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CLAUDIO MARCIO ARAUJO DA GAMA PROJETO DE REORGANIZAÇÃO DO ARQUIVO PERMANENTE DO INSTITUTO FEDERAL DO PARANÁ- IFPR

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CLAUDIO MARCIO ARAUJO DA GAMA

PROJETO DE REORGANIZAÇÃO DO ARQUIVO PERMANENTE DO

INSTITUTO FEDERAL DO PARANÁ- IFPR

Curitiba

2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

SETOR DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E APLICADACURSO DE ADMINISTRAÇÃO À DISTÂNCIA

CLAUDIO MARCIO ARAUJO DA GAMA

PROJETO DE REORGANIZAÇÃO DO ARQUIVO PERMANENTE DO

INSTITUTO FEDERAL DO PARANÁ- IFPR

Trabalho de Conclusão de Curso- TCC do Curso de Graduação em Administração à Distância da UFPR para obtenção do grau de Bacharel em Administração.

Professora: Adriana R. W. TakahashiOrientadora: Carla Patrícia da Silva Souza

Curitiba

2011

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.........................................................................................4

2. CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO.............................................6

3. DIAGNÓSTICO DA ORGANIZACIONAL..............................................10

4. DEFINIÇÃO DO PROBLEMA................................................................15

5. REFERENCIAL TEÓRICO......................................................................17

6. REFERENCIAL BIBLIOGRAFICO............................................................42

7. DISSEMINAÇÃO.....................................................................................88

8. SUSTENTAÇÃO......................................................................................94

9. CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................97

10. REFERENCIAL BIBLIOGRAFICO..........................................................99

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1. INTRODUÇÃO

O Ministério da Educação- MEC, através de estudos realizados entre 2003 e

2006, identificou uma carência relacionada à educação profissional, técnica e

tecnológica em todo o país. Como causas, teria sido identificado que o Governo

Federal deixou por conta dos Estados as atribuições referentes a este nível de

educação. Sendo assim, o Ministro de Estado da Educação, Fernando Haddad

relatou ao então Presidente da República Luís Inácio Lula da Silva o problema e

sugeriu que a esfera de poder criasse uma rede de escolas de ensino

profissionalizante, técnica e tecnológica para que o setor privado pudesse ser

suprido de mão-de-obra a fim de reduzir ou cessar a importação de trabalhadores

com estas qualificações para dar conta do crescimento econômico experimentado

então pelo país e verificado, ainda que em níveis um pouco menores ainda

atualmente. A presidência ordenou o ministério que criasse a dita rede.

A rede foi criada aproveitando uma rede já existente de Centros Federais de

Educação Tecnológica- CEFETs e Escolas Técnicas ligadas às Universidades

Federais. No Paraná, como o CEFET já havia sido transformado em Universidade

Federal Tecnológica do Paraná- UTFPR, a Escola Técnica da UFPR foi escolhida

para ser transformada em Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do

Paraná- IFPR. Esta transformação deu-se no final de 2008. Inicialmente começou a

funcionar com servidores cedidos da UFPR, da UTFPR e de outras instituições

federais de ensino. Passado o período de transição, em 2010 os servidores cedidos

que quiseram foram redistribuídos para o IFPR e os que não quiseram foram

devolvidos às instituições de origem. Os servidores que faltavam para dar conta da

rápida expansão do IFPR foram admitidos através de concurso público em 2010 e

como foram muitas nomeações no mesmo ano, a Pró-Reitoria de Gestão de

Pessoas- PROGEPE acumulou uma massa documental de processos de nomeação

e outros processos relacionados à Administração de Pessoas e Desenvolvimento de

Pessoas de modo que a gestão desta massa documental começou a perder

agilidade até porque foram várias as mudanças de edifícios em um período de

menos de dois anos.

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Chegou o momento de os processos passarem por auditoria externa pela

Controladoria Geral da União- CGU e Tribunal de Contas da União- TCU. A

PROGEPE, com carência de pessoas até que fossem nomeados e empossados

todos os servidores aprovados em concurso público, viu-se na oportunidade de

lançar mão de funcionários terceirizados e estagiários em Administração para que as

solicitações fossem atendidas no prazo adequado. Iniciados os trabalhos pelo

estagiário Claudio Marcio Araujo da Gama, então acadêmico de Administração pela

UFPR, este identificou necessidade de implantação de modernização da gestão

destes documentos enquanto o ambiente era propício a mudanças já que o IFPR

estava no início de suas atividades, recém-criado. Em paralelo a estas sugestões, a

PROGEPE já embrionava um projeto semelhante mas, no momento, não tinha

servidores especialmente designados para converter os documentos em arquivos

digitais e tampouco suporte tecnológico para disponibilizar o acesso destas

informações para os gestores da área e servidores.

Foi aí que Gama tomou a iniciativa de, aos poucos fazer a digitalização dos

documentos e arquivá-los inicialmente em arquivo de imagens compartilhado com

gestores da área. A ideia foi bem aceita mas, como a legislação exige a necessidade

de um arquivo físico, ainda continuou sendo necessária uma adequação da atual

estrutura a esta necessidade. A consequência imediata foi a redução drástica no

número de consultas e pesquisas aos processos físicos e um significativo ganho de

tempo para a estruturação de um sistema denominado Processo Verde. Este

sistema dependeria da criação de um Servidor (suporte tecnológico) uma vez que o

Sistema do IFPR seria sobrecarregado e poderia não funcionar como o planejado

devido ao acréscimo significativo de informações digitalizadas.

Enquanto isso, continuava a produção crescente de documentos a serem

mantidos em arquivo permanente. Foi quando a PROGEPE, através de Portaria,

designou um Grupo de Trabalho- GT (GT-Arquivo) para reorganizar o sistema de

Gestão de Documentos e Arquivística. O grupo estruturou uma proposta definitiva e

uma outra paliativa enquanto a proposta definitiva não era viabilizada. O objetivo era

promover a devida conservação dos documentos e melhorar a agilidade na busca

pelas informações. Para isso, tudo começou com um diagnóstico da situação atual

para que fosse formalizada uma proposta final para a solução do problema.

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2 CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO

2.1 HISTÓRIA DA REDE

A história da rede federal de educação profissional, científica e tecnológica

começou em 1909, quando o então presidente da República, Nilo Peçanha, criou 19

escolas de Aprendizes e Artífices que, mais tarde, deram origem aos Centros

Federais de Educação Tecnológica (Cefets). Tida no seu início como instrumento de

política voltado para as “classes desprovidas”, a rede federal se configura hoje como

importante estrutura para que todas as pessoas tenham efetivo acesso às

conquistas científicas e tecnológicas. Foi na década de 1980 que um novo cenário

econômico e produtivo se estabeleceu, com o desenvolvimento de novas

tecnologias, agregadas à produção e à prestação de serviços. Para atender a essa

demanda, as instituições de educação profissional vêm buscando diversificar

programas e cursos para elevar os níveis da qualidade da oferta. Cobrindo todo o

território nacional, a rede federal presta um serviço à nação ao dar continuidade à

sua missão de qualificar profissionais para os diversos setores da economia

brasileira, realizar pesquisa e desenvolver novos processos, produtos e serviços em

colaboração com o setor produtivo.

2.2 A ORGANIZAÇÃO

A organização escolhida pode ser caracterizada como uma escola federal

de educação básica, técnica e tecnológica. Trata-se do Instituto Federal de

Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná- IFPR. Tem uma estrutura multicampi e

está presente em mais de 14 municípios do Paraná com previsão para ampliação

para mais seis campi até 2012. OIFPR foi criado em dezembro de 2008, por meio da

Lei11.892, que transformou a Escola Técnica da Universidade Federal do Paraná

(ET-UFPR) em Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná.

Ganharam o status de instituto os antigos Cefets, escolas técnicas e agrotécnicas.

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Em todo o Brasil, existem 38 Institutos que constituem a Rede Federal de Educação

Profissional, Científica e Tecnológica, vinculada à Secretaria de Educação

Profissional e Tecnológica do MEC (Setec). O grande diferencial dos Institutos

Federais- IFs é a oferta de todos os níveis de ensino na mesma instituição. Pela

primeira vez é possível oferecer, no mesmo local, desde a Educação Básica (cursos

de nível médio e técnico) até a Pós-Graduação (especialização, mestrado e

doutorado). São 14 campi espalhados pelo Paraná, que oferecem 57 opções de

cursos, sendo 43 técnicos e 14 de nível superior, todos públicos e gratuitos. Além

disso, o setor de Educação à Distância do IFPR possui pólos de apoio presencial em

mais de 230 cidades paranaenses e em todos os estados da Federação. O IFPR

está presente nas cidades: Assis Chateaubriand, Campo Largo, Curitiba, Cascavel,

Foz do Iguaçu, Irati, Ivaiporã, Jacarezinho, Londrina, Palmas, Paranaguá, Paranavaí,

Telêmaco Borba e Umuarama. Dentro do plano de expansão da educação

profissionalizante proposto pelo Governo Federal, o Instituto pretende ampliar sua

atuação e a estimativa, até o término da expansão, é oferecer 20 mil vagas

presenciais e 50 mil na modalidade de Educação à Distância (EaD).

2.2.1 A ÁREA/SETOR

A PROGEPE- Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas – PROGEPE é administrada pela administradora Neide Alves. O Gabinete é responsável por dar encaminhamento às atividades que visem ao aumento da competência de seus profissionais, melhorando as relações internas, valorizando seus recursos humanos, para que as ações administrativas e acadêmicas sejam efetivas e voltadas para a consecução dos resultados esperados, que é o atendimento de excelência ao cidadão. É por seu intermédio que deverá ser consolidada a política institucional de recursos humanos e a política das relações estudantis. É composta pelos servidores Aurélio Ferreira da Silva, Daniela Moller, Elenir Leite Marloch, Evelin Cristina Schandler, Gisley Lima Menezes e Tânia Gracieli Vega Incerti. A PROGEPE é composta por duas

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diretorias: a Diretoria de Administração de Pessoas- DIAP e a Diretoria de Desenvolvimento de Pessoas- DDP.

2.2.1.1 A DIAP

A DIAP- Diretoria de Administração de Pessoas é administrada pela

Tecnóloga em Gestão Pública Leonilda Barreiro Sanches. É responsável pelo

gerenciamento dos sistemas de cadastro interno e geral do Poder Executivo

(SIAPEcad) e pela folha de pagamentos dos servidores docentes, técnicos

administrativos ativos, aposentados e pensionistas, bem como dos docentes

substitutos do IFPR e estagiários. Gerencia e supervisiona os trabalhos das

Coordenadorias vinculadas a esta Diretoria. Gerencia a Folha de Pagamento.

Coordena, controla e supervisiona os assuntos de cadastro, remuneração, folha de

pagamento, benefícios e pensões relativos aos servidores do IFPR e seus

dependentes, bem como a atualização de sistemas informatizados. É composta pelo

Tecnólogo em Gestão Pública Claudio Marcio Araujo da Gama, pelo Estagiário em

Tecnologia da Informação Evandro Stresser, pela Assistente em Administração

Fernanda Konkol Diogo, pela Advogada Gécica Rosa dos Santos, pela Bacharel em

Tecnologia da Informação Ivone Maria Lima Moreira Bastos, pelo Bacharel em

Tecnologia da Informação JéffersonSteidel dos Santos e pela Assistente em

Administração Lucimara Gomes Martins.

2.2.1.2 A DDP

A DDP- Diretoria de Desenvolvimento de Pessoas é administrada pela

servidora técnico-administrativa Samara da Silva Becker. É responsável pelo

ingresso do servidor no IFPR e pelo seu desenvolvimento continuo profissional e

pessoal. Planeja, coordena e avalia as atividades das coordenadorias da DIDEP.

Gerencia as questões referentes ao ingresso do servidor no IFPR e sua

movimentação. Promove o desenvolvimento do servidor na carreira. Coordena e

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implanta políticas de avaliação de desempenho e de avaliação de estágio probatório.

Viabiliza os cursos de capacitação que melhor atendam ao desenvolvimento do

servidor na carreira. É composta pela administradora Eliane Aparecida Thomé, pela

assistente em administração Lourdes Andressa Zeiter Sato, pela recepcionista Paola

Rosa Bandeira e pela Assistente em Administração Janice MayumiBark Toda.

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3 DIAGNÓSTICO ORGANIZACIONAL

Na condição de uma instituição ao mesmo tempo com mais de 100 anos de

história e ao mesmo tempo tendo suas atividades iniciadas recentemente (2008), o

IFPR apresenta ambiente tradicionalista e resistente a mudanças e ao mesmo tempo

propício à inovação devido à recente reorganização e constante expansão. A

tradição vem das escolas que deram origem ao IFPR como a Escola Alemã criada

em 1869 e já no século XX transformada no setor Escola Técnica da centenária

UFPR. O ambiente propício à mudança e inovação vem da diferença entre os

demais Ifs do Brasil. Enquanto a grande maioria já era uma autarquia federal

(CEFET) com toda uma infraestrutura administrativa e operacional já pronta, o IFPR

não herdou estrutura organizacional alguma e teve de começar a se organizar do

zero. Este começo se deu com base na estrutura organizacional da UFPR e UTFPR

com adaptações às necessidades da nova organização. Inovou ao, diferente de

outros estados, criar uma estrutura multi campi com a reitoria na capital do estado ao

invés de várias escolas no lugar dos campi como ocorreu nos demais estados.

3.1 MAPEAMENTO DOS AGENTES DO CONTEXTO INTERNO E EXTERNO

No contexto interno, o IFPR dispõe de cerca de 600 servidores entre

professores e técnico-administrativo com apoio de funcionários terceirizados e

estagiários. No contexto externo, por ser uma autarquia federal, portanto com

autonomia administrativo-financeira massem autonomia política, tem apoio político-

institucional do Ministério da Educação- MEC ao qual é subordinado, do Ministério

do Planejamento, Orçamento e Gestão- MPOG e da Casa Civil- CS da Presidência

da República- PR. Tem suporte da Procuradoria Geral da República-PGR dentro de

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sua estrutura e é fiscalizada e controlada pela Controladoria Geral da União- CGU

no âmbito do poder executivo e Tribunal de Contas da União- TCU no âmbito do

poder legislativo.

3.2 LEVANTAMENTO DE RESTRITORES E ALAVANCADORES

As principais restrições são falta de autonomia para definir suas estratégias

de expansão. Estas estratégias são definidas em âmbito ministerial até para que os

destinatários e beneficiários dos recursos destinados a esta área não entrem em

competição por território e principalmente por atribuições e objetivos. Sendo assim, a

expansão do IFPR fica restrita a regiões carentes de mão-de-obra profissional,

técnica e tecnológica que não são contempladas por outras instituições federais e

estaduais de ensino superior como a UFPR, UTFPR, Universidade Federal de

Fronteira Sul- UFFS, Universidade Federal para a Integração da América Latina-

UNILA e as Universidades Estaduais UEPG, Unicentro, UEL, UEM e Unioeste e

Faculdades Estaduais recentemente transformadas em Universidade Estadual do

Paraná- UEPR com reitoria na capital do estado e as antigas sedes transformadas

em campi. Pelo projeto de inserção do IFPR nestas localidades, esta inserção seria

à base de convênios e cooperações com estas e outras instituições.

3.2.1 RESTRITORES

Como se vê, os restritores são de ordem legal e institucional e visam a

atenuar a competição entre as instituições federais e estaduais de ensino. Como

consequência, os municípios que restam para o IFPR expandir mostram-se carentes

de infraestrutura urbana e logística sendo estes restritores um desafio a ser

superado em termos de distâncias a serem percorridas por professores, servidores e

alunos. É um trabalho típico de pioneiros com muitos resultados práticos a serem

apurados em médio e longo prazos.

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3.2.2 ALAVANCADORES

Os principais alavancadores são as potencias possibilidades de parceria

com municípios. Em geral, quando um município é selecionado pelo MEC para ser

sede de um campus do IFPR, toda a comunidade local é envolvida num ambiente de

colaboração. São prefeituras oferecendo imóveis para funcionamento de sedes

provisórias, cedendo mobiliário, pessoal, doando terreno para construção da sede

definitiva do campus, o setor privado se vê diante de novas oportunidades de

crescimento econômico diante da possibilidade de oferta de mão-de-obra qualificada

para um novo ciclo de desenvolvimento econômico para regiões até então

economicamente deprimidas pela falta de, entre outros recursos, os recursos

humanos com a qualidade que o IFPR pretende oferecer. Com isso, costumam cair

as diferenças de interesses federativos (União, Estados e Municípios), diferenças de

interesses entre os poderes públicos (Executivo, Legislativo e Judiciário), diferenças

ideológico-político-partidárias (partidos políticos, situação/oposição, grupos de poder

locais, etc...), diferenças de interesse entre setores da economia (primário,

secundário e terciário) e até das Organizações Não Governamentais- ONGs (terceiro

setor). É um ambiente colaborativo que agrega forças de todos os lados e até tem

despertado a curiosidade de entidades educacionais estrangeiras pelo trabalho

realizado com tanto sucesso.

3.3 IDENTIFICAÇÃO DE PROJETOS E AÇÕES DE APERFEIÇOAMENTO EM ANDAMENTO

No âmbito da PROGEPE, que é o foco principal deste trabalho, no que diz

respeito à gestão de massa documental e arquivística, está em adiantado estado de

maturidade e andamento o processo de conversão em modo dual (físico e digital) da

massa documental que é a base de dados que alimenta um sistema de suporte

informacional para a tomada de decisões dos gestores da Pró-Reitoria que é suporte

da Reitoria. Com a digitalização de boa parte dos processos físicos em hard disk e o

compartilhamento destes acessos com os gestores da Pró-Reitoria, caiu

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consideravelmente o número de consultas ao arquivo físico, promovendo com isso

um aumento considerável da vida útil destes documentos sem que seja preciso

recorrer à restauração tão cedo quanto se imaginou no começo. O pessoal da área

de Tecnologia da Informação- TI está com um sistema praticamente pronto para ser

implantado no âmbito de todo o IFPR para que em todos os campi e até de qualquer

computador ligado à internet para que os dados necessários a uma melhor tomada

de decisões sejam disponibilizados com maior agilidade e exatidão. Trata-se do

Processo Verde. Um projeto desenvolvido pela PROGEPE que visa a reduzir a

produção e proliferação desnecessária de papelório de cópias físicas do mesmo

documento. De brinde, quem ganha com isso é o contribuinte com a economia de

recursos destinados a atividades meio e a natureza como um todo com a redução

significativa de consumo de papel.

3.4 LEVANTAMENTO DE OPINIÕES E SUGESTÕES DE ATORES SOCIAIS RELEVANTES

Foram consideradas relevantes as opiniões e sugestões de atores sociais

como os servidores que mais frequentemente fazem a busca de informações em

arquivo para oferecer suporte informacional para a tomada de decisão dos gestores.

Em segundo plano, a área de Tecnologia da Informação- TI ofereceu suporte

informacional para que a produção do GT-Arquivo ficasse em fácil interface

tecnológica com o Processo Verde. Em terceiro plano, a Pro-Reitoria de Ensino-

PROENS e a Diretoria de Educação à Distância- EaD ofereceram suporte

bibliográfico para que o projeto de mudança ficasse em consonância com os padrões

estabelecidos internamente e em âmbito externo com as normas e leis relacionadas

à gestão da massa documental e arquivística. Entretanto, toda esta proposta de

mudança foi construída em parceria com as demais Pró-Reitorias e com a Reitoria

para que viesse a atender de uma forma ou de outra às necessidades do IFPR como

um todo e pudesse até servir de modelo a outras Pró-Reitorias e unidades

descentralizadas (campi).

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Estas opiniões foram condensadas em uma proposta de reorganização feita

pelo GT-Arquivo. A presente proposta visa à organização do espaço físico destinado

à estruturação do arquivo da Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (PROGEPE),

especificamente suas Diretorias: Desenvolvimento de Pessoas (DDP) e Diretoria de

Administração de Pessoas (DIAP).

Por meio de material fotográfico, é apresentado um diagnóstico da situação

atual do espaço físico ocupado pela PROGEPE para guarda de seu arquivo

permanente, seguido de considerações para a efetiva resolução dos problemas

apontados. De forma sistematizada, é colocado um plano de ação para a

organização do espaço físico e arquivo atual visando a uma melhoria imediata, mas

não definitiva, até que esta proposta, após novas discussões e possíveis

adaptações, possa ser desenvolvida. A proposta é desenvolvida pelo GT designado

pela Portaria nº 185 de 26 de abril de 2011, denominado “GT-Arquivo”, que se reuniu

no mês de maio de 2011, entre os dias 09 a 23, adotando os seguintes

procedimentos para a execução do trabalho conforme segue:

3.4.1 Leitura e análise do material Recomendações para a construção de

arquivos do Conselho Nacional de Arquivos – Conarq e o capítulo Gestão de

Documentos, da apostila de Comunicação Oficial e Arquivística da Escola Técnica

da Universidade Federal do Paraná - UFPR;

3.4.2 Discussão geral sobre o espaço físico para arquivo permanente da

PROGEPE;

3.4.3 Vistoria no local;

3.4.4 Análise e seleção dos dados coletados; e

3.4.5 Elaboração de proposta de intervenção.

O GT-Arquivo, reconhecendo a importância de se pensar o arquivo

permanente da PROGEPE, espera contribuir a partir da proposta para o início de um

efetivo planejamento, organização e estruturação do arquivo.

