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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA DE PRODUO
Tarcita Cabral Ghizoni de Sousa
MODELO DE GESTO POR ATIVIDADES
PARA EMPRESAS CONTBEIS
Dissertao de Mestrado
Florianpolis
2003
-
Tarcita Cabral Ghizoni de Sousa
MODELO DE GESTO POR ATIVIDADES
PARA EMPRESAS CONTBEIS
Dissertao apresentada ao Programa de Ps-
Graduao em Engenharia de Produo da
Universidade Federal de Santa Catarina como
requisito parcial para a obteno do grau de Mestre
em Engenharia de Produo.
Orientador: Prof. Antnio Diomrio de Queiroz, Dr.
Florianpolis
2003
-
Tarcita Cabral Ghizoni de Sousa
MODELO DE GESTO POR ATIVIDADES
PARA EMPRESAS CONTBEIS
Esta dissertao foi julgada e aprovada para a obteno do grau de Mestre
em Engenharia de Produo no Programa de Ps-Graduao em Engenharia de
Produo da Universidade Federal de Santa Catarina.
Florianpolis, 28 de maro de 2003.
_______________________________ Prof. Edson Pacheco Paladini, Dr.
Coordenador do Programa
BANCA EXAMINADORA
Prof. Antnio Diomrio de Queiroz, Dr. Universidade Federal de Santa Catarina Orientador
Prof. Emlio Arajo Menezes, Dr. Profa. Ilse Maria Beuren, Dra. Universidade Federal de Santa Catarina Universidade Federal de Santa Catarina
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Quando se dispe a lutar pelo que
realmente acredita, o homem desenvolve a
capacidade de mudar o seu destino.
(Autor desconhecido)
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Ao meu pai Tarcsio: saudades eu sinto no por
estarmos distantes, mas porque estivemos juntos no
passado;
minha me Alsira, que sempre esteve ao meu
lado;
aos meus irmos Tarcioni e Cristiane, pelo carinho
dedicado;
minha sogra Maria de Lourdes, que sempre
torceu por mim e
ao meu esposo Roberto, pelo amor, incentivo e
apoio constantes.
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AGRADECIMENTOS
A elaborao de um trabalho de pesquisa desta natureza exigiu da autora
muita dedicao. No entanto, o presente trabalho contou tambm com a ajuda de
vrias pessoas que contriburam direta ou indiretamente para a sua elaborao.
Assim, manifesto os meus sinceros agradecimentos:
a Deus pelo dom da vida, da sabedoria, da perseverana e do amor, pois
sem ele no seria possvel o desenvolvimento e a concluso deste trabalho;
ao Professor Antnio Diomrio de Queiroz, pela confiana, pelos
ensinamentos, pela pacincia e pela dedicao despendida em sua orientao
permanente, em especial, pelo amigo que ele se tornou;
aos membros da banca examinadora, pelas valiosas sugestes que
enriqueceram a dissertao;
aos professores, colaboradores e colegas do Programa de Ps-Graduao
em Engenharia de Produo da Universidade Federal de Santa Catarina, pelo
profissionalismo e dedicao com que transmitiram seus conhecimentos e
palavras de estmulo;
Professora Ilse Maria Beuren e sua equipe, pela ateno e amizade
despendidas no desenvolvimento deste trabalho;
Empresa Contbil participante do estudo de caso realizado, que
disponibilizou os dados e informaes necessrias;
aos verdadeiros amigos, pelo incentivo constante no decorrer deste
trabalho, e, a todas as pessoas que de alguma forma contriburam para a
realizao deste trabalho.
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RESUMO
SOUSA, Tarcita Cabral Ghizoni de. Modelo de gesto por atividades para
empresas contbeis. 2003. 120f. Dissertao (Mestrado em Engenharia de
Produo) Programa de Ps-Graduao em Engenharia de Produo, UFSC,
Florianpolis.
Esta pesquisa tem como objetivo geral propor um modelo de gesto por
atividades para empresas contbeis, visando a melhoria dos servios e da
performance dos negcios. O estudo foca a gesto das atividades da cadeia de
valor das empresas contbeis, enfatizando a importncia da otimizao dos
processos no ambiente dos negcios. O trabalho inicia com a reviso da literatura,
destacando a participao das empresas contbeis no mercado de trabalho
brasileiro e sua forma de gerenciamento, e descrevendo a importncia de um
modelo de gesto por atividades para otimizar os recursos e maximizar os lucros,
com intuito de melhorar o desempenho dos negcios das empresas contbeis.
Apresenta ento o modelo proposto de gesto por atividades para empresas
contbeis, definindo os aspectos gerais, os elementos bsicos e as estratgias
que compem a estrutura do modelo. Posteriormente, relata o estudo de caso
realizado em uma empresa contbil situada no municpio de Florianpolis - SC
com objetivo de validar o modelo proposto. Em seguida, a pesquisa apresenta os
resultados da aplicao do modelo proposto, a identificao e sistematizao dos
processos, atividades e recursos que compem a cadeia de valor da empresa
contbil. Alm disso, apresenta uma definio sistemtica de mensurao do
custo das atividades que compem o processo produtivo da empresa contbil
como base de informaes para a gesto dos negcios e a proposta de um
conjunto de indicadores de desempenho para auxiliar os gestores na tomada de
decises. Esses resultados visam a responder pergunta de pesquisa:
possvel realizar a melhoria contnua dos servios e da performance dos
negcios na gesto da empresa contbil, adotando a ferramenta ABM? Ao
final, apresentam-se algumas sugestes e recomendaes de aprimoramento da
gesto por atividades nas empresas contbeis.
Palavras-chave: empresas contbeis, modelo de gesto, gesto por atividades.
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ABSTRACT
SOUSA, Tarcita Cabral Ghizoni de. Modelo de gesto por atividades para
empresas contbeis. 2003. 120f. Dissertao (Mestrado em Engenharia de
Produo) Programa de Ps-Graduao em Engenharia de Produo, UFSC,
Florianpolis.
The general objective of this research is to propose a model of management
by activities for accounting companies, aiming at the improvement of the services
and the businesses performance. The study focus the activities management of
the accounting companies value chain, emphasizing the importance of the
optimization of the processes in the businesses environment. The paper begins
with the revision of literature, pointing up the participation of the accounting
companies in the Brazilian job market and its way of management, and describing
the importance of a model of management by activities to optimize the resources
and maximize the profits, with the intention of improving the businesses
performance of the accounting companies. It presents then the proposed model of
management by activities for accounting companies, defining its general aspects,
its basic elements and the strategies that compose the structure of the model.
Later, it tells the case study carried through in a accounting company situated in
the city of Florianpolis - SC with the intention of validating the model presented.
After that, the research presents the results of the application of the model
proposed, the identification and systematization of the processes, activities and
resources that compose the accounting company value chain. Moreover, it
presents a systematic definition of the activities cost measurement that compose
the productive process of the accounting company as a base of information for the
businesses management and the proposal of a set of performance indicators to
assist managers in taking decisions. These results aim at answering the researchs
question: Is it possible to carry through the continuous improvement of the
services and the businesses performance in the management of the
accounting company, adopting tool ABM? To the end, some suggestions and
improvement recommendations for the management by activities in the accounting
companies are presented.
Key words: accounting companies, model of management, management by activities.
