre o tempo mximo de exposio a um produto qumico, alternar tarefas, usar EPI); - Treinamento e - Exames mdicos.

Abaixo, so relacionadas algumas sugestes de condutas a serem desenvolvidas no trabalho: - Informar sempre qualquer reao sofrida no organismo devido ao uso de um produto qumico, assim, mais rpido ser o socorro mdico. - Nunca ingerir produtos desconhecidos. - Manter o ambiente limpo. - Identificar os produtos atravs de rtulos.

Exemplo: - Tipo de produto: nome - Finalidade: limpeza de sanitrios

18

- Cuidados: evitar contatos com a pele, no ingerir, evitar inalao, ventilar ambiente, usar mscara; - Em caso de intoxicao: ingerir bastante gua, procurar imediatamente um mdico.

A avaliao do risco de exposio a um agente qumico num ambiente de trabalho deve ser feita da forma mais correta possvel, determinando-se a concentrao do agente no ambiente, cuidando para que as medies sejam realizadas com aparelhagem adequada e que sejam o mais representativas possveis da exposio real a que esto submetidos os trabalhadores. A Norma Regulamentadora NR-15 (atividades e Operaes Insalubres), em seu Anexo 11, determina que a avaliao das concentraes dos agentes qumicos atravs de mtodos de amostragem instantnea, de leitura direta ou no, dever ser feita pelo menos em 10 (dez) amostragens, para cada ponto ao nvel respiratrio do trabalhador. Entre cada uma das amostragens dever haver um intervalo, de no mnimo, 20 minutos. O Anexo 11 determina ainda que cada uma das concentraes obtidas nas referidas amostragens no dever ultrapassar os valores obtidos na equao que segue, sob pena de ser considerada situao de risco grave e iminente.

Valor mximo = LT x FD. Onde: LT = limite de tolerncia para o agente qumico, segundo o Quadro 1 do Anexo 11 da NR-15 (Tabela de limites de tolerncia para jornada de 48 horas por semana). FD = fator de desvio, segundo o Quadro 2 - Anexo 11 da NR-15.

O limite de tolerncia ser considerado excedido quando a mdia aritimtica das concentraes ultrapassar os valores fixados no Quadro 1. Se o agente qumico apresentar valor teto assinalado no Quadro 1, considerar-se- excedido o limite de tolerncia, quando qualquer uma das concentraes obtidas nas amostragens ultrapassar os valores fixados no mesmo Quadro. Alguns agentes qumicos esto assinalados no Quadro 1 como agentes que podem ser absorvidos por via cutnea, e, portanto, exige na sua manipulao, o uso de19

luvas adequadas bem como EPI adequado s outras partes do corpo. A falta destes caracteriza a insalubridade da atividade.

Quanto forma de avaliao quantitativa do nvel de concentrao dos agentes qumicos, tem-se aparelhos que podem ser reunidos em trs grandes grupos: - aparelhos de leitura direta (amostragem instantnea): permitem o conhecimento do nvel de concentrao do contaminante com uma simples leitura. Ex.: tubos colorimtricos e aparelhos eletrnicos com sensores eletroqumicos. - aparelhos de separao do poluente do ar: separam o contaminante, recolhendo-o num meio apropriado (filtro). A amostragem se d de forma contnua. Posteriormente o filtro enviado para um laboratrio para anlise qualitativa e quantitativa. necessrio conhecer-se o volume de ar, para se determinar o grau de concentrao do contaminante por metro cbico de ar. Ex.: bomba de alta vazo, coletor gravimtrico, precipitador eletrosttico e inpinger. - aparelhos de coleta de amostras de ar contaminado: so aparelhos que servem para coletar certa quantidade de ar, para ser analisada posteriormente em laboratrio. So sacos plsticos, garrafes ou qualquer outro recipiente que possa ser bem fechado. Esses aparelhos so utilizados normalmente quando no h possibilidade de utilizao de outros aparelhos.

3.1.2 Riscos fsicos Outro tipo de risco a que o trabalhador est sujeito no ambiente de trabalho o risco devido aos agentes fsicos. Estes riscos se caracterizam pela transferncia de energia do agente fsico para o trabalhador. Dependendo da quantidade de energia absorvida pelo trabalhador, o organismo deste poder sofrer conseqncias, como, por exemplo, desenvolver uma doena profissional. Os agentes fsicos mais importantes so: as temperaturas anormais (calor e frio), rudo, vibraes, presses anormais, iluminao, radiaes ionizantes e no ionizantes, umidade e eletricidade. De acordo com os objetivos deste curso, a seguir comentaremos alguns desses agentes.

3.1.2.1 Temperaturas anormais A temperatura normal do corpo humano de aproximadamente 37 O C. corpo humano produz calor e para manter sua temperatura em 37C (equilbrio trmico), perde calor para o ambiente se a sua temperatura for maior que a20

temperatura do ambiente e recebe calor do ambiente se a sua temperatura for menor do que a temperatura do ambiente. Estas trocas trmicas entre o corpo humano e o ambiente se manifestam atravs de quatro procedimentos bsicos: - Conveco: a transmisso de calor atravs de um fluido (ar). - Evaporao: consiste na evaporao do suor e, em certa medida, do vapor que exalado dos pulmes na respirao. - Radiao: a transmisso de calor atravs de ondas ou raios infravermelhos. Conduo: a transmisso de calor por contato direto.

sabido que existe um grande nmero de atividades profissionais que expem os trabalhadores ambientes de trabalho que apresentam condies trmicas diferentes (exposio ao calor excessivo) daquelas a que o organismo est habituado a suportar, como por exemplo: fundies, ambientes com caldeiras, trabalhos a cu aberto (construo civil), ambiente fechados etc. Outro fator importante a salientar o de que alm das condies do ambiente de trabalho, tem influncia marcante no conforto trmico do trabalhador o tipo de atividade que este exerce. Quanto maior a atividade fsica, maior a produo de calor e queima de calorias. Se o ambiente for quente o trabalhador poder sofrer os seguintes efeitos: - cibras do calor devido perda excessiva de sal; - desidratao (perda de gua); - prostao trmica (Distrbio circulatrio resultante da impossibilidade desse sistema compensar a solicitao excessiva a que fica submetido. Sintomas: dor de cabea, tonturas, mal estar, fraqueza e at inconscincia); - Intermao ou insolao (Distrbio no sistema termorregulador cujos sintomas so: tonturas, vertigens, tremores, convulses e delrios. O termo intermao refere-se a fontes de calor artificiais e o termo insolao a fonte natural (Sol). um estado patolgico gravssimo que pode levar a morte e, portanto, deve receber tratamento mdico imediato); - choque trmico; - reduo da capacidade de concentrao; - irritabilidade; - sonolncia; - diminuio da capacidade de trabalho; - desmaios; - catarata, etc.21

Para evitar os efeitos acima, como medidas preventivas, sugere-se: - aclimatar o trabalhador, isto , exp-lo aos poucos ao calor; - ingerir gua e sal para compensar a perda ocorrida pela sudorese; - se a sobrecarga trmica for intensa, deve-se limitar o tempo de exposio atravs de pausas para descano; - usar equipamentos de proteo individual tais como: culos com lentes especiais, luvas, mangotes, capuzes, aventais para proteger as partes expostas ao calor; - controlar as condies do ambiente atravs da isolao da fonte de calor ou de uma ventilao do ambiente e controle da umidade; - adotar medidas para circulao de ar; - adotar medidas de controle da umidade do ar (evitar umidade excesssiva); - no expor a pele ao sol (queimaduras); - usar roupas leves que facilitem a evaporao do suor e - usar roupas claras, pois estas, absorvem menos calor. A avaliao da exposio ao calor num ambiente de trabalho deve ser realizada de acordo com o Anexo 3 da Norma Regulamentadora n (NR 15 15 Atividades e Operaes Insalubres) da Portaria 3214/78. Segundo o Anexo 3 a exposio ao calor deve ser avaliada atravs do "ndice de Bulbo mido Termmetro de Globo" IBUTG, definido pelas equaes que se seguem: Ambientes internos ou externos sem carga solar: IBUTG = 0,7 tbn + 0,3 tg