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4. DEFINIÇÃO DO PROBLEMA

São definidos como principal problema a falta de recursos destinados a

conservação e rápido acesso às informações do arquivo físico a começar por

problemas de ordem logística conforme segue:

O espaço destinado ao arquivo permanente da PROGEPE encontra-se

atualmente anexo à “Assessoria de Assuntos Estratégicos” do Gabinete do Reitor

que desenvolve atividades alheias à PROGEPE. Para acesso e manutenção do

arquivo da PROGEPE deve-se, portanto, considerar a rotina administrativa deste

setor. Em fotografia capturada de dentro da sala da Assessoria, é possível notar que

o espaço destinado à PROGEPE, medindo hoje 3,50m x 3,70m, é inadequado para

o armazenamento de documentos de uma Pró-reitoria de Gestão de Pessoas. O

ponto de iluminação, embora suficiente para o tamanho do espaço, necessita ser

adaptado de acordo com a disposição do mobiliário. Não há ventilação, a sala

permanece fechada e não possui janelas, causando umidade e proliferação de

fungos (mofo) nas paredes. O local acumula sujeira e materiais que não fazem parte

do arquivo permanente, como utensílios de cozinha, materiais eletrônicos e

documentos diversos que não deveriam ser arquivados e, sim, descartados. Não é

limpo regularmente e, muito menos, feita a dedetização. Não há espaço para

locomoção e os documentos encontram-se em caixas de arquivo empilhadas no

chão. O arquivo, da forma atual, encontra-se suscetível a incêndio, extravio e danos

causados por infiltração. Por exemplo, as folhas dos processos do ano de 2010

estão “colando” umas nas outras devido à umidade do ambiente. Qualquer pessoa

que entrar na sala de Assessoria de Assuntos Estratégicos poderá ter acesso aos

documentos, já que podem ser facilmente retirados pela janela de ventilação. O

espaço não possui mobiliário suficiente e adequado para o armazenamento dos

documentos. Faltam pastas e caixas suficientes para o armazenamento adequado

da documentação existente no arquivo. No momento, as caixas de arquivo “inativo”

estão se deteriorando devido o empilhamento e umidade do ambiente. Como se

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depreende das imagens apresentadas, os materiais presentes no arquivo

permanente atual são suficientes para ocupar todo o espaço físico da sala.

Considerando que logo entrarão novos servidores, assim como chegará

documentação de servidores redistribuídos para esta Instituição, será necessária a

ampliação do espaço (ou até outro local) do que o disponível hoje: 3,50m X 3,70m.

Após verificar o espaço atualmente destinado ao arquivo permanente da massa

documental da PROGEPE, a equipe concluiu que este é insuficiente para as atuais e

imediatas necessidades da Pró-Reitoria. Além de pequeno, mostra-se inadequado e

praticamente sem mobiliário algum. O arquivo só está funcionando, ainda que de

maneira precária, porque há prejuízo no tempo de consulta e na conservação dos

documentos (há pastas de 2010 já precisando de restauração devido à umidade).

Sendo assim, o ideal seria um espaço maior e mais adequado às necessidades

atuais e futuras da Pró-Reitoria de acordo com as recomendações do Conarq.

Entretanto, visando a atender paliativamente algumas necessidades mais urgentes

tentando utilizar o mesmo espaço, a equipe conclui que seria necessário um

mobiliário, ainda que estantes de aço ou madeira para acomodar a massa

documental que se encontra empilhada no piso e sobre dois armários. Sem tais

móveis, o que se pode fazer, é o que já está sendo feito que é utilizar os espaço

precariamente com prejuízo à conservação da massa documental e ao tempo de

resposta quando são necessárias consultas e pesquisas ao acervo.

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5. REFERENCIAL TÉORICO

Falar em arquivo permanente de informações, em suporte de papel, pode soar

antiquado quando se vive numa época em que as informações ocupam cada vez

menos espaço em outros suportes como discos, chips, microchips e outros suportes

eletrônicos e informatizados. Entretanto, para SANTOS (2007, p. 22), diante da

utilização em larga escala da Tecnologia da Informação e Comunicação (TICs) nas

áreas da Ciência da Informação e uma tendência cada vez maior de produção de

documentos e informações digitais, é fundamental a iniciativa de se pesquisar temas

relacionados às políticas de preservação; aos formatos físicos; aos formatos lógicos;

aos sistemas gerenciadores; aos processos de migração, aos processos de

replicações; ao lixo digital; à durabilidade; à confiabilidade; ao formato etc... “Tendo

em vista um projeto que preveja a preservação destes documentos e informações

para que não corramos o risco o risco de viver em uma sociedade sem memória e

consequentemente sem parte de sua história, esta preocupação é expressa pela

UNESCO em sua resolução sobre preservação digital”. SANTOS (2007, P. 28)

ainda adverte para o risco de confiar demais em arquivos eletrônicos e digitais:

A Frente à problemática da documentação digital, pode-se dizer que a humanidade já está perdendo informações e documentos digitais. Esta visão é facilmente percebida com a seguinte pergunta: você já tentou abrir algum arquivo que está armazenado em um disquete de 5 ¼”? Se tentou, passou por dificuldades: a primeira, encontrar o drive de 5 ¼” , a segunda, conseguir ter o disquete, pois ele pode estar deteriorado e consequentemente danificado fisicamente; e a terceira, encontrar o software que leia esse tipo de documento. Das três dificuldades, duas podem ser contornadas coma criação de museus tecnológicos, pois o hardware e o sftware independem dos dados armazenados, porém a deterioração da mídia jamais pode ser contornada, visto que os dados são fisicamente perdidos. (...) A humanidade já está perdendo documentos digitais, pois mídias digitais como disquetes de 3 ½” e 5 ¼” , CDs, fitas DAT, entre outros, estão sendo consumidas pelo tempo e pela obsolescência. Visando à preservação dos disquetes, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) fez a NBR-11515 (1990), que dispõe sobre a conservação física dessas mídias, porém ainda não elaborou uma norma exclusiva para CDs.

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Diante desta insegurança, os clássicos arquivos permanentes com

informações suportados em papel voltam a ganhar pontos na corrida contra a perda

de informações causada pela ação do tempo.

5.1 MODELOS DE GERENCIAMENTO DE ARQUIVOS

Para CASTRO (1985, p. 11), arquivo, no Brasil, é “sinônimo de civismo e o

lema da bandeira brasileira sempre é colocado na bandeira do ideal dos profissionais

conscientes que almejam o melhor para a pátria: Ordem e Progresso. Este lema tem

importante significado para os brasileiros pois em ordem o país progride e assim se

insere dentro do contexto das grandes nações livres das Américas e do mundo”.

Arquivos constituem alicerces sobre os quais se constroem os pilares do

desenvolvimento em todas as áreas, inclusive na área da educação profisssional,

técnica e tecnológica, em especial em seus órgãos de gestão de pessoas. No

concreto dessas fundações, a mão-de-obra especializada dá a consistência

desejada para que o serviço cresça forte, sólido e duradouro. De gestores de

arquivos de formação adequada, depende a administração científica das

informações em papeis ou outras bases em todas as suas fases, a recuperação da

informação contida neles, em todos os níveis da gestão de pessoas. É de urgência a

salvação de documentário histórico da Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas do

Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Paraná- IFPR. Os referidos

arquivos anseiam pelo “Know-how” arquivístico. E salvar quer dizer levantar,

desinfetar, organizar, preservar e disponibilizar quando necessário. Não se pode

esquecer que a história do IFPR também é contada pela história das pessoas que

nela trabalharam e trabalham. Para isso, a instituição como um todo precisa ser

conscientizada no sentido de apoiar bons projetos.

Vários planos têm sido iniciados e não atingem o objetivo previsto. Não têm

sido entregues às áreas certas e às pessoas certas. Desta vez, na PROGEPE do

IFPR, a iniciativa parece ser bem mais estruturada. Organismos e Fundações

Internacionais estão prontos a colaborar em projetos bem elaborados.

Coordenadores de tais projetos devem recrutar estudantes de Arquivologia ou pelo

menos da disciplina de Gestão Documental e Arquivística do Curso Superior de

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Tecnologia em Gestão Pública do próprio IFPR em estágio universitário ou recém-

formados terão assim o treino que seria o pronto-socorro para os médicos.

Um dos motivos de fracasso de projetos de levantamento de documentos, tem

sido o fato de serem eles planejados por especialistas de outras áreas e que não

conhecem a técnica arquivística. Isto porque improvisam métodos baseados em sua

própria técnica. A arquivística usa a varinha mágica para as grandes massas

documentais que enfrenta com galhardia. Essa varinha mágica é usada na

separação de fundos e séries, conforme o arquivo que vai organizar. Já na primeira

etapa de classificação, pesquisadores, mais afoitos podem conseguir informações os

documentos. Na segunda etapa de classificação que é a separação de sub-grupos

dentro dos fundos, um inventário preliminar pode ser feito. Outras etapas de

classificação se seguem; depois a descrição, o arranjo e a indexação. O grande

milagre também se dá porque a descrição nos arquivos é de conjuntos. Unidade de

arquivo não é um papel. É um dossiê ou maço. A descrição é sumária e abrange

todo o dossiê. A indexação é simples e lógica. Os dados colocados são essenciais.

Um perigo do qual tem de se defender o arquivista, é o deslumbramento da

pesquisa.

Há várias facetas nesse deslumbramento: 1) elaboração de inventário fictício

retirado de fontes impressas da entidade, para depois procurar “agulhas em

palheiro”, isto é, procurar os documentos citados nessas fontes... de duas, uma: ou

não acha, ou encontra documentos que não estão contidos nessas fontes; e às

vezes encontra depois de grande e árdua pesquisa; 2) no inventário dos

documentos, perde-se em detalhes, porque quer saber a história do documento e

revolve grande parte do documentário para descobrir o seu resultado; 3) a pesquisa

é feita para o pesquisador. As duas primeiras são, às vezes, problemas pessoas de

formação ou de inclinação; o último, às vezes, para atender a ordens superiores. O

arquivista não pode ser perfeccionista, nem se deter em filigramas e jamais

descreverá, num arquivo, informação por informação. Se o fizer, a massa

documental o envolverá de modo a perder o fio da meada. Num arquivo de muito

pequenas proporções, o que parece ser o caso do arquivo permanente da

PROGEPE do IFPR, ainda se pode admitir algumas sofisticações- como o hibridismo

entre arquivos físico e eletrônico; mas lembrando que a organização é feita em

etapas que vão do princípio ao fim do acervo; isto porque o usuário não quer só

aquele período no qual se trabalhou com detalhes... E como fala em acervos de uma

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instituição que acaba de nascer e se expande vertiginosamente, quase sempre estão

em estado inadequado de conservação e começam a ficar volumosos...

O mecanismo proposto baseia-se em doutrina arquivística e é a aplicação da

ciência pura dos arquivos. Do inventário preliminar, se passa ao inventário

propriamente dito, atendendo às características de cada arquivo, com muita

criatividade, mas com muita simplicidade, discernimento e, principalmente, com

muita segurança. A Administração ensina que o Pró-Reitor de um órgão de gestão

de pessoas não deve executar os serviços e sim coordená-los, orientá-los e

supervisioná-los. Em arquivo histórico, que é o caso do arquivo permanente de

PROGEPE do IFPR, o Pró-Reitor tem de executar. Todos os dias, aprende-se um

pouco. E não se dirige o que não se sabe fazer ou não se experimentou fazer. Ou

ainda, se corre o risco de dar ordens inexeqüíveis. É o “learnbydoing”, essencial em

arquivos. Depois dos inventários prontos, guias devem ser elaborados para

divulgação entre os usuários autorizados do acervo no âmbito da PROGEPE e todas

a suas diretorias e coordenadorias. Já nesse estágio, a PROGEPE do IFPR estará

em pé de igualdade com as universidades mais desenvolvidas do país e do mundo

desenvolvido que têm todo o seu documentário sob controle; nos quais, os arquivos,

além de recolher, assistem e orientam os arquivos correntes e intermediários,

colocando, ainda, em todas as tabelas de descarte, sua aprovação ou seu veto.

Arquivologia é ciência independente. Interliga-se a outras ciências mas não se

confunde. “Não se pode aplicar a arquivo, tudo o que se experimentou em outras

áreas do conhecimento. E, se, se generaliza técnicas, o resultado é desastroso ou é

inócuo”, conforme conclui aindaCastro (1985 p 14).

Segundo BELLOTTO (2006, p. 13), um fundo de arquivo é “um universo

arqueológico a identificar, balizar, ordenar, descrever e analisar de modo a

possibilitar a preservação de sua originalidade, de sua integridade física, e a

disseminação de informações extraídas de seus elementos, colocando-as em

condição de apreensão e uso plenos”.

De acordo com este pensamento encontra-se respaldo no texto abaixo:Aarquivística, no âmbito dos arquivos permanentes, não dispõe e nem pretende dispor de códigos e tabelas universais preestabelecidos de arranjo e descrição. Isto porque, ao contrário da biblioteconomia, ela não trabalha com documentos múltiplos e nem com tipologias uniformes, passíveis de se submeterem a uma estrita normalização de processamento técnico. No entanto, não se pode dizer que a arquivística não tenha doutrina e metodologias próprias; muito menos se pode taxá-la de isenta de princípios gerais que possibilitem o entendimento entre seus profissionais e entre

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estes os usuários dos acervos a recolher, arranjar, descrever e divulgar. (BELLOTTO 2006, p. 13).

Sendo um universo arqueológico, o fundo de arquivo é, com raras exceções,

um desafio que acena com o caótico que lhe imprimiram o tempo e o desuso em que

caíram seus elementos. Assim, no sentido do desafio e da descoberta, o trabalho de

arquivo, especialmente quando se trata de acervos históricos- o que é o caso do

arquivo permanente da PROGEPE do IFPR- é invariavelmente fascinante.

O conteúdo não está dirigido a questões políticas, históricas ou instituicionais

dos arquivos permanentes e, sim, que aborda conceituações, metodologias e

técnicas de tratamento de seus fundos documentais. Deve-se afastar da atividade

arquivística toda sorte de improvisação, de adaptações casuísticas e de despreparo

como larga tarefa para a qual a arquivística pretende contribuir, ainda que dentro de

seus limites. Embora o que se segue esteja voltado para a terceira idade dos

documentos e para o trabalho de sua organização interior do arquivo permanente da

PROGEPE do IFPR, um quadro linear do ciclo documental e as principais

características das três fases são imprescindíveis. Dada a especificidade do IFPR ( e

também de algumas outras instituições de ensino profissional técnico e tecnológico)

de, mesmo entre profissionais de relativa experiência, haver confusão quando à

tipologia, à função e ao destino dos documentos, tomados genericamente,

misturando-se a atribuições técnicas formas de tratamento e de utilização que

deveriam ser obrigatoriamente diferenciadas, julga-se útil a distinção das

características do acervo e das funções documentais relativas a arquivos. As

questões da diplomática, da tipologia documental e dos valores de arquivo são

abordadas como antecedentes à própria entrada dos documentos permanentes no

arquivo- momento em que começa a atuar o arquivista ou membro do Grupo de

Trabalho (GT- Arquivo), formalmente designado para esta força-tarefa, no âmbito da

terceira idade documental. Colocado o quadro inicial, podem ser introduzidos os

temas técnicos centrais, iniciados pela apresentação dos conjuntos típicos dos

arquivos permanentes: os fundos. O arranjo e descrição são mais detalhados. Não

poderia ser de outro modo já que se trata de indicar o tratamento documental

daqueles conjuntos como objetivo maior. A exemplificação torna-se indispensável

para que seja possível uma aplicação efetiva das normas. Há preocupação

eminentemente didática e voltada para a realidade do IFPR. Em alguns momentos,

pesam mais a vertente conceitual e metodológica, em outros, a prática. Também há

22

operações descritivas. Não se pretende esgotar toda a questão do processamento

técnico do acervo de terceira idade: outras faces ainda podem ser exploradas em

outro momento oportunamente. No entanto, os itens fundamentais que contornam o

tratamento documental em arquivo permanente são apresentados. BELLOTTO

(2006, p. 15) conclui que “a tarefa da identificação, organização, descrição e

transferência da informação dos documentos custodiados nos diferentes arquivos no

país é gigantesca, até mesmo aterradora diante da escassa parcela já levada a cabo

até hoje”. Sendo assim, não se espera nada melhor do que isso no caso específico

do arquivo permanente da PROGEPE do IFPR.

5.2CICLO VITAL DOS DOCUMENTOS E FUNÇÃO ARQUIVÍSTICA

No universo da administração e da história reside a própria razão de ser dos

arquivos públicos na sua característica dinâmica: a do ciclo vital dos documentos.

Sendo a função primordial dos arquivos permanentes ou históricos recolher e tratar

documentos públicos, após o cumprimento das razões pelas quais foram gerados,

são os referidos arquivos os responsáveis pela passagem desses documentos da

condição de “arsenal da administração” para a de “celeiro da história”, na conhecida

ascepção do consagrado arquivista francês Charles Braibant. E a chamada teoria

das três idades nada mais é que a sistematização dessa passagem.

A distância entre a administração e a história no que concerne os documentos

é, pois, apenas uma questão de tempo. Isto quer dizer que os arquivos

administrativos guardam os documentos produzidos ou recebidos por cada uma das

unidades governamentais durante o exercício de suas funções, e que vão sendo

guardados orgânica e cumulativamente à medida que se cumprem as finalidades

para as quais foram criados. Esses documentos são, na realidade, os mesmos que

se valerão os historiadores, posteriormente, para colherem dados referentes ao

passado, já no recinto dos arquivos permanentes.

O ciclo vital dos documentos administrativos compreende três idades. A

primeira é a dos arquivos correntes, nos quais se abrigam os documentos durante

seu uso funcional, administrativo, jurídico; sua tramitação legal; sua utilização ligada

23

às razões pelas quais foram criados. A permanência de tais documentos nesse tipo

de arquivo depende de sua tipologia/função e, principalmente, de sua vigência, mas

pode ser generalizada em um ano; podem passar dali a um arquivo central do

respectivo órgão gerador, onde permanecerão de cinco a dez anos (sem que isso

seja considerado uma outra idade). No caso do arquivo permanente de órgão de

gestão de pessoas, esta permanência é “ad eternun” por exigência legal.

A segunda fase, a do arquivo intermediário, é aquela em que os papeis já

ultrapassaram seu prazo de validade jurídico-administrativa, mas ainda podem ser

utilizados pelo produtor.

Segundo CASTRO (1985, p 17), “são aqueles em que a freqüência de uso

diminuir para a Administração, onde os documentos “dormem” esperando que

transcorram os prazos: administrativo, legal e fiscal”. Permanecerão em um arquivo

que já centraliza papeis de vários órgãos, porém sem misturá-los ou confundi-los,

pelo prazo aproximado de 20 anos. No caso do arquivo permanente de órgão de

gestão de pessoas, este material não pode ficar disponível a pessoas de outros

órgãos por se tratar de informações de caráter sigiloso da vida das pessoas que

trabalham ou trabalharam na organização. É nessa fase que os documentos são

submetidos às tabelas de temporalidade, que determinam seus prazos de vigência e

de vida, segundo as respectivas tipologia e função. Redigidas pelas comissões de

avaliação, nas quais os arquivistas contam com a assessoria de administradores,

juristas e historiadores, tais tabelas baseiam-se na legislação em geral, nas normas

internas do órgão e, sobretudo, na própria finalidade dos documentos em questão.

Fixam critérios e justificativas para que possam eliminar certos papeis

desnecessários ao órgão de origem e sem interesse para a pesquisa histórica. Os

que restarem são de valor permanente, são os documentos históricos.

Abre-se a terceira idade aos 25 ou 30 anos (segundo a legislação vigente no

país, estado ou município), contados a partir da data de produção do documento ou

do fim de sua tramitação. A operação denominada “recolhimento” conduz os papeis

a um local de preservação definitiva: os arquivos permanentes. A custódia não se

restringe a “velar” pelo patrimônio documental. “Ultrapassado totalmente o uso

primário, iniciam os usos científico, social e cultural dos documentos”, conclui

BELLOTTO (2006, p. 24).

