6. Estabelecimento, práticas corretivas e adubação de...

37
6. Estabelecimento, práticas corretivas e adubação de pastagens 6.1 Introdução O Brasil possui o maior rebanho comercial do mundo distribuído em cerca de 196 milhões de há de pastagens, a qual se constitui na principal fonte de alimentação dos ruminantes. Contudo, grande parte das pastagens está implantada em solos ácidos, pobres em matéria orgânica, com baixos níveis fertilidade e com níveis tóxicos de Al e Mn. Isso implica em baixo potencial produtivo com consequências sobre a produção animal (baixas taxas de lotação e desempenho). A ausência de práticas agronômicas como calagem e adubação de manutenção são causas primárias dos baixos índices produtivos dos sistemas de produção baseados em pastagens. 6.2 Entrada e saída de nutrientes no sistema solo-planta-animal O solo e a matéria orgânica constituem-se nos principais reservatórios de nutrientes para as plantas. No sistema solo-planta-animal, ocorre contínua entrada e saída de nutrientes. As entradas são representadas pelos processos químicos como a mineralização da matéria orgânica proveniente das partes senescentes e mortas da planta e resíduos decorrentes do pastejo e das excreções dos animais. As saídas ocorrem por meio da exportação de nutrientes pela absorção da planta ou corte mecânico, perdas de nutrientes do sistema, como a volatilização, principalmente do N, lixiviação, principalmente de K e N, erosão, que pode arrastar grande parte dos nutrientes, particularmente os pouco móveis concentrados na superfície como o P e Ca, e a retenção de grande parte dos nutrientes no produto animal. Contudo, parte dos nutrientes assimilados pelas plantas retornam ao solo por meio da senescência e morte de tecidos foliares e raízes. Da mesma forma, parte dos nutrientes consumidos pelo animal retorna ao solo por meio de fezes e urina, caracterizando o ecossistema como altamente dinâmico. Embora haja retorno parcial dos nutrientes, sistemas que não utilizam práticas de correção e adubação, assim como naqueles mais intensificados onde a reposição de nutrientes é menor que a quantidade exportada, apresentam, no médio a longo prazo, queda no vigor de rebrotação da planta, no potencial de produção de forragem

Transcript of 6. Estabelecimento, práticas corretivas e adubação de...

Page 1: 6. Estabelecimento, práticas corretivas e adubação de ...sites.usp.br/gefepfzea/wp-content/uploads/sites/134/2014/05... · 6.4 ESTABELECIMENTO DE PASTAGENS A formação de pastagem

6. Estabelecimento, práticas corretivas e adubação de pastagens

6.1 Introdução

O Brasil possui o maior rebanho comercial do mundo distribuído em cerca de 196

milhões de há de pastagens, a qual se constitui na principal fonte de alimentação dos

ruminantes. Contudo, grande parte das pastagens está implantada em solos ácidos, pobres

em matéria orgânica, com baixos níveis fertilidade e com níveis tóxicos de Al e Mn. Isso

implica em baixo potencial produtivo com consequências sobre a produção animal (baixas

taxas de lotação e desempenho). A ausência de práticas agronômicas como calagem e

adubação de manutenção são causas primárias dos baixos índices produtivos dos sistemas

de produção baseados em pastagens.

6.2 Entrada e saída de nutrientes no sistema solo-planta-animal

O solo e a matéria orgânica constituem-se nos principais reservatórios de nutrientes

para as plantas. No sistema solo-planta-animal, ocorre contínua entrada e saída de nutrientes.

As entradas são representadas pelos processos químicos como a mineralização da matéria

orgânica proveniente das partes senescentes e mortas da planta e resíduos decorrentes do

pastejo e das excreções dos animais. As saídas ocorrem por meio da exportação de nutrientes

pela absorção da planta ou corte mecânico, perdas de nutrientes do sistema, como a

volatilização, principalmente do N, lixiviação, principalmente de K e N, erosão, que pode

arrastar grande parte dos nutrientes, particularmente os pouco móveis concentrados na

superfície como o P e Ca, e a retenção de grande parte dos nutrientes no produto animal.

Contudo, parte dos nutrientes assimilados pelas plantas retornam ao solo por meio da

senescência e morte de tecidos foliares e raízes. Da mesma forma, parte dos nutrientes

consumidos pelo animal retorna ao solo por meio de fezes e urina, caracterizando o

ecossistema como altamente dinâmico. Embora haja retorno parcial dos nutrientes, sistemas

que não utilizam práticas de correção e adubação, assim como naqueles mais intensificados

onde a reposição de nutrientes é menor que a quantidade exportada, apresentam, no médio a

longo prazo, queda no vigor de rebrotação da planta, no potencial de produção de forragem

Page 2: 6. Estabelecimento, práticas corretivas e adubação de ...sites.usp.br/gefepfzea/wp-content/uploads/sites/134/2014/05... · 6.4 ESTABELECIMENTO DE PASTAGENS A formação de pastagem

e na capacidade suporte (taxas de lotação), conduzindo invariavelmente ao processo de

degradação. Nesse sentido, a adequada manutenção da fertilidade do solo é essencial para a

sustentabilidade do ecossistema.

6.3 Nutrientes minerais no solo

Os macronutrientes N, P, K, Ca, Mg e S (também chamados de nutrientes principais)

são absorvidos pela planta em maior proporção que os micronutrientes B, Zn, Cu, Fe, Mo,

Cl e Mn (também chamados de elementos traço). Ambos são constituintes dos minerais e da

matéria orgânica do substrato onde a planta cresce e encontram-se também dissolvidos na

solução do solo. Um ou vários nutrientes podem estar quase ausentes no solo ou em uma

forma que as raízes não conseguem absorver. Para torná-los disponíveis, o solo deve ser bem

manejado. Entretanto, quando os nutrientes estão ausentes é preciso repô-los através de

práticas corretivas ou de adubação.

A reposição dos nutrientes é feita com fertilizantes químicos minerais, matéria

orgânica, minerais retirados de jazidas ou do ar (no caso da fixação biológica do nitrogênio).

A matéria orgânica contém praticamente todos os macro e micronutrientes e, além disso,

confere melhor estrutura ao terreno, aumentando sua fertilidade. Os fertilizantes minerais

(ao contrário da matéria orgânica) apresentam nutrientes em alta concentração que são

altamente solúveis, podendo ser absorvidos rapidamente pelas plantas e ou lixiviados com

maior facilidade.

O processo de absorção dos nutrientes na solução do solo pode se dar por:

Interceptação radicular, sendo que quanto maior a relação entre superfície radicular

e superfície das partículas do solo, maior quantidade é interceptada;

Fluxo de massa, a água do solo está constantemente sendo absorvida pela planta e,

nesse processo os nutrientes dissolvidos na solução são absorvidos também;

Difusão, onde o elemento movimenta-se até a raiz percorrendo pequenas distâncias,

de uma região de maior para de menor concentração. Com a absorção cria-se um gradiente

com menor concentração próximo da raiz e maior mais distante, ocasionando esse

movimento.

N= interceptação e principalmente fluxo de massa

Page 3: 6. Estabelecimento, práticas corretivas e adubação de ...sites.usp.br/gefepfzea/wp-content/uploads/sites/134/2014/05... · 6.4 ESTABELECIMENTO DE PASTAGENS A formação de pastagem

P= pode ocorrer pelas três vias mas a principal é a difusão

K= pode ocorrer pelas três vias mas principalmente por fluxo de massa a difusão

Ca= interceptação e fluxo de massa

Mg= interceptação e principalmente fluxo de massa

S= interceptação e principalmente fluxo de massa

Page 4: 6. Estabelecimento, práticas corretivas e adubação de ...sites.usp.br/gefepfzea/wp-content/uploads/sites/134/2014/05... · 6.4 ESTABELECIMENTO DE PASTAGENS A formação de pastagem

6.4 ESTABELECIMENTO DE PASTAGENS

A formação de pastagem requer práticas de manejo que possibilitem o rápido

estabelecimento da forrageira e sua utilização pelos animais. A formação de uma pastagem

pode ser dividida em três fases distintas: a germinação, o estabelecimento e a consolidação.

Para o sucesso na formação do pasto devem ser levados em conta fatores como: utilização

de espécies forrageiras adequadas às condições da região, fertilidade e preparo do solo,

qualidade e preparo das sementes, época e método de plantio e manejo de formação.

1. Escolha da espécie forrageira

Um dos pontos cruciais refere-se a escolha da espécie(s) ou cultivar(es) a ser(em)

implantada(s). Para tanto, se deve ter como base o conhecimento prévio das condições de

clima (temperatura e precipitação), topografia e tipo de solo, histórico da área em relação a

ocorrência de pragas, plantas invasoras, e por meio de análise de solo determinar as

características químicas e físicas do solo, definindo-se a necessidade de preparo, correção e

adubação do mesmo. Além de se levar em conta a produtividade que se deseja, o nível

tecnológico (adubação e manejo da pastagem etc.) e o tipo de produção a serem adotados na

propriedade.

Forrageiras para solos de baixa fertilidade:

As alternativas para solos de menor fertilidade são a Brachiaria decumbens cv.

Basilisk (braquiarinha) e o Andropogon gayanus cv. Planaltina, ambos rústicos e bem

adaptados aos solos ácidos e pobres. Como vantagens têm o crescimento rápido, o bom

acúmulo de forragem, embora o valor nutritivo não seja elevado.

A B. decumbens compete muito bem com plantas invasoras e cobre bem o solo por

ter crescimento semi-prostrado. A desvantagem é a suscetibilidade às cigarrinhas-da-

pastagem.

Já o andropógon é resistente a esses insetos, mas sofre ataque de formigas e a

formação e manejo da pastagem é mais difícil por ter sementes leves, entouceirar facilmente

e deixar espaços vazios.

A B. humidicola é também recomendada para solos fracos, mas mais especialmente

para uso em várzeas sujeitas à inundação temporária. São duas as “humidicolas” no mercado:

a comum e a cv. Llanero (erroneamente chamada de dictyoneura). Uma terceira, cv. BRS

Tupi deverá chegar ao mercado nesse ano. O valor nutritivo da B. humidicola é inferior a

braquiarinha e ao andropógon, mas a tolerância a solos úmidos faz dessa espécie a alternativa

mais utilizada pelos fazendeiros. Se plantadas com Arachis (amendoim forrageiro),

Page 5: 6. Estabelecimento, práticas corretivas e adubação de ...sites.usp.br/gefepfzea/wp-content/uploads/sites/134/2014/05... · 6.4 ESTABELECIMENTO DE PASTAGENS A formação de pastagem

leguminosa bem adaptada a áreas úmidas, a qualidade da pastagem é sensivelmente

melhorada e o ganho animal esperado é maior.

Outra opção para áreas úmidas e pouco férteis é o capim Pojuca (Paspalum atratum),

planta cespitosa de folhas macias, mas passa rápido por isso requer pastejo a cada 20-28 dias

para manter a qualidade, e a Setária (Setaria sphacelata).

Forrageiras para solos de média fertilidade:

Forrageiras para solos de média fertilidade incluem a B. brizantha cvs. Marandu,

Xaraés e BRS Piatã e a B. ruziziensis, essa última largamente utilizada como palhada em

áreas de integração lavoura-pecuária devido a rápida formação e cobertura do solo, qualidade

da matéria orgânica produzida e incorporada ao solo e facilidade de secagem por herbicidas.

Sua suscetibilidade às cigarrinhas, ao frio e a seca a torna menos apta a pastagens

permanentes.

Entre as cultivares de B. brizantha, a cv. Xaraés é a que dá maior capacidade de

suporte, e a cv. BRS Piatã dá o maior ganho individual. Essa é a mais precoce no

florescimento, seguida do Capim-marandu e por fim o Xaraés, permitindo um manejo

estratégico para uso de cada uma no estágio vegetativo de maior qualidade.

Forrageiras para solos de alta fertilidade:

Forrageiras para solos férteis ou para manejo intensivo incluindo adubações de

manutenção são Panicum maximum, cvs. Tanzânia, Mombaça e Massai, e os capins elefante

com uma miríade de variedades (Napier, Cameroon, Taiwan, etc.). As B. brizantha também

se prestam à intensificação, desde que adubadas, mas com menores ganhos.

Os panicuns e cultivares de capim-elefante são geralmente usados em pastejo

rotacionado. As cvs. Tanzânia e Mombaça praticamente se equivalem em ganho de peso por

área e por animal, mas a primeira é de mais fácil manejo por apresentar mais folhas e menos

colmos. O capim Massai é de porte mais baixo e cobre melhor o solo, mas o ganho por

animal e por área é inferior às outras duas cultivares. É bem consumido por eqüinos e ovinos.