Ambientes externos com carga solar: IBUTG = 0,7 tbn + 0,1 tbs + 0,2 tg

onde: tbn = temperatura de bulbo mido natural; tg = temperatura de globo; tbs = temperatura de bulbo seco. Os aparelhos que devem ser usados nesta avaliao so: termmetro de bulbo mido natural, termmetro de globo e termmetro de mercrio comum. As medies devem ser efetuadas no local onde permanece o trabalhador, altura da regio do corpo mais atingida.22

Os limites de tolerncia para exposio ao calor, em regime de trabalho intermitente com perodos de descanso no prprio local de prestao de servio e em regime de trabalho intermitente com perodo de descanso em outro local (local de descanso) so apresentados, respectivamente, nos Quadros 1 e 2 do Anexo 3. A avaliao realizada levando-se em considerao o tipo de atividade exercida pelo trabalhador (Leve, Moderada ou Pesada) cuja determinao feita consultando-se o Quadro 3. Tratou-se, neste item, at aqui, da exposio ao calor, porm, existem atividades em que o trabalhador se expe ao frio (ex.: cmaras frigorficas). O frio excessivo provoca perda de destreza manual e diminui as atividades fisiolgicas. Por exemplo, cai a freqncia do pulso, da presso arterial e da taxa metablica, chegando a extremos de depresso das clulas cerebrais, inibindo as atividades dos mecanismos termocontroladores do sistema nervoso. Para evitar a hipotermia (diminuio da temperatura do corpo), o organismo aciona alguns mecanismos, entre os quais pode-se indicar: - vasoconstrio sangunea; - desativao (fechamento) das glndulas sudorparas; - diminuio da circulao sangunea perifrica e - a transformao qumica de lipdios (gorduras armazenadas). Entre as consequncias da hipotermia, podem ser citados: mal estar geral, diminuio da destreza manual, comportamento extravagante (hipotermia do sangue que rega o crebro), congelamento dos membros (os mais afetados so as extremidades), leses locais pelo frio (urticria pelo frio, p de imerso) etc. As exposies fatais ao frio so resultado, quase sempre, de exposies acidentais, envolvendo a dificuldade de escapar do ambiente frio ou de imerso em gua fria. A morte ocorre quando a temperatura do corpo inferior a 28 C, por falha cardaca. No caso de existncia de frio em conjunto com fatores, como o vento, umidade e sal (no caso dos pescadores), pode originar reumatismo localizado e dores nas articulaes dos ps e das mos. O frio, associado ao vento, tambm predispe o organismo a doenas e resfriados. A combinao do frio com as vibraes origina perturbaes sseas e articulares, perda de sensibilidade e cibras dolorosas, nas mos (sndrome de Raynaud). Trabalhadores idosos ou com problemas no sistema circulatrio necessitam ateno especial. Entre as medidas preventivas aos efeitos do frio, destacam-se:23

- a utilizao da proteo individual adequada e - a limitao do tempo de trabalho. Em relao proteo individual, o trabalhador deve estar provido de casaco adequado, gorro e calado de couro de sola isolante (botas impermeveis). O agasalho deve resguardar o pescoo e a cabea. importante lembrar que as roupas midas perdem a capacidade isolante, no conseguindo impedir a perda de calor. A roupa deve assegurar o mximo isolamento possvel. Para as mos, so aconselhadas luvas de dedos curtos e bem ajustadas s mangas; quanto maior for a velocidade do vento e menor for a temperatura na rea de trabalho, maior dever ser o isolamento requerido na roupa de proteo. Outras medidas que podem ser adotadas so : a) diminuir, ao mximo, a velocidade do ar dentro dos locais de trabalho; b) os assentos devem ser termicamente isolantes; c) limitar, o mximo possvel, as posturas sedentrias, bem como os ritmos intensos, sendo preferveis os ritmos regulares de trabalho; d) o trabalhador deve executar as tarefas sem precisar retirar as luvas, evitando a manipulao direta de produtos frios com as mos; e) as portas das cmaras frigorficas devem abrir do interior e dispor de sinal luminoso e sonoro para que possa ser percebida a presena da pessoa; f) as roupas de proteo devem estar sempre secas, limpas e em bom estado de conservao, pois quando muito usadas perdem a eficcia como isolante; g) aconselha-se que sejam realizadas pausas regulares de 20 min em locais aquecidos (com temperaturas acima de 20 C); h) o trabalhor deve alimentar-se com produtos de maior valor calrico; i) os trabalhadores expostos ao frio devem fazer controle mdico peridico. A avaliao da exposio ao frio determinada por avaliao qualitativa, atravs de simples inspeo do local de trabalho e verificao da proteo adequada ao trabalhador, conforme o Anexo n da NR15 (Ativi dades e Operaes Insalubres). 9 Embora no esteja previsto no Anexo 9 da NR 15, a existncia de parmetros que permitam uma avaliao quantitativa da exposio ao frio, a ACGIH dispe de TLV, que so comparados aos valores medidos de temperatura do ar e velocidade do vento. Todos os ndices de estresse por frio tm limitaes, mas, em condies adequadas, proporcionam uma informao til; so eles: Wind Chill Index (WCI ), ndice de sensao trmica e ndice de estresse trmico.

24

3.1.2.2 Rudo:

O som composto por ondas formadas por variaes de presso do ar, ondas que viajam por este de forma semelhante quelas que provocamos quando jogamos uma pedra na gua. O som tambm um tipo de vibrao, s que sonora. Estas variaes de presso (som) atingem a nossa orelha, entram no nosso ouvido at bater no tmpano (pele fina esticada como um tambor). O tmpano vibra com qualquer som, e assim mexe com trs ossinhos minsculos ligados ao caracol (ou clclea), que a parte mais importante do ouvido, e que faz com que esses movimentos sejam levados ao crebro atravs de condutores nervosos, que nos faz perceber e compreender o som. Podemos definir rudo como todo o som rum, que agride nossos ouvidos. Ficar muito tempo num lugar com rudo ou mesmo pouco tempo sob um rudo muito intenso destri exatamente a parte mais importante do ouvido, o caracol (surdez profissional). Uma vez destrudo o caracol, ficamos surdos, sem possibilidades de cura, onde nem os aparelhos de audio ajudam. Alm da perda auditiva, o rudo ocasiona outros problemas ao trabalhador como: - cansao excessivo, falta de ateno e concentrao; - insnia e perda de apetite; - alteraes de comportamento (irritao, mau humor etc); - dores de cabea; - ansiedade e depresso; - tonturas e nuseas (enjo); - aumento da presso arterial; - etc.