24

Corroborando com estes conceitos Castro (1985 p. 119) observa que a

técnica de organização aplicada aos arquivos permanentes ou históricos é

inteiramente diferente da aplicada na primeira idade ou arquivos correntes:Nos Estados Unidos são duas as profissões, os admnistradores de documentos e os arquivistas possuindo suas associações de classe independentes. Na maioria dos países, arquivistas são chamados somente aqueles profissionais de arquivos históricos. São arquivos, somente, os órgãos que custodiam acervos permanentes.No Brasil, Chamam-se arquivos os acervos correntes, intermediários e permanentes. O documento de arquivo nasce nas administrações, é acumulado, é avaliado, é transferido ao arquivo intermediário, é recolhido ao arquivo permanente ou descartado quando não possui valor histórico.Daí nossa discordância com a denominação pré-arquivo, galicismo usado indevidamente no Brasil, para nosso arquivo intermediário federal.Pré-arquivo seria antes do arquivo. Se no Brasil o vocabulário arquivo é usado nas três idades, não há razão de ser, essa cópia do francês.A concepção brasileira já é adotada em alguns países. Na França já se diz “archivescourantes”. Os italianos, “archivicorrenti”. Mas arquivistas pra esses países, são os que trabalham nos arquivos históricos. De outro lado, já se referem a arquivistas científicos quando falam nos profissionais de arquivos da terceira idade...

Esta terceira idade de arquivo é classificada por VIEIRA (2005, p. 43) como

“arquivo central”. Segundo aquela, este tem como funções principais direcionar os

arquivos correntes/intermediários, desobstruir os espaços nos locais de trabalho e

custodiar as informações da organização:

Como direcionador dos arquivos correntes/intermediários, entendemos que com o serviço de acumular a documentação, tem o arquivo condições de detectar falhas na produção e na utilização dos formulários e papeis que se transformam em documentos. A reunião dos documentos correntes do recebimento mensal ou anual permite não só provar os atos praticados pela organização, como também fazer uma comparação do modo como aconteceram os fatos. O método de desenvolvimento de uma determinada tarefa é sempre o mais perfeito para os que a desempenham Tal “crença” não se confirma quando este método é comparado com algum outro processo de modelos anteriores já arquivados.Aos que ignoram a formação orgânica dos conjuntos de documentos é difícil até mesmo conduzir uma auditoria.O universo de documentos que ser forma no arquivo central revela como está sendo processada cada etapa nos arquivos correntes. Pela formação dos conjuntos de documentos é possível avaliar os serviços desenvolvidos e suas etapas.Como desubstruidor dos espaços nos locais de trabalho podemos afirmar que as constantes reformas em escritório, a constante compra de mobília seriam solucionados com a criação do arquivo central e a transferência sistemática dos documentos que se tornaram desnecessários ao serviço em andamento.Como gestores da política documental entendemos que a organização, tendo sua documentação reunida em um único espaço e administrada por pessoa conhecedora de seu funcionamento, terá pelo mesmo custo da administração do arquivo um escopo que servirá para aferir seus valores, normas e todo direcionamento na gestão documental.O arquivo central tem possibilidade de posicionar a organização quanto à guarda dos documentos, à aplicação de tecnologia de substituição de suporte e tudo mais que diga respeito ao trato com a

25

documentação.Como custodiadores das informações da organização, talvez a mais importante função do arquivo, ressaltamos que os documentos com valor de prova de uma organização devem ser guardados e zelados por uma pessoa do mais alto grau de confiança, para evitar extravios. O administrador do arquivo central não deve ser necessariamente conhecedor de uma área da organização, deve sim é ser conhecedor de todas as áreas.

Para SANTOS (1999, p. 37), na idade histórica, “os papeis perderam sua

ordinária vigência legal, pela morte da instituição, ou de seus governados. Quantos

anos se requerem? De novo, é a matéria e a legislação que estabelecem os limites.

Séculos pode durar uma causa de beatificação como a de Antônio Alonso Bermejo,

falecido em 1758, hoteleiro de Rueda. Recebido o dom da velhice, os papeis perdem

sua primeira vida jurídica e a mantém de outra maneira: histórica. Ficam

sedimentados no arquivo histórico”.

5.3DOCUMENTOS, INFORMAÇÃO E MEIOS INSTITUCIONAIS DE CUSTÓDIA E

DISSEMINAÇÃO

Arquivos, bibliotecas, centros de documentação e museus têm co-

responsabilidade no processo de recuperação da informação, em benefício da

divulgação científica, tecnológica, cultural e social, bem como do testemunho jurídico

e histórico. Esses objetivos são alcançados, para BELLOTTO (2006, p. 35), pela

aplicação de procedimentos técnicos diferentes a materiais de distintas origens.

Partindo-se do elemento comum e primeiro: o documento. Segundo a conceituação

clássica e genérica, documento é qualquer elemento gráfico, iconográfico, plástico

ou fônico pelo qual o homem se expressa. É o livro, o artigo de revista ou jornal, o

relatório, o processo, o dossiê, a carta, a legislação, a estampa, a tela, a escultura, a

fotografia, o filme, o disco, a fita magnética, o objeto utilitário, etc..., em fim, tudo o

que seja produzido, por motivos funcionais, jurídicos, científicos, técnicos, culturais

ou artísticos, pela atividade humana. Torna-se evidente, assim, a enorme

abrangência do que seja um documento. O processo de fornecer informações a

partir dos dados existentes em qualquer tipo de continente é da área comum dos

profissionais das chamadas ciências da informação, ciências documentais ou ainda

ciências documentárias, como querem alguns. Recolher, tratar, transferir, difundir

informações é o objetivo convergente de arquivos, bibliotecas, museus e centros de

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documentação. Partindo de material diverso e através de mecanismos técnicos,

essas instituições devem estar aptas a cobrir, da maneira mais completa possível,

um “campo de investigação”. Têm em comum, portanto, as finalidades a que se

destinam e o papel que ocupam no processo social, cultural e administrativo de uma

sociedade.

Deixando um pouco de lado as bibliotecas, os museus e os centros de

documentação e concentrando-se mais no arquivo, os documentos de arquivo são

produzidos por uma entidade pública ou privada ou por uma família ou pessoa no

transcurso das funções que justificam sua existência como tal, guardando esses

documentos relações orgânicas entre si. Surgem, pois, por motivos funcionais

administrativos e legais. Tratam sobretudo de provar, de testemunhar alguma coisa.

Sua apresentação pode ser manuscrita, impressa ou audiovisual; são em geral

exemplares únicos e sua gama é variadíssima, assim como sua forma e suporte. O

arquivo recebe os documentos através de passagem natural, dentro do esquema

das três idades do documento: da produção à tramitação, desta ao arquivo corrente,

deste por transferência ao intermediário e daí, por recolhimento, ao permanente. O

material será obrigatoriamente recolhido (o remanescente das baixas causadas pelo

cumprimento das tabelas de temporalidade), abstendo-se o arquivista da seleção

para aquisição, como faria o bibliotecário. O único momento em que o fator

julgamento entra no trabalho arquivístico e quando, juntamente com administradores

ligados à entidade de cujos documentos se está tratando, juristas e historiadores, os

profissionais de arquivo estabelecem as tabelas de temporalidade. Elas é que ditam

a destruição racional de documentos rotineiros, segundo os diferentes prazos

fixados. A partir dessas considerações, é possível estabelecer, ainda segundo

CASTRO (1996, p. 38):

Que o arquivo é o órgão receptor (recolhe naturalmente o que produz a administração pública ou privada à qual serve) e em seu acervo os conjuntos documentais estão reunidos segundo sua origem e função, isto é, suas divisões correspondem ao organograma da respectiva organização; que os objetivos primários do arquivo são jurídicos, funcionais e administrativos e que os fins secundários serão culturais e de pesquisa histórica, quando estiver ultrapassado o prazo de validade jurídica dos documentos (em outras palavras, quando cessarem as razões por que foram criados); e que a fonte geradora é única, ou seja, é a administração ou é a pessoa à qual o arquivo é ligado;

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Segundo GAUYE (1984: 15-23), Não há possibilidade de coleção nos

arquivos genuínos porque, em se tratando de fundos, é fundamental a relação

orgânica entre seus elementos. Não se compreende o documento de arquivo fora do

meio genético que o produziu. Os documentos de arquivo surgem obrigatoriamente

dentro das funções e atividades de uma administração. No arquivo, em geral, o

tratamento técnico é dispensado não à unidade, mas às séries documentais que

formam agrupamentos lógicos e orgânicos dentro dos diferentes fundos. No arquivo,

quando no âmbito dos de primeira e segunda idade, a clientela é formada pelo

administrador, pelo empresário ou seus representantes, enfim, pelos produtores do

documento, bem como por profissionais da área jurídica, pesquisadores

administrativos ou cidadãos em busca de seus direitos. No arquivo permanente,

portanto na esfera da pesquisa científica ou do interesse puramente cultural, o

público estará personificado no historiador ou em profissionais cuja atividade possa

demandar informações sobre épocas anteriores, como jornalistas, sociólogos,

cientistas políticos, tec... Outro tipo de usuário é o cidadão em busca de seus, no uso

do direito de habeas data (direito às suas informações em poder do Estado) ou que

revela alguma curiosidade pelo trabalho da investigação histórica.

BELLOTTO (2006, p. 43), resume as características/funções do arquivo:

Tipo de suporte: manuscritos, impressos, audiovisuais, exemplar único

Tipo de conjunto: fundos, documentos unidos pela proveniência (origem)

Produtor: a máquina administrativa

Fins de produção: administrativos, jurídicos, funcionais, legais

Objetivo: provar, testemunhar

Entrada dos documentos: passagem natural de fonte geradora única

Processamento técnico: registro, arranjo, descrição, guias, inventários,

catálogos, etc...

Público: administradores e pesquisadores

5.4DIPLOMACIA E TIPOLOGIA DOCUMENTAL

28

Ainda como temática introdutória ao universo do trabalho técnico e científico

em arquivos permanentes, dada a característica que assume a necessidade de se

conhecer intrínseca e extrinsecamente a unidade documental (suporte e informação)

dos arquivos, justamente para que ela não seja confundida com outras estruturas e

formas documentárias próprias de outras áreas que não os arquivos, convém hoje

que os arquivistas se aproximem dos estudos de gênese documental. Os estudos de

diplomática e tipologia levam a entender o documento desde o seu nascedouro, a

compreender o porquê e como ele é estruturado no momento de sua produção.

Para BELLOTTO (1986, p. 45), “a diplomacia ocupa-se da estrutura formal

dos atos escritos de origem governamental e/ou notarial. Trata-se, portanto, dos

documentos que, emanados das autoridades supremas, delegadas ou legitimadoras

(como é o caso dos notários), são submetidos, para efeito de validade, à

sistematização imposta pelo direito”. Por isso mesmo, esses documentos tornam-se

eivados de fé pública, que lhes garante a legitimidade de disposição e a

obrigatoriedade da imposição e utilização no meio sociopolítico regido por aquele

mesmo direito. Assim sendo, não é possível dissociar a diagramação e a construção

material do documento do seu contexto jurídico-administrativo de gênese, produção

e aplicação. Há que se distinguir, nos atos legais, a apresentação formal da material.

Segundo Cecília Atienza (1979b:75), “a apresentação formal consiste no refinamento

da redação, na forma em que os atos são apresentados. Já a apresentação material

consiste na coordenação sistemática do assunto. A apresentação formal do ato legal

é, em última análise, a redação, sua configuração externa e apresentação material e

a disposição do assunto no texto”. Ora, é justamente da apresentação formal que se

ocupa a diplomática.

Luiz NuñesContreras, catedrático de paleografia e diplomacia da Universidade

de Sevilha- Espanha, em seu capítulo “Concepto de documento”, na coletânea

Archivística: Estúdios Básicos (Sevilla, 1981b), discute variantes da conceituação de

documento diplomático na idade contemporânea, como as dos mais destacados

diplomatistas europeus, concentrando-se na do austríaco Theodor Von Sickel (1968)

e na do italiano CesarePaoli (1942).

Para Sickel, documento diplomático é o “testemunho escrito e redigido

segundo uma forma determinada, variável em relação ao lugar, à época, à pessoa e

ao tema, sobre um fato de natureza jurídica”. Para Paoli, documento diplomático é o

“testemunho escrito de um fato de natureza jurídica, redigido de modo a observar

29

certas formas estabelecidas, as quais se destinam a dar-lhe fé e força

comprobatória”.

O “modelo” diplomático funciona para os documentos públicos (relações

Estado-cidadão) quase que do mesmo modo que as “formas notariais” funcionam

para os documentos privados (relações cidadão-cidadão). Tanto uns quanto outros,

se incorretamente veiculados, invalidam a aplicabilidade legal de seu conteúdo.

Trata-se, portanto, de documentos escritos, legalmente válidos e revestidos de

determinadas formalidades; sendo prova jurídica ou administrativa de um ato, são

objeto da diplomática.

Desde que as sociedades ultrapassaram a fase da exclusividade da

comunicação oral, a par da escrita, foram surgindo as organizações burocrático-

governamentais, nelas passando a figurar instituições de direito público com pessoas

adequadamente treinadas, cuja função era redigir as decisões das autoridades,

obedecendo a fórmulas determinadas. Com o crescimento e a especialização cada

vez maiores dessa função, estabeleceram-se, amparadas pela legislação, as

chancelarias, as secretarias, os tabeliães...

Sem adentrar a maiores detalhes de origem histórica da diplomacia, relata-se

que ela nasce a partir do espírito crítico dos homens do século XVII. A diplomacia

acata a classificação estabelecida pelo direito administrativo para os atos

administrativos, englobando as espécies com que costuma lidar na área

governamental, tendo-se aí as chamadas categorias documentais. Elas são

estipuladas pelas gradações da representatividade jurídica dos conteúdos dos

documentos que nelas se enquadram. Sem entrar em detalhes de definições, pode-

se dizer que as categorias documentais são: normativos, enunciativos, de

assentamento, comprobatórios, de ajuste e de correspondência.

5.5ANÁLISE DIPLOMÁTICA E ANÁLISE TIPOLÓGICA DOS DOCUMENTOS DE

ARQUIVO

O texto diplomático, na realidade, é a união de três partes distintas: o

protocolo inicial, o texto propriamente dito e o protocolo final. Evidentemente, nem

30

todos os documentos diplomáticos contêm todas as partes constituintes do

documento ideal (diplomaticamente falando). Às vezes, alguns estão ocultos e

implícitos no conjunto geral, outras vezes, determinadas partes não cabem em

certas espécies documentais. A maioria dos especialistas estabelece as mesmas

partes para a partição diplomática.

Por furtar-se ao objetivo principal do presente trabalho, o autor abstém-se de

exemplificar a redação de alguns documentos diplomáticos e atém-se a citar

algumas espécies documentais como alvará, ata, atestado, ato, auto, aviso, bando,

boletim, carta, carta de lei, carta régia, certidão, certificado, circular, constituição,

consulta, contrato, convênio, convocação, decisão, declaração, decreto, decreto-lei,

despacho, edital, estatuto, exposição de motivos, guia, indicação, informação,

instrução normativa, laudo, lei, manifesto, mapa, mapa/manifesto de carga, medida

provisória, memorando, memorial, memorial descritivo, mensagem, moção, nota,

notificação, ofício, ordem de serviço, parecer, passaporte, petição, portaria, postura,

precatório, processo, procuração, prontuário, pronunciamento, proposição, proposta,

provisão, regimento, regulamento, relatório, representação, requerimento, residência,

solicitação, termo, testamento...

5.6TRADIÇÃO DOCUMENTAL

Tradição documental é a parte da diplomática que se ocupa dos vários modos

de transmissão do documento no decorrer do tempo. Ela estabelece a chamada

“ingenuidade documental”, isto é, o grau de relação do documento com seu original

ou, até mesmo, com sua origem, isto é a actio documentada. Todas as formas de

tradição documental se reduzem e se agrupam em torno de dois pólos quando, no

âmbito dos arquivos permanentes, se tem o documento em mãos: ou bem ele

chegou à terceira idade na forma de original, ou chegou em forma de cópia. Entre

esses dois pólos há graduações, inclusive de formas anteriores ao original,

entendidas como minutas. Minuta não é o rascunho e, sim, o pré-original. Por

rascunho entende-se o texto sujeito a correções e rasuras e que contém supressões,

acréscimos e substituições. Na realidade, pela própria definição da palavra (do latim

minuta, “diminuída”) a minuta é, antes uma forma mais abreviada, menos complexa

31

do original. Entretanto, também pode ser considerado o texto completo, mas que

ainda não foi “passado a limpo”, não contendo, portanto, as formas de validação.

Há, pois, três momentos na tradição documental: o anterior ao original, o

original e o posterior ao original. Mas ainda é possível discernir categorias

intermediárias, que, apesar de não serem originais, não chegam a ser cópias na real

acepção do termo.

A minuta é um escrito preparatório e reduzido para que, a partir dele, se possa

confeccionar o documento original. Trata-se de um pré-original no qual se reúnem as

notas que contêm os dados essenciais para a redação definitiva do documento.

As chancelarias no Império Romano já distinguiam o scheda, apontamento,

esquema, do instrumentum in mundumredactum, ou simplesmente mundum, que era

o documento “passado a limpo”.

A legitimidade da minuta é questão mais jurídica do que diplomática. Na

verdade, do ponto de vista jurídico, sem validação, as minutas não são consideradas

documentos. Do lado arquivístico, as minutas muitas vezes são guardadas no órgão

de origem, enquanto tramita o documento que partiu dela.

Documento original é tido entre os especialistas como o feito por direta

vontade dos autores e conservado na matéria e na forma genuínas nas quais foi

originariamente emitido. É um escrito que é um ato jurídico revestido de uma ou mais

assinaturas.

Diplomaticamente, há dois elementos a considerar quanto ao original: 1) seu

caráter de primeiro, de matriz; e 2) seu caráter de acabado, limpo, perfeito.

Em certos caracteres internos e externos, os originais não diferem das

minutas, nem das cópias, mas outros caracteres os tornam totalmente diferenciados.

Trata-se das assinaturas, carimbos, selos, tinta, etc- um conjunto de elementos que

não existem nas minutas ou nas cópias. Desses elementos, o que mais

genericamente caracteriza o original é a subscrição. É ela que transforma um

documento “passado a limpo” num verdadeiro original.

O caráter de “acabado, limpo, perfeito” e a falta dos elementos de validação

fazem com que, diplomaticamente, o rascunho não possa ser um original, pois não

está juridicamente apto. Mas pode ser arquivisticamente considerado, sobretudo no

caso dos arquivos pessoais.

Um original é autografo quando contém a subscrição do próprio ou emitentes,

quando procede materialmente dele ou deles. Um original é heterógrafo quando

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procede do autor espiritualmentemas não materialmente; em outras palavras,

quando não contém sua assinatura.

No que diz respeito ao original, o arquivista deve atinar para a distinção entre

falsidade diplomática e falsidade histórica. No primeiro caso, a actio, isto é, o ato, o

fato documentado é verídico, mas a conscriptio não o é. Pode haver vertentes dessa

“falsidade”: 1) o veículo diplomático não foi tecnicamente/juridicamente bem

escolhido, impedindo ou dificultando os objetivos impostos; 2) o veículo foi

propositalmente trocado devido a algum objetivo juridicamente obscuro; a escolha

tipológica foi correta, mas o teor (forma redacional) não.

Quanto à falsidade histórica, ela traz a inverdade na própria actio: o fato

documentado não existe ou existe de modo diferente do exposto; já a conscriptio

pode estar toda correta, tanto na espécie quanto no teor. Os propósitos escusos

configuram-se muito mais forte nesse caso do que no primeiro. A própria origem

diplomática como técnica sistemática prende-se a esses tipos de falsificação que

ocorreram na Idade Média.

O fato de um documento ser original não quer dizer obrigatoriamente que ele

seja único. Dá-se o caso de originais múltiplos quando o conteúdo implica

obrigações recíprocas (tratados e ajustes internacionais) ou ordens com igual peso

jurídico e administrativo, dirigidas a várias repartições dependentes do mesmo

comando. Também se utilizam originais múltiplos por questão de cautela. Para ser

ter certeza de que houve recepção, manda-se o mesmo conteúdo por diferentes

meios e em diferentes tempos.

Também por motivo de preservação, é possível tramitar um original e guardar

em segurança outro ou outros. Todos são originais, já que contém todos os

elementos essenciais, mesmo havendo diferenças acessórias, como no caso de

diferentes destinatários.

Assim, é possível distinguir dois tipos de original múltiplo: 1) Os circulares,

cujo texto/contexto e teor (forma de articular o discurso) são os mesmos. Podem ter

um endereçamento geral único ou endereçamentos fragmentados e diferenciados

para cada segmento. 2) Os multiplicados, que visam a garantir a chegada de pelo

menos um exemplar do documento completo ao seu destino. Numerosos atos que

emanam de uma autoridade soberana foram expedidos em vários exemplares sem

que esta pluralidade se possa dar outro motivo senão a comodidade a segurança

daqueles que os geraram e os conservaram em seus arquivos.

