4P Metodologia de to de Comunicacao

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Desenhando uma estratégia de comunicação Oficina 4-P Lessons from the field: consevation awarenes ____________________________________ Lições de campo: conscientizar para conservar ______________________________________ Rosi Cheque – Tradução e ilustração Haroldo Castro – Fotografia 'HVLJQLQJD&RPPXQLFDWLRQ6WUDWHJ\ The 4-P Workshop

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Desenhando uma estratégia de comunicação Oficina 4-P

Lessons from the field: consevation awarenes

____________________________________

Lições de campo: conscientizar para conservar ______________________________________

Rosi Cheque – Tradução e ilustração

Haroldo Castro – Fotografia

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The 4-P Workshop

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APOIO: Conservation Internacional – CI

The World Conservation Union – IUCN Commission on Education and Communication - CEC

______________________________________

Lições de campo: conscientizar para conservar ______________________________________

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Conservação Internacional A Conservação Internacional – CI acredita que o patrimônio natural da Terra será mantido se todos estiverem envolvidos espiritualmente, culturalmente e economicamente. Nossa missão é conservar o patrimônio de vidas naturais do Planeta, nossa biodiversidade global e demonstrar que as sociedades humanas são capazes de viver harmonicamente com a natureza. Conservation International 1919 M Street, NW, Suíte 600 Washington, DC 20036 – USA (1-202) 912-1000 www.conservation.org [email protected] Commission on Education and Cmmunication IUCN – The World Conservation Union Rue Mauverney 28 CH-1196 Gland – Switzrland (41-22) 999-0283 2006 Conservation Internacional ISBN: 1-881173-91-7 Produção: Comunicação Global da Conservação Internacional Cr iadores da M etodologia 4-P: Flavia Castro e Haroldo Castro Autores: Robin Abadia, Flavia Castro e Haroldo Castro Contribuições: Andréa Margit, Amalia Firman e Mery Ruth Mariaca Editores: Shannon Early, Andréa Margit, Megan MacDowell e Daniela Lerda Designer: Fernando Urrea Gerente de produção: John Martin Fotografia (frente e verso): Haroldo Castro e John Martin Tradução e ilustração: Rosi Cheque *Nota do tradutor Visto a tradução ser livre, não me atentei em checar dados e/ou informações citadas na obra. Por conta da limitação de conhecimento sobre o tema, bem como de entendimento confuso de alguns parágrafos, a transcrição, em alguns momentos, se faz ora por aspas ( “ ...” ) ora por barra ( / ). Alguns termos util izados especificamente pela CI podem ter tido suas traduções descontextualizadas, logo, somente tal instituição poderá clarificá-los. Procurei ser, na transcrição, o mais fiel possível ao conteúdo do original. Vale ressaltar que a presente versão é para uso interno da Rede Brasileira de Educação Ambiental – REBEA (www.rebea.org.br). A presente tradução teve somente o aval verbal de seus autores, portanto, a reprodução total ou parcial é proibida (Lei 9.610/98). Impresso em papel reciclado

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CONTEÚDO

PREFÁCIO.......................................................................................................................................5 ANTECECENTES............................................................................................................................7

História da metodologia................................................................................................8 Descrição da oficina......................................................................................................9 Pensamento estratégico...............................................................................................10 Perguntas mais freqüentes...........................................................................................12

COM O ORGANIZAR UM A OFICINA 4- P...............................................................................15 Definição do foco da oficina.......................................................................................16 Preparando a oficina....................................................................................................17 Programa da oficina....................................................................................................18 Escolha do local..........................................................................................................19 Seleção dos participantes............................................................................................20 Envio de convites........................................................................................................22 Escolha dos apresentadores.........................................................................................23 Seleção da equipe e facilitadores................................................................................24 Materiais necessários..................................................................................................25 Orçamento...................................................................................................................26

COM O FACIL ITAR UM A OFICINA 4-P..................................................................................27

Abertura da seção........................................................................................................28 Apresentação dos participantes...................................................................................30 Primeiro P: Problemas................................................................................................31 Segundo P: Públicos....................................................................................................37 Terceiro P: Produtos....................................................................................................45 Quarto P: Plano...........................................................................................................53 Fechamento da seção..................................................................................................59

ESTUDOS DE CASO.....................................................................................................................65

Madagascar: aplicação da metodologia 4-P em diferentes escalas.............................67 Indonésia: chamando parceiros para discutir a questão do corte ilegal de árvores.....75 Bolívia: desenhando uma campanha de apoio ao Parque Nacional Madidi...............87 Brasil: despertar o interesse de Corredores em áreas de tensão na Mata Atlântica....97

ANEXO..........................................................................................................................................107 Lista para organizar uma oficina 4-P........................................................................108 Press release – modelo..............................................................................................109 4-P: exercícios...........................................................................................................110 4-P: outros conceitos.................................................................................................111 Leitura adicional.......................................................................................................112

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Prefácio COMPARTILHANDO NOSSA EXPERIÊNCIA