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SUMRIO
1 INTRODUO...........................................................................................................17
1.1 Caracterizao do Problema ...................................................................................17
1.2 Justificativa .................................................................................................................19
1.3 Objetivos .....................................................................................................................20
1.3.1 Objetivo geral.........................................................................................................20
1.3.2 Objetivos especficos............................................................................................21
1.4 Pressupostos ..............................................................................................................21
1.5 Delimitao da Pesquisa ..........................................................................................21
1.6 Metodologia da Pesquisa .........................................................................................22
1.6.1 Definio do tipo de pesquisa .............................................................................22
1.6.2 Mtodo de coleta de dados .................................................................................23
1.6.3 Anlise e interpretao dos resultados..............................................................24
1.6.4 Critrios para seleo da empresa ....................................................................24
1.6.5 Limitao da pesquisa..........................................................................................25
1.7 Estrutura do Trabalho ...............................................................................................25
2 REVISO DE LITERATURA....................................................................................26
2.1 Empresas Contbeis - Conceito ..............................................................................26
2.2 As Empresas Contbeis no Contexto Brasileiro...................................................28
2.3 A Gesto das Empresas Contbeis........................................................................31
2.3.1 A misso e os objetivos das empresas contbeis ...........................................32
2.3.2 A cultura das empresas contbeis .....................................................................32
2.3.3 A estrutura organizacional da empresa contbil................................................1
2.3.4 Sistema de informao das empresas contbeis ............................................41
2.3.5 Tomada de decises da empresa contbil .......................................................44
2.3.6 O custo e a precificao dos servios contbeis .............................................47
2.3.7 A avaliao de desempenho na empresa contbil..........................................49
2.4 A Viso da Empresa Contbil por Processos de Negcios................................50
2.5 Modelo de Gesto .....................................................................................................53
2.6 A Gesto por Atividades ...........................................................................................54
2.6.1 O custeio baseado em atividades ......................................................................55
2.6.2 A gesto baseada em custeio por atividades...................................................59
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3 MODELO PROPOSTO DE GESTO POR ATIVIDADES PARA
EMPRESAS CONTBEIS ........................................................................................65
3.1 Componentes do Modelo de Gesto Proposto .....................................................65
3.2 Diagnstico Estratgico da Empresa Contbil......................................................65
3.2.1 O ambiente externo da empresa contbil .........................................................66
3.2.2 A misso, as crenas e os valores da empresa contbil................................67
3.2 Processo de Gesto por Atividades .......................................................................68
3.2.1 Objetivos estratgicos ..........................................................................................68
3.2.2 Entradas..................................................................................................................69
3.2.3 Processo operacional ...........................................................................................71
3.2.4 Sadas .....................................................................................................................85
3.3 O sistema de Informaes das Empresas Contbeis..........................................86
3.4 Proposta do Modelo de Gesto por Atividades para Empresas Contbeis ...86
4 MODELO DE GESTO POR ATIVIDADES PARA EMPRESAS
CONTBEIS - ESTUDO DE CASO......................................................................88
4.1 A Gesto Atua l da Empresa Contbil.....................................................................88
4.1.1 A misso e o objetivo atual da empresa contbil.............................................88
4.1.2 A cultura atual da empresa contbil...................................................................89
4.1.3 A estrutura atual da empresa contbil................................................................89
4.1.4 O sistema de informao atual da empresa contbil .......................................91
4.1.5 A tomada de decises atual da empresa contbil............................................92
4.1.6 O custo e a precificao atual dos servios contbeis ....................................92
4.1.7 A avaliao de desempenho atual da empresa contbil .................................94
4.2 A Aplicao do Modelo Proposto na Empresa Contbil OCC............................95
4.2.1 Diagnstico estratgico da empresa contbil OCC.........................................95
4.2.2 Processo de gesto por atividades ....................................................................97
4.2.3 Sistema de informaes da OCC.................................................................... 118
4.3 Contribuies da Gesto por Atividades para o Gerenciamento da OCC.... 118
4.4 Consideraes Finais............................................................................................. 118
5 CONCLUSES E RECOMENDAES..............................................................120
5.1 Concluses .............................................................................................................. 120
5.2 Recomendaes.................................................................................................... 122
REFERNCIAS ...............................................................................................................123
ANEXOS...........................................................................................................................133
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Anexo A - Tabela Referencial de Honorrios .............................................................133
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Participao Societria das Empresas Contbeis no Contexto Brasileiro .......................................................................................................29
Figura 2: Participao dos Clientes das Empresas Contbeis no Contexto Brasileiro ........................................................................................................30
Figura 3: Atitude dos Scios em Relao Empresa Contbil.................................34 Figura 4: Organograma da Empresa Contbil Tradicional.........................................38 Figura 5: Viso Funcional da Empresa Contbil..........................................................40 Figura 6: Organizao Contbil Tradicional..................................................................42 Figura 7: Organizao Contbil Contempornea ........................................................43 Figura 8: Controle Gerencial das Empresas Contbeis..............................................45 Figura 9: Hierarquia do Processo ...................................................................................51 Figura 10: Critrios ABC: Uma Viso Global................................................................56 Figura 11: Primeira Verso do ABC...............................................................................57 Figura 12: Segunda Verso do ABC..............................................................................58 Figura 13: Relacionamento entre ABC e ABM.............................................................60 Figura 14: Utilizao do ABM para Aprimoramento Operacionais e Decises
Estratgicas...................................................................................................62 Figura 15: Modelo de Gesto Baseada em Custeio Por Atividades.........................63 Figura 16: Ambiente Setorial de Todas as Empresas que Produzem o Mesmo
Produto...........................................................................................................66 Figura 17: Fluxograma da Atividade Comprar ............................................................72 Figura 18: Fluxograma da Atividade Pagar Contas....................................................72 Figura 19: Fluxograma da Atividade Faturar ................................................................73 Figura 20: Fluxograma da Atividade Receber Contas ................................................73 Figura 21: Fluxograma da Atividade Atender Clientes por Telefone ........................73 Figura 22: Fluxograma do Processo Executar a Contabilidade Financeira ............74 Figura 23: Fluxograma do Processo Executar a Contabilidade Fiscal.....................75 Figura 24: Processo Executar a Contabilidade de Pessoal .......................................76 Figura 25: Fluxograma do Subprocesso Admitir Colaboradores ..............................77 Figura 26: Fluxograma do Subprocesso Contabilizar a Folha de Pagamento e os
respectivos Encargos Sociais.......................................................................78 Figura 27: Fluxograma do Subprocesso Demitir Colaboradores ..............................78 Figura 28: Processo Executar a Contabilidade Jurdica.............................................79 Figura 29: Fluxograma do Subprocesso Constituir Empresas ..................................80 Figura 30: Fluxograma do Subprocesso Alterar Contrato Social..............................80 Figura 31: Fluxograma do Subprocesso Encerrar Empresas....................................81 Figura 32: Modelo ABC....................................................................................................83 Figura 33: Modelo Proposto de Gesto por Atividades p/ Empresas Contbeis ...87 Figura 34: Organograma da Empresa Contbil OCC .................................................90 Figura 35: Fluxograma da Atividade Comprar da OCC........................................... 100 Figura 36: Fluxograma da Atividade Pagar Contas da OCC .................................. 100 Figura 37: Fluxograma da Atividade Faturar da OCC.............................................. 101 Figura 38: Fluxograma do Processo Executar a Contabilidade Financeira do
Cliente A da OCC..................................................................................... 102
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Figura 39: Fluxograma do Processo Executar a Contabilidade Fiscal do Cliente A da OCC..................................................................................................... 103
Figura 40: Fluxograma do Subprocesso Contabilizar a Folha de Pagamento e os Encargos Sociais do Cliente A da OCC .................................................. 104
Figura 41: Fluxograma do Processo Executar a Contabilidade Financeira do Cliente B da OCC...................................................................................... 105
Figura 42: Fluxograma do Processo Executar a Contabilidade Fiscal do Cliente B da OCC .................................................................................................... 106
Figura 43: Fluxograma do Subprocesso Contabilizar a Folha de Pagamento e os Encargos Sociais do Cliente B da OCC .................................................. 107
Figura 44: Fluxograma Proposto do Processo Executar a Contabilidade Financeira ................................................................................................ 116
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LISTA DE TABELAS
Tablela 1: Participao das Organizaes Contbeis no Contexto Brasileiro ........28 Tabela 2: Faturamento das Organizaes Contbeis no Contexto Brasileiro ........29 Tabela 3: Distribuio do Custo de Salrios por Atividades do Cliente A ............ 108 Tabela 4: Distribuio do Custo de Salrios por Atividades do Cliente B ............ 109 Tabela 5: Distribuio Direta dos Recursos s Atividades dos Clientes A e B .... 109 Tabela 6: Distribuio dos Recursos por Atividades dos Clientes A ..................... 111 Tabela 7: Distribuio dos Recursos por Atividades dos Clientes B ..................... 111 Tabela 8: Custeio por Atividades do Cliente A da OCC .......................................... 113 Tabela 9: Custeio por Atividades do Cliente B da OCC .......................................... 113
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LISTA DE QUADROS
Quadro 1: A cultura Especfica da rea Contbil ........................................................33 Quadro 2: Direcionadores de Recursos ........................................................................82 Quadro 3: Custo total da OCC no ms de junho de 2002..........................................92 Quadro 4: Receita Mensal por Grupo de Clientes .......................................................93 Quadro 5: Controle Peridico dos Servios Contbeis da OCC...............................94 Quadro 6: Custo por hora das Atividades de Apoio da OCC.................................. 101 Quadro 7:Agrupamento das Atividades da OCC...................................................... 107 Quadro 8: Direcionadores de Recursos da OCC...................................................... 108
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LISTA DE SIGLAS
ABC (Activity-Based Costing) - Custeio Baseado em Atividades
ABC/ABM - Gesto Por Atividades
ABM (Activity-Based Management) - Gerenciamento Baseado em Atividades
CAM-I (Computer Aided Manufacturing-International) consrcio composto por
empresas industriais, empresas de consultoria, professores e agncias
governamentais com a finalidade de desenvolver um sistema de
gerenciamento de custos adaptado ao novo ambiente tecnolgico.
CFC Conselho Federal de Contabilidade
CRC Conselho Regional de Contabilidade
FENACON Federao Nacional das Empresas de Servios Contbeis e das
Empresas de Assessoramento, Percias, Informaes e Pesquisas
Dirigidas a Empresrios de Prestao de Servios.
FIPECAFI Fundao Instituto de Pesquisas Contbeis Atuariais Financeiras
SESCAPIPESP - Sindicato das Empresas de Servios Contbeis,
Assessoramento, Percias, Informaes e Pesquisas do
Estado de So Paulo.
SESCON/SC Sindicato dos Contabilistas de Santa Catarina
TQM - Gesto Pela Qualidade Total
UNIFOR Universidade de Fortaleza
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1 INTRODUO
1.1 Caracterizao do Problema
A partir da dcada de 70, desencadeou-se um cenrio cada vez mais
competitivo e complexo delineado pelo ambiente econmico globalizado e a
excelncia dos produtos se tornou imprescindvel para a sobrevivncia das
organizaes empresariais. Acrescentam-se, tambm, outros fatores como o ritmo
acelerado do progresso tecnolgico e o avano do conhecimento nos diversos
departamentos, que vm ocasionando grandes mudanas para o setor produtivo
de bens e servios.
Para responder aos desafios que se apresentam, as organizaes, de um
modo geral, demonstram interesse constante com a eficincia de seus fatores de
produo, buscando adotar prticas de gesto avanadas, assim como TQM
(Gesto Pela Qualidade Total), ABC/ABM (Gesto Por Atividades) e a Melhoria
Contnua, dentre outras, com o intuito de conhecer e melhorar o desempenho dos
processos produtivos.
As empresas contbeis tambm tm buscado adequar-se a esta nova
realidade. Segundo pesquisas da FENACON (2001, p.6), cada vez mais, as
empresas de contabilidade esto procurando consultorias para reestruturar os
processos de trabalho, visando agilidade, qualidade e segurana dos servios
prestados. Porm, atualmente, essas mudanas ocorrem com apenas 10% do
total das empresas deste setor.
Nesse contexto, percebe-se que, de uma forma geral, elas encontram
dificuldades quanto ao seu prprio gerenciamento, principalmente na
determinao dos custos, dos preos e na avaliao da performance das
atividades da cadeia de valor.
