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    Esquemas grficos para informar: a Linguagem Grfica

    Esquemtica na produo e utilizao de livros

    didticos infantis na cidade do Recife

    Graphical schemes to inform: Schematic Graphic Language on the production anduse of textbooks for children in Recife

    Silva, Jos Fbio Luna; Mestre; Universidade Federal de [email protected]

    Coutinho, Solange Galvo; PhD; Universidade Federal de [email protected]

    Resumo

    Esquemas grficos do cotidiano representam uma poderosa ferramenta que pode serincorporada cultura visual da escola por meio dos artefatos educacionais. Este artigoapresenta um estudo sobre o uso da Linguagem Grfica Esquemtica (LGE) em livrosdidticos infantis, apresentando trs pesquisas subsequentes, que objetivam: 1) identificaresquemas, disciplinas e ano de escolaridade mais representativos; 2) analisarcomparativamente esquemas mais e menos eficazes; e 3) verificar o grau de familiaridade dosprofissionais originadores e consumidores desses artefatos com a LGE. Os resultados

    apontam timidez no uso de esquemas nesses artefatos e necessidade de maior integrao entreprofessor, autor e designer.

    Palavras Chave:design; linguagem grfica; livro didtico.

    Abstract

    Schemes of the daily charts are a powerful tool that can be incorporated into the visual

    culture of the school by means of educational artifacts. This article presents a study on the

    use of Schematic Graphic Language (SGL) in books for children, with three subsequentresearch, which aim to: 1) identify schemes, disciplines and years of schooling more

    representative, 2) comparative analysis schemes more effective and less and 3) determine the

    degree of familiarity of professional originators and consumers of these artifacts with SGL.

    The results show timidity in the use of schemes such artifacts and the need for greater

    integration between teacher, author and designer.

    Keywords: design; graphic language; textbook.

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    Esquemas grficos para informar: a Linguagem Grfica Esquemtica na produo e utilizao de livros

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    9 Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design

    IntroduoA convivncia diria com a linguagem grfica sentida atravs do bombardeio dos

    meios de comunicao impresso e digital, suporte das mudanas tecnolgicas. Para umamaior capacidade receptiva, o indivduo precisa estar apto a decodificar, interagir e

    reprocessar tais informaes, ou seja, adquirir conhecimentos acerca da linguagem grficapara uma produo imagtica dinmica e eficiente dentro de um sistema informacional.

    Horn (1998) argumenta que a linguagem visual, como em outras formas de linguagem,deve ter carter comunitrio para possibilitar a interpretao dos mesmos sinais da mesmaforma pelos usurios. Essa afirmativa s vem acrescentar a necessidade em se interagir asreas do design e da educao, j que o ambiente escolar encontrar-se imerso em informaesvisuais que, por diversas vezes, no so planejadas graficamente e, conseqentemente, maldecodificadas pelos alunos.

    Neste sentido, a otimizao da cultura visual na escola, por meio de investigaes queabordem estudos no campo do design da informao, tambm pode ser encarada comocompromisso social com a educao brasileira, beneficiando de forma significativa qualidade do ensino no pas atravs da identificao dos problemas e da busca de soluesnos sistemas informacionais dos artefatos educacionais.

    Sendo assim, este trabalho tem como objetivo geral fazer um estudo sobre o uso daLinguagem Grfica Esquemtica em livros didticos do Ensino Fundamental com foco naconfigurao visual do contedo informacional e nos profissionais envolvidos na suaproduo e utilizao em sala de aula.

    Comunicao e Linguagem VisualA comunicao entre indivduos s efetiva quando estes esto inseridos num sistema

    de significados comuns, denominado de veculoou linguagem. Este veculo pode promover a

    comunicao a partir de elementos escritos, visuais, sonoros e gestuais, estabelecendovnculos de tempo e espao.

    Como em outros processos de comunicao, na linguagem visual o seu esquema bsico composto por um remetente e um destinatrio que, para transmitir uma mensagem, muitasvezes distorcida por rudos, se utilizam de um canal. Este tem uma relao imediata com aeficcia na compreenso da informao, j que a captao da mensagem pelo destinatrio estdiretamente relacionada com a interseco entre os repertrios do emissor e do destinatrio(Coelho, 1985).

