6 Nov - PÚBLICO

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rui dias Governo admite extinguir empresas públicas deficitárias Nova lei prevê extinção das empresas com três anos de resultados negativos. Ministério das Finanças ganha novos poderes na supervisão destas companhias. Endividamento mais apertado Economia, 19 Portas faz movimentação diplomática envolvendo 23 postos de embaixador e chefe de missão. Ana Martinho é a primeira mulher secretária- geral dos diplomatas p14 Paulo Macedo disse no Parlamento que o SNS está protegido com o Orçamento. E revelou que privados querem renegociar PPP e até devolvê-las p16 Líder socialista fecha porta à participação do PS no corte de 4 mil milhões de euros na despesa do Estado. Este tema estará no encontro de hoje com Cavaco Silva p9 Mulher estreia-se no posto máximo da diplomacia Ministro da Saúde reconhece que OE para 2013 tem riscos Seguro não aceita participar nos cortes de 4 mil milhões ELEIÇÕES NOS EUA BARACK OBAMA PARTE EM VANTAGEM PARA A REELEIÇÃO Reportagem em Chicago, análise de Teresa de Sousa, opiniões de Ana Gomes e Jaime Nogueira Pinto Destaque, 2 a 8 JIM REUTERS/REUTERS 60% das pessoas com 65 e mais anos não se vacinam contra a gripe p16 TER 6 NOV 2012 EDIÇÃO LISBOA Ano XXIII | n.º 8247 | 1€ | Directora: Bárbara Reis | Directores adjuntos: Nuno Pacheco, Manuel Carvalho, Miguel Gaspar | Directora executiva Online: Simone Duarte | Directora de Arte: Sónia Matos MÚSICA UMA NOITE EM VIENA COM OS FANTASMAS DE PATTI SMITH Cultura, 28/29 HOJE Madredeus - 25 Anos 2.º Vol. Livro+CD A Missão Por + 6,95€

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rui dias

Governo admite extinguir empresas públicas defi citáriasNova lei prevê extinção das empresas com três anos de resultados negativos. Ministério das Finanças ganha novos poderes na supervisão destas companhias. Endividamento mais apertado Economia, 19

Portas faz movimentação diplomática envolvendo 23 postos de embaixador e chefe de missão. Ana Martinho é a primeira mulher secretária-geral dos diplomatas p14

Paulo Macedo disse no Parlamento que o SNS está protegido com o Orçamento. E revelou que privados querem renegociar PPP e até devolvê-las p16

Líder socialista fecha porta à participação do PS no corte de 4 mil milhões de euros na despesa do Estado. Este tema estará no encontro de hoje com Cavaco Silva p9

Mulher estreia-se no posto máximo da diplomacia

Ministro da Saúde reconhece que OE para 2013 tem riscos

Seguro não aceita participar nos cortes de 4 mil milhões

ELEIÇÕES NOS EUABARACK OBAMA PARTE EM VANTAGEM PARA A REELEIÇÃO Reportagem em Chicago, análise de Teresa de Sousa, opiniões de Ana Gomes e Jaime Nogueira Pinto Destaque, 2 a 8

JIM REUTERS/REUTERS

60% das pessoas com 65 e mais anos não se vacinam contra a gripe p16TER 6 NOV 2012EDIÇÃO LISBOA

Ano XXIII | n.º 8247 | 1€ | Directora: Bárbara Reis | Directores adjuntos: Nuno Pacheco, Manuel Carvalho, Miguel Gaspar | Directora executiva Online: Simone Duarte | Directora de Arte: Sónia Matos

MÚSICAUMA NOITE EM VIENA COM OS FANTASMAS DE PATTI SMITHCultura, 28/29

HOJEMadredeus - 25 Anos2.º Vol. Livro+CD A Missão Por + 6,95€

2 | DESTAQUE | PÚBLICO, TER 6 NOV 2012

ELEIÇÕES NOS EUA

O Presidente dos Estados

Unidos, Barack Obama,

parte para a votação de

hoje com uma vantagem

sobre o seu adversário

republicano Mitt Romney

que é ao mesmo tempo “modesta”

mas “signifi cativa”: apesar de as

sondagens sobre a intenção de voto

mostrarem uma divisão ao meio

do eleitorado norte-americano,

no conjunto limitado de estados

que desempatam a corrida à Casa

Branca, os números dão uma ligeira

vantagem a Obama para chegar aos

270 votos do Colégio Eleitoral que

consagram o vencedor.

As últimas sondagens da campa-

nha de 2012 mostram polarização do

eleitorado em trincheiras bem de-

marcadas de democratas e republi-

canos — ou liberais e conservadores

— em que cada grupo corresponde

genericamente a 48% do total. Os

números divulgados no domingo

e ontem apontam para um empa-

te técnico, com o intervalo entre

Obama e Romney a fi car dentro da

margem de erro das sondagens: 49-

49 são os valores da CNN/Opinion

Research; 48-48 para o Politico/Ge-

orge Washington University Battle-

ground; 48-47 no inquérito da NBC

News/Wall Street Journal; 49-48 no

da ABC News/Washington Post. A

Rasmussen e a Gallup colocam o

republicano na frente 49-48.

Os números fi nais do Pew Rese-

arch Center — que tem a maior fi a-

bilidade na previsão dos resultados

das eleições anteriores — dão uma

vantagem de três preciosos pontos

ao Presidente candidato à reeleição:

50% contra 47%. Em 2004, os resul-

tados da sondagem do Pew foram

exactamente os mesmos do total da

votação, e em 2008 a sua previsão

de 52% para Obama fi cou um ponto

abaixo do resultado (mas a estima-

tiva de 46% para John McCain foi o

resultado exacto alcançado pelo re-

publicano).

Vários dados deste último inqué-

Últimas sondagens revelam o favoritismo do Presidente, que, depois do furacão Sandy, conseguiu reconquistar a preferência dos eleitores independentes, dos moderados e das mulheres. Mitt Romney tem um caminho mais difícil para a vitória

Barack Obama parte em vantagem para a reeleição

JUSTIN SULLIVAN/AFP

Rita Siza

PÚBLICO, TER 6 NOV 2012 | DESTAQUE | 3

rito favorecem o cenário de vitória

de Obama: “Cerca de 39% dos elei-

tores, ou quatro em dez, apoiam

fortemente o Presidente, contra 9%

que apoiam moderadamente. E um

terço dos eleitores apoia Romney

fortemente, contra 11% que apoiam

moderadamente. Desde 1960, o can-

didato com a percentagem mais ele-

vada de forte apoio foi o vencedor da

eleição”, diz o relatório.

Os números apontam para uma

magra vantagem de Obama no voto

antecipado (dos 34% de eleitores que

já votaram, 47% escolheram o Presi-

dente e 45% optaram por Romney), e

também a prevalência do democra-

ta nos nove estados decisivos: 49%

contra 47% para o candidato repu-

blicano. O Pew, tal como a Zogby,

atribuem à performance de Obama

na resposta ao furacão Sandy a sua

vantagem de última hora. Além de

subir cinco pontos junto dos inde-

pendentes, recuperou o favoritismo

entre as mulheres e os moderados, e

eliminou para metade a vantagem de

Romney entre os seniores.

O panorama oferecido pelas mé-

dias das sondagens nos estados deci-

sivos também serve de confi rmação

da ligeira vantagem de Barack Oba-

ma. A campanha do Presidente erigiu

há meses uma “barreira antifogo” em

torno dos estados do Iowa, Ohio e

Wisconsin, e manteve a liderança na

Pensilvânia e no Nevada. A corrida

está sufi cientemente competitiva na

Florida, New Hampshire e Virginia

para que o Presidente ultrapasse os

270 votos do Colégio Eleitoral.

A campanha republicana tem des-

valorizado as indicações das sonda-

gens, insistindo que a amostra que

serviu de base aos inquéritos não

é representativa do eleitorado que

vai comparecer às urnas em 2012.

Mas no domingo, o conhecido con-

sultor republicano Matthew Dowd

já identifi cava os sinais do alarme

entre os conservadores: “O primeiro

sinal de que uma campanha está a

perder é quando diz que não acre-

dita nas sondagens. O segundo sinal

é quando diz que os inquéritos não

refl ectem os eleitores. E o terceiro é

que a única sondagem que importa

é a contagem dos votos.”

Como aconteceu em 2004, os

americanos correm o risco de fi car

toda a madrugada à espera por uma

declaração ofi cial de vitória, en-

quanto se contam os votos. O Ohio

é o estado para onde convergirão

todas as atenções: se as televisões

arriscarem projectar um vencedor

após o fecho das mesas de voto, a

eleição estará decidida.

Se os 27 países da União

Europeia tivessem

de eleger o próximo

Presidente americano,

Barack Obama ganharia

facilmente todos os votos

do Colégio Eleitoral. Por maiorias

esmagadoras em alguns países,

como a Alemanha ou a França, ou

por maiorias muito confortáveis,

como no Reino Unido e na Itália,

ou mesmo nos países da Europa

Central e de Leste a que Donald

Rumsfeld chamava “a nova

Europa”. Talvez um pouco menos

do que nas eleições de 2008.

Ainda assim, uma vitória absoluta

sobre um candidato chamado

Mitt Romney, que tem todas as

características para desagradar aos

europeus — é mórmon, suspeito

de ser um “herdeiro” de George

W. Bush, que gosta de acusar o

seu adversário democrata de ser

demasiado “europeu”.

É noutro Barack Obama, todavia,

que os europeus vão “votar”. Como

todos os outros seres humanos que

vibraram com a simples existência

de Obama, perderam muitas das

suas ilusões. Ofenderam-se com

o facto de a palavra “Europa” não

ter sido uma só vez pronunciada

no debate sobre política externa,

o último dos três que travou com o

candidato republicano. Desconfi am

do facto de não ter sido capaz de

fechar Guantánamo. Criticam-

no por ter dado pouca atenção

às mudanças climáticas. Por não

se ter empenhado o sufi ciente

na paz entre Israel e a Palestina.

Olham com horror a forma como

recorre à acção dos drones (aviões

não tripulados) para eliminar

inimigos no Iémen, no Paquistão

ou na Somália. Desconfi am que

olhe demasiado para o Pacífi co.

Também compreendem as suas

limitações — as difi culdades da

crise económica, a polarização

política, um Congresso hostil. São

realistas. Continuam a preferir o

Presidente que conseguiu apagar a

imagem da América de Bush. Hoje,

estão dispostos a fi car até mais

tarde diante dos televisores para

poderem, depois, ir dormir mais

descansados. Sobre isto ninguém

tem dúvidas.

Dito isto, fi cam as perguntas

difíceis. Quatro anos depois da

eleição de Barack Obama, como

estão as relações transatlânticas?

Até que ponto foram capazes

de se renovar e de se adaptar

a um mundo em acelerada

transformação? Nos quatro anos

que passaram, dois acontecimentos

marcaram-nas, defi nitivamente.

O primeiro foi a crise fi nanceira

e económica global e a força com

que se abateu sobre o continente

europeu. O segundo foi a elevação

da China até ao estatuto de

“segunda superpotência”.

Em 2009, os governos europeus

ainda acreditavam que a Europa

teria melhores condições para

enfrentar uma crise fi nanceira

global da qual responsabilizavam

apenas os Estados Unidos. Em

2010, começaram a perceber

que o impacte da crise os

atingiria brutalmente. Sabe-se

o que aconteceu desde então. A

economia mundial tornou-se refém

da crise europeia. A reeleição

do Presidente viu-se ameaçada

pelas suas consequências.

“Ele compreendeu que, pelo

terceiro ano consecutivo, a

retoma americana era posta

em causa pela persistente crise

europeia”, escreve Ben White,

do Council on Foreign Relations

de Washington. “Percebeu que

o risco de um colapso do euro

tinha uma infl uência enorme no

estado dos negócios na América.”

Tornou-se numa obsessão. Gastou

muito do seu tempo em longas

conversas por videoconferência

com a mulher mais poderosa

da Europa, tentando convencê-

la a agir com a determinação

sufi ciente para colocar o euro

a salvo. Confrontou-a em cada

reunião do G20 com a crítica às

suas políticas de austeridade que

arrastavam a economia europeia

para a recessão e ameaçavam a

retoma da economia global. Sem

sucesso, como também se sabe.

Tudo o que o Presidente garantiu

da chanceler alemã foi que nada

de mau aconteceria à Grécia antes

A Europa quer Obama outra vez

Análise Teresa de Sousa

de 6 de Novembro, para evitar

cenários que nem um, nem outro

tinham a certeza de pode controlar.

A braços com a maior crise da sua

existência, a Europa virou-se para

dentro de si própria, prestando

uma fraca atenção ao mundo

exterior. Sentiu-se traída, quando

Obama anunciou que o século XXI

seria o século do Pacífi co.

O Presidente tinha ofendido

os europeus, quando, em Maio

de 2010, se recusou a participar

numa cimeira UE-EUA em Madrid,

alegando uma agenda praticamente

vazia. Mas a cimeira da NATO

em Lisboa, nesse mesmo ano, foi

ainda um momento de reencontro

estratégico entre os dois lados do

Atlântico. Selou o compromisso

americano em relação à Aliança

Atlântica e ao seu Artigo 5.º e um

entendimento sobre a melhor

maneira de lidar com a Rússia

— o “reset” de Obama era muito

mais confortável do que a política

de Bush, com a insistência no

alargamento da NATO até às

fronteiras da Rússia, ou com uma

“defesa antimíssil” que não incluía

Moscovo.

Como outros presidentes antes

dele, Obama disse também aos

europeus que teriam de passar

a ser mais responsáveis pela sua

própria segurança. Só que, desta

vez, a retórica começou a ser

acompanhada pelos actos. Não se

trata apenas do peso crescente da

China e região da Ásia na economia

global. O “pivô estratégico” que

anunciou no fi nal de 2010 signifi ca

que os EUA estão a reforçar a sua

presença militar na Ásia e a retirar

uma parte das suas tropas da

Europa. A Líbia foi a demonstração

que faltava. Obama prometeu

apoio para forçar a derrota de

Khadafi , mas avisou os europeus de

que teriam de ser a eles a liderar.

Acabou por antecipar a nova

estratégia americana — “liderar do

banco de trás” onde os europeus

podiam e deviam liderar no lugar

da frente. A Líbia também serviu

para revelar as enormes fraquezas

militares da Europa e a sua

dependência da capacidade militar

americana.

“O paradoxo está em que,

apesar de Obama ter conseguido

sarar as feridas transatlânticas,

pode ser também o Presidente

americano que presidiu ao fi m do

Ocidente enquanto comunidade

política”, escreve Mark Leonard,

director do European Council

on Foreign Relations. É talvez

dar um salto demasiado grande.

O Ocidente, com as suas duas

metades, é hoje fundamental para

liderar a transição de um mundo

em que o centro de gravidade

do poder estava no Atlântico

para outro em que se deslocará

progressivamente para o Pacífi co. É

uma inevitabilidade. A Europa tem

consciência de que, seja qual for

a nova Administração americana,

esta mudança estratégica veio para

fi car. Terá, um dia, de lidar com ela.

Os analistas americanos são quase

unânimes a sublinhar que a política

externa de Mitt Romney não seria

muito diferente de Obama. O último

debate entre os dois candidatos

sobre política externa provou

isso mesmo. A crise económica

e a ressaca das duas guerras de

Bush, que delapidaram os recursos

e o apoio da opinião pública

americana, encarregam-se de

dissuadir quaisquer novas aventuras

militares. Mas os europeus querem

jogar pelo seguro. Não sabem com

que Romney podem contar. Há seis

meses, o candidato republicano

classifi cava a Rússia como o

“inimigo geopolítico número um”

e defi nia Israel como “a linha da

frente” de uma nova guerra fria

contra o radicalismo islâmico.

Começou como amigo dos neocons.

Acabou como moderado. Em qual

deles confi ar? O melhor é confi ar

em Obama.

“Seja quem for que ganhe,

podemos apostar que o novo

consenso estratégico americano, tal

como o próprio Obama o defi niu,

traduz um deslocamento do centro

de gravidade das preocupações

norte-americanas para a Ásia-

Pacífi co, dado que a prioridade é

a contenção da China”, escreve

Jean-Marie Colombani, antigo

director do Monde. A Europa terá

de enfrentar o desafi o capital que

constitui esta viragem estratégica

dos EUA. “Ou se decide a tomar

as rédeas do seu destino, e

isso permitirá uma verdadeira

colaboração transatlântica, ou

se resigna a fi car à margem da

História.” Com Romney ou com

Obama, a bola está do lado de cá.

Obama

RomneyJun. Jul. Ago. Set. Out. Nov.

50% Evolução das sondagens

48

46

44

42

47,8

47,4

4 | DESTAQUE | PÚBLICO, TER 6 NOV 2012

ELEIÇÕES NOS EUA

É fácil saber qual das mansões

em Hyde Park é a de Barack

Obama. O acesso está

cortado por barreiras de

segurança metálicas e em

betão e se alguém tentar

atravessar a rua para chegar mais

perto, isso desencadeia uma

reacção automática na carrinha

preta de vidros fumados plantada

na esquina. Como se tivéssemos

carregado num botão, o seu

ocupante, um agente dos serviços

secretos, torna-se subitamente

visível e interpõe-se entre a casa e

a nossa curiosidade. Um autocarro

passa em frente da casa e os

passageiros levantam-se para tirar

fotografi as. Nos últimos quatro

anos, este bairro na zona sul de

Chicago tornou-se visita obrigatória

para os turistas. A ironia é que

foi precisamente quando Barack

Obama deixou de viver aqui e se

mudou para a Casa Branca, a mais

de mil quilómetros de distância,

que a peregrinação começou. Nem

mesmo os jornalistas resistem a

posar para fotografi as frente à casa.

E isto é quando o Presidente

americano não está. Quando ele

está, o trânsito é cortado, toda a

gente é revistada e o trajecto do

autocarro de circulação local é

alterado, obrigando os passageiros

a uma volta maior.

Mas Janice Brewster, 57 anos,

que vive a dois quarteirões, num

apartamento de uma assoalhada,

não se está a queixar. Nessas

ocasiões, ela sente-se como uma

turista na sua própria cidade,

porque é uma quebra na sua

rotina. E ela gosta daquele vizinho

que nunca viu pelo bairro. “Ele é

um bom Presidente. Acho que fez

tudo o que disse que iria fazer. E

também é muito bem-parecido.”

Janice puxava o seu carrinho de

compras pela rua, lentamente, no

domingo de manhã. Ela tinha uma

consulta no médico no dia das

eleições, mas claro que iria votar.

“Acho que não conseguiria viver

comigo própria se não votasse.”

Conciliar dois mundosA casa particular de Barack Obama

é uma mansão de dois andares em

tijolo vermelho, sem cercas mas

protegida dos olhares por árvores.

Ela integra uma secção de Hyde

Park, junto ao Lago Michigan,

chamada Kenwood, onde a elite de

Chicago – em particular industriais

ricos – fi xou residência, no fi nal

do século XIX. Algumas das suas

casas são as maiores da cidade, diz

a Wikipédia. Mas isto é a zona sul

de Chicago, South Side Chicago,

uma área geográfi ca associada com

uma população negra e pobre e

com crime. O gueto de Chicago.

Quando perguntamos a um local se

o bairro de Obama é o mais selecto

de Chicago, ele responde: “Na zona

sul, talvez. Quem vive aqui, vive

cercado de pobreza.”

Ninguém conhece Hyde Park

melhor do que Bruce Sagan,

que estudou na Universidade de

Chicago, a instituição dominante

no bairro, e desde há quase

60 anos é o dono e director do

semanário local, The Hyde Park

Herald, onde um pouco conhecido

senador do Illinois escreveu

regularmente uma coluna durante

dez anos antes de se candidatar à

presidência dos Estados Unidos.

Em 2002, quando Barack Obama

fez o seu agora famoso discurso

no qual disse que não se opunha

a “todas as guerras, mas a guerras

idiotas”, num protesto em Chicago

contra a intervenção militar no

Iraque, o Herald foi o único jornal

que noticiou o evento, diz Bruce,

com orgulho. O Herald ainda

escreve sobre Obama, agora que

ele é Presidente? “Nãooooo”,

responde. O jornal só cobre o

bairro. Mais local do que isto é

impossível.

A comunidade de Hyde Park,

explica, é “classe média-alta,

moderadamente endinheirada”. A

seguir à II Guerra Mundial, quando

a população negra começou a

expandir-se em Chicago, isso levou

à fuga da população branca para

os subúrbios, como aconteceu com

tantas outras cidades industriais

do Norte dos Estados Unidos

que receberam vagas de afro-

americanos vindos do Sul em

busca de emprego. Hyde Park foi

a excepção – uma comunidade

“deliberadamente integrada”

quando ninguém ainda estava a

fazê-lo. “Estamos a falar dos anos

1950. Isto é antes de Martin Luther

King”, nota Bruce. “Se tivessem

dinheiro para comprar uma casa,

os negros eram bem-vindos.”

Pessoas da geração de Bruce

Sagan ou mais velhas, que viveram

esses tempos, não escondem o

orgulho no facto de terem criado

uma comunidade onde Barack

Obama quis viver. “Onde mais é

que ele podia ter feito isso?” Hyde

Park é a perfeita projecção da

história pessoal deste homem bi-

racial, fi lho de uma mulher branca

Algumas pessoas não escondem o orgulho no facto de terem criado uma

Chicago, a cidade de Obama, torce por uma segunda vitória

Percebe-se muito melhor Obama depois de vir a Chicago. É aqui que discursará esta noite, suceda o que suceder. Loretta prefere que a acordem quando tudo acabar. “E que seja uma vitória”

Reportagem Kathleen Gomes, em Chicago

em Portugal sob o título A Minha

Herança. “Eu sou a Angela”, diz,

referindo-se ao pseudónimo que

Obama usa no livro quando se

refere a ela. Loretta é uma das

três mulheres afro-americanas

de meia-idade que trabalharam

voluntariamente na organização

comunitária que o jovem Obama

veio a coordenar e que aparecem

com frequência numa secção do

livro, coquetes e provocadoras

como as gerações mais velhas

podem ser em relação à juventude,

mas também dedicadas e

maternais. Loretta diz que Obama

lhe ensinou tudo o que sabe sobre

organização comunitária: como

ter acesso a decisores políticos,

como motivar as pessoas e formar

alianças. E é como andar de

bicicleta: depois de aprender,

“ninguém deixa de ser organizador

comunitário”. Por exemplo, como

professora, Loretta procurou

incutir nos seus alunos o mesmo

espírito de “eu posso, eu consigo”.

Mas estará Obama a aplicar

as suas técnicas de organização

comunitária na Casa Branca,

quando é notório o seu falhanço

em forjar alianças em Washington

e o nível de obstrução política

do Kansas e de um queniano,

que aprendeu a conciliar os dois

mundos.

Percebe-se muito melhor

Barack Obama depois de vir a

Chicago. Não só porque é mais

fácil encontrar alguém que o

conhece, ou conheceu quando

era organizador comunitário nos

bairros sociais da zona sul, na

segunda metade dos anos 1980, ou

começou a sua carreira política, na

década seguinte. Muitos aspectos

da sua personalidade, da sua

construção identitária, do seu lado

humanitário, podem ser traçados

até Chicago como uma linha

contínua. “Ele não mudou em

relação à pessoa que eu conheci”,

diz Loretta Augustine-Herron, 70,

uma professora reformada que

trabalhou com Obama quando ele

foi organizador comunitário – algo

como um activista profi ssional

que mobiliza as pessoas de uma

comunidade para agirem em

defesa dos seus próprios interesses

– num dos bairros sociais mais

problemáticos do South Side,

chamado Altgeld Gardens. “Eu

apareço no livro dele”, diz Loretta.

O primeiro livro, Dreams From My

Father, a autobiografi a publicada

PÚBLICO, TER 6 NOV 2012 | DESTAQUE | 5

‘Mãezinha, vai tudo correr bem.’

Acordem-me quando acabar. E que

seja uma vitória.”

É difícil estacionar perto da

Trinity United Church of Christ,

uma mega-igreja protestante

na zona sul de Chicago, num

domingo de manhã. Os parques

de estacionamento estão repletos,

as ruas estão cheias de carros. Há

pessoas a chegar tarde, depois do

serviço religioso ter começado.

A música vibra assim que se abre

a porta, como quando entramos

numa discoteca. Três jornalistas

são escoltados até junto da

directora de relações públicas,

a reverenda Joan Harrell, que

volta a escoltar-nos até à rua,

com rispidez, indicando que o

“santuário” não está aberto à

imprensa devido a dissabores

no passado, em que jornalistas

“assediaram” membros da igreja.

Ela apontou os limites, que não

poderiam ser ultrapassados,

e sublinhou que se algum

paroquiano se queixasse não

hesitariam em chamar a polícia.

Depois de algumas clarifi cações

e a assinatura de uma declaração

prometendo não gravar nem

captar imagens durante a missa,

voltámos a entrar. O templo, com

a forma de um anfi teatro romano e

o púlpito no meio, estava repleto.

A igreja, com capacidade para

2300 pessoas, tem três serviços

religiosos aos domingos e está

sempre cheia. Nenhuma imagem

de Cristo crucifi cado, apenas uma

cruz suspensa do tecto. Nos vitrais

que representam cenas do Velho e

Novo Testamento, os protagonistas

são negros.

A Trinity United Chruch of Christ

é uma congregação afro-americana

e as missas são uma festa. As

pessoas cantam, dançam, batem

palmas, acenam. Atrás do pastor,

há uma banda, com piano, órgão,

teclado, guitarra, baixo, saxofone,

bateria, tambores, produzindo o

ritmo da redenção. O coro é um

impressionante exército de vozes.

“Se não gostam de abraços, estão

no sítio errado”, diz o pastor de 41

anos, Otis Moss III, ele próprio fi lho

de um reverendo e activista do

movimento dos direitos civis que

foi casado por Martin Luther King.

Por mais do que uma vez, o

jovem pastor prega às pessoas

para irem votar. “Há 60 milhões de

ossos no fundo do Atlântico”, diz,

referindo-se ao tráfi co esclavagista.

“Não votar não é uma opção. Não

depois de tudo o que tivemos

de passar. Seria o mesmo que

cuspir nas campas dos vossos

antepassados.” Ele pergunta quem

é que votou antecipadamente e

mais de metade das pessoas parece

levantar-se. Ele informa que no dia

das eleições a igreja irá transportar

quem quiser até aos locais de voto.

“Mas não somos um serviço de

táxi, não vamos buscar-vos a casa,

têm de vir aqui ter.”

Ele nunca menciona o nome de

nenhum dos candidatos, embora

esta tenha sido a única igreja a que

Obama alguma vez pertenceu.

A igreja tornou-se subitamente

famosa durante a campanha

presidencial de 2008, quando um

vídeo de um sermão do seu pastor

na altura, Jeremiah Wright, se

tornou um rastilho na Internet. O

vídeo continha comentários feitos

no passado pelo clérigo em que

ele responsabilizava a América

pelos motivos que conduziram

aos ataques de 11 de Setembro

e condenava o país de forma

amarga pela forma como tratou a

sua população negra. A polémica

levou Obama a cortar relações

com um pastor que tinha sido uma

fi gura infl uente (antes de ser o seu

segundo livro e um lema inspirador

da sua campanha presidencial,

A Audácia da Esperança foi o

título de um sermão de Wright na

Trinity United Church of Christ)

e a dissociar-se da igreja a que

pertencera.

O pastor Moss III recordou

a polémica no seu sermão de

domingo, dizendo que ele e

Wright viram-se forçados a ter

seguranças privados e que a

igreja chegou a receber ameaças

de bomba que os obrigaram “a

passar todos os bancos a limpo”.

Houve protestos à porta da igreja

e uma invasão de jornalistas

e protojornalistas tentando

alimentar a polémica. O que

explica a hostilidade inicial com

que somos recebidos e o facto de

toda a gente recusar falar, à saída.

Otis Moss III terminou o seu

sermão num pico de intensidade,

eléctrico e com um tremor na

voz, como James Brown. É difícil

visualizar o contido e remoto

Barack Obama na catarse colectiva

em que mais de duas horas de

culto terminam. Mas um fotógrafo

reparou que Moss usou o seu

Blackberry num dado momento,

abstraído do que se passava à

volta, para tratar de algum assunto.

Depois disso, imaginar Obama ali

fazia todo o sentido.

comunidade onde Barack Obama quis viver

JEWEL SAMAD/AFP

entre o Congresso e a presidência

choca o resto do país?

Um lugar estranho“Washington é um lugar

estranho onde as correlações

são estabelecidas com membros

de um partido com a fi nalidade

de prejudicar o outro partido “,

distingue Loretta, sentada numa

poltrona de napa na sua ampla

sala de madeira, em Calumet

City, um subúrbio de Chicago

na fronteira entre o Illinois e o

Indiana. “Não estamos a falar

de uma comunidade, estamos a

falar de Washington D.C.” Nesse

contexto, o activismo comunitário

pode ser uma “fraqueza”. Loretta

acha que ele devia sido mais

agressivo com a oposição e devia

ter considerado a sua promessa

de consensos partidários “água

debaixo da ponte” quando se

percebeu que os republicanos

não estavam dispostos a trabalhar

com ele. “Mas até isso é sinal de

um bom Presidente, quer dizer

que ele procurou deixar toda a

gente contente.” Loretta acredita

que num segundo mandato o país

vai “ver um Presidente Obama

diferente”, alguém que “fará o que

for preciso”. Um Presidente Mitt

Romney, diz, irá eliminar tudo o

que Obama fez “só para fazê-lo

parecer mal”. “Não nos podemos

dar ao luxo de deixar alguém

destruir o que existe em vez de

construir a partir do que foi feito.”

“Tenho visto este homem

basicamente envelhecer na Casa

Branca”, diz Loretta sobre Obama.

“Ele tem feito sacrifícios pelo povo

americano. O peso daquele cargo

é visível no rosto dele.” Mas se

ele perder as eleições hoje, não é

Obama que a preocupa. Presidente

ou não, o cidadão Obama “vai fi car

bem”. “Nós é que vamos sofrer

as consequências. Não quero

imaginar Mitt Romney a chegar e a

subir os impostos da classe média e

a favorecer os mais ricos. Doem-me

as costas só de pensar nisso.”

A última vez que Loretta viu

Barack Obama foi na noite das

eleições de 4 de Novembro de

2008, em Grant Park, Chicago,

quando ele proferiu o seu discurso

de vitória. Ela viu-o no palco,

mas não falaram. “Não, não o

cumprimentei. Acho que nem

a Oprah o cumprimentou e eu

estava mesmo ao pé dela.” Não

há nada que ela gostasse mais do

“Não quero imaginar Mitt Romney a chegar e a subir os impostos da classe média e a favorecer os mais ricos. Doem-me as costas só de pensar nisso”, diz Loretta, 70 anos

que poder chamá-lo de “Senhor

Presidente”, cara a cara.

Mas esta noite Loretta não

planeia juntar-se aos apoiantes

e voluntários que vão seguir

os resultados eleitorais em

McCormick Place, o maior centro

de convenções da América do

Norte, à beira do Lago Michigan, em

Chicago, onde Obama irá discursar,

aconteça o que acontecer. Loretta

vai fi car em casa. “Não sei se vou

acender a televisão. Tenho andado

muito ansiosa ultimamente.

Os meus fi lhos têm-me ligado:

6 | DESTAQUE | PÚBLICO, TER 6 NOV 2012

ELEIÇÕES NOS EUA

Barack Obama é o Presidente certo

para os Estados Unidos da América.

E é o Presidente americano

certo para o mundo. Sem dúvida

nenhuma, eu quero mais quatro

anos de Obama na Casa Branca.

Porque Obama é um Presidente de pés no

chão, que partiu pedra, subiu a pulso e que,

graças a talentos, horizontes cosmopolitas e

excepcionais qualidades humanas, articula

uma visão progressista e dialogante para os

EUA e para a Humanidade.

A sua vitória em 2008 resultou num

avanço civilizacional por ser o primeiro

americano de origem africana a assumir a

presidência dos EUA – e quantos racistas

por esse mundo fora não tiveram de passar

a dobrar a língua!

Assim que entrou na Casa Branca, Obama

passou das palavras aos actos, renegando a

arrogância de superpotência levada ao acinte

pelo seu antecessor. Voltou assim a tornar os

EUA num país frequentável, num parceiro

desejável, numa nação que se dá ao respeito

porque respeita as outras. Substituindo

o machismo belicista pelo diálogo e pelo

esforço de compreender e conciliar, Obama

melhorou a imagem e o relacionamento

internacional dos EUA, dando mais respaldo

ao exercício das suas responsabilidades

globais. Inteligência, sensibilidade política,

abertura cultural tiveram impacto no

abrandamento da confl itualidade e têm

ressonância universal, resultando em mais

efi cácia na cooperação internacional para

enfrentar as ameaças e desafi os que não

faltam: do terrorismo aos desastres naturais,

do combate à pobreza à promoção da

democracia, da crise fi nanceira à resolução

do confl ito israelo-palestiniano.

Eu valorizo que em política externa

Obama procure respeitar e promover

os princípios e valores que regem um

Estado de direito e assentam nos direitos

humanos. Mas não ignoro – e por isso

critico – o alegado “excepcionalismo” que

continua a determinar fl agrantes violações

de obrigações universais por parte dos

EUA. E por isso espero que, num segundo

mandato, Obama cumpra a promessa de

fechar Guantánamo, e que acabe com os

casos de prisão indefi nida e sem julgamento

e ponha fi m aos assassínios selectivos – o uso

de drones nesse intento mais tarde ou mais

cedo voltar-se-á contra os próprios EUA.

Mas há um desafi o global em que Obama

liderou uma visão estratégica consequente

e acertada: a resposta à recessão económica

precipitada pela crise fi nanceira que

herdou de Bush e de décadas de criminosa

desregulação neoliberal. Obama mostrou

saber aprender as lições, erigir como

prioritária a defesa das classes médias

como centro de gravidade da democracia, e

saber construir uma narrativa progressista

e inspiradora de esperança. E adoptou

medidas de promoção do emprego e de

reforço da protecção social que a crise

torna imprescindíveis. Que contraste com

a obstinação tacanha e preconceituosa e

a procrastinação

desesperante

dos governantes

e instituições

europeias, que

cada vez mais

afundam a UE em

espiral recessiva!

E como foram e

são relevantes as

advertências que

Obama tem feito

à UE.

Dentro de

portas, mas com

repercussões

globais também, Obama é o Presidente que

estimula a participação cidadã da juventude

e das mulheres, por ambas fazendo passar

a saída da crise fi nanceira e económica. É o

Presidente que subtrai à polémica pseudo-

religiosa as questões da família, do papel

das mulheres na sociedade e da IVG. Contra

os interesses instalados do big business,

Obama lutou e impôs o Obamacare – será

o ponto de não-retorno, a partir do qual

os americanos já só vão querer olhar em

diante e não regredir, como é programa do

candidato republicano.

Eu votaria Obama também pela coragem

e a tenacidade que demonstrou, ao longo

de quatro anos, ao resistir aos miseráveis

ataques pessoais e políticos de que foi

alvo por parte do bando capitaneado

por Chenney e Rove que domina hoje o

Partido Republicano, tão degradado que

até integra o racista Tea Party. Seria um

perigo voltar a ter na Casa Branca um

boneco manipulado por gangsters – já

tivemos um em George W. Bush.

Eu votaria Obama porque acredito

que mais quatro anos trarão frutos que

o primeiro mandato não chegou para

produzir. Obama é preciso para a fazer mais

e melhor pela América e pelo mundo.

Eurodeputada, eleita pelo PS

Se eu fosse americana, votaria Obama

Opinião Ana Gomes

Como vai sendo costume, a eleição

presidencial norte-americana

está numa competição cerrada e

indecisa até ao fi nal. Foi assim em

2000 com o “empate técnico” e

a polémica dos votos da Florida,

na eleição que George W. Bush acabou por

vencer por 271 votos eleitorais contra 267. E

em 2004, Bush também venceu Kerry por

uma margem escassa, 286 contra 251 votos

eleitorais. Quanto a votos populares, em

2000 o vencedor Bush teve menos que o

vencido Gore e em 2004 Bush ganhou por

três milhões, 2,4% de diferença.

Desta vez, quem consulte os mapas

e sondagens do Real Clear Politics fi ca

elucidado sobre as margens muito estreitas

que parecem separar os candidatos. Isto faz

com que pequenas franjas de eleitores em

estados-chave como a Florida, o Ohio ou a

Pensilvânia possam decidir tudo.

Mas não é uma previsão que me é pedida,

é antes uma posição, um apoio a um dos

candidatos. Como não sou americano e

acho que a defi nição da fronteira é decisiva

para tais apoios, tentarei estabelecer e

fundamentar uma preferência, sob esta

condição e reserva. Sem raiva nem paixão.

Ao contrário de Ronald Reagan ou John

McCain, o primeiro pelas ideias o segundo

pela vida e carácter, Mitt Romney não me

entusiasma especialmente: é um “country

club republican”, “business oriented” e

algo inconstante no passado nos valores

de orientação permanente de família,

costumes e instituições. E é mormon.

Só que, como dizia o cínico Taleyrand, a

política também acaba por ser escolha entre

inconvenientes. E na política externa, a que

mais pode determinar um estrangeiro, as

agendas são próximas e Obama mostrou

realismo, nomeadamente no Médio Oriente

e na luta antiterrorista onde conseguiu

eliminar Bin Laden.

Por todas estas reservas, então por que é

que prefi ro Romney?

Primeiro, por que os símbolos contam e

ele endossou, na sua agenda e programa, os

valores do Partido Republicano, um partido

muito mais à direita que o candidato (e que

todos os partidos no poder na Europa…).

Escusado será dizer também que trará

uma equipa com pessoas, currículos e

agendas com as quais me identifi co mais

que com os democráticos.

Nas questões de Defesa, Romney não vai

cortar nos orçamentos militares e promete

manter uma capacidade de projecção de

poder que, com uma Europa cada vez mais

desarmada, é imprescindível ao Ocidente.

No plano económico, fi nanceiro e

fi scal, acredito que as políticas da equipa

republicana são mais efi cazes para repor

a economia americana em marcha e

salvar a classe média, que as da actual

Administração. Além de que a Casa Branca

fi cará no alinhamento partidário do

Congresso, o que também ajuda.

Embora não me entusiasme a retórica

de Romney sobre o Irão e o Médio Oriente,

com os seus tiques de missionarismo

democrático e o seu discurso “duro” em

relação à China e à Rússia, penso que

na política externa não haverá grandes

mudanças e o realismo vai prevalecer.

Nos próximos anos o mundo vai tornar-

se um lugar (ainda) mais perigoso: a

globalização/fragmentação das economias

e dos territórios, a proliferação dos Estados

falhados, dos fanatismos terroristas, do

crime organizado, a decadência, demissão e

crise da União Europeia, pedem a existência

de um poder forte

e estabilizador.

Com a ascensão

dos novos poderes

asiáticos – da

China antes de

todos – é bom

que haja hoje

uma potência de

matriz cristã e

ocidental capaz

de intervenção e

dissuasão.

Barack Obama

irradia simpatia, teve uma política em certa

medida realista, não cedeu à demagogia

da sua campanha de 2008, não fechou

Guantánamo e não tratou os terroristas

como cidadãos exemplares. A sua retórica

é abrangente de tudo e todos. Mas pelas

razões que o Rui Tavares referiu ontem

aqui no PÚBLICO para apoiar – o seu

“progressismo” de esquerda – eu acho que

é importante que ele não tenha um novo

mandato. Logo, prefi ro Romney, porque a

sua vitória signifi ca a vitória da direita.

E para a segurança do mundo é

importante que a direita ganhe na América.

Assim, sem fazer disso um grande

sucesso, nem do contrário uma tragédia,

espero que ao fi m desta noite a dupla

Romney-Ryan tenha conquistado a Casa

Branca.

Professor universitário

Romney – um apoio crítico

Para a segurança do mundo é importante que a direita ganhe na América

Acredito que mais quatro anos trarão frutos que o primeiro mandato não chegou para produzir

OpiniãoJaime Nogueira Pinto

8 | DESTAQUE | PÚBLICO, TER 6 NOV 2012

ELEIÇÕES NOS EUA

De estado para estado, os

boletins de voto encabeçados

pelos nomes do democrata

Barack Obama e do

republicano Mitt Romney,

candidatos à presidência

dos Estados Unidos, contêm dezenas

de outras eleições: para o Senado e

a Câmara de Representantes, em

Washington, para o governo estadual,

para centenas de cargos locais, e

para responder sim ou não em 177

referendos locais — do consumo

de cannabis no Colorado ao fi m da

pena de morte na Califórnia e ao

casamento gay no Maine, Maryland e

Washington, que podem assim tornar-

se os primeiros estados a autorizar o

casamento de casais homossexuais

por maioria em urna.

Estas corridas são (naturalmente)

importantes per se: o seu desfecho

defi nirá o futuro equilíbrio do poder

no Congresso — a expectativa é que

a maioria na câmara alta permaneça

com os democratas e que os republi-

canos mantenham a sua supremacia

na câmara baixa —, a demarcação do

mapa regional dos partidos e a qua-

lidade de vida dos eleitores.

Hoje, há inúmeras votações que

podem tornar-se históricas, muitas

das quais envolvendo mulheres. Por

exemplo, se se confi rmar a vitória da

democrata Tammy Baldwin no Wis-

consin, será a primeira vez que um

candidato assumidamente homos-

sexual será eleito para o Senado. A

republicana Mia Love, que corre por

um dos distritos eleitorais do Utah,

poderá tornar-se a primeira con-

gressista republicana negra. E se o

Partido Democrata assegurar os dois

lugares em disputa no New Hamp-

shire, pela primeira vez na história a

delegação de um estado na Câmara

de Representantes será integralmen-

te composta por mulheres.

A equipa de Obama espera con-

Rita Siza

Outras corridas que vão defi nir o futuro equilíbrio de poder

Além de eleger o Presidente, os americanos votam hoje em 33 senadores, 435 congressistas, 13 governadores e 177 referendos em 34 estados

apoio do Tea Party para conquistar

o lugar que pertenceu ao “leão” Ted

Kennedy durante mais de três déca-

das; e os duelos dos republicanos

Todd Akin, do Missouri, e Richard

Mourdock, do Indiana, contra os

democratas Claire MacCaskill e Joe

Donnelly, respectivamente, torna-

ram-se competitivos por causa dos

controversos comentários dos con-

servadores sobre o aborto.

Pelo seu lado, os republicanos

acreditam poder segurar os seus

ganhos das intercalares de 2010 e

até talvez alargar a sua maioria na

Câmara dos Representantes — numa

ALEX WONG/AFP

Republicanos devem segurar maioria na Câmara dos Representantes

perspectiva optimista, os democratas

conseguirão cinco dos 25 assentos

que precisavam de retirar aos seus

adversários. Se os americanos ree-

legerem Obama, a dinâmica política

no Congresso não deverá alterar-se

substancialmente, mas poderá forçar

um realinhamento dentro do Partido

Republicano, que verá o seu “extre-

mismo” ideológico recompensado

com a votação para a câmara baixa

(fazendo de Paul Ryan a principal fi -

gura do movimento conservador).

Mas para os candidatos e campa-

nhas presidenciais, a importância

destas eleições “paralelas” é outra:

elas servem o propósito de servir de

“engodo”, de atrair a participação de

franjas do eleitorado que de outra

forma poderia desinteressar-se da

votação. Este ano, os partidos trata-

ram de incluir uma série de “aperi-

tivos” para cativar o eleitorado que

podem infl acionar os votos nos res-

pectivos candidatos presidenciais.

Na Florida, os republicanos esperam

que um referendo para a eliminação

do fi nanciamento público às organi-

zações que possam promover o abor-

to possa contrabalançar a vantagem

que Obama leva no voto hispânico.

Os analistas avisam, contudo, pa-

ra o “risco” que a multiplicidade de

escolha nos boletins de voto pode

representar para as candidaturas

presidenciais na corrida deste ano.

Em estados considerados “campo

de batalha”, como o Colorado ou a

Virginia, a possibilidade de disper-

são do voto em terceiros candidatos

é um desafi o para a candidatura re-

publicana: o representante do Par-

tido Libertário, Gary Johnson, pode

teoricamente “desviar” alguns dos

votos à direita que caberiam a Rom-

ney e assim abrir caminho a uma vi-

tória de Obama (pelos números da

Public Policy Polling, a margem do

Presidente aumenta de 3 para 4% na

Virginia e entre 3 e 5% no Colorado,

quando se inclui a votação de John-

son na contagem).

Numas eleições em que

os dois candidatos estão

tecnicamente empatados,

com uma meia dúzia de

estados que tanto podem

cair para Mitt Romney

como para Barack Obama, todos

os votos contam, e quanto mais

cedo entrarem nas urnas melhor. Já

votaram 30 milhões de americanos,

e a vantagem está com Obama.

Há 34 estados que autorizam a vo-

tação antecipada e, numa eleição tão

renhida, o potencial de disputa — até

de suspeita de fraude — aumenta. Na

Florida, os democratas recorreram

à Justiça para poderem prolongar

a votação antecipada, que deveria

encerrar no sábado mas continua-

va com grande procura em distritos

eleitorais muito populosos, como

Orange County, Miami Dade e Bro-

ward County.