De acordo com Figueiredo e Fabri (2000), os principais problemas
enfrentados pelas empresas contbeis so causados principalmente pela falta de
habilidade gerencial, pela pouca ateno dada a sua prpria prtica contbil e
pelos preos inadequadamente calculados.
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18
Castro, Cardoso e Neto (1994, p.65) destacam o interesse do
SESCAPIPESP - Sindicato das Empresas de Servios Contbeis,
Assessoramento, Percias, Informaes e Pesquisas do Estado de So Paulo e o
interesse da FIPECAFI Fundao Instituto de Pesquisas Contbeis Atuariais
Financeiras, em afirmar que relevante o desenvolvimento de um sistema tcnico
de apurao de custos para administrao de preos nas empresas contbeis,
estruturado para a apurao de indicadores microeconmicos, como:
produtividade, eficincia e planejamento de lucro, dirigido para anlise e
acompanhamento macroeconmico desse segmento.
Nesse sentido, o ABC/ABM vem ao encontro dessas necessidades, pois o
modelo permite que a empresa de servios fornea recursos para produtos e
clientes que contribuem com a lucratividade a longo prazo e identifiquem em que
processos fundamentais da cadeia de prestao de servios uma reduo de
custos pode ser necessria. (KAPLAN; COOPER, 2000, p.260).
Para Druker (1999, p.09),
O custeio baseado em atividades integra em apenas uma ferramenta o que j foi no passado um conjunto de funes isoladas - anlise de valor, anlise dos processos, gesto da qualidade e custeio. No entanto, provvel que seu maior impacto ocorra nos servios. J que as empresas de servios, praticamente no dispem de informaes sobre custos.
Clark e Baxter (1992, p.55) descrevem que o ABC contribui para a gesto
dos recursos pela focalizao de atividades ineficientes, que no agregam valor.
Por outro lado, o ABM focaliza a melhoria contnua das atividades de um
processo, da deciso-produtiva e do planejamento da cadeia de valor.
Segundo Cogan (1999, p.64), ao acoplar o ABC com tcnicas que atuam
nas causas dos problemas com racionalizaes de organizao e mtodo, anlise
de valor, just-in-time, qualidade etc. diz-se que est sendo empregada a gesto
por atividades.
Segundo Ching (2001, p.67), a Gesto Por Atividades - ABM fornece
novas fontes de informaes fundamentadas em atividades e proporciona novas
formas de observao e anlise da empresa. Estas novas vises desenvolvem e
permitem profunda compreenso do comportamento dos custos de modo que
possa ser exercido o controle sobre eles.
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19
Nesse sentido, vrios modelos de gesto de negcios foram propostos na
literatura. Contudo, ainda so poucos os trabalhos que envolvem a gesto das
empresas contbeis. Assim, importante apresentar e discutir propostas mais
recentes neste campo de pesquisa. o que se prope esta dissertao.
Esta pesquisa, portanto, est direcionada para a obteno de resposta
seguinte pergunta: possvel realizar a melhoria contnua dos servios e da
performance dos negcios na gesto da empresa contbil, adotando a
ferramenta ABM?
1.2 Justificativa
No Brasil, as organizaes contbeis somam 59.719 escritrios, empregam
aproximadamente 90% dos profissionais dessa rea, conforme dados do
Conselho Federal de Contabilidade (2001). Nota-se que esse setor de grande
relevncia para o bem-estar social e o desenvolvimento econmico do pas.
Para Scarpin, Scarpin e Caligari (2000, p. 38), o crescimento da profisso
indica que ela tem de acompanhar sempre as mudanas no ambiente, manter-se
atualizada em termos de conhecimentos e habilidades esperadas do profissional e
aplicar as ferramentas baseadas nas tcnicas mais recentes, em oportunidades
adequadas.
As empresas contbeis desempenham importante papel no ambiente
interno e externo das organizaes, pois fornecem informaes que vo
determinar o sucesso empresarial de seus clientes (FENACON, 2001, p.6). No
entanto, observa-se que as empresas contbeis enfrentam dificuldades quanto ao
gerenciamento dos negcios, pois desconhecem algumas ferramentas que podem
auxiliar na mensurao dos recursos despendidos para executar as atividades
que compem sua cadeia produtiva.
Segundo Lima (2001, p.6), os instrumentos capazes de medir os
desempenhos dos processos ao longo da cadeia de valor existem. Entretanto,
com freqncia os gestores desconhecem as ferramentas apropriadas para sua
mensurao.
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20
Nesse sentido, a gesto por atividades busca o aperfeioamento contnuo
das atividades inerentes ao processo produtivo. Por meio da utilizao do
conceito de poucos que representam muito, de Pareto, associando-se a outras
tcnicas como anlise de valor, qualidade total, just-in-time, Benchmarking e
outras, consegue-se obter redues convenientes nos custos das atividades e
tarefas (COGAN, 1999).
A crescente competitividade ocasionada pela globalizao determinante
para que as empresas contbeis invistam em tcnicas avanadas de gesto.
Aquelas que possurem um sistema de gesto eficiente e capaz de fornecer
informaes teis aos gestores estaro certamente aptas para garantir sua
sobrevivncia e continuidade nesse cenrio de mudanas e incertezas.
De acordo com Figueiredo e Fabri (2000, p.16), o tema gesto das
empresas contbeis um dos mais importantes no elenco dos temas contbeis,
pois envolve diversos aspectos da evoluo e das mudanas ocorridas dentro do
panorama socioeconmico mundial que afetam a dinmica dos negcios, o que
sugere a abordagem de um tema pouco explorado na bibliografia brasileira.
Justifica-se, assim, o desenvolvimento desta dissertao a fim de
consolidar e divulgar um modelo de gesto para empresas contbeis, utilizando
as ferramentas ABC/ABM. O trabalho busca discutir a relevncia do
gerenciamento dos processos como forma de assegurar a competitividade e
consolidar os conceitos recentes sobre as prticas da gesto por atividades como
suporte para a tomada de decises.
1.3 Objetivos
1.3.1 Objetivo geral
Este trabalho tem como objetivo geral propor um modelo de gesto por
atividades para empresas contbeis, visando a melhoria dos servios e da
performance dos negcios.
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21
1.3.2 Objetivos especficos
Identificar e sistematizar os processos, atividades e recursos que compem
a cadeia de valor da empresa contbil.
Definir uma sistemtica de mensurao do custo das atividades que
compem o processo produtivo da empresa contbil, como base de
informaes para a gesto dos negcios.
Propor um conjunto de indicadores de desempenho para auxiliar os
gestores na tomada de decises.
Realizar estudo de caso em uma empresa contbil situada no municpio de
Florianpolis SC, com objetivo de validar o modelo proposto.
1.4 Pressupostos
A gesto por atividades pode contribuir para a melhoria da performance
das empresas contbeis.
O custeio por atividades proporciona a visibilidade dos recursos utilizados
na cadeia de valor das empresas contbeis.
1.5 Delimitao da Pesquisa
Esta pesquisa desenvolve um modelo de gesto por atividades para as
empresas contbeis. A aplicabilidade desse modelo verificada por meio do
estudo de caso realizado em uma empresa contbil de pequeno porte, localizada
em Florianpolis, no Estado de Santa Catarina, no perodo de maio de 2002 a
julho de 2002.
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22
1.6 Metodologia da Pesquisa
A metodologia um conjunto de atividades sistemticas e racionais que
permitem a elaborao de um trabalho cientfico. Segundo Lakatos e Marconi
(1996, p.198), os trabalhos cientficos devem ser elaborados de acordo com
normas preestabelecidas e com os fins a que se destinam. Serem inditos ou
originais e contriburem no s para a ampliao de conhecimentos ou a
compreenso de certos problemas, mas tambm servirem de modelo ou oferecer
subsdios para outros trabalhos.
na metodologia da pesquisa que se define onde e como ser realizada a
pesquisa. Nesta etapa, define-se o tipo de pesquisa, os instrumentos de coleta de
dados e a forma como se pretende tabular e analisar os dados.
1.6.1 Definio do tipo de pesquisa
Esta pesquisa qualitativa, prope um modelo de gesto por atividades
para empresas contbeis e a sua validao pelo mtodo do estudo de caso.
Do ponto de vista do problema, esta pesquisa de natureza qualitativa com
uma abordagem exploratria-descritiva. Segundo Severino (1995), para que a
pesquisa seja qualitativa, necessrio que todos os trabalhos de pesquisa
cientficos tenham a procedncia de um trabalho de reflexo, que seja pessoal,
autnomo, criativo e rigoroso. Neste sentido, as afirmaes relacionadas gesto
e ao desenvolvimento das empresas contbeis so embasadas na experincia
profissional da autora deste trabalho.
O referencial da pesquisa consiste na abordagem exploratria do tema
Modelo de Gesto por Atividades para Empresas Contbeis, baseando-se em
bibliografias que tratam do assunto. Para Mattar (1999, p.80), a pesquisa
exploratria visa prover o pesquisador de um maior conhecimento sobre o tema
ou problema de pesquisa em perspectiva. Por isso apropriada para os primeiros
estgios da investigao quando exige a familiaridade, o conhecimento e a
compreenso do fenmeno por parte do pesquisador.
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23
Para Lakatos e Marconi (1990, p.77), a pesquisa exploratria-descritiva
tem por objetivo descrever completamente determinados fenmenos, geralmente
atravs de estudo de caso para o qual so realizadas anlises empricas e
tericas.
Um dos caminhos que segue a pesquisa qualitativa o mtodo do estudo
de caso. O estudo de caso caracterizado pelo estudo profundo e exaustivo de
um ou poucos objetos, de maneira que permita o seu amplo e detalhado
conhecimento (Gil,1994, p.58).