    Desse ponto possvel afirmar que, para o homem contemporneo, o sentido da visoest sendo cada vez mais requisitado em virtude do avano tecnolgico e da velocidade dainformao. Tal qual a linguagem verbal, preciso tornar a visual um dos meios de

    comunicao que constitua um conjunto de normas, cdigos e preceitos para se alcanar oalfabetismo visual defendido por Dondis (1999).

    Modos de simbolizao da Linguagem Grfica (LG)O modelo proposto por Twyman (1979) divide a linguagem em dois canais: auditivoe

    visual. A estrutura da linguagem visual representada no diagrama da Figura 1, onde seobserva a sua decomposio em grfica e no-grfica. A Linguagem Visual Grfica divididaem Verbal, PictricaeEsquemtica.

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    Figura 1: Esquema de classificao da linguagem (TWYMAN, 1979).

    A Linguagem Grfica Verbal (LGV) aquela que utiliza palavras (alfabtica) e nmeros(algortmica) como meios de simbolizao, podendo ser ainda dividida em feito mo(escrita) ou feito mquina (impresso, videotexto). Existem vrias formas de configurar oucombinar este tipo de linguagem, atravs de seus elementos intrnsecos (tipografia, corpo, usode Caixa Alta, etc.) e extrnsecos (espaamento entre linhas, recuo, alinhamento da coluna,

    etc.). No mbito da Linguagem Visual Pictrica (LGP) encontramos vrias formas de imagenspor meio de suas tcnicas de representao: fotografia, desenho, pintura, gravura, colagem,manipulao de softwares grficos, entre outras. Twyman (1985) conceitua a imagem comorepresentao figurativa de alguma coisa, a qual carrega propriedades icnicas do que representado, sendo produzidas manual ou mecanicamente e associadas aparncia de coisasreais ou imaginrias.

    Entendendo a Linguagem Grfica Esquemtica (LGE)A linguagem grfica considerada esquemtica quando utiliza elementos visuais no-

    verbais ou no-pictricos como meio de simbolizao e, de acordo com Coutinho (2002), para

    comunicar uma mensagem, geralmente empregada simultaneamente com a LGV ou LGP,por meio de exemplos como: mapas, tabelas, diagramas, infogrficos, quadrinhos, entreoutros.

    No caminho para o desenvolvimento da LGE est a Semiologia Grfica, campo queestuda os sistemas no-verbais com a finalidade de suplementar a comunicao verbal e/ouexerc-la de modo independente. O conceito semiolgico fundamental o signo, quegeralmente representa um objeto material de investimento semntico, osignificado. Enquantoque na imagem figurativa tentamos identificar coisas, num esquema grfico essas coisas jso indiscutivelmente definidas e admitidas como tais, ou seja, o signo na linguagemesquemtica monossmico1. Segundo Bertin (1988), para que essas relaes apaream preciso que a transcrio grfica conserve as propriedades atribudas a essas coisas. Se, porexemplo, considera-se o tempo como ordenado, uma transcrio desordenada torna-se intil.Portanto, a transcrio grfica no livre j que no pode transgredir as propriedades naturaisdas variveis visuais.

    Categorias da LGE para livros didticos infantisCategorizar a LGE no tarefa fcil, pois, para alguns pesquisadores, existe muita

    ambigidade em classificar uma mensagem grfica no modo esquemtico, pictrico ouverbal/numrico. Isso porque em muitos documentos grficos, so utilizadas,simultaneamente, essas trs maneiras de simbolizao combinadas entre si.