Mais democratas do que republi-

canos tendem a ir às urnas antes da

terça-feira eleitoral e, em 2008, estes

eleitores contribuíram para a vitória

de Obama na Florida. Com 29 votos

no Colégio Eleitoral, a Florida é um

dos estados mais disputados e os

eleitores que votam mais cedo foram

um alvo importante da estratégia de

Obama para ganhar os estados que

podem oscilar entre democratas e

republicanos.

Votar antecipadamente nem sem-

pre é garantia de escapar a fi las e

demoras: muitos esperaram longas

horas para votar, com tempo frio.

Por exemplo no Ohio, em Akron e

em Columbus, o tempo de espera

eram duas horas, relata a Associated

Press (AP).

Ontem, mais de 30 milhões de nor-

te-americanos tinham já votado, de

acordo com estatísticas da Univer-

sidade George Mason, na Virgínia.

Os votos só serão contados na terça-

feira, mas alguns estados revelaram

a fi liação partidária dos eleitores re-

gistados, o que permite ter uma ideia

da tendência de voto, diz a AP: no

Ohio, de que Romney precisava de-

sesperadamente, quem está a ganhar

é Obama (29% contra 23%). Na Flo-

rida, a mesma tendência: 43%-40%.

Já o Colorado dá a vitória a Romney

(37%, e 35% para Obama).

Já 30 milhões votaram e Obama lidera

seguir alguma margem política com

os resultados das 33 eleições para o

Senado — actualmente, a bancada de-

mocrata domina com 53 votos contra

47 dos republicanos. Alguns dos due-

los de hoje, que podem garantir aos

liberais uma maioria mais alargada,

ultrapassaram o âmbito estadual e

tornaram-se casos nacionais, com in-

fl uência na campanha presidencial:

a luta entre a ex-directora da agência

federal que garante a protecção dos

consumidores de produtos fi nancei-

ros Elizabeth Warren e o senador

sensação do Massachusetts, Scott

Brown, que em 2010 contou com o

PÚBLICO, TER 6 NOV 2012 | PORTUGAL | 9

Seguro coloca-se à margem dos cortes de quatro mil milhões de euros

DANIEL ROCHA

António José Seguro, líder do PS, reuniu-se ontem durante duas horas com o primeiro-ministro

O dia de ontem do secretário-geral

do PS foi marcado por uma mara-

tona de reuniões. À hora do fecho

desta edição, António José Seguro

reunira na sede do partido a comis-

são política do PS para debater a situ-

ação política do país. A pairar sobre

os socialistas estava o encontro do

líder do principal partido da oposi-

ção com o primeiro-ministro, onde

Seguro fechou a porta à participação

do PS no corte de 4000 milhões de

euros na despesa do Estado. O mes-

mo tema que deverá ser central na

reunião que Seguro terá hoje com

Cavaco Silva.

Foi ontem que fi cou a saber-se do

agendamento da reunião com o Pre-

sidente da República. Seguro relati-

vizou o encontro. “Trata-se de um

diálogo normal, institucional, que

mantenho com o Presidente da Re-

pública, bem como com os parceiros

sociais ou o Governo”, disse.

Horas antes fora a São Bento, à re-

sidência ofi cial do primeiro-ministro,

para comunicar a Passos Coelho que

não contasse com o PS no debate so-

bre os cortes a fazer na despesa pú-

blica. Seguro falou após o encontro

de quase duas horas com Pedro Pas-

sos Coelho, tendo confi rmado que a

questão da refundação “não foi co-

locada em cima da mesa”.

Segundo Seguro, o que o líder do

PSD fez na reunião foi propor um

“debate sobre o modo de cortar

4000 milhões de euros”. A respos-

ta de Seguro foi que a “responsabili-

dade desse corte era integralmente

do Governo e da troika”. E, por isso,

eram estes que deviam tratar disso.

Sobre a refundação, deu ainda a en-

tender que, para ele, havia algo mais

premente: “A urgência nacional não

pode ser substituída por um debate,

por mais importante que seja”. E, por

urgência nacional, Seguro quis dizer

a situação difícil dos desempregados,

das famílias e das empresas.

Interrogado sobre até que ponto

está o PS disponível para evitar que

Portugal seja alvo de um segundo

resgate, Seguro respondeu que se

houver a necessidade de um segundo

resgate “quer dizer que a política do

actual Governo falhou e, em primei-

ro lugar, deve ser o actual Governo a

assumir essa responsabilidade”.

Antes de seguir para S. Bento, Segu-

ro havia divulgado na Internet (na re-

de social Facebook e depois na página

do partido) a carta que enviou na se-

mana passada a Pedro Passos Coelho.

Na resposta ao convite do PSD, Se-

guro afi rmou que o PS não recusava

“o diálogo político e institucional”.

Mas aproveitou para assinalar a au-

sência do mesmo nos meses anterio-

res. “Por exclusiva responsabilida-

de do seu Governo, este diálogo foi

praticamente inexistente, com claro

prejuízo para o interesse nacional”,

escreve. Elencou mesmo os episó-

dios recentes dessa falta de comuni-

cação: “O PS foi mantido à margem

da condução de processos de enor-

me relevância para o interesse na-

cional, de que as cinco actualizações

do Memorando de Entendimento, o

envio para as instituições europeias

do Documento de Estratégia Orça-

mental e o processo de privatizações

são exemplos elucidativos”.

Na carta, o líder socialista reafi r-

mou até onde admitia ir num debate

sobre as funções sociais do Estado:

“Qualquer revisão da Constituição

ou outra iniciativa que coloque em

causa as funções sociais do Esta-

do”. E recusou para o PS o papel de

“cúmplice da política do Governo”,

deixando claro que se opõe à polí-

tica “de austeridade excessiva e de

empobrecimento do país”. Por outro

lado, Seguro avisou que não estaria

disposto a farsas: “Se considera, co-

mo destacados dirigentes da maioria

o têm verbalizado, que o PS é um

partido irresponsável e que não tem

alternativas a apresentar ao país, en-

tão estamos a perder tempo precioso

e a reunião que propõe não passa de

uma encenação”, escreveu.

A agenda do líder socialista incluiu

ainda reuniões com as duas centrais

sindicais. À saída, João Proença, da

UGT, alertou para o impacto dos

cortes previstos — “Não pode haver

cortes de três a quatro mil milhões

de euros nas políticas sociais. Não é

possível, a não ser que ponham em

causa o funcionamento da protecção

social em Portugal”. E a passagem

da CGTP pelo Largo do Rato serviu

para Seguro assinalar aquilo que os

aproximava. “Existe grande conver-

gência entre nós, a CGTP e a UGT re-

lativamente à necessidade de uma

estratégia de crescimento e ao facto

de que qualquer sociedade precisa

de coesão social”, disse Seguro.

Líder do PS classifi cou proposta de corte de quatro mil milhões como um problema criado pelo Governo. E que, assim, terá de ser Passos a resolver. Refundação não foi aprofundada na reunião com Passos

Orçamento 2013Nuno Sá Lourenço

PSD e CDS querem debate sobre funções do Estado

Líderes das bancadas da maioria propõem conferências no Parlamento

Os líderes parlamentares do PSD e do CDS querem que a Presidente da Assembleia da República promova uma

“série de conferências” sobre as funções do Estado.

O pedido foi feito ontem, por carta, à presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves. Os líderes parlamentares Luís Montenegro (PSD) e Nuno Magalhães (CDS) querem que o assunto seja discutido na conferência de líderes marcada para amanhã.

Na carta, os dois líderes apelam “à participação de todos partidos políticos, parceiros sociais e dos diferentes sectores da sociedade civil”. Mais uma vez, o convite é especialmente dirigido ao PS. “Reformar o Estado apela a esforços de consenso, não só no diagnóstico mas também nas medidas e nas soluções concretas

a empreender. A maioria parlamentar não rejeita as suas responsabilidades, mas convida todos os sectores da sociedade, a começar pelo principal partido da oposição, a reponderar e a repensar conjuntamente as funções do Estado e a procurar soluções concretas para a redução estrutural da despesa pública”, lê-se na carta.

Os dois líderes das bancadas da maioria propõem que as conferências se realizem no âmbito da Comissão Eventual para Acompanhamento das Medidas do Programa de

Assistência Financeira a Portugal, mas dizem estar abertos a outros modelos.

O desafio à reflexão da sociedade civil sobre as funções do Estado tem sido um dos aspectos sublinhados pelo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho.

Perante a recusa do líder do PS em cortar quatro mil milhões de euros na despesa do Estado — o que implica uma reforma nas funções do Estado —, os dirigentes do PSD e CDS remeteram-se ontem ao silêncio. Excepção feita ao líder da JSD, Duarte Marques, que reagiu com um novo convite à participação de António José Seguro.

O líder da JSD sublinhou que os socialistas não podem “colocar-se de fora” deste debate e “lavar as mãos como Pilatos da situação a que o país chegou”. Sofia Rodrigues

10 | PORTUGAL | PÚBLICO, TER 6 NOV 2012

Ana Luís é a primeira mulher a ocupar cargo político nas duas regiões

A socialista Ana Luís é a primeira mu-

lher a presidir à Assembleia Legisla-

tiva dos Açores, seguindo o exemplo

de Assunção Esteves, a primeira pre-

sidente da Assembleia da República.

Os deputados Ricardo Cabral (PS) e

Berta Cabral (PSD) foram também

ontem eleitos vice-presidentes, na

sessão constitutiva do novo parla-

mento perante o qual é hoje investi-

do o governo regional chefi ado pelo

socialista Vasco Cordeiro.

Oitavo presidente do primeiro ór-

gão de governo próprio da região, a

economista Ana Luísa Pereira Luís,

36 anos, tinha sido cabeça de lista

do PS pelo círculo eleitoral do Faial,

em cuja capital, a Cidade da Horta,

está sedeado o Parlamento. Foi uma

das apostas do PS, no âmbito da re-

novação que levou Vasco Cordeiro a

substituir Carlos César à frente dos

socialistas. O PS venceu com 49,02%

dos votos, tendo alcançado a vitória

em oito das nove ilhas do arquipé-

lago, perdendo apenas na Graciosa

para o PSD, do qual fi cou a 18 pontos

percentuais a nível regional.

Deputada na Assembleia Municipal

da Horta e presidente do conselho de

administração da Sociedade de Pro-

moção e Reabilitação de Habitação

e Infraestruturas (SPRHI), Ana Luís

ocupou em 2008 a terceira posição

da lista do Faial, após a desistência de

Fernando Menezes, então primeiro

candidato. Mas exerceu o mandato

Socialista Ana Luís é a primeira mulher a presidir à Assembleia dos Açores

por muito tempo, pois foi entretanto

nomeada para a administração da-

quela empresa pública regional, que

deixa para assumir o mais elevado

cargo da autonomia açoriana.

A Assembleia dos Açores teve co-

mo primeiro presidente Álvaro Mon-

jardino, que exerceu funções nos pe-

ríodos de 1976-78 e 1979-84. Também

propostos pelo PSD, seguiram-se Ma-

druga da Costa (1978-79 e 1991-95), e

José Guilherme Reis Leite (1984-91)

e Humberto Melo (1995-96). Depois

de o PS ascender ao poder em 1996,

o órgão legislativo foi dirigido suces-

sivamente pelo socialista Dionísio

Sousa (1996-98), pelo social-demo-

crata Humberto Melo (1998-2000),

por Fernando Menezes (2000-08) e

Francisco Coelho (2008-12), ambos

indicados pelo PS.

O parlamento açoriano integra 57

deputados. O PS, com 31 deputados

eleitos, que lhe garantem a maioria

absoluta, mantém-se como a princi-

pal força política, enquanto o PSD,

que elegeu 20 deputados regionais,

continua a ser o maior partido da

oposição nos Açores. Os restantes

deputados foram eleitos pelo CDS

(3), BE (1), CDU (1) e PPM (1). Relati-

vamente à anterior legislatura, o PS

tem mais um deputado e o PSD mais

dois, enquanto o CDS perdeu dois

deputados, o BE perdeu um e o PPM

mantém o único deputado que tinha.

Para além da recondução de Berto

Messias como líder do grupo parla-

mentar do PS, foram também eleitos

como vice-presidentes da bancada os

deputados José San-Bento, Arlinda

Nunes, Francisco César e Miguel Cos-

ta. Duarte Freitas, até ao momento

único candidato à sucessão de Berta

Cabral, que se demitiu da liderança

do PSD como consequência da derro-

ta eleitoral, volta a dirigir a bancada

social-democrata.

Autonomias Tolentino de Nóbrega

Parlamento regional já tem presidente: é uma mulher, de 36 anos, que é também a primeira a ocupar um cargo político na região

Novo presidente do TC encontrou-se ontem com Cavaco Silva

O presidente do Tribunal Constitu-

cional (TC), Joaquim Sousa Ribeiro,

afi rmou que aquele órgão de sobera-

nia “exercerá as suas competências

normalmente” no momento em que

for “requisitado”. Foram estas as

palavras de Sousa Ribeiro, quando

questionado pelos jornalistas sobre

o que é que os portugueses podem

esperar do TC.

O presidente do Tribunal Consti-

tucional falava à saída de uma audi-

ência que classifi cou como de “cor-

tesia” com o Presidente da Repúbli-

ca e depois de tomar posse como

conselheiro de Estado. Este cargo é

ocupado por inerência. Numa curta

declaração, Sousa Ribeiro quis “es-

clarecer” os jornalistas que foi a seu

pedido que teve uma audiência com

Cavaco Silva para “apresentação

de cumprimentos protocolar sem

agenda”. “O Tribunal Constitucio-

nal exercerá as suas competências

normalmente, no momento próprio

sempre que for requisitado. Em ple-

na normalidade institucional”, de-

clarou Joaquim Sousa Ribeiro.

O presidente do TC escusou-se as-

sim a prestar declarações sobre um

eventual pedido de fi scalização de

constitucionalidade do Orçamento

do Estado para 2013. Em Julho de

2012, Sousa Ribeiro votou a favor do

acórdão que considerou inconstitu-

cional o corte dos subsídios de Natal

TC “exercerá competências com normalidade”

e de férias dos funcionários públicos

bem como dos pensionistas, sem ter

apresentado qualquer declaração

de voto.

Joaquim Sousa Ribeiro, professor

de Direito, foi eleito presidente do

TC a 2 de Outubro passado, suce-

dendo no cargo a Rui Moura Ramos.

Na sua intervenção, o juiz garantiu

a “isenção e independência” do ór-

gão a que preside face a “interesses

político-partidários” e assegurou o

equilíbrio das decisões de “controlo

de constitucionalidade que provo-

cam impacto compreensível”.

Mesmo sem nenhuma reunião do

Conselho de Estado agendada, Cava-

co Silva concedeu uma audiência a

Sousa Ribeiro, numa semana que dá

sinais de envolvimento em torno do

consenso alargado para a reforma

do Estado.

Cavaco Silva tem sido criticado

por não fazer declarações públicas

desde o 5 de Outubro, um silêncio

que só quebrou com um comentário

que colocou no Facebook sobre de-

clarações de responsáveis do FMI.

Hoje, o Presidente da República

recebe o líder do PS, António José

Seguro. A audiência acontece um

dia depois de Seguro ter rejeitado

perante o primeiro-ministro colabo-

rar no corte de quatro mil milhões

de euros de despesa no Estado.

O papel integrador do Presidente

da República neste processo tem si-

do sublinhado pelo ministro de Es-

tado e dos Negócios Estrangeiros,

Paulo Portas.

O primeiro-ministro chamou a

atenção no debate do Orçamento

do Estado, na terça-feira, para a ne-

cessidade de envolver neste proces-

so de repensar as funções do Esta-

do não só o PS, como os parceiros

sociais.

NUNO FERREIRA SANTOS

Tribunal Constitucional Sofia Rodrigues

Novo presidente, Joaquim Sousa Ribeiro, tomou posse como conselheiro de Estado e reuniu-se com Cavaco Silva

Mais de 1700 pessoas assinaram em

duas semanas uma petição que pede

que grupos de cidadãos se possam

candidatar às eleições legislativas,

sem terem de integrar listas de parti-

dos, como estabelece actualmente a

lei. A petição “artigo 151.º” pede aos

deputados que na próxima revisão

da Constituição o artigo com aquele

número passe a ter uma nova redac-

ção para acabar com o “monopólio

partidário no acesso à representação

parlamentar”.

O artigo 151.º da Constituição es-

tabelece que “as candidaturas [à

Assembleia da República] são apre-

sentadas, nos termos da lei, pelos

partidos políticos, isoladamente

ou em coligação, podendo as listas

integrar cidadãos não inscritos nos

respectivos partidos”.

No texto da petição, que o Mo-

vimento Independente para a Re-

presentatividade Eleitoral (MIRE)

pretende entregar no Parlamento,

lê-se que Portugal assiste, em para-

lelo com o aprofundar da crise, “ao

despertar de uma nova sociedade ci-

vil, impulsionada nas redes sociais

e, aparentemente, sem vínculos

formais a associações partidárias,

sindicais ou outras”. “Urge por isso

permitir que grupos e movimentos

de cidadãos tenham a capacidade e

a possibilidade de estarem represen-

tados na Assembleia da República,

fora do âmbito tradicional dos par-

tidos, já que estes candidatos trarão

à função de deputado uma nova di-

nâmica e responsabilidade políticas,

pelo seu envolvimento em causas

específi cas e não partidárias. Esta

mudança manteria a Constituição

da República Portuguesa a par da

mudança social a que o país assis-

tiu nos últimos 30 anos e, estamos

certos, contribuiria para aumentar

a participação cívica em Portugal”,

lê-se no mesmo texto.

“Sentimos que há uns tempos as

pessoas não se revêem na representa-

ção que existe na Assembleia da Repú-

blica”, disse à Lusa Pedro Martins, do

MIRE, apontando os níveis “elevados”

de abstenção nas eleições. Esta ques-

tão tornou-se, provavelmente, “mais

crítica” agora, por causa da crise que

o país atravessa, acrescentou.

A petição pode ser assinada

através do endereço http://www.

peticaopublica.com/PeticaoVer.

aspx?pi=P2012N30781, sendo neces-

sárias 4000 assinaturas para ser dis-

cutida no plenário da Assembleia da

República.

Petição quer partidos sem monopólio eleitoral

Parlamento

DR

PÚBLICO, TER 6 NOV 2012 | PORTUGAL | 11

Breves

Ex-líder do CDS

Em defesa da tese sobre TDT

Ribeiro e Castro considera que OE 2013 é “mau”

Petição a favor da investigação académica

O antigo líder do CDS e actual deputado José Ribeiro e Castro considera que o Orçamento do Estado para 2013 é “mau”, mas é “uma necessidade”. Na declaração de voto, Ribeiro e Castro avança com algumas propostas para melhorar a proposta na especialidade. “Um Orçamento do Estado que agrava a carga fiscal como este faz é um mau orçamento. Um Orçamento do Estado que, como com verdade e coragem afirmou o ministro das Finanças, contém um ‘enorme aumento de impostos’, é um mau orçamento. Um Orçamento do Estado em que a nossa margem de decisão fundamental é já nula não pode deixar de considerar-se um mau orçamento”.

Um grupo de universitários lançou na Internet uma petição pela “Liberdade de Investigação Académica”, que conta com mais de 2000 subscritores. Os signatários promovem a denúncia pública de “toda e qualquer tentativa que pretenda condicionar a investigação científica e atemorizar ou silenciar os investigadores”. A iniciativa surgiu em solidariedade com Sergio Denicoli, que defende, na sua tese de doutoramento, que “a Anacom favoreceu a Portugal Telecom” no processo de implementação da Televisão Digital Terrestre, em Portugal. Os signatários exigem que as autoridades académicas facultem enquadramento e suporte jurídico aos investigadores, em particular aos que lidam com “matérias melindrosas e de impacto público”.

Ao rescaldo da eleição que decor-

reu no sábado dos delegados à VIII

Convenção do BE, segue-se uma se-

mana quente para o partido que no

domingo verá sair da liderança, 13

anos depois, o fundador e coorde-

nador, Francisco Louçã.

O arranque do fi m-de-semana do

Louçã inicia despedida com um encontro da esquerda europeia para vencer a troika

Bloco fi cará marcado logo na sexta-

feira por um comício internacional

que reunirá a esquerda europeia pa-

ra “vencer a troika”, no pavilhão do

Casal Vistoso, em Lisboa. A palestra

de oradores integra o grego Alexis

Tsipras, líder do Syriza, o francês

Jean-Luc Mélenchon, do Parti de

Gauche, o alemão Gabriele Zimmer,

do Die Linke, o espanhol Caio Lara,

do Izquierda Unida, as eurodeputa-

das do Bloco Marisa Matias e Alda

Sousa, e, claro, Louçã. O conclave

bloquista decorre sábado e domingo

no mesmo local.

E se em termos de propostas po-

líticas não há grandes divergências

no BE, o funcionamento interno do

partido continua a levantar celeumas

entre as duas moções que se apresen-

tam à convenção.

A moção B acusa o núcleo dirigen-

te de sectarismo e critica o modelo

de direcção sugerido por Louçã e que

levará à coordenação os deputados

João Semedo e Catarina Martins. Mas

os subscritores desta lista, cujo rosto

mais mediático é o de Daniel Oliveira,

opõem-se sobretudo à forma como a

sucessão foi conduzida, por entende-

rem que esta não foi primeiramente

discutida com as bases do partido.

Mas adivinha-se que também o

combate autárquico marcado para

2013 seja um tema forte em discus-

são. Apesar de o partido não ter pra-

Partidos Rita Brandão Guerra

Convenção do Bloco decorre no fim-de-semana. Funcionamento interno do partido aquecerá o debate

ticamente expressão ao nível local,

a moção A defende grandes conver-

gências à esquerda — com PCP e PS

— nos casos em que tal for viável, en-

quanto a moção B prefere entregar

essa decisão às estruturas locais.

Estão eleitos 390 delegados da lis-

ta A, afecta à actual direcção, 84 da

lista B e 14 delegados de plataformas

locais. Os promotores da moção B,

com um resultado próximo dos 20%,

congratularam-se com o “melhor

resultado de sempre de uma lista

não-afecta à direcção”. A tradição

bloquista tem ditado cerca de 15%

de representação na mesa nacional,

órgão máximo do partido, de propos-

tas alternativas à primeira linha.

12 | PORTUGAL | PÚBLICO, TER 6 NOV 2012

DANIEL ROCHA

Defesa confi rma candidaturas russa e brasileira aos Estaleiros de Viana

Com a exclusão da norueguesa Vols-

tad Maritime e a desistência do grupo

português Atlantic Shipbuilding, ape-

nas duas empresas, uma russa e ou-

tra brasileira, das quatro convidadas

pelo Governo para a última fase de

reprivatização dos Estaleiros Navais

de Viana do Castelo (ENVC), estão na

corrida à alienação de 95% do capital

social da empresa.

No próximo dia 14, os ministros

da Defesa e das Finanças deverão

ter nas mãos o relatório fi nal sobre

as propostas vinculativas apresen-

tadas ontem pela brasileira Rionave

Serviços Navais e pela russa JSC River

Sea Industrial Trading.

Durante o debate do Orçamento na

especialidade, e no dia em que se es-

gotou o prazo para apresentação de

propostas fi nais, o ministro da Defesa

confi rmou a existência de “três pro-

postas vinculativas, de uma empresa

russa, de uma empresa brasileira e

outra norueguesa”. “Não conheço o

seu teor, mas já foram apresentadas e

vão ser estudadas”, afi rmou perante

os deputados.

Mas entretanto a proposta no-

rueguesa foi excluída do processo,

por ter entregue a proposta com

um atraso de 24 minutos, tal como

confi rmou ao PÚBLICO fonte da Em-

pordef, a holding estatal que tutela

as indústrias da Defesa. Fonte gover-

namental contactada pelo PÚBLICO

admitiu essa possibilidade por “in-

cumprimento de formalidades no ca-

derno de encargos”, entre as quais

“o atraso de 24 minutos” na entrega

da proposta.

A “salvaguarda dos interesses pa-

trimoniais do Estado” e a “idoneida-

de, capacidade fi nanceira, técnica e

de execução” dos proponentes são

condições de selecção neste proces-

so, além da salvaguarda do maior nú-

mero de postos de trabalho.

Relativamente ao grupo português

Atlantic Shipbuilding, que integrava

o lote inicial de empresas convidadas

a participar na reprivatização, não

chegou sequer a apresentar qual-

quer proposta vinculativa. Fonte da

Empordef adiantou serem desco-

nhecidos os motivos que estiveram

na base da desistência da empresa

que, em Setembro, assumiu a gestão

dos estaleiros do Mondego. No en-

fi nais à reprivatização dos ENVC, a

empresa açoriana Atlânticoline re-

velou que decidiu processar judi-

cialmente os estaleiros para exigir

o pagamento de uma dívida de 7,9

milhões de euros referente ao navio

Atlântida. O ferry-boat foi encomen-

dado pela Atlânticoline aos ENVC,

para assegurar o transporte marí-

timo de passageiros e viaturas in-

terilhas. Acabou por ser rejeitado,

em 2009, por não atingir a veloci-

dade máxima contratada. De acordo

com os testes de mar efectuados, o

navio apenas atingiu uma veloci-

dade de 16,5 nós a 85 por cento da

potência dos motores, quando o

contrato exigia 19 nós.

Forças Armadas com FMINo Parlamento, o ministro da Defesa

teve de assegurar que não eram os

técnicos do FMI que estavam por trás

do programa de reestruturação das

Forças Armadas. Na audição parla-

mentar a propósito do Orçamento

para 2013, Aguiar-Branco garantiu

não existir nenhuma “imposição de

reestruturação das Forças Armadas”

por parte do Fundo Monetário In-

ternacional (FMI), estando apenas

a ser estudados “alguns ajustamen-

tos para uma gestão mais efi ciente”.

Aguiar-Branco confi rmou já ter havi-

do uma reunião com os técnicos do

FMI, “uma assessoria” para “ajudar

a uma avaliação global do que tem

sido a gestão” do ministério.

A audição circulou ainda à volta

dos números do OE, com o ministro

a defender o emagrecimento do Or-

çamento e a oposição a sustentar um

aumento nos valores. Aguiar-Branco

argumentou que, “numa base com-

parativa” com 2012, o Orçamento pa-

ra 2013 diminui 1,9%, o que foi con-

testado pelo PS, que diz que haver

um aumento da despesa de 8%. “Não

é a comunicação social que diz que

o Orçamento para este ano aumen-

tou, o relatório da proposta afi rma

taxativamente que o acréscimo anda

perto dos 10% e que, mesmo retira-

do o efeito correctivo dos cortes do

subsídio de Natal, esse crescimento

situa-se nos 8%”, afi rmou o socialista

Marcos Perestrello.

Aguiar-Branco anunciou ainda a

escolha do professor universitário e

antigo secretário de Estado Joaquim

Azevedo para coordenar a comissão

de acompanhamento da reforma do

ensino militar. com Lusa

tanto, fonte governamental ligada ao

processo admitiu que o “cenário de

suspeitas lançadas nos últimos tem-

pos pela Comissão de Trabalhadores

(CT) dos ENVC” poderá ter contri-

buído para este desfecho. Segundo

a mesma fonte, as alegadas ligações

a interesses políticos denunciadas

pela CT já tinham originado “mani-

festações de preocupação de alguns

interessados”.

Responsável por operações ma-

rítimas no Brasil e na Argentina, a

Rionave Serviços Navais, com sede

no Rio de Janeiro, está na corrida

à compra dos ENVC e representa

vários interesses dentro da área,

desde armadores a construtores

navais. Concorre com o grupo JSC

River Sea Industrial Trading, de

origem russa mas desconhecido

no sector.

Nos próximos três dias, a Empor-

def vai dar parecer técnico sobre as

propostas, seguindo o processo para

a Comissão de Acompanhamento da

Reprivatização, que terá cinco dias

para se pronunciar. A partir daí, o

processo passa para as mãos do Go-

verno, que deverá decidir até ao fi nal

do ano.

No dia em que se esgotou o pra-

zo para apresentação de propostas

Aguiar-Branco confirmou no Parlamento ter havido reuniões com técnicos do FMI no ministério

No dia em que o ministro foi ao Parlamento discutir o Orçamento da Defesa, fechou o concurso à privatização dos ENVC. Uma empresa norueguesa foi excluída por atraso de 24 minutos na proposta

GovernoAndrea Cruz

Defesa vai pagar dívida de 38 milhões à CP

O Ministério da Defesa vai pagar ainda este ano os cerca de 38 milhões de euros que deve à CP como

compensação pelos descontos efectuados aos militares que, nas viagens de comboios, só pagam 25% do preço do bilhete. Segundo disse ao PÚBLICO fonte oficial, esse pagamento será efectuado ainda este ano, como forma de pôr tudo a zeros para que, a partir de Janeiro de 2013, e tal como contemplado no Orçamento do Estado, desapareça o desconto generalizado aos militares.

O ministro Aguiar-Branco afirmou ontem, no Parlamento, que “não há transportes gratuitos, há 38 milhões a pagar à CP, o conceito de gratuitidade tinha uma interpretação muito lata no anterior Governo e que este não pode acompanhar”.

A prática de militares, polícias, GNR, guardas prisionais, magistrados, oficiais de

justiça e outras categorias socioprofissionais viajarem de comboio gratuitamente ou com desconto é tão antiga como a história do caminho-de-ferro em Portugal. Mas esse direito, que durou mais de cem anos, foi alterado no início deste século. Desde então a CP fez protocolos com os ministérios da Justiça, da Administração Interna e da Defesa, em que estes colmatariam 50% do preço do bilhete do seu funcionário, sendo os restantes 25% suportados pelo passageiro e os outros 25% pela própria empresa. Ao contrário dos outros ministérios, o da Defesa quase nunca pagou à CP. Em 2006, a dívida acumulada era de 21,2 milhões de euros e em 2011 de 36,2 milhões de euros. No fim de 2012, será de 38 milhões. Depois de paga, Aguiar-Branco diz que será feito novo acordo com a CP para situações especiais. Carlos Cipriano

PÚBLICO, TER 6 NOV 2012 | 13

Marques Júnior, do CFSIRP

Ter entidades privadas a gerir e guar-

dar documentação digital em bases

de dados com informação classifi ca-

da, nomeadamente a dos serviços

secretos, é “um absurdo completo”.

A expressão, muito crítica, é do pre-

sidente do Conselho de Fiscalização

do Sistema de Informações da Re-

pública Portuguesa (CFSIRP), o ex-

deputado Marques Júnior, que foi

“surpreendido” pela existência de

um estudo do Governo que aponta

para as vantagens económicas da

transferência, para entidades priva-

das, da gestão dos centros de dados

de toda a administração pública, co-

mo noticiou o Diário de Notícias. A

solução apontada como mais van-

tajosa é o recurso ao cloud compu-

ting, a chamada “computação em

nuvem”, em que a informação fi ca

guardada na Internet, alegadamente

em endereços secretos.

“É um absurdo completo uma so-

lução que possa colocar nas mãos

de privados dados tão sensíveis,

especialmente os classifi cados co-

mo ‘informação classifi cada’, e que

possam comprometer a segurança

interna e externa do país, assim co-

mo a posição de Portugal perante

entidades estrangeiras”, critica o ex-

deputado socialista. Marques Júnior

diz preferir acreditar que o Governo

deixará de fora desta intenção a in-

formação classifi cada pelos serviços

secretos, onde se inclui o segredo

de Estado.

Informação secreta em mãos privadas é “absurdo completo”

Marques Júnior espera que o CF-

SIRP seja consultado pelo Governo

no âmbito deste processo. A lei não

prevê que tenha de existir um pare-

cer, mas implica que esta entidade e

os serviços sejam ouvidos, quando

estiver em causa alguma alteração

da organização e funcionamento

dos serviços de informação.

Questionado, o gabinete do mi-

nistro adjunto e dos Assuntos Par-

lamentares garantiu que “a divul-

gação de documentação abrangida

pelo segredo de Estado não está, e

obviamente nunca estará, em risco.

A simples hipótese de entidades pri-

vadas virem a gerir bases de dados

com informações protegidas pelo se-

gredo de Estado é absurda e, como

tal, está totalmente fora de questão”.

“Reafi rma-se com clareza: não

há qualquer decisão de entregar

a privados documentação confi -

dencial que esteja abrangida pelo

segredo de Estado”, lê-se na res-

posta do Grupo de Projecto para

as Tecnologias de Informação e

Comunicação ao PÚBLICO. O es-

tudo referido pelo DN “é um do-

cumento de trabalho embrionário,

muito longe de estar fi nalizado” e

apenas aponta “um cenário”. O GP-

TIC admite que poderá haver uma

“complementaridade de soluções”,

o que abre a porta para eventuais

excepções a esta migração das ba-

ses de dados para a gestão privada.

Freitas do Amaral perplexo Confi rma-se que “está em curso o

levantamento da informação rela-

tiva aos sistemas de tecnologias de

informação e comunicação” para

para perceber quais “as soluções

mais efi cazes, mais seguras e eco-

nomicamente mais vantajosas”.

De manhã, o ministro da Defesa

afi rmou no Parlamento que a situa-

ção sobre as bases de dados do seu

ministério não foi discutida e que

“não está previsto absolutamente

nada” sobre a entrega de informa-

ções a privados.

A deputada independente do PS

Isabel Moreira pediu a presença ur-

gente do ministro Miguel Relvas no

Parlamento para esclarecer o assun-

to. “A ser verdade, estamos peran-

te uma privatização da soberania

nacional e a colocar em perigo um

amplo conjunto de princípios cons-

titucionais e comunitários”, apon-

tou. “Completamente perplexo”,

disse-se Diogo Freitas do Amaral,

fundador do CDS e ex-ministro da

Defesa e dos Negócios Estrangeiros

em diferentes governos, quando

confrontado com o assunto.

Serviços de informação Maria Lopes

Presidente do conselhode fiscalização das secretas é contra a aparente intenção do Governode dar a privados gestãode bases de dados

Número Nacional/Chamada Local

14 | PORTUGAL | PÚBLICO, TER 6 NOV 2012

DANIEL ROCHA

Ana Martinho é a primeira mulher secretária-geral dos diplomatas

Primeiro movimento diplomático da era Portas ocorreu há dez meses, a 2 de Janeiro

É a segunda grande movimentação

diplomática de Paulo Portas desde

que chegou ao Ministério dos Negó-

cios Estrangeiros, há um ano e meio.

O PÚBLICO sabe que já foram envia-

dos ontem aos respectivos países os

pedidos de agrément para 23 postos

de embaixador e chefe de missão.

Dois objectivos defi nidos pelo pró-

prio ministro e que seguem a política

anunciada — e aplicada pela primeira

vez — em Janeiro: redução da idade

dos diplomatas em topo de carreira

e aumento do número de mulheres

nos postos de chefi a.

Aquela que vai ser agora desen-

cadeada e que envolve 23 missões

diplomáticas obedece, disseram ao

PÚBLICO fontes do gabinete do mi-

nistro, a este duplo critério. A idade

média dos embaixadores e chefes de

emissão nomeados desce de 61 para

55 anos. E o número de mulheres em-

baixadoras ou chefes de missão so-

be de três para seis. Uma delas, Ana

Martinho, vai agora ocupar o posto

máximo do ministério — secretário-

geral. Ana Martinho, uma das pri-

meiras embaixadoras da diploma-

cia portuguesa, vem de Viena para

Lisboa para ocupar o novo cargo e

foi conselheira de Durão Barroso na

Comissão Europeia, em Bruxelas.

Na prática, como chefe máximo da

carreira diplomática, vai gerir a casa

(nomear, promover, etc.).

O novo movimento foi acordado

com o Presidente da República e com

o primeiro-ministro, e foi uma das

razões que levaram, na sexta-feira,

Paulo Portas a Belém.

O terceiro objectivo é o fi m dos

embaixadores políticos (que não são

diplomatas de carreira). Em Janeiro,

tinham sido reduzidos alguns destes

postos, como a UNESCO e a OCSE,

cuja representação passou a ser feita

pelos embaixadores em Paris e Vie-

na. A OCDE era neste momento o úl-

timo posto político ainda existente

— e estava vago.

O primeiro movimento diplomá-

tico da era Portas ocorreu a 2 de

Janeiro, quando a nova fi losofi a foi

anunciada. Nessa altura, foram pre-

enchidos postos tão importantes

como a chefi a da Reper (Represen-

tação Permanente de Portugal jun-

to da União Europeia), Washington,

Berlim, Paris, Brasília e Luanda.

Desta vez, Seixas da Costa, antigo

secretário de Estado dos Assuntos

Europeus dos Governos de António

Guterres, abandona Paris por limite

de idade e é substituído por Morais

Cabral, que sai de Nova Iorque, on-

de será substituído por Mendonça e

Moura, outro embaixador de grande

prestígio muito próximo do actual

presidente da Comissão, Durão Bar-

roso. Mendonça e Moura deixa Ma-

drid, para onde será destacado Ta-

deu Soares, que vem de Pequim. An-

tónio Almeida Ribeiro, já nomeado

pelo actual ministro secretário-geral

do MNE, segue para o Vaticano.

Para Pequim vai Jorge Torres Perei-

ra, vindo de Banguecoque, para on-

de irá Barreira de Sousa, que estava

em Timor-Leste. Para Díli vai Manuel

de Jesus, que foi vice-presidente do

IPAD (Instituto Português de Apoio

ao Desenvolvimento), entretanto

fundido com o Instituto Camões. Pa-

ra o Maputo, José Augusto Duarte,

que chefi ou o gabinete de Freitas do

Amaral, na sua fase à frente do MNE,

e que ocupa o cargo de director-geral

da Administração.

Outra novidade política relevan-

te: Paulo Vizeu Pinheiro, actual con-

selheiro diplomático do primeiro-

ministro Pedro Passos Coelho e que

se mudou para Lisboa no início do

Governo, vindo directamente do ga-

binete de Durão Barroso, sai para a

OCDE (Organização para a Coopera-

ção e Desenvolvimento Económico)

em Paris. O lugar, tradicionalmente

ocupado por um embaixador polí-

tico, estava à espera de nomeação

desde a saída de Eduardo Ferro Ro-

drigues. Augusto Peixoto vai para Bel-

grado. João Corte Real para Kinshasa.

Moutinho de Almeida para a dupla

função de embaixador em Viena e na

OSCE (Organização para Segurança e

Cooperação na Europa). António Ga-

mito, subdirector-geral dos Assuntos

Consulares e Comunidades Portugue-

sas, vai para Argel. Daí sai Moreira da

Cunha, que vai para Otava. Quanto às

mulheres nomeadas, Isabel Pedrosa,

desde Maio encarregada de negócios

na embaixada em Trípoli, passa a em-

baixadora. Helena Almeida vai che-

fi ar a missão diplomática de Lima,

Gabriela Albergaria vai para Harare

e Clara Nunes dos Santos para Oslo.

Manuel Franco vai chefi ar o Consu-

lado-Geral de Nova Iorque.

Paulo Portas faz segunda grande movimentação diplomática envolvendo 23 postos de embaixador e chefe de missão. A idade média baixa seis anos e duplica o número de mulheres no topo

DiplomaciaTeresa de Sousa e Bárbara Reis

PÚBLICO, TER 6 NOV 2012 | PORTUGAL | 15

O memorando de entendimento que

o ministro da Educação português

celebrou ontem, em Berlim, para

a cooperação com a Alemanha na

área do ensino profi ssional, está a

provocar apreensão em alguns es-

pecialistas, dadas as críticas feitas

por organizações internacionais ao

chamado modelo alemão.

Tem sido identifi cada como ne-

gativa, em concreto, “a orientação

quase compulsiva de crianças muito

jovens para o ensino profi ssional”,

como apontam Ana Maria Betten-

Inspiração de Nuno Cratono modelo alemão do ensino profissional causa preocupações

to-piloto, em 12 escolas do país.

“Haverá muito de positivo a apren-

der com a Alemanha e com inúme-

ros outros países, nomeadamente no

que respeita à ligação entre a escola

e o mundo do trabalho, no ensino

secundário. Já a orientação precoce

para a área profi ssional por crianças

de 11 ou 12 anos, por exemplo, é con-

trária às orientações do CNE, que de-

fende que aos primeiros sinais de di-

fi culdade de aprendizagem os alunos

devem ser apoiados e não desviados

para outras vias”, disse ao PÚBLICO

Ana Maria Bettencourt, que frisou

estar a falar a título pessoal.

court, que preside ao Conselho Na-

cional de Educação, e Luís Capucha,

ex-presidente da Agência Nacional

para a Qualifi cação.

O acordo ontem assinado prevê o

intercâmbio entre alunos, formado-

res e empresários, bem como outras

acções que têm em vista “um maior

conhecimento recíproco e uma aná-

lise comparativa dos sistemas e das

estruturas do ensino profi ssional em

ambos os países”.

No comunicado divulgado através

do gabinete de imprensa, o Ministé-

rio da Educação e Ciência (MEC) não

concretiza, ainda, que tipo de prá-

ticas pretende adoptar. Considera,

de forma geral, que “terão a lucrar

com a experiência alemã” o ensino

profi ssional, que já é oferecido “em

todo o país”, e o vocacional, que é

particularmente recomendado aos

alunos com duas retenções no mes-

mo ciclo ou três retenções em ciclos

diferentes e está em fase de projec-

Educação Graça Barbosa Ribeiro

A orientação profissional precoce, também aplicada em Portugal num projecto-piloto, é criticada por especialistas

Também Luís Capucha, quando

contactado pelo PÚBLICO, frisou

que entidades independentes in-

ternacionais têm apontado críticas

ao modelo alemão. “Ao nível do se-

cundário, teoricamente, é vantajo-

so, mas, como já se provou, uma vez

que o modelo alemão foi introduzido

em Portugal há cerca de 30 anos, o

país não tem um tecido empresarial

sufi cientemente forte e consolidado

para assumir a formação profi ssio-

nal”, analisou.

Sobre o ensino básico, o ex-diri-

gente da ANQ diz “estar provado que

são normalmente encaminhadas

para o profi ssional as crianças com

menos recursos sócio-económicos e,

por isso, com menos apoio”. “Veri-

fi ca-se que também que não há faci-

lidade de transição daqueles alunos

para o ensino regular”, acrescentou,

sublinhando que os dois aspectos

geram “uma situação fl agrante de

falta de equidade”.

O Ministério da Educação (MEC) dei-

xou cair a obrigatoriedade de os pro-

fessores terem 3600 dias de serviço

para se candidatarem à vinculação

extraordinária, mas isso não chegou

para convencer as duas principais

federações de sindicatos. Em causa

– na negociação que prossegue dia

12 — está a situação dos professores

contratados, designação por que são

conhecidos os docentes que, não sen-

do do quadro, são contratados, ano

após ano, para responder a necessi-

dades permanentes do sistema. Na

nova versão da proposta a vinculação

continua a “depender da obtenção

de vaga, sendo a dotação fi xada por

portaria do MEC com a chancela do

ministério de Vítor Gaspar”, contesta

a FNP. Tal como a FNE, esta exige o

vínculo ao quarto contrato.

Proposta de vinculação não agrada a professores

Educação Graça Barbosa Ribeiro

Crato celebrou protocolo com vista a troca de experiências com o Ministério da Educação alemão

16 | PORTUGAL | PÚBLICO, TER 6 NOV 2012

A vacina contra a gripe sazonal

passou este ano a ser gratuita para

todas as pessoas com 65 anos ou

mais, com o objectivo de se atin-

gir a taxa de cobertura pretendida

pela Organização Mundial de Saú-

de (OMS). Contudo, um estudo do

Instituto Nacional de Saúde Dr. Ri-

cardo Jorge (INSA) indica que só 6%

dos idosos que não foram vacina-

dos (cerca de 60% do total de ido-

sos) apontam o preço como motivo.

Nas conclusões, os autores do es-

tudo salientam que, com base nestes

resultados, é importante “rever as

estratégias de promoção vacinal, fun-

damentalmente nos indivíduos com

65 anos e mais”, já que “é o segundo

ano consecutivo [Inverno 2011/2012]

em que se verifi cou diminuição da

estimativa percentual de vacinados

neste grupo-alvo”.

Os dados surgem quando Portugal

assumiu a meta de 75% de cobertura

da população idosa ou em risco de

complicações para a época 2014/2015

e no primeiro ano em que todas as

pessoas com mais de 65 anos podem

ser vacinadas gratuitamente nos cen-

tros de saúde — o que representa um

investimento do Estado na ordem

dos quatro milhões de euros.

Além deste grupo de risco, as auto-

ridades recomendam a imunização

também aos doentes crónicos, pro-

fi ssionais de saúde e outras pessoas

com profi ssões de risco e pessoas

com idades entre os 60 e os 64 anos.

Ainda assim, estão também disponí-

veis nas farmácias 1,7 milhões de do-

ses para as pessoas que entenderem

vacinar-se, mediante receita médica

e com comparticipação do Estado.