Segundo Gil (1994, p.59), a maior utilidade do estudo de caso pode
verificada em pesquisas exploratrias. Nesse sentido, esta pesquisa visa
descrever a anlise qualitativa do ambiente das empresas contbeis e o
desempenho dos processos da sua cadeia de valor.
Este trabalho envolve a pesquisa de campo, para obter informaes sobre
o problema abordado neste estudo. De acordo com Fachin (1993, p.110), a
pesquisa de campo se detm na observao do ambiente onde detectado um
problema, que a princpio passa a ser examinado, e aps encaminhado para
explicaes atravs dos mtodos e das tcnicas especficas.
A vantagem obtida atravs do mtodo do estudo de caso est relacionada
possibilidade de comprovar na prtica a pesquisa bibliogrfica, atravs da
pesquisa de campo.
1.6.2 Mtodo de coleta de dados
A coleta de dados foi efetuada tomando como base operacional o Modelo
de Gesto Baseada em Custeio por Atividades, desenvolvido por Ching (2001,
p.84). Este modelo foi adaptado gesto das empresas contbeis, respeitando,
assim, suas particularidades.
Os dados foram coletados por meio de entrevistas informais, reunies e
observaes que auxiliaram a coleta dos dados necessrios para o
desenvolvimento do estudo. Foram utilizadas as pesquisas bibliogrficas e
pginas da WEB para obteno de informaes de trabalhos relacionados aos
conceitos e ao tema desta pesquisa.
-
24
Para o desenvolvimento da reviso da literatura, os meios utilizados na
coleta de dados foram: a pesquisa bibliogrfica de livros, revistas, dissertaes,
teses e demais publicaes a respeito das empresas contbeis, gesto das
empresas contbeis e a gesto por atividades, o que permitiu uma melhor
compreenso do trabalho desenvolvido.
1.6.3 Anlise e interpretao dos resultados
A anlise dos resultados est fundamentada no estudo de caso realizado.
Para responder pergunta de pesquisa: possvel realizar a melhoria contnua
dos servios e da performance dos negcios na gesto da empresa contbil,
adotando a ferramenta ABM?, buscou-se estabelecer as relaes necessrias
entre as informaes obtidas e os pressupostos formulados.
A interpretao relaciona o estudo de caso apresentado aos objetivos
propostos e ao tema. Assim, visa a oferecer um resultado mais amplo s
respostas, vinculadas a outros conhecimentos adquiridos ao longo da pesquisa.
1.6.4 Critrios para seleo da empresa
A populao da pesquisa um universo de elementos que apresentam
caractersticas em comum, a respeito do assunto a ser investigado.
A empresa contbil foi escolhida em virtude da fcil acessibilidade, atravs
do conhecimento prvio do proprietrio e por apresentar caractersticas comuns
s organizaes do segmento. Nesse sentido, foi possvel desenvolver o modelo,
tomando por base apenas uma empresa.
-
25
1.6.5 Limitao da pesquisa
Ressalta-se a limitao da aplicao do estudo de caso em apenas uma
empresa contbil. Nesta empresa so selecionados os principais clientes e
observados os processos e atividades relacionados com a sua cadeia produtiva.
Outra limitao a coleta de dados. Nesta etapa ocorre o envolvimento do
pesquisador com os colaboradores da pesquisa, atravs das entrevistas informais,
reunies e observaes. Nesse sentido, necessrio tomar cuidado com os
aspectos emocionais que envolvem os participantes, o que pode ser considerado
como uma limitao abrangncia da utilizao dos resultados da pesquisa.
1.7 Estrutura do Trabalho
A presente pesquisa est estruturada em cinco captulos, distribudos da
forma descrita a seguir.
No primeiro captulo so introduzidos os procedimentos metodolgicos
utilizados, a caracterizao do problema de pesquisa, a justificativa,
demonstrando a relevncia do tema, os objetivos que evidenciam a investigao,
a delimitao do contexto do trabalho e as limitaes para o seu desenvolvimento.
No segundo captulo, descreve-se o conceito de empresas contbeis e
relata-se a gesto das empresas contbeis no Brasil. So abordados os
fundamentos tericos sobre o ABC/ABM, que serviram de referncia para o
modelo de gesto por atividades para empresas contbeis.
No terceiro captulo, apresenta-se o desenvolvimento do modelo proposto,
definindo os aspectos gerais, os elementos bsicos e as estratgias que
compem a estrutura do modelo.
No quarto captulo, relata-se o estudo de caso com a aplicao do modelo
de gesto por atividades na empresa contbil, localizada em Florianpolis, no
Estado de Santa Catarina.
Por fim, no quinto captulo so apresentadas as concluses da dissertao
e as recomendaes para trabalhos futuros.
-
2 REVISO DE LITERATURA
O desenvolvimento deste captulo tem a finalidade de oferecer sustentao
terica pesquisa proposta no captulo anterior. Apresenta-se breve estudo sobre
a atuao das empresas contbeis no Brasil e sua forma de gerenciamento.
Descreve-se a importncia de um modelo de gesto por atividades para otimizar
os recursos e maximizar os lucros, com intuito de melhorar o desempenho dos
negcios das empresas contbeis.
2.1 Empresas Contbeis - Conceito
Empresa uma entidade jurdica que tem como obrigao apresentar
lucro, lucro este suficiente para permitir sua expanso e o atendimento das
necessidades sociais. (Cassarro, 1999, p.2).
Figueiredo e Moura (2001, p.53) afirmam que empresa um investimento
de recursos escassos e que todo investimento objetiva adicionar valor aos
recursos consumidos inicialmente, conclui-se que um processo gerencial
excelente na medida em que as decises tomadas conduzem minimizao do
custo e maximizao das receitas, com vistas ao incremento do valor.
Todas as empresas so constitudas para explorar uma atividade
econmica, seja comrcio, indstria ou prestao de servios. Possuem uma
estrutura funcional num ambiente com instalaes de apoio, bens facilitadores,
servios internos e servios externos.
Nesse sentido, as empresas contbeis esto inseridas na rea de servios
e devem atuar como fomentadoras para o desenvolvimento econmico das
pequenas e mdias empresas, uma vez que possuem a responsabilidade de
fornecer informaes contbeis e gerenciais. (LIBA, ROBLES E BACCI, 2001,
p.6).
-
27
S e S (1995, p.182) define a empresa de servio contbil como
empresa que explora a prestao dos servios profissionais de contador, quais sejam: escriturao contbil, planejamento de contas, organizao dos servios contbeis, auditoria, orientaes sobre balanos, anlises das situaes da empresa atravs de seu balano, organizao das escritas de custos de produo, etc.
As empresas contbeis so constitudas sob a forma de sociedade civil,
para a explorao do trabalho de contabilidade. Elas so registradas no Conselho
Regional de Contabilidade de cada jurisdio e obedecem ao Conselho Federal
de Contabilidade.
O Conselho Federal de Contabilidade, em sua resoluo n. 825/98, utiliza
o nome de organizao contbil, tanto para escritrio individual, quanto para
empresa contbil. A diferenciao somente realizada quando so baixadas
resolues especficas.
Para Thom (2001, p.11), as organizaes contbeis apresentam-se em
dois seguimentos:
1. Escritrios individuais: tm como finalidade explorar a atividade
contbil, apresentando como responsvel tcnico apenas um contador
ou tcnico em contabilidade.
2. Empresas contbeis: quando dois ou mais contadores ou tcnicos em
contabilidade se unem para formar uma sociedade por quotas de
responsabilidade limitada, ou em nome coletivo.
Segundo Liba (2001), as organizaes contbeis apresentam as seguintes
caractersticas:
a) A maioria delas se enquadra na categoria de pequeno e mdio porte.
b) Prestam servios de escriturao contbil, escriturao fiscal, rotinas do
departamento de pessoal, encaminhamento de documentos, legalizao
de atos e registros, alterao e cancelamento das organizaes em
geral.
c) So subdivididas em organizaes especialistas que se dedicam ao
atendimento de determinada atividade ou ramo empresarial, e
-
28
organizaes generalistas, que se dedicam ao atendimento das mais
diversas atividades e ramos empresariais.
d) Possuem uma estrutura familiar simplificada ou so organizadas em
sociedades em que todos os scios oferecem dedicao exclusiva.
2.2 As Empresas Contbeis no Contexto Brasileiro
No Brasil, as empresas contbeis e os escritrios individuais de
contabilidade somam 59.079 organizaes, participam do crescimento do
mercado de trabalho brasileiro e ainda possuem uma perspectiva crescente,
segundo estatsticas de registros do Conselho Federal de Contabilidade at julho
de 2001, conforme a tabela 1.
Tablela 1: Participao das Organizaes Contbeis no Contexto Brasileiro
Fonte: Conselho Federal de Contabilidade (2001)
Regies Organizaes %
Contbeis
Nordeste 7.470 12,60 Centro Oeste 6.392 10,80 Sudeste 28.456 48,14 Sul 14.805 25,18 TOTAL 59.079 100,00
Norte 1.956 3,28
-
29
Dentre todas as organizaes contbeis, relevante o nmero de registros
de escritrios individuais que somam 43.719 e representam 74% do total,
enquanto as empresas contbeis somam 15.360 e representam 26% do total. Das
empresas contbeis, 11.980 possuem dois scios e representam 78%, 2.150
possuem trs scios e representam 14% e 1230 possuem quatro scios ou mais e
representam 8%, de acordo com a figura 1.
Figura 1: Participao Societria das Empresas Contbeis no Contexto Brasileiro
Fonte: FENACON (1999)
O faturamento mensal das organizaes contbeis est disposto, conforme
a figura 2.