    No temos a pretenso de, no presente trabalho, propor tais categorias, mas acreditamos

    que elas podem ser convencionadas ou adotadas a partir do objeto de anlise e de suascaractersticas grficas mais representativas. Com este olhar, adotaremos a classificao da

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    LGE trabalhada por Coutinho & Silva2(2007) para anlise grfica de livros didticos infantis.Tal classificao apresenta as seguintes categorias:

    Diagrama

    O diagrama geralmente considerado como uma representao grfica de umdeterminado fenmeno, sistema ou organizao, utilizando elementos e formas bsicas paraconfigurar a mensagem. Horn (1998) divide os diagramas em: a) De conjunto: utilizado paranomear objetos ou partes destes, descrever funes, indicar localizao, etc; b) De estrutura/organizao: representa esquematicamente a diviso de elementos em subcategorias(diagrama-rvore); c) De atividades/eventos/passos: representao esquemtica de seqnciade passos de uma tarefa; d)De fluxo de sistema: representao esquemtica dos componentesde um sistema e seu fluxo (Figura 2).

    Figura 2: Diagrama de fluxo de sistema. Gesto documental de arquivos.

    TabelaTwyman (apudLima, 1994:7) defende que a tabela caracterizada pela organizao dasinformaes em linhas e colunas, formando clulas e fazendo com que a leitura seja realizadano acompanhamento dos eixos vertical e horizontal, ao contrrio do texto. Geralmente,combinam palavras e nmeros, podendo apresentar mais textos ou mais nmeros, e, emalguns casos, ilustraes nos cabealhos das linhas ou colunas.

    Figura 3: Tabela com elementos pictricos relacionado aos dados verbais e numricos.

    MapaFrancischett & Marchesan (2003:2) afirmam que o mapa oferece possibilidades de

    compreenso das dimenses significativas do espao geogrfico representado, favorecendo o

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    desenvolvimento cognitivo do aluno atravs do reconhecimento dos smbolos e configuraescaractersticas desse tipo de representao. Os autores defendem que:

    [...] o mapa uma representao cartogrfica do espao, um recurso didtico

    meditico entre a realidade e o leitor da realidade espacial, neste caso, o aluno. Omapa reproduz um sistema de signos que expressam valores sociais, culturais ehistricos. (Francischett & Marchesan, 2003, p. 2)

    Figura 4: Mapa de atividade econmica do Brasil.

    InfogrficoMuitas vezes utilizado como infografia, o termo infogrfico segue diferentes vertentes e

    possui diversas definies. Para Peltzer (1992:130), os infogrficos se qualificam comoexpresses grficas, mais ou menos complexas, de informaes cujos contedos so fatos ouacontecimentos, de explicao de como algo funciona ou, ainda, de como uma coisa.

    Os infogrficos tem a caracterstica de permitir a entrada de informaes detalhadas queno cabem ou no so convenientes no texto. Eles esto dentro de um sistema hbrido decomunicao, pois misturam palavras, nmeros e imagens, com a utilizao simultnea dalinguagem verbal e visual (RAJAMANICKAN, 2005). Alm de auxiliar na compreenso deum contedo baseado em texto, essa combinao de linguagens tambm permite apresentarinformaes sem ambigidades (MORAES, 1998).

    Englobando esses conceitos, entendemos o infogrfico como um recurso de narrativavisual, que consiste na utilizao ou combinao de elementos pictricos e verbais,potencializando e facilitando a compreenso de contedo baseado em texto, seja eledescritivo, procedimental, quantitativo ou factual.

    Para efeito de nossa pesquisa, adotaremos as classificaes de Moraes (1998) e

    Rajamanickan (2008), que categorizam os infogrficos a partir do tipo de informaoutilizada.Classificao de Moraes (1998): a) Descritivos: descreve fatos a partir de desenhos ou

    imagens detalhadas; b) Explicativos: explicam a relao causa-efeito em determinadoacontecimento, funcionamento de um equipamento ou objeto; c) Investigativos (Figura 5):representam um trabalho de investigao e tem a finalidade de levantar e relacionar os passosde uma ao; d) De apresentao: representam eventos de grande repercusso programadoscom antecedncia; e)De informaes quantitativas: transformam a informao numrica emvisual; f) De reconstituio: representam uma ao passada, descrevendo-a; g) De fatos:elaborados a partir do material fornecido por reprteres ou por pesquisa prpria.

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    Figura 5: Infogrfico Investigativo. Crise na embaixada brasileira.