33

Há as categorias intermediárias entre o original e a cópia que por motivos de

objetivo da presente obra não serão definidas tampouco exemplificadas mas nem

por isso deixam de merecer citação como: ampliação, renovação ou neo-original,

inserção, confirmação...

5.7 VALORES DOS DOCUMENTOS DE TERCEIRA IDADE

O desafio que se apresenta aos arquivos públicos é o da transferência, no seu

devido tempo, das grandes massas documentais produzidas pela máquina

administrativa, as quais, passada a sua primeira idade (tramitação, utilização,

imediata e guarda nos arquivos correntes), vão para os arquivos intermediários e,

posteriormente, para os permanentes. Essa transferência, segundo BELLOTTO

(2006), implica a passagem por um filtro de qualidade racionalizador e densamente

redutor. É, pois, oportuno analisar os valores que vão dar forma a essa operação:

Não se pretende aqui enumerar princípios para a elaboração de tabelas de temporalidade, instrumentos dos prazos de vida dos papeis que autorizam, nos arquivos intermediários a eliminação de suportes documentais contendo informações duplicadas, dispersas, rotineiras e factuais, de vigência terminada e não utilizáveis pela pesquisa histórica. Mesmo porque as tabelas devem ser elaboradas antes mesmo da produção histórica. Mesmo porque as tabelas devem ser elaboradas antes mesmo da produção do documento, ou em data muito anterior à passagem dos documentos para o arquivo histórico(...) (BELLOTTO, 2006 p. 113).

O que se visa, no momento, é nortear os arquivistas responsáveis pela

reorganização do arquivo permanente da PROGEPE do IFPR para o caso de uma

possível triagem em uma acumulação nos arquivos inativos, quando para tal

acumulação não se obedeceu a qualquer critério de prazo ou guarda ou destruição,

pela simples inexistência daquelas tabelas.

Trata-se de expor um leque de valores aplicáveis aos documentos de terceira

idade para uso em situações ad hoc, das quais os arquivistas vão se valer,

juntamente com a legislação e outros elementos que lhes esclareçam os contextos

de produção daqueles documentos.

Para VIEIRA (2005, p. 44), os documentos não podem ser encarados como

de maior ou de menor valor. “Valem em conjunto e não isolados. É comum as

pessoas acharem que os documentos são mais ou menos importantes em função do

34

prazo de arquivamento. Tal não é verdade. O prazo de arquivamento de documento

de valor legal se dá em função da prescrição do direito nele encartulado”.

Ao ser chamado a um arquivo central de um órgão público, o arquivista tem

de explicar, com segurança que lhe garante sua formação profissional, que não vai

selecionar a seu bel prazer e gosto, apenas os documentos que contenham temas

palpitantes ou assinaturas de figurões. Ainda para VIEIRA (2005, p. 45), “não existe

coisa mais desgastante em uma organização do que o subjetivismo nos serviços.

Nos arquivos ainda mais. É muito comum serem entregues a uma única pessoa sem

prever afastamentos”.

Os arquivos públicos recolhem obrigatoriamente documentos inativos gerados

ou recebidos pelos respectivos órgãos constituintes, no nível de ministérios,

secretarias e autarquias (o que é o caso da PROGEPE do IFPR), respectivamente

do poder executivo (caso do IFPR) federal (caso do IFPR) , estadual ou municipal.

Quando esses documentos chegam sem que tenham sido submetidos a qualquer

critério de avaliação, muito menos as tabelas de temporalidade, e, em acordo coma

entidade de origem, se vai proceder a uma certa triagem, é aí que o estudo dos

valores dos documentos de terceira idade pode ajudar.

Ao se evitar a qualificação “histórica”, embora, evidentemente, estejam sendo

enfocados elementos componentes de acervos de arquivos permanentes ou

históricos, está-se querendo alienar a documentação administrativa inativa da

conotação positivista, ufanista e grandiloqüente que tem sido dada, ao longo da vida

brasileira, à denominação de “documento histórico”.

A história não se faz com documentos que nasceram para ser “históricos”,

nem com autógrafos de grandes figuras, nem com documentos isolados que

signifiquem o ponto final de algum ato administrativo e sim, ademais de outras

fontes, com a “papelada” gerada pelo cotidiano da vida administrativa. Redunda daí

a mais absoluta necessidade de preservar a documentação, passada a sua fase

ativa, isto é, a da validade administrativa ou jurídica. Dessa preservação beneficiam-

se a pesquisa histórica e a própria administração, pois o processo decisório só pode

ser satisfatoriamente informado e adequadamente instrumentado se puder recorrer à

legislação, às resoluções já tomadas, aos casos registrados em processos e em

dossiês ou aos dados constantes em atos administrativos semelhantes àqueles de

que se está tratando.

35

Um arquivo permanente não tem seu acervo constituído de “preciosidades”

colecionadas aqui e ali, recolhidas para que, com elas, o historiador estabeleça seu

referencial de fontes. Um arquivo permanente constitui-se de documentos

produzidos em geral há mais de vinte e cinco anos pelos vários órgãos da

administração pública- cada órgão vindo a constituir um fundo de arquivo-

remanescentes de eliminação criteriosa. Um documento é histórico quando, passada

a fase ligada á razão pela qual foi criado (informação), atinge a da sua utilização pela

pesquisa histórica (testemunho). É útil para a administração e a historiografia, no

sentido mais crítico e científico, e não no de “deleite cultural”.

A avaliação dos documentos de terceira idade abarca dos aspectos

fundamentais: 1) o valor dos documentos (sendo a problemática de sua definição

saber até onde vai o administrativo e começa o histórico na questão da seleção); 2)

a idade do documento (fixada em vinte e cinco ou trinta anos após a data de criação,

por julgar-se, em diferentes países, serem estes prazos suficientes para o término

dos valores primários).

A seguir, segundo VIEIRA (2005), uma avaliação do instrumento informação

trabalhado por comissão de avaliações e prazos, isto é uma “jóia lapidada de

altíssimo valor”:

Começa o dia de trabalho em qualquer empresa, imediatamente começam os registros das informações. O primeiro ato é o registro da freqüência em livro, folha, cartão tradicional ou magnético. Assim sendo, uma infinidade de informações vão sendo registradas e, independente do ramo deatividade, as informações gerarão documentos. Ao fim de uma no foi produzida uma grande quantidade de documentos e, as pessoas, por questões várias, querem se livrar dos papeis. É o momento de saber para onde mandar tanto papel. A solução é o velho depósito distante do centro com algum funcionário quase aposentado. Começa o novo ano, o movimento cíclico “produz, embrulha e manda”, é inevitável. Exatamente isso, inevitável. Os avanços da informática não diminuíram em nada o volume dos arquivos, até porque na maioria dos casos o registro das informações é feito no suporte tradicional e depois é passado para o suporte eletrônico; e, ainda, em muitos casos, o registro é feito nos dois sistemas. (VIEIRA, 2005 p. 10).

Esses aspectos estão intrinsecamente ligados, já que valor é fazer com que o

documento mereça adentrar a terceira idade e aí obter seu direito à perenidade de

conservação. A terceira idade, só alcançarão aqueles documentos que a

merecerem; isto quer dizer que os expurgos se farão de forma correta e as

transferências se realizarão de acordo com os prazos e entendimentos que não

signifiquem nem perdas nem entraves no trabalho.

36

Entretanto, é preciso não esquecer que, mais do que do fluxo ordenado, esse

merecimento decorre fundamentalmente da proveniência, da função e da natureza

do conteúdo das séries documentais. Essa avaliação ad hoc será bem concretizada

se houver critérios e procedimentos bem definidos e fixados no que concerne à

avaliação.

A avaliação de documentos prescreve que o supérfluo seja eliminado dentro

de determinados prazos e que se reduza a massa documental sem prejuízo da

informação. Para tanto, é necessária a análise da produção documental, com vistas

a identificar os documentos que espelhem a atuação, o comportamento, as

realizações e conquistas das unidades governamentais e privadas e os respectivos

controles das fontes de informações. Essa argumentação está mais bem dirigida pra

o caso mais correto das tabelas a serem elaboradas a priori da própria produção.

Entretanto, deve ser considerada, naturalmente, também nos casos das avaliações

circunstanciais.

A documentação administrativa- instrumento do Estado e da administração-

de simples registro de atos e fatos administrativos- arquivo inexpressivo de papeis e

documentos pertencentes ao passado- tornou-se instrumento de real utilidade para

os administradores no delineamento dos novos rumos da política administrativa. Os

documentos deixaram de constituir os resíduos das operações passadas para se

tornar as ferramentas de trabalho da administração. Se a documentação representa

uma atividade-meio, servindo à administração, para que esta possa manter a

continuidade e a coerência em seus atos, ela também não deixa de ser fim, quando

atendem as necessidades coletivas que vivem dentro da órbita do Estado e que

incumbe atender.

Sendo o arquivo o documento vital de uma administração, é natural que seja

visto como o arsenal da administração e, ao mesmo tempo, como o celeiro da

história.

É nessa dualidade de administração/história- ou melhor, valor

administrativo/valor histórico- que se deve considerar a documentação estática ou

inativa. Não há arquivos que sejam, em essência, históricos, e todo papel

administrativo, desde sua criação, tem, em potencial, um valor histórico.

Documento de arquivo: produzido por e para a administração e guardado para

a história. Até que ponto essa passagem é obrigatória? Tudo o que é gerado pela

máquina administrativa pode fundamentar a pesquisa histórica? A resposta é,

37

definitivamente, não. O descarte é inevitável. A única diferença é que ele pode ser

improvisado e desordenado ou bem estudado e sistemático. Caso se opte pela

primeira alternativa, estar-se-á privando a história de seu elemento vital e a

administração das informações que ela mesma produziu. Nesse caso, estar-se-á

determinando, pela falta de informação, a repetição de erros e a multiplicação de

esforços e gastos.

A avaliação é feita levando-se em cota o valor dos documentos, que

apresenta duas facetas bem distintas: 1) valor primário/administrativo; 2) valor

secundário/histórico. A tarefa mais árdua, a responsabilidade maior do arquivista é

justamente esta, a avaliação, quando ela tem de ser feita a posteriori e não como

deveria ser, desde a produção. Para isso, o arquivista deve contar com a assessoria

de historiadores, administradores e juristas. Cabe reiterar que não se trata aqui da

elaboração de tabelas de temporalidade- também função dessas mesmas forças

conjugadas. A tabela preside mesmo a passagem da primeira idade (arquivos

correntes) para a segunda (arquivos intermediários), tanto quanto presidirá a

passagem seguinte, par a terceira idade (arquivo permanente).

O funcionamento correto desse fluxo permite ao profissional do arquivo

histórico receber tranquilamente a documentação de guarda permanente que lhe é

passada para arranjo e descrição, pois sabe que ela já passou por crivos criteriosos

e conscientes. Isto não é referência a esse caso e, sim, ao da documentação

estática simplesmente guardada sob a denominação sinistra de “arquivo morto” e

sobre a qual é preciso, e urgente, que se profira a sentença de vida ou morte.

Todo mecanismo moderno dos arquivos está condicionado pela solução de

um problema-chave: o da eliminação dos documentos inúteis. Por formação ou por

vocação, o arquivista é necessariamente um historiador (quando no âmbito dos

arquivos históricos) e porque sabe, por experiência pessoal, como escrever a história

e com que material ele não pode se resignar a ser somente um conservador de

arquivos; ele se tornou, de certa forma, um especialista da eliminação, ele é uma

pessoa que sabe destruir. Com efeito, é-lhe impossível contentar-se em receber

sempre só os fundos que as repartições queiram remeter-lhe, depois de uma triagem

feita por elas mesmas. Os serviços públicos raramente estão qualificados para

apreciar o valor histórico dos documentos que eles manipulam. O IFPR parece ser

uma destas exceções pela importância que está dando ao tema já nos seus

primeiros anos de criação, bem como pela formação que oferece aos seus

38

servidores no Curso Superior de Tecnologia em Gestão Pública contendo a

pertinente disciplina de Gestão de Documentos e Arquivística. Em nome da história,

o arquivista reivindicou o direito de vida e morte sobre os papeis. Pode-se dizer que

a legislação e a prática acabaram por admitir que, a princípio, nenhuma destruição

poderá ser feira sem autorização de um arquivista responsável, o que supõe

relações estreitas e constantes entre os arquivos históricos e as administrações.

Ao estabelecer e discernir o que diferencia o valor administrativo do valor

histórico ou o que os superpõe, o arquivista já estará estabelecendo os critérios de

valor dos documentos de terceira idade. O valor primário é a própria razão do

documento, já o valor secundário é um valor residual que os papeis ainda podem

conservar. O arquivista norte-americano Morris Rieger define como documentos de

valor secundário, sendo, portanto conserváveis: 1) os que, depois de perder o valor

primário, continuam a apresentar valor jurídico; 2) os que mantêm um valor ligado

aos direitos individuais; 3) os que refletem a evolução histórica da administração e 4)

os que mantêm valor potencial para especialistas em história, ciências políticas,

economia, sociologia, geografia, estatística e outras disciplinas.

No caso das três primeiras categorias, é fácil tomar decisões, em vista do

sentido concreto e específico. Entretanto, no caso da quarta, os avaliadores devem

possuir conhecimentos sobre as matérias de que tratam os diferentes conjuntos de

documentos submetidos a seu exame, mas não se lhes pode exigir uma

competência universal. O ideal seria que cada avaliador se especializasse numa

área mais ampla.

A avaliação não é fácil. Na verdade, é a mais penosa das responsabilidades

do arquivista. Assim sendo, um dos primeiros deveres profissionais do arquivista é

ficar em contato através das sociedades científicas, dos colóquios universitários e

dos congressos, com os praticantes da pesquisa científica...

Os funcionários da repartição devem ser principalmente responsáveis pelo

julgamento dos valores primários, isto é, dos valores que os documentos possuem

para os usos da repartição, mesmo na sua própria atividade, tais como os usos

administrativos, legais e fiscais. Os arquivistas devem ser principalmente

responsáveis pelo julgamento dos seus valore secundários, isto é, dos que

apresentem interesses para usos outros que não a atividade oficial da repartição,

tais como a pesquisa.

39

Portanto, no caso dos valores secundários, pode-se contar com auxiliares

para a identificação de documentos específicos requeridos como prova da atividade

da repartição e para a indicação da importância e da exclusividade da informação

sobre pessoas (o que é o caso da PROGEPE do IFPR), lugares e coisas contidas

nos seus documentos. Mas cabe aos arquivistas a responsabilidade final pela

determinação de tais valores, pois a função de sua instituição é preservar os

documentos que possuem esses valores. Valores primários correspondem aos

interesses da própria repartição de origem, valores secundários são os de interesse

de outras repartições e de historiadores, por razões muito mais amplas do que as

ligadas aos valores primários.

Quanto aos valores secundários, (que, no caso, são os que mais interessam

aos objetivos do presente trabalho), são estabelecidas duas espécies de elementos:

1) valores de prova (ligados à política administrativa, à história do órgão, aos

processos por ele gerados, etc) e 2) valores de informação (ligados aos direitos

pessoais, a atos administrativos, etc).

Destaca-se a dupla função dos arquivos. Eles servem de instrumento para a

eficácia da administração e servem de fundamentação para a pesquisa. Assim,

toma-se o valor primário como o estabelecido em função do interesse que o

documento possa ter para a entidade que o produziu e/ou acumulou e o valor

secundário como o estabelecido em função do grau de interesse que venha a ter

para a pesquisa histórica.

Para averiguar o valor primário é preciso verificar se o documento é

necessário para o cumprimento das atribuições e para o desempenho das funções

da entidade produtora/acumuladora. Essa necessidade pode manifestar-se pelos

valores administrativo, jurídico e fiscal.

O valor administrativo é definido como inerente aos documentos necessários

à consecução das atividades correntes do órgão, tais como planos, programas,

relatórios... Para se saber se o valor administrativo acabou e já pode considerar o

valor de terceira idade do documento, podendo este passar à sua destinação de

expurgo ou de guarda permanente, basta averiguar se os documentos deixaram de

estar ligados ao desempenho da atividade a que se referem; se o objetivo principal

dos documentos já foi atingido; se a conservação dos documentos se dá por

conveniência, por mero hábito; se as operações a que os documentos se ligam já

foram concluídas; se a guarda dos documentos serve apenas como garantia contra

40

reclamações de ordem administrativa; se é possível obter os mesmos documentos

em outro lugar.

Como de valor jurídico são apontados dos documentos que envolvem direitos

deveres do cidadão para com o Estado e vice-versa, sendo os que produzem efeito

perante os tribunais, regulamentam as relações externas e internas do órgão. Para

saber se o valor jurídico já não acompanha o documento, é preciso verificar se o ato

jurídico específico a que se referem os documentos já se concretizou; se a prova

legal já atingiu seu objetivo principal; se dos direitos dos órgãos foram devidamente

resguardados; se os direitos de qualquer cidadão foram devidamente protegidos e se

o documento existe em algum outro lugar, isto é, se se trata de duplicata ou não.

O valor fiscal é explicado como o que figura nos documentos ligados a

operações financeiras e à comprovação de receita e despesa, geradas para atender

a exigências governamentais. Trata-se de notas fiscais, faturas, recibos etc. Esses

documentos perdem seu valor primário quando se averigua que o objetivo pelo qual

foram criados já foi atingido. Aliás, esta é uma das regras gerais de fácil aplicação na

identificação dessa perda do valor administrativo.

Quanto ao valor secundário, o que implica a passagem para a terceira idade,

esse valor corresponde ao grau de importância que o documento possui para a

pesquisa, dentro de sua utilização para além do interesse da entidade que o criou,

sendo importantes dados sobre a origem, a organização, a função, os métodos e as

operações do órgão. Porém, além desse que seria o valor primário, dentro do

secundário, o conteúdo, a forma, o suporte do documento podem fornecer um leque

mais amplo de informações históricas que se relacional com a vida política,

institucional, social e até cotidiana da sociedade em cujo contexto o documento foi

gerado.

Para esse valor de guarda permanente é preciso estar atendo a três princípios

fundamentais: unidade, forma e importância. Verifica-se a unicidade no suporte

quando não há cópias do documento, e no conteúdo quando não há documentos

recapitulativos nem sínteses. Quanto ao que se denomina forma, trata-se de verificar

o grau da informação: se extensiva, intensiva ou diversificada. O princípio da

importância é o mais subjetivo e difícil, apesar de ser o essencial. Nele pode-se

incluir os dois tipos de valor histórico: o probatório e o informativo. O primeiro refere-

se à história e a ação do órgão. O segundo, aos seus documentos que elucidam

aspectos econômicos, políticos, de pesquisa, sociais e estatísticos. Com isso, há

41

possibilidades concretas de levantar a história de um órgão e, paralelamente, extrair

de sua documentação informes históricos de toda espécie.

Para o Arquivo Nacional brasileiro (Normas Gerais, 1983), inspirado nas

normas de avaliação dos arquivos públicos do Canadá, são considerados

documentos de guarda permanente os de valor probatório com relação a direitos,

tanto de pessoas físicas ou jurídicas, quanto de coletividades, e os de valor

informativo sobre pessoas, fatos ou fenômenos cuja memória, em termos históricos,

seja considerada relevante (em entidades públicas ou privadas). Assim, serão

históricos os documentos referentes à origem, aos direitos e aos objetivos da

instituição. Exemplifica-se com os atos de criação e os documentos relativos a

direitos patrimoniais. Ademais, também o são os documentos que reflitam a

organização e o desenvolvimento da instituição, que tratem das atividades-fim da

instituição, atos e relatórios da direção, correspondência em geral que trate não só

de atividades-fim como de delegação de poderes, etc. Também aponta o Arquivo

Nacional os registros visuais ou sonoros que reflitam a vida da instituição,

documentos que firmem jurisprudência, documentos concernentes à administração

de pessoal (caso da PROGEPE do IFPR), documentos que respondam a questões

técnico-científicas relativas às atividades específicas da instituição, documentos de

divulgação produzidos para promoção da instituição e documentos de valor artístico

e cultural.

O desenho crescente e abrangente dessas características mostra que vão

desde as mais intrinsecamente chegadas às atividades principais do órgão que

produziu os documentos até as que fixam as relações do mesmo órgão com a

própria sociedade. Assim preservados, por essas mesmas razões, os documentos

servirão aos mais variados temas, aspectos e abordagens da pesquisa histórica.

Se ficar atento a essas classificações, por mais cambiantes que sejam os

interesses e as tendências da pesquisa, o arquivista estará correta e eficazmente

cumprindo a vertente da função arquivística concernente à triagem e ao resgate da

informação administrativa/histórica.