Para diminuirmos as possibilidades de perda auditiva por rudo e a ocorrncia dos problemas acima, devemos analisar e atuar sobre os seguintes fatores: - nvel de rudo (quanto mais intenso, pior); - a composio do rudo (quanto mais fino (agudo), pior); - o tempo de exposio ao rudo (quanto maior o tempo, pior); - os rudos de impacto (prensas e martelos), so piores que os contnuos, portanto, o trabalhador nunca deve se expor a rudos intensos sem proteo;

25

- as vibraes transmitidas pelo cho (solo), objetos e paredes pioram o efeito do rudo; - o repouso em ambientes silenciosos fundamental para no piorar os problemas causados pelo rudo. Se for observada uma perda auditiva, deve-se procurar um mdico e identificar os elementos causadores desta perda para que medidas de proteo possam ser adotadas.

Baseando-se nos fatores acima, para acabar com o rudo no ambiente de trabalho, ou at mesmo diminui-lo, devemos basicamente agir de duas maneiras: a) Usando medidas de proteo coletiva, que podem ser efetuadas de trs formas: - Controle do rudo na fonte: consiste em agir sobre a mquina, equipamento ou processo. Significa por exemplo: efetuar uma boa manuteno da mquina; utilizar materiais que absorvam as vibraes nos encaixes, nas juntas e acoplamentos (ex.: metal por borracha) e fechar as partes mais barulhentas da mquina. - Controle do rudo na trajetria: consiste em agirmos sobre o local onde est a mquina ou equipamento, diminuindo a transmisso pela estrutura ou pelo ar, como por exemplo: usar calos de borracha, colocar biombos e anteparos (Ex.: de cortia, de l de vidro etc), fechar a porta e enclausurar a mquina. - Diminuio do tempo de exposio ao rudo: no permanecer mais tempo exposto ao rudo do que est determinado na NR-15. Isto deve ser analisado por pessoal tcnico especializado. Para controlar o tempo de exposio pode-se atuar atravs: da alterao de rotinas de trabalho nas reas mais ruidosas, do rodzio de pessoal, de alteraes de horrios de trabalho etc. b) Usando equipamentos de proteo individual: Quando no for conseguido eliminar o rudo ou atenu-lo a nveis no prejudiciais, deve-se utilizar o equipamento de proteo individual (EPI). O EPI a ser utilizado em locais de rudo o que chamamos de protetor auricular. O protetor pode ser do tipo circum-auricular ou do tipo insero. Os do tipo circum-auriculares so usados fora do ouvido, cobrindo a orelha. So muitas vezes, menos confortveis, mas nos protegem melhor do rudo e oferecem menos riscos de infeco. Os de insero devem ser colocados dentro do ouvido (bucha, tampa de borracha, silicone ou de plstico). So menos eficientes e favorecem as infeces por ficarem em contato direto com o ouvido. Por isso, devem estar limpos, serem trocados26

periodicamente e acondicionados em caixas protetoras. Apresentam dimenses fixas e padronizadas (pequeno, mdio e grande), sendo necessrio para cada usurio o conhecimento das dimenses do conduto auditivo. O uso de protetores auriculares como medida de proteo na exposio ao rudo uma ao que requer certos cuidados, ou seja, o que se deseja de um protetor auricular que este atenue o rudo ambiental a valores os mais baixos possveis ou, no pior caso, aos valores mximos permissveis compatveis com a exposio em questo. Porm, a atenuao oferecida em decibis por um determinado protetor auticular no um valor fixo, sendo distinta para diferentes tipos de rudo. Assim sendo, a proteo oferecida deve ser calculada em cada caso. Esse clculo de estimativa pode ser feito de vrias maneiras, uma das quais, apenas a ttulo de exemplo em funo dos objetivos deste curso, o chamado mtodo NIOSH N RC 2 (ndice de Reduo Acstica). Quanto exposio ao rudo, cabe salientar que muitas vezes o trabalhador no percebe a perda da capacidade auditiva, pois este se acostuma com o rudo. Porm, com o passar do tempo, tendo maior dificuldade para escutar, percebe o problema. Mas, h pouca coisa a fazer, pois esta perda auditiva irreversvel. Portanto, importante que se desenvolva uma conduta de preveno no ambiente trabalho, contra o rudo. Quanto avaliao da exposio ao rudo num ambiente de trabalho, o Anexo 1 da Norma Regulamentadora n 15 (NR 15 Ativ idades e Operaes Insalubres) da Portaria 3214/78 dispe sobre a avaliao do rudo contnuo ou intermitente e o Anexo 2 sobre a avaliao do rudo de impacto. Entende-se por rudo contnuo ou intermitente, para os fins de aplicao de Limites de Tolerncia, o rudo que no seja rudo de impacto. Os nveis de rudo contnuo ou intermitente devem ser medidos em decibis (dB) com instrumento de nvel de presso sonora operando no circuito de compensao "A" e circuito de resposta lenta (SLOW). As leituras devem ser feitas prximas ao ouvido do trabalhador. Os tempos de exposio aos nveis de rudo no devem exceder os limites de tolerncia fixados no Quadro a seguir.

27

Limites de tolerncia para rudo contnuo ou intermitenteNVEL DE RUDO DB (A) MXIMA EXPOSIO DIRIA PERMISSVEL 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 98 100 102 104 105 106 108 110 112 114 115 8 horas 7 horas 6 horas 5 horas 4 horas e 30 minutos 4 horas 3 horas e 30 minutos 3 horas 2 horas e 40 minutos 2 horas e 15 minutos 2 horas 1 hora e 45 minutos 1 hora e 15 minutos 1 hora 45 minutos 35 minutos 30 minutos 25 minutos 20 minutos 15 minutos 10 minutos 8 minutos 7 minutos

Para os valores encontrados de nvel de rudo intermedirio ser considerada a mxima exposio diria permissvel relativa ao nvel imediatamente mais elevado. No permitida exposio a nveis de rudo acima de 115 dB(A) para indivduos que no estejam adequadamente protegidos. Se durante a jornada de trabalho ocorrerem dois ou mais perodos de exposio a rudo de diferentes nveis, devem ser considerados os seus efeitos combinados, de forma que, se a soma das seguintes fraes:

C1/T1 + C2/T2 + C3/T3+ + Cn/Tn

exceder a unidade, a exposio estar acima do limite de tolerncia.28

Na equao acima, Cn indica o tempo total que o trabalhador fica exposto a um nvel de rudo especfico, e Tn indica a mxima exposio diria permissvel a este nvel, segundo o Quadro de limites de tolerncia acima. As atividades ou operaes que exponham os trabalhadores a nveis de rudo, contnuo ou intermitente, superiores a 115 dB(A), sem proteo adequada, oferecero risco grave e iminente. Quanto ao rudo de impacto, o Anexo 2 o define como aquele que apresenta picos de energia acstica de durao inferior a 1 (um) segundo, a intervalos superiores a 1 (um) segundo. Os nveis de impacto devero ser avaliados em decibis (dB), com medidor de nvel de presso sonora operando no circuito linear e circuito de resposta para impacto. As leituras devem ser feitas prximas ao ouvido do trabalhador. O limite de tolerncia para rudo de impacto ser de 130 dB (linear). Nos intervalos entre os picos, o rudo existente dever ser avaliado como rudo contnuo. Em caso de no se dispor de medidor de nvel de presso sonora com circuito de resposta para impacto, ser vlida a leitura feita no circuito de resposta rpida (FAST) e circuito de compensao "C". Neste caso, o limite de tolerncia ser de 120 dB(C). As atividades ou operaes que exponham os trabalhadores, sem proteo adequada, a nveis de rudo de impacto superiores a 140 dB(LINEAR), medidos no circuito de resposta para impacto, ou superiores a 130 dB(C), medidos no circuito de resposta rpida (FAST), oferecero risco grave e iminente.