    Classificao de Rajamanickam (2008): a) Espacial: descreve posies relativas erelacionamentos espaciais num local fsico ou conceitual; b) Cronolgico (Figura 6):apresenta posies seqenciais e relacionamentos de causa numa linha de tempo; e c)Quantitativo: expe dados de escala, proporo, mudana e organizao das quantidades noespao, tempo, ou em ambos.

    Figura 6: Infogrfico do tipo linha do tempo.

    Metodologia e anlise dos dadosEsta pesquisa busca trabalhar a problemtica da cultura visual no artefato educacional

    especificamente a LGE no livro didtico por meio de uma abordagem qualitativa edescritiva, que pretendeu explorar, indicar e analisar as informaes de um pequeno grupo deelementos envolvidos e disponveis. Silvio Luiz de Oliveira (2004) afirma que o ponto

    determinante para seguir uma metodologia de conotao quantitativa ou qualitativa amaneira ou o enfoque com que se pretende analisar um determinado problema ou fenmeno.(Oliveira, 2004, p. 116)

    O nmero reduzido de livros didticos e de profissionais envolvidos nos permitiu umaateno mais profunda das particularidades dessas colees editoriais, do ponto de vista dodesign, bem como das opinies e repostas geradas dos autores e professores que utilizam emsala de aula esses artefatos.

    Para atender as expectativas do objetivo geral, esta pesquisa abrangeu trs etapasdistintas, seqenciais e complementares entre si: 1) Pesquisa exploratria; 2) Pesquisaanaltica; e 3) Pesquisa experimental.

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    Etapa 1: Pesquisa exploratriaA pesquisa exploratria foi realizada no perodo de 03 a 15 de maio de 2008, com visitas

    em escolas e editoras, objetivando reunir material para anlise. O critrio adotado foi trabalharcom livros de uma mesma coleo entre o 2 e o 5 ano do Ensino Fundamental.

    O modelo de anlise desta etapa (Figura 7) foi baseado no esquema proposto porTwyman (1979) com o objetivo de: a) verificar o nvel de ocorrncia da LGE em relao aosmodos verbal e pictrico nesses livros; b) identificar as duas disciplinas nas quais osesquemas so mais utilizados; c) Identificar o ano de escolaridade de maior incidncia daLGE.

    Figura 7: Instrumento de coleta de dados da Pesquisa Exploratria (baseado em Twyman, 1979).

    Tambm baseado na pesquisa de Coutinho & Silva (2007), o instrumento de coleta dedados apresenta subdivises, para os trs principais modos de simbolizao da LinguagemGrfica, indicados por Twyman (1979): a) VERBAL: palavras e nmeros; b) PICTRICO:fotografia, desenho, pintura, gravura, recorte, outro (figuras geomtricas); e c)ESQUEMTICO: diagrama, tabela, mapa, infogrfico, quadrinho, outro (cruzadinhas, caa-palavras). Para o cruzamento das informaes, nas clulas do eixo vertical esto as disciplinasdo Ensino Fundamental: Lngua portuguesa, Matemtica, Histria, Geografia e Cincias.Foram apreciadas um total de 3.664 pginas para a verificao das ocorrncias.

    Discusso dos resultadosPara a obteno dos dados, foram quantificadas todas as incidncias das categorias dos

    trs modos de simbolizao (Ver Tabela 1) das pginas analisadas.Tabela 1Modos de simbolizao (pginas)

    ANO DISCIPLINAVERBAL PICTRICO ESQUEMTICO

    Lngua Portuguesa 220 223 46Matemtica 646 362 102

    Histria 141 59 24Geografia 129 23 38

    2

    Cincias 189 144 8SUB TOTAL 1 1325 1021 218

    Lngua Portuguesa 244 140 593 Matemtica 402 126 52

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    Histria 96 86 33Geografia 103 78 37

    Cincias 209 152 54SUBTOTAL 2 1054 582 235

    Lngua Portuguesa 277 111 62Matemtica 436 238 159

    Histria 143 62 19Geografia 125 60 22

    4

    Cincias 328 177 54SUBTOTAL 3 1309 648 316

    Lngua Portuguesa 257 217 58Matemtica 440 199 128

    Histria 173 192 35Geografia 154 111 52

    5

    Cincias 154 141 29SUBTOTAL 4 1178 823 302

    TOTAL GERAL 4866 3074 1071

    Visualizando os dados resultantes, percebe-se que o nvel de incidncia da LGE foi bemmenor se comparado com a Verbal ou a Pictrica. Ficou evidente que o ano de escolaridadeque mais apresentou esquematizaes foi o 4 (antiga 3 srie), com 316 modos desimbolizao esquemticos.