Tabela 2: Faturamento das Organizaes Contbeis no Contexto Brasileiro
Faturamento Mensal %
At R$ 10.000,00 60,94%
De R$ 10.000,00 a R$ 20.000,00 22,89%
De R$ 20.000,00 a R$ 50.000,00 14,14%
De R$ 50.000,00 a R$ 100,000,00 1,47%
Acima de R$ 100.000,00 0,61%
TOTAL 100,00%
Fonte: FENACON (1999)
Participao Societria das Empresas Contbeis no Contexto Brasileiro
78%
14%8%
dois sciostrs sciosquatro ou mais scios
-
30
No ambiente setorial das organizaes contbeis, 79% se dedicam apenas
prestao de servios contbeis. Quanto s demais, 19% oferecem servios de
advocacia e 10% servios imobilirios. Nas regies Norte e Nordeste, elevado o
percentual de empresas contbeis que tambm oferecem servios de assessoria
a seus clientes (FENACON,1999).
Nas regies Sul e Sudeste, est concentrado o maior percentual de
empresas contbeis que atendem a mais de 100 estabelecimentos nicos. Com
relao s filiais, 40% atendem at no mximo 10 estabelecimentos. Das
empresas contbeis, 74% atendem de 11 a 100 clientes, como pode ser
observado na figura 04. Desses estabelecimentos, 52% esto enquadrados no
regime de tributao simples.
Participao dos Clientes das Empresas Contbeis no Contexto
Brasileiro
7%
43%31%
14% 5% Atendem at 10 clientesAtendem de 11 a 50 clientes
Atendem de 51 a 100 clientesAtendem de 101 a 200 clientes
Atendem mais de 200 clientes
Figura 2: Participao dos Clientes das Empresas Contbeis no Contexto
Brasileiro
Fonte: FENACON (1999)
As pesquisas realizadas pela FENACON (1999), Figueiredo e Fabri (2000)
e CFC (2001), no ambiente das empresas contbeis, mostram o desenvolvimento
contnuo do setor, uma vez que o cenrio mundial se desenvolve
-
31
concomitantemente, e uma prestao de servios muito voltada a atender a
legislao fiscal, o que faz surgir uma lacuna no gerenciamento dessas empresas.
Figueiredo e Fabri (2000, p.22) ressaltam que os principais problemas
enfrentados pelas empresas contbeis so:
pouca ateno dada sua prpria prtica contbil;
falta de habilidade gerencial;
falta de planejamento;
perda de clientes para empresas que cobram mais barato;
preos inadequadamente calculados;
ineficientes mtodos de recrutamento e treinamento dos auxiliares;
falta de especializao em algum tipo de servio; e
pouca preocupao com a continuidade da empresa.
Identifica-se, por meio das argumentaes apontadas, uma lacuna pouco
explorada na literatura sobre a gesto das empresas contbeis, acentuada pelo
fato de que essas empresas buscam aumentar sua competitividade no ambiente
dos negcios. Segundo Spinelli (2000, p.38), as organizaes contbeis
geralmente nascem pelo estmulo de um profissional que desenvolve um trabalho
sem estratgia, plano de ao ou metas preestabelecidas.
2.3 A Gesto das Empresas Contbeis
A gesto das empresas contbeis se desencadeia com a funo do
planejamento, geralmente realizado de maneira informal (FIGUEIREDO E FABRI,
2000, p.63). A misso e os objetivos das empresas contbeis so estabelecidos
de acordo com o segmento e o ambiente em que esto inseridas (SPINELLI,
2000). Nessas empresas, prevalece uma cultura caracterizada pelo
conservadorismo dos profissionais que as dirigem (FIGUEIREDO; FABRI, 2000).
A estrutura rgida e centralizadora, o que muitas vezes leva gesto ineficaz
(FARIA, 2001).
-
32
2.3.1 A misso e os objetivos das empresas contbeis
Figueiredo e Fabri (2000, p.58) afirmam que a misso da empresa contbil
atender sociedade, suprindo as necessidades das empresas clientes de
informaes econmico-financeiras que otimizem os controles contbeis de seus
patrimnios.
Para cumprir sua misso, a empresa contbil busca realizar seus objetivos
gerais, que, segundo Thom (2001), so:
Aspecto gerencial procura levar informaes ao administrador para a
tomada de decises e informaes aos proprietrios, scios e acionistas
sobre a situao econmica e financeira de sua empresa.
Enfoque tributrio procura atender s disposies legais, podendo contar
com uma assessoria especializada interna ou externa.
2.3.2 A cultura das empresas contbeis
Segundo Figueiredo e Fabri (2000, p.59),
as empresas surgem com base em idias de pessoas ou grupos de pessoas, assim, as crenas e os valores do fundador da empresa moldam a organizao a sua prpria imagem e semelhana, a mensagem do fundador transmitida por todos os procedimentos e o poder exercido pelo mesmo modela os processos administrativos e serve para manter a cultura organizacional.
A cultura das empresas contbeis pode ser demonstrada pela atitude dos
diretores contbeis apontada por segmentos diferentes, conforme o quadro 1:
-
33
Quadro 1: A cultura Especfica da rea Contbil
Fonte: Adaptado de Victorino (2000, p. 77)
Para Spinelli (2000, p.42),
a maioria das atuais organizaes contbeis foi construda na concepo da diviso do trabalho, ou especializao do servio executado, dentro da idia de centralizao do servio executado de Adam Smith, da especializao da mo-de-obra e a resultante fragmentao do trabalho. Quanto maior a organizao, mais fragmentado o seu trabalho.
comum, na maioria das empresas contbeis, uma cultura muito voltada
para dentro, isto , totalmente direcionada para a realizao dos servios
contbeis, e, portanto, alheia s reais necessidades dos clientes. Segundo
Rodrigues (2001), um dos principais motivos que levam as organizaes
transio de uma contabilidade terceirizada para uma contabilidade prpria de
gesto a busca da melhoria da gesto empresarial, fundamentada em
informaes confiveis e oportunas.
Por outro lado, Cestari (2002, p.161) ressalta em sua pesquisa que dentre
os escritrios de contabilidade analisados, observa-se que existem aqueles que
esto preocupados em prestar aos clientes um servio de qualidade e dar um
atendimento gerencial personalizado. Nesse sentido, nota-se uma possvel
mudana na cultura contbil, com o intuito de voltar sua ateno aos interesses
dos clientes.
Mantm-se atualizadose integrados s exigncias atuais
Concentram-se nocumprimento das
condies mnimas doexerccio profissional
Investem de formasistemtica emconhecimento einformaes demaneira especfica e global
Apresentam dificuldadese resistncia paraacompanhar as
tendncias mundiais,e para atualizao global investindo somente de
maneira especfica
Acomodados Atualizados
-
34
Ainda, segundo Gatti (2000), uma moderna administrao de uma
empresa de servios contbeis pode ser entendida se ns analisarmos as atitudes
dos seus scios em cada dcada, de acordo com a figura 3:
Figura 3: Atitude dos Scios em Relao Empresa Contbil
Fonte: GATTI (2000, p.27)
De acordo com esse autor, as empresas contbeis devem reciclar-se
permanentemente e realizar profundas mudanas estratgicas no seu
funcionamento e no comportamento empresarial dos seus scios para
continuarem no mercado. Neste sentido, o Conselho Federal de Contabilidade
(CFC), em parceria com os conselhos regionais, instituram o Exame de
Suficincia em 1999 com o objetivo de melhorar a qualidade do ensino e - em
Administraodos anos 70
Administraodos anos 90
Administraodepois do ano 2000
2. Scios acomodados.
4. Os conhecimentos daempresa eram calcados
na experincia dosscios e funcionrios.
2. Os scios estavamcuriosos
4. Comeavam ater conhecimento
da tecnologia.
1. Os scios estaroconscientes de quedevem trabalhar emequipe, pois sozinho
ningum chegaa lugar nenhum.
5. As empresasbuscaro parceria
de clientes etrabalho.
2. Os scios estaroestudando
4. Os scios buscaroconhecimentos
globais do mercado,da cincia e de toda
a tecnologia.
3. Lideraro ou participaro de
mudanas.
3. Pretendiamimplantar mudanas.
3. Scios resistentesa qualquer mudana.
1. Os scios buscavam
a qualidade.
1. Experinciados scios.
5. Eram competitivos (?).
5. Os scios eramintrovertidos.
-
35
conseqncia - dos servios prestados pelo profissional da rea contbil.
(CRCSC, 2003).
2.3.3 A estrutura organizacional da empresa contbil
Para Faria (2001, p.10)
a estrutura das empresas contbeis vem se mantendo a mesma durante dcadas, herana do comportamento empresarial que nunca valorizou a contabilidade como instrumento de gesto. Assenta-se sobre vrios pressupostos que esto superados e que vieram com base em empresas voltadas para dentro, para suas prprias atividades, com estruturas pesadas e rgidas.
De acordo com Figueiredo e Fabri (2000) e Thom (2001), as empresas
contbeis geralmente so estruturadas por setores conhecidos por departamentos
- Contbil, de Pessoal, Fiscal e de Legalizao de Empresas e prestam servios
de consultoria, assessoria, auditoria e percia aos clientes.
Segundo os autores citados, o Departamento Contbil responsvel pelo
controle patrimonial das organizaes e os principais servios realizados por esse
departamento, so:
Escriturao contbil: os lanamentos contbeis feitos a partir de
documentos fornecidos pelos clientes. Esses lanamentos so
transformados em livro Dirio e livro Razo. O primeiro, obrigado pelo
cdigo comercial e o segundo, pela legislao do Imposto de Renda das
Pessoas Jurdicas.
Conciliao das contas: antes do encerramento da escriturao de
todas as contas, passveis e possveis, so conciliadas as principais
contas da movimentao bancria, e representativas de crditos e
dbitos.
Demonstraes financeiras: aps o encerramento da escriturao e a
conciliao das contas, emitem-se as demonstraes financeiras:
balancetes mensais, balano patrimonial, demonstrao de lucros ou
prejuzos acumulados, demonstrao das mutaes do patrimnio
lquido e demonstraes das origens e aplicaes de recursos.