3.1.2.3 Iluminao As formas bsicas de iluminao so: - Natural: quando existe o aproveitamento direto ou indireto da luz solar. - Artificial: quando utilizado um sistema de iluminao, em geral a partir da eletricidade, que pode ser de dois tipos: - Geral: para iluminar todo um ambiente. - Suplementar: para reforar a iluminao de uma determinada superfcie ou tarefa. Uma iluminao deficiente pode ocasionar as seguintes conseqncias: - maior fadiga ocular; - maior risco de acidentes; - menor produtividade;29

- menor qualidade do trabalho e - ambiente psicologicamente negativo.

Em ambientes industriais onde h presena de mquinas importante a ateno com relao ao efeito estroboscpico. Este um fenmeno que pode resultar da combinao de mquinas girantes ou com movimento alternado com uma fonte piscante (60Hz) que no percebida (lmpadas fluorescentes). Essa combinao pode resultar na falsa impresso de que a mquina est parada ou com pouco movimento, o que pode causar acidentes. Outro fator que aumenta a probabilidade de ocorrncia de acidentes a variao brusca de iluminncia. Para que se tenha uma iluminao adequada alguns aspectos devem ser considerados: - tipo de lmpada (reproduo de cores, eficincia luminosa, carga trmica); - tipo de luminria (difuso e diretividade da luz, ofuscamentos, reflexos); - quantidade de luminrias (valor da iluminncia); - distribuio da luz (homogeneidade, contrastes, sombras); - manuteno (reposio e limpeza) e - cores (refletncia/ambiente).

A legislao brasileira, atravs da Portaria 3214/78, dispe na NR17 (Ergonomia), em seu item 17.5.3, sobre as condies de iluminao nos ambientes de trabalho. No item 17.5.3.3 h a determinao de que os nveis mnimos de iluminamento a serem observados nos locais de trabalho so os valores de iluminncia estabelecidos na NBR 5413, norma brasileira registrada no INMETRO.

3.1.2.4 Eletricidade: Os riscos oriundos da eletricidade esto presentes em quase todos os ambientes de trabalho. Os riscos podem ser pessoais (choque) e materiais (incndios). Os rgos do corpo humano funcionam atravs de impulsos eltricos enviados pelo crebro. O choque uma perturbao fisiolgica decorrente da passagem de uma corrente eltrica de origem externa pelo organismo. Esta corrente externa se soma a corrente interna (impulsos eltricos) provocando perturbaes no funcionamento do organismo.

30

Entre os efeitos fisiolgicos (perturbaes) da corrente eltrica, podemos citar: Tetanizao: paralisia muscular devido passagem da corrente eltrica pelos tecidos nervosos que controlam os msculos. Superposta aos impulsos de comando da mente a corrente os anula podendo bloquear um membro ou o corpo inteiro. De nada valem, nestes casos, a conscincia do indivduo e sua vontade de interromper o contato. Quando a corrente de choque muito intensa, h uma repulso violenta que pode at jogar a pessoa causando quedas e pancadas perigosas que podem ser consideradas como os efeitos indiretos do choque. Parada respiratria: paralisia muscular (tetanizao) devido passagem da corrente eltrica pelos tecidos nervosos que controlam os msculos responsveis pela respirao. Ocorre se a corrente de choque for de valor elevado, normalmente maior do que 30mA, e circular por um perodo de tempo relativamente pequeno (alguns minutos). Assim, a morte ocorrer por asfixia. Neste caso deve-se aplicar a respirao artificial (respirao boca a boca) dentro de um intervalo de tempo inferior a 4 minutos, se no a morte ocorrer com certeza. Queimaduras: genericamente, a corrente eltrica atinge o organismo atravs do revestimento cutneo. Por este motivo as vtimas de acidente com eletricidade apresentam, na maioria dos casos, queimaduras. Devido alta resistncia da pele, a passagem de corrente eltrica produz alteraes estruturais conhecidas como marcas da corrente oriundas do efeito joule, ou seja, da quantidade de energia que transformada em calor. As caractersticas das queimaduras provocadas pela eletricidade diferem daquelas causadas por efeitos qumicos ou trmicos. Em relao s queimaduras por efeito trmico, aquelas causadas pela eletricidade so geralmente menos dolorosas pois a passagem da corrente poder destruir as terminaes nervosas. No significa, porm, que sejam menos perigosas, pois elas tendem a progredir em profundidade mesmo depois de desfeito o contato ou a descarga. As queimaduras podem ocorrer de diversas formas, como por exemplo: - por contato: quando o acidentado toca uma superfcie condutora energizada.31

- por arco voltaico: geralmente apresentam extenso e profundidade variveis de acordo com o acrscimo do gradiente de tenso que originou a descarga eltrica. - por radiao: possuem um carter semelhante s queimaduras por exposio ao sol e podem ser incapacitantes. Tem-se um caso em que 5 elementos trabalhando a cerca de 20 metros de um quadro de distribuio, ocorrido um curtocircuito no quadro, tiveram que ser encaminhados a um hospital em virtude das leses sofridas. - por vapor metlico: por fuso de um fusvel ou condutor, h emisso de vapor de cobre (em alguns casos, prata ou estanho) que, em locais fechados, pode atingir a face ou as mos. Embora bastante incomum essa situao demostra a necessidade de se colocarem os equipamentos eltricos em locais bem ventilados. Fibrilao ventricular: batimento desordenado do corao devido corrente eltrica atingir o msculo cardaco. Nesta situao, o corao deixa de bombear o sangue resultando na falta de oxignio nos tecidos do corpo e no crebro. O corao raramente se recupera por si s da fibrilao ventricular. No entanto, se aplicarmos uma corrente de curta durao e de intensidade elevada, a fibrilao pode ser interrompida e o ritmo normal do corao pode ser restabelecido. O aparelho empregado para esta finalidade o desfibrilador ventricular. No possuindo tal aparelho, a aplicao da massagem cardaca permitir que o sangue circule pelo

corpo dando tempo para que se providencie o aparelho, pois s a massagem no permitir que o corao recobre da fibrilao ventricular. s vezes, no ocorre a fibrilao ventricular, mas sim a parada cardaca. Neste caso dever ser suficiente a aplicao da massagem cardaca. As perturbaes oriundas do choque eltrico sero mais graves ou menos graves, dependendo dos seguintes fatores: Intensidade da corrente eltrica: quanto maior a intensidade da corrente eltrica maior ser o risco do choque eltrico, conforme podemos observar na tabela abaixo.

32

Efeitos gerais da corrente alternada eficaz (15 a 100Hz) em pessoas de boa sadeIntensidade (mA) Perturbaes possveis Estado possvel Salvamento aps o choque 1 (limiar de sensao) 2a9 Nenhuma Normal Desnecessrio Resultado final provvel Normal Normal

Sensao cada vez mais Normal desagradvel medida que a intensidade aumenta. Contraes musculares.

10 a 25 (25mA o Sensao dolorosa. limite). Podem ocorrer Contraes violentas. efeitos corrente cortada. 26 a 100 Sensao insuportvel. Contraes violentas. Asfixia. Perturbaes circulatrias graves, inclusive fibrilao ventricular. Acima de 100 Asfixia imediata. Fibrilao ventricular. fatais no se a Perturbaes circulatrias. for

Morte aparente

Respirao artificial

Restabelecimento morte ou

Morte aparente

Respirao artificial

Restabelecimento morte ou

Morte aparente

Respirao artificial. Reanimao difcil.