Conservação Internacional – CI, desde 1991, tem trabalhado em todas as partes do planeta desenvolvendo e executando programas de comunicação e consciência ambiental. Durante esse período, temos compartilhado uma visão comum e metas com muitas comunidades, organizações, governos e parceiros do setor privado interessados na conservação da biodiversidade. Essas

experiências têm ajudado a definir nossa abordagem, compartilhar lições e, assim, também aprender uns com os outros. Esta publicação é a primeira de uma série e pretende, de uma forma simples e prática, documentar e compartilhar a experiência e o aprendizado da CI na área da consciência para a conservação da natureza. Este volume divide-se em quatro partes: “Antecedentes” onde são fornecidas informações contextuais sobre a metodologia, incluindo a experiência da CI, os desafios enfrentados e os êxitos alcançados. A seção “Como organizar” mostra, em linhas gerais, os passos que os comunicadores e educadores da CI têm seguido para implementar a metodologia. Em “Estudos de caso” há uma coleção de narrativas que detalham como a metodologia foi implementada em diferentes regiões, levando em conta seus desafios específicos de conservação. As histórias de campo descrevem e ilustram como a metodologia é flexível o suficiente para ser implementada trazendo resultados sólidos em vários contextos. Cada parte dessa série, igualmente, fornece recursos adicionais no tópico “Anexos”. Esta publicação objetiva, ainda, enfocar o desafio da comunicação e da educação como ferramentas à conservação e pode ser usada para muitos propósitos, ou seja, pode ser uma ferramenta útil tanto aos parceiros quanto à organização. A obra, decerto, será distribuída em conferências e encontros onde o corpo docente da CI e os parceiros são questionados/solicitados a compartilhar informações com relação às metodologias e lições aprendidas. Finalmente, a obra pode ser usada como um passo a passo (guia) para facilitadores implementarem atividades similares. Este volume introdutório enfoca o plano estratégico – o primeiro e, talvez, o componente mais crítico para estabelecer o sucesso de iniciativas conservacionistas, visto o foco provir de um processo criativo e participatório para se desenhar planos de comunicação e de educação para a conservação. Este, por sua vez, busca integrar a percepção e a colaboração para a estabilidade local via participação de especialistas de várias áreas das ciências sociais, artes e administração. Essa colaboração é importante para a viabilidade/sucesso de campanhas cuja meta é despertar o interesse/consciência para as questões ambientais. Esse aprendizado é ressaltado aqui em quatro estudos de caso, convidando leitores e praticantes a exercitar o pensamento crítico sobre a aplicação de planos estratégicos que foram desenvolvidos em projetos de comunicação no Brasil, na Bolívia, na Indonésia e em Madagascar. Acreditamos que uma estratégia segura para a consciência para a conservação inclui a identificação de parceiros compartilhando missões complementares ou similares, bem como o desenvolvimento de uma profunda análise ambiental de modo a examinar questões locais relevantes como mensagens e ferramentas e a implementação e o monitoramento da evolução dos resultados. Portanto, este volume é o começo de um diálogo sobre o campo orientado para o despertar da consciência para a preservação. Já para uma visão mais ampla de todo o processo do plano de estratégia para campanhas conscientes consulte os “Anexos”.

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A

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Prefácio A extensão de intenções do público para esta série é intencionalmente ampla. Ela inclui responsabilidades individuais e em organizações não governamentais (ongs); docentes para áreas protegidas e trabalhos em parques oficiais com comunidades locais; instituições interessadas em aprender mais sobre metodologias de comunicação; governos (outros) que desejam desenvolver atividades de educação ambiental; estudantes e/ou pesquisadores que desejam aprender mais práticas nessa esfera; e outros interessados em influenciar o conhecimento, atitudes e condutas de seus públicos. Muitas pessoas ajudaram a inspirar e a criar a Oficina 4-P. Agradecemos aos diretores por reconhecer e estimular a equipe de profissionais que forma nossa instituição fazendo-a um sucesso no que tange a conservação. Sem este suporte não estaríamos na posição de compartilhar tantas experiências valiosas com nossos parceiros. Também, é importante reconhecer o papel vital desempenhado pelo corpo docente, especialmente os comunicadores e os educadores envolvidos no trabalho duro do dia a dia em implementar os programas. Esses profissionais dedicados contribuíram para a adaptação e implementação da metodologia 4-P. A CI agradece, do mesmo modo, a Agência para o Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos, ao Banco de Desenvolvimento das Nações Unidas, ao Crédito de Meio Ambiente Global, ao Fundo da Associação de Ecossistema Crítico, ao Banco de Desenvolvimento Alemão – KFW, a União Européia, ao Banco de Desenvolvimento Interamericano e ao Banco Mundial, tanto quanto aos parceiros da CI como J. Walter Thompson, John e Catherine T. MacArthur e Gordon e Betty Moore por serem coadjuvantes no desenho e na implementação da CI Comunicações em vários países. A distribuição desta publicação é feita em duas partes e conta com o apoio da União Mundial para a Conservação da Natureza – IUCN’s; Comissão sobre Educação e Comunicação - CEC, assim como o Ensino e Aprendizado em Rede da IUCN’s. Desde o V Congresso Mundial de Parques, em setembro de 2003, a CEC e a CI vêm trabalhando, constantemente, para amparar os comunicadores dedicados na conservação da biodiversidade. Ambas organizações reconhecem a função da comunicação estratégica e compartilham uma meta comum de construir capacidades e melhorar resultados no que tange o aprendizado e a consciência ecológica. Reconhecemos a contribuição da CEC que nos ofereceu o dobro de cópias, fazendo com que essa publicação se estendesse aos comunicadores e ambientalistas do mundo inteiro. Finalmente, agradecemos a todos os parceiros da CI e aos investidores que têm participado e compartilhado conosco suas infinitas criatividades, energias, verdades e ideais, ajudando na melhoraria e na liberação de programas de conservação em toda parte do Globo.