O capim elefante é normalmente plantado por mudas e por isso muito mais utilizado

para gado leiteiro. É o capim de maior produtividade, mas é suscetível às cigarrinhas.

As forrageiras do gênero Cynodon, coastcross e tifton, podem ser consideradas de

dupla aptidão, plantando-se para a produção de feno e para pastejo. São forrageiras já

consagradas pelo rendimento e qualidade, com bons resultados experimentais em

propriedades agrícolas no país.

Page 6: 6. Estabelecimento, práticas corretivas e adubação de ...sites.usp.br/gefepfzea/wp-content/uploads/sites/134/2014/05... · 6.4 ESTABELECIMENTO DE PASTAGENS A formação de pastagem

As leguminosas são mais exigentes em fertilidade do que as gramíneas. De maneira

geral, valores de saturação por bases acima de 50-60% são requeridos. A utilização destas

forrageiras em consórcio não tem tido a eficiência prevista na teoria e a utilização opcional

em monocultivo, na forma de banco de proteína, carece de maiores estudos. No que se refere

ao pastejo, alguns estudos vêm sendo feitos com a cultura de alfafa (Medicago sativa) para

gado de leite e com estilosantes (Stylosanthes guianensis) para gado de corte.

O Arachis pintoi cv. Belmonte tem demonstrado resultados promissores tanto sob

lotação contínua quanto em lotação intermitente. Seu estabelecimento se dá por mudas e o

estabelecimento é lento (cerca de um ano). Contudo, possui elevada persistência após

estabelecido, mesmo sob desfolhações intensas, desde que a fertilidade do solo não seja

limitante.

Plantas de hábito de crescimento cespitoso (formam touceiras) são menos resistentes

à desfolhação do que plantas de crescimento estolonífero (formam gramado), principalmente

em função da facilidade de eliminação do ponto de crescimento por ação do pastejo. Desta

forma, quando se opta pelo estabelecimento de plantas cespitosas de porte alto (Panicuns e

Capim-elefante), a adoção do pastejo rotacionado é mais indicado. Para os demais hábitos

de crescimento, ambos os métodos podem ser utilizados.

Quanto à topografia, áreas declivosas normalmente apresentam de problemas com

baixa fertilidade, a dificuldade de mecanização. O estabelecimento de plantas forrageiras

nessas áreas requer a utilização de práticas de conservação do solo, como curvas de nível, e

a utilização de espécies que cobrem o solo e se estabelecem rapidamente para minimizar os

efeitos negativos da erosão. Não são recomendadas espécies que formam touceiras, pois

deixam grande proporção de solo descoberto. Entre as alternativas para essas áreas estão a

Brachiaria decumbens e a Brachiaria humidicola e as espécies do gênero Cynodon, embora

estas últimas sejam exigentes em fertilidade.

2. Amostragem do solo para determinação da necessidade de calagem e adubação

As análises de solo devem ser realizadas de forma periódica em pastagens já

formadas, para auxiliar na tomada de decisão sobre a necessidade da adubação de

manutenção e produção (pelo menos a cada 2 anos).

Page 7: 6. Estabelecimento, práticas corretivas e adubação de ...sites.usp.br/gefepfzea/wp-content/uploads/sites/134/2014/05... · 6.4 ESTABELECIMENTO DE PASTAGENS A formação de pastagem

A amostra do solo deve ser representativa e, para isso, a área amostrada deve ser a

mais homogênea possível. Dessa forma, a propriedade (fazenda) ou a área a ser amostrada

deverá ser subdividida em glebas ou talhões homogêneos. Nesta subdivisão ou estratificação,

levam-se em conta o tipo de vegetação, a posição geográfica (topo do morro, meia encosta,

baixada, etc.), as características perceptíveis do solo (cor, textura, condição de drenagem,

etc.) e o histórico da área (cultura atual e anterior, produtividade observada, uso de

fertilizantes e corretivos, etc.). Para maior eficiência na amostragem, o tamanho da gleba

não deve ser superior a 10 – 20 ha. Portanto, glebas homogêneas, mas muito grandes, devem

ser subdivididas em subglebas menores.

Para as análises do solo trabalha-se com amostras simples e amostras compostas. A

amostra simples é o volume de solo coletado em um ponto da gleba e a composta é a mistura

homogênea das várias amostras simples coletadas da gleba. As amostras simples são obtidas

através de um caminhamento em zig-zag na gleba em pelo menos 20 pontos e posteriormente

homogeneizada para formar a amostra composta. Para a maioria das gramíneas forrageiras

utilizadas a coleta de amostras simples obtidas nas camadas de 0 a 20 cm é o indicado.

Cuidados com a coleta de amostras de solo devem ser tomados, pois um erro na amostragem

pode comprometer as etapas seguintes para a definição da quantidade de calcário e adubos

a serem utilizados, ou seja, a análise não corrige os erros cometidos no momento da coleta

da amostra. Para isso, não coletar amostras próximo a casas, brejos, voçorocas, caminhos de

pedestres, formigueiros etc., e nunca utilizar recipientes usados ou sujos como sacos de

adubo, cimento e embalagens de defensivos. A partir das 20 amostras simples coletadas uma

amostra composta, de aproximadamente 300 a 500 g, é obtida pela homogeneização das

amostras simples coletadas, que, então, é enviada ao laboratório para análise química.

De posse do resultado da análise química do solo o técnico, bem capacitado, irá

calcular a necessidade de calagem, assim como, os adubos e a estratégia a ser utilizada (e.g.

quantidade e quais nutrientes serão aplicados na semeadura ou plantio e/ou após a formação

da área). De forma geral, antes da semeadura ou plantio é realizada a calagem, para

neutralização da acidez do solo e ao mesmo tempo fornecer cálcio (Ca) e magnésio (Mg), e

fosfatagem, para fornecimento de fósforo (P). A neutralização da acidez se faz necessária

devido à sensibilidade das gramíneas forrageiras à acidez do solo, que reduz a absorção de

nutrientes de interesse e, consequentemente, reduz o crescimento e a produção da pastagem.

O aumento da disponibilidade de Ca e Mg se faz necessário devido as importantes atividades

metabólicas que esses nutrientes participam como, por exemplo, formação da parede celular,

ativação enzimáticas, composição de moléculas importantes (e.g. clorofila), síntese de

proteína, entre outras (VAN RAIJ, 1991; TAIZ e ZEIGER). A fosfatagem, por sua vez,

corrige a baixa disponibilidade de P que a maioria dos solos brasileiros apresentam. Devido

à baixa mobilidade desse nutriente no solo opta-se por realizar durante o processo de preparo

da área para facilitar sua incorporação e melhorar a eficiência de uso. Recomenda-se a

utilização de duas fontes de fósforo, uma com maior e outra com menor solubilidade (e.g.

super fosfato simples e fosfato de rocha, respectivamente). Uma vai fornecer P de imediato

e a outra fornecerá ao longo do tempo, pois ele é lentamente dissolvido com as chuvas. O P

é nutriente importante para os processos de fotossíntese, respiração, armazenamento e

transferência de energia, divisão celular, crescimento das células e raízes, entre outros (VAN

RAIJ, 1991; TAIZ e ZEIGER). Quando a pastagem já está formada a calagem pode ser feita

em cobertura, sendo que a necessidade de incorporação deve ser determinada em função da

quantidade a ser aplicada e da condição do pasto.

Nutrientes como nitrogênio (N), potássio (K) e, em menor escala, o enxofre (S) são,

geralmente, fornecidos após o estabelecimento das pastagens e durantes os ciclos de

crescimento, em adubação de cobertura. Esses nutrientes, da mesma forma que os já citados,

possuem atividades essenciais para a sobrevivência e produção da gramínea forrageira.

Page 8: 6. Estabelecimento, práticas corretivas e adubação de ...sites.usp.br/gefepfzea/wp-content/uploads/sites/134/2014/05... · 6.4 ESTABELECIMENTO DE PASTAGENS A formação de pastagem

Dessa forma, todos os nutrientes são importantes e devem ser monitorados com objetivo de

que as deficiências sejam corrigidas, para que o potencial de crescimento da gramínea

forrageira não seja limitado. Após atender as necessidades essenciais das gramíneas

forrageiras para os principais nutrientes a disponibilidade do N é que irá determinar a

produção de forragem, de forma que as respostas à adubação nitrogenada são expressivas

em termos de produção de forragem. Isso ocorre porque o N é componente da clorofila,

enzima responsável pela fotossíntese (Rubisco), e das proteínas (TAIZ e ZEIGER, 2004),

ou seja, está diretamente relacionado com o processo de produção de energia e fixação de

CO2 pela planta.

3. Preparo do solo

Fonte: http://www.milkpoint.com.br/radar-tecnico/pastagens/preparo-de-solo-e-

formacao-de-pastagem-81307n.aspx

Com relação ao preparo do solo, este deve estar limpo, longe de cupins, plantas

invasoras e demais objetos que venham atrapalhar a mecanização do processo. Ainda, todo

um preparo de contenção de água por meio de curva de nível (em áreas cujo terreno não é

plano) é necessário para que não somente sirva para preservar o meio ambiente, mas também

para que não prejudique a uniformização e emergência das plantas em função de enxurradas

na área.

Depois disso, o preparo do solo em si se caracteriza pelas arações e gradagens nas

áreas, quantas vezes forem necessárias. O uso excessivo de arações e/ou gradagens

superficiais e continuamente nas mesmas profundidades no processo de preparo de solo

provoca a desestruturação da camada arável, transformando-a em duas camadas distintas:

uma superficial pulverizada e outra sub-superficial compactada. Essa transformação reduz a

taxa de infiltração de água no solo e, consequentemente, incrementa a enxurrada e eleva os

riscos de erosão hídrica do solo. Outrossim, prejudica o desenvolvimento das raízes de

plantas e afeta o potencial de produtividade do sistema agrícola. O preparo excessivo,

associado à cobertura deficiente do solo, a chuvas intensas e ao uso de áreas inaptas para

culturas anuais, constitui o principal fator desencadeador dos processos de degradação dos

Page 9: 6. Estabelecimento, práticas corretivas e adubação de ...sites.usp.br/gefepfzea/wp-content/uploads/sites/134/2014/05... · 6.4 ESTABELECIMENTO DE PASTAGENS A formação de pastagem

solos. Preparo de solo insuficiente também prejudica a germinação, pois o contato da

semente com o solo é dificultado. A presença de torrões grandes em função da deficiência

de gradagens deixa a semente exposta e pode resultar em alta mortalidade de plântulas que

não conseguem desenvolver adequadamente o sistema radicular.

O preparo do solo deve ser realizado no fim do período da seca, nos meses de agosto

e setembro. É fato que áreas que contenham mais invasoras, ou ainda que possuíam outra

forrageira implantada, possuem grandes quantidades de sementes oriundas das plantas que

as compunham, formando no solo o que chamamos de banco de semente. Considera-se, em

alguns casos, que em algumas áreas são necessárias até maior número de arações e gradagens

para acabar com este banco de semente. No entanto, comumente fazem-se duas arações e

duas gradagens para o plantio. Em muitos casos, recomenda-se uma segunda gradagem (após

20 dias da primeira), para eliminar o restante das ervas daninhas e no máximo três dias antes

do plantio para que o solo esteja pulverizado para receber a semente, se este plantio for feito

a lanço em cobertura. A utilização de herbicidas dessecantes também auxilia na diminuição

de plantas indesejáveis na área.

Para o plantio, as quantidades de adubo já devem estar preparadas para que seja feita

a aplicação e ainda, o calcário (se necessário na área) já deve ter sido aplicado a pelo menos

30 dias antes deste plantio. Além disso, a análise de solo deve ser feita 3 meses antes

(geralmente nos meses de maio - junho) para determinação do processo a ser feito em relação

à correção do solo. No plantio, geralmente somente é colocado o adubo fosfatado (adubo

para crescimento da raiz), deixando o adubo potássico (se necessário) e nitrogênio para

serem aplicados em cobertura nos ciclos de pastejos.

Depois de feito isso, a semente deve ser distribuída na superfície do solo e

compactada e promover maior contato da semente com o solo utilizando-se rolos leves,

feitos de pneu ou tambores. Lembrando que, se necessário, o adubo aplicado no plantio é

somente o adubo fosfatado que pode ser misturado a semente no dia de plantio. É importante

lembrar que o plantio por semente também pode ser feito por semeadoras, que dispensa o

uso de rolos, pois desempenha a incorporação da semente no solo.