É preciso enfatizar que o processo avaliador nunca é feito documento por

documento. As séries documentais que refletem operações, atividades, funções e

competências definem-se por sua tipologia, e esta denota a identidade de cada um

de seus documentos componentes. Assim, é á série e não ao documento que se dá

42

a sentença definitória de vida ou morte. E é a ela que se referem os prazos fixados

pelas tabelas de temporalidade.

6. CONCEPÇÃO

6.1 IDENTIFICAÇÃO DE FUNDOS

É indispensável que a ordenação do arquivo permanente da PROGEPE do

IFPR se faça por fundos. Hoje em dia, época da criação da organização, mesmo nas

organizações cujo emprego de tratamento arquivístico adequado a seus acervos

documentais administrativos seja recente- o que é o caso do IFPR- , exige-se que os

documentos estejam arranjados por assunto, por ordem cronológica única, por

formatos ou suportes materiais da documentação que lhe compete recolher, tratar,

custodiar, preservar e divulgar. De há muito tempo, mais de 140 anos- tempo de

existência do IFPR sob os diversos nomes-está estabelecido que a questão do

levantamento dos assuntos e de outras informações contidas nos documentos

resolve-se pelos índices dos instrumentos de pesquisa, cuja elaboração é tarefa da

descrição e não do arranjo dos arquivos. A principal diferença para agora reside no

tamanho da instituição, e no fato de não mais poder compartilhar a infraestrutura da

UFPR para tal finalidade.

No caso de arquivo final da administração do órgão de gestão de pessoas da

autarquia federal, seus arquivos não podem dispensar a fixação dos fundos. Esta

nem sempre pode ser feita a priori, porém sempre deve ser feita antes de qualquer

outro processamento técnico. Com essa ressalva, deseja-se significar que, se, por um

lado, já existe um vasto material a ser arranjado. Haja vista que, com

aproximadamente seiscentos funcionários entre servidores, empregados e estagiários

ainda não recebeu por parte da UFPR todo o acervo que lega ao IFPR. Ainda, há

previsão que o IFPR fique pelo menos três vezes maior do que é hoje nos próximos

anos devido às prioridades definidas pelo mercado de trabalho e pelo Governo

43

Federal. É a partir do seu estudo como conjunto administrativo funcional que se vai

impor um quadro de arranjo, dentro dos preceitos descritos mais adiante; por outro

lado, quando se pode dispor de organogramas e conhecimento seguro sobre as

várias entidades e funções que se ligam os documentos, é possível estabelecer antes

um quadro de fundos, em cada um dos quais a documentação recolhida será

integrada. Aliás, a agregação em fundos é perfeitamente compreensível no caso do

arquivo permanente da PROGEPE do IFPR, onde o documento sozinho não tem

sentido, valendo, isto sim, o conjunto.

Admite-se como fundo o conjunto de documentos produzidos e/ou

acumulados pela PROGEPE do IFPR no exercício de suas funções e atividades,

guardando entre si relações orgânicas, e que são preservados como prova ou

testemunho legal e/ou cultural, não devendo ser mesclados a documentos de outro

conjunto, gerado por outra instituição, ainda que este, por quaisquer razões, lhe seja

afim.

Pode ser entendida como uma das funções da PROGEPE, a

responsabilidade por “dar encaminhamento às atividades que visem ao aumento da

competência de seus profissionais, melhorando as relações internas, valorizando

seus recursos humanos, para que as ações administrativas e acadêmicas sejam

efetivas e voltadas para a consecução dos resultados esperados, que é o

atendimento de excelência ao cidadão. E por seu intermédio que deverá ser

consolidada a política institucional de recursos humanos” (PROGEPE, 2011).

As definições clássicas de fundo correm por conta de literaturas

especializadas como o Manual Francês de Arquivística- MFA, Léxico de Terminologia

Arquivística- LTA, Manual Holandês da Associação dos Arquivistas- MHAA, Manual

Espanhol de Vicenta Cortés- MEVC e Manual Inglês de Hilary Jenkinson- MIHJ.

MFA define fundo como “o conjunto de documentos de toda natureza que

qualquer corpo administrativo (...) tenha reunido, automática e organicamente, em

razão de suas funções ou de sua atividade. Isto é, dele fazem parte os rascunhose/ou

as duplicatas dos documentos expedidos e os originais e/ou cópias de peças

recebidas, assim como os documentos elaborados em conseqüência das atividades

internas dos organismos considerados e os documentos reunidos por sua própria

documentação, bem como os conjuntos eventualmente herdados de outros

organismos aos quais sucede totalmente ou em parte” (MFA, 1970, p. 23, apud

BELLOTTO, 2006, p. 128). Nesta definição são citadas as funções, já enumeradas, e

44

refere-se a casos como o do IFPR que sucede diversas outras organizações ou

partes destas há mais de cento e quarenta anos.

LTA define fundo de arquivo como um “conjunto de documentos cujo

crescimento se efetua no exercício das atividades de uma pessoa (...) jurídica” (LTA,

1964, p. 33, apud BELLOTTO, 2006, p. 128). Esta definição também refere-se a

atividades como as desenvolvidas pela PROGEPE do IFPR. “A Diretoria de

Desenvolvimento de Pessoas- DDP é responsável pelo ingresso do servidor no IFPR

e pelo seu desenvolvimento contínuo profissional e pessoal. Planeja, coordena e

avalia as atividades das coordenadorias da DDP. Gerencia as questões referentes ao

ingresso do servidor no IFPR e sua movimentação. Promove o desenvolvimento do

servidor na carreira. Coordena e implanta políticas de avaliação de desempenho e de

avaliação de estágio probatório. Viabiliza os cursos de capacitação que melhor

atendam ao desenvolvimento do servidor na carreira” (IFPR, 2011).

MHAA define fundo como “conjunto de documentos escritos, desenhos e

material impresso, recebidos ou produzidos oficialmente por determinado órgão

administrativo ou por um de seus funcionários, na medida em que tais documentos se

destinem a permanecer na custódia desse órgão ou funcionário” (MHAA, 1960, p. 9,

apud BELLOTTO, 2006, p. 128). Esta definição inclui desenhos, que podem ser

entendidos como desenhos de cargos- como ocorre na PROGEPE do IFPR.

MEVC define fundos como “os primeiros agrupamentos, reunidos em razão

de sua origem, são as seções (fundos), integradas por papeis procedentes de uma

instituição (...) que tenha organização, funções e fins conhecidos” (MEVC, 1979, p 51,

apud BELLOTTO, 2006, p. 129). Esta definição volta a citar funções como as da

Diretoria de Administração de Pessoas- DIAP que “é responsável pelo gerenciamento

dos sistemas de cadastro interno e geral do Poder Executivo (SIAPEcad) e pela folha

de pagamento dos servidores docentes, técnico-administrativos, aposentados e

pensionistas, bem como os docentes substitutos do IFPR e estagiários. Gerencia e

supervisiona os trabalhos das Coordenadorias vinculadas a esta Diretoria. Gerencia a

folha de pagamento, coordena, controla e supervisiona os assuntos de cadastro,

remuneração, folha de pagamento, benefícios e pensões relativos aos servidores do

IFPR e seus dependentes, bem como atualiza sistemas informatizados” (IFPR, 2011).

Também faz menção a um sinônimo da palavra fundos como seções.

MIHJ define grupo de arquivo (fundo) como “todos os documentos

resultantes do trabalho de determinada administração, que constituiu um todo

45

orgânico, completo em si mesmo, capaz de tratar, independentemente, e sem

autoridade alguma interna ou externa, de todos os aspectos de qualquer negócio que

lhe pudesse se apresentado de modo normal” (MIHJ, 1922, p. 11, apud BELLOTTO,

2006, P. 129). Esta definição traz grupo de arquivo como sendo sinônimo de fundo e

restringe os assuntos motivo de composição de fundo como sendo os negócios

quesão apresentados de modo normal, por exemplo, à PROGEPE do IFPR, até

porque como todo órgão, eventualmente executa atividades extraordinárias visando a

colaborar com outros órgãos mas que, por esta definição, não seriam motivo de

formação de fundo no arquivo permanente do IFPR.

Examinando-se essas assertivas, pode-se compreender melhor o princípio

fundamental da arquivística no âmbito do arquivo permanente da PROGEPE do

IFPR: princípio da proveniência- que consiste em deixar agrupados, sem misturar a

outros, os arquivos ou não mesclar documentos de fundos diferentes. Mas esse

princípio, na verdade, desdobra-se em dois. Segundo alguns teóricos, eles chegam a

se confundir; segundo outros, porém, o princípio da proveniência e o princípio do

registro ou da santidade da ordem original. Assim, ademais de não mesclar papeis de

uma repartição com os de outra, o arquivista teria ainda que respeitar o arranjo

interno com que esses papeis vieram do órgão de origem, como no exemplo aplicável

ao IFPR, a UFPR.

Apresentam-se então dois aspectos a serem tomados em conta. O primeiro:

respeitar os órgãos de origem (Escola Alemã, Colégio Progresso, Escola Técnica,

UFPR...), não deixando que seus documentos se misturem com os de outro órgão

(IFPR). O segundo: respeitar a ordem escrita em que os documentos vieram da

repartição de origem, na sequência original de séries, mesmo que deturpada pelas

baixas decorrentes da execução de tabelas de temporalidade.

Esta última questão- o princípio do registro ou santidade- é polêmica no

campo da arquivologia, talvez por ter sido entendida de forma demasiadamente

estrita e, por isso, de certo modo, parecer absurda. Hoje, à luz dos estudos da

diplomática, é possível começar a entendê-lo de maneira mais clara. Essa santidade

não seria propriamente a ordem física que os documentos tinham no arquivo corrente

e, sim, o respeito à organicidade, isto é, a observância do fluxo natural e orgânico

com que foram produzidos e não propriamente dos detalhes ordenatórios de seu

primeiro arquivamento.

46

Ao se abordar a identificação dos fundos de arquivo, a primeira questão diz

respeito aos requisitos necessários para que se caracterize um núcleo documental

como fundo. Para identificar se um órgão maior cujos documentos devem constituir

um fundo, ele deve, segundo Duchein (1976), “possuir nome, ter existência jurídica

resultante de lei, decreto, resolução, etc; ter atribuições precisas, também

estabelecidas por lei; ter subordinação conhecida firmada por lei; ter um chefe com

poder de decisão, dentro de sua área legal de ação; ter uma organização interna fixa”

(DUCHEIN, 1976, p.13, apud BELLOTTO, 2006, p. 132). Tudo isso parece se

encaixar perfeitamente com as características organizacionais da PROGEPE do

IFPR.

Mas ainda assim, de modo geral, persistem dúvidas. Uma vez que órgãos

subordinados também têm suas funções e sua criação estabelecidas por lei. No caso

do IFPR, entretanto, fica claro por tratar-se de uma autarquia federal vinculada ao

Ministério da Educação- MEC, subordinado ao Governo Federal e ao mesmo tempo

tendo a PROGEPE como subordinada e a própria PROGEPE tendo duas diretorias

subordinadas a ela e cada diretoria tendo coordenadorias como subordinadas das

diretorias. Outrossim, nem por isso o assunto deixa de ser um dos problemas

enfrentados pelo arquivista: ficar esperando o órgão maior criar um fundo no seu

arquivo permanente para abrigar os documentos do órgão menor ou já ter a iniciativa

de criar um arquivo permanente próprio constituindo fundos para os seus órgãos

subordinados. Dá para ver que a segunda opção foi a que convenceu mais os

arquivistas da PROGEPE do IFPR.

Estabelecidos quais os dois fundos da PROGEPE do IFPR- DDP e DIAP- é

preciso discernir-lhes as variações. Como agir quando há supressão ou transferência

de competências? Se uma atribuição de uma diretoria é transferida para outra

diretoria, os papeis gerados por essa atribuição devem passar ao fundo

correspondente em sua nova diretoria. Ainda que seja sob a forma de cópia.

Exemplo: os assuntos estudantis deixaram de ser atribuição da PROGEPE em 2011

e passou a ser atribuição de outra Pró-Reitoria. Os dois fundos já existiam e

continuam a existir, sendo o segundo acrescentado com os papeis correspondentes

àqueles assuntos estudantis. Se, entretanto, a referida outra Pró-Reitoria for

suprimida, seus papeis não passam para os vários fundos dos órgãos anteriores-

como a PROGEPE. Até a data da supressão, sua documentação constitui um fundo,

que será considerado um fundo fechado, com data inicial e data final.

47

Pode se dar o caso de um órgão apenas mudar de nome, como foi o caso da

DDP- que era Didep e da DIAP- que era Digep; mas, como todas as atribuições foram

as mesmas, o fundo continuará o mesmo, assinalando-se a troca de nome, nada

mais.

Poder-se-ia dizer ainda muito mais sobre as transformações hipotéticas que

o IFPR e a PROGEPE possam vir a sofrer em função das expansões vertiginosas

que estão previstas para ocorrerem nos próximos cinco anos. Por hora, bastam estas

definições haja vista que a objetivo principal até o momento é a identificação.

A identificação de fundos é um trabalho complexo que só foi possível com a

obtenção de um conhecimento profundo da PROGEPE sem que o autor abdicasse,

para isso, de passar por um estágio de quase um ano na Pró-Reitoria na condição de

estagiário do Curso de Graduação em Administração. Desse conhecimento dependeu

todo o arranjo do arquivo permanente, arranjo sem o qual o trabalho de descrição e

levantamento de conteúdo dos documentos componentes seria seriamente

prejudicado. Esse prejuízo fatalmente atingiria toda a otimização da informação

administrativa cuja eficiência é, afinal, a própria razão de ser do arquivo permanente

da PROGEPE do IFPR e do presente trabalho.

6.2 SISTEMÁTICA DO ARRANJO

Para BELLOTTO (2006, p. 135), “arranjo é o processo de agrupamento dos

documentos em unidades significativas e o agrupamento, em relação significativa, de

tais unidades entre si”. Como as atividades da PROGEPE do IFPR estão fortemente

orientadas por princípios constitucionais de legalidade, impessoalidade, moralidade,

publicidade e eficiência e ainda a respeitar direitos do servidor como, por exemplo,

habeas data (direito de consultar suas próprias informações nos arquivos da

autarquia empregadora), as atividades são, em geral, feitas mediante processo

numerado com um sistema de acompanhamento remoto de sua tramitação e

localização. Sendo assim o agrupamento dos documentos, em geral se dá por

processos. Estes processos são unidades significativas e a relação dos documentos

que a compõe são significativas entre si. A relação significativa aludida nada mais é

do que o princípio da organicidade que prevalece na produção e, consequentemente,

48

na organização do arquivo. Na terminologia arquivística brasileira, consagrou-se o

uso da palavra arranjo, evidentemente traduzido do inglês arrangement, e que

corresponde à classificação nos arquivos correntes. Como na prática arquivística

brasileira tem permanecido o uso do vocábulo arranjo para designar a organização

dos documentos nos arquivos permanentes, este será também utilizado para se

referir às peças correspondentes no presente trabalho. O importante é que o princípio

que norteia a classificação no âmbito dos arquivos correntes-obediência às atividades

e às funções do órgão produtor- não se perca. Mesmo havendo as naturais lacunas

decorrentes da aplicação das tabelas de temporalidade, o arranjo deve respeitar a

classificação de origem, apenas admitindo-se algumas adaptações no caso de alguns

documentos recolhidos sistematicamente, como é o caso de novos documentos que

se adicional aos processos durante a vida do servidor como certidões de nascimento

dos novos filhos, certidões de casamento, de divórcio, certidões de novos

casamentos, comprovantes de mudança de endereço residencial, comprovantes de

mudança de função, cargo, novas capacitações, novas titulações, óbito, enfim, tudo

que tenha significado para a sua vida funcional e passa a ter de constar nos

processos. No caso das massas documentais acumuladas, o arranjo deve se basear

na classificação correta, mesmo que não se tenha conhecimento imediato das

atividades e funções que originaram os documentos e seja necessário pesquisá-las

para se atingir a indispensável organicidade.

Essa organicidade, que está vivamente presente na própria conceituação de

fundo, é o fator que melhor esclarece as diferenças entre os conjuntos documentais

arquivísticos e as coleções características das bibliotecas e dos centros de

documentação, uma diferença já tratada no referencial teórico.

A operação do arranjo resume-se à ordenação dos conjuntos de documentos

remanescentes das eliminações (ditadas pelas tabelas de temporalidade e

executadas nos arquivos correntes e intermediários), obedecendo a critérios que

respeitem o caráter orgânico dos conjuntos interna e externamente. Cabe lembrar

que se trata de ordenação feita no arquivo permanente da PROGEPE do IFPR,

quando realmente os conjuntos de documentos produzidos/recolhidos pelas diretorias

passam a conviver uns com outros, só então passando a ser fundos. A denominação

fundo pode ser simplesmente considerada como a que substitui o termo arquivo

quando os arquivos correntes vêm a fazer parte de outros arquivos mais abrangentes.

49

A teoria dos fundos, como embasamento metodológico do arranjo e da

ordenação dos conjuntos documentais no arquivo permanente da PROGEPE do IFPR

e que está universalmente consagrada, teve início na França, em meados do século

XIX. Antes mesmo, desde os primeiros governos de exceção que se seguiram à

Revolução Francesa, houve naquele país preocupação com a organização

arquivística. Data de 1794 a criação de uma administração nacional dos arquivos

públicos- tema que não será aprofundado neste trabalho devido ao tema central ser o

arquivo da PROGEPE do IFPR.

Costuma-se atribuir a autoria da teoria de fundos, segundo BELLOTTO

(2006, p. 137), a “Natalis de Wailly, historiador e paleógrafo chamado a organizar a

seção administrativa do arquivo do Ministério do Interior da França dentro dos novos

moldes. Foi ele quem viabilizou o disposto (...) em exposição feita em 8 de junho de

1841, demonstrando que a classificação por fundos era a única maneira adequada de

se assegurar a realização de uma ordem regular e uniforme”. A partir daí, vários

países seguiram o exemplo francês, inclusive a PROGEPE do IFPR até com o

objetivo de universalização de normas e técnicas visando à inteligibilidade das

informações em consultas futuras.

Se o arquivo permanente da PROGEPE do IFPR visa a atender ao

pesquisador, pode parecer paradoxal que o arranjo seja baseado na forma

administrativa. Para o historiador seria mais fácil que a ordenação fosse temática,

cronológica ou geográfica- já que a estrutura da instituição é multi-campi com

unidades espalhadas por quase 200 cidades pelo Estado que tem cerca de 400

municípios. Entretanto, tal ordenação faria desaparecer ou diluiria a percepção da

razão de ser do documento, o que, afinal, o deformaria aos olhos do consulente. No

caso específico, vem ao encontro de uma pesquisa muito mais a natureza e o

significado do documento dentro do conjunto orgânico do que a informação nele

contida, já que os mesmo podem ser encontrados individualmente com mais demora

e custo em arquivos permanentes de outros órgãos públicos e privados. De qualquer

forma, o historiador não deixa de ser servido quanto aos conteúdos: para tanto,

existem os instrumentos eletrônicos e informatizados de pesquisa onde os mesmos

encontram-se digitalizados antes de comporem o arquivo físico. Estes, montados,

seguindo a metodologia preconizada pela análise documentária, cumprirão a

desejada transferência da informação.

50

O arranjo é uma operação ao mesmo temo intelectual e material: deve-se

organizar os documentos uns em relação aos outros; as séries, umas em relação

àsoutras; os fundos, uns em relação aos outros; dar número de identificação aos

documentos; colocá-los em pastas, caixas ou latas; ordená-los nas estantes.

Ao analisar as operações do arranjo, chama-se a atenção para a distinção

que deve ser feita entre quadro de arranjo e arranjo interno. Trata-se da diferenciação

promovida pela classificação de fundos como operação preliminar à ordenação dos

documentos e de séries documentais. Tal diferenciação não se choca com a feita

pela PROGEPE do IFPR já que uma legislação específica da gestão de pessoas das

instituições federais de educação básica técnica e tecnológica- IFETs já prevê com

detalhes tal classificação.

Assim, mesmo usando terminologias diversas, os membros do GT-Arquivo

designado para reorganizar o arquivo permanente da PROGEPE do IFPRtendem a

concordar quanto à procedência do estabelecimento do quadro de fundos, a partir do

organograma da PROGEPE, área da qual a própria documentação a arranjar é

invariável e obrigatoriamente denotadora.

É interessante notar a especificidade com que se define arranjo, utilizando-se

a mesma expressão para a operação de ordenação e a situação que se chega após a

sua efetivação. A questão teórica dos diferentes níveis (arquivo, fundo, grupo ou

seção, série, conjunto) podem ser logicamente adaptados na PROGEPE do IFPR

como: arquivo permanente, fundo do gabinete da Pró-Reitora, fundo da DDP e fundo

da DIAP, seção da cada coordenadoria da cada diretoria, séries de cada uma das

funções de cada coordenadoria e conjunto de documentos ou cópias autenticadas

paginadas agrupados em processos numerados e digitalizados folha por folha.