Desvalorização da gripeO problema é que, de acordo com o

estudo do INSA, entre a população

com 65 ou mais anos que não se va-

cinou o principal motivo invocado

foi a “desvalorização/negação da im-

portância da doença (41,4%) e uma

má experiência no passado com a

vacina (21,8%)”. Além disso, quan-

do questionados sobre factores que

poderiam mudar a atitude perante

a vacina, 34,9% responderam que

nada os faria optar pela vacinação e

Só 6% dos idosos não vacinados contra a gripe dizem que o motivo é o preço

SaúdeRomana Borja-Santos

Estudo salienta que o último Inverno foi o segundo consecutivo em que diminuiu o número de idosos que se vacinaram

Paulo Macedo explicou ontem, no Parlamento, orçamento para a Saúde

O ministro da Saúde voltou ontem a

defender que o SNS está protegido

com o Orçamento do Estado para

2013. Porém, não conseguiu con-

vencer a oposição, que insiste estar

perante um “orçamento de risco”.

Na audição das comissões parlamen-

tares da Saúde, Orçamento e Finan-

ças, Paulo Macedo acabou por reco-

nhecer que este OE tem riscos, mas

que “o ponto de partida é melhor

em 2013”.

A propósito da anunciada refun-

dação, confi rmou a aposta na “uni-

versalidade e prestação pública” e

considerou que “o SNS é essencial ao

Estado social”. Entre esclarecimen-

tos sobre as contas da saúde, Macedo

deixou ainda claro que não tenciona

renegociar as parcerias público-pri-

vadas (PPP) que, no caso da saúde,

são ”vantajosas para o Estado”.

A redução da despesa, os valores

da dívida, a prometida reforma da

rede hospitalar, o esforço da raciona-

lização e o perigo do racionamento,

a política do medicamento, os inves-

timentos que ainda faltam fazer, no-

meadamente na área dos cuidados

de saúde primários e continuados,

foram apenas alguns dos temas dis-

cutidos ontem, ao longo de mais de

Ministro da Saúde reconhece que OE para 2013 tem riscos

quatro horas de audição de Macedo.

O ministro limitou-se a repetir o

que tem defendido nos últimos dias

de discussão do OE que destinou pa-

ra a saúde uma verba que ronda os

8 mil milhões de euros. O secretário

de Estado da Saúde, Manuel Teixeira,

trouxe, no entanto, alguns números

novos para o debate. Questionado

sobre as receitas previstas com as

taxas moderadoras, o governante

anunciou que a receita com as ta-

xas moderadoras em 2012 será de

164 milhões de euros, abaixo dos

250 milhões que estavam previstos e

acordados no memorando da troika.

Para 2013, as previsões apontam para

uma receita de 190 milhões de euros,

mantendo-se o “desvio” em relação

ao acordo, que terá de ser compen-

sado com uma redução na despesa.

Ainda na discussão sobre os mi-

lhões a ser gastos, o deputado do

PS Manuel Pizarro questionou o mi-

nistro sobre a alteração no OE que

prevê que a administração central

passe o fi nanciamento das cirurgias

realizadas no âmbito do programa

de recuperação de listas de espe-

ra (SIGIC) para os orçamentos dos

hospitais e que, segundo defendeu,

poderá resultar num agravamento

deste problema. “Quando damos es-

ta responsabilidade aos hospitais, é

para estes poderem ter um maior

controlo da sua produção e produ-

zir mais e não apenas produzir mais à

tarde [no âmbito do SIGIC] do que de

manhã”, respondeu Paulo Macedo.

A excepção desta medida é feita ape-

nas para os hospitais que funcionam

em PPP, como é caso dos hospitais de

Braga e Cascais. Paulo Macedo admi-

tiu que as PPP têm merecido um “tra-

tamento desigual” que as favorece,

mas deixou claro que não tenciona

renegociar estes contratos. “Tenho

os privados a quererem negociar as

PPP e até a quererem dar-mas”, disse.

Insistindo que a sustentabilidade

do SNS “ainda não está assegurada”,

disse que, em 2013, a Saúde entrará

com uma posição “mais equilibrada,

depois do pagamento de quase dois

milhões de euros de dívidas”. E dei-

xou antever que este ano o défi ce dos

hospitais terá um “valor muito mais

baixo” do que em anos anteriores,

mas não disse quanto. Também não

explicou como, após 2000 milhões

de euros saldados este ano, será feito

o pagamento do resto da dívida.

DANIEL ROCHA

Parlamento Andrea Cunha Freitas e Alexandra CamposPaulo Macedo revela que privados querem renegociar parcerias público-privadas e até devolvê-las

Os cheques-dentista, suspensos em Outubro e que deverão ser retomados em Janeiro, registaram

uma taxa de utilização de 99,9% entre as crianças e jovens e de 94,9 entre as grávidas. O secretário de Estado adjunto da Saúde, Fernando Leal da Costa, sublinhou ontem o sucesso desta medida na discussão na especialidade do OE para 2013. Leal da Costa destacou ainda os resultados da campanha de vacinação da gripe sazonal, que, segundo precisou, envolviam este domingo 436.086 pessoas, superando todas as expectativas.

As vacinas e os cheques-dentista

34,6% afi rmaram que só tomariam

se um médico recomendasse.

Contactado pelo PÚBLICO, o

director-geral da Saúde garantiu

que todos estes dados estão a ser

acompanhados, mas que a Direcção-

Geral da Saúde “mantém a meta de

conseguir ter pelo menos 60% desta

população vacinada neste ano e 75%

para o ano”. Quanto a estratégias,

Francisco George disse que a aposta

continuará a passar por dinamizar

“iniciativas junto dos cidadãos”,

alertando ainda que é quando as

semanas frias coincidem com a ac-

tividade gripal que surgem os piores

cenários.

2400 mortos por anoA vacinação contra a gripe é funda-

mental para prevenir a doença e a

transmissão. A gripe é a principal do-

ença do adulto prevenível pela vaci-

nação e, no nosso país, esta infecção

é responsável por milhares de inter-

namentos hospitalares e centenas de

óbitos. Na Europa estima-se que o

excesso médio de óbitos associados

à gripe seja de 40 mil por época. Em

Portugal a média ao longo de várias

épocas foi de cerca de 2400 óbitos.

A gripe é uma infecção aguda

viral provocada pelo vírus Infl uen-

za, que afecta sobretudo o sistema

respiratório. No adulto, o quadro

clínico típico caracteriza-se pelo

aparecimento súbito de mal-es-

tar geral, febre, dores muscula-

res e nas articulações, arrepios,

dor de cabeça e corrimento nasal.

O estudo Vacinação antigripal da

população portuguesa na época 2011-

2012: Cobertura e características do

acto vacinal, de Baltazar Nunes e Ma-

ria João Branco, recorreu a inquéri-

tos para recolher informação rela-

tiva à iniciativa da vacinação, local

onde foi feita, data e atitude perante

a vacina. Assim, foram feitos telefo-

nicamente entre Março e Abril deste

ano 821 questionários válidos numa

amostra de mais de mil lares, o que

corresponde a uma taxa de resposta

de 76,9%. Dentro da amostra, no úl-

timo Inverno foram vacinadas 16,4%

das pessoas, o que representa uma

quebra em relação a 2010/2011, ano

em que foram vacinados 17,5% dos

inquiridos. Nas pessoas com 65 ou

mais anos, a taxa foi de 43,4%, contra

48,3% no ano anterior. A vacinação

sazonal ocorreu, quase totalmente,

até fi nal de Novembro (97,6%), fun-

damentalmente, por indicação do

médico de família (55,8%). Para se

vacinar, a população utilizou mais

frequentemente a farmácia (55,1%)

seguida do centro de saúde (21,2%).

PÚBLICO, TER 6 NOV 2012 | LOCAL | 17

Câmara quer vender prédios que serão pagos só depois de reabilitados

O município de Lisboa vai pôr à venda cerca de duas centenas de edifícios degradados. Os compradores podem pagar só depois de efectuarem as obras de recuperação indicadas pela autarquia

PEDRO CUNHA

A Câmara de Lisboa vai vender edifícios para reabilitação na Rua da Madalena, por exemplo

A Câmara de Lisboa vai colocar

à venda 80 edifícios ao abrigo do

programa Reabilita Primeiro, Paga

Depois. Nos próximos anos esse nú-

mero deverá ser acrescido de mais

duas ou três centenas. A novidade

deste programa reside no facto de

os compradores, em troca da reali-

zação de obras de reabilitação defi ni-

das pela autarquia, poderem pagar o

valor dos prédios apenas no fi nal do

prazo contratualizado para fazerem

as obras. A câmara espera obter, no

fi nal do processo, uma receita da or-

dem dos 160 milhões de euros.

“Nesta primeira fase temos já 60

edifícios na cidade de Lisboa e até ao

fi nal do ano contamos ter mais 20.

Ao longo dos próximos anos preten-

demos colocar mais, num universo

de 200 edifícios que temos neste

momento”, afi rma o presidente da

Câmara de Lisboa, António Costa. Os

edifícios já disponíveis, espalhados

por toda a cidade, encontram-se de-

volutos e variam em área e número

de fracções habitacionais e comer-

ciais. O valor a cobrar pelo municí-

pio dependerá da localização, área

e estado de conservação.

De acordo com a câmara, a inicia-

tiva destina-se a “investidores priva-

dos, colectivos, nacionais e interna-

cionais”, sendo os imóveis vendidos

na sua totalidade. Isto é: quem quiser

adquirir apenas um apartamento, só

o poderá fazer se o prédio tiver uma

única habitação.

O programa pretende estimular a

reabilitação urbana, prorrogando o

pagamento do imóvel adquirido à câ-

mara por um prazo que, em média,

não deverá ultrapassar os três anos

– dois para aprovação do projecto e

realização das obras e um para co-

mercialização do imóvel.

O site do programa apenas disponi-

biliza, para já, informações sobre as

áreas, número de pisos, localização e

estado de conservação dos edifícios,

sendo possível efectuar pesquisas

por zonas e freguesias. Neste mo-

mento não estão ainda disponíveis

os valores de venda.

“A Câmara de Lisboa é um grande

senhorio, um dos maiores senhorios

da cidade e nem sempre um bom

senhorio. Temos muito património,

nem sempre o conservamos e trata-

mos como deve ser”, salienta a vere-

adora da Habitação, Helena Roseta.

Dos 320 mil fogos habitacionais que

existem em Lisboa, 26 mil perten-

cem à autarquia. Deste total, 23 mil

localizam-se em bairros municipais

construídos para a população caren-

ciada, estando os restantes dispersos

pela cidade, com uma forte concen-

tração em zonas históricas.

Helena Roseta afi rma que entre o

dinheiro que a câmara recebe de ren-

das e o que gasta em conservação, se

não se fi zer nada, daqui a 10 anos o

município terá “um saldo negativo

de 500 milhões de euros”. A verea-

dora nota, contudo, que a autarquia

tem “a faca e o queijo na mão”, po-

dendo inverter esta tendência. “Se

estes novos programas puderem ser

realizados, os cálculos apontam para

um fl uxo de caixa anual que pode

chegar aos 20 milhões de euros. Ao

fi m de 10 anos podemos conseguir

um valor anual líquido que pode atin-

gir os 160 milhões de euros”, afi rma.

Para facilitar a concessão de em-

préstimos aos investidores que irão

comprar e recuperar estes edifícios,

a câmara assinou ontem um proto-

colo de intenções com o sector ban-

cário. As condições de acesso ao cré-

dito não estão, no entanto, defi nidas

no protocolo e serão analisadas caso

a caso, tendo em conta as especifi -

cidades de cada uma das obras e de

cada cliente.

António Costa afi rma que este pro-

tocolo serve para auxiliar a compra,

feita por pagamento diferido, e que

as obras terão um IVA reduzido a seis

por cento. O presidente da Associa-

ção Portuguesa de Bancos, Faria de

Oliveira, adiantou que à banca “com-

pete analisar, em função dos poten-

ciais compradores, a sua capacidade

fi nanceira”, não havendo condições

especiais de crédito para o efeito.

LisboaLiliana Pascoal Borges

Reabilitar o centro de Lisboa

Maioria dos imóveis está no centro histórico

Dos 60 imóveis já disponíveis para venda nesta primeira fase, a grande maioria localiza-se no centro

histórico da cidade, com um total de 36 edifícios. O programa pretende não só impulsionar a reabilitação do património edificado, como estimular o mercado de arrendamento habitacional e comercial, combatendo igualmente a desertificação de muitas zonas de Lisboa.

Entre os imóveis cujas fotos estão disponíveis no site http://rehabitarlisboa.cm-lisboa.

pt/ encontra-se o prédio com os números 129-137 da Rua da Madalena. O edifício, com um área bruta de 1257 metros quadrados, dispõe de cinco pisos, sótão e cave. Os usos permitidos são habitação, empreendimentos turísticos, comércio e serviços. A freguesia de Santo Estêvão é das que dispõe de mais imóveis camarários para venda, num total de sete. De acordo com o site da câmara, o Reabilita Primeiro e Paga Depois só entrará em vigor depois da sua aprovação pela Assembleia Municipal.

18 | LOCAL | PÚBLICO, TER 6 NOV 2012

Destino dos carros apreendidos é muitas vezes a sucata

O Tribunal de Benavente condenou

o Estado a pagar 177 mil euros a um

stand de automóveis por lhe devolver

num estado de completa degradação

56 viaturas que tinham sido apreen-

didas à ordem de um processo judi-

cial. As viaturas estiveram abando-

nadas entre Julho de 2008 e Agosto

de 2010 — de acordo com a sentença

citada pela agência Lusa — “no meio

de erva de cerca de um metro de al-

tura” e com “ninhos de rato nos mo-

tores”, num terreno pertencente à

Câmara de Lisboa.

O local, situado na zona do Vale do

Forno, freguesia de Carnide, é utili-

zado há vários anos para depósito

de centenas de viaturas apreendidas

pelas autoridades e que ali permane-

cem, a céu aberto, podendo conta-

minar os solos e contribuindo para

a proliferação de roedores.

Passados dois anos sobre a retirada

dos veículos, depois de o proprietá-

rio ter sido ilibado no processo em

causa, a Lusa constatou que o cená-

rio se mantém. No local, delimitado

por um muro, permanecem centenas

de viaturas, muitas em avançado es-

tado de degradação.

“Acaba por ser uma lixeira a céu

aberto. É um foco de insalubridade

onde proliferam insectos e roedores,

representando claros riscos para a

saúde pública”, alertou ontem o pre-

sidente da Associação Portuguesa de

Médicos de Saúde Pública. Mário

Estado condenado a indemnizar dono de carros apreendidos

Jorge Santos chamou igualmente a

atenção para o problema de escor-

rerem óleos, combustíveis e ácidos

das baterias para os solos.

“Esses líquidos podem misturar-se

com os cursos de água, os quais po-

derão servir para consumo humano

ou para rega. Com a contaminação

da terra e das hortas as pessoas aca-

bam por ingerir produtos contamina-

dos com metais pesados ou outros.

É uma situação que merece um es-

tudo”, defendeu o médico.

“Estas viaturas estão há anos à chu-

va, o que leva os óleos, os ácidos e

outros líquidos a infi ltrarem-se na

terra e a gerar a contaminação dos

solos. O óleo é um poluente perigoso,

que torna a descontaminação dos so-

los difícil”, afi rmou Rui Berkemeier,

dirigente da Quercus.

O presidente da Junta de Freguesia

de Carnide referiu que o parque “não

dignifi ca a cidade nem a freguesia”.

Paulo Quaresma adiantou que nas

proximidades existem hortas com

alguns poços, alertando para o risco

de contaminação.

Numa resposta escrita enviada à

Lusa, o Ministério da Administração

Interna (MAI) declina responsabilida-

des sobre o parque do Vale do Forno

e de um outro em Telheiras. “A câma-

ra é a proprietária dos referidos espa-

ços, estando à sua responsabilidade a

manutenção dos mesmos. À PSP ca-

be a responsabilidade de protecção e

de vigilância dos espaços e dos bens

neles depositados”, afi rma.

“Quem tem de guardar e tratar dos

carros não é a câmara, mas sim quem

os põe lá. Com aquilo tudo ocupa-

do, com viaturas em cima umas das

outras, como querem que se faça

a manutenção?”, responde José Sá

Fernandes, vereador do Ambiente

na Câmara de Lisboa.

PAULO PIMENTA

Dois homens armados e encapuza-

dos conseguiram roubar mais de

100 mil euros de uma dependên-

cia bancária, ontem de manhã em

Évora. Ameaçado com um arma de

fogo, um dos seis funcionários que

se encontravam então no banco San-

tander Totta da Avenida Dinis de Mi-

randa foi forçado a abrir o cofre e

uma caixa multibanco, informa um

comunicado do comando distrital

da PSP de Évora.

A nota refere que foi roubado um

“montante avultado”, tendo o chefe

Jorge Santos, da PSP de Évora, adian-

tado que os assaltantes levaram mais

de 100 mil euros. Uma fonte da Polí-

cia Judiciária, que está a investigar o

caso, explicou que o valor roubado

é muito superior ao normal, porque

os assaltantes, além de levarem o di-

nheiro que estava com os caixas do

banco, foram ao cofre e a uma caixa

multibanco. O responsável afi rma

que este é o primeiro assalto com

este modo de actuação, que conside-

rou muito arriscado para os assaltan-

tes, já que implica uma permanência

grande na agência, neste caso mais

de 20 minutos.

Enquanto o colega reunia o di-

nheiro, o outro assaltante mantinha

os restantes funcionários e mais seis

clientes encostados a um vidro, que

dava para o exterior, sob a ameaça

de outra arma. Antes de fugirem

num carro cinzento-escuro, os dois

suspeitos fecharam funcionários e

clientes numa casa de banho. A via-

tura tinha uma matrícula falsa que ti-

nha sido furtada de um outro veículo

de passageiros, em Estremoz, no dia

anterior. O chefe Jorge Santos afi rma

que não tem memória de um assalto

a um banco em Évora. Acrescenta

que, neste caso, o alarme da depen-

dência não chegou a ser accionado.

Foi um funcionário do banco que

acabou por dar o alerta do roubo

por volta das 9h50. Os assaltantes,

que falavam entre si com uma pro-

núncia afrancesada, tinham a cara

tapada e usavam peruca.

Contactado pelo PÚBLICO, o gabi-

nete de comunicação do Santander

Totta recusou-se a fazer comentários

sobre o caso.

Os vimaranenses foram surpreen-

didos, quando chegaram aos quios-

ques no fi nal da semana passada.

Em vez dos quatro semanários ha-

bituais, nos escaparates encontra-

ram apenas dois. Notícias de Gui-

marães e Expresso do Ave viram-se

obrigados a suspender a publicação

por problemas económicos. No ano

em que as atenções mediáticas es-

tão voltadas para a Guimarães 2012

Capital Europeia da Cultura, a cri-

se da imprensa atacou em força na

cidade.

Apesar da coincidência na data,

o fi m da publicação destes jornais

acontece em circunstâncias dife-

rentes. O Expresso do Ave já tinha

anunciado, na semana passada, a

suspensão da edição, enquanto o

fi m do Notícias de Guimarães acon-

teceu sem aviso prévio aos leitores. A

contas com difi culdades fi nanceiras

e dívidas a várias entidades, a direc-

ção comunicou aos trabalhadores,

no início da semana passada, que o

jornal, que custava 70 cêntimos, já

não sairia na sexta-feira.

Apesar dos contactos feitos, não

foi possível chegar à fala com ne-

nhum dos elementos da administra-

ção da empresa liderada por Maria

do Carmo Dias de Castro, que é tam-

bém directora. Porém, na redacção

ninguém esconde o que se está a

passar. “O jornal não saiu esta sema-

na, porque vai fechar”, informa uma

das secretárias pelo telefone. Chega

assim ao fi m um dos históricos peri-

ódicos locais, que há dois anos era

líder de audiência no concelho e o

segundo semanário regional mais

lido no distrito de Braga, mantendo

uma tiragem de 5000 exemplares.

O Notícias de Guimarães foi fundado

há 80 anos por Antonino Dias Pinto

de Castro, que o dirigiu quase até à

sua morte, em 2008.

O Expresso do Ave, que saía à quar-

ta e custava 80 cêntimos, era mais

recente e tinha menos expressão na

cidade, com tiragens de 3000 exem-

plares. Mas foi também por difi cul-

dades fi nanceiras que chegou ao

fi m, com dívidas a fornecedores e

aos jornalistas, que há dois meses

não recebiam o salário.

Assalto a banco rendeu mais de 100 mil euros

Guimarães ficou sem metade dos jornais

Segurança Mariana Oliveira

ImprensaSamuel Silva

Ambiente

Assaltantes retiraram dinheiro do cofre e de caixa multibanco. Assalto durou mais de 20 minutos, mas alarme não foi accionado

Notícias de Guimarães e Expresso do Ave não resistiram à crise e já não saíram para as bancas na semana passada

Abandono e degradação de 56 veículos apreendidos, e depois devolvidos por ordem do tribunal, custa 177 mil euros ao Estado

Breves

Madeira

Lisboa

Moita

Fortes chuvas provocam seis feridos

Miguel Graça Moura conhece sentença em Dezembro

Edifício comprado para posto da GNR está ao abandono

O temporal registado na madrugada de segunda-feira na Madeira provocou seis feridos. Dois deles deram entrada no hospital central do Funchal com suspeita de traumatismos cranianos. O secretário regional do Ambiente e Recursos Naturais madeirense, que se deslocou à Ribeira da Janela, uma das zonas mais afectadas pela forte precipitação, disse que foi necessário realojar 13 pessoas no lar do Porto Moniz.

O maestro Miguel Graça Moura, acusado de uso indevido de dinheiros públicos e falsificação de documentos, vai conhecer a sentença a 17 de Dezembro. As alegadas irregularidades são do período 1992-2003, quando foi presidente da entidade pública que gere a Orquestra Metropolitana de Lisboa. O maestro gastou 720 mil euros em “despesas pessoais vergonhosas e inacreditáveis”, diz a acusação.

O deputado José Luís Ferreira, do grupo parlamentar Os Verdes, questionou o Governo sobre um edifício adquirido em 2008 para receber um posto da Guarda Nacional Republicana na Moita e que está ao abandono. Luís Ferreira lembrou que a Câmara da Moita está disponível para ceder terrenos com vista à construção, de raiz, de uma esquadra para a PSP e de um quartel para a GNR.

PÚBLICO, TER 6 NOV 2012 | ECONOMIA | 19

Nova lei abre a porta à extinção de empresas públicas defi citárias

Proposta do Governo admite encerramento de empresas que apresentem resultados negativos durante três anos. Finanças passam a ter um representante na administração com direito de veto sobre as decisões

RUI GAUDENCIO

O ministro das Finanças, Vítor Gaspar, passará a ter ainda mais controlo sobre as empresas do Estado com a nova lei proposta pelo Governo

A lei do Sector Empresarial do Esta-

do, que o Governo submeteu na sex-

ta-feira ao Parlamento, abre a porta

à extinção de empresas públicas que

acumulem resultados negativos du-

rante três anos. As Finanças ganham

novos poderes na fi scalização destas

entidades, passando a ter na admi-

nistração um representante com di-

reito de veto sobre todas as decisões

de natureza fi nanceira.

Este novo regime jurídico, uma

das promessas feitas pelo executivo

à troika, estabelece que os adminis-

tradores de empresas que “apresen-

tem capital próprio [diferença entre

o activo e o passivo] negativo por um

período de três exercícios económi-

cos consecutivos” serão obrigados a

apresentar soluções ao Estado num

prazo de 90 dias após a apresentação

das contas do terceiro ano.

Essas soluções podem passar por

“medidas concretas destinadas a su-

perar a situação defi citária” ou pela

“extinção” da empresa, refere a pro-

posta de lei. A primeira hipótese só

será considerada válida caso se con-

siga comprovar “com razoável pro-

babilidade a sua viabilidade econó-

mica”, acrescenta-se no documento,

que, de acordo com o memorando

de entendimento, deveria ter entra-

do no Parlamento em Julho.

Qualquer que seja o caminho su-

gerido pelo conselho de administra-

ção das empresas defi citárias, ne-

nhuma decisão poderá ser tomada

sem o parecer prévio do Ministério

das Finanças, nomeado na proposta

como “titular da função accionista”.

E a solução apresentada terá de ser

acompanhada por “um estudo de-

monstrativo do interesse e viabilida-

de da operação pretendida”.

O reforço do poder da tutela de

Vítor Gaspar fi ca claro na nova lei,

aprovada em Conselho de Ministros

no fi nal de Agosto. Além de passar a

controlar todos os planos de activi-

dades, orçamentos e despesas, o mi-

nistério terá um assento de peso na

gestão das empresas do Estado.

O regime jurídico defi ne que “o

conselho de administração das em-

presas públicas integra sempre um

elemento designado ou proposto pe-

lo membro do Governo responsável

pela área das Finanças, ao qual as-

siste direito de veto sobre quaisquer

operações em matéria fi nanceira”.

No conselho fi scal, que terá um

parecer decisivo na aprovação de

operações de fi nanciamento e de

negócios mais relevantes, haverá um

representante da Direcção-Geral do

Tesouro e Finanças, que também in-

tegra a tutela de Vítor Gaspar.

Nova unidade de controloAlém do reforço do controlo por par-

te das Finanças, o Governo pretende

criar um novo organismo que terá

como missão fi scalizar as contas das

empresas do Estado. Trata-se da Uni-

dade Técnica de Acompanhamento

e Monitorização do Sector Público

Empresarial, que terá um vasto con-

junto de poderes.

Caber-lhe-á, por exemplo, a ava-

liação do cumprimento dos planos e

objectivos traçados pelos administra-

dores destas entidades, bem como a

detectação de práticas que não sigam

as orientações da nova lei. Além dis-

so, será necessário um parecer desta

comissão para criar novas empresas

públicas, alienar ou adquirir partici-

pações empresariais.

Com o poder das Finanças e a cria-

ção desta unidade técnica, os ministé-

rios sectoriais pouco terão a dizer so-

bre a gestão das empresas do Estado.

O regime jurídico atribui-lhes a defi -

nição das políticas orientadoras, o

controlo da operação e da prestação

de serviço público, mas esclarece que

as suas propostas terão de ser aprova-

das pela tutela de Vítor Gaspar.

A nova lei, que abrange também

as empresas municipais, será agora

debatida, em sede da Comissão de

Orçamento e Finanças. A intenção

é que entre em vigor 60 dias após a

publicação em Diário da República.

As empresas terão 180 dias para se

adaptarem às novas regras.

Empresas públicasRaquel Almeida Correia

Tolerância zero ao endividamento

Empresas públicas vão ter limitações ao crédito

O recurso ao endividamento vai ficar condicionado com a nova lei que o Governo submeteu ao

Parlamento. As empresas com capitais próprios negativos só terão acesso a financiamento mediante autorização da Direcção-Geral do Tesouro e Finanças. Mas as limitações estendem-se às restantes entidades do sector empresarial público, já que todas as operações de crédito com prazos superiores a um ano e derivados financeiros sobre taxas de juro ou de câmbio vão

depender do aval da Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP). Além disso, as empresas públicas reclassificadas, que contam para o défice, vão ficar impedidas de contrair financiamento bancário. O novo regime jurídico estabelece que este universo, que inclui por exemplo a RTP, a Estradas de Portugal e a Refer, fique confinado a recorrer aos créditos do Tesouro. O Governo quer ainda obrigar todas as empresas a comunicar ao IGCP as operações que contratam, num prazo de 30 dias.

20 | ECONOMIA | PÚBLICO, TER 6 NOV 2012

Autoridade vai passar a ter mais autonomia funcional

A Autoridade de Segurança Alimen-

tar e Económica (ASAE) vai passar a

controlar todo o processo de instru-

ção e aplicação de multas nos casos

de vendas abaixo do preço de custo e

outras práticas restritivas do comér-

cio que, actualmente, são responsa-

bilidade da Autoridade da Concor-

rência (AdC). Esta é, pelo menos, a

intenção dos Ministérios da Econo-

mia e da Agricultura que, no âmbito

da Plataforma de Acompanhamento

das Relações na Cadeia Agro-Alimen-

tar (PARCA), fi zeram chegar a todos

os intervenientes a proposta de um

novo regime jurídico.

O decreto-lei, que foi analisado

pelos representantes da indústria

agro-alimentar, pequeno comércio,

grande distribuição e produtores,

retira poder ao regulador da con-

corrência, mas permite à ASAE ter

mais autonomia.

Quando em Maio a cadeia de su-

permercados Pingo Doce, detida pe-

lo grupo Jerónimo Martins, lançou

a campanha inesperada de 50% de

desconto em quase todos os produ-

tos, a ASAE detectou incumprimento

da lei que regula as vendas com pre-

juízo. Depois de analisar centenas de

documentos, entregou o processo à

AdC e a decisão do regulador só foi

conhecida em Agosto. O Pingo Doce

foi condenado a pagar uma coima de

Governo quer ASAE a controlar as multas por vendas abaixo do preço de custo

29.927,88 euros, valor máximo defi -

nido por lei, a que se somaram 250

euros por custas com o processo. Em

causa estavam 15 contra-ordenações,

contudo, a Jerónimo Martins impug-

nou a decisão “por ter fundamento

para isso”, disse na altura fonte ofi -

cial da empresa.

Os processos de venda com preju-

ízo estão a aumentar desde o início

do ano. Já em Janeiro, a ASAE apre-

endeu 425 mil litros de leite vendidos

no Continente, do grupo Sonae (do-

no do PÚBLICO) e no Pingo Doce por

estarem a ser comercializados abaixo

do preço de custo. Pouco depois, fo-

ram detectados indícios noutros arti-

gos, a maioria incluídos num folheto

promocional da cadeia Continente.

Contas feitas, a lista fi nal entregue à

AdC ultrapassou os 70 produtos.

O novo regime jurídico, a que o

PÚBLICO teve acesso, responde ain-

da a um pedido repetido por fornece-

dores, indústria e pelas próprias au-

toridades de fi scalização: o aumento

das coimas a aplicar nas práticas de

vendas com prejuízo.

É que, além da morosidade, o re-

sultado fi nal destes processos resu-

me-se a uma contra-ordenação que

não ultrapassa os 14.963 euros. As

multas estão sujeitas à aplicação de

cúmulo jurídico quando em causa

está mais do que um artigo. E, nes-

tes casos, não chegam aos 30 mil

euros, valor que o próprio inspec-

tor-geral da ASAE, António Nunes,

considerou “insufi ciente”.

Os valores máximos agora propos-

tos pelo Governo são 83 vezes supe-

riores aos da actual lei: 2,5 milhões

de euros nas contra-ordenações pra-

ticadas por grandes empresas (as

que têm mais de 250 trabalhadores

e mais de 50 milhões de volume de

negócios). Quanto mais pequena for

a empresa que cometer a infracção,

menos paga: os micronegócios in-

correm numa multa máxima de 50

mil euros.

A mesma lógica subsiste nas altera-

ções aos prazos legais de pagamento

aos fornecedores, que encurtam de

60 para 30 dias. Só são abrangidos

pequenos fornecedores e organiza-

ções de produtores.

ComércioAna Rute Silva

Proposta de decreto-lei prevê retirada de poderes à Autoridade da Concorrência nos casos de más práticas comerciais

2,5As multas por vendas com prejuízo praticadas por grandes empresas aumentam para 2,5 milhões de euros. O valor mínimo a cobrar é de 5 mil euros

Nuno Amado conta com “ano difícil” em 2013

O BCP registou nos primeiros nove

meses do ano resultados negativos

históricos, de 796,3 milhões de eu-

ros, valor que se cifrará, no fi nal do

ano, em 900 a mil milhões de euros.

O regresso aos lucros só é espera-

do em 2014, com 2013 a ser um ano

“muito difícil”, segundo os respon-

sáveis do banco.

As contas trimestrais foram di-

vulgadas horas depois de a actual

gestão ter arrancado com o proces-

so de rescisões amigáveis transver-

sal ao grupo e que abrangerá 600

trabalhadores dos vários escalões

da actividade, além de muitos di-

rectores. O grupo a dispensar pela

equipa de Nuno Amado começou a

receber, logo pela manhã, por cor-

reio electrónico, convites para ini-

ciar conversações com vista a um

despedimento amigável.

Durante a apresentação das con-

tas trimestrais, o presidente do BCP

falou sobre o tema: “Estamos a fa-

zer tudo o que é possível para não

entrarmos num processo de des-

pedimento colectivo”, ainda que

“com sacrifício dos accionistas”,

que irão pagar “mais 50% do que

o valor da base legal” previsto para

indemnizações.

“A nossa intenção é que os acor-

dos sejam amigáveis e fiquem

concluídos no prazo de um mês,

mesmo que apenas entrem em vi-

BCP com prejuízo histórico de 796,3 milhões de euros

gor no próximo ano, pois, quanto

mais longo for este processo, mais

desgastante será para todos”, de-

fendeu o responsável.

Na perspectiva do banqueiro, o

plano de despedimento “é justo,

correcto e equilibrado” e ainda “ra-

zoável”. “Esperamos uma elevada

adesão”, observou. Em simultâneo,

serão encerradas 40 sucursais este

ano, metade das quais já têm o pro-

cesso em curso.

No contexto deste programa de

reestruturação, o banqueiro prevê

poupar, em 2013, mais de 30 mi-

lhões de euros com a redução de

pessoal e 50 milhões com cortes nos

gastos administrativos. “São objec-

tivos muito importantes e, por is-

so, vamos cumpri-los.” Em 2011, os

custos com pessoal foram de 545

milhões de euros; já os administra-

tivos situaram-se em 319 milhões de

euros.

Na conferência de imprensa, onde

revelou prejuízos trimestrais históri-

cos, de 796,3 milhões de euros (um

lucro de 97,6 milhões no mesmo

período de 2011), Amado explicou

o mau desempenho pelo registo de

imparidades para perdas estimadas

e pela operação na Grécia que gerou

um resultado negativo de 531,6 mi-

lhões de euros ( já as operações pola-

cas, angolana e moçambicana gera-

ram um lucro de 174,2 milhões).

Amado concluiu que os “próxi-

mos trimestres serão particular-

mente difíceis”, período em que as

“prioridades” da instituição “serão

o capital e a liquidez”. No fi nal de

Setembro, o BCP apresentava um

rácio core tier 1 de 12,8% de acordo

com o critério do Banco de Portu-

gal e de 10,3% segundo os padrões

da autoridade bancária europeia

(EBA).

PEDRO CUNHA

Banca Cristina Ferreira

Imparidades para perdas e operação na Grécia penalizaram as contas do grupo, que iniciou processo de rescisões

Breves

Redução de 50%

Balanço

Eléctricas recebem menos por cobrar taxa do audiovisual

Exportações para a China continuam em bom ritmo

O Governo vai diminuir para metade o valor da compensação atribuída às empresas comercializadoras de electricidade pela cobrança da contribuição audiovisual — que é agregada na factura da luz. As receitas obtidas por esta via servem para o Estado financiar o serviço público de radiodifusão e de televisão. A situação de emergência nacional que o país vive é a razão invocada para proceder a este corte de 50% na compensação, que assim passa dos actuais 0,066 euros para apenas 0,033 euros por cada cobrança realizada pelas eléctricas. A contribuição para o audiovisual é, este ano, de 2,25 euros por mês, acrescidos de IVA à taxa de 6%. O Orçamento do Estado para 2013 mantém o valor.

As exportações portuguesas para a China aumentaram 45,8% nos primeiros nove meses de 2012, para cerca de 940 milhões de euros, mais do que em todo o ano anterior. “Houve um ligeiro abrandamento em Setembro, mas os números continuam a ser animadores”, comentou o embaixador de Portugal na China, José Tadeu Soares. As importações portuguesas da China diminuíram, entretanto, 12,8%, para 1,466 mil milhões de euros. Em 2011, as exportações portuguesas para o gigante asiático cresceram 54,1% em relação ao ano anterior, para 781,1 milhões de euros, o que colocou a China entre os dez maiores mercados de Portugal, numa subida de mais de vinte lugares em relação a 2000.

PÚBLICO, TER 6 NOV 2012 | ECONOMIA | 21

A produção da construção vai con-

tinuar a cair em 2012, segundo um

estudo da consultora DBK, que pre-

vê uma quebra de 9% para este ano

e estima que o sector só recupere a

partir de 2014.

Se este valor se confi rmar, isso

signifi ca que o sector da constru-

ção, em crise acentuada há vários

anos, irá registar um recuo na pro-

dução de cerca de 1500 milhões de

euros.

O estudo sublinha que a deterio-

ração desta actividade acentuou-se

em 2011, ano em que se registou

uma descida da produção de 9,4%,

mantendo-se a tendência de baixa

no biénio 2012/2013.

A DBK antecipa também “uma

contracção signifi cativa” do mer-

cado de construção residencial,

baseando-se na quebra no número

de licenças concedidas para a cons-

trução de novos fogos em 2011 e nos

primeiros meses de 2012.

A construção de edifícios dimi-

nuiu 10,5% no ano passado, sendo

a construção residencial o segmen-

to que teve pior desempenho, com

uma produção de 4326 milhões de

euros, reduzindo a sua quota em

26,9% sobre o total. Os receios de

agravamento da crise e o aperto do

crédito por parte da banca estão

na base deste desempenho mais

negativo.

A consultora DBK prevê que, no

decurso deste ano, a construção

não residencial registará igualmen-

te uma evolução negativa devido à

redução dos novos projectos para

edifícios privados.

A actividade de engenharia civil,

que caiu 2,2% em 2011, aproximan-

do-se dos 7700 milhões de euros,

será penalizada pelos ajustamentos

orçamentais da administração do

Estado, porque trabalha essencial-

mente para os grandes projectos de

obras públicas.

O estudo salienta que “a curto

e médio prazo irá intensifi car-se a

tendência de internacionalização

do sector”, apontando o défi ce de

infra-estruturas em países em de-

senvolvimento como uma oportu-

nidade para as construtoras portu-

guesas. Lusa

Negócio da construção vai cair 1500 milhões

Indústria

Consultora DBK prevê quebra da facturação de 9% este ano e perspectiva recuperação do sector apenas para 2014

NÉLSON GARRIDO

A concessão da exploração dos portos é a única operação quantificada até agora: 277 milhões de euros

A Unidade Técnica de Apoio Orça-

mental (UTAO) identifi cou algumas

discrepâncias nas previsões do Go-

verno para as contas públicas em

2013, que sugerem que o executivo

poderá ter deixado a porta aberta a

medidas temporárias, como a venda

de concessões. Contudo, estas não

estão registadas como tal, nem quan-

tifi cadas. Ou seja, o défi ce estrutural

previsto pelo executivo poderá ser

maior.

O alerta consta da versão fi nal da

análise à proposta do Orçamento do

Estado (OE) de 2013, a que o PÚBLI-

CO teve acesso. Neste documento, os

técnicos do Parlamento responsáveis

pelo acompanhamento da execução

orçamental começam por referir que

o montante de “outras despesas de

capital” irá reduzir-se para metade

(de 1129 milhões de euros este ano

para 566 milhões de euros em 2013),

sem que haja no OE qualquer expli-

cação para essa evolução.

“Apesar de, em contas nacionais,

a receita proveniente de determina-

das operações (como, por exemplo,

a venda de concessões) ser abatida

às ‘outras despesas de capital’, o Mi-

nistério das Finanças não identifi cou

a existência de quaisquer medidas

temporárias relativas a 2013”, refere

a UTAO. Ou seja, para fazer os seus

cálculos, os técnicos do Parlamento

apenas tiveram em conta medidas

temporárias com impacto naquela

rubrica da despesa relativas a 2012:

a concessão da gestora aeroportuá-

ria ANA e o leilão de frequências de

quarta geração móvel.

A UTAO salienta, contudo, que

na proposta do OE 2013, o Governo

está a prever algumas concessões.

É o caso da CP Carga (onde se re-

fere “privatização ou concessão”),

a concluir até ao fi nal do primeiro

semestre do próximo ano.

Além disso, irá avançar-se com a

concessão da operação dos transpor-

tes urbanos de Lisboa e Porto, de-

pois de concluída a reestruturação

das empresas públicas associadas,

ou seja, a Metro de Lisboa, Carris,

STCP e Metro do Porto. A única con-

cessão quantifi cada até ao momento,

referem os técnicos do Parlamento,

Técnicos do Parlamento temem défice estrutural maior por causa de concessões

receitas extraordinárias que os Es-

tados obtenham.

No orçamento, o Governo está a

prever um défi ce estrutural equi-

valente a 2,4% do Produto Interno

Bruto (PIB), enquanto que o défi ce

orçamental global será de 4,5%. A

justifi car esta diferença está apenas

o efeito da componente cíclica, e não

medidas temporárias ou extraordi-

nárias. Ou seja, se o Governo vier a

registar as concessões previstas para

2013 como medidas one-off , o défi ce

estrutural será maior.

O défi ce estrutural é particular-

mente importante, visto que é o

indicador mais utilizado para veri-

fi car qual o esforço de contenção

orçamental que um país realiza. Na

sequência do pacto orçamental as-

sinado no ano passado, Portugal e

os outros países europeus fi caram,

aliás, comprometidos a manter o sal-

do estrutural próximo do equilíbrio,

o que signifi ca que, no máximo, o

défi ce estrutural poderá chegar aos

0,5% do PIB.

No entanto, as operações de con-

cessão previstas para 2013 podem

não mexer apenas com o défi ce es-

trutural, mas também com o défi ce

global, à semelhança do que poderá

ocorrer este ano com a operação da

ANA. O gabinete de estatísticas euro-

peu, o Eurostat, já se mostrou contra

o registo desta concessão, o que le-

varia o Governo a falhar a meta do

défi ce de 5% prevista para 2012.

Finanças públicasAna Rita Faria

UTAO sugere que Orçamento de Estado para 2013 abre a porta a medidas temporárias, mas sem as quantificar

é a da exploração dos portos, que,

segundo informação do Ministério

das Finanças, deverá trazer um en-

caixe de 277 milhões de euros — isto

em contabilidade pública (ou seja,

numa óptica de caixa, diferente da

óptica de contabilidade nacional,

que conta para Bruxelas).

Segundo a UTAO, estas operações

de concessão em 2013 “também po-

derão dar origem a medidas tempo-

rárias, à semelhança do sucedido

para outros anos”. E, se isto se ve-

rifi car, o défi ce estrutural pode ser

maior do que o previsto. O PÚBLICO

questionou as Finanças sobre o te-

ma, mas não obteve resposta até ao

fecho desta edição.

Défi ce estrutural em risco?Ao contrário do défi ce público no-

minal, o défi ce estrutural leva em

conta o efeito do ciclo económico

(quando a economia está em con-

tracção é mais difícil reduzir o dé-

fi ce) e retira das contas quaisquer

CES pede renegociação, Governo recusa

Parecer foi aprovado mas executivo absteve-se

OConselho Económico e Social (CES) foi unânime em defender que é preciso renegociar o acordo

com a troika, mas o Governo desvalorizou as conclusões do órgão e absteve-se na votação do parecer, que foi ontem aprovado no Parlamento.

O presidente do CES, José Silva Peneda, recomendou ontem ao Governo que inicie um processo de negociação com a troika o mais rapidamente possível, para evitar que haja “dor sem ajustamento”. Em causa está uma redução dos

juros do empréstimo a Portugal, a reavaliação dos prazos para pagamento dos empréstimos e um maior equilíbrio entre austeridade e crescimento.

Na sua declaração de voto, o Governo diz que o parecer do CES ignora “elementos fundamentais” e apresenta uma “análise desequilibrada”, salientando que “pedir mais tempo ou adiar o processo de ajustamento tem associados riscos sérios” – o colapso da credibilidade junto dos credores e o risco de um ciclo vicioso na economia.