Haroldo Castro

Vice Presidente de Comunicações Internacionais da CI Washington, março de 2006

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ANTECEDENTES

História e metodologia da oficina 4-P

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Antecedentes: histór ia HISTÓRIA DA METODOLOGIA O esforço inicial da Conservação Internacional – CI focou, primeiramente, a consciência conservacionista* produzindo vídeos documentários para atender o público nos países em que a CI trabalha, realçando, com isso, o desafio da conservação regional. O sucesso dessas campanhas em vídeo ilustrou a necessidade de criar auxílio às comunidades, tomadores de decisões, jornalistas e educadores. A experiência ganhou campanhas nos arredores locais tornando clara que se podia generalizar atividades de comunicação/educação ambiental em diversos países desde que ampliadas uniformemente. Por essa razão, desenvolvemos uma estratégia de comunicação num desenho metodológico que levasse em conta as realidades do local dentro de uma ampla ordem de contextos culturais. Entretanto, ela não foi suficiente para o resultado estratégico adequado à realidade. Por isso, descobrimos que o processo para se desenhar a estratégia precisava ser participativo. De um lado, percebemos que os campos de desenvolvimento de comunicação têm documentado a importância do uso de estratégias participativas dentro de metodologias numa seqüência a realizar resultados mais apropriados tão bem quão realçados no “abastecimento/compra” dos atores locais. De outro, observou-se que esse tipo de plano ajuda a criar um modelo de comunicação de “mão dupla” que leva em conta a reação da intenção do público desde o começo. Percebemos, então, que os resultados das iniciativas foram bem mais sucedidos, pois eles integraram a participação ao conhecimento local, nacional e, em alguns casos, englobaram investidores internacionais e técnicos. A metodologia 4-P começou a tomar forma em 1995 quando a CI foi convidada a criar uma estratégia de comunicação para a baía de Cartagena, na Colômbia. Participaram 35 comunicadores, ainda ambientalistas, empresários e autoridade local que, ao longo de seis dias, se reuniram para discutir uma iniciativa de comunicação que fosse efetiva. Esse encontro foi o ponto inicial para a Metodologia. Após o evento, a CI pensou em desenvolver, bem como ampliar, técnicas de agências de publicidade, conceitos de marketing e várias metodologias de oficinas para complementar àquela experiência inicial. O resultado final foi a metodologia 4-P, utilizada pela primeira vez em Chiapas, no México, em 1996. Desde então, ela tem servido como ferramenta primária da CI para desenhar, em todo o mundo, estratégia de consciência ambiental. Essa publicação foi lançada, oficialmente, em março de 2006, durante a Conferência das Partes – COP8 e até o presente momento a CI aplicou a metodologia por 40 vezes em 17 países e em 6 idiomas, atendendo mais de 1.300 participantes com suas larga variedade culturais. A metodologia 4-P tem sido adaptada, com sucesso, em muitos contextos, derivando em um único resultado para o local, regional e campanhas de consciência de ordem nacional. Contudo, originalmente concebida para o desenho de estratégias de comunicação, a metodologia, também, tem sido usada para estratégias de educação ambiental em níveis comunitário e nacional. O aprendizado coletivo, gerado nas oficinas, tem sido inestimável, permitindo a CI e aos parceiros implementarem numerosas campanhas de consciência ambiental. A Oficina 4-P tem, ainda, fortalecido laços com muitos patrocinadores/apoiadores na promoção de um consenso entre o desafio principal e seus engajamentos na proteção da biodiversidade.

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*O termo “ consciência conservacionista” pode significar diferentes coisas em diferentes contextos. A definição da CI foca a mudança de atitude, o conhecimento e a conduta de objetivos do público em favor da biodiversidade via técnicas de educação e comunicação. Essa publicação, ocasionalmente, usa o termo “ comunicação” permutável a “ consciência para a conservação” .

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Antecedentes: descrição DESCRIÇÃO DA OFICINA O ideal seria que a oficina 4-P reunisse entre 30 e 40 participantes (ambientalistas, comunicadores, educadores, especialistas em marketing, membros da mídia nacional e local, empresários, pessoal de áreas protegidas e tomadores de decisão) em 2 (dois) dias para apresentar os desafios da discussão e identificar as prioridades para a consciência ambiental. Durante a oficina, os participantes exploram os desafios de um ecossistema particular ou área protegida, identifica os objetivos de uma comunicação e/ou estratégia educacional; analisa os diferentes públicos e patrocinadores, seleciona a maior parte de ferramentas de comunicação com escopo a prioridade do público e, finalmente, compila toda essa informação dentro de um plano de ação. O nome “4-P” deriva de quatro seções principais da oficina:

• Avaliar os problemas de conservação para serem enfocados pela educação e comunicação; • Identificar e analisar o público da estratégia; • Determinar a grande parte de produtos apropriados para alcançar esse público; • Desenhar um plano de ação.