-
36
Contabilidade gerencial: fornece informaes por meio dos vrios
centros de resultados, atende s necessidades dos clientes, tais como:
levantamento de custos, controle de estoques, oramentos e
planejamentos futuros.
Segundo os autores citados, o Departamento de Pessoal, responsvel pelo
controle dos cadastros dos colaboradores das diversas organizaes, atende s
obrigaes previstas na legislao trabalhista e os principais servios realizados
por esse departamento so:
Admisso: a implantao dos dados necessrios elaborao do
contrato de trabalho dos colaboradores, assim que a empresa admite
um novo cliente ou colaborador.
Vnculo empregatcio: os servios executados que dizem respeito
elaborao da folha de pagamento e dos demais servios, inclusive o
recolhimento das contribuies ao INSS (Instituto Nacional de
Seguridade Social).
Demisso: o cliente deve ser orientado pela empresa contbil a no
dispensar funcionrios sem consultar o departamento de pessoal sobre
verbas a serem pagas e outras obrigaes a serem cumpridas,
inclusive acordos e dissdios.
Relatrios: os relatrios so importantes pelo menos uma vez ao ano
(RAIS - Relao Anual de Informaes Sociais).
Segundo os autores citados, o Departamento Fiscal responsvel pelo
atendimento da legislao tributria que rege as diversas organizaes e os
principais servios realizados por esse departamento so:
Escriturao dos documentos fiscais: complexa e extensa a lista de
impostos e contribuies merecedora de respeito pela complexibilidade
de cada uma, de modo a no cometer erros com relao aos dbitos e
crditos por eles gerados.
Apurao de tributos: concluda a apurao, so emitidas as guias e
enviadas aos clientes.
-
37
Informaes e declaraes fiscais: so de grande responsabilidade,
obrigando o empresrio a dedicar especial ateno a elas, evitando
assim prejuzos futuros a seus clientes.
Declaraes fiscais: aos diversos rgos pblicos da administrao
federal, estadual e municipal.
Segundo os autores citados, o Departamento de Legalizao de Empresas
responsvel pelo cadastro das organizaes nos diversos rgos, garantindo a
sua regularizao permanente e atualizao constante. Os principais servios
realizados por esse departamento so:
Constituio de empresas: a legalizao de uma organizao, inclui
seu cadastro nos diversos rgos da esfera federal, estadual e
municipal.
Alteraes contratuais: ocorrem conforme a necessidade dos clientes. A
atualizao dessas alteraes envolve todos os rgos responsveis no
nvel federal, estadual e municipal.
Registros de livros: os livros so registrados geralmente em cartrio, na
prefeitura e na junta comercial, seguindo a legislao que rege o ramo
de atividade da empresa.
Obteno de certides: as certides, tanto positivas quanto negativas,
so obtidas atravs dos rgos federal, estadual e municipal.
Geralmente so utilizadas como exigncia na participao de licitaes.
Baixa de uma empresa: constitui o encerramento legal das atividades
de uma organizao nos diversos rgos federal, estadual e municipal.
Os servios de consultoria so as orientaes e conselhos prestados aos
clientes diariamente, pelo responsvel do departamento que cuida do assunto
consultado ou pelo proprietrio, quando o assunto foge rotina dos
departamentos (THOM, 2001).
Figueiredo e Fabri (2000, p.100) ressaltam que os servios especializados
de assessoria, consultoria especializada, auditoria, percia e outros, quando a
empresa de contabilidade oferece esses servios, possuem colaboradores
qualificados para tal.
-
38
Ainda, segundo esses autores, geralmente as empresas contbeis que
executam os servios especializados de consultoria, assessoria, auditoria e
percia so empresas que se dedicam apenas a este tipo de servio. Na maioria
das empresas contbeis, as tarefas a serem desempenhadas so divididas entre
os departamentos, conforme a figura 4, encarregados da elaborao das
atividades pertinentes ao setor de pessoal, contbil, fiscal e de legalizao de
empresas.
Figura 4: Organograma da Empresa Contbil Tradicional
Pela estrutura departamental das empresas contbeis, possvel notar o
agrupamento dos colaboradores por rea de conhecimento contbil, fiscal, de
pessoal e outros, ficando os funcionrios especializados em cada tipo de
atividade.
De acordo com Vasconcellos e Hemsley (1986, p.30), a utilizao da forma
tradicional de departamentalizao apresenta as seguintes vantagens:
maior especializao;
aumento da capacitao tcnica pela troca de experincias e
formao de uma memria tcnica;
maior preocupao com o aperfeioamento dos tcnicos;
melhor qualidade tcnica dos trabalhos;
Secretria Executiva
Diretor Contbil
Departamento Contbil
Departamento Fiscal
Departamento de Pessoal
Departamento de Legalizao de Empresas
Gerente Gerente Gerente Gerente
Encarregados Encarregados Encarregados Encarregados
-
39
maior satisfao dos tcnicos por estarem junto a elementos da
mesma rea.
Ainda segundo esses autores, as condies ideais para o funcionamento
das estruturas tradicionais so atividades repetitivas em ambientes estveis,
caracterizadas pelo alto nvel de formalizao e obedincia ao princpio da
unidade de comando.
Cabe ressaltar, no entanto, que o ambiente em que as empresas contbeis
operam mudou em funo da globalizao, que desencadeou o desenvolvimento
tecnolgico, a competitividade e a natureza dos servios prestados.
Com o desenvolvimento da tecnologia da informao os softwares
passaram a funcionar de forma integrada, visando agilidade do trabalho manual
dos colaboradores, a tecnologia vem substituindo o esforo humano por
mquinas no processamento da informao (COSENZA, 2001, p.51).
Com o aumento da concorrncia de mais profissionais no mercado, o
usurio do servio contbil est procura do diferencial. /.../ Alguns clientes com a
ntida inteno de reduzir custos vo busca de menor preos. Outros,
fatalmente, iro procurar uma nova alternativa, uma contabilidade que possa
identificar, ampliar, quantificar informaes, na expectativa de melhor gerenciar
uma empresa (SPINELLI, 2000, p.41).
A mudana da natureza dos servios contbeis determina que as empresas
busquem cada vez mais aperfeioar as tcnicas contbeis, evitando os
desperdcios e o retrabalho por meio dos sistemas interligados do uso da Internet
na transmisso dos dados e informaes. As expectativas de emprego se abrem,
sobretudo permitem ao profissional da contabilidade processar com agilidade e
rapidez os dados necessrios tomada de deciso (QUEIROZ, 2000, p.10).
Nesse sentido, a estrutura organizacional das empresas contbeis,
representada atravs de um organograma tradicional com ... estrutura piramidal,
arcaica, no contempla o principal objetivo de toda empresa de contabilidade que
o cliente (VICTORINO, 1999, p.28).
Para Dalla Valentina (1998), a estrutura tradicional propicia uma viso
distorcida da organizao. Em primeiro lugar, a estrutura departamental no
mostra os clientes; em segundo lugar, no so vistos os bens e servios
-
40
fornecidos aos clientes, e, finalmente, no se tem idia do fluxo de trabalho por
meio do qual so desenvolvidos, produzidos e entregues os bens e servios.
Nesse sentido, as empresas so gerenciadas de maneira vertical, criando os
chamados silos verticais em torno dos departamentos, conforme a figura 5.
Figura 5: Viso Funcional da Empresa Contbil
Fonte: Adaptado de Dalla Valentina (1998, p.27)
A viso dos silos verticais mostra que os departamentos so
independentes, o que impede a comunicao interdepartamental para resolver
assunto entre colaboradores de nveis inferiores, exigindo assim a presena dos
responsveis pelos silos envolvidos para resolver as questes, o que torna o
processo oneroso e lento.
Segundo Spinelli (2000, p.43), nos trabalhos e rotinas, que exigem
especializao especfica, os departamentos jamais completam uma tarefa
incio, meio e fim e, sim, realizam partes de um todo.
Algumas empresas contbeis esto mudando da estrutura tradicional,
centralizadora e rgida para a estrutura mais flexvel, capaz de acompanhar as
evolues do ambiente globalizado. Nesse sentido, as empresas contbeis esto
diferenciando o procedimento de colaboradores especializados em cada tipo de
tarefa.
Segundo Figueiredo e Fabri (2000, p.100),
Empresa Contbil
Necessidades
do
Cliente
Satisfao
do
Cliente
Departamento
Contbil
Departamento
Fiscal
Departamento
de Pessoal
-
41
/.../ algumas empresas esto dividindo os funcionrios por empresa-cliente e atribuindo a cada funcionrio a responsabilidade por tudo daquele cliente, desde sua implantao no sistema at o fechamento da contabilidade, mas so poucas as empresas que trabalham dessa forma. Algumas tambm fazem rodzio de seus colaboradores entre os departamentos fiscal, de pessoal e contbil, para que eles no fiquem especializados somente em uma rea.
Essa nova forma de atribuio de responsabilidades aos colaboradores
similar a estrutura por unidade de negcios. Segundo Kaplan e Norton (1997),
uma unidade de negcios deve compreender atividades de uma cadeia de valor
completa: inovao, operaes, marketing, vendas e servios. Essa unidade tem
seus prprios servios e clientes.
2.3.4 Sistema de informao das empresas contbeis
Segundo Queiroz (2002, p.41),
/.../ a organizao contbil tradicional, embora assentada em slidos princpios que se preservam at a atualidade, esgotara a capacidade de atender com agilidade e flexibilidade s necessidades de informao dos gestores, em funo da limitada capacidade mecnica de processamento dos dados, e vinha perdendo sua pertinncia e utilidade para a tomada de decises.
Os sistemas contbeis mecanizados buscavam, fundamentalmente, a
obteno de ganhos de produtividade, bem como melhorias da legibilidade dos
textos e da segurana na execuo dos registros. (COSENZA, 2001, p.49).