Para pastagens implantadas por meio de muda, como o Coast-cross, Tifton, dentre

outros se utiliza um método um pouco diferente. Pode-se utilizar, depois da área preparada

(gradeada), a construção de sulcos a uma profundidade de 15 a 20 cm, com espaçamento por

volta de 50 cm. Em seguida, devem-se distribuir as mudas nos sulcos de maneira uniforme

e cobri-las parcialmente com terra. A cobertura total das mudas deve ser evitada, para que a

rebrota não seja prejudicada. Ainda, pode-se utilizar a distribuição das mudas sobre a

superfície do solo, com imediata incorporação das mudas, por meio de uma leve gradagem.

É um método prático, mas exige maior quantidade de mudas e de cuidados especiais, para

que sejam bem incorporadas ao solo. Um terceiro método, seria fazer covas na área, com

Page 10: 6. Estabelecimento, práticas corretivas e adubação de ...sites.usp.br/gefepfzea/wp-content/uploads/sites/134/2014/05... · 6.4 ESTABELECIMENTO DE PASTAGENS A formação de pastagem

espaçamento de 40 a 50 cm, e levemente cobertas com terra exigindo mais mão-de-obra.

Devemos lembrar que a umidade de solo imediata no plantio por muda é primordial para o

sucesso de todo o processo. O plantio por semente, permite que a chuva demore até 15 dias

em alguns casos para que ocorra e efetue a umidade do solo. No entanto, um solo úmido é

necessário em todo o processo, seja por muda ou semente.

4. Época de semeadura

A maioria das forrageiras é bastante versátil em relação à época de plantio, podendo

ser iniciado com as primeiras chuvas (setembro) e estender-se até meados de março. A

implantação da cultura no início do período chuvoso, frequentemente, leva à possibilidade

de utilização (pastejo e corte) no mesmo ano agrícola. Plantios tardios, salvo em casos do

uso de irrigação e dependendo da espécie, só resultará em produção utilizável no decorrer

do próximo período chuvoso.

A época ideal deve coincidir com o período em que as chuvas já tenham se

estabilizado (outubro/novembro), quando a disponibilidade de água no solo é adequada à

germinação, sem o risco de ocorrência de déficit hídrico, que possa prejudicar o

estabelecimento das plântulas. Para as semeaduras feitas fora das épocas mais favoráveis,

pode-se aumentar a taxa de semeadura, mas isto só é viável para forrageiras cujas sementes

sejam baratas. Para as espécies de sementes de preço muito elevado, como os novos

lançamentos e para espécies de difícil estabelecimento, deve-se procurar semear no período

mais adequado.

A melhor época de semeadura para capins como, B. brizantha (cvs. Marandu, Xaraés

e Piatã), B. decumbens, B. ruziziensis, P. maximum (cvs. Tanzânia, Mombaça e Massai),

Andropogon gayanus (cvs. Planaltina e Baeti) e Paspalum atratum cv. Pojuca, é entre os

meses de novembro e dezembro. Sendo esta época fundamental para o andropógon, que é o

mais exigente. Capins do gênero Brachiaria e Panicum toleram uma faixa de semeadura mais

ampla, de outubro a março, desde que a taxa de semeadura seja ajustada. As forrageiras que

multiplicam-se por mudas levam a um maior para cobrir o solo (capim-elefante, estrela

africana, coastcross, tifton) e isso deve ser levando em consideração na hora do

estabelecimento.

Leguminosas, por terem crescimento inicial lento, não podem ser semeadas

tardiamente, principalmente, as que dependem da produção de sementes para ressemeadura

natural como calopogônio e estilosantes-campo-grande, pois a sua persistência pode ser

comprometida.

5. Profundidade de semeadura

É comum a generalização de que as semeaduras de forrageiras devem ser feitas na

camada superficial. Esta, provavelmente, origina-se do fato de que algumas espécies como,

jaraguá, braquiária, colonião, gordura, etc. estabelecem-se bem em semeaduras superficiais,

desde que as condições climáticas sejam muito favoráveis.

Outros motivos que têm levado a esta preferência pela semeadura superficial, são os

próprios resultados de pesquisa, já que os experimentos de profundidade de semeadura, na

sua maioria, foram realizados em casas de vegetação, com controle de radiação, temperatura

e umidade do ar e do solo. Nestas condições ótimas, as semeaduras superficiais são melhores.

As sementes de tamanho médio, como as de Neonotonia wightii e Galactia striata,

apresentaram germinação semelhante nas semeaduras na superfície, a 2,5 cm ou a 5,0 cm de

profundidade. Já P. maximum e B. decumbens foram favorecidos pela semeadura

Page 11: 6. Estabelecimento, práticas corretivas e adubação de ...sites.usp.br/gefepfzea/wp-content/uploads/sites/134/2014/05... · 6.4 ESTABELECIMENTO DE PASTAGENS A formação de pastagem

superficial. A exceção foi o Macroptilium lablab, com sementes grandes, que germinaram

melhor com semeadura mais profunda.

O que ocorre em campo pode ser bem diferente. A deficiência hídrica do solo, por

exemplo, principalmente nas camadas mais superficiais, que após algumas horas de

insolação já estão ressequidas, impede a fixação das raízes da plântula. A temperatura do

solo que, freqüentemente, ultrapassa os 50°C, é um outro fator negativo. Estas altas

temperaturas, muitas vezes, são fatais para as sementes em início de germinação,

principalmente, se são acompanhadas de deficiência hídrica. Para leguminosas, o problema

de altas temperaturas se acentua, pois as bactérias simbiontes do gênero Rhizobium são mais

sensíveis a altas temperaturas do que a própria semente.

Para leguminosas forrageiras, de modo semelhante às gramíneas, aquelas com

sementes maiores têm maior potencial de emergência a maiores profundidades de semeadura

do que aquelas com sementes pequenas. Calopogonium mucunoides e Centrosema

pubescens emergiram melhor em semeaduras mais profundas e Stylosanthes capitata, em

semeaduras superficiais. Na semeadura de consorciações, é necessário estabelecer a

profundidade adequada para cada uma das espécies envolvidas, seja em semeadura

simultânea como em semeadura seqüencial das espécies.

6. Taxa de Semeadura

Normalmente, o gasto na aquisição de sementes, representa um dos menores

componentes do custo de implantação de uma pastagem. Entretanto, a qualidade destas é um

dos pontos chave no sucesso do estabelecimento. Desta forma, no momento da compra das

sementes, deve-se dar preferência àquelas originárias de fornecedor idôneo e que apresente

laudo de análise que comprove a qualidade do lote de sementes, em consonância às normas

e padrões de comercialização mínimos determinados pelo MAPA, em relação

germinação/viabilidade, pureza física, optando-se por lotes com maior valor cultural (VC),

pois a quantidade de semente a ser utilizada será menor, observando-se a relação

custo/benefício.

Na escolha de uma semente devemos levar em conta o "Poder de Germinação", o

"Grau de Pureza" e o "Valor Cultural (VC)". O Valor Cultural, que determina a qualidade

de uma semente, é em função do poder de germinação e do grau de pureza.

Poder de Germinação

O poder de germinação é o percentual de sementes puras que poderão germinar e dar origem

à plantas normais;

Grau de Pureza

O grau de pureza é o percentual que indica a contaminação do lote de sementes por outras

espécies ou resíduos inertes. Uma semente com 70% de pureza quer dizer que 30% são

materiais inertes, como terra e resíduos e sementes de outras espécies.

Valor Cultural

Valor Cultural (VC) - vem a ser a multiplicação dos valores de % germinação e % de pureza

dividido por 100. O Valor Cultural, que determina a qualidade de uma semente, é em função

do poder de germinação e do grau de pureza. O valor cultural é muito importante quando

temos dois lotes de sementes com o mesmo preço ou preços diferentes, e, também, para

calcular a quantidade de sementes a ser semeada.

Page 12: 6. Estabelecimento, práticas corretivas e adubação de ...sites.usp.br/gefepfzea/wp-content/uploads/sites/134/2014/05... · 6.4 ESTABELECIMENTO DE PASTAGENS A formação de pastagem

Onde:

SPV = sementes puras viáveis (considerando um VC de 100%) em kg/ha recomendada para

a espécie;

VC = valor cultural do lote de sementes;

P = pureza física das sementes;

G = germinação (teste de germinação) ou viabilidade (teste do tetrazólio) das sementes.

Exemplo de cálculo:

Um produtor deseja estabelecer 10 ha uma pastagem. No orçamento realizado ele

verificou que o fornecedor (A) possui sementes a R$ 8,00/kg e um VC de 60%; o fornecedor

(B) a R$ 6,50/kg e um valor cultural de 40%. Considere que a taxa de semeadura necessária

para um bom estabelecimento seja de 3 kg de SPV (sementes puras e viáveis/ha).

a) Quantos kg de sementes comerciais de cada um dos fornecedores seriam necessários

para implantar 1 há de pasto?

b) Qual o custo de implantação dos 10 ha para cada um dos fornecedores?

c) Qual seria a melhor opção para compra das sementes?

Fornecedor A:

DS kg /ha (A)= (SPV x 100)/VC = (3 x 100)/60 = 5 kg/ha

Custo (A) = (5 x 8) x 10 = R$ 400,00 para implantar 10 ha

Fornecedor B:

DS kg /ha (B)= (SPV x 100)/VC = (3 x 100)/40 = 7,5 kg /ha

Custo (B) = (7,5 x 6,5) x 10 = R$ 487,50 para implantar 10 ha

Quando a densidade de semeadura for baixa (menos de 10 kg/ha), é conveniente

proceder a pré-misturas das sementes com calcário, fosfato de rocha, superfosfato simples,

esterco seco e moído, a fim de aumentar o volume, o que facilita a regulagem dos

equipamentos de semeadura e propicia a distribuição uniforme das sementes. A mistura

com fertilizantes acidificantes (sulfato de amônia, cloreto de potássio, uréia) deve ser

evitada, pois provocam a morte das sementes; se vier a ocorrer, a distribuição no solo será

o mais breve possível, se possível no mesmo dia. No estabelecimento de pastagens

consorciadas entre leguminosas e gramíneas, reduzir de 20 a 30% a taxa de semeadura da

gramínea acompanhante, levando em consideração as recomendações para cada espécie.

Page 13: 6. Estabelecimento, práticas corretivas e adubação de ...sites.usp.br/gefepfzea/wp-content/uploads/sites/134/2014/05... · 6.4 ESTABELECIMENTO DE PASTAGENS A formação de pastagem

Quando se utiliza sementes revestidas, obtidas após a peletização, encrustamento ou

nucleação com uma camada de carbonato, fosfato e outros, deve-se considerar que esses

produtos representam cerca de 60% a 70% do peso do lote de sementes, sendo necessário

descontá-lo para calcular a taxa de semeadura.

7. Tratamento para quebra de dormência e inoculação de sementes

Algumas espécies forrageiras podem apresentar sementes com baixa germinação

inicial, em decorrência da dormência das mesmas. No caso das gramíneas, a exemplo das

espécies dos gêneros Brachiaria e Panicum, predomina a dormência do tipo fisiológica

(sementes imaturas). Para superá-la, o tempo de armazenamento (cerca de quatro a seis

meses após a colheita), sob condições adequadas, é capaz de promover a maturação

fisiológica das sementes e melhorar consideravelmente a germinação.

Grande parte das leguminosas possuem sementes duras, pois apresentam uma

cobertura impermeável à penetração da água que impede a germinação. Para romper este

tipo dormência as sementes devem ser previamente submetidas a um tratamento que

promova a ruptura desta camada, e assim, estimule a germinação das mesmas.

Existem diferentes tipos de tratamento (térmicos, mecânicos, químicos e físicos) que

são recomendados em função das características da espécie forrageira, como se observa no

quadro a seguir.

Page 14: 6. Estabelecimento, práticas corretivas e adubação de ...sites.usp.br/gefepfzea/wp-content/uploads/sites/134/2014/05... · 6.4 ESTABELECIMENTO DE PASTAGENS A formação de pastagem

A inoculação das sementes de leguminosas é de fundamental importância,

principalmente onde não existem extirpes de Rhizobium nativas eficientes no solo.

Rhizobium são bactérias de solo que se caracterizam por sua habilidade de infectar os pelos

radiculares das leguminosas e induzir a nodulação, ou seja a formação de nódulos.

Entre as leguminosas e os Rhizobium se estabelece uma simbiose; ou seja uma relação de

benefício mutuo: as bactérias utilizam o nitrogênio do ar e os convertem em compostos

nitrogenados assimiláveis pelas plantas e estas, por conseguinte, transferem às bactérias

carbohidratos, como fonte de energia, processo denominado de Fixação Biológica de

Nitrogênio.