    2 ANO

    PORTUGUS

    5

    10

    15

    20

    25

    30

    MATEMTICA

    Nde

    incidncia

    de

    infogrficos

    porano

    35

    22

    1

    18

    0

    5

    15

    2

    11

    HISTRIA

    2

    5

    0 0

    GEOGRAFIA

    46

    13

    CINCIAS

    34

    12

    0

    5

    3 ANO 4 ANO 5 ANO Figura 8: Resultado da incidncia dos infogrficos nos livros das disciplinas do 2 ao 5 ano.

    Em relao incidncia de infogrficos nos livros analisados, os resultados revelam queo total alcanado no somatrio dos livros de Matemtica e Cincias do 4 ano maior que emtodos os outros anos e nas demais disciplinas. Foram contabilizados 22 infogrficos nadisciplina de Matemtica e 34 infogrficos na disciplina de Cincias (Figura 8).

    Etapa 2: Pesquisa analticaTomando como base os dados da Pesquisa exploratria, foi iniciada uma nova pesquisa

    de campo para coleta dos livros adotados em trs escolas do Recife no ano letivo de 2008.Foram analisados todos os infogrficos presentes nos livros de Matemtica e Cincias do 4

    ano, num total de 42 para Matemtica e 45 para Cincias.

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    O instrumento de anlise utilizado para a segunda fase (Figura 9) foi o modelo dasVariveis de Apresentao Grficade Paul Mijksenaar (1997). As Variveis analisadas foramas seguintes: a)Diferenciadoras: diferem ou classificam-se de acordo com o tipo ou categoriagrfica (cor, ilustrao, coluna, fonte tipogrfica); b)Hierrquicas: classificam-se de acordo

    com a importncia (posio seqencial, posio na pgina, tamanho e peso do tipo etc.); c)Desuporte: so aquelas que imprimem nfase em um documento (cor, sombreamento, linhas eboxes, smbolos, logos, vinhetas e atributos do texto).

    Figura 9: Modelo das Variveis de Apresentao Grfica de Documentos proposta por Mijksenaar (1997).

    O modelo de Mijksenaar (1997) faz uma anlise geral do documento grfico,identificando possveis problemas na sua estrutura. Na anlise dos infogrficos retirados doslivros didticos das trs escolas, procuramos identificar essas relaes grficas, eficientes ou

    no, fazendo, assim, uma anlise comparativa dos infogrficos mais ou menos eficazes apartir dos pontos positivos e negativos. O objetivo foi colher material para utilizao napesquisa experimental, enfatizando a anlise dos esquemas grficos pelo mtodo comparativo.

    Discusso dos resultadosTodas as incidncias dos trs grupos de variveis grficas foram contabilizadas e

    dispostas de maneira que podemos obter as seguintes informaes:a) Nos livros de Matemtica, o posicionamento dos esquemas privilegiado

    hierarquicamente e, muitas vezes, ocupa mais da metade da pgina. J nos livros de Cincias,essa disposio na pgina acontece de modo mais discreto ou secundrio (Figura 10).

    Figura 10: Posio do esquema na pgina. Matemtica (esquerdo) e Cincias (direito).

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    b) Grande parte dos esquemas encontrados no utilizava separao em colunas,principalmente nos infogrficos de Cincias, com 82,2% do total (37 unidades). A pesquisaexploratria mostrou que os infogrficos desta disciplina so sequenciais (Figura 11). Nestesentido, Spinillo (2002) recomenda o uso elementos visuais para separar as ilustraes de

    forma consistente, evitando ambigidades e falta de uniformidade visual. (Spinillo, 2002, p.43).c) A disciplina que mais apresentou diferenciao pela cor em seus esquemas grficos

    foi Matemtica (Figura 12), pois 41 dos 42 infogrficos analisados foram impressos empolicromia, demonstrando a importncia da variedade de cores nos esquemas quantitativos(barra, pizza, linha).