22 | ECONOMIA | PÚBLICO, TER 6 NOV 2012

Bolsas

PSI-20 Última Sessão Performance (%)Nome da Empresa Var% Fecho Volume Abertura Máximo Mínimo 5 dias 2012

PSI-20 INDEX -0,62 5350,200 54738113 5366,220 5377,960 5336,830 -0,13 -2,62ALTRI SGPS SA -0,22 1,385 59061 1,390 1,390 1,361 2,13 15,42BANCO BPI SA -1,16 0,853 556468 0,860 0,869 0,850 -0,8 81,22BCP 0 0,071 28421066 0,071 0,071 0,070 -1,39 -19,39BES 0,52 0,775 13300989 0,769 0,777 0,757 0,65 -4,80BANIF-SGPS -2,76 0,141 1081573 0,145 0,145 0,139 -6,45 -58,53COFINA SGPS -1,49 0,462 39260 0,466 0,466 0,456 -3,3 -39,21EDP -1,54 2,043 5469783 2,086 2,086 2,031 -0,77 -14,55EDP RENOVÁVEIS -2,16 3,630 344825 3,710 3,720 3,630 -0,54 -23,22ES FINANCIAL 0,11 5,440 12477 5,430 5,440 5,420 -0,29 5,63GALP ENERGIA -0,25 12,210 701237 12,205 12,310 12,115 -3,32 7,29J MARTINS SGPS 0,33 13,790 257487 13,680 13,840 13,670 0,81 7,82MOTA ENGIL -1,07 1,296 315699 1,303 1,310 1,253 -4,8 25,22PT -1,2 3,858 1574957 3,886 3,908 3,847 1,19 -13,30PORTUCEL -2,6 2,098 544769 2,160 2,174 2,098 1,22 14,08REN -0,45 1,990 89848 1,990 1,995 1,988 -0,05 -5,69SEMAPA -0,3 5,341 46706 5,320 5,348 5,320 0,49 -0,54SONAECOM SGPS 1,36 1,419 247017 1,400 1,420 1,374 5,66 16,79SONAE IND. -0,58 0,518 66959 0,521 0,525 0,515 -3,34 -18,43SONAE 0,35 0,580 883970 0,574 0,580 0,565 -0,34 26,36ZON MULTIMEDIA 0,23 2,560 723962 2,493 2,640 2,493 7,09 10,25

O DIA NOS MERCADOS

Acções PSI20Euro Stoxx 50Dow Jones

Variação dos índices face à sessão anterior

Divisas Valor por euro

Diário de bolsa

Dinheiro, activos e dívida

Preço do barril de petróleo e da onça, em dólares

MercadoriasPetróleoOuro

ObrigaçõesOT 2 anosOT 10 anos

Taxas de juro Euribor 3 mesesEuribor 6 meses

Euribor 6 meses

Portugal PSI20

Últimos 3 meses

Últimos 3 meses

Obrigações 10 anos

Mais Transaccionadas Volume

Variação

Variação

Melhores

Piores

Últimos 3 meses

Últimos 3 meses

Europa Euro Stoxx 50

BCP 28.421.066BES 13.300.989EDP 5.469.783PT 1.574.957Banif-SGPS 1.081.573

Sonaecom SGPS 1,36%BES 0,52%Sonae 0,35%

Banif-SGPS -2,76%Portucel -2,6%EDP Renováveis -2,16%

Euro/DólarEuro/LibraEuro/IeneEuro/RealEuro/Franco Suíço

7

8

9

10

11

1,27820,8004

102,532,6004

1,207

0,196%0,381%

106,951682,91

5,459%8,597%

-0,62%-1,16%0,16%

2200

2300

2400

2500

2600

4300

4600

4900

5200

5500

0,350

0,475

0,600

0,725

0,850

LOUISA GOULIAMAKI/AFP

A Grécia volta hoje às greves gerais e esta terá 48 horas de duração

Um alto responsável europeu afi r-

mou ontem que considera impro-

vável que a Grécia consiga um acor-

do defi nitivo com os credores inter-

nacionais até à próxima reunião do

Eurogrupo, marcada para a próxima

segunda-feira. Neste quadro — afi r-

mou o responsável, que pediu anoni-

mato —, o país não deve receber a tão

ansiada luz verde para a libertação

da nova tranche de ajuda no valor de

31,5 mil milhões de euros já no dia

12 de Novembro, como esperava o

Governo helénico.

Para além das negociações entre

o Governo do primeiro-ministro An-

tonis Samaras e os representantes

da troika na Grécia, os líderes euro-

peus que acendem a luz verde para

a disponibilização do dinheiro ainda

precisam de discutir a fórmula grega

com os seus parlamentos. “Não va-

mos desembolsar a próxima tranche

até que todos os detalhes estejam em

ordem”, afi rmou a fonte ouvida pela

agência Reuters à margem da reunião

de ontem do G20, no México.

Grécia em risco de ver atrasada a libertação da nova tranche de ajuda

O responsável desdramatizou tam-

bém a posição do primeiro-ministro

grego, que afi rma que o país deixa-

rá de ter capacidade fi nanceira pa-

ra cumprir com as suas obrigações

em meados de Novembro caso não

receba um novo empréstimo, e diz

que “não há tanta urgência como

parece”.

Ontem, foi novo dia de discussão

no Parlamento grego sobre o Orça-

mento do Estado para 2013. O Go-

verno de coligação apresentou um

pacote de medidas de reestrutura-

ção orçamental no valor de 13,5 mil

milhões de euros e uma nova lei do

trabalho que vai fl exibilizar as con-

tratações e despedimentos.

A caminhada acelerada a que o

Governo se impôs na busca de con-

senso parlamentar para as medidas

de austeridade do próximo ano surge

num esforço para conseguir aprovar

o documento fi nal do Orçamento até

domingo, na véspera da reunião do

eurogrupo do dia 12.

No entanto, sem que haja um

acordo com os credores internacio-

nais sobre as políticas de austerida-

de, de nada valerá a aprovação do

orçamento no domingo para a frac-

turada coligação grega. Mas o fi m

das negociações com os represen-

tantes da troika parece estar mais

longe do que o fazem entender os

líderes locais.

O dia de hoje marca o início de

uma greve geral de 48 horas na Gré-

cia, convocada pelas duas princi-

pais uniões de sindicatos: a GSEE,

que representa os trabalhadores do

privado, e a ADEDY, a união sindical

da função pública grega. Os trabalha-

dores protestam contra as medidas

de austeridade e apelam para que os

planos para o orçamento de 2013 se-

jam chumbados no Parlamento. Um

apelo contrário fez Antonis Samaras

no domingo. Apontando à difícil

aprovação das medidas orçamentais,

o primeiro-ministro grego deu ao pa-

ís uma escolha: ou mais austeridade

ou o regresso ao dracma.

Pressão em FrançaEm França, o executivo socialista

recebeu ontem das mãos do gestor

Louis Gallois um estudo que havia

encomendado sobre a decrescente

competitividade do país. Na lista de

recomendações está a fl exibilização

do lei laboral francesa e a proposta

de cortar 30 mil milhões de euros nas

contribuições sociais das empresas

e dos trabalhadores.

A braços com um défi ce comercial

que em 2011 atingiu os 70 mil milhões

de euros e um plano de austeridade

para reduzir o défi ce orçamental de

4,5% para 3% do Produto Interno

Bruto (PIB) em 2012, o presidente

francês, François Hollande, prome-

teu dar uma resposta às recomenda-

ções dos empresários, mas afi rma

que não tomará “medidas de cho-

que”.

Crise da dívidaFélix Ribeiro

Mesmo que aprove o orçamento no domingo, a Grécia pode não conseguir consenso na reunião do Eurogrupo no dia seguinte

PÚBLICO, TER 6 NOV 2012 | MUNDO | 23

Generais pedem a Hu Jintao para não passar já a chefi a militar ao sucessor

As fontes ainda são anónimas, mas já falam claro. Há militares que receiam os próximos governantes chineses. Tentam proteger-se e ao poder que detêm. Do lado dos políticos acumulam-se casos suspeitos

LIU JIN/AFP

“Não há quem saiba o que Hu vai fazer” em relação aos militares

O Presidente cessante da China, Hu

Jintao, está a decidir qual será o me-

lhor momento para passar a chefi a

militar ao seu sucessor, Xi Jinping.

De acordo com o jornal de Hong

Kong South China Morning Post, ci-

tando fontes em Pequim, um gru-

po de generais do Exército do Povo

pediu-lhe para reter essa chefi a du-

rante “o período difícil”.

“[Os militares] de topo fi zeram

o pedido a Hu há alguns meses tal-

vez esperançados de que, se ele fi car

com a liderança das forças armadas,

manteriam a sua infl uência durante

o ardiloso processo de transição”,

lia-se na edição de ontem do Post. “O

Exército do Povo quer que seja Hu

a assegurar a continuidade durante

este período difícil”, reforçava uma

fonte do jornal habitualmente bem

informado sobre os bastidores da

política de Pequim.

No dia 8 começa, na capital chi-

nesa, o 18.º Congresso do Partido

Comunista Chinês. Na reunião, será

feita uma mudança de líderes; será

uma das maiores, com 70% das per-

sonagens nos postos mais importan-

tes a cederem os lugares. Hu passa

o testemunho a Xi, serão nomeados

novos ministros e o todo-poderoso

Comité Permanente será renovado

(e, possivelmente, passará a ter sete

membros em vez de nove).

Cabe depois ao Congresso do Po-

vo, que se reúne em Março, a con-

fi rmação dos novos nomes. Legal-

mente, explicava o Post, a passagem

dos cargos principais da hierarquia

(chefi a dos militares, do governo e

do partido), pode acontecer já na

próxima semana, ou pode ser fase-

ada até Março. E “não há quem sai-

ba o que Hu vai fazer”, como disse

outra fonte deste jornal.

A China está, pois, em suspenso,

além de que o silêncio do Presidente

sobre a matéria está enervar — e a

dividir — a cúpula.

O mistério é apenas mais um ele-

mento no momento delicado que se

vive na China. Uma série de casos

pôs a descoberto a luta intensa das

facções pelo poder em Pequim. Se

noutras ocasiões essas lutas fi caram

em segredo, este ano os jornais chi-

neses e ocidentais encheram-se de

histórias de bastidores. Exactamen-

te o que o partido não queria que

acontecesse ao país, que é a segunda

maior economia do mundo.

“A transferência de poder para

outra geração aconteceu apenas três

vezes na História da República Po-

pular da China. A sucessão política

de Jiang Zemin (a terceira geração

de líderes) para Hu Jintao (a quarta

geração) deu-se durante o 16.º Con-

gresso do Partido Comunista Chinês,

em 2002, e foi notável”, considerava

Cheng Li, que dirige a investigação

sobre a China no think tank Brookin-

gs Institution. “Teria sido um grande

impulso para a liderança chinesa e

para todo o país, se a sucessão que

se aproxima tivesse acontecido da

mesma maneira.”

A ascensão da quinta geração não

foi sangrenta, como a primeira, que

levou à Revolução Cultural, ou a re-

volta de Tiananmen, que levou Jiang

Zemin para o poder. Não foi, porém,

pacífi ca. E projecta para o mundo

a imagem de um país assolado por

problemas e métodos comuns a ou-

tros países — uma rede política pou-

co estável e pouco consensual.

O escândalo Bo Xilai, acusado de

corrupção e abuso de poder (e cuja

mulher foi recentemente condenada

à morte por homicídio), pôs a des-

coberto o que se passava. No fi nal

de Outubro, foi o primeiro-ministro,

Wen Jiabao, a ser posto em causa

com uma reportagem do New York

Times que dizia que acumulou uma

fortuna de 2100 milhões de euros.

O PCC anunciou ontem que, a pe-

dido do próprio Wen (que diz estar

inocente), vai investigar a origem da

fortuna da família.

Entre uma e outra história — entre

Bo Xilai e os receios dos generais —,

a classe política vai fi cando cada vez

mais descredibilizada aos olhos dos

cidadãos descontentes.

China Ana Gomes Ferreira

Bo Xilai foi expulso do PCC

Julgamento do ex-dirigente já se pode realizar

O ex-dirigente chinês Bo Xilai já foi expulso do Partido Comunista e, por isso, a Justiça já pode formalizar

acusações contra si e julgá-lo. A decisão foi tomada no

domingo por uma assembleia de 365 pessoas que esteve reunida durante quatro dias à porta fechada, explica a Reuters, citando a agência chinesa Xinhua.

Bo, que era o secretário do partido na província de Chongqing, foi acusado de corrupção e ocultação do crime (a sua mulher confessou ter

assassinado um empresário britânico com quem tinha negócios).

No início do ano, Bo Xilai era um político popular e em ascensão e a sua entrada no Comité Permanente do Politburo era dada como certa.

24 | MUNDO | PÚBLICO, TER 6 NOV 2012

Os secretários dos três partidos da coligação a caminho do anúncio

O primeiro-ministro britânico pediu

uma revisão dos resultados de uma

investigação sobre abuso de crianças

à guarda do Estado no País de Gales,

que foi terminada em 2000. David

Cameron anunciou esta decisão de-

pois de uma das vítimas desses abu-

sos ter dito à BBC que tinha sido vio-

lada repetidamente por uma fi gura

importante do Partido Conservador,

quando era criança, e que o relatório

ignorou deliberadamente os abusos

cometidos por pessoas exteriores ao

sistema de Segurança Social galês.

As declarações de Steve Messham

ao programa Newsnight da BBC infl a-

maram ainda mais um país que está a

tentar ajustar contas com um passa-

do em que a pedofi lia era tolerada ou

nem sequer era levada a sério.

Ele foi uma das testemunhas no

inquérito liderado pelo juiz Ronald

Waterhouse sobre acusações de abu-

sos a menores em 40 instituições

estatais, entre 1974 e 1990, que co-

meçaram a vir a público em 1994. O

relatório chamava-se Lost in Care, foi

publicado em 2000, ouviu mais de

650 pessoas, assinalava 28 abusado-

res e falava em cerca de 200 poten-

ciais abusadores — mas sem revelar

as suas identidades.

No entanto, o relatório cingia-se

sempre a pessoas dentro do contexto

das instituições de Segurança Social

ou escolares. “Não compreendo por

A Coreia do Sul prepara-se para fa-

lhas de energia “sem precedentes”

neste Inverno, depois de o Gover-

no ter sido forçado a desligar dois

reactores de uma central nuclear

no Sudoeste do país, onde foram

detectados milhares de compo-

nentes sem a devida certifi cação

de qualidade.

A má notícia — num país em que

a rede eléctrica tem já difi culdades

em responder à procura durante o

Inverno — foi dada pelo ministro da

Economia, que admitiu serem ne-

cessários meses para substituir os

fusíveis, ventiladores e outras pe-

ças que não cumprem as regras. “É

inevitável que assistamos a falhas de

energia sem precedentes durante es-

te Inverno”, disse Hong Suk-Woo.

Segundo o ministro, foi aberta

uma investigação a oito fornecedo-

res que terão falsifi cado garantias pa-

ra quase 7700 peças, que custaram a

Seul 820 milhões de won (cerca de

590 mil euros). Destas, 5200 foram

efectivamente usadas, a esmagado-

ra maioria (90%) nos dois reactores

que foram agora desligados.

Hong sublinhou, no entanto, que

as peças em questão não represen-

tam qualquer ameaça de segurança.

Nem estão relacionadas com as fa-

lhas técnicas que nos últimos meses

levaram ao encerramento tempora-

riamente de três reactores.

Foi em Maio que se começaram a

levantar dúvidas sobre se os reacto-

res sul-coreanos estavam a cumprir

todas as normas de segurança, após

um escândalo em que cinco enge-

nheiros foram acusados de tentarem

encobrir uma falha potencialmente

perigosa no complexo nuclear mais

antigo do país. Dois meses depois,

32 funcionários de duas empresas

que exploram as centrais foram

acusados de receber luvas de for-

necedores.

Apesar disto — e do desastre nu-

clear de Fukushima, no Japão, no

ano passado — o Governo não está

disposto a abandonar os planos para

a expansão da capacidade nuclear

do país. Estão em construção quatro

reactores, que se vão juntar aos 23 já

em funcionamento e há a intenção

de construir mais 16 nas próximas

duas décadas.

A imprensa alemã mais à esquerda

tirou as luvas. A revista Spiegel dizia

que no Governo alemão está “uma

coligação de cobardes”. O Süddeuts-

che Zeitung comentava que o estado

da coligação “é ainda pior do que a

sua reputação”.

Tudo depois do anúncio, ontem,

de que o Governo alemão vai acabar

com uma pouco popular sobretaxa

para o serviço nacional de saúde e

dar um subsídio a pais que fi quem

em casa com os seus fi lhos, prome-

tendo ainda um aumento das refor-

mas mais baixas.

“É um presente eleitoral caro, que

vai ser pago pelos contribuintes”,

reagiu de imediato a oposição, lide-

rada pelo Partido Social-Democrata

(SPD).

A Alemanha vai a votos em Setem-

bro do próximo ano, e não se pode

dizer que a chanceler alemã precise

de aumentar a sua popularidade. A

última sondagem, publicada no se-

manário de grande circulação Bild

am Sonntag, dá à sua CDU (União De-

mocrata-Cristã) e ao seu partido gé-

meo do Sul CSU (União Social-Cristã)

38% nas intenções de voto e apenas

29% aos sociais-democratas.

O busílis está, no entanto, no

parceiro de coligação de Merkel, o

Partido Liberal Democrata (FDP),

que nesta sondagem aparece com

apenas 4%. Há meses que os liberais

não obtêm mais do que isto nas son-

Cameron quer saber se houve elo tory em rede de pedofilia

Coreia do Sul forçada a desligar dois reactores

Governo alemão anuncia aumento de prestações sociais

dagens, fi cando abaixo da barreira

dos 5%, que permite representação

parlamentar.

Assim, o cenário que aparece para

já mais provável é um regresso da

“grande coligação” CDU-SPD como

a do primeiro mandato de Merkel

(2005-2009).

As medidas anunciadas ontem

terão sido uma tentativa de a chan-

celer dar força aos elos mais fracos

da coligação, diz a agência Deutsche

Presse-Agentur. O fi m da sobretaxa

da saúde (10 euros extra a cada tri-

mestre) é um pedido dos liberais e

entrará em vigor a 1 de Agosto do

próximo ano, e o subsídio aos pais

que tratem dos fi lhos em casa é uma

reivindicação da CSU e entrará em

vigor em Janeiro. Falou-se também

de um aumento das reformas mais

baixas, na ordem dos 10 euros.

“A chanceler pode consolar-se

com o pensamento de que irá sem-

pre gozar da imagem de salvadora

do euro”, escreve a Spiegel, contra-

pondo que, no entanto, “como che-

fe deste Governo fraco conseguiu

fazer pouco no campo da política

interna”.

E a revista não deixa de apontar

o esforço de contenção que a chan-

celer pede aos seus parceiros euro-

peus. “E depois ela faz exactamente

o contrário.”

Mas o que realmente terá des-

pertado a ira dos comentadores

foi o longo tempo de reunião que

demorou a chegar ao anúncio de

tão pouco. “Não foi uma grande

reforma”, comentava o Süddeuts-

che Zeitung. “Esta coligação não é

de fazer grandes reformas.” Mais,

o diário diz que, apesar de a medi-

da ter tido como objectivo agradar

aos cidadãos, “fortaleceu apenas

um desejo: de que a coligação aca-

be depressa”.

AlemanhaMaria João Guimarães

Abuso de menoresClara Barata

Nuclear

Oposição critica “presente eleitoral caro”. Discussões longas entre os parceiros mostraram o estado de desacordo na coligação

Um inquérito terminado em 2000 no País de Gales pode ainda hoje vir a incriminar um importante político conservador?

Em causa, problemas de certificação. Governo prevê falhas de energia “sem precedentes”

que é que o inquérito deixou de fo-

ra uns 30% dos abusadores”, disse

Messham ao programa Newsnight.

“Basicamente foi o que me disse-

ram para fazer. Disseram-me para

não entrar em detalhes sobre esta

gente, que não podia dizer o nome

deles, que não me iam fazer pergun-

tas sobre eles.”

Quando os levavam para fora do

Bryn Estyn, um lar para rapazes,

tudo podia acontecer, contou Mes-

sham. “Em casa, eram abusos nor-

mais, violentos e sexuais. Lá fora,

era como se fôssemos vendidos.

Levavam-nos para o Hotel Crest, em

Wrexham, sobretudo nos domingos à

noite”, conta. Entre os seus abusado-

res, identifi cou um político tory, que

diz ter tentado denunciar à polícia

por duas vezes — mas a polícia não

acreditou nele.

Desta vez, num clima social e po-

lítico bastante diferente, David Ca-

meron garante estar a prestar muita

atenção. “Vou pedir a uma fi gura in-

dependente importante para liderar

uma investigação urgente sobre se o

inquérito original terá sido bem con-

duzido e reportar ao Governo”, disse

o primeiro-ministro. O secretário de

Gales do Governo Cameron, David

Jones, irá também encontrar-se em

breve com Messham.

No outro caso de pedofi lia que já

há um mês está a abalar as consciên-

cias britânicas, o do antigo apresen-

tador da BBC Jimmy Savile (falecido

no ano passado, aos 84 anos), já há

pelo menos 43 processos de vítimas

que buscam uma indemnização. Os

gestores da herança da ex-estrela da

televisão pública britânica, a BBC e

cinco outras instituições reconhe-

ceram ter sido notifi cadas por ad-

vogados que representam vítimas.

A polícia suspeita de que existam

pelo menos 300 vítimas do apre-

sentador, que teve amplo acesso a

menores durante a sua carreira de

quatro décadas.

Um dos processos é apresentado

por uma mulher que tinha apenas

oito anos quando terá sido abusada

por Savile, enquanto estava no hos-

pital Stoke Mandeville, a recuperar

de uma cirurgia — é a mais jovem das

mulheres que se revelou como vítima

do apresentador. A herança de Savi-

le, avaliada em 4,3 milhões de libras

(5,3 milhões de euros), foi congela-

da, na expectativa dos processos que

possam surgir.

Por outro lado, a BBC confi rmou

que 20 funcionários actuais da esta-

ção estão a ser alvo de uma investiga-

ção interna por denúncias de abusos

sexuais.

Jimmy Savile, o antigo apresentador da BBC

PÚBLICO, TER 6 NOV 2012 | MUNDO | 25

ATTA KENARE/AFP

EUA falam em ciberguerra do Irãomas há quem queira ver as provas

Manifestação antiamericana em Teerão

Hoje em dia, sempre que se fala so-

bre armas nucleares, é natural que

o primeiro país a surgir no mapa do

cérebro seja o Irão. Mas nos últimos

meses tem começado a formar-se

uma outra associação, que pode-

rá tornar-se tão imediata como a

primeira: para os EUA, o Irão está

a caminho de se tornar numa das

maiores potências no mundo dos

ataques informáticos.

Os media norte-americanos têm

multiplicado as notícias sobre alega-

dos ataques orquestrados por gru-

pos de hackers iranianos, alegada-

mente apoiados pelo Governo de Te-

erão. Ainda ontem, a CNN escrevia

que Barack Obama e Mitt Romney

têm debatido o programa nuclear

iraniano, mas “raramente discutem

o perigo mais iminente que o Irão

representa para os Estados Unidos:

a ciberguerra”.

De acordo com Roger Cressey,

vice-presidente da empresa Booz

Allen Hamilton — uma das mais

prestigiadas na área da consultoria

em segurança tecnológica —, “o Irão

está a tentar mostrar que tem capa-

cidade para perturbar a vida no Oci-

dente. O argumento deles é: ‘Saibam

que tudo o que vocês nos podem

fazer terá consequências’”.

Entre Setembro e Outubro, ata-

ques contra os sites de algumas das

mais importantes instituições fi nan-

ceiras norte-americanas, como o

Bank of America e o JPMorgan Cha-

se, e contra o sistema da maior em-

presa petrolífera do mundo, a Saudi

Aramco, levaram os media dos EUA

a escrever títulos como “Principais

bancos afectados pelo maior cibe-

rataque da história” (CNN) e “EUA

interpretam ataque contra empresa

saudita como um contra-ataque do

Irão” (The New York Times).

Na sequência dos ataques contra

bancos norte-americanos, o senador

Joe Lieberman foi o único responsá-

vel a implicar publicamente Teerão:

“Acredito que foi obra do Irão e acre-

dito que foi uma resposta às sanções

económicas decretadas pelos EUA e

pelos nossos aliados europeus.”

Para além das declarações de Joe

Lieberman, nenhum responsável da

Administração Obama ou dos servi-

ços secretos veio a público acusar

Teerão de estar a travar uma guerra

informática contra os EUA, o que

levou Sean Lawson, professor na

Universidade do Utah e especialista

em ciberguerra, a propor um outro

título para as notícias sobre o alega-

do envolvimento do Irão, num texto

publicado no site da revista Forbes:

“Fontes anónimas não apresentam

provas de ciberataques do Irão.”

O jogo das alegações sem provas

já tinha sido referido pelo site da

Bloomberg, no dia 25 de Outubro:

“Apesar de responsáveis norte-ame-

ricanos anónimos terem sugerido

que o Irão é o responsável pelo ata-

que de 15 de Agosto [contra a Saudi

Aramco], o código do vírus não con-

tinha nenhum elemento sofi sticado

que pudesse sugerir o envolvimento

de programadores apoiados por um

Estado.” A informação da Bloom-

berg, baseada em testemunhos dos

responsáveis — também eles anóni-

mos — pela investigação ao vírus que

atacou a Saudi Aramco, foi desmen-

tida pelo secretário da Defesa dos

EUA, Leon Panetta, que descreveu

o ataque como “altamente sofi sti-

cado”, salientando que “há poucos

países com tal capacidade”.

Para o especialista Sean Lawson,

a contradição entre o que dizem as

fontes anónimas das autoridades

norte-americanas e as fontes anó-

nimas das equipas de investigação

tem várias explicações: “A mais ób-

via é que os iranianos estão a ser

usados para que a Administração

decrete uma ordem executiva sobre

cibersegurança, em defesa de uma

nova legislação. Mas também con-

tribui para o sentimento comum de

medo e suspeita à volta do Irão.” O

professor da Universidade do Ohio

termina o texto a recordar uma ci-

tação do ex-secretário da Defesa

Donald Rumsfeld, quando em 2002

foi questionado sobre a ausência de

provas de que o Iraque tinha armas

de destruição maciça: “A ausência

de provas não prova a ausência.”

55mil computadores foram afectados num ataque contra a Saudi Aramco, que os investigadores não acreditam ter sido apoiado pelo Irão

A ideia de que o Irão lançou uma ciberguerra contra os EUA é posta em causa por especialistas norte-americanos, que questionam o grau de sofi sticação dos mais recentes ataques informáticos

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COM O PÚBLICO

PÚBLICO, TER 6 NOV 2012 | CIÊNCIA | 27

KAROLY ARVAI/REUTERS

Actualmente, as únicas vacinas comerciais contra a hepatite B são injectáveis

Há vários anos que Olga Borges e a

sua equipa, do Centro de Neuroci-

ências da Faculdade de Farmácia

da Universidade de Coimbra, recor-

rem às nanotecnologias para tentar

desenvolver vacinas não injectáveis

contra diversas doenças. E fabrica-

ram, em particular, uma vacina oral

contra a hepatite B que já deu resulta-

dos positivos no ratinho. A Organiza-

ção Mundial de Saúde (OMS) estima

que as doenças associadas à hepati-

te B são responsáveis anualmente,

a nível mundial, pela morte de 600

mil pessoas.

A nova vacina experimental é feita

de nanopartículas que transportam

diversas substâncias a bordo, tal co-

mo se fossem vírus artifi ciais, mas

inócuos. “Nós preparamos as nano-

partículas, fi zemos tudo aqui”, disse

ao PÚBLICO Olga Borges.

As nanopartículas, explica um co-

municado da universidade, são feitas

de quitosano, um derivado da quitina

(o composto natural da “casca” dos

crustáceos ou insectos), e transpor-

Cientistas portugueses desenvolveram vacina oral contra a hepatite B

tam um antigénio do vírus da hepa-

tite B — ou seja, uma molécula nor-

malmente presente à superfície do

vírus e que desencadeia, por parte

do organismo a ele exposto, a for-

mação de anticorpos contra o vírus.

E, como foram feitas para resistir ao

sistema digestivo, explica-nos ainda

Olga Borges, “o antigénio é transpor-

tado intacto até a umas estruturas

do intestino, chamadas ‘placas de

Peyer’, que pertencem ao sistema

imunitário”. Aí, as nanopartículas

serão “engolidas” por células imuni-

tárias especializadas e, passados uns

tempos, libertarão o seu conteúdo.

Uma vacina oral teria várias van-

tagens em relação às vacinas injectá-

veis. Por um lado, a sua conservação

não precisaria de refrigeração e ela

seria obviamente muito fácil de admi-

nistrar. E, mais, salienta a cientista: a

vacina oral induz a produção de ele-

vadas concentrações de anticorpos

nas mucosas. Ora, como a hepatite B

é uma doença sexualmente transmi-

tida, que penetra pelas mucosas dos

órgãos reprodutores, o vírus poderia

assim ser combatido logo “na porta

de entrada do nosso organismo”.

Os cientistas administraram aos

ratinhos três tomas da vacina oral,

de 15 em 15 dias, e a seguir mediram

não só os níveis de anticorpos anti-

hepatite B no sangue, como também

nas mucosas dos animais tratados.

“Os nossos estudos correram bem,

obtivemos uma boa resposta imuni-

tária”, frisa Olga Borges. O trabalho

foi fi nanciado pela Fundação para a

Ciência e a Tecnologia e pelos labora-

tórios GlaxoSimthKline, que “forne-

ceram o antigénio que usam na sua

vacina injectável do mercado”, refere

Olga Borges.

A fase seguinte, a dos ensaios clí-

nicos, não está ainda à vista, uma

vez que requer “um fi nanciamento

gigantesco”, acrescenta a cientista.

Mas a equipa de Coimbra tem entre-

tanto avançado para outras estraté-

gias de imunização contra a hepatite

B — nomeadamente, para uma vaci-

na nasal. A via nasal promete “uma

maior capacidade de induzir anticor-

pos na mucosa associada aos órgãos

reprodutores do que a via oral”, diz

Olga Borges. Já estão há três anos a

desenvolver nanopartículas especial-

mente destinadas a esta segunda for-

ma de administração e os testes em

ratinhos deverão começar no início

do ano que vem.

Ainda uma outra vantagem apon-

tada pelos cientistas é que este ti-

po de vacinas também poderá ser

benéfi co para as pessoas que já se

encontram infectadas pelo vírus da

hepatite B. “As [nossas] nanopartícu-

las contêm também outras substân-

cias, ditas ‘imunomoduladoras’, e a

resposta imunitária que provocam é

ligeiramente diferente da resposta às

vacinas injectáveis. Isso pode ser útil

para [tratar] os portadores do vírus”,

diz Olga Borges.

NanotecnologiaAna Gerschenfeld

A vacina desencadeou em ratinhos uma resposta imunitária promissora. A equipa vai agora testar a via nasal, talvez mais eficaz

Miguel Seabra: institutos vão ter novas regras de financiamento

No Orçamento do Estado de 2013

reservou-se financiamento para

contratar 400 doutores, anunciou

ontem a secretária de Estado da Ciên-

cia, Leonor Parreira, no Pavilhão do

Conhecimento, em Lisboa. Boa par-

te destas contratações serão para os

Investigadores FCT, o novo concurso

internacional que substitui o progra-

ma Ciência 2007, que fez contratos

de cinco anos com doutorados.

O Ciência 2007 contratou, entre

2007 e 2009, mil investigadores. O

programa Investigadores FCT, lan-

çado este ano pela Fundação para

a Ciência e a Tecnologia, pretende,

segundo o Ministério da Educação

e Ciência, atrair cientistas de “ex-

celência” capazes de ir buscar fi -

nanciamento estrangeiro. “É obri-

gatório haver mais candidaturas,

mais risco, mais participação no VII

Programa-Quadro europeu. É abso-

lutamente necessário conseguirmos

mais fundos”, disse Leonor Parreira,

referindo-se ao actual programa de

fi nanciamento europeu, que acaba

em 2013.

Entre 2007 e 2011, Portugal con-

tribuiu com 450 milhões de euros

para o programa-quadro, mas só foi

buscar 300 milhões em bolsas, disse

ainda Leonor Parreira no Grande de-

bate nacional sobre os investigadores

em ciência e tecnologia, organizado

Ministério da Ciência garante que vai contratar 400 doutores em 2013

por Celeste Pereira, do Instituto de

Engenharia Mecânica e Gestão Indus-

trial do Porto, e Domingos Barbosa,

do Instituto de Telecomunicações

de Aveiro.

No Orçamento do Estado de 2013,

a FCT terá cerca de 420 milhões de

euros. Para Leonor Parreira, o siste-

ma científi co português tem de dei-

xar de ser tão dependente do Estado

e, para ser sustentável, ser fi nanciado

em dois terços por privados.

No entanto, já há cortes. Segundo

a FCT, que é a principal fi nanciado-

ra da ciência portuguesa, o dinheiro

anual para o conjunto de parcerias

com universidades estrangeiras bai-

xará para 10 milhões de euros, cerca

de um terço do que era. Os memo-

randos com as universidade Austin-

Texas e Carnegie-Mellon foram re-

novados por mais cinco anos, com

um fi nanciamento anual de dois e

quatro milhões de euros, respectiva-

mente. A FCT ainda está em negocia-

ções com o Instituto de Tecnologia

do Massachusetts.

Dentro de 420 dias, a União Euro-

peia mudará o paradigma da política

de ciência. Em 2014 entrará em cena

o Horizonte 2020. Estarão em causa

cerca de 80.000 milhões de euros, ao

todo. Portugal, numa altura de vacas

magras, terá de se virar para este pro-

grama. E Miguel Seabra, presidente

da FCT, apresentou ontem o primei-

ro rascunho de um plano nacional

para o sistema científi co se preparar

para esta nova competição.

Além dos Investigadores FCT, cuja

primeira fornada vai ser anunciada

até ao fi m do ano — serão escolhidos

mais de 80 cientistas e os seus projec-

tos, das 1175 propostas apresentadas

—, a fundação vai ainda lançar até

ao fi nal do ano o concurso de novos

programas de doutoramento das uni-

versidades. As candidaturas poderão

ser feitas por universidades com boas

avaliações, associadas a unidades de

investigação também de qualidade.

Há ainda lugar para programas in-

ternacionais, desde que a entidade

estrangeira esteja disposta a entrar

no fi nanciamento.

Outra novidade está relacionada

com o fi nanciamento dos institutos.

No novo modelo, serão as unidades

de investigação a apresentar uma es-

tratégia científi ca avaliada pela FCT.

“O fi nanciamento vai ser para os

objectivos estratégicos a que se pro-

põem”, disse Seabra ao PÚBLICO.

Para já, Domingos Barbosa não

consegue avaliar o plano, mas uma

coisa é certa: veio tarde. “Devíamos

estar a preparar-nos há dois anos pa-

ra o Horizonte 2020.”

Política científicaNicolau Ferreira

Está à porta o novo programa de financiamento da ciência europeia: entre 2014 e 2020, terá 80.000 milhões de euros

28 | CULTURA | PÚBLICO, TER 6 NOV 2012

Uma noite com os fantasmas de Patti Smith e Obama ao longe

A cantora chegou a Viena exausta depois do furacão Sandy. Patti, que cantou a revolta, acha que hoje só o ambiente pode voltar a unir as vozes

DR

Patti Smith e Robert Mapplethorpe

Uma mesa e cadeira de café, um ra-

mo de fl ores lá atrás, água e duas

guitarras. E depois os óculos, para

Patti Smith ler pedaços de Apenas

Miúdos, a biografi a em que conta o

seu encontro com Robert Mapple-

thorpe (editada em Portugal pela

Quetzal), em Nova Iorque, quando

eram “apenas miúdos”, mas anun-

ciavam a si próprios isto, em 1969:

“A década de 70 será nossa.” Foi an

evening com Patti Smith, dia 4 de

Novembro, pequena sala do Kino

Metro, Viena.

A data foi escolhida pela própria

para este acontecimento inserido

na Viennale, o festival de cinema

da cidade austríaca (a organização

entregou câmaras a vários dos reali-

zadores do festival para fi lmarem o

espectáculo, entre eles o português

Miguel Gomes). É que a 4 de Novem-

bro (de 1946) nasceu o artista da sua

vida, Mapplethorpe, e a 4 de Novem-

bro (de 1994) morreu o amor da sua

vida, Fred “Sonic” Smith. As coinci-

dências não acabam, Mapplethorpe

morreu a 9 de Março de 1995 e foi

num 9 de Março (de 1976) que Patti

conheceu Smith. “Acho que foi uma

espécie de vingança de Freddie”,

graceja Patti em cima do palco. Pe-

los vistos, não está apenas com uma

mesa, uma cadeira e duas guitarras,

mais a água e os óculos.

O espectáculo está povoado pelos

fantasmas de Patti, aqueles que ela

convoca com as canções, os textos

e que podem ser a mãe, o pai, o ma-

rido, o amigo, e ainda Rimbaud, e

ainda William Blake, e ainda Allen

Ginsberg e...

No dia 5 de manhã, Patti encon-

trar-se-ia com um grupo de jornalis-

tas e diria ao PÚBLICO: “Perdi muita

gente ao longo da minha vida, mas

não sou uma pessoa nostálgica.

Aprendi a lidar com a perda da me-

lhor maneira. Podia fi car a chorar

para sempre. Mas não, tento trazer

as pessoas que perdi para o meu

presente, tento comunicar com os

meus mortos. Sei o que é conver-

sar com o meu marido, por isso falo

com ele, quando se trata de resolver

Música Vasco Câmara, em Viena

um problema da minha fi lha. Falo

com a minha mãe, quando há um

problema qualquer de saúde e tam-

bém posso falar com um artista ou

um poeta, Rimbaud ou Ginsberg. É

uma coisa viva, não é uma coisa do

passado.”

Está bem acompanhada, por isso

começou o serão no Metro Kino com

Grateful, mas não se entendeu com

a guitarra, que era emprestada. Os

seus instrumentos fi caram em No-

va Iorque, culpa do furacão Sandy,

que a deixou cinco dias sem água e

luz, sozinha com os gatos. Chegou a

Viena emocionalmente exausta, não

se quer queixar disso, porque a em-

baraça pensar nos países do mundo

em que a calamidade é o dia-a-dia,

mas de facto não se entendeu com

as guitarras... “Não é culpa delas, eu

é que sou muito limitada.”

Foram seis (tentativas de) can-

ções, que incluíram uma versão

a capella de Because the Night que

agarrou os espectadores em coro

ao refrão (letra que escreveu para

Freddie Smith, enquanto desespera-

va por um telefonema dele que não

chegava), uma recitação da letra de

People have the power (“tema” que

lhe foi lançado pelo marido, como

um desafio, enquanto Patti des-

cascava as batatas para o jantar) e

terminou com os uivos de Banga,

do último disco, canção de home-

nagem ao cão de Pôncio Pilatos em

Margarita e o Mestre, de Bulgakhov,

e o desafi o: Believe or explode!. Entre

elas, as evocações gloriosas e líricas,

doces e ácidas (porque Mapplethor-

pe reluzia em LSD) da Nova Iorque

dos anos 70 contidas em Apenas Mi-

údos. A chegada, no Verão de 1967,

quando morreu John Coltrane: a

Nova Iorque de St Marks Place com

White Rabbit a ecoar do Electric Cir-

cus, a cidade com “a luz do expres-

sionismo abstracto”... Dormia na

rua, nos jardins, até no cemitério.

Um dia estava a morrer de fome e

um desconhecido pagou-lhe uma

sandes. Era Allen Ginsberg, que

julgava que podia ter sorte com o

“bonito rapaz” com que acabava de

se cruzar. Quando descobriu que ele

era ela, não obrigou Patti a devolver

a sandes e foi o início de uma bela

amizade. Noutro dia foi salva “de

PÚBLICO, TER 6 NOV 2012 | CULTURA | 29

uma situação difícil” por um rapaz

encharcado em LSD e acabaram os

dois a dizer um ao outro, ao mes-

mo tempo: “Posso dormir em tua

casa?” Tinham-se encontrado, Patti

e Robert. Ela dava-lhe Dylan (e uma

sopa de alface que não se quer pro-

var), ele respondia-lhe com o som

da Motown. Um dia mais tarde ele

fotografava-a para a capa de Horses,

evidenciando a luz que apanhava

a sua camisa branca e levando-a a

imitar a pose de Frank Sinatra pen-

durando o casaco atrás do ombro.

“Quando olho para essa foto, não

me vejo a mim, vejo-nos a nós.”

Foi na tour de Horses que conhe-

ceu o futuro marido, olhou e pensou:

“É com ele que me vou casar.” “Ele

era um revolucionário.” Foi Freddie

que chegou a casa e disse: “Tricia,

‘people have the power’, pensa nis-

so...” Hoje, Patti diz que o povo tem

muito menos poder, porque ainda

não descobriu o poder que pode

ter, se se unir numa causa. Os EUA,

especifi camente, perderam a capa-

cidade de liderança revolucionária.

Os artistas calaram-se “com medo,

puro medo”, nos anos Bush, diz, e a

América, que teve a sua quota-parte

de revoluções, “perdeu o sentido de

compreensão sobre o que as outras

culturas precisam”. Patti sempre

DR

Paulo Castilho é diplomata de carreira

Apesar de estar convencido que os

escritores são as piores pessoas para

falar sobre os livros, Paulo Castilho

voltou ontem a folhear o seu roman-

ce, Domínio Público, porque no do-

mingo à noite foi-lhe atribuído, por

maioria, o Prémio Fernando Namora

no valor de 25 mil euros.

Entre os fi nalistas estavam João

Tordo (Anatomia dos Mártires), Ana

Cristina Silva (Cartas Vermelhas),

Lídia Jorge (A Noite das Mulheres

Cantoras) e Dulce Maria Cardoso (O

Retorno). De acordo com a acta, o

júri presidido pelo poeta e escritor

Vasco Graça Moura escolheu esta

obra porque considerou que se tra-

ta “de um romance que propõe um

olhar tão lúcido quanto irónico sobre

as relações humanas na sociedade

portuguesa actual” e que “a carac-

terização das personagens, nos seus

encontros e desencontros, nas suas

ilusões e expectativas, nas suas boas

intenções ou até no seu cinismo, é

feita em registos bem diferenciados,

com agilidade e humor”.

Um escritor rabujentoO livro publicado em 2011, pela D.

Quixote, foi escrito por Paulo Cas-

tilho numa altura em que Portugal

estava na situação de pré-troika:

entre 2009 e 2010. Por isso, Domí-

nio Público, que é o seu sétimo ro-

mance, tem uma personagem, “um

escritor mal-disposto e rabugento”,

que faz muitos comentários e diz coi-

sas muito negativas sobre o país, que

já mostra “um certo desalento” no

estado de espírito dos portugueses

cuja vida já era afectada pela crise

naquela altura. Este livro Domínio

Público tem várias personagens que

já estiveram em livros anteriores.

“Elas envelhecem, têm idade, sou

muito rigoroso nisso. Faço cronolo-

gias com anos e idades, não há batota

nenhuma. As personagens seguem o

seu curso como se fossem pessoas

reais.” Neste livro procurou incluir

humor e ironia. “Há personagens

retratadas nesse espírito que é uma

maneira de olhar para as coisas. As

pessoas não se levarem excessiva-

mente a sério”, diz.

Prémio Fernando Namora para Paulo Castilho e história de família que cria fundação

A académica Maria Alzira Seixo,

que fez parte do júri, escreveu no

Jornal de Letras que este romance

“poderia ter em subtítulo: como

se faz e desfaz uma fundação”. É

que o livro está estruturado à volta

de uma família que pretende criar

uma fundação para honrar o nome

do avô que morreu há pouco tempo

dedicada à defesa da literatura e da

língua portuguesa. “Na questão do

fi nanciamento da fundação é que as

coisas se complicam”, conta o escri-

tor sem revelar mais.

Paulo Castilho aproveita este

objectivo de criar a fundação para

abordar no romance temas que lhe

interessam. “Um dos problemas

portugueses é o de tratarmos mal

e esquecermos o nosso passado,

tanto no domínio das letras como

em outros, nomeadamente até na

história”, explicou ao PÚBLICO.

“Esquecemos muito os escritores.

Em Portugal, esquece-se tudo, um

desses casos é o próprio Namora.

Ganhei agora o Prémio Fernando

Namora, mas o próprio Namora é

pouco conhecido. A geração mais

nova não faz ideia da popularidade

que teve o Namora. De repente, caiu

no olvido total. Toda a gente acha

que está a descobrir o mundo e,

portanto, como dizia um pensador

americano, estamos condenados a

repetir o passado.”

O escritor vê “uma certa justiça

poética” em lhe ter sido atribuído

um prémio com o nome de um escri-

tor esquecido, e desconhecido para

as novas gerações, pois vê Domínio

Público como “um livro contra o

esquecimento”.

“Não falo de Fernando Namora

no livro, mas falo de Teixeira Go-

mes, que está editado mas ninguém

liga, ninguém sabe quem é, mas é

um grande escritor. Achei curioso e

importante receber este prémio até

por causa disso. E tem um júri pres-

tigiadíssimo e, para quem escreve, é

sempre altamente reconfortante ter

reconhecimento”, concluiu.

O escritor, diplomata de carreira,

foi embaixador de Portugal na Su-

écia, no Conselho da Europa e na

Irlanda. Diz que, quando se vive em

contacto com outras culturas, fi ca-

se com pontos de vista diferentes

sobre as coisas embora nunca se dei-

xe de ser aquilo que se é: “No meu

caso, de ser português”. Regressou

a Portugal: “Estou reformado, já. Fa-

ço parte desse número crescente de

pensionistas que representam um

encargo para o erário público em

que aparentemente ninguém pen-

sou ao longo dos anos. Enfi m, mas

isso é outra história.”

Literatura Isabel Coutinho

O escritor vê justiça poética em receber prémio com nome de escritor esquecido. Domínio Público também é “um livro contra o esquecimento”

Paulo Castilho nasceu em 1944 e é filho do diplomata e ensaísta Guilherme de Castilho e

da escritora Marta de Lima. Enquanto não começa a escrever um novo romance, tem estado a organizar a correspondência literária do seu pai, que gostaria de um dia vir a publicar. “Quando o meu pai chegou a Coimbra, à universidade, a Presença era já uma revista que ele venerava. Era era amigo dos fundadores. Tenho cartas dessa gente toda”, disse ao PÚBLICO. São dezenas de cartas que mostram como eram as relações entre os escritores daquela geração na década de 1930.