Após a oficina, as instituições organizadoras, normalmente, realizam uma reunião. É nesse encontro que o conjunto de decisões é selecionado, claro que mantendo o respeito no que tange a implementação, o orçamento, os fundos e corpo docente/equipe. Os resultados dos dois encontros são compilados em relatório que deve conter os dados sobre o público e as táticas quão bem o plano de ação desenvolvido pelos participantes da oficina. O plano de ação é, de várias formas, um forte instrumento. Se os fundos estão disponíveis ele pode ser usado, por exemplo, em um guia para a implementação da estratégia. Mas, se os fundos, ainda, não estiverem disponíveis, a informação pode servir de base para uma solicitação/proposta. Se o plano for implementado em conjunto a várias organizações este pode servir, ainda, como ferramenta para assegurar que todas as partes estejam, efetivamente, trabalhando em conjunto.

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Antecedentes: pensamento estratégico PENSAMENTO ESTRATÉGICO As verbas para a conservação são escassas, por isso, devem ser utilizadas com cuidado e diligência. Portanto, é necessário um planejamento crítico na ordem de se fazer uso mais efetivo dos recursos. Às vezes, é preciso uma opinião crítica sobre os projetos ambientais/campanhas que não oferecem impactos diretos nos resultados da comunicação e, portanto, essas campanhas/projetos têm, muitas vezes, prioridade pequena. A grande preocupação, no que tange as crises ambientais atuais, é que esse tipo de comunicação/educação tem soluções em longo prazo. A metodologia de planejamento estratégico da CI – Oficina 4-P – recorre a esse conceito e tem obtido sucesso em estimular iniciativas que, decerto, têm impactos diretos na preservação. Como uma organização, a CI se propõe a alcançar três resultados: 1 assegurar que espécies ameaçadas de extinção sejam protegidas; 2 criar, expandir e oferecer suporte às áreas protegidas; e 3 desenvolver corredores de conservação. Para defender/apoiar tais resultados, a metodologia 4-P está alicerçada em núcleos estratégicos: ciência, bem-estar humano e sociedade. Sabemos que a sociedade humana tem, também, o potencial de degradar o meio ambiente e sua biodiversidade com uma rapidez bem maior se comparada a ação “natural”. Por isso, a consciência para a conservação pode ajudar essas sociedades a entenderem que a biodiversidade é vital ao bem-estar humano, deste modo, promovendo a sustentabilidade e o uso biológico/racional dos recursos. A oficina 4-P envolve cientistas, patrocinadores e parceiros interessados em desenvolver estratégias de comunicação que liguem a conservação dos recursos naturais ao bem-estar humano, como meta de engajamento de suporte para efeito/resultado conservacionista: espécies, áreas protegidas e corredores. Os exemplos seguintes ilustram como a consciência para a conservação pode trazer benefícios e resultados. Para “proteção das espécies” ela pode:

• Instigar orgulho pela herança das regiões naturais e respeito à natureza pelo uso de espécies capitânias que representam a única biodiversidade da região;

• Buscar uma nomenclatura especial para espécies capitânias na ordem de proteger a terra e a espécie;

• Informar e educar os consumidores sobre as implicações e conseqüências pelo uso indevido das espécies ameaçadas pelo comércio ilegal, medicina tradicional ou consumo de animais/plantas nativos;

• Realçar ameaças, tanto quanto à caça, invasão de propriedades e habitat e seus efeitos sobre a viabilidade das espécies local;

• Promover os serviços de ecossistemas de espécies e paisagem natural (ex: dispersão de sementes, controle das inundações e erosões, etc.) e como as pessoas se beneficiam com o suporte conservacionista;

• Dissipar mitos sobre os conflitos humanos/selvagens e aumentar o entendimento público dos diferentes planos de opções e planos de conservação.

Para “áreas protegidas” pode-se:

• Apoiar o estabelecimento (ou propor administração) de novas áreas protegidas, através de um trabalho de educação com os tomadores de decisões/públicos sobre os benefícios de tais áreas;

• Encorajar a expansão de existência de áreas protegidas pela comunicação e seus benefícios, realçando exemplos de sucesso de expansão em outras regiões;

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Antecedentes: pensamento estratégico • Divulgar algumas decisões para estabelecer/instituir ou expandir áreas protegidas pela constituição

política/eleitorado da região e da comunidade internacional; dando incentivo aos tomadores de decisão;

• Solicitar suporte público e político às áreas protegidas que podem estar sob ameaça de projetos desenvolvidos;

• Acumular apoio por meio das comunidades local, que residem nas e/ou próximas às áreas protegidas, promovendo transparência de informação e realçando a confiança/responsabilidade;

• Aumentar o entendimento geral dos princípios ecológicos e de como as áreas protegidas são essenciais em suas funções;

• Ajudar a desenvolver comunidades em um plano de administração/gerência por sua capacidade em participar da conservação.