    Os dados obtidos nessa anlise forneceram subsdios materiais imprescindveis prxima etapa. Por intermdio do modelo de anlise adotado, foi possvel identificar oselementos e as caractersticas grficas utilizadas na composio dos infogrficos dasdisciplinas de Matemtica e Cincias e, como conseqncia, os mais ou menos eficazes.

    Figura 11: esquemas com (topo) e sem (acima) elementos de separao visual.

    PRESENTE AUSENTE

    Cor

    Ilustrao

    Coluna

    Tipo( )typeface

    1

    5 10 15 20 25 30 35 40

    2220

    VARIVEIS DIFERENCIADORAS | 4 ANO | MATEMTICA

    1428

    1725

    41

    Figura 12: Resultado da incidncia de variveis diferenciadoras nos infogrficos dos livros de Matemtica.

    Etapa 3: Pesquisa experimental

    Esta etapa da pesquisa utilizou a tcnica do Grupo Focal, que, como nas duas fasesanteriores, busca coletar os dados atravs de uma abordagem qualitativa. Essa tcnica vem

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    sendo utilizada desde os anos 50 em pesquisas mercadolgicas da rea do marketing e, apartir dos anos 80, passa a ser utilizada por outras reas do conhecimento, como a sociologia ea antropologia.

    O encontro do Grupo Focal foi realizado no dia 02 de dezembro de 2009, das 19h25 e

    21h22, nas dependncias da Escola Municipal da Iputinga (Recife, PE) e contou com osparticipantes discriminados na Tabela 2.

    Tabela 2CONVENO FUNO INTEGRANTEP Moderador PesquisadorPA Participante A Autor de livro didtico n 1PB Participante B Autor de livro didtico n 2PC Participante C Professor usurio de livro didtico n 1PD Participante D Professor usurio de livro didtico n 2PE Participante E Designer de livro didtico n 1PF Participante F Designer de livro didtico n 2

    Para dinamizar a discusso em torno do nosso objeto de estudo foram elaboradas trstarefas, que possibilitaram a aquisio das informaes almejadas, que puderam seralcanadas pelo discurso dos participantes ou produo dos esquemas grficos feitos por eles.

    As tarefas 1 e 2 consistiram na construo de dois esquemas grficos e foram elaboradasa partir de dois pargrafos de texto verbal, que envolveu apenas palavras e nmeros. Cadapargrafo correspondia a um determinado contedo das disciplinas de Matemtica e Cinciascom o objetivo de obter um esquema quantitativo (Tarefa 1) e um explicativo (Tarefa 2).

    Figura 13: Esquemas elaborados pelos participantes D, A e F para a Tarefa 1.

    O esquema elaborado pela Participante D (professora) para representar o texto da Tarefa1 indicou dificuldade em identificar o tipo de grfico adequado s informaes apresentadas.A semelhana entre os esquemas das participantes A (autora 1) e F (designer 2), incluindo a

    apresentao de ttulo, legenda, fonte e uso da cor em funo dos valores (Figura 13), refletida tambm pelo nvel de proximidade com a LGE apresentado por designer e autor delivro didtico infantil.

    Na Tarefa 2, a dificuldade de representar conceitos abstratos foi um ponto levantadopelos designers. Em seus discursos, foi evidenciada a importncia do texto como suporte parasolucionar esse problema, refletindo uma proximidade maior com conceitos e teoriasrelacionadas LGE. As esquematizaes produzidas revelaram uma variedade maior noselementos mais ou menos esquemticos. Isso pode ser comprovado pela representao dosparticipantes A (autora 1), C (professora 1) e E (designer 1), que utilizaram mais elementosverbais, pictricos e esquemticos, respectivamente (Figura 14).