Restabelecimento morte ou

Vrios ampres

Asfixia imediata. Queimaduras graves.

Morte aparente Praticamente ou imediata impossvel

Morte

Como vimos acima, a intensidade da corrente eltrica um fator determinante na gravidade da leso por choque eltrico. No entanto, observa-se que, para correntes do tipo corrente contnua (cc), as intensidades da corrente devero ser mais elevadas para ocasionar as sensaes do choque eltrico, a fibrilao ventricular e a morte. No caso da fibrilao ventricular, esta s ocorrer se a corrente contnua for aplicada durante um instante curto, especfico e vulnervel do ciclo cardaco. Em outros tipos de leses tornam-se necessrias intensidades de corrente contnua de 3 a 5 vezes maiores do que as do tipo alternada (ca). As correntes alternadas de freqncia entre 20 e 100Hz so as que oferecem maior risco. Especificamente as de 60 Hz, normalmente usadas nos sistemas de fornecimento de energia eltrica, so as mais perigosas uma vez que elas se situam prximas freqncia a qual a possibilidade de ocorrncia de fibrilao ventricular maior. Para correntes alternadas de freqncias elevadas, acima de 2000 Hz, as33

possibilidades de ocorrer o choque eltrico so pequenas; contudo, ocorrero queimaduras, devido a corrente tender a circular pela parte externa do corpo, ao invs da interna. Outro aspecto a salientar o de que as pessoas do sexo feminino so mais sensveis aos efeitos do choque eltrico. Tempo de exposio do indivduo a corrente eltrica: quanto maior o tempo de exposio maior ser o risco decorrente do choque eltrico. Por isso, importante que os circuitos eltricos sejam sempre dotados de dispositivos tais como o disjuntor diferencial que interrompe a corrente de choque assim que detectada na grande maioria dos casos de choque eltrico. Percurso da corrente atravs do corpo: tem grande influncia na gravidade do choque eltrico o percurso seguido pela corrente no corpo da vtima. Uma corrente de intensidade elevada que circule de uma perna outra pode resultar s em queimaduras locais, sem outras leses mais srias. No entanto, se a mesma intensidade de corrente circular de um brao ao outro da vtima, poder levar a uma parada cardaca. A figura abaixo fornece a porcentagem da corrente eltrica que passar pelo corao em relao corrente que est atravessando o corpo em cada condio.

Porcentagem da corrente que circula pelo corao em funo do tipo de contato

Sensibilidade do organismo: a intensidade da corrente que circular pelo corpo da vtima depender, bastante, da resistncia eltrica que esta oferecer passagem da corrente e tambm de qualquer outra resistncia adicional entre a vtima e a terra. A resistncia que o corpo humano oferece a passagem da corrente quase34

que exclusivamente devida camada externa da pele a qual constituda de clulas mortas. Esta resistncia est situada entre 100.000 e 600.000 ohms quando a pele apresenta-se seca e no apresenta cortes; a variao apresentada funo da sua espessura. Quando, no entanto encontra-se mida, a condio mais facilmente encontrada na prtica, a resistncia eltrica do corpo pode ser to baixa quanto 500 ohms. Esta baixa resistncia originada pelo fato de que a corrente pode ento passar pela camada interna da pele que apresenta menor resistncia. Tambm, ao estar com cortes, a pele pode oferecer uma baixa resistncia. O valor elevado oferecido quando a pele est seca relativamente difcil de ser encontrado na prtica, pois mesmo que uma pessoa execute trabalhos que exijam pequeno esforo fsico, seu corpo transpira e com isto a resistncia reduzida significativamente. Pelo mesmo motivo, ambientes que contenham muita umidade fazem com que a pele no oferea uma resistncia elevada. Assim, normalmente a resistncia mdia do corpo humano em condies normais situa-se na faixa de 1000 a 1500 ohms. A resistncia oferecida pela parte interna do corpo, constituda pelo sangue, msculos e demais tecidos, comparativamente da pele bem baixa, medindo normalmente 300 ohms em mdia e apresentando um valor mximo de 500 ohms. Outro fator a considerar o de que a resistncia do corpo varia com a tenso aplicada. Note-se que para uma tenso aplicada de 50v, a resistncia do corpo humano em 99% dos casos superior a 5000 ohms, enquanto que em 1% dos casos pode baixar at cerca de 1000 ohms. Com 220v, a situao decisivamente mais desfavorvel: em 99% dos casos a resistncia do corpo humano superior a 2800 ohms, enquanto que em 1% dos casos pode baixar at 800 ohms. Levando em conta os diversos fatores, a NBR 5410 prev valores mximos admissveis para a tenso de contato, so as chamadas tenses de contato limite (em CA): - Situao 1, correspondendo a locais residenciais (quartos , salas cozinhas, corredores), comerciais ( lojas, escritrios) e industriais (depsitos e a maior parte dos locais de produo) - 50v; - Situao 2, correspondendo reas externas (jardins, feiras), canteiros de obras, trailers, campings, locais condutores, ambientes molhados em geral - 25 v.

Como medidas de controle do choque eltrico, temos como exemplos:

35

Aterramento: a primeira finalidade do aterramento eltrico eliminar os perigos de choque eltrico surgidos devido a um defeito no equipamento ou instalao eltrica que possibilite o surgimento de tenses eltricas pertenam em partes que no

ao circuito eltrico suscetveis de serem tocadas por uma pessoa. A

eliminao de tais perigos, ao se empregar o aterramento eltrico, se dar atravs da apresentao de um caminho de menor resistncia corrente eltrica para a terra do que aquele oferecido pelo corpo da vtima. Este mtodo de proteo constitui-se, pois, de dois pontos fundamentais: o primeiro consiste no transporte da energia eltrica que circularia pelo corpo da vtima caso no houvesse o aterramento, e o segundo, na descarga desta energia para a terra. O transporte da corrente eltrica de defeito para a terra realizado atravs de um condutor, o qual deve possuir certas caractersticas para desempenhar a sua funo. Uma destas caractersticas de que seja um bom condutor de eletricidade, de preferncia de cobre. Um outro requisito de que as dimenses de sua seo transversal permitam transportar a densidade de corrente esperada devido falha no equipamento. A segunda finalidade do aterramento eltrico a de proteger as instalaes eltricas de incndios ou exploses resultantes da manipulao de produtos inflamveis e/ou explosivos. Dispositivo de proteo contra tenso de contato operado por corrente: este dispositivo tem por finalidade impedir a existncia de uma tenso de contato demasiadamente elevada em uma pea condutora de eletricidade que no faa parte do circuito eltrico do equipamento ou da instalao eltrica. Sua operao, na ocorrncia de uma corrente de defeito que exceda determinado valor (normalmente 30mA), deve ser rpida, menor do que 0,2 segundos e deve desligar da rede de fornecimento de energia o equipamento ou instalao eltrica que ele protege. Isolamento da fonte de energia: o propsito desta medida de proteo fazer com que o equipamento ou a instalao eltrica sejam alimentados por um sistema eltrico que no tenha seus potenciais eltricos com referncia a terra, para que na ocorrncia de uma falha no causem risco de choque eltrico. So maneiras de separar um sistema eltrico que no possua seus potenciais eltricos com referncia a terra de um que os possua o emprego de um transformador isolador ou de um conjunto motor-gerador.