A maioria das leguminosas são hospedeiras específicas, ou seja, somente nodulam

por algumas cepas de Rhizobium. No solo por sua vez, poderão existir cepas de Rhizobium

que produzem nodulação, mas em quantidades pequenas de N fixado, ou seja ineficientes.

Assim, deve-se recorrer a técnica da inoculação das sementes para assegurar que rhizobiuns

específicos estejam presentes em locais e momentos importantes e em quantidades

adequadas. Para uma boa inoculação das leguminosas e o respectivo sucesso na nodulação,

é recomendável que se escolha o inoculante eficiente e de preferência específico para a

espécie que se deseja plantar.

O recobrimento da semente (peletização), consiste em envolver a semente, depois de

inoculada, com uma fina camada de calcário finamente moído, ou fosfato de rocha. Com

isto, tem-se um controle da acidez em torno da semente, além do fornecimento de alguns

nutrientes á planta e da preservação do inoculante, propiciando dessa maneira, maior

flexibilidade quanto ao tempo entre a inoculação e o plantio ou até a germinação. Com a

peletização, o inoculante mantém sua efetividade por até 30 dias, além de conferir uma certa

proteção às sementes ao ataque de pragas. É da máxima segurança para a sobrevivência das

bactérias que os saquinhos com inoculante sejam armazenados em geladeira com

temperaturas em torno de 5ºC. Quando transportado, que seja feito em caixas de isopor ou

em pacotes com bom isolamento. O inoculante e a semente já inoculada nunca devem ser

expostos ao sol, pois perde a sua efetividade.

8. Plantio por mudas

O plantio por mudas, normalmente, é feito após um preparo completo do solo e, em

alguns casos, o plantio é feito em covas ou em sulcos, onde o preparo do solo não é possível

Page 15: 6. Estabelecimento, práticas corretivas e adubação de ...sites.usp.br/gefepfzea/wp-content/uploads/sites/134/2014/05... · 6.4 ESTABELECIMENTO DE PASTAGENS A formação de pastagem

e, também, pode ser feito nas entrelinhas da cultura de milho ou arroz. Outro processo é a

distribuição das mudas sobre o solo, a lanço, com posterior incorporação das mesmas com

uma gradagem leve. Alguns produtores têm adaptado equipamentos de plantio de mandioca

para o plantio de mudas de forrageiras.

Diversas forrageiras são plantadas por meio de estruturas vegetativas, sendo

utilizadas mudas enraizadas, pedaços de colmos ou estolões. No plantio a lanço, são

necessárias de 4 a 5 t/ha de mudas. Para o plantio em sulcos e covas, são necessárias de 2 a

3 t/ha. Estas devem ser colhidas com bom desenvolvimento, com cerca de 100 dias de

crescimento e devem ser plantadas logo em seguida, para se obter um bom pegamento. Em

um hectare podem ser colhidas mudas para o plantio de 10 a 15 ha. As espécies mais

estabelecidas desta forma são: capim-angola (B. mutica), tanner-grass (B. arrecta), capim-

tangola (B. mutica x B. arrecta), capins do gênero Cynodon (Tifton, Coastcross e Estrela) e

Pennisetum purpureum (capim-elefante).

Para o plantio de capim-elefante devem ser utilizados colmos de plantas em estado

vegetativo, colhidos pouco antes do florescimento. O espaçamento dos sulcos pode ser de

0,5 m a 1,2 m; os plantios mais próximos tendem a produzir mais, mas espaçamentos de 0,8

m a 1,0 m facilitam os tratos culturais e espaçamentos maiores facilitam o aparecimento de

plantas daninhas, pois as plantas demoram a cobrir o solo. O primeiro pastejo deve ser

realizado cerca de 80-90 dias após o plantio, quando as plantas apresentarem boa cobertura

do solo.

9. Manejo inicial

O acompanhamento periódico da pastagem em sua fase de estabelecimento se faz

necessário a fim de identificar possíveis ocorrências de pragas (lagartas, cupins, formigas,

entre outras), plantas invasoras, deficiências na germinação e desenvolvimento das plantas,

e assim, providenciar as medidas de controle.

A densidade de plântulas germinadas pode ser um bom indicativo do

estabelecimento, com valores adequados oscilando entre 10 a 20 plântulas/m2 para as

gramíneas com sementes de tamanho médio (p.e. Brachiaria spp) e de 25 a 50 plântulas/m2

para as sementes pequenas (p.e. Panicum spp).

O manejo de formação de uma pastagem se resume na utilização menos intensiva da

mesma, na sua fase inicial, possibilitando, dessa forma, uma boa formação. Se a semeadura

for bem feita e ocorrer boa emergência de plantas, já aos 60 a 90 dias, para a maioria das

espécies, poderá ser dado um pastejo para rebaixar a pastagem e estimular o perfilhamento

basal, a emissão de novas folhas, perfilhos/estolões e raízes, e assim propiciar uma rápida e

adequada cobertura de solo.

Um erro de manejo muito comum na formação da pastagem é o atraso excessivo para

o primeiro pastejo. O principal motivo para esse atraso é que o produtor espera pela

sementeação do capim. No entanto, o que geralmente ocorre, sobretudo em capins com

hábito de crescimento entouceirado, como o capim-mombaça, é que o pastejo muito tardio

estimula o envaretamento (alongamento excessivo dos colmos) e o acamamento das

touceiras de capim, diminuindo o perfilhamento basal e a eficiência de uso da forragem.

Dá-se preferência por animais jovens (leves), pois causam menor compactação do

solo, mantidos sob alta lotação, em um curto período de ocupação (não superior a 10 dias),

permitindo uma desfolha leniente, sem prejudicar rebrota posterior e o pleno

estabelecimento da pastagem, que passará a ser utilizada normalmente. Também, é

importante que os primeiros pastejos sejam dados em dias secos, pois o solo ainda não está

assentado e a pastagem não está bem formada e isto, também, pode aumentar a compactação.

Page 16: 6. Estabelecimento, práticas corretivas e adubação de ...sites.usp.br/gefepfzea/wp-content/uploads/sites/134/2014/05... · 6.4 ESTABELECIMENTO DE PASTAGENS A formação de pastagem

É recomendável que estes animais, antes de entrarem na pastagem, sejam tratados contra

endo e ectoparasitos, evitando a contaminação da nova pastagem. Nesse primeiro pastejo, é

possível que algumas plantas de capim sejam arrancadas com a raiz, pela boca do boi. No

entanto, não haveria grande prejuízo para a formação da pastagem, pois geralmente essas

plantas não seriam dominantes, isto é, seriam plantas com poucas raízes e com poucas

chances de competir com as plantas mais vigorosas, que se estabeleceram mais cedo.

Quando se tem uma densidade de plantas muito baixa, é desejável deixar as plantas

crescerem livremente para a produção de sementes e, então, dar-se um pastejo para que os

animais auxiliem na queda e distribuição das sementes em toda área, favorecendo, dessa

forma, a ressemeadura natural na estação seguinte. Isto é mais comum com capim-

andropógon ou em semeaduras em áreas desmatadas.

O manejo de formação tem por objetivos:

a) Evitar o acamamento da forrageira.

b) Diminuir a competição, eliminando o excesso de plantas.

c) Eliminar a maior parte das gemas apicais, estimulando a emissão de novos perfilhos

basais.

d) Antecipar a utilização da forragem, aproveitando o alto valor nutritivo, com boa produção

animal por área.

e) Proporcionar a mais rápida e perfeita cobertura de solo.

Page 17: 6. Estabelecimento, práticas corretivas e adubação de ...sites.usp.br/gefepfzea/wp-content/uploads/sites/134/2014/05... · 6.4 ESTABELECIMENTO DE PASTAGENS A formação de pastagem

6.5 PRÁTICAS CORRETIVAS E ADUBAÇÃO DE PASTAGENS

Devido à característica de elevada acidez da maioria dos solos sob pastagens, uma

sequencia lógica de práticas agronômicas deve ser estabelecida para que tais ações sejam

efetivas. A utilização de adubação em solos ácidos pode levar à indisponibilização dos

nutrientes e baixa eficiência de utilização pelas plantas.

Nesse sentido, as chamadas práticas corretivas como a calagem e, em situações

específicas a gessagem, são o primeiro passo. Adicionalmente, o P consitue-se em outro

grande limitante em solos sob pastagens, dada a natureza oxídica de grande parte dos solos,

com elevada presença de óxidos de Fe e Al, os quais acabam fixando o P e resultam em

níveis baixos de disponibilidade para a planta. O principal limitante da utilização da

potassagem é seu elevado custo. Contudo, o aumento no potencial produtivo da pastagem

pode compensar o investimento. O segundo passo é o fornecimento de N, P, K e S na

implantação e manutenção do pasto. O terceiro passo consiste na adubação com

micronutrientes.

1. Calagem

Objetivos da calagem

Um dos problemas que pode limitar a produtividade de pastagens é a deficiência de

cálcio, associada ou não à toxidez por alumínio. Teores de Ca muito baixos prejudicam o

desenvolvimento do sistema radicular das plantas, reduzindo a absorção de água e nutrientes,

é um nutriente necessário na translocação e armazenamento de carboidratos e proteínas, além

de atuar na formação e na integridade das membranas da parede celular. O magnésio compõe

a molécula de clorofila, que dá a cor verde às plantas. As plantas forrageiras com baixos

teores de magnésio podem promover baixos teores de magnésio sérico nos animais e

consequentemente a tetania. A importância da correção do solo no estabelecimento de

pastagens com presença de leguminosas tem sido amplamente evidenciada.

Page 18: 6. Estabelecimento, práticas corretivas e adubação de ...sites.usp.br/gefepfzea/wp-content/uploads/sites/134/2014/05... · 6.4 ESTABELECIMENTO DE PASTAGENS A formação de pastagem

Gramíneas, na maior parte das situações, são menos sensíveis à presença de Al. Solos

arenosos, com baixos teores em matéria orgânica, lixiviados e erodidos, são potencialmente

pobres em cálcio.

A determinação da NC depende da espécie forrageira e região do Brasil. Diversos

métodos para determinar a NC estão disponíveis, cada uma possui suas particularidades.

Dessa forma, a análise conjunta de atributos químicos do solo associados à calagem

conduzirá ao sucesso da prática. Por exemplo, quando se utiliza o método de elevação do

V%, é prudente verificar os valores de Ca, Mg e Al, uma vez que a relação Ca/Mg não entra

no cálculo do calcário, a ocupação de Ca e Mg na CTC e a m%. Isso possibilita uma visão

conjunta da fertilidade do solo e evita possíveis problemas posteriores.

Outra questão que merece destaque é que as recomendações não fazem distinção entre

as diferentes condições da pastagem e de manejo, como implantação, reforma, manutenção

e recuperação. Sugere-se que quando for reforma, utilizar as recomendações para

implantação. Contudo, em situações de recuperação ou manutenção, a análise de fatores

Page 19: 6. Estabelecimento, práticas corretivas e adubação de ...sites.usp.br/gefepfzea/wp-content/uploads/sites/134/2014/05... · 6.4 ESTABELECIMENTO DE PASTAGENS A formação de pastagem

econômicos, condição do stand, possibilidade de danos às plantas em função da necessidade

de incorporação juntamente com os resultados da análise do solo auxiliam na tomada de

decisão.

a) Método da saturação por bases

Esse método foi adotado pelo IAC (Campinas) a partir de 1983. Ele considera o poder

tampão do solo, que é a resistência do solo em ter seu valor de pH alterado quando tratado

com ácido ou base. Quanto maior for o teor de argila e a porcentagem de MO, maior será o

poder tampão do solo. A fórmula utilizada é:

NC= T (V2 – V1) X F

100

Onde:

T= CTC a pH 7,0 (Ca2+ + Mg2+ + K+ + (H+ + Al3+))

V2 = Saturação por bases desejada para a cultura a ser implantada, obtida através dos

boletins

V1 = Saturação por bases atual do solo, pode ser calculado a partir do resultado da análise

de solo, onde V1= S/T x 100 e S= (Ca2+ + Mg2+ + K+)

F = Fator de correção para o PRNT=100% ou 100/PRNT do calcário a ser utilizado

Se a profundidade de incorporação do calcário for diferente que da camada 0-20 cm, um

fator de correção de profundidade deve ser utilizado. Para incorporação 0-30 multiplicar

por 1,5; para incorporação 0-40 multiplicar por 2,0 e para aplicação superficial dividir

por 2,0.