O processo do arranjo propriamente dito é iniciado a partir da primeira idade,

conservando-se esta classificação até a terceira idade. Antes, porém, algumas etapas

preliminares devem ser vencidas. A cada fundo que começa a ser acumulado no

arquivo permanente devem corresponder, preliminarmente, duas atividades, para o

caso da chegada de partidas de massa documental acumulada fora dos sistemas de

arquivo já constituídos e em funcionamento ou de essa acumulação já se achar há

muito tempo no arquivo permanente aguardando processamento técnico. No caso do

IFPR, a UFPR fará em breve uma grande partida dos arquivos históricos das

instituições que antecederam o IFPR.

51

A primeira atividade é o levantamento institucional da entidade produtora dos

documentos. Isto supõe toda a legislação que a cria e regulamenta; os procedimentos

administrativos; as funções que exerce para que se cumpra o objetivo para o qual foi

criada; os documentos produzidos, cuja tipologia é adequada às operações,

atividades e funções que eles testemunham.

A segunda atividade é a prospecção arqueológica da documentação a

arranjar. Essa identificação preliminar, ainda que superficial, é obrigatória. Isto

porque, além de permitir a alienação de papeis que realmente não pertençam ao

fundo, possibilita a percepção dos vazios em relação às funções institucionais

apontadas pela caracterização geral da entidade feita anteriormente. A desejada

justaposição entre as funções (que se desdobram em atividades) desempenhadas e

as respectivas séries documentais que as comprovam muitas vezes não se realiza.

As razões tem a ver com as lacunas causadas pelas baixas permitidas (expurgos

criteriosos) ou por desfalques (perdas causadas por incúria, má-fe ou ignorância).

Há uma terceira atividade que é o estudo das entidades produtoras do

material detectado. Para estas deve ser elaborado um quadro mais detalhado,

contendo dados sobre as entidades ausentes, já que as lacunas porventura existente

podem vir a ser preenchidas pelo achado de documentos desaparecidos, como é

comum acontecer.

Assim, o GT-Arquivo analisa o material em termos de: proveniência, história

da entidade produtora dos documentos, origens funcionais, conteúdo e tipos de

material.

Conhecedor da origem que dita o fundo; da evolução institucional que lhe

permite detectar alterações, acréscimos e supressões de órgãos internos; das

funções que ditam a própria tipologia, será possível ao GT-Arquivo organizar

adequadamente o material.

Dos cinco requisitos, observa-se que os três primeiros referem-se à entidade

produtora, seja o IFPR ou suas entidades antecessoras. São dados a serem obtidos,

portanto, antes do trato dos documentos. Já os dois últimos só podem ser detectados

a partir do exame da documentação. Mas, no momento do arranjo propriamente dito,

todos eles devem estar presentes e naturalmente vinculados. Vale lembrar mais uma

vez que é no respeito a essa vinculação orgânica que reside o êxito dos trabalhos de

arranjo.

52

A sistemática inicia-se, materialmente, com o recolhimento. Se a

transferência é a passagem dos arquivos da gestão aos intermediários, para ali

sofrerem os papeis a necessária decantação, o recolhimento é o envio dos

documentos remanescentes da aplicação dos prazos ditados pela avaliação/tabelas

de temporalidade para a custódia definitiva nos arquivos finais.

Não há uniformidade quanto aos modos de recolhimento. As variações

ocorrem conforme a disponibilidade de recursos sejam estes materiais,

financeiros/orçamentários, espaço físico imobiliário, mobiliário, pessoas qualificadas

para tal, etc...

A título de exemplo, pode-se citar, no caso dos processos de nomeação em

cargo efetivo de servidores docentes e técnico-administrativos do IFPR. Estes

processos constituem, individualmente, um conjunto de documentos originais ou em

cópia autenticada e, agrupados, constituem uma série de processos (conjuntos). O

modo de recolhimento é condicionado pela tramitação total do processo por todos os

órgãos internos do IFPR e STJ, etc por todos os órgãos externos a este como

Controladoria Geral da União- CGU, Tribunal de Contas da União- TCU, quando não

outros poderes como o Poder Judiciário (Justiça Federal, TRF, STJ, etc). Isso demora

aproximadamente um ano. Só depois disso, o processo (conjunto), em sua versão

final, é digitalizado e recolhido ao arquivo permanente. Vale ressaltar, que mesmo

recolhido, o processo (conjunto) continua a receber novos documentos (páginas) ao

longo da vida funcional e biológica do servidor, tendo de sofrer atualizações também

na sua cópia digitalizada. Em 2011, foi recolhido o acervo referente aos servidores

admitidos em 2010.

O ideal é que o recolhimento seja sistemático, regular e organizado, quer

quanto às datas, quer quanto à apresentação do material vindo do arquivo

intermediário. Uma situação que não é a ideal, mas tolerável, é o recolhimento, que é

revestido de certa regularidade mas feito, diretamente dos arquivos correntes aos

arquivos finais. É o que acontece teoricamente com a PROGEPE do IFPR. Ela não

dispõe teoricamente de um arquivo intermediário mas esta função de arquivo

intermediário é dividida, na prática entre os arquivos corrente e permanente. Ou seja,

muitos processos (conjuntos) que estão no arquivo corrente já estão há mais de uma

ano sem sofrer atualização e vão demorar a ser recolhidos enquanto processos

(conjuntos) já recolhidos continuam por muitos anos a receber novas páginas. Vale

ressaltar que esta prática não ocorre devido adescúria, ignorância ou má-fe. Ao

53

contrário, ocorre visando a produzir mais eficiência no trato com tais documentos,

processos (conjuntos) e grupos de processos (séries). Como já justificado no

referencial teórico. Uma terceira situação, que não é ideal, nem tolerável sem que

haja perdas (ainda que reparáveis) é o recolhimento selvagem ou espontâneo.

Ocorre quando grandes massas aleatórias são literalmente descarregadas e não

corretamente recolhidas nos arquivos permanentes, sem obediência a critérios

técnicos. Correspondem àquela operação tão conhecida dos arquivistas que consiste

muito mais numa limpeza dos locais administrativos para obtenção de espaço do que

na preocupação de possibilitar acesso a novas fontes de pesquisa. Isso ocorreu no

IFPR quando o Instituto mudou-se da sede pertencente à sua antecessora UFPR

para a sede própria durante o período entre o primeiro e o segundo semestre de

2010. As pessoas encarregadas de fazer a mudança do acervo, a fizeram como

quem translada móveis, computadores e outros equipamentos. As caixas com

processos ficaram empilhadas no meio da nova sala até que alguém organizasse os

documentos de forma lógica.

O recolhimento tem de ser uma operação tem de ser uma operação

planejada e criteriosa. Esse momento comporta riscos. As possibilidades de

anacronismo, de dispersão, de junção errônea de elementos e de desintegração de

fundos são grandes.

Assim como nos arquivos em formação e nos de idade intermediária, impõe-

se uma estreita colaboração entre os arquivistas e as instâncias administrativas, para

que o fluxo documental se dê de forma correta e proveitosa em ambos os pólos: onde

se inicia e onde termina.

As sugestões da literatura especializada para um bom recolhimento são:

feitura segundo procedimentos simples, sem operações dificultosas e complexas,

garantia de fácil localização e recuperação das informações, permissão de

elaboração posterior de instrumentos de pesquisa e salvaguarda de todas as

possibilidades de compreensão, conservando a situação primitiva dentro dos

conjuntos orgânicos.

O segundo passo do recolhimento é o encaixe dos documentos recolhidos no

quadro de arranjo. Quando se tratar de material oriundo de entidades ainda não

representadas no arquivo, já deve ter estudado sua evolução histórica e estabelecido

sua posição no conjunto.

54

O quadro de arranjo justapõe-se a um quadro dos órgãos administrativos

(PROGEPE) e suas subdivisões (DIGEP E DIDEP) à época da produção dos

documentos a serem arranjados. Nunca poderá ser fixado sem o prévio levantamento

das estruturas organizacionais nas várias épocas através da legislação.

Um trabalho desse gênero, caracterizado pelo pioneirismo, é o que está

sendo realizado na PROGEPE do IFPR. Realizadas as etapas preliminares, poder-

se-á partir para a organização seqüencial dos documentos e estrutural das séries,

grupos e fundos.

6.3 A ORDENAÇÃO INTERNA DOS FUNDOS

O princípio norteador da fixação de fundos de arquivos é o orgânico

estrutural. São os documentos de cada uma das unidades da primeira escala

hierárquica da PROGEPE: a DIAP e a DDP, cuja denominação do fundo coincida

com as siglas das referidas diretorias. O que determina seu arranjo interno é num

primeiro momento, ainda a estrutura organizacional, obedecendo-se a seguir à

tipologia documental, aliada à função que a determina. Na verdade, função e espécie

mantêm estreita ligação quando se trata de documentos de arquivo: são

determinantes entre si, como se verá adiante.

Com o objetivo desta parte do presente trabalho é o processamento técnico

de conjuntos documentais (processos) que já sofreram as devidas baixas decorrentes

dos prazos de temporalidade e que os fundos a que pertencem já estão

estabelecidos, serão abordadas duas situações que podem se apresentar ao GT

Arquivo: 1) Os documentos, dentro de um mesmo fundo, estão mesclado uns aos

outros desordenadamente, tanto no que concerne aos órgãos menores produtores

diretos dos documentos, quanto no que diz respeito à tipologia e à ordem

cronológica. Não estão, portanto, ordenados em grupos ou seções, nem arranjados

em séries. Foram encontrados como um todo, porem sem ordenação. 2) Os

documentos, vindos paulatinamente de estágios anteriores nos arquivos correntes e

nos intermediários, são recebidos nos arquivos permanentes ordenados

cronologicamente e ainda obedecendo ao critério da organização serial a que

estavam submetidos em sua fase ativa, respeitada a separação entre os diferentes

55

departamentos que os produziram. Nesse caso, já há uma divisão em grupos 9ainda

que ainda não estejam denominados) e possivelmente em séries oriundas da fae

ativa. Mediante algumas aglutinações, elas podem subsistir no arranjo permanente.

No caso do arquivo permanente da PROGEPE do IFPR, partes do acervo se

enquadravam nas situações 1, 2ou nas duas situações simultaneamente.

Na primeira situação, a preocupação com a delimitação dos grupos ou

seções, já que se conhecia suficientemente a documentação para poder determinar-

lhe a origem. Para tanto, obviamente, já se terá procedido ao levantamento prévio da

legislação e da regulamentação relativas ao órgão produtor.

Um grupo ou seção seria a primeira divisão do fundo, correspondente à

documentação emanada dos órgãos da segunda escala hierárquica administrativa.

No caso da PROGEPE, a segunda escala é composta pelas coordenadorias de cada

diretoria. Isso demanda estudos da organização e da hierarquia dos vários órgãos da

entidade que produz o fundo.

A existência de grupos ou seções é dispensável no caso de fundos com

documentação numericamente pequena ou de tal forma falhada que a divisão em

seções pulverizaria em demasia o arranjo, em prejuízo de um melhor fluxo na

transferência da informação. No caso do arquivo permanente da PROGEPE do IFPR,

suprimiu-se o arquivo intermediário, dividindo suas funções arquivísticas entre os

arquivos corrente e permanente, pelo menos até que a quantidade de documentos

acumulada justifique a constituição de um arquivo intermediário. Analogicamente,

também se torna dispensável a subdivisão em unidades que correspondam aos

documentos produzidos por diretorias ou por divisões- o que não foi o caso em

exame.

É incorreta a prática da justaposição dos documentos de determinado fundo

sobre um quadro correspondendo às antigas subdivisões da entidade maior

produtora, nos casos em que tenha sido constatada variação constante de órgãos

internos e de respectivas competências. Nem sempre os teóricos do assunto nominal

as divisões internas do fundo. Quando um fundo implica divisões correspondentes às

divisões funcionais do organismo produtor, essas divisões devem ser tomadas, à

medida do possível, como base para a classificação arquivística; entretanto, é

possível que se tenha de renunciar a tal procedimento se os órgãos produtores

mudam de estrutura e de atribuições com freqüência. Pode vir a ser o caso de uma

autarquia federal como o IFPR que se expande (em número de alunos) em

56

velocidade vertiginosa desde 2008 (quando ainda era escola técnica da UFPR) até os

dias atuais nos quais, em apenas um curso (o Curso Superior de Tecnologia em

Gestão Pública) tem meta de formar 500 mil Tecnólogos em Gestão Pública em cinco

anos. Nestes casos, as séries aflorariam imediatamente como primeira divisão do

fundo e não os conjuntos.

É claro que, se uma Pró-Reitoria como a PROGEPE, diretoria ou uma

coordenação que sempre teve funções bem delineadas e estáveis se achar

representada no fundo por um conjunto documental de tal volume e importância que

requeira a criação de um grupo ou seção, não há porque não utilizar esta categoria.

No entanto, não convém, pelo menos de imediato o que poderia ser uma

mera poluição interna do fundo por uma complicada rede de arranjo, cujos

componentes pouco digam ao pesquisador ou consulente. A este interessa,

sobretudo, a análise das atividades-fim da entidade que está pesquisando, passando

quase sempre ao largo de seu trabalho os esquemas organogramáticos desta. As

especificidades que eram essenciais nos arquivos de primeira idade passam a

interessar apenas nos seus aspectos generalizáveis.

A característica norteadora para a constituição de um grupo de fundo é,

antes de tudo, o conjunto de funções que justificam a existência do departamento que

lhe equivale. São as atribuições desse departamento que contam para o

administrador, o arquivista e o historiador, embora as vejam e as utilizem

diferentemente no exercício de suas respectivas atividades profissionais. Ora, a um

órgão menor que nele está embutido cabem, necessária e obrigatoriamente, um ou

mais segmentos das mesmas atribuições. Cada uma dessas dependências costuma

produzir diferentes tipos documentais, originados como resultado das diversas

atividades que levam a cabo, com o que, em cada grupo ou seção, subdividido em

subgrupo ou subseção, acabam por distinguir-se variadas séries. As séries, unidades

intermediárias, constituem-se de unidades simples, os documentos. Porém, esses

diferentes tipos documentais podem representar variantes correspondentes a

nuanças de uma dada atribuição administrativa. Os esquemas abaixo exemplificam

como seria a organização em fundos, seções, subseções, séries e conjuntos do

arquivo permanente da PROGEPE do IFPR:

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68

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71

72

73

Subseção 20:Subseção de Gestão de

Cadastro Interno

Série 58:Inclusão de Dados no

Sistema

Série 59:Atualização e Correção de Dados no Sistema

Série 60:Série de Exclusão de

Dados do Sistema

Subseção 21:Cadastro de Empregados

Terceirizados

Série 61:Seção de Cadastro de Empregados da Área

Administrativa

Série 62:Seção de Cadastro de Empregados da Área

Operacional

Série 63:Empregados da Área de Suporte Infraestrutural

74

Subseção 22:Subseção de Gestão do

Serviço de Atenção à Saúde do Servidor

Série 64:Serviço Prestado

Diretamente

Série 65:Serviço Prestado por

Terceiros

Seção 66:Serviço Complementar

Custeado pelo IFPR

Subseção 23:Subseção de Gestão de

Auxílio-Transporte

Série 67:Transporte Intra

Municipal

Série 68:Transporte

Intermunicipal Microrregional

Série 69:Auxílio-Transporte

Inter Microrregional

75

Subseção 24:Subseção de Gestão de

Auxílio-Alimentação

Série 70:Auxílio-Alimentação Pago

em Dinheiro

Série 71:Alimentação no Local de Trabalho sem Ônus ao

IFPR

Série 72:Alimentação no Local de Trabalho com Ônus ao

IFPR

Subseção 25:Subseção de Gestão de

Inativos Vivos

Série 73:Inativos Residentes no Município da PROGEPE

Série 74:Inativos Residentes no

Estado do IFPR

Série 75:Inativos Residentes em

Outros Estados ou Exterior

76

Subseção 26:Subseção de Gestão de

Beneficiários de Inativos Vivos

Série 76:Residentes no Município

da PROGEPE

Série 77:Residentes no Estado do

IFPR

Série 78:Residentes em Outros

Estados ou Exterior

Subseção 27:Subseção de

Beneficiários Herdeiros de Inativos

Série 79:Residentes no Município

da PROGEPE

Série 80:Residentes no Estado do

IFPR

Série 81:Residentes em Outros

Estados ou Exterior

77

Se, para a fixação do fundo, do grupo ou seção e do subgrupo ou subseção,

o fundamental é o órgão produtor, para a série ou subsérie, o que vigora são a função

e o tipo documental. No que diz respeito aos documentos, é com esses elementos

que se reconstroem o organograma e as atividades que os originam, o que permite

entender o arquivo como um todo em que cada peça está relacionada em virtude da

procedência e do trâmite. Algo bem diferente de uma bem ordenada coleção de

documentos, reunidos por interesse de pesquisa, por capricho ou por necessidade de

ordenar peças procedentes de várias origens.

Entra aqui, uma vez mais, a questão da organicidade dos documentos de

arquivo. Se estes resultam de diferentes ramos das funções e das competências de

um órgão- o que é o caso da PROGEPE, as sequências dos documentos não têm

sentido fora dessa sucessão, assim como não podem estar relacionados a outros

tipos de competências ou Pró-Reitorias do IFPR. A organicidade é, portanto, a

relação entre a individualidade do documento produzido pela PROGEPE e o conjunto

no qual ele se situa geneticamente, sendo precisamente a base da noção de fundo

de arquivo. Esse axioma deve estar sempre presente, que implacavelmente, nas

tarefas de organização interna de fundos sob pena da perda de universalidade de

normas e procedimentos arquivísticos.

Tanto o fundo quanto suas primeiras divisões de cima para baixo são, na

verdade, nomes que correspondem ao órgão maior e suas subordinações,

designando, no arquivo, aglutinações de documentos. No caso da PROGEPE, essas

aglutinações são processos ou documentos que não fazem parte de um processo

mas que são agrupados em pastas para fins de arquivo. Isso significa que as séries,

no caso da PROGEPE, são a realidade fundamental e concreta com a qual o GT

Arquivo vai trabalhar formalmente.

A literatura internacional especializada em arquivística define série como

uma sequência de documentos da mesma natureza no interior de um fundo. Ora, por

natureza não se deve entender entidade. Por isso, as coordenadorias são

representadas no arquivo permanente como seções de A a L.

A alusão à natureza dos documentos torna evidente, em arquivística, que o

que a define é a função do documento no contexto e na circunstância em que foi

gerado, e também a tipologia documental. Aliás, em Administração, a função é

determinante para o documento-tipo que será o instrumento de seu cumprimento. Um

78

determinado ato administrativo só é concretizado se for veiculado por um dado tipo de

documento que seja diplomática e juridicamente válido para tal. Assim, função e tipo,

intrinsecamente juntos, propiciam a natureza do documento. No arquivo permanente

da PROGEPE, este estão localizados no Fundo do Gabinete da Pró-Reitora. Estes

atos são base legal das ações desenvolvidas pela Pró-Reitoria para que se cumpra,

entre outros, o Princípio Constitucional da Legalidade.

Exemplificando: é por meio de um documento cuja tipologia seja folha-ponto

ou livro de ponto que um determinado setor exerce a função de verificação de

assiduidade e/ou pontualidade dos funcionários. Ora, a função não é cumprida por

meio de memorandos ou ofícios escritos pelos referidos funcionários. Os exemplos

multiplicam-se: para que uma pessoa, no caso da PROGEPE a Pró-Reitora possa ser

substituída pela Diretora de Desenvolvimento de Pessoas- DDP, em atos

juridicamente válidos ou perfeitos, é preciso que seja lavrado um documento

denominado Portaria. A função desse documento é legitimar a outorga de um direito

que seria pessoal e intransferível. Se esse direito fosse passado através de um

documento tipologicamente diverso- uma carta, por exemplo- a função a que se

destinava não poderia ser cumprida, não teria validade legal ou não seria um ato

jurídico perfeito.

No caso de documentos desordenados, o GT arquivo deve realizar estudos

sobre legislação, estrutura e funcionamento da PROGEPE- órgão gerador dos

documentos para estabelecer seu quadro de seções e séries. No caso de

documentos ordenados, embora na prescinda do conhecimento da PROGEPE, seu

trabalho é facilitado, pois o fato de os papeis virem organizados supõe que os

colegas dos estágios anteriores já lhe podem transmitir aqueles dados básicos.

O problema que pode surgir desse recolhimento ordenado é que as séries,

mesmo estando identificadas, caracterizadas e ordenadas, frequentemente

apresentam lacunas tais (em decorrência da temporalidade) que não seria de

utilidade, no arquivo permanente, mantê-las da mesma forma. No caso do arquivo

permanente da PROGEPE, o contrário se justifica por não haver um arquivo

intermediário, sendo as funções deste divididas entre o arquivo corrente e o arquivo

permanente.