36

Dupla isolao: este tipo de proteo normalmente aplicado a equipamentos portteis tais como furadeiras eltricas manuais, as quais podem ser empregadas nos mais variados locais e condies de trabalho e que por suas caractersticas requerem outro sistema de proteo que permita uma confiabilidade maior do que aquela oferecida exclusivamente pelo aterramento eltrico. A proteo por duplo isolamento realizada quando utilizamos uma segunda isolao para suplementar aquela normalmente utilizada e para separar as partes vivas do aparelho de suas partes metlicas. Abaixo temos o smbolo que identifica se o aparelho tem dupla isolao.

smbolo

Tenso extra baixa: a proteo por tenso extra baixa consiste em empregar ou uma fonte de baixa tenso ou uma isolao eltrica confivel, se a tenso extra baixa for obtida de circuitos de alta tenso. A tenso extra baixa aquela situada abaixo de 50v sendo obtida tanto atravs de transformadores isoladores como de baterias e geradores. comum o emprego da tenso de 24v para condies de trabalho desfavorveis como trabalho em ambientes midos. Tais condies so favorveis ao choque eltrico nestes tipos de ambientes porque a resistncia do corpo humano diminuda e a isolao eltrica dos equipamentos fica comprometida. Equipamentos de solda empregados em espaos confinados, como solda em tanques, requerem que as tenses empregadas sejam baixas. Certos critrios devem ser observados quanto ao uso deste tipo de proteo, como por exemplo: a) no aterrar o circuito de extra baixa tenso; b) no fazer ligaes condutoras com circuitos de maior tenso; c) no dispor os condutores de um circuito de extra baixa tenso em locais que contenham condutores de tenses mais elevadas.

A seguir, apresenta-se uma

lista geral de sugestes quanto aos

atos

seguros a serem tomados quando da utilizao da eletricidade: inspecionar periodicamente equipamentos e instalaes eltricas

(emendas, fios, soldas, contatos etc);37

- evitar o uso de correntes, pulseiras e outros enfeites metlicos ao lidar com eletricidade; - usar luvas, sapatos isolantes, ferramentas isoladas e tapetes de borracha; - inspecionar as condies do material de proteo; - verificar as ligaes terra; - seguir as normas ABNT para instalaes de equipamentos eltricos; - isolar instalaes e equipamentos de material combustvel; - no tocar em instalaes e equipamentos eltricos tendo as mos, ps e roupas molhados; - no sobrecarregar os circuitos eltricos; - no fazer ligaes improvisadas (emendas); - colocar avisos e sinalizaes ao fazer reparos e manutenes; - no fazer reparos ou manuteno em instalaes e equipamentos energizados e - deixar trabalhos em aparelhos e instalaes para tcnicos especializados.

Quanto ao socorro de um acidentado por choque eltrico deve-se sempre ter em mente que a primeira coisa a fazer interromper a passagem da corrente. Quanto antes for feito, menor ser a descarga eltrica no organismo do acidentado e maior a sua chance de sobrevida. Deve-se desligar a chave geral ou se isto no for possvel, atravs de um material isolante (basto de madeira seca, luvas isolantes etc), interromper o contato. Aps a interrupo do contato, se houver parada respiratria e parada cardaca, deve-se fazer a respirao boca a boca e a massagem cardaca sob o risco do acidentado ter morte cerebral de 3 a 4 minutos. Este processo deve ser mantido at a presena de um mdico. Se houver fibrilao ser necessrio, como j comentado, a utilizao de um desfibrilador.

3.1.2.5 Radiaes ionizantes e no ionizantes

A - Radiaes ionizantes Podem ser de procedncia natural ou artificial. Estas radiaes so chamadas de ionizantes, pois elas ionizam o meio que a cerca alterando o estado normal da(s) substncia(s) que esto em contado com a fonte de radiao. So

radiaes ionizantes: os raios X, alfa, beta, gama e outras. Os efeitos dessas radiaes38

podem se manifestar a curto ou a longo prazo. A curto prazo, podem provocar vmitos, alteraes no sangue, infeces, queimaduras e hemorragias. A longo prazo, os efeitos so muito mais graves: podem produzir alteraes irreversveis nos lipdios e nas clulas, catarata, leucemia e cncer. So exemplos de exposio a radiaes ionizantes: servios de raios X, servios de medicina nuclear, trabalhos em usinas nucleares etc.

B - Radiaes no-ionizantes Nesta categoria esto includas as microondas, as radiaes ultravioleta e infravermelha, a luz visvel, as radiofreqncias e o laser. Os efeitos das radiaes no-ionizantes variam segundo o tipo, a intensidade e a durao dessas radiaes e segundo as condies de absoro e de reflexo do local e do equipamento de trabalho. Em geral, provocam riscos de queimadura, em maior ou menor grau, e de leses oculares distintas (conjuntivite, inflamao da crnea e catarata). So exemplos de exposio a radiaes no-ionizantes: servios de soldagem eltrica e oxiacetilnica, trabalhos com radiofreqncia e microondas, trabalhos com laser na medicina e em telecomunicaes.

3.1.2.6 Vibraes Os efeitos de qualquer vibrao devem ser entendidos como conseqncia de uma transferncia de energia para o corpo humano, que atua como receptor de energia mecnica. Como efeito de uma fonte de vibrao, podemos sentir cansao, irritao, dor de ouvido, dormncia nas mos, braos e coluna. Podemos tambm passar a sofrer de artrite, problemas digestivos, problemas nas articulaes, leses sseas e leses circulatrias. So exemplos de fontes de vibrao: o uso de marteletes pneumticos, de lixadeiras, de motosserras; dirigir tratores, mquinas pesadas, nibus etc.

3.1.2.7 Presses anormais So aquelas que esto abaixo ou acima da presso atmosfrica. Os problemas esto relacionados com ambientes de alta presso: pode ocorrer ruptura do tmpano, irritao dos pulmes, dores abdominais, dor de dente, exoftalmia (salincia exagerada do globo ocular), obstruo dos vasos sanguneos, embolia traumtica pelo39

ar, embriaguez das profundidades, intoxicao pelo oxignio e gs carbnico, e doena descompressiva. Os trabalhos de mergulho, de minerao subterrnea e em caixes pneumticos deixam as pessoas expostas a esse tipo de problema.

3.1.3 Riscos biolgicos So aqueles constitudos por seres vivos capazes de afetar a sade do trabalhador, como os microrganismos (vrus, bactrias, bacilos, fungos etc.). Estes podem causar doenas de natureza distinta, que em muitos casos se transmitem de outros animais ao homem, como as zoonoses. Em geral, os maiores riscos biolgicos so aqueles ligados cria e ao cuidado de animais (em estbulos e cavalarias), manipulao de produtos de origem animal (resduos deteriorados de animais), servios de limpeza pblica (lixo urbano), servios de exumao de corpos em cemitrios, trabalhos em laboratrios biolgicos e clnicos, em hospitais, em unidades de emergncia, em esgotos (galerias e tanques). As medidas de proteo contra esses grupos de risco biolgicos so: vacinao, esterilizao, higiene pessoal, uso de equipamento de proteo individual EPI, ventilao adequada e controle mdico. Na verdade os agentes biolgicos esto presentes em todos os locais de trabalho. So organismos vivos, portanto fontes potenciais de doenas. Embora presentes no ambiente de trabalho, para que provoquem doenas, faz-se necessrio analisar alguns fatores desecadeantes como: - a natureza dos agentes ambientais; - a concentrao da intensidade desses agentes; - o tempo de exposio a eles. Assim, notamos que em funo do tipo de atividade, algumas classes de trabalhadores ficam mais expostas a esses agentes, devido natureza de seu trabalho, como por exemplo: mdicos, enfermeiros, trabalhadores em curtumes, funcionrios de hospitais, lixeiros, tratadores de gado, tratadores de esgoto, gabinetes de autpsia etc. Para citar algumas doenas causadas por esses agentes teramos: infeces, tuberculose, ttano, febre tifide, AIDS, varola, leptospirose, raiva e outras.