Definição da CTC

A capacidade de troca de cátions (CTC) de um solo, de uma argila ou do húmus

representa a quantidade total de cátions retidos à superfície desses materiais em condição

permutável (Ca2+ + Mg2+ + K+ + H+ + Al3+). Se a maior parte da CTC do solo está ocupada

por cátions essenciais como Ca2+, Mg2+ e K+, pode-se dizer que esse é um solo bom para

a nutrição das plantas. Por outro lado, se grande parte da CTC está ocupada por cátions

potencialmente tóxicos como H+ e Al3+ este será um solo pobre. Um valor baixo de CTC

indica que o solo tem pequena capacidade para reter cátions em forma trocável; nesse caso,

não se devem fazer as adubações e as calagens em grandes quantidades de uma só vez, mas

sim de forma parcelada para que se evitem maiores perdas por lixiviação.

Solos arenosos normalmente possuem baixa CTC, pois os minerais que compõe o solo

possuem poucas cargas para reter os cátions. Solos argilosos normalmente possuem maior

Page 20: 6. Estabelecimento, práticas corretivas e adubação de ...sites.usp.br/gefepfzea/wp-content/uploads/sites/134/2014/05... · 6.4 ESTABELECIMENTO DE PASTAGENS A formação de pastagem

CTC, pois possuem maior número de sítios de ligação em seus minerais de formação e, por

isso, são capazes de reter maior quantidade de cátions.

Saturação de bases (V%)

Proporção das cargas totais do solo (Somatório de Ca + Mg+ K+ H + Al) ocupadas

por BASES (Ca, Mg e K)

Qualidade do calcário e fontes de Ca

A qualidade do calcário é medida através do PRNT (poder relativo de neutralização

total), que fornece o equivalente CaCO3 (carbonato de Cálcio) correspondente ao índice 100,

ou seja, uma tonelada de calcário com PRNT de 70% tem o mesmo efeito de correção de

700 kg de CaCo3 puro e finamente moído. Calcários com PRNT entre 45 – 60% são

considerados baixos, de 60,1-75% médio; 75,1-90% alto e > 90% muito alto.

Os calcários, utilizados como corretivos de acidez, são fontes de cálcio:

Calcário calcítico: 32-38% Ca++

Calcário magnesiano: 28-30% Ca++

Page 21: 6. Estabelecimento, práticas corretivas e adubação de ...sites.usp.br/gefepfzea/wp-content/uploads/sites/134/2014/05... · 6.4 ESTABELECIMENTO DE PASTAGENS A formação de pastagem

Calcário dolomitico: 15-25% Ca++

Cal extinta: 52-54% Ca++

O gesso agrícola, não possui valor neutralizante pois não libera hidroxilas (OH-), mas

pode ser utilizado como fonte de cálcio. O uso de fertilizantes como superfosfato simples

(18% Ca++

), superfosfato triplo (10% Ca++

), termofosfato (20% Ca++

), fosfatos naturais

(28% Ca++

), fosmag (18% Ca++

), cloreto de cálcio (25% Ca++

) também são fontes de cálcio

para as plantas.

A correção dos níveis de cálcio trocável se faz pela calagem e também pela aplicação

de outras fontes de adubos que possuam cálcio.

A utilização de gesso é recomendada quando camadas entre 20-40 cm estiver com

níveis de ca menores que 4 mmolc/dm3 e Al maior que 5 mmolc/dm3 associado a

concentração de Al (m%) maior que 30%. O gesso e o calcário são complementares quando

as camadas superficiais e sub superficiais são ácidas, sendo que a aplicação de gesso deve

ser feita dois meses depois ou em uma única operação de aplicação do calcário, mas nunca

antes para não haver desequilíbrio na CTC do solo.

Quando os solos possuem deficiência de Mg, solos muito arenosos, que receberam altas

doses de calcário calcitico e adubações pesadas com K, ou solos muito ácidos com menos

de 4 mmolc/dm³ de Mg e menos de 3% de Mg na CTC, o calcário dolomitico é adequado.

Época e forma de aplicação

O calcário exige determinado tempo para reagir no solo. Quanto menor o PRNT do

calcário maior o tempo de reação, mas de forma geral recomenda-se sua aplicação 90 dias

antes do plantio ou semeadura.

Recomenda-se que metade do calcário no plantio seja aplicado antes da aração e outra

metade antes da gradagem na camada 0-20 cm, para melhor distribuição deste no perfil do

solo. Em pastagens já implantadas deve-se proceder o rebaixamento dos pastos no início

das chuvas e aplicar, a seguir fazer uma gradagem...Em sistemas sob plantio direto ou

pastagens com elevado teor de MO, a liberação de NO3- e SO4- a partir da MO pode auxiliar

o deslocamento do Ca e Mg para camadas mais profundas.

É importante que a calagem seja feita com antecedência a aplicação de adubos

nitrogenados, pois o calcário reage com o amônio aplicado, transformando-se em gás

amônia que é perdido por volatilização.

Não é recomendável a aplicação de calcário em doses muito elevadas pois

indisponibiliza micronutrientes e pode causar desequilíbrio. Em solos com V% muito baixa

em um primeiro momento deve-se elevar a 50% e ir aumentando gradativamente até o valor

exigido pela planta.

Quanto mais arenoso o solo e/ou maiores doses de adubos e maior granulometria do

calcário, maior a frequência de calagem. Contudo, pH muito elevado pode prejudicar a

disponibilidade de P e alguns micronutrientes.

2. Gessagem

Fonte: http://rehagro.com.br/plus/modulos/noticias/ler.php?cdnoticia=54

Page 22: 6. Estabelecimento, práticas corretivas e adubação de ...sites.usp.br/gefepfzea/wp-content/uploads/sites/134/2014/05... · 6.4 ESTABELECIMENTO DE PASTAGENS A formação de pastagem

O gesso agrícola é também denominado fosfogesso. As indústrias de fertilizantes,

durante o processo de fabricação de superfosfatos, simples e triplo, e fosfatos de amônio,

MAP e DAP, usam como matéria-prima a rocha fosfática, geralmente a fluorapatita. Esta,

ao ser atacada com ácido sulfúrico, na presença de água, forma como subprodutos sulfato de

cálcio, ácido fosfórico e ácido fluorídrico. Os dados da eficiência industrial indicam que,

para cada tonelada de P2O5 obtida, são produzidas 4,5 toneladas de gesso agrícola. O gesso

é o sulfato de cálcio desidratado, apresentando-se na forma de pó branco-amarelado. Sua

composição média, segundo Vitti e Malavolta (1983), são : Umidade livre 15-17%; CaO 26-

28%; S 15-16%; P2O5 0,6 - 0,75%, SiO2 insolúveis 1,26%; Fluoretos 0,63% e óxidos de Al

e Fe o,37%.

Seu emprego tem sido justificado principalmente em duas situações; a) quando se

requer fornecimento de cálcio e de enxofre; b) na diminuição de concentrações tóxicas do

alumínio trocável nas camadas subsuperficiais, com conseqüente aumento de cálcio nessas

camadas, visando "melhorar" o ambiente para o crescimento radicular.

A tomada de decisão sobre o uso do gesso agrícola deve sempre ser feita com base

no conhecimento de algumas características químicas e na textura das camadas

subsuperficiais do solo (20 a 40 cm e 30 a 60 cm). Há maior probabilidade de resposta ao

gesso quando a saturação por Al3+ for maior que 30 %, (m>30%) ou o teor de Ca menor

que 0,4 cmolc/dm3 de solo.

Uma vez estabelecidas aquelas características, as quantidades sugeridas são:

Page 23: 6. Estabelecimento, práticas corretivas e adubação de ...sites.usp.br/gefepfzea/wp-content/uploads/sites/134/2014/05... · 6.4 ESTABELECIMENTO DE PASTAGENS A formação de pastagem

3. Adubação

Macronutrientes:

Fósforo (P)

Ao se considerar o estabelecimento de pastagens, independentemente da espécie

forrageira a ser cultivada, a baixa disponibilidade de fósforo nos solos tropicais brasileiros

tem sido a mais relevante limitação. Quando os adubos fosfatados são aplicados ao solo,

depois de sua dissolução, praticamente todo o P é retido na fase sólida, formando compostos

menos solúveis. Todavia, parte do P retido pode ser aproveitado pela planta. A magnitude

dessa recuperação depende da espécie forrageira, textura do solo e tipos de minerais de

Page 24: 6. Estabelecimento, práticas corretivas e adubação de ...sites.usp.br/gefepfzea/wp-content/uploads/sites/134/2014/05... · 6.4 ESTABELECIMENTO DE PASTAGENS A formação de pastagem

argila, acidez. Além disso, a dose, fonte e granulometria e forma de aplicação do fertilizante,

rotação de culturas e sistema de preparo do solo também interferem nesse processo. O

fósforo é importante na formação do ATP (trifosfato de adenosina) que será a principal fonte

energética da planta. Energia utilizada no transporte de assimilados, no armazenamento e

transferência de energia, na divisão celular, no aumento das células e na transferência de

informações genéticas. Em leguminosas o P é essencial ao desenvolvimento do sistema

radicular e nodulação.

A recomendação de adubação deve estar embasada, para todos os principais nutrientes,

na análise de solo e na necessidade da espécie forrageira específica. Durante a formação,

algumas medidas devem ser tomadas, de forma a obter-se melhor aproveitamento do fósforo

para a planta, tais como:

- a fonte de fósforo deve ser aplicado nas proximidades das sementes ou mudas;

- adubação diferenciada entre gramíneas e leguminosas, uma vez que o fósforo pode ser

considerado o nutriente mais limitante para as leguminosas, uma vez que são capazes de

incorporar nitrogênio no solo. Experimentos sugerem, quando em consórcio, que se aplique

2/3 do fósforo para a leguminosa e 1/3 para a gramínea;

A dose recomendada depende dos resultados da análise de solo. De forma geral, as

plantas são divididas em espécies pouco exigentes, exigentes e muito exigentes (método P

resina) e adicionalmente de acordo com o teor de argila no solo (método Mehlich 1). Essas

recomendações têm por base a fase de estabelecimento e existe carência de informações para

manutenção. Nessa condição, a adubação deve considerar o nível desejado de produtividade

esperado, a categoria animal ou tipo de atividade – cria, recria, leite – além de aspectos

relativos ao manejo da pastagem.

De modo geral, sugere-se que o nível crítico de P para a fase de manutenção seria

equivalente a 80% dos valores recomendados como adequados para a fase de

estabelecimento. A adubação de manutenção é recomendada com a finalidade de evitar a

degradação da pastagem e proporcionar níveis de produtividade que garantam a

sustentabilidade da atividade. Em situações onde a dose de P recomendada for inferior a 20

kg/ha de P2O5 é possível realizar aplicações a cada dois anos da soma recomendada para o

período.

Fontes de P:

A fonte natural de fósforo no solo é a matéria orgânica, ou outro resíduo orgânico que

possa ser adicionado ao solo, como estercos e restos de culturas.

Entre os adubos comerciais tem-se:

a) Os fosfatos naturais são fertilizantes que possuem o fósforo na sua quase totalidade em

forma não assimilável pelas plantas, totalmente insolúveis em água.

a.1) Os fosfatos naturais minerais: são a matéria prima para a produção de fosfatos mais

solúveis.

APATITAS possuem 30 - 40% de P2O5 total, não possuem fósforo solúvel em água,

apresentam cerca de 3% de P2O5 solúvel em citrato de amônio, que é o fósforo assimilável.

Page 25: 6. Estabelecimento, práticas corretivas e adubação de ...sites.usp.br/gefepfzea/wp-content/uploads/sites/134/2014/05... · 6.4 ESTABELECIMENTO DE PASTAGENS A formação de pastagem

Exemplos: Apatita de Araxá (35% P2O5), de Jacupiranga (36% P2O5), fosfato de Alvorada

(30% P2O5), de Aruba (25% P2O5).

a.2) As fosforitas possuem cerca de 30% de P2O5 total, com 5 a 12% de P2O5 solúvel em

ácido cítrico a 2%, solubilidade em citrato de amônio de 5% e não apresentam P2O5 solúvel

em água.

a.3) Os fosfatos orgânicos naturais são os ossos moídos, ricos em fosfatos tricálcico ou

carbono apatita.