Cartas do pai

achou aborrecido, no passado, o fas-

cínio dos europeus perante o clube

CBGB nova-iorquino (“Arranjem vo-

cês o vosso CBGB”, dizia aos miúdos

nos concertos), fascina-a, por isso,

hoje os statements de revolta que sur-

gem através das Pussy Riot.

Mas qual foi o sortilégio dos anos

1960-1970? “O Vietname juntou toda

a gente, independentemente de ser-

mos democratas ou republicanos.

Deu a todos um espaço de união,

para além do estatuto social, econó-

mico, religioso. Por isso as pessoas

pareciam conseguir tudo. E cultural-

mente todos ouvíamos os mesmos

discos, Beatles, Dylan, Neil Young,

e os mesmos programas de rádio.

As canções ecoavam as nossas aspi-

rações. Agora há tantas possibilida-

des — a democracia é maravilhosa,

mas o sentido de liderança fi ca em

perda... — que as pessoas já não se

conseguem encontrar num objectivo

unifi cador. A Internet dá a sensação

de que uma causa pode ser conhe-

cida globalmente, mas a nova gera-

ção tem de aprender que isso não

chega. É preciso que as pessoas se-

jam afectadas directamente para se

unirem. A única coisa, acho, que po-

de conseguir isso é a causa ambien-

tal. Há cada vez mais terramotos,

inundações, tempestades, doenças

motivadas pelo ambiente... Espero

não ser necessário uma grande ca-

tástrofe para as pessoas se unirem.”

Patti está marcada pelo furacão

Sandy. Acha que as sequelas da

tempestade podem infl uenciar os

resultados das eleições americanas.

De um lado, ao ter afectado uma

população com menores recursos,

pode afectar a candidatura de Oba-

ma. “Por outro lado, vivendo nós

uma situação de crise, acho que os

americanos não gostam de grandes

mudanças em situações dessas. Pre-

ferem jogar na estabilidade, ou se-

ja, isso pode ser favorável a Obama”

— um “bom homem em essência”,

mas não concorda com ele em tudo,

por isso Patti abstém-se.

Mostra uma foto da casa dos anos

de 1910 que está a reabilitar em Ro-

ckaway, Nova Iorque: tudo ao lado

foi devastado pela tempestade, mas

o “casebre”, como ela diz, fi cou in-

tacto. É ali que, depois da digres-

são de Banga, que incluirá concer-

tos com Neil Young and the Crazy

Horse, regressará a um projecto de

livro sobre viagens imaginadas em

que um dos capítulos se chamara

Lisbon Antigua, sobre uma cidade

que a fascina desde que, em criança,

viu álbuns de fotografi as com pes-

cadores portugueses.

“Falo com a minha mãe, quando há um problema de saúde, e também posso falar com um artista ou um poeta, Rimbaud ou Ginsberg”, conta Patti Smith

30 | CULTURA | PÚBLICO, TER 6 NOV 2012

FOTOS: ADELAIDE CARNEIRO

Rousset: “A música barroca tornou-se uma moda cheia de oportunismos”

Cravista, maestro fundador do en-

semble Les Talens Lyriques, mu-

sicólogo e pedagogo, Christophe

Rousset (n. Avignon, 1961) dedicou

uma semana à Casa da Música. O

Porto pôde ouvi-lo, em estreia na

Sala Suggia e na cidade, na quarta

e quinta-feira passadas, a solo e à

frente da sua formação, a mostrar o

refi namento do barroco francês na

música de dois dos seus composito-

res maiores, Jean-Philippe Rameau

e François Couperin. Hoje vai poder

vê-lo de novo, desta vez a dirigir a

Orquestra Barroca Casa da Música

(OBCA), no fi nal de uma residência

artística integrada no festival À Volta

do Barroco e no âmbito da progra-

mação que a casa dedica, este ano,

à música francesa.

Depois de dois concertos em que

mostrou por que é considerado um

dos expoentes actuais no estudo e

na interpretação da música barro-

ca, Rousset iniciou na sexta-feira um

programa de quatro dias de ensaios

intensivos com a OBCM. Bach, Ra-

meau, de novo, e Jean-Marie Leclair

foram os compositores escolhidos

pelo maestro para o programa com

a orquestra portuense (hoje, na Sala

Suggia, 19h30). E foi uma atmosfera

festiva e contaminada pela ilumina-

ção da música e pela direcção do

maestro que o PÚBLICO encontrou

na primeira sessão de trabalho na

casa.

“Em Rameau, as suites e a músi-

ca de dança são sempre um diverti-

mento, mesmo que se trate de uma

peça que tem momentos de gravida-

de e de tragédia, com morte e cho-

ro pelo meio, como acontece com

Castor et Pollux”, explica Rousset,

referindo-se à suite da ópera com

aquele título (que integra o progra-

ma do concerto de hoje).

Num intervalo do ensaio, o maes-

tro-cravista partilhou a primeira im-

pressão com que fi cou do colectivo

de 16 instrumentistas da OBCM. “A

matéria-prima está cá; agora é pre-

ciso que trabalhemos em conjunto

para chegar àquilo que queremos.”

Rousset escolheu Bach, Rameau e

Leclair para o programa, em primei-

ro lugar para mostrar a música do seu

país e “como ela foi importante do

ponto de vista da exportação de um

O maestro-cravista ensaiou quatro dias com os músicos da orquestra a interpretação de obras de Bach, Rameau e Leclair. “Em Rameau, as suites e a música de dança são sempre um divertimento, mesmo numa peça que tem momentos de tragédia”, explicou Rousset

O cravista francês dirige hoje a Orquestra Barroca Casa da Música num concerto que fi naliza a sua residência artística no Porto. Christophe Rousset acha que o espírito do barroco está a ser maltratado

À Volta do BarrocoSérgio C. Andrade

muito divertida, uma narrativa cheia

de personagens que estão constante-

mente a mudar, principalmente no

último movimento, que é realmente

louco —, Huw Daniel constatava que

era “muito fácil” ensaiar com o ma-

estro francês.

Também violinista, a portuguesa

Ariana Dantas salientava, no fi nal do

primeiro ensaio com as peças de Ba-

ch, o signifi cado de estar a trabalhar

com “um dos cravistas mais aclama-

dos mundialmente, com mais de 20

anos de pesquisa historicamente in-

formada”. “Vê-se que é um maestro

muito atento ao pormenor, que está

sempre muito focado no estilo que

pretende abordar”, acrescentou esta

instrumentista de Viana do Castelo,

formada na ESMAE, no Porto, e que

estilo”. Nota, de resto, que o próprio

Bach (1685-1750), compositor con-

temporâneo de Rameau (1682-1764)

e que chegou a fazer transcrições de

uma peça de Couperin (1668-1733),

se deixou infl uenciar pelo barroco

francês no início da sua carreira. É

por isso que o concerto da OBCM vai

ter em paralelo suites de Rameau e

de Bach, além do Concerto para cravo

em lá maior, do compositor alemão,

que o próprio Rousset tocará como

solista. De Leclair, será interpreta-

do o Concerto para violino op. 7, n.º

4, sendo solista o galês Huw Daniel,

concertino da orquestra.

Como os seus companheiros, este

músico estava a estrear-se a trabalhar

com Rousset. E depois da “festa” que

foi ensaiar Rameau — “é uma música

PÚBLICO, TER 6 NOV 2012 | CULTURA | 31

chegou à OBCM depois de ter pas-

sado pela sua antecessora, a Remix

Orquestra.

Residência artísticaA Casa da Música convidou Rousset

para fazer uma residência artística

com a sua Orquestra Barroca pre-

cisamente por se tratar de “um dos

músicos mais importantes do bar-

roco francês da actualidade, e que

desenvolveu um projecto, quer mu-

sicológico, quer interpretativo, de

grande importância”, explica Ale-

xandre Santos, coordenador da OB-

CM. “Todos os anos, esta orquestra

tem maestros convidados, que vêm

fazer residências do género desta”,

acrescentou. Mas já não é tão habi-

tual que, ao ensaio e direcção da or-

questra, um convidado acrescente

concertos a solo e com um seu gru-

po, como está a suceder com o líder

de Les Talens Lyriques.

“É uma oportunidade rara e muito

interessante poder fazer estas três

coisas, sobretudo numa cidade como

o Porto, que sei — e mostrou-me nos

concertos [de quarta e quinta-feira]

— que tem um público que está dispo-

nível para ouvir”, disse Rousset.

O maestro encontrou a mesma

disponibilidade e entusiasmo para

trabalhar junto dos músicos da or-

questra. No primeiro ensaio em que

já chamava os músicos pelo nome

próprio, Rousset insistia na questão

do ritmo: “Evitem correr, não quei-

ram chegar depressa...”. E chamava

a atenção para a luminosidade das

obras: “Rameau é uma música cheia

de pequenas coisas e sempre muito

relaxante”.

Mas isso não signifi ca que a música

do compositor francês seja fácil. Pelo

contrário: “Rameau é muito comple-

xo”, disse o maestro ao PÚBLICO. “É

preciso encontrar o espírito certo e

o efeito justo, e isso vai demorar o

tempo que for preciso.”

Reconhecido pela exigência que

coloca na investigação histórica e

musicológica que faz como suporte

do seu trabalho de intérprete e ma-

estro — publicou já um livro sobre

Rameau, por exemplo —, Rousset

tem uma visão muito crítica sobre

a situação da música barroca na

actualidade. “Tornou-se uma mo-

da, que tem permitido um grande

oportunismo.” E cita mesmo o caso

da diva italiana Cecilia Bartoli, que

acusa de se ter aproveitado da mú-

sica barroca “para se tornar uma es-

pecialista, que nunca foi”. “Ela não

vem desse domínio, mas percebeu

que esse reportório lhe convinha e,

um pouco por oportunismo, apro-

veitou-se dessa música que funciona

bem junto do público”.

Rousset considera, de resto, que

“há muita gente a maltratar a música

barroca italiana” — da qual se tornou

também um especialista, especifi ca-

mente atento à Escola Napolitana —,

“e a abordá-la de uma forma muito

selvagem, com interpretações ex-

cessivas”. Dá o exemplo de Vivaldi,

“um compositor cuja música, hoje

em dia, se tornou muito violenta,

quando a sua violência não é sono-

ra, mas interior”.

Ao maestro-cravista interessa-lhe

“regressar ao espírito da música, e

compreender a estética” para a ser-

vir e não servir-se dela, reclama. E

faz um paralelismo com a pintura.

“Quando olhamos um quadro vene-

ziano do século XVIII, não estamos

perante a violência, mas perante a

sedução. Quando pegamos numa

música de Couperin, entramos num

mundo que é o mesmo da pintura de

Wateau e de Boucher dos primeiros

anos, extremamente refi nado, que

nos fala do espírito das coisas. Com

Bach estamos também nessa tradi-

ção de refi namento, e é a isso que

eu pretendo chegar.”

Esse espírito da música barroca

não passa, necessariamente, pela

utilização de instrumentos da épo-

ca, como muitos defendem. “Pode-

mos muito bem tocar Bach, Vivaldi

ou Haendel com instrumentos mo-

dernos”. Já com Couperin e Rameau

é mais difícil. Rousset explica que a

música de Couperin “foi pensada es-

pecifi camente para o instrumento,

daí que seja muito difícil transpô-

la”. Em Rameau, distingue a música

para cravo — que, “como a de Bach,

é menos sobre o som e mais sobre

um conceito” — e a que foi composta

para orquestra. “Esta é muito parti-

cular, e já sofre com a utilização de

instrumentos modernos”, diz.

Rousset, que já tocou na Gul-

benkian, em Lisboa, e no Festival

da Póvoa de Varzim, quer conhecer

melhor a música barroca portuguesa.

Já interpretou um concerto de Car-

los Seixas, e adorou. Pediu agora no

Porto que lhe arranjem a partitura de

um concerto para cravo do mesmo

compositor. Também se cruzou com

Marcos Portugal e Francisco António

de Almeida, que achou “interessan-

tes”. Mas diz querer explorar mais o

barroco português.

É a marca da sua carreira. “Aquilo

que mais me agrada é variar, expe-

rimentar coisas diferentes, na vida

como na música, como passar de

Monteverdi a Rameau, de Haendel

a Mozart…”

Breves

Património

Inundação na Politécnica

Elísio Summavielle demite-se e Barreto Xavier aceita

Programação dos Artistas Unidos suspensa

O director-geral do Património Cultural, Elísio Summavielle, apresentou ontem o pedido de demissão ao novo secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, que o aceitou. De acordo com uma nota de imprensa divulgada ontem à noite pelo gabinete do secretário de Estado da Cultura, o responsável pela Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC) desde Fevereiro alegou “razões de ordem pessoal”. O PÚBLICO tentou contactar Elísio Summavielle, que foi secretário de Estado da Cultura do último Governo PS na altura em que Barreto Xavier se demitiu da Direcção-Geral das Artes, mas até à hora do fecho desta edição não foi possível. Em Agosto, numa entrevista ao PÚBLICO, admitia candidatar-se a uma autarquia, quando abandonasse a DGPC.

A inundação de sábado nos espaços do Teatro da Politécnica, em Lisboa, onde os Artistas Unidos estão instalados desde 2011, obrigou ao cancelamento da estreia de Peça do coração — For him a new fragrance, prevista para quinta-feira no âmbito do Festival Temps d’Images. A permanência da companhia no Teatro da Politécnica está em causa, diz o director dos Artistas Unidos, Jorge Silva Melo. “A programação por ora está suspensa e não sabemos quando é que podemos retomar e se é que podemos continuar aqui. Aguardamos uma reunião com a reitoria [da Universidade de Lisboa]”, disse à Lusa. A inundação “põe em perigo todo o sistema de electricidade. O tecto da casa de banho caiu, há projectores com água”, descreveu.

MIGUEL MANSO

Esta é uma das mais populares óperas cómicas de Donizetti

Se quiser divertir-se um pouco atra-

vés de uma das mais populares ópe-

ras cómicas de Donizetti, e não exigir

com isso fi car extasiado, pode dirigir-

se ao Teatro Nacional de São Carlos

hoje ou nos dias 8 e 10 e assistir a Don

Pasquale: história de um velho abas-

tado que decide casar-se, ao mesmo

tempo que pretende deserdar o seu

sobrinho, apaixonado por uma viúva

sem posses.

É sabido que as restrições de orça-

mento e planeamento que afectam

o nosso único teatro de ópera são

graves: daí resultam o subaproveita-

mento dos seus recursos próprios e

a impossibilidade de organizar uma

temporada regular. As difi culdades

talvez expliquem que o presente

espectáculo adopte uma produção

alheia (do Teatro La Fenice de Vene-

za) e que o elenco de cantores seja

algo desequilibrado. Houve, porém,

critério na escolha da produção: a

encenação de Italo Nunziata, com-

pletada por fi gurinos e cenografi a de

Pasquale Grossi e desenho de luz de

Patrick Latronica, é inteligente, ágil e

económica. O encenador situou a ópe-

ra perto de 1930 e jogou (sem abuso)

com as imagens cinematográfi cas de

então. O grande achado cénico foi a

divisão do palco em três zonas comu-

nicantes mas bem delimitadas, o que

multiplicou as combinações e movi-

mentações. Nesta base, emergiu uma

Don Pasquale, comédia para a família

direcção musical (de Carlo Rizzari)

que se distinguiu pela energia trans-

mitida à orquestra, cujos metais pode-

riam ter sido levados a dar mais valor

à perfeição. O coro, vocal como ceni-

camente, teve um desempenho notá-

vel. Os solistas, à parte uma interven-

ção do notário (bem interpretado por

Frederico Santiago) não são mais que

quatro: Don Pasquale ( José Fardilha),

Norina (Eduarda Melo), Dr. Malatesta

(Yanni Yannissis) e Ernesto (Mathias

Vidal). É neste elenco que o espec-

táculo mostra as maiores limitações.

O conhecido barítono José Fardi-

lha, no papel principal, tem uma in-

terpretação soberba, na segurança

artística e na graça que empresta à

personagem; domina todos os regis-

tos, incluindo o mais grave. O baríto-

no grego Yannissis move-se e canta

com a desenvoltura da experiência,

mas a voz fl ui com difi culdade em

passagens rápidas carregadas de no-

tas. O jovem tenor francês Vidal evi-

dencia garra interpretativa, riqueza

tímbrica e sólida técnica vocal, sem

roçar a excepcionalidade. Já a jovem

soprano Eduarda Melo, no segundo

papel mais importante desta ópera,

foi porventura um erro de casting

motivado pela impossibilidade fi nan-

ceira de contratar uma cantora con-

sagrada. Justamente aplaudida pelo

público pela entrega artística, pelo ta-

lento de actriz, clareza vocal, correc-

ção musical e óptima prestação nos

números de conjunto, tem uma voz

que não surge ainda sufi cientemente

densa, dúctil e amadurecida para o

seu solo, deixando a sensação de uma

presença menor, demasiado ligeira

na afi rmação do texto, sem chegar a

ser leve no fl oreado vocal. Este papel

surgiu cedo de mais no decurso de

uma carreira que se espera dê ainda

muitos e bons frutos.

Crítica de Ópera

Don Pasquale, de Gaetano Donizetti, pela Orquestra Sinfónica Portuguesa e Coro do TNSC, dir. Carlo Rizzari.

Lisboa, Teatro Nacional de São Carlos,

4 de Novembro, 16h. Sala cheia.

Manuel Pedro Ferreira

mmmMM

Rua Viriato, 131069-315 Lisboa

[email protected]

Tel. 21 011 10 10/20 Fax 21 011 10 30De seg a sex das 09H às 19H32 PÚBLICO, TER 6 NOV 2012CLASSIFICADOS

TRIBUNAL DO TRABALHODE LISBOA

1.º Juízo - 2.ª SecçãoProcesso: 2495/09.8TTLSBAção de Processo Comum

ANÚNCIOAutora: Denise Alves de Assis.Réu: António Pedro Almeida Reis da Veiga Rossa.Nos autos acima identifi cados, correm éditos de 30 dias, contados da data da segunda e última publicação do anún-cio, citando o Réu: António Pedro Almei-da Reis da Veiga Rossa, domicílio: Rua Eleutério Teixeira, n.º 12, 4.º Dt.º, Monte da Caparica, 2925-000, com última resi-dência conhecida na morada indicada, para no prazo de 10 dias, decorrido que seja o dos éditos, contestar, querendo, a ação, com a cominação de que a falta de contestação importa a confi ssão dos factos articulados pelo autor sendo logo proferida sentença a julgar a causa con-forme for de direito e que em substância o pedido consiste, o réu pagar à autora a quantia de € 7.878,00 relativo a férias não gozadas e ao respectivo subsídio, pagar à autora a quantia de € 1.969,50 relativo ao subsídio de Natal, efectuar descontos para a Segurança Social, pa-gar à autora juros vencidos e vincendos à taxa legal sobre todos os valores que se mostrem devidos tudo como melhor consta do duplicado da petição inicial que se encontra nesta Secretaria, à dis-posição do citando.Deve, com a contestação, juntar os documentos, apresentar o rol de tes-temunhas e requerer quaisquer outras provas.Fica advertido de que é obrigatória a constituição de mandatário judicial.N/Referência: 4749583Lisboa, 16/10/2012

O Juiz de DireitoDr. António Vieira da Silva Parreira

Cabral Infante de La CerdaA Ofi cial de Justiça

Ana OrnelasPúblico, 06/11/2012 - 2.ª Pub.

Dr. JOAQUIM MATEUS MARQUES

(Médico)

MISSA DE 1.º ANIVERSÁRIO

Sua Mulher, Filhas, Netos e Família, participam que amanhã dia 7, pelas 19.00 horas, na Igreja de Alcântara, será celebrada Missa de 1.º Aniversário do seu falecimento, agradecendo desde já a todas as pessoas que se dignarem assistir a esta celebração.

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ARNALDA NEVES TAVARES DA COSTA

FALECEU

Ana Maria Neves Tavares da Costa, marido e fi lhos, Jorge Manuel Neves Tavares da Costa e sua mulher, Nuno Tristão Neves e demais família participam o falecimento da sua Mãe, Sogra, Avó e Irmã. O Funeral realiza-se hoje dia 6, pelas 13.15 horas, das Capelas Exequiais de S. João de Deus, para Jazigo de Família no Cemitério dos Prazeres. Às 12.30 horas será celebrada Missa de Corpo Presente.

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Coronel de CavalariaJOSÉ MANUEL

MANSO RIBEIRO SARDINHA

FALECEU

A Família participa o seu falecimento e que o funeral se realiza hoje dia 6, pelas 16:00 horas, do Centro Funerário Basílica da Estrela, para o Cemitério do Alto de São João. Às 15:30 horas será celebrada Missa de Corpo Presente.

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33PÚBLICO, TER 6 NOV 2012 CLASSIFICADOS

Público, 06/11/2012

CARTA FECHADAINSOLVÊNCIA DE TÂNIA ALEXANDRA DA SILVA FRAGOSOTribunal Judicial de Santarém - 1.º Juízo Cível - Proc. 974/12.9TBSTR

INSOLVÊNCIA DE PEDRO ALMEIDA TAVARESTribunal Judicial de Santarém - 2.º Juízo Cível - Proc. 978/12.1TBSTRPor determinação do Exmo. Sr. Dr. Administrador da Insolvência e com o acordo do credor hipotecário, vamos proceder à venda extrajudicial com apresentação de propostas em carta fechada, do bem a seguir identifi cado:

BEM IMÓVELVerba 1: Prédio urbano sito em Casais da Alagoa, Lote n.º 5, freguesia de Santarém (Salvador), concelho de Santarém, composto de casa de rés-do-chão e primeiro andar, para habitação, anexo e logradouro, inscrito na matriz com o artigo urbano 5954 e descrito na Conservatória do Registo Predial de Santarém sob o n.º 2359. Valor mínimo 274.800,00€.

VEÍCULOVeículo automóvel Opel, Vectra Caravan, matrícula 34-03-OR. Valor mínimo 1.500,00€.

REGULAMENTO1. Os interessados deverão remeter sob pena de anulação as propostas em carta

fechada até ao dia 16.11.2012 e dirigidas à Leiloeira do Lena.2. As propostas terão de conter: Identifi cação do proponente (nome ou denominação

social, morada, n.º contribuinte, telefone e fax); valor oferecido por extenso e o envelope no exterior deve identifi car o nome e processo.

3. A proposta tem de vir acompanhada de cheque no valor da proposta, para o veículo, assim como o valor da nossa comissão e respectivo IVA. Sobre o imóvel, o cheque é só de 20% de sinal.

4. A adjudicação será feita à proposta de maior valor e após parecer favorável do Administrador da Insolvência.

5. As propostas serão abertas na presença do Administrador da Insolvência e demais interessados, no dia 21.11.2012 às 16h30m na sede da Leiloeira do Lena, Urb. Planalto, Lote 36, r/c Dt.º, Leiria e desde que exista mais do que um proponente, com propostas válidas de igual valor, os mesmos estão convidados a comparecer pessoalmente ou representados no dia da abertura das propostas acima indicado para licitarem entre si.

6. Os bens são vendidos no estado físico em que se encontram.7. Sobre o imóvel será pago como sinal 20% no acto da adjudicação e os restantes

80% no dia da escritura. Sobre o veículo será pago com a adjudicação.8. Ao valor da venda é acrescido a comissão de 5% para o imóvel e 10% para o

veículo e respectivo IVA referente aos serviços prestados pela Leiloeira do Lena, pagos com a adjudicação.

INFORMAÇÕES: tel: 244 822 230 / fax: 244 822 170 Rua do Vale Sepal Lote 36, r/c Dtº

Urb. Planalto 2415-395 LEIRIAObs. Para obter mais informações consulte o nosso site

E-mail: [email protected] Site: www.leiloeiradolena.com

TRIBUNAL DE FAMÍLIA E MENORES E DE COMARCA DE VILA FRANCA DE XIRA

2.º Juízo Família e MenoresProcesso: 2924/11.0TBVFX

Divórcio Sem Consentimentodo Outro Cônjuge

ANÚNCIOAutora: Marinela Fidalgo MiguelRéu: João José Pacheco de Car-valhoNos autos acima identifi cados, cor-rem éditos de 30 dias, contados da data da segunda e última publica-ção do anúncio, citando o(a) ré(u) João José Pacheco de Carvalho, com última residência conhecida em domicílio: Rua Dr. Zeca Afon-so, N.º 3, 2670-673 Bucelas, para no prazo de 30 dias, decorrido que seja o dos éditos, contestar, que-rendo, a presente acção, com a indicação de que a falta de contes-tação não importa a confi ssão dos factos articulados pelo(s) autor(es) e que, em substância, o pedido consiste no decretamento do di-vórcio entre a autora e o Réu, tudo como melhor consta do duplicado da petição inicial que se encontra nesta Secretaria, à disposição do citando.Fica advertido de que é obrigató-ria a constituição de mandatário judicial.N/Referência: 8415252Vila Franca de Xira, 21/09/2012

A Juíza de DireitoDr.ª Anabela MartinsO Ofi cial de Justiça

José GueifãoPúblico, 06/11/2012 - 2.ª Pub.

TRIBUNAL JUDICIALDO CARTAXO

1.º JuízoProcesso: 735/12.5TBCTX

Divórcio Sem Consentimentodo Outro Cônjuge

ANÚNCIOAutor: Raúl Carlos Alves da SilvaRéu: Carmen Sanú Seidi Alves da SilvaNos autos acima identifi cados, cor-rem éditos de 30 dias, contados da data da segunda e última pu-blicação do anúncio, citando a ré Carmen Sanú Seidi Alves da Silva, com última residência conhecida na Rua Jacinto Batista, N.º 5, C/v A, Casal São Brás, 2700-894 Ama-dora, para no prazo de 30 dias, decorrido que seja o dos éditos, contestar, querendo, a presente acção, com a indicação de que a falta de contestação não importa a confi ssão dos factos articulados pelo(s) autor(es) e que, em subs-tância, o pedido consiste na dis-solução do casamento entre autor e ré, tudo como melhor consta do duplicado da petição inicial que se encontra nesta Secretaria, à dispo-sição do citando.Fica advertido de que é obrigató-ria a constituição de mandatário judicial.N/Referência: 2354175Cartaxo, 26/10/2012

A Juíza de DireitoDr.ª Carla Gonçalves Soares

A Ofi cial de JustiçaCláudia Pereira

Público, 06/11/2012 - 2.ª Pub.

Tribunal Judicial de Loulé. Processo 2309/07.3TBL-LE - 1.º Juízo Cível. Execução Comum. Exequente: Banco Espírito Santo, S.A., Sociedade Aberta; Exe-cutados: Alexandre Bruno Figueira Santos, José António Nobre Duarte, Eduard Kryhan, Natalya Kryhan e Armanda Narciso dos Santos Silva San-tos; Valor: 134.125,56 €, Ref.ª Interna: PE/91/2009.FAZ-SE SABER que nos autos acima identifi cados, encontra-se designado o dia 29 de Novembro de 2012, pelas 14.00 horas, no Tribunal Judicial de Loulé - 1.º Juízo Cível, para abertura de propostas, que sejam entregues até esse momento na Secre-taria do Tribunal, pelos interessados na compra do imóvel abaixo indicado:Direito de superfície da Fracção J, destinada a ha-bitação, correspondente ao terceiro andar esquer-do, com a área coberta de 98,15 m2, do prédio constituído em regime de propriedade horizontal, sito na Expansão Nordeste, Lote n.º 96, freguesia de S. Clemente, concelho de Loulé, inscrito na res-pectiva matriz predial sob o artigo 7.995 e descrito na Conservatória no Registo Predial de Loulé sob o n.º 4420/19930922-J. Valor-base: 60.000,00 Euros (sessenta mil euros).Será aceite a proposta de melhor preço acima do valor de 42.000,00 Euros (quarenta e dois mil eu-ros) correspondente a 70% do valor-base.É fi el depositário, que o deve mostrar, a pedido, a Agente de Execução Maria Teresa Viegas.Os proponentes deverão juntar à sua proposta, onde deverá constar a sua identifi cação comple-ta (nome, estado civil, domicílio e NIF) e um che-que visado, à ordem do Agente de Execução, no montante correspondente a 20% do valor-base do bem ou garantia bancária no mesmo valor, como caução.

A Agente de ExecuçãoMaria Teresa Viegas

Rua Maria Campina, n.º 109 - 1.º Esq.º - 8100-604 Loulé Telefone: 289 411 771 - C.P. 2548

Público, 06/11/2012 - 2.ª Pub.

MARIA TERESA VIEGASAgente de Execução - C.P. 2548

ANÚNCIO

Processo n..º 148/09.6TBLLE - Tribunal Judicial de Loulé - 3.º Juízo Cível. Execução Comum. Exequente: Condomínio Edifício Residen-ce Golf Club. Executado: Graham John Fereday. Valor: 1.023,73 €. Referência Interna: PE/56/2009.FAZ-SE SABER que nos autos acima identifi cados, correm éditos de 30 (trinta) dias, contados da data da segunda e última publi-cação do anúncio, citando o ausente Graham John Fereday, com última residência conhecida na Rua das Cácias, Edifício Los Arcos, Loja R, em Vilamoura, freguesia de Quarteira, concelho e comarca de Loulé, para os termos do processo executivo supra-identifi cado, que corre termos pelo 3.º Juízo Cível do Tribunal Judicial da Co-marca de Loulé, que lhe foi movido pelo Exequente acima referen-ciado, fi cando citado nos termos do n.º 1 e 2 do artigo 813.º do Código Processo Civil (C.P.C.) para, no prazo de 20 (vinte) dias, decorrido que seja o dos éditos, PARA PAGAR OU DEDUZIR OPO-SIÇÃO À EXECUÇÃO.O pedido consiste no pagamento da quantia exequenda de 1.023,73 Euros (mil e vinte e três euros e setenta e três cêntimos), acrescida das despesas previsíveis da execução (n.º 3 do artigo 821.º do CPC) e dos juros de mora, e demais despesas proces-suais, tudo como melhor consta do duplicado do Requerimento Executivo, que se encontra à disposição do Executado no escritório da Agente de Execução, na morada indicada em rodapé. O paga-mento poderá ser feito mediante a entrega directa no escritório da signatária (Agente de Execução), nos dias e horas constantes do rodapé, em dinheiro ou cheque visado, ou ainda através de Mul-tibanco/Homebanking: Entidade: 20237 - Referência: 121227037. Valor: 1.826,65 euros.Nos termos do disposto no artigo 60.º do C.P.C., tendo em consi-deração o valor do processo, para se opor à execução (que terá de ser apresentada no Tribunal supra-identifi cado) não é obrigatória a constituição de Advogado. Caso não se oponha à execução no prazo supra-indicado e não pague ou caucione a quantia exequen-da, segue-se a PENHORA dos bens necessários para garantir o pa-gamento da quantia exequenda, juros e acréscimo das despesas previsíveis a que se refere o n.º 3 do art.º 821.º do CPC, bem como os honorários da Agente de Execução, que nesta data ascendem a 598,17 Euros sem prejuízo de posterior revisão.Sendo requerido benefício de apoio judiciário na modalidade de nomeação de patrono, deverá o citando juntar aos presentes autos, no prazo da oposição, documento comprovativo da apresentação do referido requerimento, para que o prazo em curso se interrompa até notifi cação do apoio judiciário. Artigo 144.º do CPC. - O prazo processual, estabelecido por lei ou fi xado por despacho do juiz, é contínuo, suspendendo-se, no entanto, durante as férias judiciais, salvo se a sua duração for igual ou superior a seis meses ou se tra-tar de actos a praticar em processos que a lei considere urgentes. 2. Quando o prazo para a prática do acto processual terminar em dia em que os tribunais estiverem encerrados, transfere-se o seu termo para o primeiro dia útil seguinte. 3. Para efeitos do disposto no número anterior, consideram-se encerrados os tribunais quando for concedida tolerância de ponto. Artigo 12.º da Lei Org. Func. Tribunais - As férias judiciais vão de Domingo de Ramos a 2.ª feira após a Páscoa, de 1 a 31 de Agosto e de 22 de Dezembro a 3 de Janeiro. Artigo 252.º-A do CPC (Dilação). 1. Ao prazo de defesa do citando acresce uma dilação de cinco dias quando: a) A citação tenha sido realizada em pessoa diversa do réu, nos termos do n.º 2 do artigo 236.º e dos n.ºs 2 e 3 do artigo 240.º; b) O réu tenha sido citado fora da área da comarca sede do tribunal onde pende a acção, sem prejuízo do disposto no número seguinte. 2. Quando o réu haja sido citado para a causa no território das regiões autó-nomas, correndo a acção no continente ou em outra ilha, ou vice-versa, a dilação é de 15 dias. 3. Quando o réu haja sido citado para a causa no estrangeiro, a citação haja sido edital ou se verifi que o caso do n.º 5 do artigo 237.º-A, a dilação é de 30 dias.

A Agente de ExecuçãoMaria Teresa Viegas

Rua Maria Campina, n.º 109 - 1.º Esq.º - 8100-604 LouléTelefone: 289 411 771 - C.P. 2548

Público, 06/11/2012 - 2.ª Pub

MARIA TERESA VIEGASAgente de Execução - C.P. 2548

ANÚNCIO

TRIBUNAL JUDICIAL DE SESIMBRA

Secção ÚnicaProcesso n.º 74/08.6TBSSB-C

ANÚNCIOHabilitação de HerdeirosRequerente: Banco BPI, S.A.Habilitado: Herdeiros Desco-nhecidosNos autos acima identifi cados, correm éditos de 30 dias, con-tados da data da segunda e última publicação do anúncio, citando os herdeiros ou suces-sores incertos de José Paulo Morgado Rocha, para no prazo dos éditos virem à causa princi-pal em que são partes:Requerente: Banco BPI. S.A, NIF - 501214534, Endereço: R. Tenente Valadim, 284, 4100-476 Porto.Falecido: José Paulo Morga-do Rocha, NIF - 185024971, BI - 9910276, Endereço: Rua João XXIII, Lote 728, 2.º dto., 2975-000 Quinta do Conde, requererem a sua habilitação como sucessores do falecido, sob pena de não o fazendo, o processo prosseguir com o Ministério Público, tudo como melhor consta do duplicado da petição inicial que se encontra nesta Secretaria, à disposição do citando.N/Referência: 1954340Sesimbra, 23-10-2012

A Juíza de DireitoDr.ª Susana Castelão Ferreira

O Ofi cial de JustiçaLuís Salvado

Público, 06/11/2012 - 1.ª Pub.

TRIBUNAL JUDICIAL DE SESIMBRA

Secção ÚnicaProcesso n.º 1036/11.1TBSSB

ANÚNCIOCarta Precatória/Solicitação (Averbada)Exequente: Ministério PúblicoExecutado: Paulo Alexandre Fernandes Frescata MoscaProcesso de origem:Processo n.º 384/05.4TTVNG-Ado Vila Nova de Gaia - Tribunal do Trabalho, 2.º JuízoNos autos acima identifi cados foi designado o dia 27-11-2012, pelas 09.30 horas, neste Tribunal para a abertura de propostas, nos termos do artigo 876.º do C.P.C., pelo preço oferecido do Banco Comercial Português, SA, de € 91.300,00, que sejam entregues até esse momento, na Secretaria deste Tribunal. pelos interessados na compra do seguinte bem/bens:Imóvel sito na Rua Manuel da Maia, lote 788, 2975 Quinta do Conde.Penhorados aExecutado: Paulo Alexandre Fernandes Frescata Mos-ca, profi ssão: desconhecida ou sem profi ssão, estado civil: casado (regime: desconhecido), nascido(a) em 02-10-1969, natural de Portugal, nacional de Portu-gal, NIF - 180741977, BI - 10214, 476, domicílio: Rua da Liberdade, n.º 36 - A - 1 d, 2840-000 Seixal. É fi el depositárioPaulo Alexandre Fernandes Frescata Mosca, des-conhecida ou sem profi ssão. NIF - 180741977. BI - 10214476, Endereço: Rua da Liberdade, n.º 36 - A - 1d, 2840-000 Seixal.Existem créditos reclamados pelo BCP no valor de € 173.567,43 e pelo Ministério Público em representa-ção das Finanças do Seixal no valor de € 809,09.Quantia Exequenda: € 947,99 mais juros acresci-dos e custas.Valor-base: € 947,99Nota: No caso de venda mediante proposta em carta fechada, em Execução Comum (instaurada em data igual ou posterior a 15/09/2003) os proponentes de-vem juntar à sua proposta, como caução. um cheque visado, à ordem do Solicitador de Execução ou, na sua falta, da secretaria, no montante correspondente a 20% do valor-base dos bens ou garantia bancária no mesmo valor (n.º 1 ao art.º 897.º do CPC).N/Referência: 1962194Sesimbra, 30-10-2012A Juíza de Direito - Dr.ª Cláudia G. T. de Melo Graça

A Ofi cial de Justiça - Maria Manuela Lince

Público, 06/11/2012 - 1.ª Pub.

TRIBUNAL DE FAMÍLIA E MENORES E DE

COMARCA DO SEIXAL1.º Juízo Criminal

Processo n.º 68/03.8GELSB

ANÚNCIOProcesso Comum (Tribunal Singular)A Mm.ª Juíza de Direito Dr.ª Valéria Barros Gomes, do 1.º Juízo Criminal - Tribunal de Família e Meno-res e de Comarca do Seixal:Faz saber que no Processo Comum (Tribunal Singular), n.º 68/03.8GELSB, pendente neste Tri-bunal contra o(a) arguido(a) José Carlos da Costa Almeida Pereira, fi lho(a) de Sebastião de Almeida Pereira e de Eduarda da Costa, natural de: Tondela - Lajeosa (Tondela); nacional de Portugal, nascido em 18-11-1956, estado civil: casado, profi ssão: carpinteiro NIF - 108888100, BI - 7208958, do-micílio: Rua Toni de Matos, n.º 68, Vale Figueira, 2825-000 Sobreda, por se encontrar acusado da prática do(s) crime(s): 1 crime(s) de Falsifi cação ou contrafacção de documento, p. p. pelos art.ºs 255.º al. a) e 256.º n.° 1 aI. c), com referência às als. a) e b) do mesmo número, e n.º 3 do C. Penal, praticado em 28-02-2003; 1 crime(s) de Falsifi ca-ção ou contrafacção de documento, p. p. pelos art.ºs 255.º al. a) e 256.º n.º 1 al. c), com referência às als. a) e b) do mesmo número, e n.º 3 do C. Pe-nal, praticado em 28-02-2003; foi o(a) mesmo(a) declarado(a) contumaz, em 26-10-2012, nos termos do art.º 335.º do C. P. Penal.A declaração de contumácia, que caducará com a apresentação do(a) arguido(a) em juízo ou com a sua detenção, tem os seguintes efeitos:a) Suspensão dos termos ulteriores do processo até à apresentação ou detenção do(a) arguido(a), sem prejuízo da realização de actos urgentes nos termos do art.º 320.º do C. P. Penal;b) Anulabilidade dos negócios jurídicos de nature-za patrimonial celebrados pelo(a) arguido(a), após esta declaração;c) Proibição de obter quaisquer documentos, certi-dões ou registos junto de autoridades públicas;d) O arresto da totalidade ou em parte dos seus bens, nos termos do disposto no art.º 337.º, n.º 3 do referido diploma legal.N/Referência: 9627326Seixal, 30-10-2012

A Juíza de Direito - Dr.ª Valéria Barros GomesA Escrivã Adjunta - Gabriela Rodrigues A. CândidoPúblico, 06/11/2012 - 1.ª Pub.

TRIBUNAL JUDICIAL DE BENAVENTE

1.º JuízoProcesso n.º 1184/12.0TBBNV

ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoRequerente: Ministério PúblicoRequerido: Tiago Filipe Trinda-de de Jesus GueifãoFaz-se saber que foi distribu-ída neste tribunal, a ação de Interdição em que é requerido Tiago Filipe Trindade de Jesus Gueifão, com residência em domicílio: Av. 28 de Setembro, n.º 16, Bloco B - 1.º Andar C, 2135-214 Samora Correia, para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica.N/Referência: 2897116Benavente, 19-10-2012

A Juíza de DireitoDr.ª Ana Luísa DiasA Ofi cial de Justiça

Zélia P. RuivoPúblico, 06/11/2012

TRIBUNAL JUDICIAL DE OLHÃO

2.º JuízoProcesso n.º 1452/12.1TBOLH

ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoRequerente: Luís Silvestre da Conceição MachadoInterdito: Sérgio Martins Azi-nheiraFaz-se saber que foi distri-buída neste tribunal, a ação de Interdição/Inabilitação em que é requerido Sérgio Mar-tins Azinheira, com residên-cia em domicílio: Belmonte de Baixo, Olhão, 8700-173 Olhão, para efeito de ser de-cretada a sua interdição.

N/Referência: 2721775

Olhão, 29-10-2012

A Juíza de DireitoAna Rita Sarmento Barra

A Ofi cial de JustiçaErcília Marcelino

Público, 06/11/2012 - 2.ª Pub.

CÂMARA MUNICIPAL DE LOULÉ

AVISOPlano de Urbanização do Vale do Freixo (PUVF)

Na sequência do período de participação pública do procedimento de formação de contrato para planeamento que decorreu no âmbito da intenção de elaboração do Plano de Urbanização do Vale do Freixo (PUVF), durante o prazo de 10 dias a contar do Aviso n.º 13294/2012, publicado no Diário da República, 2.ª Série, n.º 193, de 4 de outubro de 2012 e Declaração de Retifi cação n.º 1303/2012, publicado no Diário da República, 2.ª Série, de 12 de outubro de 2012, e sem que nenhuma manifestação/ sugestão desse entrada nesta autarquia relativamente à minuta de contrato para planeamento publicitada, foi deliberado em 31 de outubro de 2012:

1. Aprovar o Contrato para Planeamento, e mandatar o Sr. Presidente da Câmara Municipal para assinar o referido, para efeitos de elaboração do PUVF;

2. Determinar a elaboração do Plano de Urbanização do Vale do Freixo (PUVF); 3. Aprovar os Termos de Referência do PUVF; 4. Determinar a elaboração da Avaliação Ambiental Estratégica; 5. Estipular o prazo de elaboração do PUVF em 18 meses; 6. Solicitar o acompanhamento do PUVF à CCDR-Algarve; 7. Publicitar o teor da deliberação, fi xando um prazo de 15 dias (a contar da publicação deste

Aviso no Diário da República) para a formulação de sugestões e para a apresentação expres-sa de informações sobre quaisquer questões que possam ser consideradas no âmbito do procedimento de elaboração do PUVF, as quais deverão ser remetidas A/C Presidente da Câ-mara Municipal, Praça da República, 8100-270, pelo correio ou através do endereço electrónico [email protected] com indicação expressa de “Plano de Urbanização do Vale do Freixo” e com a identifi cação e morada do con-tacto do signatário.

Mais se torna público que o conteúdo integral da deliberação de 31 de outubro de 2012, que inclui a planta com a área de intervenção, os Termos de Referência do PUVF e é ainda acompanhada pelo Contrato para Planeamento, se encontra disponível para consulta nos Paços do Concelho, bem como no site autárquico (http://www.cm-loule.pt), no menu “Pla-neamento e Urbanismo” / “Planeamento e Ordenamento do Território” / “Consultas Públicas” e ainda na Junta de Freguesia de Benafi m.

Loulé, 31 de outubro de 2012.

O Presidente da Câmara Municipal de Loulé, Sebastião Francisco Seruca Emídio

3.º JUÍZO DE FAMÍLIA E MENORES DO PORTO

2.ª SecçãoProcesso: 779/12.7TMPRT

ANÚNCIODivórcio sem Consentimento do Outro CônjugeAutora: Isa Cristina Moreira San-tos TeixeiraRéu: Muhammad RamzanNos autos acima identifi cados, correm éditos de 30 dias, conta-dos da data da segunda e última publicação do anúncio, citando o(a) ré(u) Muhammad Ramzan, com última residência conhecida em domicílio: Rua do Benfor-moso, 250, 2.º Andar, 1000-000 Lisboa, para no prazo de 30 dias, decorrido que seja o dos éditos, contestar, querendo, a presente acção, com a indicação de que a falta de contestação não importa a confi ssão dos factos articula-dos pelo(s) autor(es) e que em substância o pedido consiste em requerer o divórcio sem consentimento, ao abrigo do disposto nos art.ºs 1773.º n.º 1 e 3 e art.º 1781.º alínea a) do C.C., tudo como melhor consta do duplicado da petição inicial que se encontra nesta Secretaria, à disposição do citando.Fica advertido de que é obrigató-ria a constituição de mandatário judicial.Porto, 23/10/2012

O Juiz de DireitoDr. Jorge dos SantosA Ofi cial de Justiça

Cláudia IsabelPúblico, 06/11/2012 - 1.ª Pub.