40

3.1.4 Riscos ergonmicos

Os riscos ergonmicos so aqueles decorrentes da inadaptao ou ajustamento imperfeito do sistema homem-mquina. A ergonomia tem por objetivo principal a adaptao das condies de trabalho s caractersticas fsicas e psicolgicas do homem, tais como: a capacidade fsica, as dimenses corporais, fora muscular, possibilidades de interpretao de informaes pelo aparelho sensorial (viso, audio), capacidade de tratamento das informaes pelo crebro em termos de rapidez e complexidade etc. A ergonomia analisa as exigncias da tarefa confiada a um operador e os diferentes fatores que influenciam as relaes entre o homem e o trabalho, tais como: - as caractersticas materiais do trabalho: fontes de informao (formas de apresentao de painis, mostradores e intrumentos indicadores), peso dos instrumentos, foras a exercer, disposio e tipos de comandos, dimenses dos diferentes elementos que constituem o posto de trabalho, postura do operador, lay-out do ambiente e dispositivos de proteo das mquinas; - ambiente fsico do trabalho: rudo, vibraes, iluminao e condies trmicas; - a durao, os horrios, as cadncias do trabalho. Com a anlise dos fatores acima, a ergonomia buscar sempre aumentar o rendimento do trabalho humano (produtividade), visando a execuo das mesmas tarefas com o mnimo de risco (menos acidentes), erro e esforo (menor fadiga). A expresso Leso por Esforos Repetitivos LER ganhou dimenso a partir de 1992, uma vez que a situao comeava a fugir do controle, devido aos crescentes avanos de casos da LER. A partir de ento foi elaborado pelo Ministrio da Previdncia Social a norma tcnica sobre leses por esforos repetitivos, criando procedimentos administrativos e periciais para a preveno, a caracterizao e a reabilitao profissional. Com esta norma a tenossinovite passou a ser caracterizada como doena ocupacional. Atualmente a terminologia LER est sendo substituda, por alguns especialistas e entidades por DORT Doenas Osteomusculares Relacionadas com o Trabalho. Alguns exemplos dessas patologias: - bursites do cotovelo; - contratura de fscia palmar;41

- dedo em gatilho; - epicondilites do cotovelo; - sndrome do canal cubital; - sndrome do canal do carpo; - tendinite da poro longa do bceps e - outras.

Para a preveno da LER/DORT, deveremos atentar para o seguinte: - organizao do trabalho (isto envolve que o trabalhador deve ter liberdade de movimento para realizar suas tarefas e tambm pausas durante a jornada de trabalho); - contedo do trabalho (a empresa deve oferecer os recursos necessrios para a execuo das atividades em um ambiente planejado e sadio); - posto de trabalho (tanto o mobilirio como os equipamentos/ferramentas devem estar adptados s caractersticas fsicas do trabalhador e natureza das atividades executadas). Fatores que produzem carga fsica excessiva e, portanto, levam fadiga: - esforo fsico intenso; - levantamento e transporte manual de peso; - exigncia de posturas inadequadas; - repetitividade. Fatores que produzem carga psquica: - imposio de ritmo excessivo; - trabalho em turnos e trabalho noturno; - jornadas de trabalho prolongadas.

3.1.5 Riscos de Acidentes Os riscos de acidentes so representados por armadilhas (deficincias) nas instalaes ou em mquinas e equipamentos. Um local, setor ou posto de trabalho pode conter um ou mais elementos possveis de causar acidentes. Como exemplo, podemos citar: - arranjo fsico inadequado; - falta de guarda-protetoras em polias e correias; - falta de equipamentos eltricos de proteo;42

- falta de proteo (enclausuramento) das partes mveis das mquinas; - falta de dispositivos de segurana contra acionamento acidental da mquina; - falta de barreiras protetoras isolando a mquina; - iluminao inadequada; - armazenamento inadequado, principalmente de compostos qumicos; - animais peonhentos; - EPI inadequado; - problemas em edificaes; - falta de sinalizao; - etc.

Como conduta a ser desenvolvida no ambiente de trabalho, para diminuio destes riscos, sugere-se: a) Medidas de proteo coletiva, tais como: - substituio, se possvel, de matrias primas e insumos; - alterao no processo de trabalho; - isolamento da fonte de risco; - sistemas de ventilao.

b) Medidas de organizao do trabalho: - mudana de mtodo de trabalho; - reestrutura organizacional; - participao dos trabalhadores; - reduo do tempo de exposio dos trabalhadores aos riscos.

c) Medidas de proteo individual: - usar o(s) EPI(s) correto(s) para as tarefas a executar; - estar sempre atento sua atividade e ao ambiente.

d) Medidas de higiene e conforto: - higiene pessoal; - banheiros e lavatrios em condies; - vestirios e armrios em bom estado de conservao; - bebedouros instalados em pontos de fcil aceso;43

- refeitrio limpo e organizado; - reas de lazer adequadas para permitir que aliviem as tenses do perodo de trabalho.

Resumindo: sempre que um trabalhador observar que em algum ponto da empresa existe um possvel risco de acidente, deve informar aos responsveis para que esses riscos sejam eliminados, tornanto a jornada de trabalho mais agradvel para os trabalhadores.

44

4. MQUINAS, EQUIPAMENTOS E MATERIAIS.

A seguir feita uma abordagem dos assuntos mquinas, equipamentos e materiais conforme as normas regulamentadoras 11, 12 e 18 da Portaria 3214/78.

a) Operao de elevadores, Guindastes, Transportadores Industriais e Mquinas Transportadoras. 1. Os poos de elevadores e monta-carga devero ser cercados, solidamente, em toda sua altura, exceto as portas ou cancelas necessrias nos pavimentos. 2. Quando a cabina do elevador no estiver ao nvel do pavimento, a abertura dever estar protegida por corrimo ou outros dispositivos convenientes. 3. Os equipamentos utilizados na movimentao de materiais, tais como ascensores, elevadores de carga, guindastes, monta-cargas, pontes-rolantes, talhas, empilhadeiras, guinchos, esteiras-rolantes, transportadores de diferentes tipos, sero calculados e construdos de maneira que ofeream as necessrias garantias de resistncia e segurana, e conservao em perfeitas condies de trabalho. Especial ateno ser dada aos cabos de ao, cordas, correntes, roldanas e ganchos que devero ser inspecionados, permanentemente, substituindo-se as suas partes defeituosas. Em todo o equipamento ser indicado, em lugar visvel, a carga mxima de trabalho permitido. 4. Os carros manuais para transporte devem possuir protetores de mos. 5. Nos Equipamentos de transporte, com fora motriz prpria, o operador dever receber um treinamento especfico, dado pela empresa, que o habilitar nessa funo. Os operadores de equipamentos habilitados, s podero dirigir se durante o horrio de trabalho portarem um carto de identificao, com o nome e fotografia, em lugar visvel, e que ter validade de 1 (um) ano, e quando da renovao dever passar por exame de sade completo. 6. Os equipamentos de transporte motorizado devero possuir sinal de advertncia sonora (buzina).