Contudo, as prticas contbeis, de acordo com a figura 6, se tornaram muito
restritas, voltadas a atender os interesses fiscais, os agentes externos da
empresa, com demonstrativos globais e defasados no tempo (QUEIROZ, 2002).
-
42
Figura 6: Organizao Contbil Tradicional
Fonte: QUEIROZ (2002, p.42)
As mudanas ocasionadas pela globalizao influenciaram a modernizao
dos procedimentos contbeis. Segundo Rosa (2001), antes do advento da
tecnologia da informao a contabilidade era realizada com base em documentos
(notas fiscais, requisies, duplicatas) devidamente autorizados. Com a tecnologia
da informao, conforme a figura 7, a seguir, esse processo realizado de forma
automatizada, dispensando freqentemente o uso de formulrios e a evidncia
dos procedimentos autorizados para que o contador possa proceder os registros
contbeis.
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R e s u l t a d o d oExerc c io
Documentos contbe i s
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Figura 7: Organizao Contbil Contempornea
Fonte: QUEIROZ (2002, p.42)
Para Queiroz (2002, p.42),
com a veloz e quase ilimitada capacidade de processamento de dados dos meios computadorizados, a organizao contbil contempornea reabilitou-se a fornecer a informao gil, precisa, analtica, instantnea ao processo de deciso. Alm de ampliar a gama dos relatrios contbeis de natureza legal, customizou os relatrios de natureza gerencial para atender s necessidades especficas dos tomadores de deciso.
As novas descobertas tecnolgicas geram a necessidade de ajustes para
elaborao de novas metodologias de trabalho, por meio da introduo da
informatizao e da implantao de sistemas integrados voltados para a gesto
do empreendimento como um todo, visando contemplar as demandas
mercadolgicas por informaes imediatas (COSENZA, 2001, p.51).
Segundo Rosa (2001, p.15), dentre as facilidades que a tecnologia da
informao proporcionou de imediato s empresas contbeis e contabilidade
como um todo, pode-se citar as seguintes,:
mudanas radicais em processos operacionais com grandes ganhos de
tempo e custos;
melhora na imagem da empresa;
Informaes rpidas aos clientes internos e externos;
Plano de contas
Relatrios de gesto
BP - DRE - DOAR - FCxa
Tecnologia dainformao
Lanamentosdescentralizados e
instantneos
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agilidade e preciso no registro das mercadorias adquiridas;
rapidez de resposta a alteraes legislao e mercado;
facilitao do processo de venda;
diferenciao dos bens e servios por meio de informaes agregadas;
balanceamento de disponibilidades de recursos com demanda
contribuindo para melhor atendimento demanda;
aumento da confiabilidade em diagnsticos e prescries de solues
de problemas;
aumento da capacidade de atendimento;
flexibilizao no atendimento ao cliente interno e externo;
reduo drstica do acmulo de papis;
agilidade nos lanamentos contbeis;
rapidez na elaborao das demonstraes contbeis;
valorizao do profissional das Cincias Contbeis nas organizaes;
informao em tempo real, com fidelidade e preciso.
Segundo Queiroz (2000, p.10),
com as novas tecnologias, a contabilidade retoma sua relevncia. Hoje, ela consegue apresentar, de maneira instantnea e exata, as informaes necessrias tomada de decises. Ela possibilita, inclusive, que as organizaes possam contabilizar os processos produtivos em nvel de atividade. /.../ H condies de detalhar todo o processo de custeio da atividade produtiva e proporcionar uma anlise clara dos custos e tambm da receita.
2.3.5 Tomada de decises da empresa contbil
A maioria das empresas contbeis so empresas de pequeno porte. O
empresrio contbil desempenha mltiplas tarefas, desde conseguir os clientes,
atend-los e resolver os problemas relacionados a cada um deles, o que ocasiona
uma maior ateno s atividades operacionais, deixando de lado os
conhecimentos adquiridos pela contabilidade gerencial (Figueiredo; Fabri, 2000;
Rodrigues, 2001).
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De acordo com Figueiredo e Fabri (2000, p.107),
/.../ entre as reas mais negligenciadas da empresa contbil, sem dvida, a rea de contabilidade figura como uma das que menos recebem ateno. /.../ Geralmente, um dos scios ou algum do staff encarrega-se de elaborar, quando muito uma espcie de balancete mensal; se os impostos foram pagos ou se as contas a receber esto tendo retorno suficiente para cobrir as contas a pagar e a retirada dos scios.
Nesse sentido, o empresrio contbil toma as decises gerenciais,
baseando-se, conforme a figura 8, nos controles internos de Pessoal, de Contas a
Receber, de Contas a Pagar, Fluxo de Caixa e Balancetes Mensais.
Figura 8: Controle Gerencial das Empresas Contbeis
Os controles de contas a receber, contas a pagar, fluxo de caixa
geralmente so elaborados pela secretria executiva. Os relatrios contbeis da
empresa contbil so realizados pelo departamento contbil e o controle do
pessoal realizado pelo departamento de pessoal. Essas informaes so
repassadas ao diretor da empresa contbil para auxiliar a tomada de decises
gerenciais.
DIRETOR da EMPRESA CONTBIL Contas
a receber
Contas a pagar
Fluxo
de caixa
Tomada de
decises
geren
Balancete
Pessoal
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O controle de contas a receber relaciona todos os honorrios que os
clientes pagam empresa contbil pela prestao dos servios.
O controle de contas a pagar relaciona todos os custos necessrios
realizao dos servios contbeis.
O Fluxo de Caixa relaciona todas as movimentaes dirias efetivadas na
empresa contbil das contas a receber e contas a pagar. Este se caracteriza pelo
saldo positivo, negativo ou nulo.
O Balancete Mensal relaciona todas as movimentaes patrimoniais e de
resultado da empresa contbil. Ele geralmente gerado pelo sistema da
contabilidade utilizado na empresa. As contas so discriminadas com os
respectivos cdigos e separadas por grupos.
O controle dos relatrios contbeis confirma as movimentaes dirias,
mensais e anuais realizadas na empresa contbil. /.../ a grande maioria das
empresas contbeis escritura mensalmente o movimento de seus clientes e, no
entanto, isso ainda no o suficiente. Com recursos digitais que esto nossa
disposio, o objetivo deve ser o registro dirio das operaes de nossos
clientes. (THOM, 2001, p.125).
Os controles internos so observados separadamente, o que impede de se
visualizar o quanto cada departamento est consumindo de recursos. De acordo
com Boisvert (1999, p.22), a contabilidade por recursos est intimamente ligada
contabilidade financeira. Como o sistema se limita a registrar os insumos e os
produtos, a empresa se torna uma verdadeira caixa-preta e todos os recursos
utilizados no processo produtivo em determinado perodo so repartidos entre os
objetos de custos.
Os custos de funcionamento das empresas contbeis ainda so
considerados de forma global, e o rateio dos custos indiretos por clientes continua
sendo uma caixa-preta, na expresso de Boisvert (1999). Nesse sentido, pode-
se verificar que os recursos foram consumidos, mas no se sabe como ou porqu
foram gastos com os clientes e se foram bem gerenciados.
Para Lunkes (1999), a contabilidade financeira tradicional apresenta os
totais dos gastos, mas no detalha os gastos por clientes, porque um sistema de
informao que apresenta as entradas de recursos e as sadas atravs dos
servios de forma global.
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Padoveze (1997, p.26) afirma que, a contabilidade financeira relacionada
com o fornecimento de informaes para os acionistas, credores e outros que
esto de fora da organizao. Nesse sentido, a contabilidade financeira impede a
visualizao de quanto cada departamento est consumindo de recursos, se
esto ocorrendo desperdcios com retrabalho, alm de desconsiderar a melhoria
contnua dos processos da cadeia de valor. Esses fatores so considerados
pontos-chave para minimizar os custos da empresa e otimizar seus recursos para
a maximizao dos lucros.
2.3.6 O custo e a precificao dos servios contbeis
Segundo Thom (2001, p.104), os principais componentes do custo total
dos servios prestados na empresa contbil so:
Os salrios e encargos dos profissionais que executam a escriturao
contbil, fiscal, de pessoal e jurdico e seus auxiliares.
A remunerao dos scios, que avaliada por sua responsabilidade
com base na remunerao do mercado.
Os servios auxiliares, que so os salrios e encargos dos demais
colaboradores que no podem ser alocados a determinado
departamento.
Os custos indiretos, que so rateados em conformidade com o critrio
mais adequado empresa.
As reservas, que so utilizadas para pagamento das obrigaes
trabalhistas em caso de demisso, de substituio de equipamentos e
instalaes, de conservao de bens mveis e outros itens que a
empresa julgue necessrio.
O Conselho Federal de Contabilidade, em sua resoluo n. 803/96, do
Capitulo III, Art. 6, define que o valor dos servios contbil deve ser fixado
previamente, e de preferncia por escrito, considerando seguintes os elementos:
i. a relevncia, o vulto, a complexidade e a dificuldade do servio a
executar;
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ii. o tempo que ser consumido para a realizao do trabalho;
iii. a possibilidade de ficar impedido da realizao de outros servios;
iv. o resultado lcito favorvel que para o contratante advir com o
servio prestado;
v. a peculiaridade de tratar-se de cliente eventual, habitual ou
permanente;
vi. o local em que o servio ser prestado (CRCSC, 2001).
Para determinar os preos dos servios a serem executados, os
empresrios contbeis consideram a complexidade da empresa-cliente, alm de
tomar como base de orientao do preo mnimo, os preos praticados no
mercado pelas outras empresas contbeis, ou as tabelas propostas pelos
sindicatos e associaes profissionais (FIGUEIREDO; FABRI, 2000, p.93).