Ainda sobre a hierarquização piramidal da organização interna do fundo de

arquivo, a ordenação da série sem divisões- que é o caso da PROGEPE, pode

obedecer os seguintes critérios: alfabético, geográfico ou cronológico. No caso em

79

exame, conforme a série cabe um critério diferente sem que isso entre em

contradição com objetivo de universalização de normas arquivísticas.

Abaixo da série, na base da pirâmide, há os conjuntos de documentos (neste

caso não há sub-séries). Estes pequenos grupos orgânicos de documentos-

unidades mínimas do arquivo, desprezando o documento unitário. Entretanto, não se

pode negar que, pelo menos do ponto de vista material, a unidade documental é a

menor possibilidade arquivística. É o caso dos processos e dos dossiês. Definindo-se

os primeiros como conjuntos de documentos de tipologias diferentes, cuja reunião

optativa é útil para documentar um fato, evento, assunto, etc, ambos atual como

unidades mínimas de documentação, uma vez que, formados são absolutamente

indivisíveis.

O documento avulso nunca se apresenta totalmente solto, nem no arquivo

corrente, nem no permanente. Se assim fosse, seria posta em dúvida a grande

especificidade dos documentos de arquivo, a qual os diferencia dos outros

documentos ditos de biblioteca ou de museu: a organicidade. Por isso no caso

dedocumentos unitários, este se encontra dentro de um conjunto (processo ou

dossiê, por exemplo) de outros que lhe são iguais tipologicamente e que só em

conjunto documentam uma função ou uma atividade, qualquer que seja ela, da

PROGEPE.

O que se evidencia é o não comprometimento informacional,

comprometimento que seria, por exemplo, dentro de um processo ou dossiê. Mas que

subsista em conjunto, que lhe seja vital seu meio genético de origem. O exemplo

mais claro, seria a fatura de cartão de crédito fazendo parte de um processo de

nomeação em cargo efetivo para fins de comprovação de endereço. O registro dos

gastos feitos pelo servidor naquele mês, informação relevante para outras finalidades,

são irrelevantes no processo. O que vale neste caso seriam os dados do endereço e

a comprovação de que o carteiro o encontra caso seja necessário.

Se obedecidos esses preceitos gerais e entendidas todas as possibilidades

de trato documental e de armazenamento, tem-se o arranjo concretizado. Ele nunca é

estático, no sentido de não permitir flexibilidade, de não ser um sistema hospedeiro.

Se sua dinâmica parece, à primeira vista, puramente cumulativa, é fácil entender que

ela pode se dar também no sentido de alargamento ou estreitamento internos. O

primeiro caso ocorre se for acrescida uma função nova na PROGEPE. O

estreitamento pode dar-se no caso da supressão de uma atividade, de toda uma

80

função, ou mesmo de um setor inteiro. No caso da PROGEPE, pretende-se criar um

núcleo especializado em concursos e seleções de pessoal- o que tiraria esta função

da Pró-Reitoria, como já ocorreu com os assuntos estudantis. Daí a mutabilidade dos

quadros de arranjo.

Todas as proposições até então descritas, não podem deixar de passar, em

sua aplicação prática, pelo bom senso que a relatividade e a especificidade dos

documentos de arquivo exigem do GT-Arquivo.

Nenhum quadro de ordenação pode ser fixo em relação à própria mutabilidde

da Administração da PROGEPE. A teoria arquivística apenas dita os princípios

gerais. Na verdade, eles são facilmente adaptáveis à extensa gama de tipos de

arquivos da PROGEPE desde que entendidos de forma intimamente ligada aos

documentos aos quais serão aplicados.

6.4 DISPERSÃO E REINTEGRAÇÃO DE FUNDOS

A partir da definição consagrada de fundo como unidade constituída pelo

conjunto de documentos acumulados pela PROGEPE e que no arquivo permanente

passam a conviver com os arquivos de outras entidades, é possível decodificar

algumas especificidades: que essa acumulação é automática e organicamente

construída; que se constitui de documentos produzidos, recebidos e/ou acumulados

pelo gabinete da Pró-Reitora da PROGEPE e de suas diretorias no exercício das

suas funções de gestão de pessoas que lhe justificam a existência e também seu

papel e lugar no IFPR; que seus documentos constituintes, em parte já ultrapassaram

o valor primário, intrinsecamente ligado à razão administrativa e/ou jurídica pela qual

foram produzidos e acumulados, e que foram preservados em razão do seu valor

secundário, isto é da possibilidade de servirem de prova ou testemunho para efeitos

legais. Seu campo de domínio é, pois, o arquivo permanente, onde já não há

eliminação de documentos.

Sé se tomar as várias conceituações de fundo, tal como ocorrem nos

manuais mais prestigiados das várias instituições federais de ensino básico, técnico e

tecnológico- IFETs, o enunciado dessa definição vai variar muito pouco, e em

aspectos sobretudo reiterativos: algumas aludir a um conjunto em crescimento (isso

81

evidentemente desde que a PROGEPE continue em atividade, pois, do contrário,

seria um fundo fechado); outras lembram que é indiferente a forma do suporte ou do

sistema de signos para registrar os dados, já que o importante é a acumulação

relacionada com uma atividade; alguma pode afirmar que este todo orgânico

constituído pelos documentos resultantes do funcionamento de determinada

administração é completo por si mesmo. De modo geral, vistas todas essas

possibilidades, o que fica claro é a autonomia do fundo, que permite que ele seja

processado tecnicamente de forma independente, sem prejuízo da eficiência do

tratamento.

É possível isolar alguns pontos fundamentais para melhor compreender o

conceito de fundo: 1) o de que o fundo abarca documentos gerados, recebidos e/ou

acumulados por diretorias e gabinete da Pró-Reitora da PROGEPE, documentos

necessários à sua criação, constituição, funcionamento e ao exercício pleno das

atividades degestão de pessoas que justificam a existência da Pró-Reitoria; 2) o de

que a concepção de que os documentos pertencentes ao mesmo fundo guradam

relações orgânicas entre si; 3) o de que a concepção de fundo está estreitamente

relacionada à PROGEPE, estando presente, portanto, desde a gênese documental,

muito embora nem todos os documentos gerados/produzidos venham a constituir um

fundo; 4) o de que, para que todos os documentos venham a constituir um fundo, é

preciso que os gabinete/diretorias sejam administrativa e juridicamente consolidados;

e 5) o de que o fator norteador da constituição do fundo é a origem do documento, no

sentido do contexto de sua gênese.

A grande figura da teoria arquivística no âmbito dos arquivos permanentes é

o fundo. Ele é a marca de diferenciação de aglomerados documentais de outra

espécie, dada a especificidade de sua natureza. A teoria da natureza do material

arquivístico deriva da análise de suas relações com a PROGEPE, com as funções e

atividades de gestão de pessoas desta Pró-Reitoria e com direitos e obrigações das

pessoas que interagiram com ela.

O fundo de arquivo tem origem teórica na formulação do princípio da

proveniência. O fundo de arquivo não existe sem que seja aplicado o princípio da

proveniência; ou, o documento que não é parte de um fundo tem um valor intrínseco

de informação, sem que lhe seja aplicado este valor de testemunho ou de prova, pois

o respeito ao princípio da proveniência é-lhe essencial.

82

O Arquivo é universitasrerum, isto é, um todo indivisível e inter-relacionado

das ações da sua criador- a PROGEPE. Documentos arquivístico são meios naturais,

imparciais, autênticos, interdependentes e únicos, resíduos e evidências das

atividades da PROGEPE- sua criadora. Conexão arquivística é o vínculo original e

necessário entre os documentos arquivísticos, determinado pelas funções,

competências e atividades de gestão de pessoas da PROGEPE que os geraram. O

Trabalho arquivístico é centrado primariamente no respeito e preservação dos fatos

evidenciados pelos documentos, na integridade física e intelectual dos documentos

como tais; na sua proveniência e ordem;na sua capacidade para servir como

evidência e garantia de responsabilidade administrativa/legal; e no seu caráter de

fontes gerais para qualquer uso adequado, interesse e pesquisa.

A qualidade orgânica dos conjuntos documentais da PROGEPE- os

processos ou dossiês- como é entendida, vai além relação significativa relativamente

ao arranjo dos documentos no fundo: arranjo como processo de agrupamento dos

documentos singulares em unidades significativas- processos ou dossiês- e o

agrupamento em relação significativa de tais processos entre si. A organicidade

passa a ser compreendida como a qualidade segundo a qual os arquivos refletem a

estrutura, as funções e as atividades de gestão de pessoas da PROGEPE em suas

relações internas (diretorias) e externas (outras Pró-Reitorias e Reitoria). A

organicidade fica evidente na relação entre a individualidade do documento e o

conjunto (processo) no qual ele se situa geneticamente.

Na arquitetura orgânica dos documentos de arquivo, os pilares são o fundo, a

série e o documento (unitário ou composto), numa relação hierárquica similar à da

própria PROGEPE. O fundo pode ser visto como uma reunião de séries documentais

segundo uma procedência orgânica e institucional comum. Série pode ser vista como

uma divisão arquivística dentro de cada fundo (ou dentro de cada grupo) que tem por

características de identidade determinados tipos documentais, uma origem funcional

e competências comuns.

Entendido o fundo como esse conglomerado documental orgânico, ele pode

ser aberto ou fechado. No primeiro caso, a acumulação é contínua- o que é o caso do

IFPR. No segundo caso, a entidade produtora já encerrou suas atividades- o que é o

caso da Escola Técnica da UFPR ou teve tão substancialmente modificadas que

justificam um encerramento do fundo e abertura de outro- isso ainda é objeto de

discussão entre PROGEPE, Reitoria e UFPR. Um fundo só está completo quando

83

está encerrado. Em virtude disso, nem todos consideram arquivo aberto como um

fundo. Discussões filosóficas à parte, os fundos da PROGEPE permanecem aberto

enquanto esta estiver em atividade, podendo tal situação prolongar-se por séculos.

Revelado o perfil do fundo como conjunto documental procedente das

atividades de gestão de pessoas das diretorias da PROGEPE, entendem-se suas

divisões internas. Estas correspondem às subdivisões das diretorias e gabinete da

Pró-Reitora formando seções, subseções, e, dentro destas, as séries documentais,

havendo casos em que, pelas características peculiares da entidade, é possível

passar diretamente às séries na classificação interna do fundo. As séries constituem

a realidade palpável e concreta com que o GT Arquivo vai trabalhar, um vez que os

níveis superiores correspondem ao órgão maior (diretorias) e suas subdivisões

(coordenadorias), representando, na verdade, aglutinações de séries.

Ora, se estas se caracterizam por serem integradas por serem documentos

do mesmo tipo documental (que representa a fusão ente a espécie documental e

atividade jurídica ou administrativa nele veiculada), evidencia-se que não podem ser

desarticuladas, dispersas, selecionadas, nem ordenadas por critérios alheios à sua

especificidade documental. As peças documentais- os conjuntos (processos) que

constituem as séries – reunidas em agrupamentos lógicos nas unidades de

arquivamento são a menor unidade material arquivística. Vale reiterar: unidade

material, já que a menor unidade orgânica é a série, por se acharem representadas

em seus documentos uma coerência e uma uniformidade que refletem atos

dispositivos ou comprobatórios de uma mesma atividade de coordenadoria.

Contudo, tanto uma quanto outra, são desprovidas de sentidoarquivístico se

fora do seu meio. Refere-se aos conjuntos (processos) dentro das séries e, no âmbito

mais amplo destes, do fundo. Note-se que essa concepção não tem nada a ver com a

reunião física, formal, material. O que se considera, independente dessa presença

física, é que há um meio genético de produção e tramitação, no qual o conjunto

(processo) não pode estar isolado, ainda que virtualmente, sob o risco de se tornarem

completamente prejudicados o seu uso, a sua interpretação e, principalmente, o seu

valor de prova ou testemunho.

Neste sentido é que a arquivística, em todos os seus quadrantes, não pode

aceitar o que se convencionou chamar de dispersão de fundos. Convém, contudo,

não confundir a dispersão de fundos com o fenômeno de transferência de

competências ou atividades de um órgão (UFPR) para outro (IFPR), ou mesmo com a

84

criação de toda uma nova administração- o que ocorreu em 2008 com o IFPR. Neste

caso, o que se dá é o deslocamento da documentação vigente ou cópias

autenticadas, a de primeira idade, e até de segunda idade, sem cujas informações a

nova entidade (IFPR) estaria prejudicada em suas necessidades informacionais.

Esses documentos são-lhes indispensáveis, porque informam sobre sua proto-história

(Escola Alemã, Colégio Progresso, Escola Técnica da UFPR...) e como tal figuram

nos respectivos arquivos, que se iniciam com o funcionamento do IFPR. Esse tipo de

cessão não se configura como dispersão.

Do ponto de vista metodológico, é perfeitamente correto que os arquivos

cessantes (Escola Técnica da UFPR) tomem a data-limite inicial das séries cedidas

como data-limite final das séries remanescentes e as encerrem. Tal encerramento

pode dizer respeito a uma, a várias séries ou a todo um fundo ou fundos- o que é o

caso dos da Escola Técnica da UFPR.

A dispersão ocorre quando, por motivos distintos dos expostos, retiram-se

documentos de uma série, séries, séries de um fundo, fundos de um arquivo, para

compor séries e fundos de outro arquivo- o que já ocorreu com os assuntos

estudantis e pode ocorrer com os concursos públicos e seleções de pessoal. Os

assuntos estudantis foram para outra Pró-Reitoria e estuda-se a possibilidade de

criação de um núcleo especializado em concursos públicos e seleção de pessoas

visando a retirar da PROGEPE esta atribuição por demais especializada e que

poderia ter sua infraestrutura, em situações de ociosidade para o IFPR, atender ao

mercado mediante remuneração adicional. Não se está aventando a possibilidade de

desaparecimento de documentos ou do desconhecimento do paradeiro de

documentos, quando configurados como furto e, sim, o fenômeno quando realizado

sob o pretexto de políticas ou de reorganizações arquivísticas baseadas em

equívocos de ordem política, teórica, metodológica ou prática.

A dispersão indevida de documentos, tão veemente negada pela

metodologia arquivística, não o é pelas administrações que, de uma forma ou de

outra, autorizam tal aberração. Pode até haver amparo legal, assim como o aplauso

dos usuários, por comodidade. O que não pode haver é a aquiescência do GT

arquivo quando se trate da dispersão dos documentos objetos de acervo do arquivo

permanente da PROGEPE. A atitude que lhe determina sua formação e sua ética

profissional é a de oposição, protesto e esclarecimento junto às autoridades

(Diretoras, Pró-Reitora e Reitor). Se houver textos legais que dêem respaldo à

85

dispersão, procurar meios jurídicos e políticos de alterar a situação. A constituição do

GT Arquivo por Portaria da PROGEPE já é um primeiro passo neste sentido.

As situações mais freqüentes- aplicáveis à PROGEPE- em que pode se dar

alguma forma de dispersão de fundos são: 1) obediência a determinações superiores

pontuais e circunstanciais de caráter político, ainda que contrárias às disposições

legais ou à tradição vigente e 2) acatamento de determinações legais

correspondentes a situações de época, figurando mesmo em atos normativos de

maior peso jurídico como Constituição, Estatutos, e Regimentos, significando

obrigações e interesses de momento e discordantes das regras do direito e ds

metodologias da arquivística e da tradição histórica.

Os especialistas chamam a atenção pra o fato de que todo processamento

que se dê à informação arquivística não pode se afastar dos princípios teóricos

básicos da arquivística, devendo refletir sempre os princípios da proveniência e da

organicidade na sua classificação e na ordenação interna dos fundos. Portanto, do

ponto de vista teórico- com ou sem informática- , o princípio da proveniência é básico

e indestrutível, mesmo que as informações se apresentem apenas em sua forma

virtual. O GT Arquivo deve estar considerado profissionalmente preparado para isso.

A Tecnologia da Informação- TI induz o GT Arquivo a reinterpretar o princípio da

proveniência, transformando-o em um paradigma metodológico que passa a focalizar

uma ordem intelectual em vez de uma ordem física. Portanto,no caso das dispersões

de fundos, nem é preciso que elas se deem fisicamente. Mas, ao se considerar

intelectualmente um documento genuinamente pertencente a um fundo como de

outro, por qualquer razão que seja, a distorção já teria sido cometida- caso o GT

Arquivo não se atentasse a isso de antemão.

A reintegração de fundos se faz necessária por se tratar da mais comezinha

justiça arquivística. Não se pode justificar a dispersão de fundos apelando-se para a

proteção, o melhor tratamento técnico, o melhor ser vir ao consulente, e levando

alguns documentos considerados mais preciosos para instituições de grande porte

(como a UFPR). Não se pode acenar com os recursos da TI, como scanner,

microfilmagem, ou digitalização, para trocar ou reter documentos de outro domicílio

legal, outra proveniência e outro meio genético, distintos dos demais documentos

custodiados por determinada entidade. Cada documento, em sua fase permanente de

vida, deve ficar junto com os que tiveram o mesmo meio de

produção/tramitação/acumulação.

86

Na teorização dos fundos e na análise da questão da sua dispersão é preciso

reiterar que os conjuntos (processos) são meios naturais, imparciais,

interdependentes, únicos resíduos e prova das atividades da sua

criadora/acumuladora- a PROGEPE- , sendo a conexão arquivística um vínculo

original e necessário entre os documentos arquivísticos, determinado pelas funções

da PROGEPE. No caso dos documentos originais, que têm todas essas

características, há uma existência palpável e não virtual, sendo, portanto, o lugar

físico de sua permanência o seu legítimo domicílio legal.

Ademais, o documento arquivístico de valor permanente é um bem cultural

móvel e componente do patrimônio documental da PROGEPE. Como tal, tem direitos

devidamente assegurados à sua integridade física e, assim como as outras

modalidades de bens culturais móveis, recebe o amparo legal quanto ao seu

domicílio, guarda e proteção.

A integralização dos fundos de arquivo permanente da PROGEPE, assim

como as informações dispersas que são de interesse para a história do IFPR contidas

em diferentes fundos custodiados fora de sua PROGEPE, são uma das mais sérias

preocupações da arquivologia neste contexto.

Embora constituam variantes distintas- reunião material de documentos

originais e/ou fotocópias autenticadas, reunião por meio de microformas ou renião de

informações por meio de referenciação (tradicional ou virtual)- , todas dizem respeito

à mesma preocupação de proporcionar ao consulentes e aos pesquisadores em geral

o quadro mais completo de fontes que testemunhem a evolução nacional e viabilizem

meios para sua identidade cultural através dos tempos.

A alusão a essa questão tem a ver com a necessidade de o GT Arquivo

procurar, por todos os meios, não medir esforços para tentar manter os documentos

sob sua guarda, ou aqueles que deveriam estar, afastados de condições adversas.

6.5 CRONOGRAMA DE IMPLEMENTAÇÃO

Ao GT-Arquivo foi solicitada, em 2011, a elaboração de uma proposta de

reorganização do arquivo permanente da PROGEPE. O primeiro passo foi analisar as

atuais condições do espaço destinado a esta finalidade- esta etapa já foi finalizada.

87

O segundo passo foi identificar as necessidades de cada diretoria- esta etapa

também já está finalizada.

O terceiro passo foi elaborar a proposta que seria ideal para a satisfação de

tais necessidades- esta etapa também já está finalizada.

O quarto passo foi apresentar tal proposta para a PROGEPE- esta etapa

também já está finalizada.

O quinto passo foi obter da PROGEPE e da Reitoria um retorno sobre a

proposta- esta etapa também já está finalizada. Sobre o quinto passo, a resposta foi a

de que se fazer um arquivo permanente de modo a satisfazer integralmente a

proposta do GT Arquivo, seria necessário mais espaço físico em qualidade e

quantidade para tal finalidade. Sobre este espaço, a resposta obtida foi que a

demanda seria contemplada por ocasião da mudança da PROGEPE para uma sede

definitiva- o que deve ocorrer em 2012. Atualmente a sede é provisória e, tão logo a

sede definitiva seja entregue pela Pró-Reitoria de Administração e Infraestrutura-

PROAD, a PROGEPE serie contemplada com espaço em qualidade e quantidade

suficientes para abrigar melhor as suas diretorias e coordenadorias como também o

seu arquivo permanente.