Exemplos:

- Farinha de ossos curada com 22 a 26% de P2O5 total;

- Farinha de ossos degelatinada com 30 a 33% de P2O5 total;

- Ossos calcinados, pó de cor cinza, moído, com cerca de 35% de P2O5 total.

b) Os superfosfatos simples são basicamente obtidos a partir de matéria prima rica em

fósforo (apatitas e fosforitas), que são tratadas com ácido sulfúrico resultando no

superfosfato simples com 20% de P2O5 total, 18% de P2O5 solúvel em água, com 12% de

enxofre e 20% de cálcio.

c) Os superfosfatos triplo são obtidos de rochas fosfatadas com alto teor de P e baixo de

óxidos de ferro e de alumínio, tratadas com ácido fosfórico, resultam em um adubo com 48%

de P2O5 total e 43% solúvel em água.

d) O termofosfatos são adubos obtidos por fusão a 1500o

C, resultando em um material

vítreo que moído apresenta 19% de P2O5 total, 30% de óxido de cálcio, 18% de óxido de

magnésio, com traços de fósforo solúvel em água. Exemplo: Yoorin

e) O fosfato monoamônico (MAP) é um adubo semelhante ao DAP, resulta da reação do

amoníaco com o ácido fosfórico, resultando em um adubo misto com 11% de nitrogênio e

50% de P2O5 .

f) O fosfato diamônio (DAP) é um fertilizante misto com N e fósforo, contém 18% de N e

46% de P2O5 total e solúvel em água.

As aplicações e recomendações de fósforo podem variar de 0, 30, 60 e 90 kg ha-1

de P2O5

solúvel em água em função dos teores de fósforo no solo.

Além das fontes solúveis e dos fosfatos naturais, encontram-se no mercado fontes

parcialmente solúveis, cuja origem mineralógica lhes confere melhor reatividade no solo.

Outras alternativas seriam o termofosfato magnesiano e o multifosfato magnesiano, ambas

fontes que dispõem de macro e micronutrientes agregados.

Época e forma de aplicação

Em solos que necessitam elevação dos teores de P, é adequado a realização de fosfatagem

(diminuição do P na fração não-lábil e elevação da fração lábil) na implantação da pastagem,

que além de contribuir para o melhor estabelecimento apresenta custo de operação reduzido

quando combinado com as demais práticas de estabelecimento. Adicionalmente, o P é um

nutriente imóvel no solo não havendo perdas por lixiviação, embora possa ocorrer fixação.

Page 26: 6. Estabelecimento, práticas corretivas e adubação de ...sites.usp.br/gefepfzea/wp-content/uploads/sites/134/2014/05... · 6.4 ESTABELECIMENTO DE PASTAGENS A formação de pastagem

Nessa fase é possível a utilização de fontes mais baratas de P, embora sejam menos solúveis.

Os fosfatos de rocha devem ser incorporados ao solo com antecedência,

preferencialmente antes da calagem, pois solubilizam mais rapidamente quando em

solos ácidos.

A distribuição do fosfato a lanço, seguida de incorporação em solos com baixa

disponibilidade de P cria condições para a absorção pela planta. Na implantação pode-se

substituir parte das tradicionais fontes solúveis, como superfosfato simples, por fosfato de

rocha, desde que se eleve as quantidades a serem aplicadas em no mínimo 1/3 em relação a

fontes prontamente solúveis.

De forma geral, na fase de implantação o P pode ser aplicado:

a) A lanço em área total em pré-plantio com incorporação superficial com grade

niveladora;

b) Misturada a sementes (máximo 24 hs antes), o que pode facilitar a semeadura além

de atuar como escarificador de sementes duras devido a seu efeito ácido;

c) No sulco de plantio similar às culturas anuais.

O superfosfato simples é uma boa alternativa nessa fase quando a gessagem não é

utilizada, pois além do P fornece Ca e S. Quando a aplicação de gesso é realizada pode ser

utilizado os fosfatos reativos.

Em pastagens estabelecidas a incorporação pode levar à redução na produção como

resultado de prejuízos a parte aérea e sistema radicular, particularmente em espécies

cespitosas. É possível obter produções de forragem elevadas com a aplicação em cobertura

na área total sem incorporação, desde que não haja problemas de compactação. Nesse caso,

a utilização de fontes mais solúveis aumenta a eficiência da adubação. A adubação fosfatada

de manutenção deve ser aplicada preferencialmente no início da estação chuvosa, na dose

total.

Uma relação prática que pode ser utilizada para determinar a quantidade de P na

manutenção é de 10 kg de P2O5/ha teria potencial de elevar 1 mg/dm³ na análise de solo,

considerando-se uma fixação de 50%.

Em áreas de produção de feno, silagem ou capineiras a reposição de P deve ser feita

com base na quantidade de matéria seca removida. Assim em cada tonelada de MS serão

exportados cerca de 3,5 kg de P2O5, considerando-se uma concentração de P no tecido

vegetal de 0,15%.

Deve-se salientar que dependendo da disponibilidade dos outros nutrientes, matéria

orgânica do solo e manejo da pastagem, a adubação fosfatada sozinha não permite grandes

melhorias na produção. Dessa forma, melhor eficiência é observada quando acompanhada

pela reposição dos demais nutrientes, particularmente N e K.

Page 27: 6. Estabelecimento, práticas corretivas e adubação de ...sites.usp.br/gefepfzea/wp-content/uploads/sites/134/2014/05... · 6.4 ESTABELECIMENTO DE PASTAGENS A formação de pastagem

Potássio (K)

O K está presente no solo em quatro formas: 1) componente estrutural de minerais

primários (micas e feldspatos potássicos) e somente são disponibilizados quando os minerais

são decompostos; 2) preso temporariamente entre camadas de argila expansíveis (ilita e

montmorilonita); 3) potássio trocável, facilmente extraível por um sal neutro, ácidos diluídos

ou resina trocadora de íons; 4) pequena quantidade de potássio solúvel presente na solução

do solo. Em solos altamente intemperizados onde MO, caulinita, óxidos de Fe e Al são os

materiais responsáveis pela CTC, o K trocável representa o teor do elemento disponível que

é absorvido pelas plantas.

Entre as funções do K na planta estão ativação ou inibição enzimática, envolvido na

síntese de proteínas, fotossíntese, abertura de estômatos, transporte de CHO, extensão celular

e osmorregulação. Os capins deficientes em potássio apresentam colmos finos e menos

resistentes ao tombamento, suas folhas apresentam-se amareladas, com necroses. Os

sintomas aparecem primeiro nas folhas mais velhas, devido a sua mobilidade na planta. Em

leguminosas, há comprometimento do sistema de nódulos, diminuindo a capacidade de

fixação de nitrogênio pelas plantas.

O nível critico desse nutriente no solo é de cerca de 1,4 mmolc/dm³. Na maioria dos

sistemas de produção, a exigência em K pela planta esta diretamente relacionada ao nível de

produção. Dessa forma, elevadas doses de N favorecem o crescimento e como consequência

há maior exportação de K pela planta, e nessa condição maiores doses de K são necessárias.

Nas condições tropicais, o P é o principal limitante da produção e adubações potássicas

em condições de deficiência de P não resultam em maior produção.

Page 28: 6. Estabelecimento, práticas corretivas e adubação de ...sites.usp.br/gefepfzea/wp-content/uploads/sites/134/2014/05... · 6.4 ESTABELECIMENTO DE PASTAGENS A formação de pastagem

O potássio, assim como o nitrogênio, está sujeito à lixiviação, tendo alta mobilidade no

solo. A quantidade de K que permanece na solução do solo depende da CTC e força de

adsorção do solo. As perdas por lixiviação dependem da textura do solo, com maiores perdas

em solos arenosos. Devido ao retorno de parte do K por meio das fezes e urina dos animais,

em sistemas sob pastejo as necessidade de K são menores do que em áreas de feno ou

silagem. Em sistemas que utilizam pastejo rotativo e elevadas taxas de lotação, o retorno

desse elemento pelas excretas pode ser maior pois são distribuídas de forma mais uniforme

na área pastejada, diminuindo dessa forma as doses de reposição via fertilizante.

A demanda por K pela planta aumenta com o número de ciclos de pastejo, em função da

retirada do solo. Nesse sentido, a fase de manutenção parece ser aquela em que há maior

necessidade de adubação. A demanda parece ser maior em leguminosas do que em

gramíneas, pois estas últimas demonstram maior eficiência na absorção de K quando em

níveis baixos no solo. Adicionalmente, as concentrações de K na parte aérea de gramíneas

são maiores que em leguminosas o que sugere maior reciclagem interna no nutriente. Alguns

autores sugerem um nível critico no solo para leguminosas de 2 a 3 mmolc/dm³.

Fontes, época e forma de aplicação:

A recomendação da dose de K a ser aplicada pelo método da suficiência de nutrientes no

solo leva em consideração a concentração do nutriente no solo, o tipo de pastagem (G ou L)

exigências de fertilidade e a forma de exploração (exclusivo, consorciados, feno, capineira,

etc.). De forma geral, com exceção da alfafa em sistema intensivo e capineiras, para valores

entre 0,8 e 3,0 mmolc/dm³ são recomendados de 30 a 40kg de K2O na implantação e entre

20 a 50 na manutenção.

Não se recomenda misturar o adubo potássico com as sementes;

Não recomenda-se aplicar doses maiores de 60 kg K2O no sulco de plantio, nesse

caso parcelar e aplicar o restante entre 30 e 40 dias após a emergência;

Adubações de correção dos teores do solo devem ser realizadas antes do plantio,

distribuídas a lanço e incorporadas na camada arável do solo;

Em capineiras, espécies para fenação e alfafa adubações com N e K devem ser

realizadas após cada corte.

Quando a dose de manutenção recomendada é igual ou inferior a 40 kg/há a adubação

deve ser feita em uma única dose a lanço em cobertura no início da estação chuvosa. Doses

superiores devem ser parceladas em pelo menos 3 aplicações em intervalos de 30 dias.

As principais fontes de potássio para adubação mineral na agricultura são: cloreto de

potássio, sulfato de potássio (48 a 50% ou 60 a 62% de K2O) e nitrato de potássio (16% de

N e 46% de K2O), sendo o cloreto de potássio o mais utilizado, com cerca de 90% do volume

aplicado para suprir a necessidade de potássio na agricultura brasileira.

Page 29: 6. Estabelecimento, práticas corretivas e adubação de ...sites.usp.br/gefepfzea/wp-content/uploads/sites/134/2014/05... · 6.4 ESTABELECIMENTO DE PASTAGENS A formação de pastagem

Enxofre (S)

Entre os macronutrientes, o S e o P são aqueles requeridos em menor quantidade pelas

plantas. O enxofre (S) é exigido para a formação de aminoácidos e de proteínas, para a

fotossíntese e para a resistência ao frio. É importante para a nodulação e desenvolvimento

radicular. O enxofre é um elemento essencial para as plantas, pois participa da formação de

substâncias determinantes para o valor nutritivo, desempenha funções vitais no metabolismo

proteico e para as reações enzimáticas e influencia no metabolismo de carboidratos e

gorduras. Além disso, o enxofre é constituinte de aminoácidos essenciais como cistina,

cisteína e metionina. Esse elemento também está ligado às vitaminas biotina e tiamina e é

componente de moléculas envolvidas na fotossíntese, na fixação de N2 atmosférico.

Já no solo, o enxofre está presente nas formas orgânica (mais de 90% do S das camadas

superficiais) e inorgânica. É preferencialmente absorvido pelas raízes na forma oxidada de

sulfato (SO4-2) produto oriundo da mineralização do enxofre orgânico mas pode ser

absorvido por via foliar na forma de gás sulfúrico (SO2). A maior parte do enxofre do solo

está na solução ou adsorvido as partículas, sendo que o que está imobilizado na matéria

orgânica pode ser absorvido após a sua mineralização a sulfato. A principal forma absovida

pela planta é o sulfato da solução do solo.

No solo, o enxofre aumenta a resposta da planta forrageira ao nitrogênio aplicado e pode

melhorar a eficiência do uso do fertilizante nitrogenado. Essa dependência da eficiência de

utilização do nitrogênio com a disponibilidade de enxofre é evidenciada em alguns trabalhos.

O sulfato por ser muito móvel no solo pode ser facilmente lixiviado (20 - 60 Kg ha-1 ano-1)

em períodos de chuvas intensas, podendo ocasionar sintomas típicos de deficiência

temporária em solos arenosos.

Em função da participação dos nutrientes tanto na nutrição da planta em si como nos

processos de fixação biológica do N, a maior demanda por S e micronutrientes ocorre em

leguminosas relativamente às gramíneas.

Na planta o enxofre é pouco móvel e sua deficiência aparece primeiro nas folhas mais

novas da planta (clorose). Contudo, resultados positivos da adubação com S está

condicionada ao fornecimento dos demais macronutrientes. Doses elevadas de N aumentam

a necessidade de S.