Para “corredores de conservação” pode-se: • Educar os apoiadores/patrocinadores sobre o conceito de corredor (o que é, o porquê de sua

importância, etc) e de como a participação pública em um corredor é essencial ao futuro da conservação da biodiversidade naquela área;

• Defender/apoiar o estabelecimento de novos corredores via informação e educação e através de leis/política;

• Dissipar mitos e equívocos sobre corredores para assegurar que a informação exata seja disponível e seja facilmente disseminada;

• Conduzir pessoas por meio da geopolítica numa condição a encorajar e dar assistência para a implementação de projetos de corredores multinacional;

• Disseminar informação aos mais diversos públicos sobre como os corredores podem beneficiar as metas de desenvolvimento de uma região;

• Promover a sustentabilidade e as práticas amigáveis do uso da terra e da biodiversidade.

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Antecedentes: PM F PERGUNTAS MAIS FREQUENTES Os tópicos seguintes estão mais bem esclarecidos na seção “Como” dessa publicação. De qualquer modo, as Perguntas Mais Freqüentes – PMF e relevantes em uma oficina são: Quanto tempo leva para esboçar uma oficina 4-P? A CI recomenda, aproximadamente, 2 (dois) meses, contudo, pode ser em menos tempo. Os organizadores precisam de tempo suficiente para providenciar o local, organizar a logística, identificar e convidar participantes e apresentadores. Qual é o custo? O custo depende inteiramente da escolha feita pelos organizadores. Os itens de maior orçamento são o local (que pode ser assegurado, muitas vezes, por voluntariado ou remuneração pequena), transporte e alojamento dos participantes, bem como dos facilitadores (quando necessário), refeições e demais suprimentos. A oficina pode ter um suporte próximo ao local de conservação que representa o foco da campanha ou até mesmo na capital da cidade e, neste caso, há os custos de viagem, o que depende, e muito, da diversificação do local. A CI geralmente cobra entre US$ 5,000 e US$ 15,000 por oficina, sendo que neste último estão inclusas as viagens internacionais para os facilitadores e/ou conjunto de participantes. Por que eu criaria uma estratégia usando a 4-P ao invés de eu mesmo escrevê-la? A estratégia é muito mais rica dada a quantidade de pensamento criativo das inúmeras pessoas interessadas. Adicionalmente, o entusiasmo resultante do plano é melhor quando criado de uma forma participatória. Os patrocinadores, parceiros e a equipe de docentes/assistentes têm um maior senso de envolvimento e “compra” o plano diferentemente se este tivesse sido criado por uma pessoa ou equipe pequena. A metodologia pode ser usada como estratégia de educação ambiental? Apesar dela ter sido desenvolvida para a comunicação, a oficina tem sido adaptada para criar estratégias de educação. Esta publicação oferece algumas diretrizes adaptadas para a educação, tais como a relevante seleção dos participantes (veja na página 20). A oficina pode ser “enxugada”, isto é, realizada em um só dia e somente com equipe interna? A profundidade e a criatividade em busca dos resultados podem ser comprometidas em organizar a oficina em apenas 1 (um) dia, tanto que a CI recomenda que a oficina seja integral tão quão possível. De qualquer modo, se a oficina 4-P não puder ser organizada devido o capital (custos) ou por prazo de entrega (deadlines) é possível organizá-la em um dia, para tanto basta ler o “4-P Exercício”. Essa seção de plano interno cobre, ainda, os aspectos fundamentais de uma oficina completa, mas sem os benefícios das perspectivas externas e sem a “compra”. A seção da manhã é reservada para momentos de distração/idéia luminosa e escopo do consenso sobre os problemas prioritários e público-alvo/objetivos. Já a seção da tarde cobre os produtos e o plano final. Preciso fazer uma pesquisa antes da oficina 4-P? Nenhuma pesquisa formal é exigida antes de uma oficina 4-P. Por mais que ela seja proveitosa no acesso à informação com relação aos objetivos/público-alvo, os dados do “comportamento”, apuração da opinião pública e lições aprendidas dos esforços e das comunicações prévias na área, aqui, não se fazem tão necessárias, pois a CI tem conduzido uma linha-base de estudos de público-alvo antes mesmo de prosseguir/considerar a oficina 4-P. Os resultados ajudam a informar o processo de estratégia. Durante a oficina há, ainda, duas ou três apresentações feitas por especialistas da área de conservação e/ou comunicação que suprem a necessidade de uma pesquisa formal.