O Sindicato dos Contabilistas de Santa Catarina SESCON/SC elabora
uma Tabela Referencial de Honorrios, de acordo com o Anexo 1, para minimizar
as distores existentes no Estado, no que se refere a parmentos de cobrana
dos honorrios profissionais da classe.
Segundo Figueiredo e Fabri (2000, p.92), em pesquisa desenvolvida pelo
ncleo de pesquisas em administrao da Universidade de Fortaleza Unifor -
foram citados pelos profissionais entrevistados alguns fatores que mais
influenciam na determinao dos preos, isto , dos honorrios contbeis:
o faturamento, com 73,8% de indicaes;
o nmero de funcionrios, com 97,6% de indicaes;
o tipo de tributao, com 95,2% de indicaes;
e a atividade econmica da empresa-cliente, com 71,4% de indicaes.
Ainda segundo esses autores, as organizaes contbeis no possuem um
modelo formal de precificao, tendo, assim, dificuldades em conferir os preos
aos seus servios. Muitas empresas contbeis utilizam o feeling dos proprietrios
para definir os honorrios, pois desconhecem os custos fixos e variveis e no
utilizam qualquer forma de planejamento de custos e receitas.
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2.3.7 A avaliao de desempenho na empresa contbil
O nvel de desempenho operacional das empresas contbeis pode ser
avaliado pelo nmero mdio das Notas Fiscais de Entrada, Notas Fiscais de
Sadas, Lanamentos Contbeis e Funcionrios da empresa no ano
(FIGUEIREDO; FABRI, 2000).
A avaliao do desempenho das empresas contbeis realizada com base
na conquista de novos clientes, o que reflete no resultado operacional da
empresa. So observados tambm os clientes que a empresa perdeu e os
motivos que ocasionaram uma perda. Algumas vezes, a perda de clientes muito
mais significativa do que a conquista de novos clientes.
A avaliao do desempenho dos colaboradores baseada na capacidade
de realizao das atividades que a eles so confiadas. Muitas vezes, os erros
tcnicos aparecem anos depois e o colaborador no faz mais parte do quadro
funcional da empresa.
De acordo com Figueiredo e Fabri (2000, p.85),
a estabilidade no emprego no considerada boa, pois a maioria do pessoal de uma organizao contbil no efetivada, e so ainda poucas as empresas que possuem um plano de carreira, o que seria aconselhvel e imprescindvel para aquelas que se propem a crescer.
A avaliao do desempenho dos clientes realizada com a receptividade
do cliente aos servios realizados. Segundo pesquisas realizadas por Deitos
(1991), Favero et al (1994), FENACON (1999), Figueiredo e Fabri (2000) e
Rodrigues (2001), a maioria dos clientes das empresas contbeis est centrada
nas pequenas e mdias empresas. Geralmente, so clientes que possuem
poucos recursos e desconhecem o valor das informaes contbeis, considerando
que a contabilidade deve ser realizada apenas para cumprir a legislao.
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Figueiredo e Fabri (2000, p.83) afirmam que necessrio
/.../ desafiar esse mercado, mudando o conceito e mostrando quais as utilidades reais para a contabilidade e quanto de melhoria para o negcio pode ser buscada por meio dos produtos oferecidos pela empresa contbil, o grande desafio dos profissionais de contabilidade diante de grande mercado a ser desenvolvido e conquistado.
Para Faria (2001, p.10), muitos escritrios, hoje, querem organizar-se para
poder estar presente num mercado cada vez mais competitivo, mas no tm
noo clara dos passos a seguir e das providncias que devem ser tomadas. Isto
exige uma maneira diferente de gerenciar as empresas contbeis, o que inclui,
entre outros, os clientes, os servios e o fluxo de trabalho dentro de uma viso por
processos, que viabiliza a gesto por atividades voltada melhoria dos servios e
performance dos negcios.
2.4 A Viso da Empresa Contbil por Processos de Negcios
A viso por processos permite uma maior compreenso dos negcios da
empresa contbil. De acordo com Lima (2001, p.34), os processos de negcio
devem ser objeto de anlise, pois por meio deles que a empresa alcana seus
objetivos como reduzir custos, diminuir o ciclo de tempo do processo, melhorar a
qualidade e agregar valor ao produto e ao cliente.
Faria (2001,11) afirma que,
de um modo geral, o futuro vai pertencer s empresas e escritrios que consigam explorar o potencial da centralizao das prioridades, das aes e dos recursos nos seus processos essenciais. Para isso devero decidir por um modelo de organizao por processos e tomar as providncias para passar da sua estrutura atual para aquela que dar melhores resultados para as suas operaes.
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Para Davenport (1996, p.34), processo simplesmente um conjunto de
atividades estruturadas e medidas destinadas a resultar num produto especificado
para um determinado cliente ou mercado. Cada processo uma seqncia de
atividades, cada uma com seus respectivos fornecedores e clientes, conforme a
figura 9.
Figura 9: Hierarquia do Processo
Fonte: HARRINGTON (1993, p.34)
Segundo Harrington (1993, p.34), do ponto de vista macro, os processos
so as atividades-chave necessrias para administrar e/ou operar uma
organizao. Os processos se dividem em subprocessos, que para uma melhor
anlise, desmembram-se em atividades at chegar ao nvel de tarefas, de acordo
com a necessidade de cada cliente.
As atividades so classificadas como atividades primrias e atividades
secundrias. De acordo com Brimson (1996, p.70), uma atividade primria
contribui diretamente para a misso de um departamento ou de uma unidade
Subprocessos
Atividades
Tarefas
Macroprocesso
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organizacional. [...] Atividade secundria aquela que d suporte s atividades
primrias de uma empresa.
As atividades se interligam entre si na preparao e transformao de bens
e servios, que constituem a cadeia de valor, definida por Porter (1989, p.33)
como a reunio de atividades que so executadas para projetar, produzir,
comercializar, entregar e sustentar o produto. Cada uma das atividades da cadeia
de valor contribui para os custos da empresa alm de criar uma base para
diferenciao. Esta diferenciao pode se originar de fatores diversos, desde a
aquisio dos recursos e a agilidade em atender aos clientes.
Shank e Govindarajan (1997, p.61) ressaltam que, a anlise da cadeia de
valor essencial para determinar exatamente onde, na cadeia do cliente, o valor
pode ser aumentado ou os custos reduzidos.
A cadeia de valor das empresas contbeis pode ser analisada de acordo
com as atividades que formam os processos. Segundo Bendlin (2002, p.47), os
processos da empresa contbil de pequeno porte so os seguintes:
a) TRIBUTRIO: compreende a contabilizao e identificao de incidncia,
base de clculo, alquotas e obrigaes acessrias, com o respectivo
clculo dos impostos e contribuies devidos, que esto ligados s
atividades das empresas clientes.
b) PESSOAL: compreende a contabilizao das atividades de admisso,
manuteno e demisso de empregados e colaboradores, ligados s
atividades das empresas clientes.
c) CONTBIL: compreende a contabilizao dos fatos e atos ocorridos na
empresa cliente e levantamento das Demonstraes Contbeis e
Financeiras.
d) CONTROLADORIA: compreende as atividades de elaborao de relatrios
contbeis para controle da empresa cliente.
A interpretao de que as empresas contbeis consistem em processos
leva alterao da concepo departamental. O mapeamento dos processos
empresariais com o detalhamento das atividades e tarefas facilita a aplicao da
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gesto por atividades, possibilitando alcanar a vantagem competitiva no
ambiente concorrencial.
Shank e Govindarajan (1997) e Porter (1989) afirmam que a vantagem
competitiva no mercado advm de oferecer mais valor ao cliente por um custo
inferior. Contudo, a cadeia de valor da empresa no deve ser o nico elemento a
ser enfocado para o gerenciamento, necessrio considerar tambm o ambiente
externo onde a empresa est inserida.
2.5 Modelo de Gesto
Um modelo , por definio, uma abstrao da realidade. uma
representao simplificada de algum fenmeno do mundo real. [...] Podem ser
usados na visualizao de um processo altamente complicado e na nfase de
uma dimenso especfica. (ROBBINS, 1978, p.71-72).
Os modelos ajudam a compreenso de relaes complexas, substituindo a
complexidade por simplicidade. Segundo Beuren (1998, p.36), o modelo de
gesto uma representao terica do processo de administrar uma organizao,
a fim de garantir a consecuo da misso para a qual foi concebida.
A misso das empresas contbeis impactada pelas crenas e valores das
pessoas que executam as atividades, e esto implcitas no seu comportamento,
hbitos e costumes que caracterizam as relaes de pessoal. Nesse sentido,
Crozatti (1998, p.45) afirma que as principais caractersticas do modelo de gesto
podem ser elencadas da seguinte forma:
o principal formador da cultura organizacional;
determina as linhas de poder;
estabelece as principais formas de ao na empresa;
determina a importncia das coisas, ao estabelecer critrios de anlise
de desempenho.
Ainda, segundo esse autor, o modelo de gesto relevante aquele que
prov a cultura organizacional, idealizado com base nos seguintes aspectos:
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a) Processo de gesto: necessrio realizar o planejamento estratgico,
com o fim de obteno das diretrizes do planejamento operacional; a fim
de garantir a eficcia necessria continuidade, e o controle dos
resultados de acordo com os planos.
b) Autoridade e responsabilidade dos gestores deve ser compatvel com a
funo: necessria a identificao clara dos resultados de cada gestor
com as decises implementadas na gesto dos recursos disponveis
para execuo de suas atividades. Nesse sentido, para o
gerenciamento dos custos de nveis hierrquicos, utiliza-se o custeio por
atividades como pertinente a autoconfiana do gestor.
c) Processo decisrio: deve ser compatvel com o poder fundamentado no
conhecimento, deve ser descentralizado nas reas especialistas, de
forma a motivar os gestores a melhor utili