b) Trabalho em atvidade de transporte de sacas

Denomina-se a expresso Transporte manual de sacos toda atividade realizada de maneira contnua ou descontnua, essencial ao transporte, manual de45

sacas, na qual o peso da carga suportado, integralmente, por um s trabalhador, compreendendo tambm o levantamento e sua deposio. A distncia mxima para o tranporte manual de um saco de 60 (sessenta) metros, alm desse limite dever ser realizado mediante impulso de vagonetes, carros, carretas, carros-de-mo apropriados ou qualquer tipo de trao mecanizada. As pilhas de sacos, nos armazns, tero altura mxima correspondente a 30 (trinta) fiadas de sacos se for utilizado processo mecanizado de empilhamento ( uso de esteiras-rolantes, dalas ou empilhadeiras), e para processo manual de empilhamento ser a altura mxima correspondente a 20 (vinte) fiadas. O piso do armazm dever ser constitudo de material no escorregadio, sem aspereza, devendo ser evitado o transporte de sacos em pisos escorregadios ou molhados, e sendo o piso mantido em perfeito estado de conservao. Dever ser providenciado cobertura apropriada nos locais de carga e descarga de sacaria.

c) Armazenagem de Materiais O peso do material armazenado no poder exceder a capacidade de carga calculada para o piso, devendo o material empilhado ficar afastado das estruturas laterais do prdio a uma distncia de pelo menos 50 (cinqenta) centmetros. A disposio da carga dever evitar a obstruo de portas, equipamentos contra incndio, sadas de emergncia, no dificultar o trnsito e a iluminao.

d) Mquinas e Equipamentos Os pisos dos locais de trabalho onde se instalarem mquinas e equipamentos devem ser vistoriados e limpos, sempre que apresentarem riscos provinientes de graxas, leos e outras substncias, que os tornem escorregadios. As vias principais de circulao, no interior dos locais de trabalho, e as que conduzem s sadas devem ser demarcadas e mantidas permanentemente desobstrudas. As mquinas e os equipamentos devem ter suas transmisses de fora enclausuradas dentro de sua estrutura ou devidamente isolada por anteparos adequados. As mquinas e os equipamentos que ofeream risco de ruptura de suas partes, projeo de peas ou partes delas, devem ter os seus movimentos, alternados ou rotativos, protegidos. Ainda que no seu processo de trabalho lancem partculas de46

material, devem ter proteo, suficientemente resistentes, para que essas partculas no ofeream riscos. As mquinas e os equipamentos que utilizem ou gerem energia eltrica devem ser aterrados eletricamente, conforme previsto na NR 10. Os reparos, limpeza, os ajustes e a inspeo somente podem ser executados com as mquinas paradas, salvo se o movimento for indispensvel sua realizao, e sendo estas executadas por pessoas devidamente credenciadas pela empresa. Os operadores no podem se afastar das reas de controle das mquinas sob sua responsabilidade, quando em funcionamento e, nas paradas temporrias ou prolongadas, as mquinas devem ter seus controles colocados em posio neutra, acionados os freios e adotadas outras medidas, com o objetivo de eliminar riscos provinientes de deslocamentos. proibido a instalao de motores estacionrios de combusto interna em lugares fechados ou insuficientemente ventilados.

e) Condies e meio ambiente de trabalho na indstria da construo

Escadas, Rampas e Passarelas: As escadas de mo devem ter seu uso restrito para acesso provisrio e servios de pequeno porte. proibido o uso de escada de mo com montante nico. proibido colocar escadas de mo: a) nas proximidades de portas ou reas de circulao; b)onde houver riscos de queda de objetos ou materiais; c)nas proximidades de aberturas e vos. - A escada de mo deve: a) ultrapassar em 1,00 m o piso superior; b) ser fixada nos pisos inferior e superior ou ser dotada de dispositivos que impeam o seu escorregamento; c) ser dotada de degraus antiderrapantes; d) ser apoiada em piso resistente. - proibido o uso de escadas de mo junto a redes e equipamentos eltricos desprotegidos.

47

A escada fixa, tipo marinheiro, com 6,00 m ou mais de altura, deve ser provida de gaiola protetora a partir de 2,00 m acima da base at 1,00 m acima da ultima superfice de trabalho. As rampas e passarelas provisrias devem ser construdas e montadas em perfeitas condies de uso e segurana.

Medidas de proteo contra quedas de altura obrigatria a instalao de proteo coletiva onde houver risco de queda de trabalhadores ou projeo de materiais.

Movimentao e transporte de materiais e pessoas Os equipamentos de transporte vertical de materiais e de pessoas devem ser dimensionados por profissional legalmente habilitado. Todos os equipamentos de movimentao e transporte de materiais e pessoas devem ser operados por trabalhadores qualificados, o qual ter sua funo anotada em Carteira de Trabalho. No transporte vertical ou horizontal de concreto, argamassa ou outros materiais, proibida a circulao ou permanncia sob a rea de movimentao da carga, sendo a mesma isolada e sinalizada. No transporte e descarga de perfis, vigas e elementos estruturais, devem ser adotadas medidas preventivas quanto sinalizao e isolamento da rea. Estruturas ou perfis de grande superfcie somente devem ser iados com total preocupao contra rajadas de vento. Todas as manobras de movimentao devem ser executadas por trabalhador qualificado e por meios de cdigo de sinais convencionais:

48

49

Elevadores Os elevadores de caamba devem ser utilizados apenas para transporte de material a granel. proibido o transporte de pessoas por equipamento de guindar. proibido o transporte de pessoas nos elevadores de materiais. Deve ser fixado uma placa no interior do elevador de material, contendo a indicao de carga mxima e a proibio de transporte de pessoas. proibido o transporte simultneo de carga e passageiro no elevador de passageiro. O elevador de passageiro deve ter um livro de inspeo, no qual o operador anotar, diariamente, as condies de funcionamento e de manuteno do mesmo. Este livro dever ser visto e assinado semanalmente pelo responsvel da obra. A cabine do elevador automtico de passageiro deve ter iluminao e ventilao natural ou artificial durante seu uso e indicao do numero mximo de passageiros e peso mximo equivalente (kg).

50

Andaimes O dimensionamento dos andaimes, sua estrutura de sustentao e fixao, deve ser realizada por profissional legalmente habilitado. A madeira para a confeo de andaimes deve ser de boa qualidade, seca, sem apresentar ns e rachaduras que comprometam a sua resistncia, sendo proibido o uso de pintura que incubra imperfeies. Os andaimes devem dispor de sistema guarda-corpo e rodap, inclusive nas cabeceiras, em todo o permetro, com exceo do lado de face de trabalho. proibido, sobre o piso de trabalho de andaimes, a utilizao de escadas e outros meios para se atingir lugares mais altos. proibido o trabalho em andaimes apoiados sobre cavaletes que possuam altura superior a 2,00 m e largura inferior a 0,90 m. Em andaimes suspensos mecnicos proibido o uso de cordas de fibras naturais ou artificiais para a sustentao dos andaimes. Em quaisquer atividades em que no seja possvel a instalao de andaimes permitida a utilizao de cadeira suspensa (balancim individual). O trabalhador deve utilizar cinto de segurana tipo pra-quedista, ligado a trava-quedas, em cabo-guia independente.

Transporte de trabalhadores em veculos automotores O transporte coletivo de trabalhadores em veculos automotores dentro do canteiro de obras ou fora dele deve observar as normas de segurana vigente (Cdigo de Trnsito Brasileiro e legislao complementar). A conduo do veculo deve ser feita por condutor habilitado para o transporte coletivo de passageiros. A utlizao de veculos, a ttulo precrio para o transporte de p