LisboaRua Viriato, n.º 13

1069-315 Tel. 210 111 010/020Novo Horário: Loja aberta até às 19h00

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34 | PÚBLICO, TER 6 NOV 2012

SAIR

CINEMALisboa Castello Lopes - LondresAv. Roma, 7A. T. 760789789007 Skyfall M12. Sala 1 - 13h15, 16h, 18h45, 21h30; Para Roma com Amor M12. Sala 2 - 14h, 16h30, 19h, 21h45 CinemaCity Campo PequenoCentro Lazer Campo Pequeno. T. 217981420Actividade Paranormal 4 M16. Sala 1 - 13h25, 15h50, 17h40, 19h30, 21h40, 24h; 007 Skyfall M12. Sala 2 - 13h30, 16h15, 19h, 21h45, 00h30; Para Roma com Amor M12. Sala 3 - 21h30; Looper - Reflexo Assassino M16. Sala 3 - 21h50, 00h20; Manteiga M12. Sala 3 - 13h20, 15h35, 17h25, 19h15, 21h35, 23h50; As Palavras M12. Sala 4 - 13h25, 15h30, 17h35, 19h40, 22h, 00h05; Arbitrage - A Fraude M12. Sala 5 - 13h40, 15h45, 17h50, 19h55, 22h10, 00h15; Astérix e Obélix: Ao Serviço de Sua Majestade M6. Sala 6 - 13h50, 16h10, 18h30 (V.Port./3D); Terapia a Dois M12. Sala 7 - 19h50; Astérix e Obélix: Ao Serviço de Sua Majestade M6. Sala 7 - 17h30 (3D); Frankenweenie M12. Sala 7 - 13h35, 15h30 (3D); A Advogada M12. Sala 8 - 13h35, 15h40, 17h45, 19h50, 21h55, 24h CinemaCity Classic AlvaladeAvª de Roma, nº 100, Lisboa . T. 218413045007 Skyfall M12. Sala 1 - 13h30, 16h15, 19h, 21h45; A Advogada M12. Sala 2 - 13h25, 15h30, 17h35, 19h45, 21h50; Para Roma com Amor M12. Sala 3 - 15h20, 17h30, 21h40; O Gebo e a Sombra M12. Sala 3 - 13h20; Orquestra Geração M12. Sala 3 - 19h40; Astérix e Obélix: Ao Serviço de Sua Majestade M6. Sala 4 - 13h40, 16h, 18h20 (V.Port.), 21h30 Cinemateca PortuguesaR. Barata Salgueiro, 39 . T. 213596200Casa de Lava + Chã de Caldeiras Sala Félix Ribeiro - 21h30; Mamma Roma + Stendali (Suonano Ancora) Sala Félix Ribeiro - 19h; Eles Vivem Sala Félix Ribeiro - 15h30; Toute une Nuit Sala Luís de Pina - 19h30; Portrait d’’une Jeune Fille de la Fin des Années 60 à Bruxelles Sala Luís de Pina - 22h Espaço NimasAv. 5 Outubro, 42B. T. 213574362Shut Up And Play The Hits - O Fim dos LCD Soundsystem M12. Sala 1 - 21h30 Medeia Fonte NovaEst. Benfica, 503. T. 217145088007 Skyfall M12. Sala 1 - 14h30, 18h30, 21h45; Linhas de Wellington M12. Sala 3 - 14h45, 18h15, 21h30 Medeia KingAv. Frei Miguel Contreiras, 52A. T. 218480808Linhas de Wellington M12. Sala 1 - 13h, 16h, 19h, 21h45; O Gebo e a Sombra M12. Sala 2 - 14h, 16h, 18h, 20h; A Loucura de Almayer Sala 2 - 22h Medeia MonumentalAv. Praia da Vitória, 72 - Edifício Monumental. T. 213142223007 Skyfall M12. Sala 4 - Cine Teatro - 13h30, 16h15, 19h, 21h45, 00h30; Dos Homens Sem Lei M12. Sala 1 - 14h30, 17h, 19h30, 22h, 00h15; As Palavras M12. Sala 2 - 13h15, 15h30, 17h30, 19h30, 21h30, 24h; Linhas de Wellington M12. Sala 3 - 13h, 15h45, 18h30, 21h30, 00h15 UCI Cinemas - El Corte InglésEl Corte Inglés, Av. Ant. Aug. Aguiar, 31. T. 707232221Actividade Paranormal 4 M16. Sala 1 - 14h, 16h, 18h, 20h, 22h, 00h25; Arbitrage - A Fraude M12. Sala 2 - 14h15, 16h45, 00h15; Astérix e Obélix: Ao Serviço de Sua Majestade M6. Sala

3 - 14h10, 16h40 (V.Port./3D), 19h05 (V.Orig./3D); Frankenweenie M12. Sala 4 - 14h10, 18h55, 00h25; Manteiga M12. Sala 5 - 14h20, 16h25, 18h45, 21h25, 23h45; Dos Homens Sem Lei M12. Sala 6 - 14h05, 16h40, 19h15, 21h50, 00h25; Galinha Com Ameixas M12. Sala 7 - 19h; Taken - A Vingança M16. Sala 7 - 24h; Elas M16. Sala 7 - 14h05, 16h30; Linhas de Wellington M12. Sala 8 - 15h, 18h10, 21h15, 00h15; 007 Skyfall M12. Sala 9 - 15h, 18h30, 21h30, 00h30; César Deve Morrer M12. Sala 10 - 14h, 16h, 18h, 20h, 22h, 24h; Para Roma com Amor M12. Sala 11 - 14h10, 16h40, 19h10, 21h45, 00h15; 007 Skyfall M12. Sala 12 - 14h, 17h, 21h15, 00h15; As Palavras M12. Sala 13 - 14h15, 16h50, 19h15, 21h45, 00h05; A Advogada M12. Sala 14 - 14h15, 16h40, 19h05, 21h40, 00h10 ZON Lusomundo AlvaláxiaEstádio José Alvalade, Cpo Grande. T. 16996Arbitrage - A Fraude M12. 16h40, 19h10, 21h35; Astérix e Obélix: Ao Serviço de Sua Majestade M6. 15h50, 18h20, 21h (V.Orig.); Dos Homens Sem Lei M12. 16h15, 18h55, 21h30; 007 Skyfall M12. 16h30, 20h50; 007 Skyfall M12. 17h, 21h20; A Moral Conjugal M12. 16h50, 19h10, 21h40; Balas e Bolinhos - O Último Capítulo M16. 21h15; Astérix e Obélix: Ao Serviço de Sua Majestade M6. 16h20, 18h50 (V.Port.); Actividade Paranormal 4 M16. 15h30, 17h40, 19h45, 21h50; Manteiga M12. 15h40, 18h, 21h10; Taken - A Vingança M16. 16h25, 18h40, 21h25; A Casa do Fim da Rua M16. 16h, 18h30, 21h25; Looper - Reflexo Assassino M16. 16h10, 18h45, 21h45 ZON Lusomundo AmoreirasAv. Eng. Duarte Pacheco. T. 16996007 Skyfall M12. 14h, 17h20, 21h, 00h15; Astérix e Obélix: Ao Serviço de Sua Majestade M6. 13h30 (V.Port./3D), 16h10, 18h50, 21h40, 00h25 (V.Orig./3D); Dos Homens Sem Lei M12. 13h, 15h40, 18h20, 21h20, 24h; Linhas de Wellington M12. 12h50, 16h; Um Feliz Evento M12. 19h10, 21h30, 00h20; As Palavras M12. 13h20, 16h20, 18h40, 21h10, 23h50; Para Roma com Amor M12. 13h, 15h20, 18h, 20h50, 23h30; A Moral Conjugal M12. 13h50, 16h40, 19h30, 21h50, 00h10 ZON Lusomundo ColomboAv. Lusíada. T. 16996As Palavras M12. 13h25, 16h05, 18h40, 21h40, 00h15; Looper - Reflexo Assassino M16. 13h, 15h40; A Advogada M12. 18h35, 21h10, 23h45; A Casa do Fim da Rua M16. 13h15, 15h50, 18h15, 21h35, 24h; 007 Skyfall M12. 13h20, 16h30, 21h, 00h10; 007 Skyfall M12. 12h50, 15h45, 18h50, 22h; Actividade Paranormal 4 M16. 13h30, 15h55, 18h10, 21h30, 23h50; A Moral Conjugal M12. 13h10, 16h, 18h20, 21h05, 23h35; Astérix e Obélix: Ao Serviço de Sua Majestade M6. 12h55 (V.Port.), 15h30, 18h05, 20h55, 23h55 (V.Orig.); Taken - A Vingança M16. 13h05, 15h25, 18h, 21h15, 23h40; Dos Homens Sem Lei M12. 12h45, 15h35, 18h30, 21h20, 00h05 ZON Lusomundo Vasco da GamaParque das Nações. T. 16996Dos Homens Sem Lei M12. 12h50, 15h30, 18h10, 21h20, 24h; Actividade Paranormal 4 M16. 13h, 15h20, 17h30, 19h40, 22h, 00h30; Manteiga M12. 13h10, 15h50, 18h20, 21h10, 23h50; 007 Skyfall M12. 12h40, 15h40, 18h40, 21h50; 007 Skyfall M12. 13h20, 17h, 21h, 00h10; Looper - Reflexo Assassino M16. 21h30, 00h20; Astérix e Obélix: Ao Serviço de Sua Majestade M6. 13h30, 16h, 18h30 (V.P./3D)

Almada ZON Lusomundo Almada FórumEstr. Caminho Municipal, 1011 - Vale de Mourelos. T. 16996

A Moral ConjugalDe Artur Serra Araújo. Com Maria João Bastos, José Wallenstein, São José Correia, Catarina Wallenstein. POR. 2012. 99m. Drama. M12. Manuela é uma sensual delegada

de propaganda médica,

constantemente envolvida em

fugazes casos com os médicos

com quem trabalha. Até que

as suas acções escapam ao seu

controlo e, entre mentiras,

vê-se numa luta desesperada

por evitar as consequências

conjugais.

César Deve MorrerDe Paolo Taviani, Vittorio Taviani. Com Cosimo Rega, Salvatore Striano. ITA. 2012. 76m. Drama. M12. Na prisão de segurança máxima

de Rebibbia, Roma, um grupo de

prisioneiros encena a peça Júlio

César, de William Shakespeare.

Pelos corredores, fala-se de

morte, liberdade, vingança.

Realidades presentes no texto

shakespeariano, mas também

nas suas próprias histórias.

UCI - El Corte Inglés

As PalavrasDe Brian Klugman, Lee Sternthal. Com Bradley Cooper, Jeremy Irons, Dennis Quaid. EUA. 2012. 97m. Drama, Romance. M12.

A fama chega quando o jovem

Rory Jansen publica um romance

que depressa atinge o estatuto

de best-seller. O problema é que

não é ele o autor das palavras

que compõem o bem-sucedido

livro. E a verdade persegui-

lo-á à medida que acumula um

prestígio que não lhe é devido.

Actividade Paranormal 4De Henry Joost, Ariel Schulman. Com Katie Featherston, Kathryn Newton, Matt Shively. EUA. 2012. 95m.

Terror. M16. Há cinco anos, Katie matou a

irmã Kristi e o cunhado Daniel,

levando consigo o sobrinho.

Agora, ela vive com o pequeno

Robbie. Do outro lado da rua,

mora a adolescente Alice,

que não consegue deixar de

observar a estranheza de Robbie.

E quando o rapaz começa a

arrastar o irmão mais novo de

Alice para outro universo, o

terror regressa.

Dos Homens Sem LeiDe John Hillcoat. Com Tom Hardy, Shia LaBeouf, Guy Pearce, Mia Wasikowska. EUA. 2012. 116m. Drama, Western. M12. A história dos infames irmãos

Broadabent, contrabandistas

de bebidas alcoólicas no estado

da Virgínia durante os tempos

da Lei Seca nos Estados Unidos.

As origens familiares, a relação

fraternal e uma lealdade

constantemente posta à prova.

ManteigaDe Jim Field Smith. Com Olivia Wilde, Jennifer Garner, Ashley Greene, Hugh Jackman, Alicia Silverstone. EUA. 2011. 90m. Comédia. M12. Laura Pickler vive à sombra do

sucesso do marido Bob, campeão

de esculturas de manteiga

do Iowa. Até que ele é levado

a abandonar a competição.

Decidida a manter na sua casa o

troféu das melhores esculturas

de manteiga, Laura ingressa

na prova. Mas pela frente tem

adversários à altura: uma menina

de 10 anos, uma stripper e

pretendente a amante de Bob e

ainda a sua fã número 1.

Shut Up And Play The Hits - O Fim dos LCD SoundsystemDe Will Lovelace, Dylan Southern. GB. 2012. 108m. Documentário, Musical. M12. O último concerto dos LCD

Soundsystem, a 2 de Abril de

2011 em Madison Square, que

durou quatro horas e que incluiu

participações de Arcade Fire ou

Reggie Watts, num documento

que pretende traçar também

o retrato íntimo de James

Murphy e sublinhar todas as

consequências da sua decisão em

terminar com a banda.

Nimas

Em [email protected]

Actividade Paranormal 4 M16. 13h, 15h15, 17h30, 21h30, 00h20; 007 Skyfall M12. 12h50, 16h, 21h, 00h10; Dos Homens Sem Lei M12. 12h40, 15h25, 18h10, 21h10, 23h50; 007 Skyfall M12. 12h30, 15h40, 18h50, 22h; Astérix e Obélix: Ao Serviço de Sua Majestade M6. 13h10, 15h50 (V.Port.), 18h30, 21h20, 24h (V.Orig.); ParaNorman M6. 13h20, 15h40 (V.Port./3D); Arbitrage - A Fraude M12. 18h40, 21h15, 23h50; Looper - Reflexo Assassino M16. 13h, 15h45, 21h30, 00h15; Frankenweenie M12. 19h (3D); Para Roma com Amor M12. 12h55, 15h35, 21h30, 00h10; Linhas de Wellington M12. 18h15; As Palavras M12. 12h50, 15h10, 17h35, 21h05, 23h30; Taken - A Vingança M16. 12h50, 15h20, 17h45, 21h40, 24h; A Casa do Fim da Rua M16. 13h05, 15h40, 18h25, 21h20, 00h10; A Moral Conjugal M12. 13h30, 16h, 18h45, 21h55, 00h20; Manteiga M12. 13h40, 16h20, 18h55, 22h, 00h25; A Advogada M12. 13h05, 15h55, 18h35, 21h20, 00h15

Amadora CinemaCity Alegro AlfragideC.C. Alegro Alfragide. T. 214221030007 Skyfall M12. Cinemax - 13h30, 16h15, 19h, 21h45, 00h30; As Palavras M12. Sala 2 - 13h40, 15h40, 17h45, 19h55, 22h, 24h; A Advogada M12. Sala 3 - 13h25, 15h30, 17h40, 19h45, 21h50, 23h55; Para Roma com Amor M12. Sala 4 - 18h30; Astérix e Obélix: Ao Serviço de Sua Majestade M6. Sala 4 - 13h50, 16h10 (V.Port./3D), 21h40 (V.Orig./3D); Frankenweenie M12. Sala 4 - 23h50; Resident Evil: Retaliação M16. Sala 5 - 19h50; A Casa do Fim da Rua M16. Sala 5 - 13h35, 15h35, 21h50, 00h20; Taken - A Vingança M16. Sala 6 - 13h45, 15h50, 17h55, 19h55, 21h55, 23h45; A Possuída M16. Sala 7 - 00h25; Arbitrage - A Fraude M12. Sala 7 - 13h40, 15h45, 17h35, 21h30; Astérix e Obélix: Ao Serviço de Sua Majestade M6. Sala 7 - 13h20, 15h40, 18h (V.Port.); Actividade Paranormal 4 M16. Sala 8 - 14h, 16h, 17h50, 19h40, 21h40, 00h10; Dos Homens Sem Lei M12. Sala 9 - 13h35, 16h05, 18h40, 21h35, 00h05; Terapia a Dois M12. Sala 10 - 17h50, 19h50; ParaNorman M6. Sala 10 - 17h50 (V.Port.); Looper - Reflexo Assassino M16. Sala 10 - 21h50, 00h15 UCI Dolce Vita TejoC.C. da Amadora, Estrada Nacional 249/1, Venteira. T. 707232221ParaNorman M6. Sala 1 - 13h55, 16h15, 18h45 (V.Port./3D); Linhas de Wellington M12. Sala 1 - 21h10; 007 Skyfall M12. Sala 2 - 15h, 18h30, 21h30; Astérix e Obélix: Ao Serviço de Sua Majestade M6. Sala 3 - 14h15, 16h40, 19h15 (V.Port.), 21h50; Encomenda Armadilhada M12. Sala 4 - 19h, 21h25; Impy na Terra da Magia M4. Sala 4 - 14h25, 16h30 (V.Port.); Brave - Indomável M4. Sala 5 - 13h45 (V.Port.); Patrulha de Bairro M12. Sala 5 - 16h40, 19h05, 21h55; Morangos com Açúcar - O Filme M6. Sala 6 - 14h05; Looper - Reflexo Assassino M16. Sala 6 - 16h20, 19h05, 21h35; Dos Homens Sem Lei M12. Sala 7 - 14h05, 16h35, 19h10, 21h35; Actividade Paranormal 4 M16. Sala 8 - 13h50, 16h20, 18h50, 21h20; Arbitrage - A Fraude M12. Sala 9 - 14h, 16h40, 19h10, 21h40; 007 Skyfall M12. Sala 10 - 14h, 17h, 21h10; Taken - A Vingança M16. Sala 11 - 13h55, 16h30, 19h05, 21h45

Barreiro Castello Lopes - Fórum BarreiroFórum Barreiro, Cpo Cordoarias. T. 760789789Astérix e Obélix: Ao Serviço de Sua Majestade M6. Sala 1 - 15h40 (V.Port./3D),

PÚBLICO, TER 6 NOV 2012 | 35

A Fundação EDP volta às grandes exposições temáticas. Depois de Povo-People, chegou a vez de Riso. Uma Exposição a Sério que, nas palavras de um dos curadores, Nuno Artur Silva, nos desafia a “pensar o riso e a importância do riso na sociedade contemporânea” e fazer “conviver as obras de arte com obras de entretenimento”. É

assim que, pelo espaço do Museu da Electricidade, Lisboa, vídeos com momentos de humor bem conhecidos, como cenas d’ O Tal Canal de Herman José ou rábulas de Raul Solnado, convivem lado a lado com trabalhos de artistas plásticos como Jeff Koons, Vasco Araújo ou Paula Rego. De terça a domingo, das 10h às 18h, com entrada livre.

Riso a sério no Museu da Electricidade

18h40, 21h40 (V.Orig./3D); Arbitrage - A Fraude M12. Sala 2 - 15h20, 18h10, 21h20; Patrulha de Bairro M12. Sala 3 - 15h50, 18h20; Para Roma com Amor M12. Sala 3 - 21h10; 007 Skyfall M12. Sala 4 - 15h30, 18h30, 21h30

Cascais Castello Lopes - Cascais VillaAvenida Marginal. T. 760789789Astérix e Obélix: Ao Serviço de Sua Majestade M6. Sala 1 - 15h40, 18h40 (V.Port./3D), 21h; Para Roma com Amor M12. Sala 2 - 15h50, 18h10, 21h10; Até que o Fim do Mundo nos Separe M12. Sala 3 - 15h20, 18h, 21h40; 007 Skyfall M12. Sala 4 - 15h30, 18h30, 21h30; Linhas de Wellington M12. Sala 5 - 15h25, 18h25, 21h20 ZON Lusomundo CascaiShoppingCascaiShopping-EN 9, Alcabideche. T. 16996Actividade Paranormal 4 M16. 12h50, 15h10, 18h40, 21h30, 23h50; Astérix e Obélix: Ao Serviço de Sua Majestade M6. 13h20, 15h50, 18h20; A Casa do Fim da Rua M16. 21h50, 00h05; Dos Homens Sem Lei M12. 12h40, 15h30, 18h10, 21h10, 00h10; 007 Skyfall M12. 12h35, 15h40, 18h45, 22h; 007 Skyfall M12. 13h, 16h15, 21h, 00h20; Taken - A Vingança M16. 13h10, 15h20, 18h, 21h40, 24h; A Moral Conjugal M12. 13h05, 16h, 18h30, 21h20, 23h40

Caldas da Rainha Vivacine - Caldas da RainhaC.C. Vivaci. T. 262840197Actividade Paranormal 4 M16. Sala 1 - 15h45, 18h, 21h30; Arbitrage - A Fraude M12. Sala 2 - 15h50, 18h10, 21h25; 007 Skyfall M12. Sala 3 - 15h15, 18h15, 21h20; Astérix e Obélix: Ao Serviço de Sua Majestade M6. Sala 4 - 15h45 (V.Port.), 18h20, 21h15; Taken - A Vingança M16. Sala 5 - 16h, 18h10, 21h30

Carcavelos Atlântida-CineR. Dr. Manuel Arriaga, C. Com. Carcavelos (Junto à Estação de CP). T. 214565653007 Skyfall M12. Sala 1 - 15h30, 21h30; Elas M16. Sala 2 - 15h45, 21h45

Sintra CinemaCity Beloura ShoppingEst. Nac. nº 9 - Quinta Beloura. T. 219247643007 Skyfall M12. Cinemax - 16h15, 19h, 21h45; Manteiga M12. Sala 1 - 15h50, 17h40, 19h30, 21h50; As Palavras M12. Sala 2 - 15h35, 17h35, 19h35, 21h35; A Advogada M12. Sala 3 - 15h40 17h45, 19h50, 21h55; Astérix e Obélix: Ao Serviço de Sua Majestade M6. Sala 4 - 16h, 18h20 (V.Port./3D), 21h40 (V.Orig./3D); Arbitrage - A Fraude M12. Sala 5 - 15h30, 17h35, 19h40, 22h; Para Roma com Amor M12. Sala 6 - 15h45, 17h55, 21h40; Looper - Reflexo Assassino M16. Sala 7 - 15h50, 18h40, 21h30 Castello Lopes - Fórum SintraC. C. Forum Sintra, Loja 2.21 - Alto do Forte. T. 760789789Frankenweenie M12. Sala 1 - 21h (3D); Actividade Paranormal 4 M16. Sala 2 - 16h10, 18h30, 21h40; Astérix e Obélix: Ao Serviço de Sua Majestade M6. Sala 3 - 16h, 18h50, 21h20; 007 Skyfall M12. Sala 4 - 15h50, 18h40, 21h30; Linhas de Wellington M12. Sala 5 - 15h35, 18h25, 21h25; Looper - Reflexo Assassino M16. Sala 6 - 15h40, 18h20, 21h10; Taken - A Vingança M16. Sala 7 - 15h30, 18h10, 21h50

Leiria

Castello Lopes - Leiria ShoppingCC Leiria Shopping, IC2. T. 760789789007 Skyfall M12. Sala 1 - 13h10, 16h, 18h50, 21h40; Actividade Paranormal 4 M16. Sala 2 - 13h15, 15h40, 18h10, 21h50; Looper - Reflexo Assassino M16. Sala 3 - 21h10; Astérix e Obélix: Ao Serviço de Sua Majestade M6. Sala 3 - 13h, 15h20, 18h30 (V.P./3D); Terapia a Dois M12. Sala 4 - 12h50, 15h10, 18h, 21h; Taken - A Vingança M16. Sala 5 - 13h20, 15h30, 18h40, 21h15; Astérix e Obélix: Ao Serviço de Sua Majestade M6. Sala 6 - 13h30, 15h50, 19h, 21h30; 007 Skyfall M12. Sala 7 - 12h40, 15h, 18h20, 21h20

Loures Castello Lopes - Loures ShoppingQuinta do Infantado, Loja A003 - Centro Comercial Loures Shopping. T. 760789789Actividade Paranormal 4 M16. Sala 1 - 13h30, 16h20, 18h30, 21h30; Astérix e Obélix: Ao Serviço de Sua Majestade M6. Sala 2 - 13h20, 16h, 18h10 (V.Port./3D); Frankenweenie M12. Sala 2 - 21h40 (3D); Astérix e Obélix: Ao Serviço de Sua Majestade M6. Sala 3 - 13h40, 16h10, 18h55, 21h25; Taken - A Vingança M16. Sala 4 - 13h25, 16h30, 18h40, 21h15; 007 Skyfall M12. Sala 5 - 12h40, 15h30, 18h20, 21h20; 007 Skyfall M12. Sala 6 - 13h, 15h50, 18h50, 21h45; Patrulha de Bairro M12. Sala 7 - 13h10, 15h40, 18h; Looper - Reflexo Assassino M16. Sala 7 - 21h10

Montijo ZON Lusomundo Fórum MontijoC. C. Fórum Montijo. T. 16996007 Skyfall M12. 17h30, 20h50; 007 Skyfall M12. 16h30, 20h40; Dos Homens Sem Lei M12. 15h40, 18h15, 21h; Astérix e Obélix: Ao Serviço de Sua Majestade M6. 15h50 (V.P./3D), 18h30, 21h10 (V.O.); Actividade Paranormal 4 M16. 16h, 18h10, 21h30; Taken - A Vingança M16. 16h10, 18h20, 21h20

Odivelas ZON Lusomundo Odivelas ParqueC. C. Odivelasparque. T. 16996Actividade Paranormal 4 M16. 15h20, 18h40, 21h10; 007 Skyfall M12. 15h, 18h, 21h; Astérix e Obélix: Ao Serviço de Sua Majestade M6. 16h, 18h30 (V.P./3D), 21h20 (V.O.); Taken - A Vingança M16. 15h30, 18h20, 21h30; ParaNorman M6. 15h40, 18h10 (V.P.); Looper - Reflexo Assassino M16. 21h15

Oeiras ZON Lusomundo Oeiras ParqueC. C. Oeirashopping. T. 16996Arbitrage - A Fraude M12. 12h50, 15h20, 18h10, 21h15, 23h55; 007 Skyfall M12. 14h, 17h15, 21h, 00h10; Dos Homens Sem Lei M12. 12h55, 15h40, 18h30, 21h30, 00h15; As Palavras M12. 13h, 15h25, 18h20, 21h20, 23h50; 007 Skyfall M12. 12h30, 15h30, 18h40, 21h50; Taken - A Vingança M16. 18h45, 21h40, 24h; Astérix e Obélix: Ao Serviço de Sua Majestade M6. 13h10, 15h45 (V.Port./3D); Manteiga M12. 13h15, 15h50, 18h15, 21h10, 23h45

Miraflores ZON Lusomundo Dolce Vita MirafloresC. C. Dolce Vita - Av. Túlipas. T. 707 CINEMAAstérix e Obélix: Ao Serviço de Sua Majestade M6. 15h10, 18h10 (V.Port.), 21h10 (V.Orig.); ParaNorman M6. 15h, 18h

(V.Port.); Para Roma com Amor M12. 21h; 007 Skyfall M12. 15h20, 18h20, 21h20; Dos Homens Sem Lei M12. 15h30, 18h30, 21h30

Torres Novas Castello Lopes - TorreShoppingBairro Nicho - Ponte Nova. T. 707220220007 Skyfall M12. Sala 1 - 13h, 15h50, 18h40, 21h30; Encomenda Armadilhada M12. Sala 2 - 12h50, 15h40, 18h30, 21h20; Astérix e Obélix: Ao Serviço de Sua Majestade M6. Sala 3 - 12h40, 15h30 (V.Port./3D), 18h20, 21h10 (V.Orig./3D)

Torres Vedras ZON Lusomundo Torres VedrasC.C. Arena Shopping. T. 16996Actividade Paranormal 4 M16. 16h15, 18h30, 21h20; Astérix e Obélix: Ao Serviço de Sua Majestade M6. 16h, 18h45 (V.Port./3D), 21h45 (V.Orig./3D); Taken - A Vingança M16. 15h45, 18h15, 21h35; Linhas de Wellington M12. 14h50, 18h, 21h10; 007 Skyfall M12. 14h40 , 17h45, 21h

Torre da Marinha Castello Lopes - Rio Sul ShoppingQta. Nova do Rio Judeu. T. 760789789007 Skyfall M12. Sala 1 - 15h30, 18h25, 21h20; 007 Skyfall M12. Sala 2 - 15h50, 18h45, 21h40; Taken - A Vingança M16. Sala 3 - 15h10, 18h10, 21h25; Actividade Paranormal 4 M16. Sala 4 - 15h40, 18h40, 21h30; Looper - Reflexo Assassino M16. Sala 5 - 21h10; Astérix e Obélix: Ao Serviço de Sua Majestade M6. Sala 5 - 15h30, 18h30 (V.Port./3D); Astérix e Obélix: Ao Serviço de Sua Majestade M6. Sala 6 - 16h, 18h50, 21h50; Patrulha de Bairro M12. Sala 7 - 15h20, 18h20, 21h

Santarém Castello Lopes - SantarémLargo Cândido dos Reis. T. 760789789Patrulha de Bairro M12. Sala 1 - 16h10, 19h, 21h40; Taken - A Vingança M16. Sala 2 - 16h20, 19h10, 21h50; Terapia a Dois M12. Sala 3 - 15h50, 18h40, 21h30; Looper - Reflexo Assassino M16. Sala 4 - 21h; Astérix e Obélix: Ao Serviço de Sua Majestade M6. Sala 4 - 16h, 18h20 (V.Port./3D); Astérix e Obélix: Ao Serviço de Sua Majestade M6. Sala 5 - 15h30, 18h50, 21h10; 007 Skyfall M12. Sala 6 - 15h40, 18h30, 21h20

Setúbal

Auditório CharlotAvenida Dr. Ant. Manuel Gamito, 11. T. 265522446007 Skyfall M12. Sala 1 - 21h30 Castello Lopes - SetúbalC. Comercial Jumbo, Loja 50. T. 707220220Encomenda Armadilhada M12. Sala 1 - 15h30, 18h20, 21h10; 007 Skyfall M12. Sala 2 - 15h50, 18h50, 21h40; Astérix e Obélix: Ao Serviço de Sua Majestade M6. Sala 3 - 16h (V.Port./3D), 18h40, 21h30; Para Roma com Amor M12. Sala 4 - 15h40, 18h30, 21h20

Faro SBC-International CinemasC. C. Fórum Algarve. T. 289887212Looper - Reflexo Assassino M16. Sala 1 - 13h55, 16h30, 19h05, 21h40; Para Roma com Amor M12. Sala 2 - 13h45, 16h10, 18h35, 21h05; 007 Skyfall M12. Sala 3 - 15h, 18h, 21h; Frankenweenie M12. Sala 4 - 13h10, 15h10, 19h10 (V.Port./3D); 007 Skyfall M12. Sala 4 - 16h25; Dos Homens Sem Lei M12. Sala 4 - 13h55, 19h25, 21h55; Arbitrage - A Fraude M12. Sala 5 - 21h40; 007 Skyfall M12. Sala 5 - 17h20; Dos Homens Sem Lei M12. Sala 5 - 14h45; Taken - A Vingança M16. Sala 6 - 13h10, 15h15, 17h20, 19h25, 21h30 ; 007 Skyfall M12. Sala 7 - 15h40, 18h40, 21h40; Ted M12. Sala 8 - 14h45, 19h10; Encomenda Armadilhada M12. Sala 8 - 17h05, 21h30; Selvagens M16. Sala 9 - 21h; Patrulha de Bairro M12. Sala 9 - 14h, 16h20 18h40

Albufeira Castello Lopes - Algarve ShoppingEstrada Nac. 125 - Vale Verde. T. 760789789Astérix e Obélix: Ao Serviço de Sua Majestade M6. Sala 1 - 12h45, 15h20, 18h (V.Port./3D); Frankenweenie M12. Sala 1 - 21h05; 007 Skyfall M12. Sala 2 - 12h40, 15h30, 18h20, 21h20; Arbitrage - A Fraude M12. Sala 3 - 12h55, 15h40, 18h10, 21h; Astérix e Obélix: Ao Serviço de Sua Majestade M6. Sala 4 - 13h05, 15h45, 18h25, 21h15; Looper - Reflexo Assassino M16. Sala 5 - 12h50, 15h25, 18h05, 21h; Actividade Paranormal 4 M16. Sala 6 - 13h15, 15h55, 18h30, 21h30; As Palavras M12. Sala 7 - 13h10, 16h, 18h35, 21h25; 007 Skyfall M12. Sala 8 - 13h, 15h50, 18h50, 21h45; Taken - A Vingança M16. Sala 9 - 13h20, 15h40, 18h10, 21h35

Olhão

Algarcine - Cinemas de OlhãoC.C. Ria Shopping. T. 289703332007 Skyfall M12. Sala 1 - 15h30, 18h30, 21h30; Desafio Total M12. Sala 2 - 15h20, 18h20, 21h20; Magic Mike M12. Sala 3 - 15h15, 18h15, 21h15

Portimão Algarcine - Cinemas de PortimãoAv. Miguel Bombarda. T. 282411888007 Skyfall M12. Sala 1 - 15h30, 18h15, 21h30; Arbitrage - A Fraude M12. Sala 2 - 15h45, 18h15, 21h45 Castello Lopes - PortimãoQuinta da Malata, Lote 1 - Centro Comercial Continente. T. 760789789Arbitrage - A Fraude M12. Sala 1 - 13h15, 16h, 18h50, 21h40; Taken - A Vingança M16. Sala 2 - 13h30, 16h15, 19h, 21h50; Terapia a Dois M12. Sala 3 - 13h40, 16h20, 19h10, 22h; Astérix e Obélix: Ao Serviço de Sua Majestade M6. Sala 4 - 13h05, 15h40, 18h30, 21h10; 007 Skyfall M12. Sala 5 - 13h, 15h50, 18h40, 21h30; Looper - Reflexo Assassino M16. Sala 6 - 21h20; Astérix e Obélix: Ao Serviço de Sua Majestade M6. Sala 6 - 13h20, 16h10, 184h5 (V.Port./3D)

Tavira Zon Lusomundo TaviraC.C. Gran-Plaza, R. Almirante Cândido dos Reis. T. 16996007 Skyfall M12. 15h10, 18h15, 21h20; Actividade Paranormal 4 M16. 15h05, 17h10, 19h15, 21h30; Arbitrage - A Fraude M12. 15h35, 18h20, 21h10; Astérix e Obélix: Ao Serviço de Sua Majestade M6. 15h50 (V.P./3D), 18h30, 21h (V.O.); Linhas de Wellington M12. 14h50, 18h, 21h05

TEATROLisboaA Barraca - Teatro Cine ArteLargo de Santos, 2. T. 213965360 Gil Vicente, e agora? Enc. Carla Alves. Até 6/11. 3ª às 10h30, 11h30 e 14h. Reservas: 917373177. Volátil Enc. Carla Alves, Fernando Pires. Até 6/11. 3ª às 10h30, 11h30 e 14h.Centro Cultural de BelémPraça do Império. T. 707303000 Iluminações Companhia Maior. Enc. Mónica Calle. De 3/11 a 6/11. 2ª, 3ª e Sáb às 21h. Dom às 16h. M/12. Teatro da Cornucópia - Bairro AltoRua Tenente Raúl Cascais, 1A. T. 213961515 Os Desastres do Amor De Pierre de Marivaux. Enc. Luis Miguel Cintra. De 1/11 a 25/11. 3ª a Sáb às 21h. Dom às 16h. M/12. Teatro do BairroRua Luz Soriano, 63. T. 213473358 Caveman: Mim Caçar, Tu Colher! Enc. António Pires. Com Manuel Marques. De 4/9 a 18/12. 3ª às 22h. M/16. Duração: 80m. Teatro-Estúdio Mário Viegas Largo do Picadeiro. T. 213257641 O Gato Comp. de Teatro Mole e Erre. Enc. Paulo Duarte Ribeiro. De 18/9 a 18/12. 3ª às 22h (na Sala Estúdio). M/12. Duração: 90m.

AlmadaTeatro Municipal de AlmadaAvenida Professor Egas Moniz. T. 212739360 O Mercador de Veneza De William Shakespeare. Comp. de Teatro de Almada.

AS ESTRELAS DO PÚBLICO

JorgeMourinha

Luís M. Oliveira

Vasco Câmara

a Mau mmmmm Medíocre mmmmm Razoável mmmmm Bom mmmmm Muito Bom mmmmm Excelente

Adeus, Minha Rainha mmmmm – mmmmm

Bellamy mmmmm mmmmm mmmmm

Cirkus Columbia – mmmmm mmmmm

Elas mmmmm a –Frankenweenie mmmmm mmmmm –Galinha com Ameixas mmmmm – mmmmm

O Gebo e a Sombra mmmmm mmmmm mmmmm

Looper, Reflexo Assassino mmmmm – mmmmm

Para Roma, com Amor mmmmm mmmmm mmmmm

007 Skyfall mmmmm mmmmm mmmmm

36 | PÚBLICO, TER 6 NOV 2012

SAIRSkunk Anansie no Coliseu dos Recreios

Enc. Ricardo Pais. Com Albano Jerónimo, João Reis, Sara Carinhas, Pedro Penim, Lígia Roque, Pedro Frias, Maria João Pinho, André Gomes, André Albuquerque, Daniel Fialho, Eduardo Breda, Ivo Alexandre, João Farraia, Pedro Manana. De 20/10 a 11/11. 3ª a Sáb às 21h30. Dom às 16h (na Sala Principal). M/12.

EXPOSIÇÕESLisboa3 + 1 Arte ContemporâneaRua António Maria Cardoso, 31. T. 210170765 Histórias que cabem na palma da mão De Rosana Ricalde. De 24/10 a 30/11. 3ª a Sáb das 14h às 20h. Desenho, Escultura, Instalação. Appleton SquareRua Acácio Paiva, 27 - r/c. T. 210993660 Dois Desenhos, Uma Escultura De José Pedro Croft. De 18/10 a 17/11. 3ª a Sáb das 15h às 20h. Escultura. Art Lounge GaleriaRua António Enes, 9C. T. 213146500 Panorama De João Feijó. De 10/10 a 10/11. 2ª a 6ª das 12h às 19h. Pintura. Baginski Galeria/ProjectosR. Capitão Leitão, 51/53. T. 213970719 Distant Smoke De Gonçalo Sena. De 26/9 a 10/11. 3ª a Sáb das 14h às 19h. Escultura, Desenho. Pontus De Délio Jasse. De 26/9 a 10/11. 3ª a Sáb das 14h às 19h. Fotografia. Centro Cultural de BelémPraça do ImpérioT. 707303000 Júlio Pomar: Estudos para O Romance de Camilo de Aquilino Ribeiro De Júlio Pomar. De 22/10 a 19/1. Todos os dias das 14h30 às 18h30. Pintura, Edição, Outros. Inserido no ciclo CCB - Camilo Castelo Branco: As paixões juvenis e o Amor de Perdição. Centro de Arte Moderna - José de Azeredo PerdigãoR. Dr. Nicolau Bettencourt. T. 217823474 Carlos Nogueira: O lugar das coisas De Carlos Nogueira. De 21/9 a 6/1. 3ª a Dom das 10h às 18h. Instalação, Escultura, Fotografia, Outros. Gerard Byrne: Imagens ou Sombras De Gerard Byrne. De 21/9 a 6/1. 3ª a Dom das 10h às 18h. Instalação, Vídeo.

Chiado 8 - Arte ContemporâneaLargo do Chiado, 8. T. 213237335 Peças de Substituição De Renato Ferrão. De 21/9 a 16/11. 2ª a 6ª das 12h às 20h. Desenho, Instalação. Cristina Guerra - Contemporary ArtR. Santo António à Estrela, 33. T. 213959559 João Onofre De 27/9 a 7/11. 3ª a 6ª das 12h às 20h. Sáb e Dom das 15h às 20h. Vídeo, Fotografia. Fundação e Museu Calouste GulbenkianAvenida de Berna, 45A. T. 217823000 As Idades do Mar De Francesco Guardi, Turner, Friedrich, Monet, De Chirico, Amadeo de Souza-Cardoso, Vieira da Silva, Sousa Lopes, Noronha da Costa, António Carneiro, João Vaz, entre outros. De 25/10 a 27/1. 3ª a Dom das 10h às 18h. Pintura. Um Chá para Alice De Lisbeth Zwerger, Dusan Kallay, Anthony Browne, Chiara Carrer, Anne Herbauts, Nicole Claveloux, Teresa Lima, entre outros. De 31/10 a 10/2. 3ª a Dom das 10h às 18h. Desenho, Ilustração, Pintura, Fotografia. Um vaso grego no Museu Calouste Gulbenkian De Maria Helena Rocha-Pereira. De 29/3 a 30/12. 3ª a Dom das 10h às 18h. Instalação. Fundação José SaramagoRua dos Bacalhoeiros. T. 218802040 José Saramago: a Semente e os Frutos A partir de 13/6. 2ª a 6ª das 10h às 18h. Sáb das 10h às 14h. Documental, Biográfico, Outros. Galeria do Palácio GalveiasCampo Pequeno, 53. T. 218170534 Passagens (Doclisboa’12) De Chantal Akerman, Pedro Costa. De 20/10 a 30/11. 2ª e Sáb das 13h às 19h. 3ª a 6ª das 10h às 19h. Vídeo, Outros. Galeria Filomena SoaresRua da Manutenção, 80. T. 218624122 Slater Bradley: Melancholia De 20/9 a 10/11. 3ª a Sáb das 10h às 20h. Fotografia. Galeria João Esteves de OliveiraRua Ivens, 38. T. 213259940 D’ après nature, (possibly...) De Pedro Cabrita Reis. De 3/10 a 16/11. 2ª das 15h às 19h30. 3ª a 6ª das 11h às 19h30. Sáb das 11h às 13h30 e das 15h às 19h30. Instalação. Galeria Miguel NabinhoRua Tenente Ferreira Durão, 18B. T. 213830834 July 1984 De José Luís Neto. De 25/10 a

30/12. 3ª a Sáb das 14h às 20h. Fotografia, Pintura. Hospital Miguel BombardaR. Dr. Almeida Amaral. T. 213177400 Hospital De André Cepeda, André Gomes, André Príncipe, António Júlio Duarte, Augusto Alves da Silva, Inês d`’Orey, Jorge Molder, José Pedro Cortes, Maria José Palla, Paulo Catrica, Pedro Ventura, Valter Vinagre, entre outros. De 3/11 a 2/2. 3ª a Sáb das 12h às 18h. Fotografia, Vídeo. MNAC - Museu do ChiadoRua Serpa Pinto, 4. T. 213432148 O Modernismo Feliz - Art Déco em Portugal De Abel Manta, Adelaide de Lima Cruz, Amadeo de Souza-Cardoso, Armando Bastos, Lino António, Joseph Bernard, Mário Eloy, Sarah Afonso, Stuart Carvalhais, entre outros. De 28/6 a 25/11. 3ª a Dom das 10h às 18h. Pintura, Desenho, Escultura. Violon Fase De Anne Teresa De Keersmaeker. De 30/10 a 11/11. 3ª a Dom das 10h às 18h. Performance, Vídeo. Temps d’Images 2012. MUDE - Museu do Design e da ModaRua Augusta, 24. T. 218886117 Único e Múltiplo. 2 Séculos de Design A partir de 27/5. 3ª a Dom das 10h às 18h. Design. Exposição permanente. Museu Colecção BerardoPraça do Império - CCB. T. 213612878 Exposição Permanente do Museu Colecção Berardo (1960-2010) De Vito Acconci, Carl Andre, Alan Charlton, Louise Bourgeois, José Pedro Croft, Antony Gormley, Jeff Koons, Allan McCollum, Gerhard Richter, Cindy Sherman, William Wegman, entre outros. A partir de 9/11. Todos os dias das 10h às 19h (última admissão às 18h30). Pintura, Outros. Hélio Oiticica - O Museu é o Mundo De 21/9 a 6/1. 3ª a Dom das 10h às 19h (última admissão às 18h30). Fotografia, Documental, Outros. O Museu em Montagem De

Rodrigo Bettencourt da Câmara. De 31/10 a 24/2. Todos os dias das 10h às 19h (última admissão às 18h30). Fotografia. Museu da ElectricidadeAvenida Brasília. T. 210028190 Os Comedores de Batatas De Maria Beatriz. Até 25/11. 3ª a Dom das 10h às 18h. Pintura. Museu da FarmáciaRua Marechal Saldanha, 1. T. 213400680 Día de Muertos. Ontem e Hoje - do México Pré-Hispânico ao México Actual De 6/11 a 26/1. 2ª a 6ª das 10h às 18h. Objectos, Instalação, Fotografia. Museu do OrienteAvenida Brasília. T. 213585200 Deuses da Ásia A partir de 9/5. Terça, quarta, quinta, sábado e domingo das 10h às 18h (última admissão 17h30). Sexta das 10h às 22h (última admissão 21h30) (gratuito 18h às 22h). Outros. Exposição permanente. O Chá. De Oriente para Ocidente De 8/6 a 13/1. 3ª, 4ª, 5ª, Sáb e Dom das 10h às 18h. 6ª das 10h às 22h (entrada gratuita a partir das 18h). Objectos, Documental, Outros. Presença Portuguesa na Ásia. O Coleccionismo de arte do Extremo Oriente De Vários autores. A partir de 9/5. Terça, quarta, quinta, sábado e domingo das 10h às 18h (última admissão 17h30). Sexta das 10h às 22h (última admissão 21h30) (gratuito das 18h às 22h). Ourivesaria, Pintura, Outros. Exposição permanente. Sakura De Manuela Cardoso, Cristina Dias, Rita Marques, Joana Rosa Fernandes, Inês Pott, Shuang Wú, Mariana Durana, Sara Duarte Ferreira, entre outros. De 19/10 a 16/12. 3ª, 4ª, 5ª, Sáb e Dom das 10h às 18h. 6ª das 10h às 22h. Ilustração. Museu Nacional de Arte AntigaR. Janelas Verdes, 1249. T. 213912800 Da Ideia à Forma. Desenhos de escultura em Portugal (séculos XVII a XIX) De 16/10 a 13/1. 3ª das 14h às 18h. 4ª a Dom das 10h

às 18h. Desenho, Outros. Pintura e Artes Decorativas do Século XII ao XIX A partir de 16/12. Terça das 14h às 18h. Quarta a domingo das 10h às 18h. Pintura, Desenho, Outros. Exposição Permanente. Thesaurus. A Ourivesaria Sacra da Real Abadia de Alcobaça De 28/9 a 2/12. 3ª das 14h às 17h30. 4ª a Dom das 10h às 17h30. Museu Rafael Bordalo PinheiroCampo Grande, 382. T. 218170667 A Viagem. Caricaturas de António para a estação Aeroporto do Metropolitano De 26/7 a 29/12. 3ª a Sáb das 10h às 18h. Desenho, Ilustração, Outros. Pente 10 - Fotografia ContemporâneaTrav. da Fábrica dos Pentes, 10. T. 213869569 Blue Mud Swamp De Filipe Casaca. De 2/10 a 22/12. 3ª a Sáb das 15h às 19h. Fotografia.