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Antecedentes: PM F Preciso ter permissão da CI para usar a metodologia? Nenhuma permissão formal é exigida. De qualquer modo, seria apreciado se a CI fosse reconhecida como criadora da metodologia durante a apresentação/introdução feita pelos organizadores da oficina. Adicionalmente, a CI sempre está interessada em ouvir organizações e indivíduos que têm implementado sua metodologia e que tem obtido retorno. Alguém da CI pode ser convidado para facilitar a oficina? A CI tem treinado facilitadores para conduzir a oficina 4-P em muitos países onde existe um comunicador ou educador da equipe. Porém, sua disponibilidade depende de muitos fatores que inclui, por exemplo, se a oficina está sendo organizada em benefícios de áreas geográficas prioritárias para a CI. Em que momentos a CI NÃO recomenda o uso da metodologia 4-P para criar uma estratégia? Se os organizadores não têm intenção de usar os resultados o melhor é não empregar a oficina 4-P. Seria desastroso se os participantes da oficina se entusiasmassem coletivamente com a iniciativa criada e depois percebessem que seus esforços foram em vão. Além disso, se há algum conflito entre o conjunto de apoiadores no projeto a oficina 4-P não é a metodologia correta a ser aplicada. Ela é um processo criativo que exige vontade e colaboração de todos os participantes. É válido enquanto existir oportunidades para discussões saudáveis e debates durante a 4-P, pois ela não trabalha como uma ferramenta de resolução de conflitos. Em muitos outros casos, porém, a oficina 4-P é uma grande forma de conduzir as pessoas a falarem/discutirem sobre a mudança de pensamento/consciência. Os participantes recebem algum tipo de pagamento por compartilhar da oficina 4-P? Pagamentos ou remunerações, geralmente, não são fornecidos. Caracteristicamente, os organizadores cobrem todos os custos relacionados ao local, a alimentação, ao transporte e ao alojamento para os participantes e facilitadores e, portanto, não seria necessário fornecer pagamento. Adicionalmente, é esperado que os participantes compareçam à oficina com entusiasmo real em contribuir e em colaborar sem um interesse de geração de renda. Todavia, essa decisão pode ser estudada caso a caso visto haver muitas exceções. Por exemplo, membros da comunidade local podem precisar ser “recompensados” por conta do dia perdido de trabalho, pois deixaram de receber o “salário” resultante da colheita/safra ou pesca/pescaria. A CI tem fundos para apoiar organizações que desejam implementar/implantar a oficina 4-P? Embora a CI não tenha uma linha de financiamento para programas de projetos conservacionistas, os fundos “disponíveis” para tais iniciativas muitas vezes incluem um componente de desenho estratégico para atividades de conservação. A fonte/capital da CI está relacionada ao Fundo da Associação de Ecossistemas Críticos (www.cepf.net) e ao Fundo Global de Conservação (www.conservation.org/xp/gcf). Os jornalistas podem, em suas matérias, escrever sobre os procedimentos da oficina? Embora a participação dos jornalistas seja muito importante, eles não deveriam freqüentar a oficina com a intenção exclusiva de escrever artigos sobre a estratégia ou sobre o processo da oficina. Eles são convidados a compartilhar com os demais participantes. Contudo, é comum jornalistas realizarem entrevistas com alguns participantes como, também, entrevistarem facilitadores para discutirem sobre a metodologia. Nenhum artigo escrito “desvelará” a estratégia visto ser prematuro fazê-lo. Mais informações sobre esse tópico basta ler a seção “Como”. A oficina 4-P pode ser “vendida” aos participantes como um curso de treinamento? Embora a assembléia seja uma grande oportunidade para compartilhar experiências e aprendizado coletivo, a oficina 4-P não está desenhada para ser uma ferramenta de construção de capacidades.

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Antecedentes: PM F O único propósito da técnica é construir uma comunicação e/ou um plano de educação para conservação. Todavia, os facilitadores, muitas vezes, encorajam os participantes a aprender sobre a metodologia se eles estiverem interessados em aplicá-la em outros contextos. Não existe um facilitador certificado ou um curso de treinamento formal sobre a metodologia. Cópias dessa publicação podem ser distribuídas aos participantes interessados ou quem desejar pode contatar-nos solicitando um exemplar ou mais informações. Como obtenho mais informações? Qualquer pessoa interessada em aprender mais sobre a metodologia 4-P é convidada a contatar nosso departamento via e-mail [email protected].

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COMO ORGANIZAR

uma oficina 4-P

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Como organizar: foco DEFINIÇÃO DO FOCO DA OFICINA A oficina 4-P tem sido usada para definir estratégias de comunicação para diferentes áreas e cobre diversos temas. Ela tem sido útil em nível comunitário, mas, também em todo um ecossistema, em área protegida, em corredor e/ou em nível nacional. Contudo, quanto mais focada a oficina mais os objetivos/públicos teriam resultados. A oficina ganharia associados tanto quanto instituições governamentais, corporações e ongs para se construir consensos e apoiar amplamente as metas estratégicas. A oficina 4-P também pode ser organizada ao redor de temas específicos ou divulgados na mídia, como espécies capitânias, uma espécie particular ameaçada, um comércio “carne de animal selvagem” ou corte ilegal. Essa metodologia foi pensada para criar estratégias tanto de comunicação quanto de educação.