Normalmente, baixos teores de S disponível no solo (<0,4 mg/dm³) são indicativos

da necessidade de adubação. As concentrações críticas e S na parte aérea situam-se

entre 0,7 e 1,1 g/kg.

Fontes, época e forma de aplicação:

Pastagens tropicais, normalmente não são adubadas com enxofre, mas sim com outros

nutrientes. Quando se aplica algumas fontes de nitrogênio, como sulfato de amônio, ou

fontes de fósforo como superfosfato simples, geralmente contempla-se a necessidade da

planta pelo enxofre. As recomendações de enxofre variam de 30 a 90 Kg de S/ha, podendo

sendo que doses maiores que 30 devem ser parceladas. Cabe salientar que a adubação com

S deve ser paralela ou posterior ao fornecimento de P e N. Quando da aplicação de enxofre

como adubo, deve ser contabilizada a quantidade fornecida pelo uso de outros adubos como

sulfato de amônio ou superfosfato simples, que possuem enxofre em quantidades

consideráveis na sua constituição.

Page 30: 6. Estabelecimento, práticas corretivas e adubação de ...sites.usp.br/gefepfzea/wp-content/uploads/sites/134/2014/05... · 6.4 ESTABELECIMENTO DE PASTAGENS A formação de pastagem

Caso não seja utilizada nenhuma adubação que forneça enxofre, este elemento deverá

ser aplicado ao solo na forma de gesso agrícola ou de fontes de enxofre naturais. O gesso

agrícola, subproduto da indústria de fertilizantes fosfatados, permite corrigir a deficiência de

cálcio na subsuperfície e reduzir a saturação por alumínio nas camadas mais profundas. A

opção de utilização do gesso como corretivo ou como adubo vai depender se serão utilizadas

outras fontes de adubo que forneceram o enxofre para a pastagem e qual será objetivo do

uso de gesso na pastagem.

Em relação a fontes complementares de enxofre, como sulfato de amônia e superfosfato

simples, a escolha de cada um desses adubos irá depender da necessidade da pastagem na

propriedade. Se a demanda for por aumento de produção ou até mesmo para manutenção, a

escolha do sulfato de amônio é a melhor opção, pois fornece o enxofre e o nitrogênio, este

último de suma importância para o crescimento da pastagem. Mas, ao se pensar em adubação

para o estabelecimento da pastagem o superfosfato simples, é a opção, pois fornece o fósforo

na forma solúvel (prontamente utilizável), indispensável para o crescimento de raízes e, ao

mesmo tempo, fornece o enxofre que, após o estabelecimento da pastagem aumentará a

resposta da planta forrageira ao nitrogênio aplicado.

Chuvas 5 - 30 kg/ha/ano

Matéria orgânica 60 - 90% S

Gesso agrícola 16% S

Sulfato de amônia 23-24% S

Sulfato de potássio 17-18% S

Superfosfato simples 11-12% S

Fosmag 12% S

Nitrogênio (N)

O nitrogênio, dentre os macronutrientes primários, é o que tem efeito mais rápido

sobre o crescimento vegetal. Tem como função básica o crescimento das plantas, é

responsável pela cor verde escura das mesmas e, como promove o desenvolvimento do

sistema radicular, melhora a absorção de outros nutrientes do solo. O nitrogênio faz parte

da composição das proteínas de todas as plantas e animais. O valor nutritivo das forragens

depende muito do seu teor em nitrogênio. Forrageiras com altos teores em nitrogênio são

preferidas para a produção de feno. Seu teor nas gramíneas varia de 10 a 20 g kg-1, podendo

atingir valores bem mais altos em função da adubação, estádio ou parte da planta analisada.

Os fatores climáticos mais importantes para o crescimento da planta são a radiação solar,

temperatura e quantidade e distribuição das chuvas. Incrementos em intensidade luminosa e

temperaturas favorecem a taxa fotossintética e o acumulo de forragem, sendo que para um

Page 31: 6. Estabelecimento, práticas corretivas e adubação de ...sites.usp.br/gefepfzea/wp-content/uploads/sites/134/2014/05... · 6.4 ESTABELECIMENTO DE PASTAGENS A formação de pastagem

dado regime de luz e temperatura a adubação nitrogenada incrementa a taxa fotossintética.

Os sintomas de deficiência de N são caracterizados pelo amarelecimento das folhas mais

velhas, reduzindo a taxa fotossintética, proporcionando o crescimento reduzido das plantas.

A deficiência deste nutriente tem sido apontada como a principal causa para a redução da

produtividade e degradação das pastagens.

O nitrogênio comporta-se como cátion (NH4+) e como ânion (NO3-). A maioria,

mais de 95%, está na forma de NO3- , que é bastante lixiviada para fora da zona de absorção

das raízes. Há uma relação íntima entre a matéria orgânica do solo e o N disponível para as

plantas. Mais de 90% do N do solo está na forma orgânica. Em geral cerca de 20 a 30 Kg de

nitrogênio por hectare são liberados para cada 1% de matéria orgânica mineralizada do solo.

As transformações das formas de NH4+ para NO3- são feitas por bactérias dos gêneros

nitrobacter e nitrossomonas. O nitrogênio disponível para as plantas pode ser adsorvido aos

colóides, lixiviado, perdido na forma gasosa ou absorvido pelas plantas. No processo de

preparo do solo, há formação de melhores condições para infiltração de água, aeração etc...,

o que propicia ambiente adequado para decomposição e mineralização da matéria orgânica

e conseqüente liberação de N. Por isso, a recomendação de adubação nitrogenada, quando

da implantação da pastagem, pode ser questionada, a não ser nos casos de extrema carência

de matéria orgânica ou algum problema quanto aos minerais presentes no solo.

O pastejo pode influenciar os processos de mineralização/imobilização de N, facilitar

a rápida decomposição de substratos, além de aumentar a taxa de reciclagem de N resultante

da deposição de urina e fezes, podendo aumentar a disponibilidade de nutrientes por meio

de manutenção na superfície do solo de uma fração de nutrientes orgânicos facilmente

mineralizáveis, onde são mais acessíveis às plantas e aos microrganismos. O pastejo também

tem efeito marcante na ciclagem de N e aumenta o potencial de perdas do nutriente. Isto se

dá porque os ruminantes excretam 75 a 95% do N por eles absorvidos, criando um

considerável estoque de N na pastagem e a extensão disto dependerá das taxas de adubação

do solo, da ingestão ou não de concentrados, da taxa de lotação da área, do tempo de pastejo

e da composição botânica da pastagem. O maior potencial de perda de nitrogênio contida

nas excreções, está nos locais afetados pela urina. Essas perdas podem variar de cerca de

35%, em locais com cobertura vegetal, a cerca de 80%, em locais sem vegetação (áreas de

descanso do gado, próximas a cochos, bebedouros, etc). Nesta mesma pastagem, as perdas

de nitrogênio, provenientes das fezes, podem chegar a cerca de 10%.

A MOS afeta, indiretamente, as respostas da planta forrageira ao N-fertilizante, em

razão do seu efeito benéfico no sistema, tanto por ser fonte de N, como por alterar em solo

os fatores que afetam a mineralização. Com relação ao efeito na nutrição nitrogenada da

planta forrageira, sabe-se que a quantidade de N disponibilizada nos sistema, por meio da

mineralização da MOS (conversão do nutriente da forma orgânica para a forma mineral),

determina a produção de forragem na ausência de adubação nitrogenada e o potencial de

produção de forragem quando o fertilizante nitrogenado é utilizado. Quanto maior a taxa de

mineralização da MOS (aumento da quantidade de N-mineral no solo), menor a quantidade

necessária de fertilizantes nitrogenados para atingir um determinado nível de produção de

forragem.

Embora parte das exigências da planta por N possa ser suprida pela absorção direta

de formas orgânicas de N, como aminoácidos e moléculas de uréia, a quase totalidade dessas

exigências é atendida pela absorção de formas minerais de N, como o nitrato (NO3-) e

amônio (NH4 -). A absorção de nitrato é maior em pH ácido, enquanto a absorção de amônio

é maior em pH próximo de neutro, decrescendo com o aumento a acidez. Em condições

Page 32: 6. Estabelecimento, práticas corretivas e adubação de ...sites.usp.br/gefepfzea/wp-content/uploads/sites/134/2014/05... · 6.4 ESTABELECIMENTO DE PASTAGENS A formação de pastagem

normais de solo, a forma de nitrato é frequentemente dominante por ser a forma iônica de

maior liberdade para movimentação em direção às raízes das plantas, o que ocorre,

principalmente, por fluxo de massa e difusão. Dessa maneira, as exigências da planta são

contempladas pelo somatório de N mineral proveniente da atmosfera, de fertilizantes e de

resíduos orgânicos adicionados no solo. O N proveniente dos ciclos internos do solo também

é importante no fornecimento de N para planta. No caso de sistemas de produção animal em

pastejo, o N da excreta do animal também contribui para nutrição nitrogenada da planta

forrageira, porém, de maneira localizada, na área de influência da excreta.

Fontes de N:

Em cada hectare pode existir cerca de 90 toneladas de nitrogênio no ar do solo que,

para serem aproveitados pelas plantas, precisam ser transformados de N gasoso para amônio

ou nitrato. A fixação do N pelos relâmpagos enriquecem de N as águas das chuvas. A fixação

pelos organismos do solo e pelos nódulos de bactérias das leguminosas enriquecem o solo

em nitrogênio. A fixação industrial fornece os milhões de toneladas de adubos nitrogenados

utilizados, e os adubos químicos são as fontes mais utilizadas. A escolha de uma fonte de

adubo nitrogenado deve se basear em fatores como preço, disponibilidade, cultura, época,

modo de aplicação e manejo da cultura. Na escolha entre uma fonte orgânica ou mineral,

jamais deve-se esquecer que para a planta um quilo de N é um quilo de N, não importa a

fonte do nutriente, isto é, se orgânica ou mineral.

Adubos:

Uréia 45% de nitrogênio

Sulfato de Amônia 20% de nitrogênio

Nitrato de Cálcio 33% de nitrogênio

Nitrato de Amônia 35,5% (½ NH4+ e ½ NO3-)

A uréia tem como vantagem menor custo por quilograma de nitrogênio, mas

comumente, mostra maior perda de N por volatilização, apresenta alta concentração de N, é

de fácil manipulação e causa menor acidificação no solo, o que a torna potencialmente

superior a outras fontes, do ponto de vista econômico. Contrapõe-se a essa vantagem a

expectativa de elevada perda de N quando aplicado na fonte de uréia em pastagens. Assim,

tem sido proposto o uso de misturas de sais (geralmente sulfato ou cloreto) com uréia, com

o objetivo de reduzir as perdas de amônia por volatilização em comparação com o uso

exclusivo de uréia e de baratear o custo da adubação em comparação com o uso exclusivo

de fontes nítricas e amoniacais.

Por outro lado, o sulfato de amônio apresenta vantagens de menor perda de N e ser

fonte de enxofre (24% S), embora apresente maior custo por quilograma de N. Além disso,

o suprimento adequado de enxofre no solo aumenta a resposta da planta forrageira ao N

Page 33: 6. Estabelecimento, práticas corretivas e adubação de ...sites.usp.br/gefepfzea/wp-content/uploads/sites/134/2014/05... · 6.4 ESTABELECIMENTO DE PASTAGENS A formação de pastagem

aplicado e pode melhorar a eficiência de uso de N-fertilizante. A dependência da eficiência

de utilização do N com a disponibilidade de enxofre no meio reflete a íntima ligação entre

os metabolismos de nitrogênio e de enxofre na planta. Contudo, a desvantagem da utilização

de fonte do sulfato de amônio é a maior acidificação do solo. Para neutralizar a acidificação

gerada no solo, em razão da aplicação de um kg de N-sulfato de amônio, um kg de N-nitrato

e um kg de N-uréia, são necessários 5,4; 1,8 e 1,8 kg de carbonato de cálcio, respectivamente.

Entretanto, a acidez provocada pelo sulfato de amônio no solo pode determinar benefícios

indiretos, como estabelecimento de nichos mais favoráveis à dissolução dos fosfatos reativos

no solo.

Perdas de N:

Existe perda de nitrogênio toda vez que se aplica esse elemento no solo, sendo as

mais comuns por meio de volatilização, desnitrificação e, principalmente, por lixiviação, o

que logicamente resulta em baixa eficiência da utilização do nitrogênio. As adubações

nitrogenadas devem ser parceladas, principalmente quando se usam altas doses de

nitrogênio, para se evitar principalmente as perdas por volatilização e por lixiviação, a fim

de que se obtenha a maior eficiência de utilização desse nutriente pelas plantas forrageiras.