O sexto passo, após receber um “espere” da nova diretoria foi partir para a

criação de plano de contingenciamento. Este plano tomaria em conta os recursos

existentes e mais alguns que fossem compatíveis com o espaço atual em suas

mesmas qualidade e quantidade enquanto a mudança para a sede definitiva não

ocorre- esta etapa já está concluída. Trata-se de digitalizar todo o acervo que ainda

não está em terceira idade para que as consultas sejam reduzidas em quantidade e

melhoradas em qualidade no sentido de se ter agilidade no acesso às informações

sem que para isso haja prejuízo à conservação do acervo. Foram alocados recursos

mobiliários no sentido de aumentar a capacidade do arquivo corrente de modo a

retardar o recolhimento de novos materiais ao arquivo permanente. Também foi

alocado um novo espaço em outro andar para acomodar o Gabinete da Pró-Reitora

objetivando a aumentar o espaço destinado às duas diretorias DDP e DIAP. Também

foram alocados novos recursos humanos (uma administradora e cinco assistentes em

administração) para compor o quadro da PROGEPE objetivando a dar maior

organicidade e agilidade aos serviços. Foi definida a aquisição do imóvel ao lado a

atual reitoria (onde funciona a fábrica de chá Matte Real) e encaminhada a compra de

uma quadra inteira ao lado (onde funciona a garagem da concessionária de coleta de

88

lixo CAVO). Neste local- no bairro Rebouças- funcionará o Campus Curitiba do IFPR

(que hoje funciona em local provisório no bairro Uberaba). Também foi cedido pela

Prefeitura de Curitiba o terreno onde será construída a nova seda da Reitoria no

bairro Uberaba (onde era o Horto Municipal). Também foi cedido pelo Ministério dos

Transportes um terreno de uma quadra inteira no bairro Cajuru (onde funcionaram as

oficinas de trens da extinta RFFSA, atual ALL). Neste local funcionará a Diretoria de

Educação à Distância- EaD. A Presidência da República também autorizou a

construção de mais quatro campi.

Neste ambiente de rápidas mudanças para maior, impossível planejar

qualquer investimento em local provisório. Por isso, o cronograma de implantação

integral da presente proposta está condicionado à entrega da nova sede da Reitoria

no bairro Uberaba pela PROAD. Uma coisa é certa: o governo federal estabeleceu

como prioridade zero a expansão do IFPR e outros IFETs. Expansão esta que estará

no Plano Plurianual- PPA- o primeiro enviado ao Congresso Nacional pela Presidenta

Dilma VanaRoussef- e que será válido até 2015. Sendo assim, pode-se dizer que o

prazo de implementação total desta e outras mudanças na PROGEPE do IFPRficará

entre 2012 e 2015.

7 DISSEMINAÇÃO

7.1 IDENTIFICAÇÃO DE ASPECTOS QUE FACILITAM OU INIBEM O

PROCESSO

Os aspectos que facilitam o processo são: 1) O IFPR é recém criado, sofre

mudanças aceleradas desde 2008 e uma mudança de sede em nada assusta a

comunidade acadêmica; 2) É objeto de pesados investimentos por parte do MEC , de

outros ministérios, da Presidência da República, do Governo do Estado do Paraná, de

diversas Secretarias de Estado e de diversos municípios; 3) O acelerado crescimento

da economia ainda que em meio a crises econômicas mundiais demandando mão-

de-obra profissional, técnica e tecnológica em massa.

Os aspectos que inibem o processo são: 1) A PROGEPE do IFPR encontra-

se em sede própriamas provisória- o que dificulta o planejamento de novos

89

investimento em sede provisória; 2) O mobiliário já adquirido- um arquivo deslizante-

tem peso incompatível com a infraestrutura do piso do andar onde encontra-se o

atual arquivo permanente da PROGEPE. Este espaço foi projetado para ser sala de

aula e suportar pesos compatíveis com esta; 3) A quantidade de documentos em

terceira idade ainda não é volumoso o suficiente para ocupar grandes espaços em

arquivo permanente. A maior parte do material encontra- se em primeira e segunda

idades. O arquivo permanente da PROGEPE concorre na disputa por espaço com os

laboratórios e salas de aula- itens da área operacional e que têm maior visibilidade

pela comunidade acadêmica nos curtíssimo e curto prazos.

7.1.1 DIRETRIZES ESTRATÉGICAS DA ORGANIZAÇÃO

As diretrizes estratégicas do IFPR são a ocupação do espaço vazio deixado

pelas universidades e escolas de ensino básico públicas e privadas no quesito

educação profissional técnica e tecnológica gratuitas no sentido de preparar o

estudante para o mundo do trabalho. As citadas escolas e universidades obtiveram

sucesso relativo até o momento no sentido de preparar o estudante para o mundo

científico e para o magistério. Ficou um vácuo, principalmente nas décadas de 80, 90

e 2000 quando o MEC delegou aos estados a obrigação de criar e manter escolas de

ensino profissional técnico e tecnológico. Os estados não receberam apoio federal

tanto quanto receberam para o ensino básico e este filão deixou de ser

adequadamente explorado pelo estado e esta missão coube ao setor privado que

com a carga de ter de treinar os empregados, perdeu em competitividade para

empresas do mesmo setor localizadas principalmente no continente asiático. Isso

ficou visível dentro até das residências com a quantidade imensa de produtos

importados ou de tecnologia importada da Ásia e outros continentes. E, no mercado

de trabalho, a contradição: empresas precisando de mão-de-obra especializada

técnica e tecnológica e tendo até de importar trabalhadores e uma multidão de

trabalhadores desempregados e sem qualificação para aproveitar as oportunidades

que surgem. Correndo por fora, outra multidão de bachareis, licenciados, mestres e

doutores procurando emprego fora de suas áreas. Um verdadeiro apagão no

mercado de mão-de-obra profissional, técnica e tecnológica.

90

Pensando assim, o IFPR identificou e continua identificando no mercado e

nas diversas regiões do Estado estas carências, instalando-se sob a forma de campi

ou pólos presenciais de educação à distância e oferecendo formação nas áreas (do

conhecimento e regiões do estado) carentes até no sentido de capilarizar a

industrialização no Estado sem deixar de respeitar as vocações econômicas de cada

região como agricultura, agroecologia, aqüicultura, pesca, petróleo, energia e outras

vocações. Na esteira desta estratégia, pegaram carona a administração pública e os

profissionais da educação que atuavam ser ter licenciatura nas respectivas

disciplinas.

7.1.2 DESCRIÇÃO DOS GRUPOS TAREFAS

Foram consideradas relevantes as opiniões e sugestões de atores sociais

como os servidores que mais frequentemente fazem a busca de informações em

arquivo para oferecer suporte informacional para a tomada de decisão dos gestores.

Em segundo plano, a área de Tecnologia da Informação ofereceu suporte

informacional para que a produção do GT-Arquivo ficasse em fácil interface

tecnológica com o Processo Verde. Em terceiro plano, a Pro-Reitoria de Ensino-

PROENS e a Diretoria de Educação à Distância- EaD ofereceu suporte bibliográfico

para que o projeto de mudança ficasse em consonância com os padrões

estabelecidos interna e em âmbito externo com as normas e leis relacionadas à

gestão da massa documental e arquivística. Entretanto, toda esta proposta de

mudança foi construída em parceria com as demais Pró-Reitorias e com a Reitoria

para que viesse a atender de uma forma ou de outra às necessidades do IFPR como

um todo e pudesse até servir de modelo a outras Pró-Reitorias e unidades

descentralizadas (campi) e, (porque não), servir de modelo a outros IFs da Região

Sul e de todo o país.

Estas opiniões foram condensadas em uma proposta de reorganização feita

pelo GT Arquivo. A presente proposta visa à organização do espaço físico destinado

à estruturação do arquivo da Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (PROGEPE),

91

especificamente suas Diretorias: Desenvolvimento de Pessoas (DIDEP) e Gestão de

Pessoas (DIGEP).

Por meio de material fotográfico, é apresentado um diagnóstico da situação

atual do espaço físico ocupado pela PROGEPE para guarda de seu arquivo

permanente, seguido de considerações para a efetiva resolução dos problemas

apontados. De forma sistematizada, é colocado um plano de ação para a

organização do espaço físico e arquivo atual visando a uma melhoria imediata, mas

não definitiva, até que esta proposta, após novas discussões e possíveis

adaptações, possa ser desenvolvida. A proposta é desenvolvida pelo GT-Arquivo

designado pela Portaria nº 185 de 26 de abril de 2011, que se reuniu no mês de

maio de 2011, entre os dias 09 a 23, adotando os seguintes procedimentos para a

execução do trabalho conforme segue:

7.1.2.1 LEITURA E ANÁLISE

Foi lidos e análisado o material Recomendações para a Construção de

Arquivos do Conselho Nacional de Arquivos – Conarq e o capítulo Gestão de

Documentos, da apostila de Comunicação Oficial e Arquivística da Escola Técnica

da Universidade Federal do Paraná – UFPR.

7.1.2.2DISCUSSÃO

Discussão geral sobre o espaço físico para arquivo permanente da

PROGEPE e a possível adaptação às recomendações do Conarq às necessidades

do IFPR.

7.1.2.3 VISTORIA NO LOCAL

Os membros do GT-Arquivo Claudio Marcio Araujo da Gama e Paola Rosa

Bandeira vistoriaram o local, fizeram as medições, anotações e registros fotográficos

que deram uma dimensão mais próxima possível da realidade e das necessidades.

Não foi possível medir tudo como índice de umidade do ar e outros dados

complementares por falta de equipamentos apropriados, contudo, pela quantidade

de fungos ou mofo observada numa das paredes da sala, tal tecnologia pode ser

dispensada no momento.

92

7.1.2.4 ANÁLISE E SELEÇÃO

Foram análisados e selecionados os dados coletados principalmente pelo

Assistente em Administração Aurélio que fez uma adequação dos relatórios aos

objetivos e limitações do GT- Arquivo, o que gerou uma proposta.

7.1.2.5 ELABORAÇÃO DE PROPOSTA

Elaborada a proposta de intervenção, o GT-Arquivoreconheceu a

importância de se pensar o arquivo permanente da PROGEPE, esperando contribuir,

a partir da proposta, para o início de um efetivo planejamento, organização e

estruturação do arquivo.

7.1.3 DESCRIÇÃO DO PLANO DE AÇÃO E PROJETOS DE

APERFEIÇOAMENTO

O plano de ação pode ser descrito em diversas etapas como: 1) Evitar que o

problema aumente, reduzindo a quantidade de material a ser recolhido, digitalizando

os materiais mais consultados, ampliando o arquivo intermediário para que este

receba o material que deixa de ser recolhido até que a PROGEPE se instale em sede

definitiva, no bairro Uberaba, onde funcionou o horto municipal e será a Reitoria; 2)

Recondicionamento dos processos já danificados pela conservação inadequada e 3)

Otimização do espaço já existente através de uso de mobiliário que ainda que não

seja o ideal, proteja e organize o material sem que este se deteriore.

7.1.4 DEFINIÇÃO DO PERFIL PARA O GESTOR ORGANIZACIONAL DO

PROCESSO DE MUDANÇA

O perfil definido para o gestor organizacional do processo de mudança está

relacionado com o perfil dos usuários/consulentes do acervo: servidores, estagiários e

93

empregados terceirizados lotados na PROGEPE com apoio técnico dos arquivistas e

bibliotecários e auxiliares de biblioteca do IFPR.

7.1.5 CONCEPÇÃO E DISSEMINAÇÃO

O projeto foi concebido no âmbito acadêmico como Trabalho de Conclusão

de Curso de Bacharelado em Administração da Universidade Federal do Paraná-

UFPR do formando Claudio Marcio Araujo da Gama e também concebido em estágio

remunerado do referido formando na PROGEPE do IFPR na condição de membro do

GT-Arquivo. Também foi concebido no âmbito técnico-profissional pela PROGEPE e

seus servidores e empregados terceirizados com apoio técnico de arquivistas,

bibliotecários e auxiliares de biblioteca do IFPR.

7.2DIFUSÃO DE OBJETIVOS E ESTRATÉGIAS PARA OS DIFERENTES

ATORES

A difusão de objetivos e estratégias no que se refere à reorganização do

arquivo permanente da PROGEPE dá-se através do GT Arquivo em contato com as

diretorias DDP e DIAP e com a Pró-Reitora. A Pró-Reitoria difunde-os através de

reuniões com o Reitor, com os demais Pró-Reitores e com o Conselho Universitário.

Por se tratar de mudanças em âmbito interno, os demais atores acabam ficando

relativamente distantes dos objetivos e estratégias de reorganização do arquivo

permanente da PROGEPE.

7.3ABSORÇÃO E INTERNALIZAÇÃO DE OBJETIVOS E ESTRATÉGIAS

ORGANIZACIONAIS

94

A absorção e a internalização de objetivos e estratégias da PROGEPE na

reorganização do arquivo permanente se dá através reuniões com os servidores,

estagiários e empregados terceirizados da Pró-Reitoria e em contato das diretoras

com os núcleos avançados da PROGEPE nos campi.

7.4COMPROMISSOS INDIVIDUAIS

Individualmente, os membros do GT Arquivo assumiram compromissos em

parte já cumpridos e encontram-se em ritmo de marcação de passo para a conclusão

e implantação total do projeto de reorganização do arquivo permanente da

PROGEPE. A justificativa é que os próximos passos dependem de conclusão de

obras de construção civil e estas, em todo o país encontram-se em situação de

escassez de mão-de-obra- o que normalmente faz com que a conclusão de diversos

projetos sofram atrasos. Esta possibilidade não pode ser descartada no caso

específico do andamento das obras de construção da nova sede da Reitoria- onde

ficará a PROGEPE no bairro Uberaba- onde funcionava o Horto Municipal. Por mais

acelerada que seja a liberação de recursos financeiros, os recursos humanos são

limitados e as expectativas necessitam estar dentro destes limites.

7.5 A PROPOSTA DE APERFEIÇOAMENTO

A presente proposta já contempla itens de aperfeiçoamento e expansão.

Uma da possibilidades, é a criação de uma numeração de cadastro interno para cada

servidor de modo que todos os atos referentes àquele servidor sejam arquivados em

um mesmo conjunto ou sub-série. Se não é aplicável a todo o acervo, pelo menos no

que é aplicável poderá ser readaptado e reordenado.

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8. SUSTENTAÇÃO

A sustentação do projeto de reorganização do arquivo permanente da

PROGEPE está prevista para ocorrer com os recursos que deixarão de ser gastos

com o aperfeiçoamento da eficiência que o processo irá gerar em conjugação com

outros projetos de redução de produção de papel como o Projeto Processo Verde que

está em construção e no momento depende de aquisição de um servidor (grande

computador) para abrigar os dados e funcionar como um acesso remoto ao arquivo

permanente por parte das pessoas interessadas e autorizadas.

8.2 PRÁTICAS PARA ACOMAPNHAMENTO E MONITORAMENTO

DO PLANO DE AÇÃO

A proposta do GT-Arquivo não prevê mas este projeto prevê reuniões anuais

para do grupo para avaliação dos resultados das ações já empreendidas,

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levantamento das dificuldades encontradas para a implantação plena e para

redimensionar os objetivos conforme o volume de novos documentos produzidos e

em situação de compor acervo de arquivo permanente (terceira idade).

8.3 PREVISÃO DE UMA ALSCULTAÇÃO PERMANENTE

O GT-Arquivo não prevê mas o projeto prevê que periodicamente sejam

verificados no arquivo físico, por amostragem (por exemplo, uma seção por vez) se o

material presente no arquivo físico corresponde ao material digitalizado. Em casos de

extravio de material, este deve ser registrado na ata e sugerida sindicância para

apurar o destino do mesmo e em último caso, a reconstituição do mesmo

8.3 AÇÃO PARA REVITALIZAÇÃO DE COMPROMISSOS

Visando a revitalizar os compromissos, a cada reunião destinada a reservar

espaços para as Pró-Reitorias na sede definitiva, o projeto prevê que a PROGEPE

rememore junto às demais lideranças envolvidas no processo as necessidades de

ocupação de espaço e mobiliário adequado para que os registros de todos os

servidores- necessários por ocasião de concessão de férias, licenças e aposentadoria

que os processos sejam agilizados sem que ser perca tempo com reconstituição de

documentos danificados por conservação/manipulação inadequadas.

8.4 PROCESSO DE COMUNICAÇÃO INTERNA E OS

PROCESSOS DE TOMADAS DE DECISÃO

O processo de comunicação interna encontra-se em fase de aprimoramento

através do Processo Verde que é um sistema que prevê a eliminação gradual e

sistemática de emolumentos considerados desnecessários para o funcionamento da

PROGEPE sem que isso implique na descúria com as informações. Para isso, a

cautela em constituir um arquivo permanente físico adequado às necessidades da

PRPGEPE.

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Os processos de tomada de decisão são, em parte descentralizados na

PROGEPE e suas diretorias e em parte centralizados na Reitoria, Conselho

Universitário, MEC, Governo Federal. Entretanto, o GT-Arquivo, pelo menos é o que

se pretende será o órgão imediatamente ligado ao suporte informacional para a

tomada de decisões seja em que nível for.

9. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Retomando um pouco do diagnóstico inicial realizado na organização

estudada- o arquivo permanente da PROGEPE do IFPR- este pode relatar a ideia de

um pequeno (ainda) caos. Caos não no sentido de desorganização e/ou descúria,

mas no sentido de todos os pequenos caos que geram eficiência pela facilidade de

visualização e rapidez na busca por informações e documentos. Entretanto, o volume

de documentos recolhidos já dava sinais de que o tempo do pequeno caos já estava

passando de gerador de eficiência para o sentido de desorganização e descúria. A

busca por informações e documentos já estava ficando mais demorada do que o ideal

e a conservação do acervo já estava ficando comprometida.

O objetivo da presente proposta é o de, finalmente, dotar o arquivo

permanente dos recursos tidos universalmente como ideais para o rápido acesso às

informações e documentos, bem como para a devida conservação do acervo. Além

do objetivo final, também objetivava-se obter antes disso uma solução paliativa para

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que acervo não sofresse perda e houvesse um mínimo de agilidade nas pesquisas

enquanto não era viabilizado o objetivo final.

A principal inovação da proposta é a de contemplarem todo o acervo a

condição de arquivamento físico e digital com acesso por meio de ferramentas de

Business Intelligence- BI (também conhecido como datawarehouse) com a finalidade

de proporcionar aos tomadores de decisão o recurso da mineração de dados (data

minning). Tudo isso sem abrir mão de um satisfatório sistema de arquivo físico. A

proposta foi concebida a partir de disfunções verificadas no arquivo permanente e

com a potencialização destas numa já prevista expansão vertiginosa do acervo. A

disseminação da proposta se deu por meio da criação de um Grupo de Trabalho

específico para diagnóstico e proposta de solução do problema e do

compartilhamento das informações deste com a PROGEPE e demais Pro-Reitorias e

Reitoria por meio de reuniões ordinárias. A sustentação da proposta se deu

incialmente por medidas paliativas para evitar o agravamento do problema, de

medidas imediatas no sentido de reverter os problemas já criados e com a

possibilidade de uma nova e definitiva sede a ser construída já contemplando as

necessidades de arquivo permanente sem necessidade de adaptações mais

onerosas e paliativas.

Finalmente, os membros do GT-Arquivo não têm a pretensão de tornar a

presenteproposta um modelo padronizado mas adaptado às necessidades do arquivo

permanente da PROGEPE. Com a implantação da proposta, espera-se, no longo

prazo, contemplar as necessidades de arquivo permanente da PROGEPE através da

construção de uma nova e definitiva sede já espera-se, com as soluções para o IFPR.

Em curto e médio prazos, com as soluções paliativas, espera promover a

conservação do acervo com um sistema de pesquisa ágil e moderno sem abrir mão

dos modos tradicionais de conservação de documentos e pesquisas em arquivo

físico.

Entretanto, em nenhum momento, deixou-se de pensar e agir no sentido de

que os problemas enfrentados hoje pela PROGEPE do IFPR sejam os mesmos

enfrentados por outrosIFETs e até por outras Instituição Federais de Ensino Supeior-

IFESs ou até por outras organizações ligadas às atividades de educação básica,

técnica e tecnológica, à educação como um todo nas esferas federal, estaduais e

municipais, bem como na iniciativa privada no Brasil e no mundo. Diversas ações do

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IFPR já são modelos nacionais e internacionais e não será surpresa nenhuma se a

presente proposta seguir o mesmo caminho.

10.REFERENCIAL BIBLIOGRAFICO

BELLOTTO, Heloísa Liberalli. Arquivos permanentes: tratamento documental. Rio de Janeiro: Editora FGV, 1984.

CASTRO, Astréa de Moraes e. Arquivística = técnica. v. 2, Editora Associação dos Bibliotecários do Distrito Federal- ABDF, 1985

SANTOS, EutimioSastre. Manual de archivos – el sistema archivístico diocesano: arquivos de la cúria y archivosparroquiales. 1. ed. Madrid: Editora Anabad, 1999.

SANTOS, Vanderlei Batista dos. Arquivística - temas contemporânieos: classificação, preservação digital e gestão do conhecimento. 1. ed. Distrito Federal: Editora SENAC, 2007.

VIEIRA, Sebastiana Batista. Técnicas de arquivo e controle de documentos. 1. ed. Rio de Janeiro:, Editora Temas & Ideias, 2005.