EXEMPLOS DE TEMAS

México: Conhecer para conservar a Ecorregião do Golfo da Califórnia Madagascar: Importância Ecológica da Reserva Natural de Ankarafantsika Guiana: Estabelecimento do Sistema de Áreas Protegidas Brasil: Conhecer para Conservar os Corredores de Biodiversidade da Mata Atlântica

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Como organizar: preparação PREPARANDO A OFICINA Abaixo há uma lista dos passos primários para organizar uma oficina 4-P e mais detalhes de cada passo serão fornecidos, posteriormente, nesta seção. Encontro com o conjunto de parceiros – uma reunião entre o co-anfitrião e os organizadores da oficina é, muitas vezes, preciosa. Recapitular a existência de estratégias de comunicação e diagnóstico – tornar-se familiarizado com alguma linha de estudo e/ou esforços de comunicação como campanhas que já tenham sido realizadas naquela área. Conduzir o estudo da linha-base – se o tempo e/ou o dinheiro permitirem, obtenha dados de públicos em potencial. Esse exercício pode produzir elementos cruciais sobre o conhecimento do público, atitudes, habilidade e origem de informações preferidas tão bem quanto os hábitos da mídia. Selecionar dados – no mínimo são precisos 2 (dois) dias para a oficina, entretanto, é importante uma nova reunião, pós oficina, para a implementação de agência (as). O ideal é que o encontro aconteça na manhã seguinte a oficina para se “formatar” (fine-tune) os resultados, bem como discutir os próximos passos. Reserva do local – é preciso uma sala ampla de modo a abrigar todas as pessoas confortavelmente sentadas. O local deverá, também, ser capaz de produzir lanches e cafés. Convidar participantes –o número de convidados deve estar em torno de 40 pessoas que possuam habilidades específicas, conhecimento ou prática no tema no qual foi convidado a participar. Identificar facilitadores – o melhor é ter dois facilitadores para a oficina, com um facilitador sendo parceiro local e o outro para implementar a informação (se necessário). Seleção de apresentadores – durante a primeira manhã, e assim que todos os participantes tenham tido um entendimento similar dos objetivos, duas ou três pessoas apresentam as informações sobre os efeitos das ameaças/perigos da região. Essas apresentações gerais deverão cobrir temas ecológicos, econômicos, políticos e sociais. Designar a informação apropriada – em tempo integral a informação deverá ser digitada/datilografada, pois é preciso gravar/assinalar toda informação relevante gerada durante toda a oficina. Compra de materiais – Há uma lista de materiais importantes e necessários para a oficina, confira em “Material necessário”. Providenciar transporte e/ou abrigo (se preciso) – dependendo da localização da oficina os participantes poderão precisar de transporte para ida e volta ao hotel/alojamento. Preparar um comunicado à Imprensa (Press release) – se o tema é, particularmente, de valor noticioso ou se vir da fala de um tomador de decisão local, pode ser uma boa idéia publicar atividades da oficina na mídia, claro que isso deverá ser feito após ela ser concluída (confira em “Press Release Simples”).

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Como organizar: preparação PROGRAMA DA OFICINA A oficina 4-P está estruturada para acontecer em dois dias. O ideal é que os participantes cheguem à sala de reuniões entre 8h00 e 9h00 (ela também pode variar de acordo ao horário de trabalho da região) e terminar por volta das 18h00. A agenda da oficina 4-P se divide em quatro partes e cada seção leva em média meio dia (4 horas). Primeiro dia Manhã – Abertura e primeiro P: Problemas Tarde – Segundo P: Públicos Segundo dia Manhã – Terceiro P: Produtos Tarde – Quarto P: Plano e fechamento Terceiro dia Encontro interno dos organizadores anfitriões O encontro na manhã seguinte é útil para os anfitriões da oficina. O propósito dessa reunião é para definir os próximos passos na ordem de se fazer cumprir a estratégia delineada. Informações úteis sobre o encontro interno podem ser encontradas na seção “Como” deste livro.

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Alguns facil itadores têm encontrado dificuldade em completar a oficina em apenas dois dias. Se houver tempo disponível, os organizadores podem desenvolver a oficina em dois dias e meio, com a reunião ocorrendo, no 3o dia, após todos os participantes terem tomado o lanche. Essa versão prorrogada da oficina pode ser, particularmente, útil dentro das culturas que tendem a ficar um dia até mais tarde ou terminar mais cedo. M as, estendendo-se ao terceiro dia poderá haver impacto sobre o justo orçamento e uma noite extra para alojamento e alimentação dos oficineiros.

Quinto P: “Party!” Após a oficina os organizadores podem

realizar uma pequena recepção para agradecer aos participantes pelo tempo e juntos celebrarem os resultados obtidos.

AVISO

DICA

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Como organizar: localização ESCOLHA DO LOCAL A oficina 4-P pode ser presidida em uma sala de reuniões que seja confortável para acomodar 40 pessoas sentadas. É ideal que se tenha duas ou três salas menores ou áreas desocupadas para as paradas (lanches/breakfast). A sala de reuniões deve ter mesas, paredes limpas sobre as quais possam ser afixados grandes folhas de papel e dois flipcharts. Os apresentadores poderão precisar de um projetor de dados, um laptop e, possivelmente, uma TV/DVD/VCR. Há vantagens em se munir de lanches e coffee breaks. Na ordem de “ficar” (permanecer no local do programa) os participantes relembrariam, durante o lanche, as premissas do encontro. O ideal é que as reuniões aconteçam em:

• Um local que sirva de escritório para o anfitrião da organização (se possível grande) • Hotel – sala de conferência • Centro cultural • Instituições governamentais (local ou regional) • Universidade • Abrigos/alojamentos em áreas protegidas • Centro de Educação Ambiental • Salas de comunidade local

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Nota

Alguns oficineiros têm notado que participantes ficam mais focados nos procedimentos da oficina quando o endereço está localizado fora do cenário urbano e com menos distração. Por exemplo, a oficina pode ser realizada perto a uma área protegida, permitindo um passeio no campo um dia antes ou após o evento.