As perdas de N por erosão e por escorrimento superficial em pastagens bem

manejadas são pequenas e freqüentemente não ultrapassam 5 kg/ha de N. As perdas por

lixiviação, conforme indicado pela determinação de N em diferentes profundidades do solo,

também não parecem ser motivos de preocupação em pastagens tropicais bem manejadas.

Esses estudos indicaram que menos de 5% do N aplicado é lixiviado para camadas de solo

inferiores a 30 cm de profundidade. Cabe ressaltar que a possibilidade de haver absorção do

N do fertilizante até 163 cm de profundidade do solo dá suporte a ideia de que a expectativa

de lixiviação de N-NO3- é pequena em pastagens tropicais, uma vez que o N “perdido” da

camada superficial do solo (20 a 30 cm) pode ser absorvido pela planta forrageira em maiores

profundidades. Entretanto, a lixiviação de N-NO3- pode ser problema em regiões que

experimentam elevados índices de chuvas e que apresentam uma associação de solos rasos,

arenosos de baixa capacidade de troca catiônica (CTC) e são mal manejados. Nessas

situações as condições de solo e expectativa de baixa profundidade da planta forrageira e,

portanto, a limitada capacidade de remoção de N-NO3- do solo, estabelecem condições

favoráveis à lixiviação do N do fertilizante. Dessa forma, em pastagens de gramíneas

tropicais, as perdas mais representativas são aquelas que ocorrem por via gasosa, através da

volatilização de N-NH3 ou da desnitrificação. Fatores de clima, como a umidade relativa do

ar, a velocidade do vento e a concentração de amônia na atmosfera podem interferir sobre a

volatilização de NNH3, porém, a temperatura e a precipitação pluviométrica são,

normalmente, os fatores climáticos mais importantes nesse processo de perda. As chuvas

(quantidade e momento em que ocorrem depois da aplicação do fertilizante) são importantes

no processo de perda de N-NH3 por volatilização. Chuvas em quantidades suficientes podem

proporcionar a movimentação do adubo para camadas mais profundas do solo, onde o

processo de volatilização é sensivelmente reduzido. Em solos de baixo poder tampão e CTC,

a taxa de perda de N-NH3 por volatilização pode ser mantida por um maior período de tempo

depois da adubação, enquanto que, em solos de alto poder tampão e CTC, o efeito inverso é

esperado. Adicionalmente, quanto maior a CTC do solo menor será a concentração de NH4

+ na solução do solo e, portanto, menores perdas por volatilização deverão ocorrer. Para

pastagens estabelecidas em solos ácidos, as perdas de N-NH3 decorrentes da aplicação

Page 34: 6. Estabelecimento, práticas corretivas e adubação de ...sites.usp.br/gefepfzea/wp-content/uploads/sites/134/2014/05... · 6.4 ESTABELECIMENTO DE PASTAGENS A formação de pastagem

superficial e a lanço de nitrato de amônia e de sulfato de amônio são geralmente baixas e

inferiores a 5 e 10% do N aplicado, respectivamente. Em relação à uréia, tem-se verificado

que as perdas de N-NH3 por volatilização, como resultado da aplicação superficial e a lanço

do fertilizante em pastagens, situam-se freqüentemente, na faixa de 10 a 25% do N aplicado.

Em condições favoráveis à volatilização, como elevada temperatura, ausência de

precipitação imediatamente depois da adubação e altas taxas de evaporação de água do solo,

as perdas podem atingir até 80% do N-uréia. Além das perdas por volatilização, em

pastagens também podem ocorrer perdas por desnitrificação.

A nitrificação ocorre em meio aeróbico e, nesse caso, as perdas de óxido de N

ocorrem de modo mais lento, porém, de maneira contínua. Na desnitrificação, os

microrganismos do solo obtêm do NO3- e do nitrito (NO2-) a fonte de oxigênio para

respiração, produzindo, nesse processo, os óxidos de N. A desnitrificação ocorre em meio

anaeróbico e as perdas de N na forma de óxidos processam-se de maneira mais intensa e em

curtos períodos de tempo. Os principais fatores controlando a desnitrificação são a

disponibilidade de N (NO3- e NO2-) e de C (fonte de energia para os processos microbianos)

em ambiente anaeróbio o que predispõe as pastagens a elevadas perdas, uma vez que esses

ecossistemas normalmente apresentam essas características. Valores de pH próximos à

neutralidade favorecem os processos de desnitrificação e nitrificação. Condições de

temperaturas elevadas e alto teor de umidade no solo (chuvas ou condições precárias de

drenagem no solo) também atuam positivamente sobre a desnitrificação, sendo esses fatores

as principais explicações para as maiores taxas de emissão de óxidos de N em regiões

tropicais em comparação com as regiões temperadas.

Época e forma de aplicação:

O nitrogênio é um nutriente extremamente dinâmico sendo muito afetado por

condições de clima e de solo. Como a sua maior concentração no solo está na forma de

nitratos, em períodos de chuvas intensas ele é bastante lixiviado, principalmente em solos

arenosos. A aplicação de adubos nitrogenados em cobertura na forma de uréia pode resultar

em perdas consideráveis de nitrogênio como amônia, principalmente se o solo for arenoso.

O ideal é aplicar fertilizante de maneira parcelada, fornecendo o nitrogênio nos períodos

críticos do crescimento vegetal, e se a fonte for uréia, que a mesma seja incorporada ao solo.

A incorporação da uréia pode ser feita por uma chuva de vinte milímetros, ou por uma

irrigação equivalente logo após a sua aplicação, ou cobrindo a mesma com solo.

Vilela et al. (2000) orientam que na fase de estabelecimento de pastagem exclusiva

de gramíneas, em solos com baixo teor de matéria orgânica (< 1,6 g/kg), recomenda-se

aplicar de 40 a 50 kg/ha de N em cobertura, de preferência sob as formas de sulfato de

amônio - que contém enxofre, ou nitrato de amônio, por serem menos suscetíveis às perdas

de nitrogênio por volatilização. Em pastagem estabelecida, em fase de produção, Cantarutti

et al. (1999) elaboraram um guia para a recomendação da adubação nitrogenada levando em

consideração o nível tecnológico adotado no sistema de produção (Tabela 5). Estas

orientações são as que atualmente mais se aproximam do que se espera para recomendação

de adubação de pastagens no futuro, com base em níveis de extração para se alcançar metas

de produtividade.

Page 35: 6. Estabelecimento, práticas corretivas e adubação de ...sites.usp.br/gefepfzea/wp-content/uploads/sites/134/2014/05... · 6.4 ESTABELECIMENTO DE PASTAGENS A formação de pastagem

Uma vez estabelecida, a pastagem deve receber sua primeira adubação nitrogenada aos

30 e 40 dias após a emergência, considerando que a forrageira esteja cobrindo cerca de 60 a

70% da área, visando maior aproveitamento do fertilizante. O adubo nitrogenado deve ser

aplicado na época das águas. A forma de aplicação do nitrogênio para manutenção é a de

cobertura a lanço, quando o solo está retendo níveis de umidade que favorecem a

solubilidade e distribuição do fertilizante contendo nitrogênio, que é um elemento móvel

muito suscetível a grandes perdas no solo. O sulfato de amônio é o mais recomendável para

aplicações em cobertura a lanço. O emprego da uréia é possível, desde que sejam observadas

condições que reduzem as perdas, tais como: aplicação quando o solo possui adequada

umidade e aplicação em dias não muito quentes.

Sabe-se que a forma de incorporação do nitrogênio no solo diminui as perdas desse

nutriente. Contudo, a incorporação de fertilizantes em pastagens estabelecidas,

especialmente naquelas formadas por plantas forrageiras cespitosas, não é recomendada,

porque essa prática geralmente prejudica o sistema radicular da planta e, conseqüentemente,

traz prejuízos à subsequente rebrota da pastagem (Corsi et al., 2001). Então, a forma para se

fazer chegar o N até à planta sem causar danos ao sistema radicular pela incorporação

mecânica, a aplicação do fertilizante deve ser em cobertura, parcelado em número de

aplicações convenientes para se obter melhor eficiência de utilização de nitrogênio aplicado

e atingir a sustentabilidade da exploração pecuária. O número de vezes em que se parcela a

dose anual de fertilizante nitrogenado varia com a dose de N-fertilizante aplicada e com os

objetivos idealizados para o sistema de produção (por exemplo, a expectativa de distribuição

estacional da produção de forragem para equilibrar a demanda de forragem pelos animais).

Em situações de pastejo, quando pequenas quantidades de fertilizante nitrogenado são

utilizadas (< 60 kg N/ha/ano), a aplicação pode ser feita de uma vez só. Assim, seria

interessante que doses entre 80 a 120 kg N/ha/ano sejam parceladas em duas vezes. Com

doses mais elevadas, na faixa de 120 a 180 kg/ha/ano, seria aconselhável dividir essa

quantidade em três ou quatro vezes. Nas situações em que as adubações ultrapassam a 200

kg/ha/ano, o mais indicado seria parcelar a quantidade anual de fertilizante nitrogenado de

acordo com os ciclos de pastejo durante a estação das chuvas. Normalmente, praticam-se

cinco a oito ciclos de pastejo durante o verão. Desse modo, seria possível aplicar cinco a oito

parcelas de 40 a 60 kg N/ha/ano, depois da saída dos animais dos piquetes, totalizando doses

anuais de N de 200 a 480 kg N/ha/ano, conforme o número de ciclos de pastejo e a dose de

N-fertilizante utilizada por ciclo. Note-se que em razão da pequena quantidade de N

utilizada, o risco de perda no N aplicado também é menor, o que de certa forma reduz o risco

de produção associada à adubação nitrogenada.

Page 36: 6. Estabelecimento, práticas corretivas e adubação de ...sites.usp.br/gefepfzea/wp-content/uploads/sites/134/2014/05... · 6.4 ESTABELECIMENTO DE PASTAGENS A formação de pastagem

Micronutrientes:

Os micronutrientes ocorrem no material de origem dos solos sob variadas formas de

minerais. Podem ser liberados pela intemperização e interagir de diversos modos com as

frações do solo. Em geral, essas interações ocorrem com os óxidos e hidróxidos de Fe e Al

e com a matéria orgânica. A disponibilidade deste depende do pH, sendo diminuída para a

maioria deles e aumentada para molibdênio com o aumento do pH. O boro e o cloro são

altamente móveis no solo, podendo ter sua disponibilidade alterada pela precipitação e

textura do solo.

O Cu, Fe, Mn, Ni e Zn são absorvidos na forma catiônica, enquanto o Cl e Mo como

ânions e o boro em sua forma molecular (H3BO3). Uma vez absorvidos, Cu, Fe, Mn e Zn

são imóveis na planta, enquanto Mo e Ni são moveis. O boro pode ter certa mobilidade

dependendo da produção de certos compostos pelas plantas (sorbitol e manitol). As funções

dos micronutrientes estão basicamente envolvidas na ativação enzimática e na participação

em etapas do processo fotossintético, estabilidade de membranas e em determinados passos

do metabolismo.

Os micronutrientes cloro e níquel normalmente têm atendido a demanda das plantas

forrageiras, através da ocorrência natural.

A calagem excessiva pode imobilizar certos micronutrientes (Zn, B, Cu, e até Mn e

Fe), causando deficiência dos mesmos às plantas.

Fontes, época e forma de aplicação:

Pelo fato de apresentarem faixa estreita entre deficiência e toxicidade à planta, a

maior parte dos micronutrientes só deve ser fornecida a partir de indicação de sua demanda.

A adubação deve ser realizada paralela ou após o fornecimento de N e P, preferencialmente

na época das águas. O fornecimento usual de micro é através de sais e óxidos (bórax, ulexita,

sulfato de cobre, sulfato de zinco, molibdato de sódio ou de amônio), que são misturados aos

adubos fornecedores de macronutrientes ou incorporados no superfosfato em formulações

NPK. Formulações do tipo fritas “FTE” embora possuam baixa solubilidade também tem

sido empregada.

Page 37: 6. Estabelecimento, práticas corretivas e adubação de ...sites.usp.br/gefepfzea/wp-content/uploads/sites/134/2014/05... · 6.4 ESTABELECIMENTO DE PASTAGENS A formação de pastagem

As doses usuais quando há recomendação para micro tem variado de 0,5 a 1 kg/há

para boro, 1 a 2 kg/há para cobre, 2 a 4 kg/há para zinco e 0,05 a 0,15 para o molibdênio.

Quando utilizadas formulações FTE Br12 ou Br16 doses de 30 a 50 kg/ha tem sido usuais.