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    Figura 14: Esquemas elaborados pelos participantes A, C e E para a Tarefa 2.

    A Tarefa 3 consistiu na anlise comparativa de infogrficos encontrados na pesquisaanaltica. Estes foram selecionados de acordo com a semelhana quanto tipologia (Figura15). Aspectos contemplados na discusso: o uso de elementos pictricos nas legendas deinfogrficos quantitativos; caractersticas do grfico de barras; utilizao de cor comoelemento de atrao e separao de etapas em infogrficos explicativos.

    Figura 15: Infogrficos selecionados para a Tarefa 3.

    Os infogrficos escolhidos pelos participantes foram os de nmero 2 (cinco votos), 4(cinco votos) e 5 (cinco votos). Os autores e professores defenderam um maior uso deesquematizaes auxiliadas por ilustraes, j que os elementos pictricos presentes noinfogrfico de nmero 2 apresentam objetos do cotidiano da criana, alm de remeter a outrasabordagens temticas e proporcionar uma maior independncia em relao ao texto.

    Mesmo reconhecendo uma maior aproximao com o universo ldico da criana noesquema 3, os professores e autores justificam a escolha pelo infogrfico 4 ao apontar um doserros do primeiro, referente relao contedo-forma: Com o grfico de barras voc trabalhaa questo da comparao... e neste caso perdeu o sentido... no tem muita necessidade decomparao (PA_248). Outro ponto negativo no infogrfico 4 seria a irregularidadenumrica, pois de acordo com os educadores, dificulta o raciocnio matemtico. O trabalhocom metros seria um erro porque ele ainda no tem essa idia de metros (PC_233).

    O infogrfico 5 foi escolhido pela maioria por apresentar uma sequncia mais clara (bem mais simples PC_261) e uma maior proximidade com o dia a dia da criana, j que elapode pegar recursos concretos, o copo, gua... Vai ser muito mais atrativo para ela(PC_261).

    Visualizando os resultados do experimento, consideramos que os argumentos dosprofessores e autores de livros didticos foram mais consistentes que os dos designers,

    relacionando as respostas com as experincias em sala de aula e com as especificidades decontedos das disciplinas envolvidas.

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    Esquemas grficos para informar: a Linguagem Grfica Esquemtica na produo e utilizao de livros

    didticos infantis na cidade do Recife

    9 Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design

    Consideraes finaisA presente pesquisa tornou possvel comprovar que o livro didtico, enquanto artefato

    educacional inserido no contexto histrico e social brasileiro, precisa apresentar elementos dacultura visual que trabalhem diretamente com a Linguagem Grfica Esquemtica (LGE),

    como o caso de diagramas, tabelas, mapas e infogrficos. Porm, dentre os livros coletadospara anlise, o maior percentual de esquemas grficos, presentes nos livros de Matemtica eCincias do 4 ano, ainda muito baixo (13,9%) se comparado com a Linguagem GrficaVerbal (57,58%) e Pictrica (28,50%).

    Tanto a anlise grfica dos infogrficos, presentes em livros de escolas do Recife, comoo experimento com os profissionais de educao e design apresentaram dados que apontam arelevncia do uso de esquemas grficos que utilizem cores e elementos visuais pertinentes aouniverso da criana. Isso facilitaria a leitura e eficcia da informao nesses artefatos.

    Diante dos resultados alcanados, incluindo o conhecimento construdo com os sujeitosdo experimento, consideramos que o livro didtico funciona como um documento de designque revela muito da cultura visual absorvida pela criana. Desse modo, a combinaotexto/imagem/esquema proporciona maior participao do aluno na aprendizagem, por meioda anlise dessa relao. O reconhecimento, pelo grupo, do valor didtico dos esquemasgrficos como ferramenta para a prtica docente, tambm remete necessidade de uma maiorintegrao entre os profissionais envolvidos na produo e uso do livro didtico.

    Notas1Palavras ou expresses que remetem a um mesmo sentido. O signo monossmico fechado,impede uma leitura plural. Cada significado corresponde a um nico significante.2Ver detalhadamente a anlise em Coutinho & Silva (2007, p.255-265).

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