CascaisCasa das Histórias - Paula RegoAvenida da República, 300. T. 214826970 Innervisions De Paula Rego, Pedro Calapez. Até 7/1. Todos os dias das 10h às 18h. Pintura. Centro Cultural de CascaisAv. Rei Humberto II de Itália. T. 214848900 Charles Landseer De 20/9 a 27/1. 3ª a Dom das 10h às 18h. Pintura.

MÚSICALisboaColiseu dos RecreiosR.Portas de Santo Antão, 96. T. 213240580 Skunk Anansie Hoje às 21h. Fundação e Museu Calouste GulbenkianAvenida de Berna, 45A. T. 217823000 Christian Zacharias Hoje às 19h. Hot Clube de PortugalPraça da Alegria, 48. T. 213619740 Afonso Pais Trio De 6/11 a 7/11. 3ª e 4ª às 23h. Teatro Nacional de São CarlosLargo de São Carlos, 17. T. 213253045 Don Pasquale Com Coro do Teatro Nacional de São Carlos, Orq. Sinfónica Portuguesa. Enc. Italo Nunziata. Até 10/11. 3ª, 5ª às 20h. Sáb às 16h.

FARMÁCIAS

LisboaServiço PermanenteBom Sucesso (Belém) - Rua Bartolomeu Dias, 63-A - Tel. 213011454 Freitas (Marvila) - Rua do Vale Formoso de Baixo, 23 - A - Tel. 218681136 Gasparinho (Estados Unidos) - Rua Dr. Gama Barros, 54 - A - Tel. 218490465 Pinheiro (Campo de Ourique) - Rua Campo Ourique, 131 - Tel. 213844313 Prates e Mota (Rego) - Rua da Beneficiência, 91 - Tel. 217973728 Reis (Lumiar - Qtª do Lumiar) - Rua Pedro Bandeira, 2-A Lambert - Tel. 217567937 Salus (Conde Redondo) - Rua Luciano Cordeiro, 73 - Tel. 213156381 Simões (Benfica - Cemitério) - Calçada do Tojal, 102 - A - Tel. 217649649 Simões Pires (Baixa) - Rua da Prata, 115 - Tel. 213462350 Vitalis (Chile - Alto de S. João) - Rua Morais Soares, 69 - C - Tel. 218141779 Nunes Feijão - Rua das Janelas Verdes,90 - Tel. 213962327

Outras LocalidadesServiço PermanenteAbrantes - Duarte Ferreira (Rossio ao Sul do Tejo) Alandroal - Santiago Maior Albufeira - Piedade Alcácer do Sal - Alcacerense

Alcanena - Correia Pinto Alcobaça - Campeão, Alves (Benedita) Alcochete - Cavaquinha Alcoutim - Caimoto Alenquer - Matos Coelho Aljezur - Furtado, Odeceixense (Odeceixe) Aljustrel - Dias Almada - Vieira Rosa, Macedo Henriques, Higiénica (Costa da Caparica), Feijó (Feijó) Almeirim - Correia de Oliveira Almodôvar - Ramos Alpiarça - Gameiro Suc. Alter do Chão - Portugal (Chança) Alvaiázere - Pacheco Pereira (Cabaços) Alvito - Nobre Sobrinho Amadora - Campos, Girassol, Guizo Amareleja - Duarte Arraiolos - Vieira Arronches - Batista Arruda dos Vinhos - Da Misericórdia Avis - Nova de Aviz Azambuja - Nova Barrancos - Barraquense Barreiro - Campos Farinha, Roldão Batalha - Ferraz Beja - J. Delgado (S. João Batista) Belmonte - Costa Benavente - Central (Samora Correia), Martins (Samora Correia) Bombarral - Miguel Borba - Central Cadaval - Misericórdia Caldas da Rainha - Rosa Campo Maior - campo Maior Cartaxo - Central do Cartaxo Cascais - Central (Carcavelos), Das Fontainhas, Aragão (Madorna) Castanheira de Pera - Dinis Carvalho (Castanheira) Castelo

Branco - Pereira Rebelo Castelo de Vide - Roque Castro Marim - Moderna Castro Verde - Alentejana Chamusca - Joaquim Maria Cabeça Constância - Carrasqueira (Montalvo) Coruche - Almeida Covilhã - Moderna, Pedroso Crato - Saramago Pais Cuba - Da Misericórdia Elvas - Calado Entroncamento - Carlos Pereira Lucas Estremoz - Costa Évora - Central Faro - Higiene Ferreira do Alentejo - Salgado Ferreira do Zêzere - Graciosa Figueiró dos Vinhos - Vidigal Fronteira - Costa Coelho Fundão - Taborda Gavião - Mendes (Belver) Golegã - Moderna (Azinhaga), Oliveira Freire Grândola - Pablo Idanha-a-Nova - Monsantina (Monsanto/Beira Baixa) Lagoa - Sousa Pires Lagos - Ribeiro Lopes Leiria - Central, Caixa Prev. da E.C.L. (Maceira) Loulé - Pinto, Algarve (Quarteira), Paula (Salir) Loures - Fátima, São João, Tojal, Mendonça (Apelação), Nova da Portela (Portela), Até às 23h - Do Prior Velho, Até às 22h - Valente (Fanhões), Faria (Santo António dos Cavaleiros), Ribeiro Soares (Urb. Quinta do Castelo) Lourinhã - Leal (Rio Tinto) Mação - Saldanha Mafra - Ericeirense, Costa Maximiano (Sobreiro) Marinha

Grande - Moderna Marvão - Roque Pinto Mértola - Maktub, Nova de Mértola Moita - Nunes (Baixa da Banheira), Ass. Socorros Mutuos-União Moitense Monchique - Higya Monforte - Jardim Montemor-o-Novo - Central Montijo - São Pedro Mora - Falcão Moura - Rodrigues Mourão - Mourão Nazaré - Sousa Nisa - Ferreira Pinto Óbidos - Vital (Amoreira/Óbidos) Odemira - Confiança Odivelas - D. Dinis, Do Casal Novo, Gonçalves, Até às 22h - Santa Rita, Aniceto Ferronha (Urb. Bons Dias - Odivelas) Oeiras - Central, Combatentes, Dias, Maria, Silva Branco (Dafundo), Leal, Ribeiro, Até às 22h - De Lavadeiras, Nova de Queijas Oleiros - Garcia Guerra Olhão - Pacheco Ourém - Iriense, Leitão Ourique - Nova (Garvão) Palmela - Central do Pinhal Novo Pedrógão Grande - Baeta Rebelo Penamacor - Melo Peniche - Central Pombal - Albergariense (Albergaria dos Doze), Barros Ponte de Sor - Varela Dias Portalegre - Chambel Portel - Misericordia Portimão - Amparo Porto de Mós - Mirense (MIRA DE AIRE), Lopes Unipessoal Proença-a-Nova - Roda Redondo - Xavier de Cunha Reguengos de Monsaraz - Paulitos Rio

Maior - Almeida Salvaterra de Magos - Carvalho Santarém - Santos Real, Vitorino Santiago do Cacém - Corte Real, Mendes (Santo André) Sardoal - Passarinho Seixal - Bento Lino, Duarte Ramos (Amora), Godinho Serpa - Central Sertã - Lima da Silva Sesimbra - Bio-Latina, Cotovia, Nurei, Leão Setúbal - Bonfim, Isabel Silves - Algarve, Dias Neves, Sousa Coelho, Ass. Soc. Mutuos João de Deus Sines - Atlântico, Monteiro Telhada (Porto Covo) Sintra - Neves, Rodrigues Rato, Simões Lopes (Queluz), Serra Das Minas (Rio de Mouro), Misericórdia, Até às 22h - Idanha (Idanha) Sobral Monte Agraço - Costa Sousel - Andrade Tavira - Central Tomar - Alfa (Porto da Laje) Torres Novas - Higiene Torres Vedras - Simões Vendas Novas - Ribeiro Viana do Alentejo - Nova Vidigueira - Pulido Suc. Vila de Rei - Silva Domingos Vila do Bispo - Sagres (Sagres), Vila do Bispo Vila Franca de Xira - Ascenção Nunes, Central de Alhandra, Madragoa, Nova Alverca, Silva Carvalho, Até às 21h - Sequeira (Sobralinho) Vila Nova da Barquinha - Oliveira Vila Real de Santo António - Carmo Vila Velha de Rodão - Pinto Vila Viçosa - Torrinha

PÚBLICO, TER 6 NOV 2012 | 37

FICAR

CINEMAMudança de Jogo [Game Change]TVC2HD, 22h00Julianne Moore, Woody Harrelson

e Ed Harris numa crónica que

segue a campanha presidencial de

John McCain, em 2008: desde a

sua decisão de ter a governadora

do Alasca Sarah Palin como sua

vice-presidente até à sua derrota

eleitoral. De Jay Roach, venceu

cinco Primetime Emmys.

Timecode [Timecode]AXN BLACK, 22h31Experiência de Mike Figgis,

fi lmada com câmaras de vídeo

digitais, sincronizadas em quatro

locais e cujo resultado pode ser

visionado no pequeno ecrã em

simultâneo. Entre um homicídio,

negócios escusos e um terramoto,

a história centra-se em quatro

personagens: um produtor de

cinema (Stellan Skarsgard), a

sua esposa (Saff ron Burrows),

uma aspirante a actriz (Selma

Hayek) e uma estranha ( Jeanne

Tripplehorn).

Um Homicídio Perfeito [A Perfect Murder]RTP1, 01h15Versão de Chamada para a

Morte, de Alfred Hitchcock.

Steven Taylor (Michael Douglas)

é um industrial milionário. Mas

falta-lhe o essencial: o amor e

fi delidade de Emily Bradford

(Gwyneth Paltrow), a mulher,

que ele descreve como a sua mais

preciosa aquisição. Mas, Emily

farta-se de ser um acessório na

vida do marido e envolve-se com

David (Viggo Mortensen). Só que

Steven tem um plano. De Andrew

Davis.

DOCUMENTÁRIOS

A Face Oculta da Crise GregaOdisseia, 23h00A chegada da imigração ilegal à

Grécia coincidiu com o início da

grande crise económica mundial.

Um facto que está a fomentar um

clima alarmante de tensões raciais

e a favorecer o crescimento de

partidos xenófobos no país.

O Legado CeltaHistória, 00h00Dólmenes, túmulos e rastos

mostram a evolução dos

primeiros povoadores galegos.

Um documentário que revela

como a ascendência celta

foi determinante na cultura

castrenha.

SÉRIES

WhitneyTV Series, 20h30Estreia a 2.ª temporada. Um

olhar hilariante sobre o amor na

actualidade através da história

de Whitney e Alex que, juntos há

cinco anos, têm uma luta hercúlea

pela frente: contra a monotonia.

Com Whitney Cummings e Chris

D’Elia.

DESPORTO

Futsal: Rússia x GuatemalaRTP2, 11h52Directo. Jogo da fase de grupos do

Campeonato do Mundo de futsal,

que se realiza na Tailândia até

18. Hoje, Rússia x Guatemala, do

Grupo F, do qual também fazem

parte Ilhas Salomão e Colômbia.

Futebol: Dínamo Kiev x FCPTVI, 19h35Directo. Jogo da 4.ª jornada

da fase de grupos da Liga de

Campeões de futebol. Ao FC Porto

basta um empate para garantir o

acesso à fase seguinte.

INFANTIL

Animais DivertidosPanda, 10h30 / 15h00De 2.ª a 6.ª, um microcosmos

invade o Canal Panda. Eles são

pequeníssimos animais que, no

fundo do jardim, formam uma

comunidade muito parecida com

a nossa. Até nas confusões… Mas,

a cada episódio, têm (e dão) uma

lição a aprender.

Os Smurfs (V.P.)TVC3HD, 11h35Depois de sugados por um portal

mágico que os faz desaparecer da

sua aldeia, os pequenos Smurfs

vêem-se perdidos em Nova

Iorque. Quando acidentalmente

vão parar à caixa de correio do

casal Winslow, as suas vidas fi cam

literalmente do avesso. E, mesmo

longe de casa, terão de enfrentar

a pior de todas as ameaças:

Garganel. A versão original passa

às 22h30.

RTP106.30 Bom Dia Portugal 10.00 Praça da Alegria 13.00 Jornal da Tarde 14.15 Vidas em Jogo 15.11 Portugal no Coração 18.00 Portugal em Directo 19.08 O Preço Certo 20.00 Telejornal 21.00 O Nosso Tempo 21.30 Salvador 21.57 Decisão Final 22.54 BBC Terra: Década de Descobertas 23.52 5 Para a Meia-Noite - José Pedro Vasconcelos convida Catarina Furtado + João Martins 01.01 Filme: Um Homicídio Perfeito 02.48 Ribeirão do Tempo

RTP207.00 Zig Zag 11.52 Futsal: Rússia x Guatemala 13.37 Zig Zag 14.00 Sociedade Civil - Universidades: dinamizadoras das regiões 15.32 Diário Câmara Clara 15.41 Consigo 16.09 National Geographic: Corredores de Ouro 17.03 Zig Zag 18.00 A Fé dos Homens 18.33 Duas Miúdas nas Lonas 18.55 Biosfera 19.39 Nativos Digitais 19.56 Zig Zag 21.07 National Geographic: A Casa Branca de Obama 22.00 Hoje 22.37 Diário Câmara Clara 22.47 Clínica Privada - 5.ª série 23.50 Bairro Alto 00.41 E:2 - Escola Superior de Comunicação Social 01.10 Câmara Clara 02.08 Biosfera 02.52 Nativos Digitais

SIC06.00 Jornal de Síntese 07.00 Edição da Manhã 08.05 Tween Box: Tower Prep 09.10 Cartas da Maya - O Dilema 10.15 Querida Júlia 13.00 Primeiro Jornal 14.25 Toca a Mexer - Diário 14.50 Podia Acabar o Mundo 15.55 Boa Tarde 18.30 Fina Estampa 20.00 Jornal da Noite 21.35 Dancin´ Days 22.35 Gabriela 23.30 Avenida Brasil 00.15 Toca a Mexer - Diário 00.40 Mentes Criminosas - Conduta Suspeita 01.20 Investigação Criminal 02.10 de Corpo e Alma 03.00 Maré Alta

TVI 06.30 Diário da Manhã 10.12 Você na TV! - Directo 13.00 Jornal da Uma 14.45 Tempo de Viver 16.00 A Tarde é Sua - Directo 18.15 Casa dos Segredos: Diário da Tarde 18.25 Doida Por Ti 19.00 Jornal das 8 19.35 Futebol: Dynamo Kiev x FC Porto - Directo 21.40 Euromilhões 21.53 Casa dos Segredos: Nomeações - Directo 23.00 Louco Amor 23.55 Doce Tentação 00.20 Futebol: Liga dos Campeões - Resumos 01.00 Casa dos Segredos: Extra 02.00 Mini-série: Pinóquio - 2.ª parte 03.34 Mistura Fina

TVC19.00 Os Marretas (V.P.) 10.40 Footloose - A Música Está do Teu Lado (2011) 12.35 Harry Potter e Os Talismãs da Morte - Parte 2 14.45 A Tempestade 16.35 O Quebra-Corações 18.20 Tempo de Heróis 19.50 Os Marretas (V.O.) 21.30 Footloose - A Música Está do Teu Lado (2011) 23.25 Bem-Vindo a Cedar Rapids 0.55 Harry Potter e Os Talismãs da Morte - Parte 2

FOX MOVIES10.53 Contacto 13.18 Passadores 15.23 Supremacia 17.09 O Meu Primeiro Beijo 18.49 O Meu Primeiro Beijo 2 20.26 American Pie - O Casamento 22.00 O Insustentável Peso do Trabalho 23.27 Gigolo Profissional 0.54 Bean: Um Autêntico Desastre 2.21 Procurado

HOLLYWOOD12.20 O Candidato da Verdade 14.30 Como Despachar um Encalhado 16.05 Fuga de Los Angeles 17.45 Rocky 19.45 Algemados 21.30 Chuva de Fogo 23.35 Jogo de Traições 1.25 Máquina Zero 3.25 Delírio em Las Vegas

AXN14.39 C.S.I. 15.29 C.S.I. 16.19 C.S.I. 17.09 C.S.I. 18.00 C.S.I. 18.50 C.S.I. 19.44 20.36 O Mentalista 21.30 C.S.I. Nova Iorque 22.26 C.S.I. 23.20 C.S.I.

AXN BLACK14.48 Filme: Ciúme 16.33 Sobrenatural 17.19 Sem Escrúpulos 18.10 Inadaptados 19.04 Tempos Primitivos 19.53 Tempo para Matar 20.41 A Mesquita da Pradaria 21.07 Ninguém é Perfeito 21.35 Mentes Criminosas: Conduta Suspeita 22.31 Filme: Timecode 0.11 Mentes Criminosas: Conduta Suspeita 1.07 Inadaptados

AXN WHITE14.45 Póquer de Rainhas 17.15 Regras do Jogo 17.41 Medium 18.24 A Vida Secreta de uma Teenager Americana 19.08 Regras do Jogo 19.36 Regras do Jogo 20.04 Póquer de Rainhas 21.00 Pequenas Mentirosas 0.14 Regras do Jogo 0.39 Melissa e Joey

FOX 15.47 Ossos 16.35 Lie to Me 17.24 Casos Arquivados 18.13 Investigação Criminal: Los Angeles 19.04 Family Guy 19.52 American Dad 20.16 Os Simpson

21.05 Foi Assim Que Aconteceu 21.30 Casos Arquivados 22.22 The Killing 0.06 The Finder 0.57 The Killing 2.37 Ossos

FOX LIFE 14.15 As Leis de Kate 15.00 Rizzoli & Isles 15.45 Donas de Casa Desesperadas 16.30 Hope & Faith 16.53 Jess e os rapazes 17.15 Uma Família Muito Moderna 17.37 Glee 18.22 As Leis de Kate 19.07 Clínica privada 19.52 The Voice 20.38 Medium 21.25 Revenge 22.15 Uma Família Muito Moderna 22.39 Jess e os rapazes 23.03 The Voice 23.55 As Leis de Kate

DISNEY15.35 Casper – O Fantasminha 16.05 Rekkit Rabbit 16.30 Recreio 17.00 Phineas e Ferb 18.00 Shake It Up 18.30 A.N.T. Farm - Escola de Talentos 19.00 Par de Reis 19.30 Boa Sorte, Charlie! 20.00 Shake It Up 20.30 Jessie 21.00 Hannah Montana 21.25 Os Feiticeiros de Waverly Place 21.49 Miúda Atómica

DISCOVERY18.20 Lenhadores: Crise no Moinho 19.10 O Segredo das Coisas 20.05 Trabalho Sujo: Reciclagem Animal 21.00 Como fazem isso? 22.00 Super-Homens de Stan Lee: Homem Eléctrico 22.55 Super-Homens de Stan Lee: Soco Mortal 23.45 Em Câmara Superlenta: Paintball 0.10 Em Câmara Superlenta: Breakdance 0.35 Top Gear

HISTÓRIA 16.00 O Legado Celta 17.00 Monstros Pré-históricos: Ep. 1 e 2 19.00 A Luta dos Deuses: Ulisses e a Maldição do Mar 20.00 Os Reis de Espanha: Os Reis Católicos 21.00 Os Avanços do Século XX: Querida, encolhi o mundo 21.30 Os Avanços do Século XX: Descolagem 22.00 As Estradas dos Himalaias: Ar Empobrecido 23.00 A Tecnologia da Comida: O Pequeno-almoço

ODISSEIA16.00 Nação Sob Ameaça Ataque Nuclear 17.00 O Mistério das Borboletas 18.00 Natureza do Mundo no Odisseia: A Elefante Echo 19.00 Engenharia Letal 20.00 Metrópoles A Vida na Cidade 21.00 Sobreviver na Savana A concentração 22.00 Assassinos em Série Ep. 1 23.00 A Face Oculta da Crise Grega 0.30 Mundos de Água Costa à Vista

[email protected]

RTP2, 21h07 A Casa Branca

de ObamaOs mais vistos da TVDomingo, 4

FONTE: CAEM

TVITVISICSICTVI

18,017,312,811,410,7

Aud.% Share

43,932,824,425,328,8

RTP1

2:

SICTVI

Cabo

10,0,%%

3,2

20,6

28,5

26,3

Secret Story 3 - GalaJornal das 8Jornal da NoiteEntrada LivreSomos Portugal

38 | PÚBLICO, TER 6 NOV 2012

JOGOSCRUZADAS 8247

BRIDGE SUDOKU

TEMPO PARA HOJE

A M A N H Ã

Açores

Madeira

Lua

NascentePoente

Marés

Preia-mar

Leixões Cascais Faro

Baixa-mar

Fonte: www.AccuWeather.com

PontaDelgada

Funchal

Sol

19º

Viana do Castelo

Braga5º 17º

Porto6º 17º

Vila Real3º 12º

6º 17º

Bragança1º 12º

Guarda3º 9º

Penhas Douradas0º 7º

Viseu4º 12º

Aveiro8º 17º

Coimbra6º 16º

Leiria7º 18º

Santarém7º 18º

Portalegre7º 13º

Lisboa9º 17º

Setúbal9º 18º Évora

8º 16º

Beja9º 16º

Castelo Branco5º 15º

Sines10º 18º

Sagres11º 18º

Faro12º 19º

Corvo

Graciosa

FaialPico

S. Jorge

S. Miguel

Porto Santo

Sta Maria

14º 19º

14º 18º

Flores

Terceira14º 19º

18º 21º

18º 21º

14º 19º

19º

19º

07h09

QuartoMinguante

17h31

00h367 Nov.

1-1,5m

4m

20º

3-4m

23º1,5m

22º3-4m

07h16 2,819h59 2,5

00h49 1,413h40 1,3

06h51 2,819h35 2,6

00h23 1,513h19 1,5

06h53 2,719h35 2,5

00h09 1,413h04 1,4

2-3m

2-3m

3m

18º

18º

Horizontais 1. Aquilo que não pode ser discutido ou em que não se pode tocar (fig.). Levemente molhado. 2. Averiguei. Que é de bronze. 3. Memória de compu-tador. Fiel. Basta! (interj.). 4. Atmosfera. Entoava. 5. Divisão ou subdivisão de um caule. Corajoso. 6. Situado. Alternativa. Sufixo (agente). 7. Sétima nota musi-cal. Excepto. 8. Filósofo da escola ele-ática. Espécie de veado das regiões do Norte. 9. Relatado. Cidade da costa da Índia, conquistada por Afonso de Albuquerque em 1510. 10. Criada de quarto. Disputar com obstinação. 11. Pouco frequente. Converter em soro.

Verticais: 1. Pesar, para abater a tara. Sofrer. 2. Raspas. Qualidade (pop.). 3. Interjeição imitativa do som de tiro ou pancada. Desgraçar. 4. Pátria de Abraão. Gastar com o uso. 5. A pessoa ou coi-sa feminina de que se fala. Transportes Aéreos Portugueses. 6. Género de car-nívoros digitígrados que tem o porte de um grande cão. As forças ocultas que re-gem o destino dos homens. 7. Estrondo. Prefixo (montanha). 8. Caldeirada de sumo da cana-do-açúcar. Abreviatura de frei. 9. Seguir até. Observei. Dor sem lesão. 10. Pronunciado em voz alta para ser escrito. Filtrar. 11. Interjeição que ser-ve para chamar ou saudar. Zurrar.

Depois do problema resolvido encon-tre o nome de uma obra de Fernando Sobral (3 palavras).

Solução do problema anterior:Horizontais: 1. Apupa. Mossa. 2. Catinga. Ais. 3. Al. Atilar. 4. Varrer. Maga. 5. Amo. Saca. Ur. 6. Eco. FALAR. 7. Arcal. QUE. 8. Aflar. Aru. 9. Mi. Livreiro. 10. BEM. Ai. Alar. 11. Alor. Paloma.Verticais: 1. Acava. Gamba. 2. Palame. Fiel. 3. Ut. Rocal. Mo. 4. Piar. Oral. 5. ANTES. Cria. 6. Girafa. VIP. 7. MAL. CALAR. 8. Amal. Real. 9. Sara. Aquilo. 10. Si. Guru. RAM. 11. Aspar. Enora.Provérbio: Antes bem calar que mal falar.

Oeste Norte Este Sul 1♦ passo 1♠passo 1ST passo 3♠

passo 4♠ Todos passam

Leilão: Qualquer forma de Bridge.

Carteio: Saída: Q♥. Qual a melhor linha de jogo?

Solução: Sul está a olhar para duas per-dentes a copas, uma a paus e, felizmen-te, uma só a espadas: o Ás. Uma das per-dentes a copas pode ir numa das figuras de ouros. Se os trunfos estiverem 2-2 não haverá problemas. Se Oeste tiver os quatro trunfos que faltam, o contrato não se ganhará, mas se for Este a tê-los existe uma possibilidade de se cumprir a partida. Mas, e se os trunfos estiverem 3-1? Sul deve considerar esta distribui-ção com algum cuidado, dado que é possível haver uma promoção de trunfo se o carteio não for bem medido. Sul não pode jogar já trunfo porque tem, antes de mais, livrar-se de uma das per-dentes a copas. Portanto, após ter feito o Ás de copas do morto, Sul tira três voltas

Dador: NorteVul: NS

Problema 4484 Dificuldade: fácil

Problema 4485 Dificuldade: difícil

Solução do problema 4482

Solução do problema 4483

NORTE♠ QJ5♥ A64♦ KQ76♣ Q62

SUL♠ K96432♥ 1072♦ A4♣ K5

OESTE♠ 1087♥ QJ93♦ J105♣ AJ9

ESTE♠ A♥ K85♦ 9832♣ 108743

João Fanha/Luís A.Teixeira ([email protected]) © Alastair Chisholm 2008 and www.indigopuzzles.com

de ouros, baldando uma copa na tercei-ra ronda. E agora, o que se segue? Não borre a pintura nesta altura! Para preve-nir de forma efetiva uma promoção de trunfo, o declarante deve jogar o quarto ouro do morto e baldar a última copa da sua mão! A defesa fica sem argumentos para bater o contrato. Se Este não assistir ao quarto ouro, mes-mo que corte com um trunfo pequeno, Sul pode na mesma baldar a copa que nada o impedirá de cumprir o contrato.

Considere o seguinte leilão:Oeste Norte Este Sul 1ST passo?

O que marca com a seguinte mão?♠2 ♥AJ108754 ♦863 ♣62

Resposta: Não será normal transferir pa-ra copas e depois concluir em 4 copas? Um único problema: dar espaço aos ad-versários para introduzirem o seu me-lhor naipe, o que poderá gerar um bom sacrifício (ou até mesmo uma partida imbatível) contra a nossa partida em co-pas. Este tipo de mãos exige que se to-me uma ação brusca, que limite a entra-da no leilão por parte dos adversários. A boa voz: 4 copas.

MeteorologiaVer mais emwww.publico.pt

PÚBLICO, TER 6 NOV 2012 | 39

Life&StyleVer mais emlifestyle.publico.pt/pessoas

Vendida casa onde morreu M. Jackson

Kristen Bell vai ser mãe na Primavera

Two Door Cinema Club no Optimus Alive

No Doubt retiram novo vídeo e pedem desculpa

A casa alugada onde Michael

Jackson morreu, situada em Bel

Air (Los Angeles), foi vendida, mas

os proprietários não conseguiram

os 30 milhões de euros que

pediam, muito provavelmente por

ter sido a mansão onde o cantor

passou os últimos dias da sua vida.

Foi vendida mas o comprador só

deu 14,2 milhões. O LA Times diz

que a casa, de estilo francês, com

1600m2, sete quartos, 13 casas de

banho, biblioteca, sala de cinema,

elevador, ginásio, piscina e adega,

foi adquirida pelo milionário

Steven Mayers.

Kristen Bell está grávida e a

América está tão feliz como

a “adorável actriz”, assim é

defi nida pelo site da revista

People. Bell vive com Dax

Shepard (Parenthood) e para

ambos este papel será uma

estreia. “Estão muito excitados”,

disse um amigo do casal à

revista. Bell e Shepard namoram

desde 2007 e ainda não se

casaram. A actriz de 32 anos, que

actualmente participa na série

House of Lies, diz que só o farão

depois de o casamento gay ser

legal na Califórnia.

Os britânicos Two Door Cinema

Club são a terceira confi rmação

do festival Optimus Alive, que

acontece de 12 a 14 de Julho, no

Passeio Marítimo de Algés, Oeiras.

A banda actua no dia 12 de Julho.

Depois de este ano terem actuado

no festival Sudoeste, em Agosto,

os Two Door Cinema Club voltam

a Portugal em 2013. Como este

anúncio, o Optimus Alive tem já

um cabeça de cartaz para cada dia

do festival: os Two Door Cinema

Club actuam no primeiro dia, os

Depeche Mode no segundo e os

Kings of Leon encerram o festival.

A banda No Doubt, que este mês lançou um novo disco, foi obrigada a retirar do YouTube o vídeo do single Looking Hot. Este domingo, o grupo pediu desculpa pelo conteúdo do vídeo, após ter sido acusado de racismo pela comunidade indígena dos EUA. No vídeo, a vocalista Gwen Stefani aparece vestida de índia numa luta com cowboys. Vários fãs não gostaram da simulação e as queixas multiplicaram-se. “Apesar de termos consultado amigos nativos e especialistas da Universidade da Califórnia, percebemos agora que [o vídeo] ofende as pessoas”, lê-se na nota publicada no site dos No Doubt. “Como uma banda multi-racial, a nossa fundação foi construída com base na diversidade e na consideração por outras culturas. A nossa intenção nunca foi ofender, magoar ou banalizar os nativos americanos, a sua cultura ou a sua história”, continua a nota. Looking Hot é o primeiro trabalho da banda desde 2001 — desde então, a banda esteve parada e Gwen Stefani dedicou-se a uma carreira a solo.

DR

PESSOAS

HOJE FAZEM ANOS

Melinda Allen, actriz, 40; Barry Newman, actor, 74; Christopher Knight, actor, 55; Christopher Daniel Barnes, actor, 40; Jason e Jeremy London, actores, 40; Joni Mitchell, cantora, 69; Johnny Rivers, cantor, 70; Marc Rosset, ex-tenista, 42; Jonathan Palmer, antigo piloto de Fórmula 1, 56

40 | DESPORTO | PÚBLICO, TER 6 NOV 2012

Um ponto chega mas o FC Porto não vai “a lado nenhum jogar para o empate”

Após um percurso 100% vitorio-

so na primeira volta do Grupo A

da Liga dos Campeões, o FC Porto

pode garantir já hoje, na Ucrânia

(19h45, TVI), o apuramento para

os oitavos-de-fi nal da prova. Para o

conseguir, o campeão nacional ape-

nas necessita de um empate frente

ao Dínamo, no Estádio Olímpico de

Kiev, mas Vítor Pereira quer mais.

O treinador afi rmou ontem, na an-

tevisão do jogo, que quer “que a

equipa mantenha o ADN” e saia da

capital ucraniana com a pontuação

máxima. Embora tenha confi rmado

que já escolheu o substituto de Mai-

con, o técnico não revelou quem

será o companheiro de Otamendi

no centro da defesa.

Alex Sandro, Maicon e Fernando

estão defi nitivamente fora de com-

bate, devido a lesão. A utilização

de Helton e Lucho permanecerá

em dúvida até à hora de jogo. O FC

Porto vai apresentar-se no palco da

fi nal do Euro 2012 bastante condi-

cionado, mas Vítor Pereira garan-

te ambição máxima para a partida

em Kiev: “Independentemente de

quem jogar, o FC Porto tem um gru-

po forte e vai manter a característi-

ca de sempre”.

O treinador quer “que a equipa

mantenha o ADN”, que se traduz

em “muita posse de bola” e “agres-

sividade”, colocando de parte a

possibilidade de defrontar o Dína-

mo a pensar no empate, resultado

que garante automaticamente o

apuramento do FC Porto para os

oitavos-de-fi nal da Liga dos Campe-

ões. Segundo Vítor Pereira, os por-

tistas não vão “a lado nenhum jogar

para o empate” e, dessa forma, o

técnico quer regressar a Portugal

com 12 pontos e manter a tradição:

nas quatro partidas anteriores reali-

zadas na Ucrânia, os “azuis e bran-

cos” nunca perderam (três vitórias

e um empate).

Para derrotar a formação ucra-

niana, que “é um adversário difícil,

como fi cou demonstrado no Dragão

há duas semanas”, Vítor Pereira pe-

de uma equipa “ambiciosa” e “fi el”

ao seu “estilo de jogo”. O nome do

substituto de Maicon no centro da

defesa não foi, no entanto, revela-

do. “Já sei quem vai jogar, mas não

falei com os jogadores sobre isso”,

afi rmou o técnico que, em princí-

pio, deverá manter Mangala no lado

esquerdo da defesa, sobrando Ro-

lando e Abdoulaye como hipóteses

para jogar ao lado de Otamendi.

O argentino, que também marcou

presença na conferência de impren-

sa de antevisão da partida, jogou à

defesa quando foi questionado so-

Vítor Pereira quer um FC Porto agressivo e com muita posse de bola

SERGEI SUPINSKY/AFP

Vítor Pereira, treinador dos “azuis e brancos”, quer terminar a quarta jornada da Liga dos Campeões com 12 pontos. Substituto de Maicon é a grande incógnita no “onze”

Liga dos CampeõesDavid Andrade

D. Kiev 4-2-3-1

FC Porto 4-3-3

TaiwoKhacheridiMikhalikBetão

Shovkovskiy

Helton

Defour

Jackson Martínez

DaniloOtamendiRolandoMangala

JamesVarela

Vukojevic

Brown

Yarmolenko

Estádio OlímpicoKiev, Ucrânia

Árbitro: U. Mallenco Espanha

19h45TVI

Miguel Veloso

KranjcarGusev

J. Moutinho Lucho

CLASSIFICAÇÕESGRUPO A

GRUPO B

GRUPO C

4.ª JornadaDínamo Kiev - FC PORTO 19h45, TVIPSG - Dínamo Zagreb 19h45

4.ª JornadaSchalke 04 - Arsenal 19h45Olympiakos - Montpellier 19h45

4.ª JornadaAnderlecht - Zenit 19h45AC Milan - Málaga 19h45

J V E D G P

J V E D G P

J V E D G PFC PORTO 3 3 0 0 6-2 9PSG 3 2 0 1 6-2 6Dínamo Kiev 3 1 0 2 5-7 3Dínamo Zagreb 3 0 0 3 0-6 0

Schalke 04 3 2 1 0 6-3 7Arsenal 3 2 0 1 5-4 6 Olympiakos 3 1 0 2 4-6 3 Montpellier 3 0 1 2 4-6 1

Málaga 3 3 0 0 7-0 9AC Milan 3 1 1 1 3-3 4Zenit 3 1 0 2 3-6 3Anderlecht 3 0 1 2 0-4 1

GRUPO D4.ª JornadaManchester City - Ajax 19h45, SP-TV2Real Madrid - B. Dortmund 19h45, SP-TV1

J V E D G PB. Dortmund 3 2 1 0 4-2 7Real Madrid 3 2 0 1 8-5 6Ajax 3 1 0 2 4-6 3Manchester City 3 0 1 2 4-7 1

OPSG recebe, no Parque dos Príncipes, os croatas do Dínamo Zagreb, na outra partida do grupo

do FC Porto, e Carlo Ancelotti, treinador dos franceses, afirmou na antevisão do encontro que espera uma “reacção forte” da sua equipa após a derrota no último fim-de-semana, em casa, frente ao Saint-Étienne, para o campeonato francês. O italiano reconheceu que o PSG ainda não fez “um jogo fantástico neste início de temporada”, mas considera que os parisienses têm “qualidade e equilíbrio” e vão “melhorar”.

Ancelotti quer “reacção forte”

bre quem preferia para formar du-

pla frente ao Dínamo, que precisa

de ganhar para manter viva a espe-

rança do apuramento: “Estou pre-

parado para qualquer jogador que

actue ao meu lado. A decisão é do

treinador. O importante é fazer bem

as coisas e jogar concentrado”, assi-

nalou. “O Dínamo Kiev tem grandes

jogadores. Temos de estar na máxi-

ma força. Estamos motivados para

vencer”, acrescentou Otamendi.

PÚBLICO, TER 6 NOV 2012 | DESPORTO | 41

O Málaga CF é um caso que merece

estudo. Quando a equipa entrar em

San Siro, com a confortável almo-

fada de três vitórias em três jogos

na Liga dos Campeões, vai suscitar,

certamente, algumas interrogações.

A factura é alta mas o retorno eco-

nómico insufi ciente e o que se passa

em La Rosaleda não é propriamente

um mar de rosas, com receitas blo-

queadas por causa das dívidas.

O Verão foi relativamente agitado

em Málaga. Pagamentos adiados,

a saída de alguns jogadores que ti-

nham sido muito importantes no

caminho para o acesso à Liga dos

Campeões e rumores sobre o de-

sinteresse do xeque pelo projecto

lançado em 2010, face a algumas

surpresas pouco encorajadoras.

Perdeu-se uma referência que era

Santi Cazorla, seduzido pelo Arse-

nal, Nistelrooy decidiu acabar a car-

reira, Maresca rumou para a Sam-

pdoria, Rondon para o Rubin Kazan

e o internacional Mathijsen regres-

sou à Holanda, ao Feyenoord.

Por estes dias, o AC Milan (que

parte para o jogo desta noite a cinco

pontos do rival espanhol, no Grupo

C) também tem sido referido como

alvo do interesse de investimento

por parte da família Al-Thani, do

Qatar. Há muitos milhões em cir-

culação no futebol, oriundos dos

organizadores do Mundial de 2022,

mas este não é um poço de petróleo

sem fundo.

O xeque Abdullah Al-Thani, apai-

xonado por cavalos, vice-presidente

do Banco de Doha, do Qatar, homem

de muitos negócios em diversos paí-

ses, e primo do dono do Paris Saint-

Germain, quis fazer uma aposta for-

te no Sul de Espanha. Resgatou o

clube por 36 milhões de euros, com

a ideia de criar um pólo que pudes-

se aproximar-se do Real Madrid e do

Barcelona, mas as receitas da tele-

visão e os direitos de imagem é que

são infi nitamente menores e as dí-

vidas desproporcionadas. Jesualdo

Ferreira, que tinha estado no arran-

que do projecto, saiu ao fi m de nove

jogos sem os resultados previstos

e voltou a não ser feliz em Málaga

quando lá regressou este ano, com

Não há um poço de petróleo em Málaga

os gregos do Panathinaikos. Perdeu

por 2-0 e não recuperou no relvado

de Atenas (0-0), o que signifi ca que

foram os andaluzes que entraram

na Liga dos Campeões.

O professor foi substituído pelo

“engenheiro”, o chileno Manuel

Pellegrini, e depois dos sustos da

época anterior, a equipa andaluza

chegou este ano ao quarto lugar,

que lhe abriu o caminho para a

Liga dos Campeões. O Málaga não

tem superestrelas como o Paris SG

e para esta época tirou apenas um

coelho da cartola: o argentino Savio-

la, que passou três anos no Benfi ca

e se estreou com um golo em 18 de

Setembro, dia da vitória clara sobre

o Zenit de S. Petersburgo (3-0). A lis-

ta tem agora mais jogadores conhe-

cidos: o norte-americano Onyewu,

que esteve no Sporting, foi juntar-

se a Duda e a Eliseu, que marcou

dois grandes golos ao Anderlecht,

em Bruxelas, e também a Weligton,

defesa-central que esteve três épo-

cas em Penafi el.

O Málaga tem surpreendido pe-

los resultados e vive uma atmosfe-

ra estranha, semelhante à de 2003,

quando chegou aos quartos-de-fi nal

da Taça UEFA, acabando elimina-

do pelo Boavista nos penáltis, após

uma vitória de cada um por 1-0.

Mário Almeida

Eliseu tem sido uma das figuras do Málaga de Manuel Pellegrini

Em Setúbal, o Sporting somou a terceira derrota no campeonato

Apenas duas vitórias em 14 jogos ofi -

ciais marcam o mau desempenho do

Sporting em todas as frentes nesta

temporada. No campeonato, o gran-

de objectivo do clube no início da

época, está a realizar um arranque

historicamente mau. Os números

revelam, de resto, que é o pior que

teve nas 79 edições da competição.

Depois de cumpridas oito jornadas,

o Sporting nunca teve uma classifi -

cação tão má e regista ainda um

recorde negativo de pontos e golos

marcados.

A derrota em Setúbal deixou a for-

mação agora orientada por Franky

Vercauteren no 13.º lugar (entre 16

equipas), a dez pontos do terceiro

e apenas um ponto acima da linha

de água. Antes desta temporada, só

por uma vez os “leões” estiveram

fora do top 10 da Liga após oito ron-

das. Em 1964-65, por esta altura na

prova ocupavam a 11.ª posição – mas

também só tinham três equipas atrás

de si, porque o campeonato tinha 14

participantes.

Nessa época e na de 1966-67, quan-

do era o 9.º classifi cado, o Sporting

só somava sete pontos à entrada pa-

ra a 9.ª jornada, mas esse recorde

mínimo foi igualado agora. No entan-

to, a pontuação actual pode mesmo

considerar-se a pior de sempre, uma

vez que os dois registos anteriores

foram obtidos ainda na era dos dois

Os números confirmam o pior Sporting à 8.ª ronda

pontos por vitória – em ambos os ca-

sos, os resultados traduzir-se-iam em

nove pontos seguindo os moldes cor-

rentes.

O melhor que os “leões” de 1964-

65 conseguiram foi recuperar até ao

5.º lugar, que já foi repetido mais três

vezes entretanto e é ainda a classi-

fi cação fi nal mais baixa de sempre

do clube.

Com um triunfo, quatro empates

e três derrotas, o Sporting de 2012-

13 conquistou apenas 29,17% dos 24

pontos possíveis. Mau até comparan-

do com o que aconteceu em 2009-10

e 2010-11, épocas em que aproveita-

ram somente 53,3% dos 90 pontos

disponíveis, os seus piores registos

em campeonatos completos.

Um dos destaques pela negativa

tem sido a incapacidade da equipa

em concretizar as oportunidades.

O Sporting, que tem o segundo pior

ataque da Liga, com seis golos, nun-

ca marcou tão pouco até este ponto

da competição. Até à edição actual,

o pior desempenho ofensivo do con-

junto de Alvalade pertencia às tem-

poradas de 1997-98 e 2010-11, com

sete golos, que, contudo, renderam

bem mais pontos a essas equipas:

15 e 12, respectivamente. Uma pro-

va das difi culdades sportinguistas

para facturar é o facto de o golo de

Jeff rén, no Estádio do Bonfi m, ter

sido o primeiro obtido pela equipa

nas primeiras partes dos jogos no

campeonato.

No capítulo dos golos sofridos, o

Sporting, que acumula sete jogos se-

guidos sem vencer em todas as pro-

vas, já tem nove, o que não sendo

brilhante para uma equipa grande

não é o seu pior registo. Em três das

dez épocas anteriores a esta, sofreu

mais golos em oito jogos: 11 em 2005-

06 e 2003-04 e dez em 2002-03.

RUI GAUDÊNCIO

FutebolManuel Assunção

Os “leões” têm as piores classificação, pontuação e quantidade de golos marcados de sempre depois de oito jogos na Liga

O FC Porto e o Sporting vão iniciar

a prova na Madeira, o V. Guimarães

e o Sp. Braga encontram-se pela

segunda vez esta época e o Benfi -

ca começa a defender o troféu em

Olhão. Em traços gerais, foi este o

resultado do sorteio da terceira fase

da Taça da Liga, que já conta com

os principais emblemas do futebol

nacional.

A sexta edição da competição,

que arrancou já no fi nal de Julho,

com jogos entre equipas da II Liga,

verá os clubes “grandes” entrarem

em campo a 19 de Dezembro, na

primeira das três jornadas da fase

de grupos. O Benfi ca (soma quatro

troféus consecutivos) vai começar a

defender o título frente ao Olhanen-

se, seguindo-se Moreirense e Acadé-

mica, no Grupo D. “Queremos voltar

a ganhar. É uma prova que deve ser

valorizada”, afi rmou Sílvio Cervan,

vice-presidente dos “encarnados”,

citado pela agência Lusa.

O mesmo objectivo terão o FC

Porto, o Sp. Braga e o Sporting,

“cabeças-de-série” dos grupos A,

B e C, respectivamente. Os campe-

ões nacionais terão que ultrapassar

o Nacional (1.ª ronda) no Funchal,

o Estoril (novamente fora de casa,

depois do jogo para a Liga) e o V.

Setúbal, no Dragão. Até porque só o

primeiro classifi cado se apura para

as meias-fi nais.

O vencedor do Grupo A jogará o

acesso à fi nal com o vencedor do

Grupo C, onde o Sporting surge co-

mo fi gura de proa. Os “leões” arran-

cam também na Madeira, frente ao

Marítimo, jogando posteriormente

com o Rio Ave, em Vila do Conde, e

com o Paços de Ferreira, em Alvala-

de. “O objectivo é tentar vencer esta

prova”, sublinha Beto, director de

relações externas do Sporting.

Para o director desportivo do Sp.

Braga, Rui Casaca, a Taça da Liga

é uma oportunidade para o clube

“subir mais um degrau”. Como obs-

táculos a caminho da fi nal (marcada

para 14 de Abril, em Coimbra) terá o

eterno rival V. Guimarães, a Naval,

na Figueira da Foz, e o Beira-Mar,

na última jornada, em casa. “É um

grupo difícil”, alerta o dirigente.

O Funchal receberá dois “grandes” na Taça da Liga

FutebolNuno Sousa

A sexta edição do troféu já conta, na próxima fase, com os principais emblemas nacionais. Benfica inicia a defesa do título em Olhão

42 | DESPORTO | PÚBLICO, TER 6 NOV 2012

Andy Murray ainda não recebeu o

troféu correspondente ao triunfo no

Open dos EUA, em Setembro, mas

nem por isso se sente menos cam-

peão do que os demais rivais pre-

sentes no Barclays ATP World Tour

Finals. No regresso a Londres após

a conquista da medalha de ouro nos

Jogos Olímpicos, que decorreram em

Wimbledon, o escocês sentiu bastan-

te o apoio dos 20 mil compatriotas

presentes na Arena O2 e que o aju-

daram a estrear-se no Masters com

uma vitória importante.

“O barulho e o ambiente no início

foram fantásticos. Ambos servimos

bem e não perdemos muitos pontos

no pimeiro serviço. Dependeu de al-

guns pontos aqui e ali”, afi rmou Mur-

ray, logo após ter derrotado Tomas

Berdych, por 3-6, 6-3 e 6-4.

Berdych utilizou toda a potência

do seu ténis para anular os sete bre-

ak-points que enfrentou no set inicial,

o que lhe deu ainda mais confi ança

para quebrar o adversário para 4-2.

Na segunda partida e depois de

anular dois break-points a 1-1, Mur-

Murray e Djokovic não desiludem na abertura do Masters

ray soltou-se e, no jogo imediato, fez

fi nalmente o break, na 11.ª oportu-

nidade. Os adeptos fi zeram-se ouvir

ruidosamente e o escocês partiu para

uma exibição sólida, confi rmada no

break.

O início do evento que reúne os

melhores do ranking – com excep-

ção do lesionado Rafael Nadal – fi cou

marcado por alguns avisos sobre os

controlos antidoping, no rescaldo

do castigo aplicado a Lance Arms-

trong. “Seria bom haver controlos

fora das competições, em especial

em Dezembro, quando se prepara a

época seguinte”, disse Murray. Roger

Federer também concordou: “Sim,

penso que devia haver mais contro-

los, principalmente sanguíneos. É

vital para um desporto limpo”.

Ainda para o Grupo A, Novak

Djokovic bateu Jo-Wilfried Tsonga,

por 7-6 (7/4), 6-3. O sérvio iniciou o

Masters novamente na pele de nú-

mero um do ranking, mas também

sentindo o peso do desgaste das últi-

mas semanas. A derrota precoce em

Bercy, frente a Sam Querrey, confi r-

mou um Djokovic longe da melhor

forma física. “É normal não estar

sempre na melhor forma, sobretu-

do neste período do ano em que os

efeitos de uma longa época se fazem

sentir, física e mentalmente”.

Hoje, disputa-se a ronda inicial do

Grupo B, com Federer a defrontar

Janko Tipsarevic e, à noite, Del Potro

joga com David Ferrer, vindo de um

importante triunfo em Paris-Bercy.

Ténis Pedro Keul

A potência de Tomas Berdych foi insuficiente para travar o vencedor do torneio olímpico. Djokovic impôs-se a Tsonga

JOHN MACDOUGALL/AFP

Robert Enke suicidou-se há três anos e abriu uma vasta discussão sobre a depressão no desporto

Não foi fácil para Ronald Reng lidar

com o sucesso alcançado pela bio-

grafi a que escreveu sobre Robert

Enke. Uma vida curta demais foi

originalmente editado na Alemanha

há dois anos e agora foi traduzido

para português pela Lua de Papel.

A obra foi aclamada e em Inglaterra

recebeu o prémio William Hill para

livro do ano na área do desporto, em

2011. Mas o jornalista alemão não es-

tava preparado para lidar com isso.

“Foi um sentimento estranho. Pen-

sava: ‘Tenho direito a estar feliz? A

que o livro tenha sucesso? A ganhar

dinheiro com o livro?’ Não consegui

desfrutar”, confessa ao PÚBLICO.

“Agora começo a sentir-me aliviado.

Recebi muitos contactos de pessoas

que sofriam de depressão, e supo-

nho que o livro teve um efeito posi-

tivo, o que me deixa em paz.”

A conversa com o PÚBLICO foi

uma de várias numa agenda pre-

enchida nesta breve passagem por

Lisboa. Responde às perguntas en-

quanto retempera forças com uma

Uma vida curta demais, memória do homem para além do guarda-redes

sanduíche de queijo e dois pastéis

de nata. E questiona-nos ele próprio

sobre a situação económica do país

e sobre como estão as pessoas a li-

dar com ela. Recorda a convivência

que teve com o guarda-redes alemão

que passou pelo Benfi ca entre 1999

e 2002 e que acabaria por cometer

suicídio, há três anos.

“Gostava da companhia de pesso-

as, mas num grupo adoptava a pos-

tura de observador. Quando estava

são, não acho que fosse uma pes-

soa solitária”, afi rma Ronald Reng,

lembrando a ligação especial que

Robert Enke e a esposa, Teresa, ti-

nham com Lisboa e Portugal: “Eles

eram jovens quando vieram para

Lisboa, foi um grande passo. Ele

não queria, ao início. Mas depois,

quando se estabeleceu em Lisboa,

enquanto guarda-redes e capitão do

Benfi ca, ganhou muita confi ança e

sentiu-se feliz”. “Sempre tiveram a

ideia de regressar. Eles teriam vivido

em Portugal no fi nal da carreira do

Robert”, acrescenta o autor.

Com a mudança para Barcelona,

em 2002, foi-se a confi ança ganha

em Lisboa. “Quando ele teve a pri-

meira depressão clínica, em 2003,

era claro que a pressão a que ele se

sujeitou, ao querer ser o número 1

do Barça, e o quanto ele se culpabi-

lizava por falhar, foram a causa da

doença”, aponta Reng. “Os próprios

guarda-redes se lembram muito

mais dos erros que das defesas. O

psiquiatra do Robert colocou bem

as coisas: tem de se aprender a viver

com os erros. Perceber que um erro

não é todo um jogo. Um jogo não é

uma época. Uma época não é uma

carreira. E a carreira não é a vida.

Há outras coisas além disso. Para o

Robert era muito difícil aprender a

lidar com os erros”, sublinha.

As razões da segunda depressão

clínica, em 2009, “não são claras”,

nota Reng. Enke adoptara uma fi lha

(a biológica morrera em 2006), so-

mava bons desempenhos na baliza

do Hannover 96 e afi rmava-se na se-

lecção alemã. “Ele próprio não via a

razão. Escreveu no diário: ‘Porquê,

porquê agora?’”

O que aconteceu com Robert Enke

ajudou à compreensão da depressão

como doença, no meio desportivo

e fora dele. “As coisas mudaram

na Alemanha, devido à morte do

Robert. É mais fácil um futebolis-

ta falar publicamente sobre a sua

doença. Embora a depressão seja

uma doença com a qual a maioria

das pessoas tenta lidar em privado”,

indica o autor.

Enke, diz Reng, gostaria de ser

lembrado como alguém que se deba-

teu com uma doença. “Signifi caria

muito para ele que as pessoas sou-

bessem que era preocupado com os

outros e um guarda-redes fantástico.

E que percebessem que não se ma-

tou conscientemente, mas que foi a

doença que o levou a esse acto.”

FutebolTiago Pimentel

Passam três anos sobre a morte de Robert Enke, que sucumbiu à depressão, e acaba de ser editada em Portugal a sua biografia

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XII CONGRESSO DA U.G.T.CONVOCATÓRIA

Nos termos do art.º 23.º dos Estatutos da UGT, e no seguimento de deliberação do Con-selho Geral, sob proposta do Secretariado Nacional, convoco o XII Congresso da União Geral de Trabalhadores - UGT, para reunir ordinariamente nos dias 20 e 21 de Abril de 2013 no Pavilhão do Casal Vistoso em Lisboa, com a seguinte Ordem de Trabalhos:1. Aprovação do Regimento do Congresso2. Discussão e Votação do Relatório do Secretariado Nacional3. Discussão e Votação da Revisão dos Estatutos4. Discussão e Votação do Programa de Acção e Defi nição das Grandes Linhas de Orien-

tação Político-Sindical5. Eleição dos Órgãos EstatutáriosO Congresso iniciar-se-á às 10.00 horas do dia 20 e encerrará às 18.00 horas do dia 21 de Abril de 2013.A eleição e designação dos delegados das Associações Sindicais Filiadas serão feitas nos termos do Regulamento Eleitoral e até 9 de Abril de 2013.Os projectos de revisão dos Estatutos e as demais propostas relativas à Ordem de Traba-lho serão entregues ao Presidente da Comissão Organizadora do Congresso até às 10.00 horas do dia 21 de Março de 2013.Lisboa, 24 de Outubro de 2012

O Presidente da UGTJoão de Deus Gomes Pires

Fomos mais rápidosdo que a nossa própria sombra.

O Público dá-lhe a conhecer, em primeira mão, a nova aventura do cowboy mais rápido do

planeta “Lucky Luke - Todos Por Conta Própria”. Depois de um assalto falhado, os

irmãos Dalton destituem o seu líder passando a agir sozinhos. O primeiro a conseguir juntar

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44 | PÚBLICO, TER 6 NOV 2012

ESPAÇOPÚBLICO

EDITORIAL

A eleição que Obama fez por merecer

Se, mais logo, já pela madrugada, o

nome de Barack Obama surgir como

o vencedor das presidenciais nos

Estados Unidos, milhões de pessoas

suspirarão de alívio. Uns por terem

visto nele, por contraste com George W.

Bush, o Presidente “humano” que a América

merecia; outros por considerarem que a

parte justa das suas políticas pesa mais na

sua herança do que as falhas e erros que lhe

são apontados; outros ainda porque acham

que só com mais quatro anos Obama poderá

levar até ao fi m o seu programa, ou seja,

aquilo a que se comprometeu com o povo

americano, em primeiro lugar, mas também

com o mundo. Na frente interna, continua

a prometer oportunidades e justiça; na

frente externa moderação e fi rmeza, sem

aventuras bélicas que poderiam custar

Se a Europa votasse nele, estava eleito. Nos EUA leva uma vantagem que procurou ganhar no terreno

muito caro a muita gente. Dizem os analistas

e peritos dos centros de sondagens que o

furacão Sandy o “ajudou”. Mas na verdade

foi Obama, perante a possibilidade de

uma catástrofe, que fez os avisos certos

no momento certo e, no rescaldo da

tempestade, esteve junto das populações,

como Presidente (dirão que também como

candidato), mas sobretudo como pessoa.

E é isso que Obama tem mostrado querer

ser junto dos eleitores, desde antes da sua

primeira eleição: uma pessoa que chegou a

Presidente, não um político que se esforça

por parecer “pessoa” para ganhar votos e

ser eleito. A tenacidade de Romney para

o destronar tem dado alguns frutos, mas

só hoje o candidato republicano verá até

que ponto as políticas e ideias que tem

defendido têm eco na maioria do povo

americano. A polarização exacerbada entre

republicanos e democratas nos últimos dias

da campanha acena com um empate, mas

por detrás dele surgirá uma vitória; que

as sondagens atribuem cautelosamente a

Obama, mas que não está de todo afastada

dos horizontes de Romney. Se o povo

americano der ao Presidente o que ele se

esforçou por merecer, Obama ganhará.

PS rompe com troika

Afi nal, o Governo já tem um “modo de cortar 4 mil milhões de euros” na despesa social do Estado. Quem o revelou foi o líder socialista após uma reunião com o primeiro-ministro.

Infelizmente, porém, António José Seguro nada disse em que consiste esse “modo” de cortar no Orçamento. De resto, essa questão não o parece preocupar. O PS está contra qualquer corte e, mais, aproveita a oportunidade para renunciar ao memorando de entendimento que assinou com a troika. Tudo o que acontecer a seguir, diz Seguro, é da responsabilidade “do Governo e da troika”. Fugir da realidade é sempre um recurso possível e por vezes lucrativo de quem está na oposição. Mas o PS não é o PCP ou o Bloco. Face à volatilidade da situação, Seguro pode ser convocado para governar antes do fi m da legislatura. E, se essa “desgraça” lhe acontecer, vai ter de assumir que tem um buraco no compromisso com a troika para resolver. Fugir à discussão (envenenada, é certo) que Passos propõe pode ser, por isso, um enorme tiro no pé.

Os artigos publicados nesta secção respeitam a norma ortográfica escolhida pelos autores

CARTAS À DIRECTORA

A propósito de umas afirmações de Vasco LourençoNão gosto muito do estilo do

major Vasco Lourenço (ou será

tenente-coronel, não sei bem a

patente), mas também devo dizer

que não gostei nada do editorial

do PÚBLICO do passado dia 2/11,

intitulado “Vasco outra vez,

em Novembro” (Vasco Pulido

Valente, logo a seguir, no dia 4,

domingo, voltou a apoucar o

ponto de vista do “capitão de

Abril” relativamente à grave crise

que atravessamos). Na verdade,

Vasco Lourenço tem razão para

estar preocupado, ao “acenar

com previsões catastrofi stas”, e

mais razão tem, quando afi rmou

que o poder tinha sido tomado

por um “bando de mentirosos”

(mentira?). O facto, de, segundo o

editorial do PÚBLICO do passado

dia 2, “os mentirosos terem sido

As cartas destinadas a esta secção

devem indicar o nome e a morada

do autor, bem como um número

telefónico de contacto. O PÚBLICO

reserva-se o direito de seleccionar

e eventualmente reduzir os textos

não solicitados e não prestará

informação postal sobre eles.

Email: [email protected]

Contactos do provedor do Leitor

Email: [email protected]

Telefone: 210 111 000

eleitos” não invalida que estes

sejam mesmo mentirosos (que

interessa que tenham sido eleitos,

como candidamente nos lembra

o PÚBLICO?). A base social deste

Governo esboroou-se — não

é preciso ser um politólogo a

credenciar tal afi rmação — e o que

afi rma Vasco Lourenço não deixa

de ser preocupante. Se aquilo

que disse “o capitão de Abril”

fosse afi rmado por um qualquer

intelectual ao serviço do PÚBLICO

(por exemplo, Vasco Pulido

Valente, que aprecio muito, mas

que aproveitou a crónica do dia

4 para depreciar as afi rmações

de Vasco Lourenço), a direcção

doPÚBLICO não ripostava e não

faria uma análise negativa.

No fundo há um preconceito

e um menoscabo pelo que disse

Vasco Lourenço, esquecendo-

se o PÚBLICO que, em certos

editoriais que partureja, o jornal

de referência também dá uma no

cravo, outra na ferradura… Como

convirá para manter este estado

político miasmático.

Deixem expressar-se Vasco

Lourenço e não o condenem por

aquilo que diz! Condenem mais

os empresários corrupto e venais

e os políticos profi ssionais que

com as suas jogadas de bastidores

defraudam o erário público… Se

não fosse este militar (e outros),

talvez não existisse o PÚBLICO…

António Cândido Miguéis, Vila Real

Surdos e cegos

Estou preocupada com os nossos

governantes, porque acho que

devem ter tido uma virose

qualquer que os deixou surdos

e cegos: não conseguem ouvir o

clamor do povo, em especial os

que estão já no limiar da pobreza,

assim como os que brevemente

vão lá parar, dada a enormidade

dos impostos que constam já

no OE2013. Esperemos que não

surjam mais... Por outro lado,

também não conseguem ler

jornais e pareceres de pessoas

abalizadas. Parece-me que não

é por ignorância que todas as

medidas que têm tomado só

têm contribuído para aumentar

o desemprego, diminuir as

receitas fi scais (apesar dos

brutais aumentos de impostos),

encerramento de centenas de

empresas etc., etc.

Como é lógico, quem não tem

dinheiro ou não consome ou

consome o mínimo, e a ideia com

que toda a gente fi ca é que o sr.

ministro das Finanças faz as contas

esperando um consumo que não

pode existir. E é assim que no

fi m do ano está tudo errado! Não

sei se a ideia não é transformar

Portugal num protectorado ou

colónia de outros.

Maria do Rosário Monteiro,

Ervideira

PÚBLICO, TER 6 NOV 2012 | 45

E se Cavaco Silva estivesse incapacitado?

José Vítor Malheiros

O silêncio do Presidente da

República nas últimas semanas

— e a extrema parcimónia das

suas intervenções nos últimos

meses — tem motivado as

mais variadas interpretações,

que vão do simples desejo

de não estorvar a acção do

Governo num momento difícil

a uma singular manifestação

de sageza. Marcelo Rebelo de Sousa

considerou mesmo que o silêncio de Cavaco

prestigiava a função presidencial, já que

discutir as vacuidades que têm preenchido

o discurso do Governo e o debate político,

como a “refundação” do memorando

da troika, seria “discutir o nada” e isso o

Presidente não o deve fazer. A explicação

é generosa, mas é excessivamente

benevolente.

Penso, pelo contrário, que, numa

situação de extrema gravidade como a

actual, apenas comparável a uma situação

de guerra, onde à crise fi nanceira e

ao brutal empobrecimento de toda a

população se somam uma crise política e

uma crise de confi ança sem paralelo nas

instituições democráticas, seria natural e

conveniente que o Presidente aparecesse e

falasse. No entanto, Cavaco nem fala nem

aparece. Seria normal que o Presidente nos

viesse garantir que, apesar das difi culdades

de entendimento que são conhecidas no

interior da coligação, o Governo possui a

estabilidade e a coesão necessárias para

levar avante o seu trabalho e que ele se

empenhará em que assim continue a

ser. Seria natural que viesse garantir-nos

que o regime democrático possui todas

as ferramentas necessárias para garantir

que esta crise será ultrapassada (com este

Governo ou com outro), que o interesse

do país e do povo será defendido, que

a democracia não está em risco e que o

futuro nos irá sorrir de novo. Seria natural

que o Presidente mantivesse uma ronda

sorridente de contactos partidários e

tentasse facilitar entendimentos e que o

fi zesse também no ambito da concertação

social. Seria natural que se dirigisse a

jovens, a empresários e a desempregados,

incitando-os a não desesperar e a apostar

nas suas capacidades. Seria natural que

se multiplicasse em contactos na União

Europeia, avançando as suas dúvidas em

relação à austeridade, que nos últimos

tempos até têm vindo a ganhar adeptos.

Seria natural que o Presidente nos dissesse

também alguma coisa em relação ao

orçamento de 2013, que os economistas

consideram uma pilhagem sem precedentes

nos seus instrumentos, um exercício de

mistifi cação nos seus pressupostos e uma

fraude nas suas conclusões. Seria natural

que o Presidente fi zesse, pelo menos, de

rainha de Inglaterra e aparecesse e acenasse

e sorrisse e dissesse que está tudo sob

controlo, keep calm and carry on. Mas não.

Cavaco não aparece, não fala, não se reúne

e não carry on.

O que se passa com Cavaco então? Não

sei, mas sei que Cavaco não está a fazer o

que deve nem parece estar sequer a fazer

aquilo que as suas ideias lhe ditariam. O

que é preocupante.

Estamos actualmente a viver um PREC da

direita, não legitimado pelo voto, apostado

em destruir o Estado social que levámos

quatro décadas a construir e em privatizar

o máximo de património do Estado.

Um PREC apostado em conseguir um

empobrecimento dos trabalhadores, para

aumentar a margem de lucro das empresas

e reduzir a capacidade reivindicativa da

população. Um PREC disposto a reduzir

a democracia a uma mera formalidade,

de forma a garantir que esta gigantesca

transferência de recursos para uma minoria

não terá oposição.

Neste pano de fundo, seria bom poder

contar com alguém que assumisse como sua

responsabilidade garantir a democracia.

Será possível que Cavaco não o queira fazer

e que, apesar de alguns tímidos protestos,

se sinta totalmente sintonizado com o

delfi m Passos Coelho e a sua destruição

do Estado e da democracia? Talvez. Mas é

também possível que não o possa fazer por

razões de saúde – o que explicaria algumas

intervenções incoerentes (lembram-se das

pensões?) e a razão por que a insólita forma

de comunicação preferida do Presidente da

República passou a ser o Facebook.

A questão é que, numa situação de crise

como a actual, os cidadãos têm o direito

de saber se o Presidente é, ou não, capaz

de assumir responsabilidades pesadas

como poderão ser a demissão do Governo

e as negociações

para a formação

de um novo

executivo. E quem

possa responder

a esta inquietação

tem o dever de

a satisfazer. É a

democracia, a

dignidade do cargo

e a dignidade da

pessoa que o ocupa

a exigi-lo.

Segundo a

Constituição,

“compete

ao Tribunal

Constitucional

(...) declarar a

impossibilidade

física permanente

do Presidente da

República, bem

como verifi car os

impedimentos

temporários

do exercício das suas funções”. Se é

esse o caso, é imprescindível que as

instituições democráticas assumam as suas

responsabilidades, sem o que estaríamos

perante um cenário de golpe de Estado. Se

não é o caso, é urgente que o Presidente da

República faça prova de vida.

[email protected] à terça-feira

Seria natural que o Presidente fizesse, pelo menos, de rainha de Inglaterra e dissesse que está tudo sob controlo

Que fique o Obama

Como todos os portugueses

também eu me sinto habilitado

a decidir se os americanos

devem eleger Barack Obama

ou Mitt Romney. Primeiro,

desconfi o que a ideia que estão

empatados nas sondagens e que

tanto pode ganhar um como

o outro é o resultado de dois

exercícios de propaganda.

Os democratas espalham que só uma unha

negra separa Obama de Romney para assustar

os eleitores democratas que acham que a coisa

está ganha e que eles escusam de levantar o

rabo para ir votar. E os republicanos espalham

exactamente a mesma coisa para convencer

os eleitores republicanos que acham que

a guerra está perdida que Romney tem

uma verdadeira hipótese de ser eleito

presidente, se todos eles forem votar nele.

Na verdade, como vem sugerindo

estatisticamente Nate Silver no blogue dele

no New York Times, a probabilidade de

Obama ganhar é de 75%. Romney só tem

uma chance em quatro de ser eleito.

Obama vai ganhar e merece ganhar. É o

Presidente menos mentiroso e histriónico

que os EUA já tiveram. Se perder, aposto

que não se importará muito. Encolherá os

ombros, suspirará de alívio e irá à vida dele,

que tem muito que fazer.

Obama tem tão pouca sede pelo poder

que lhe seca a garganta. A atitude dele é

correcta e civilizada: “Se quiserem, eu fi co.

Se não quiserem, fi camos amigos”.

Não se pode dizer que ele não queira

ganhar. Isso seria perturbante: quer. Só que

não é a coisa que mais quer neste mundo. E

é por essa razão — ouçam bem — que se deve

votar nele.

Miguel Esteves CardosoAinda ontem

BARTOON LUÍS AFONSO

46 | PÚBLICO, TER 6 NOV 2012

Nunca foi suscitada a questão de saber se a limitação tinha efeitos territoriais ou “transterritoriais” na redacção da lei

Limitação de mandatos: uma verdade inconveniente

1. Com a fortuna e a sina da bela

adormecida, a lei da limitação

dos mandatos despertou, ou foi

despertada, de um longo sono

de sete anos. De um dia para o

outro, passaram a suceder-se

as declarações e as tomadas de

posição sobre o alcance e o sentido

da lei. Umas, no plano político,

opinando sobre o que acham

bom ou mau. Outras, no plano jurídico,

procurando fi xar, com o selo papal da

infalibilidade, uma ou outra interpretação.

Na realidade, mesmo quem manteve um

silêncio esfíngico durante anos a fi o, não

hesita agora em vociferar a plenos pulmões.

É bem conhecida a controvérsia que

anima os meios de comunicação e eriça

as hostes partidárias: saber se a proibição

de fazer um quarto mandato consecutivo

como presidente de câmara ou de junta se

cinge a uma circunscrição territorial ou se

estende ao exercício da função enquanto

tal. Em poucas palavras, saber se a lei

estabelece um mero limite territorial ou

um verdadeiro limite absoluto.

2. Estranhamente, foram muitos —

para não dizer quase todos — os que se

obstinaram em procurar saber qual era

a intenção subjectiva histórica (ou até

pré-histórica) do suposto legislador. Não

estavam propriamente preocupados com

o que diz efectivamente a lei ou com o

seu espírito objectivo, mas, muito mais

“freudianamente”, com o que ia (ou vai)

na cabeça daqueles que alimentaram o

seu processo de feitura. Esquecendo-se

até do facto estatístico — muitas vezes

lembrado na doutrina da interpretação das

leis – de que as normas em causa foram

elaboradas e aprovadas no quadro de

um órgão colegial com mais de duzentos

membros (a Assembleia da República),

e que, portanto, não é propriamente

praticável reconstituir a vontade psicológica

de cada um e de todos os deputados que

votaram favoravelmente. Com efeito,

ouvindo alguns dos protagonistas e lendo

alguns dos depoimentos, fi ca-se com a

sensação, bizarra e desconfortável, de que

a interpretação das leis se faz agora ou se

pode fazer pela via da prova testemunhal.

Não vou hoje entrar nos meandros da

interpretação e das leituras várias que ela

pode oferecer ou oferece. Interpretação

que há-de ser feita segundo os critérios

próprios da ciência jurídica e não de

acordo com os apaixonados estados de

alma de cada contingência partidária. Um

ponto é, a meu ver, incontroverso e não

me canso de o repetir na rádio, nos jornais

e na televisão (apesar de, na excitação

nervosa dos últimos dias, me atribuírem

quase sempre outra posição). Digo, pois,

solenemente: a lei, tal como está e sem

nenhuma outra correcção, permite as duas

leituras (limite simplesmente territorial

ou limite absoluto). Há bons argumentos,

tirados das regras da hermenêutica jurídica,

que depõem num e no outro sentido. E,

por conseguinte, perante a formulação da

lei, o estado actual é de ambiguidade e de

incerteza.

3. Não vou, pois, tratar, da interpretação

da lei e não o vou fazer, porque há uma

verdade que tem

de ser reposta com

todas as letras. Uma

verdade que diz

respeito à génese

da lei, ao processo

de formação

das respectivas

normas. Disse

acima e insisto:

não está aqui em

causa detectar o

desejo concreto

e subjectivo

do pretenso

legislador para daí

retirar qualquer

argumento jurídico.

Isso seria cair num

subjectivismo

historicista que os

critérios da boa

hermenêutica

parecem repelir.

Está tão-só em

causa fazer história política, ainda que

“micro-história”, a propósito de um

assunto localizado.

Já, por variadíssimas vezes, e de há muito

mais de um ano a esta parte, que, instado

por perguntas de jornalistas, esclareci que

me coube, por banda do PSD, a negociação

no terreno e a redacção de tão controversa

lei. E que, por parte do PS, idêntica função

foi desempenhada pelo deputado Vitalino

Canas. Ao longo do processo negocial

e de redacção das escassas normas que

compõem o diploma, nunca foi suscitada

a questão de saber se a limitação tinha

efeitos territoriais ou “transterritoriais”.

Isso mesmo aparece confi rmado por

Vitalino Canas em declaração ao Jornal de

Notícias, datada de 2 de Novembro. Aí giza

a sua interpretação pessoal de que a lei

A lei, tal como está, permite as duas leituras. E, por conseguinte, o estado actual é de ambiguidade e de incerteza

Eurodeputado (PSD). Escreve à terç[email protected]

contém apenas uma limitação territorial e

não já absoluta, mas sublinha igualmente —

ponto que aqui interessa de sobremaneira

— que a “questão do alcance da lei não

se colocou quando ela foi redigida”. E é

isto que digo e volto a dizer: no processo

de formação da lei, nunca ninguém, do

lado do PSD ou do lado do PS, afl orou este

problema ou quis resolver esta questão.

Numa palavra, e por muito que isso hoje

nos penalize, a questão fi cou em aberto e,

na falta de uma possível lei que esclareça

este ponto, já só pode ser resolvida em

sede interpretativa pelos tribunais.

4. Note-se que quando afi rmo que

ninguém se referiu, de feição expressa e

intencional, a este problema e ao modo de o

resolver, reporto-me também e obviamente

ao então presidente do partido e na altura

deputado Marques Mendes e ao então líder

parlamentar e à época deputado Marques

Guedes. Porque muito os aprecio — e sei que

estão, a vários títulos, entre os melhores

dos políticos portugueses —, acredito, sem

reservas, nas suas declarações. E que um

e outro tenham, junto do presidente do

PS e do seu líder parlamentar, esclarecido

cabalmente este ponto. Mas a verdade é que

não fi zeram junto da sua “equipa negocial”

e, em especial, junto de mim. De resto, ao

longo destes sete anos, e tirando os últimos

quinze dias, nunca os ouvi, em público ou

em privado, falar sobre este tópico.

5. Sei que esta verdade pode ser, no

actual momento político, inconveniente;

mesmo muito inconveniente. Mas todos

sabemos – ou, pelo menos, o povo sabe –

que o tempo está mais para a verdade do

que para a conveniência…

ADRIANO MIRANDA

Paulo RangelPalavra e Poder

Ministro Nuno Crato.O sistema de formação profissional alemão prima pela qualidade e é um factor de enorme mobilidade social. A escola inclusiva precisa desse contributo.

António José Seguro.A ambiguidade com que responde ao convite para o diálogo que lhe foi feito pelo Governo revela uma aguda falta de sentido de Estado.

PÚBLICO, TER 6 NOV 2012 | 47

JOHN MOORE/GETTY IMAGES/AFP

Deus abençoe a América e o mundo

É comum dizer-se que todas

as pessoas deviam votar no

Presidente dos EUA, pois o que

ele faz afecta todo o mundo.

Isso é especialmente verdadeiro

nestas eleições presidenciais.

Basta olhar para as agendas

de política externa de Barack

Obama e Mitt Romney para

compreender que o seu

resultado vai afectar-nos a todos.

Obama e Romney representam duas

escolas de pensamento completamente

distintas, e irreconciliáveis, acerca da

Grande Estratégia que os Estados Unidos

devem adoptar para responder à actual

transição no sistema internacional.

A primeira escola, representada

academicamente por exemplo por

Christopher Layne e chamada de

“declinista”, acredita que está em curso

uma transição no sistema internacional

da unipolaridade para a multipolaridade,

em resultado do declínio relativo dos EUA

e da “ascensão do resto” (com destaque

para a China), devendo a América adoptar

uma Grande Estratégia de Off shore

Balancing. Esta baseia-se na convicção

de que existem apenas três regiões no

mundo estrategicamente vitais para os

Estados Unidos, nomeadamente a Europa,

o Nordeste Asiático e o Médio Oriente,

tendo o país de limitar o seu envolvimento

no exterior a estes locais, procurando

garantir que nenhum Estado consegue

dominar qualquer um deles, devendo fazê-

lo através de alianças com potências locais

que sejam capazes de conter os aspirantes à

hegemonia regional, ao mesmo tempo que

mantém as suas forças militares off shore,

ainda que a uma distância que permita o

rápido envio de tropas para um país dessas

regiões em caso de necessidade.

A segunda escola, representada

academicamente por exemplo por Robert

Kagan e chamada de “não declinista”,

considera que o sistema internacional é

e vai permanecer unipolar e que os EUA

devem manter a Grande Estratégia de

Global Hegemony. Isto é, os interesses

estratégicos do país não se limitam às

três regiões acima referidas, abarcando

todo os locais do mundo, devendo a

América envolver-se no exterior de forma

praticamente ilimitada e, sempre que

necessário, através do uso da força militar.

Barack Obama inscreve-se na escola

de pensamento “declinista”. Para ele a

manutenção da primazia dos Estados

Unidos implica um retraimento estratégico

do país e a adopção de uma Grande

Estratégia de Off shore Balancing, o que

se traduz em três opções primordiais: a

redução das regiões vitais para os interesses

se os seguintes: a “guerra preventiva”,

através de uma variante a que chama de

“uso preventivo do hard e soft power”; a

“mudança de regime”, desde logo no Irão,

com a adopção de operações secretas junto

dos dissidentes internos, mas também na

China e na Rússia, através do apoio aos

líderes das organizações da sociedade civil

que defendem a democracia e a economia

de mercado; o “eixo do mal Irão-Coreia do

Norte”, agora apenas com a designação de

“Estados párias”; o “unilateralismo”, ainda

que afi rmando a preferência pelo exercício

da liderança de um modo multilateral; as

“coligações de vontades” ou “variáveis”,

mais concretamente no contexto de

uma possível acção militar no Irão; a

desconfi ança relativamente às organizações

internacionais, como as Nações Unidas,

que, nas suas palavras, “se tornaram

fóruns para acessos de raiva de tiranos e de

propaganda do preconceito mais antigo do

mundo – o anti-semitismo”.

No terceiro caso, ele defende a

continuação da presença militar norte-

americana no Iraque, pretendendo manter

entre 14 a 18 mil efectivos em Bagdad;

sustenta a manutenção do envolvimento

dos EUA na Ásia Central, desde logo no

Afeganistão, onde pretende rever os prazos

de retirada das tropas, mas também nas

ex-repúblicas da URSS, comprometendo-se

a fornecer-lhes treino militar e armamento;

advoga a expansão da presença naval norte-

americana no Pacífi co Ocidental, bem como

o fornecimento de todos os meios militares

a Taiwan que sejam necessários para conter

a China; recusa a retirada de tropas da

Europa, sobretudo por causa da Rússia,

que classifi ca como a “principal força

desestabilizadora do mundo”; fi nalmente,

defende um alto perfi l de envolvimento

nos países da chamada “primavera

árabe”, criticando a estratégia Leading

from Behind da administração Obama e

prometendo a liderança norte-americana

na democratização do Egipto, Líbia,

Tunísia e Síria através do apoio directo

às forças que defendem a democracia e a

sociedade aberta.

Embora ao longo da história sejam mais

os elementos de continuidade do que de

mudança na política externa dos Estados

Unidos, independentemente do debate

durante a campanha eleitoral e mesmo de a

presidência ser ocupada por um democrata

ou um republicano, a Grande Estratégia de

Mitt Romney corresponde ao pensamento

neoconservador e permite perceber que,

se ele ganhar e não puser a sua agenda

na “gaveta”, o mundo será um lugar mais

perigoso. É razão para dizer: Deus abençoe

a América e o mundo.

norte-americanos

ao Nordeste

Asiático, ao Médio

Oriente e à Europa;

a diminuição

signifi cativa do

orçamento de

defesa, sendo o

objectivo da actual

administração

um gasto neste

campo ligeiramente

superior ao dos 10

países seguintes,

quando hoje a

América gasta mais

em forças armadas

do que todos os

outros Estados do

mundo combinados;

a redução do

tamanho do

complexo

militar, com, por

exemplo, a dispensa de 520 mil efectivos

no exército, um corte no arsenal nuclear

do país, prevendo o novo acordo START

com a Rússia um máximo de 1550 ogivas

nucleares, e o fi m de vários programas

militares em curso. Indo mais longe, esta

versão de Off shore Balancing contempla

Se Romney ganhar e não puser a sua agenda na “gaveta”, o mundo será um lugar mais perigoso

Professor na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e investigador no Instituto Português de Relações Internacionais

uma perda de importância estratégica da

Europa e do Médio Oriente – ao mesmo

tempo que reforça a da região Ásia-Pacífi co

–, como o comprova a decisão de reduzir

80 mil tropas estacionadas no continente

europeu e a retirada do Iraque.

Já Mitt Romney inscreve-se na escola

de pensamento “não declinista”. Pare ele

a manutenção da primazia dos Estados

Unidos implica a rejeição do retraimento

estratégico e a manutenção da Grande

Estratégia de Global Hegemony, o que

se traduz no reforço do investimento

nas forças armadas, na recuperação

da “Doutrina Bush” e na defesa do

envolvimento norte-americano em todas as

regiões do mundo.

No primeiro caso, Romney

compromete-se a reverter os cortes

orçamentais na defesa decididos pela

administração Obama, a aumentar as

capacidades da marinha – de 284 navios

para pelo menos 328 – com o objectivo

de permitir a sua presença em todas as

partes do globo, a modernizar a força

aérea e o exército e a construir o que

chama de um “robusto sistema nacional

de defesa antimíssil balístico”.

No segundo caso, o candidato

republicano recupera vários conceitos

da “Doutrina Bush”, podendo destacar-

Debate Presidenciais americanasTiago Moreira de Sá

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ESCRITO NA PEDRA

“Um homem não é infeliz porque tem ambições, mas porque elas o devoram”Montesquieu (1689-1755), filósofo e jurista francês

I S S N : 0 8 7 2 - 1 5 4 8

TER 6 NOV 2012

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Acordo de cooperação para ensino profi ssional assinado ontem em Berlim p15

Vão estar à venda cerca de 200 edifícios. Câmara indica obras de reabilitação Local

A equipa de cientistas vai agora testar a via nasal, talvez mais efi caz p27

Ensino: modelo alemão preocupa especialistas

Lisboa quer vender prédios que só serão pagos após obras

Portugueses desenvolvem vacina contra a hepatite B

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SOBE E DESCE

Ana Luís

Aos 36 anos, a militante socialista Ana Luís vai presidir à Assembleia

Legislativa dos Açores. Ana Luís não será só a primeira mulher a ocupar este cargo, mas será também a primeira mulher a assumir um alto cargo político ao nível regional nos Açores. Mais: ao fim de 36 anos de autonomia naquele arquipélago e também no da Madeira, nenhuma mulher tinha assumido um cargo desta relevância nas duas regiões. Vasco Cordeiro está de parabéns.(Pág. 10)

Paulo Castilho

O escritor e diplomata de carreira foi distinguido com o

Prémio Fernando Namora, no valor de 25 mil euros, pelo

seu romance Domínio Público, batendo outros finalistas como João Tordo, Ana Cristina Silva, Lídia Jorge e

Dulce Maria Cardoso. Para o júri, a sua obra “propõe um olhar tão lúcido quanto irónico sobre as relações humanas na sociedade portuguesa actual”. (Pág. 29)

Nuno Amado

Os resultados dos primeiros nove meses do ano não enganam: o

BCP registou prejuízos históricos de 796,3 milhões de euros, mostrando que há muito a fazer para recuperar financeiramente o banco. O cenário a curto prazo também não parece ser famoso, como o próprio banqueiro reconheceu. O regresso aos lucros só deverá acontecer em 2014. Entretanto, avança o processo de rescisões amigáveis, que abrangerá 600 funcionários. Nem a banca escapa aos cortes e ao emagrecimento. (Pág. 20)

Nuno Crato

O ministro da Educação e Ciência pretende adoptar o modelo alemão para o

ensino profissional. Um modelo que, segundo os especialistas ouvidos pelo PÚBLICO, orienta quase compulsivamente crianças muito jovens de 11 e 12 anos para o ensino profissional. Em vez disso, os mesmos especialistas dizem que, aos primeiros sinais de dificuldade de aprendizagem, os alunos devem ser apoiados e não desviados para outras vias. (Pág. 15)

Jurista

ASSUNTOS TEMPORÁRIOS

Repor a verdade

Na semana passada a

Gulbenkian acolheu a

conferência Portugal e o

Holocausto patrocinada, ao

que sei, pela Embaixada

dos Estados Unidos. Lendo

os jornais, apercebi-me que

saíram da conferência declarações

estranhas. Mas nenhuma

ultrapassou em desaforo histórico

o que foi dito pelo embaixador de

Israel, segundo o qual Portugal

“foi o único país que colocou

a sua bandeira em meia haste

durante três dias”, logo que Hitler

morreu. E o embaixador de Israel

acrescentou: “É uma nódoa que

para nós, judeus, vai aparecer

sempre associada a Portugal.”

Tenho demasiado respeito

e simpatia por Israel para

deixar passar estas afi rmações

sem resposta, até porque

aparentemente ninguém na

própria conferência reagiu. Fui,

pois, investigar. E escutar quem

investigou. Ora, o sr. embaixador

de Israel não sabe, não considerou

que os demais Estados neutros

europeus na guerra procederam

como Portugal. Vejamos a

imprensa da época:

No Diário de Lisboa de 3 de Maio

de 1945 refere-se que “continuaram

Pedro Lomba

a meia haste as bandeiras da

Nunciatura Apostólica, da

Embaixada de Espanha e das

Legações da Suíça e da Suécia”. Em

Dublin, o mesmo luto protocolar

conduziu o primeiro-ministro

(e ministro dos Estrangeiros)

Éamon de Valera a apresentar

condolências à legação alemã.

Como pode o sr. embaixador

afi rmar que Portugal “foi o único

com a bandeira em meia haste”,

quando a prática foi comum aos

outros Estados neutrais?

Mas compare-se o luto

protocolar do Estado português

perante a morte de Roosevelt e o

que se registou com a de Hitler.

Quando Roosevelt morreu,

Salazar deslocou-se pessoalmente

à embaixada americana para

apresentação de condolências.

A propósito dos regulamentos

protocolares, lê-se no recente

livro do embaixador Bernardo

Futsher Pereira sobre a diplomacia

salazarista (p. 436): “Neste mundo

convulso, Portugal permanecia

a mesma plácida ilha de paz. As

minudências jurídicas protocolares

continuavam a ser rigidamente

observadas. A 4 de Maio, quando

correu a notícia da morte de Hitler,

as bandeiras foram colocadas a

meia haste. Quando o embaixador

inglês protestou no dia seguinte,

Teixeira de Sampaio argumentou

que, fosse ou não fosse Hitler

o maior criminoso da História,

continuava mesmo assim a ser o

chefe de Estado de um país com o

qual Portugal mantinha relações

diplomáticas. Os regulamentos

prescreviam uma salva de

artilharia e uma visita pessoal

de condolências pelo Chefe do

Estado ou seu representante.

Tudo isso tinha sido eliminado

e as formalidades reduzidas a

deixar cartões e pôr as bandeiras

a meia haste.”

Não terá o sr. embaixador

omitido o contraste entre a

postura de Portugal aquando da

morte do Presidente americano e

os “serviços mínimos” verifi cados

na morte de Hitler? Não sou

historiador e não me pronuncio

sobre Portugal na II Guerra.

Mas dir-se-á que quer Portugal

quer a Irlanda agiram, não por

qualquer afi nidade com o regime

nazi, mas no respeito pelo

formalismo protocolar inerente

à neutralidade, numa lógica de

“correcção diplomática” e de

afi rmação soberana.

Custa ter de fazer este reparo

ao representante de Israel entre

nós. Mas a acusação que fez é

factualmente errada, é injusta e

ignora o cânone protocolar. A 22

de Dezembro de 2011, a Assembleia

Geral da ONU cumpriu um minuto

de silêncio pela morte do ditador

norte-coreano Kim Jong Il, mas

esclarecendo à partida que se

tratava de um acto protocolar. Foi

uma nódoa que mancha Israel e os

restantes membros? Ou foi apenas

diplomacia as usual, de que o sr.

embaixador aqui se esqueceu?

E é amar-te assim, perdidamente … E é amar-te assim, perdidamente …E é amar-te assim, perdidamente … Quarta-feira, dia 14 de Novembro, por mais 12,50€, com o Público.

Uma história de muitos amores.

Qupo

Ud

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