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Como organizar: par ticipantes SELEÇÃO DOS PARTICIPANTES A variedade de participantes é a chave da oficina. Isso porque os partícipes trabalhariam conjuntamente para criar a estratégia e cada pessoa convidada, certamente, teria contribuições relevantes para ser compartilhada. Esse conhecimento não precisa, necessariamente, vir da educação formal ou profissional; membros de comunidade local que vive com e/ou são afetados pelo tema em questão em suas vidas diárias, muitas vezes, têm contribuições importantes a dar aos participantes. O número ideal de membros em uma oficina 4-P está entre 30 e 40 pessoas. O ideal é que tais pessoas tenham as seguintes características:

• Interesse no assunto • Influência e respeito na comunidade • Conhecimento do tema em questão • Caráter/qualidade participatório e cooperativo

Além da equipe de organização responsável pela gerência ou pela execução do projeto, é relevante convidar representantes dos seguintes grupos:

• Ambientalistas e comunicadores e/ou sócios de organizações não governamentais (conservação, desenvolvimento, saúde, etc.).

• Ambientalistas e comunicadores de agências governamentais. • Especialistas em comunicação no campo da publicidade, relações públicas, promotores de eventos,

marketing e/ou design. • Representantes do setor privado, indústria ou comunidade local diretamente relacionada ao foco da

estratégia (se eles têm parte nos problemas e/ou soluções). • Sociólogos, economistas ou historiadores com cargo de direção regional. • Representantes da mídia (local, regional, nacional, incluindo uma variedade de veículos, tais como

impresso, on-line, radio e televisão) – veja informações adicionais sobre o convite aos jornalistas na página 22.

Para o foco da educação ambiental e/ou objetivos da comunidade local convide muitos dos participantes citados acima, entretanto, estenda o convite a/aos: • Líderes de comunidade local. • Representantes de organizações que trabalham com comunidades naquela região (exemplo, saúde

ou trabalhadores de extensão agrícola, desenvolvimento de jovens, organizações religiosas, etc). • Representantes de organizações indígenas. • Pessoas de áreas protegidas que interagem com a comunidade. • Professores de ensino primário e secundário. • Representantes do sistema de educação, como os membros regionais, do Ministério ou do

Departamento/Secretaria de Educação, especialistas em desenvolvimento curriculares, educadores em treinamentos, representantes de universidades, etc.

• Jovens que demonstram habilidades de lideranças e/ou líderes. • Pessoas do governo que são especialistas em meio ambiente, desenvolvimento comunitário e/ou

educação.

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Como organizar: par ticipantes

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DICA

N O T A

Os profissionais da mídia local, regional ou nacional são participantes valiosos por seu “insight” dentro de formas mais efetivas para disseminar informações através dos canais de comunicação de massa. Os jornalistas são convidados como participantes da oficina, contudo, não como repórteres. As histórias podem ser publicadas, entretanto, preferivelmente só depois da oficina ter sido concluída. É importante que os artigos não desvelem a estratégia antes dela ter sido implementada/praticada. Após a oficina, se for apropriado, um “Press release” poderá ser redigido e enviado à Mídia.

Cuidadosamente selecione pessoas de diferentes opiniões e perspectivas. Quando for produzir sua lista de participantes é importante pensar no equilíbrio e na representação.

Você provavelmente já tem uma linha-base ou um estudo da região, bem como os diversos grupos de pessoas essenciais para resolver temas de conservação específicos e que deseja convidar. Por exemplo, tema sobre conservação marinha - é sabido que a indústria da pesca tem uma equipe de jogadores, então, você identifica alguns grupos ou atores dessa indústria que possam ajudar a enriquecer o plano final. Geralmente, uma pessoa não pode representar todas as facetas daquele público. Esteja certo de que você possui, antecipadamente, representantes suficientes dos diversos públicos para que se possa desenvolver um entendimento completo da situação.

A CI não oferece aos participantes honorários e nem os remuneram, pois isso aumentaria significativamente os custos da oficina. Os partícipes compartilham seus conhecimentos durante essa energética atividade, especialmente pelos benefícios a uma causa importante. Os participantes, muitas vezes, consideram a oficina como uma oportunidade de trabalho em equipe e trabalho em potencial. Logo, os organizadores, na maioria das vezes, cobrem viagens e alojamentos de pessoas que não podem cobrir os próprios custos.

O B S E R V Ç Ã O

AVISO

A oficina deve ser encerrada somente

quando houver uma variedade coesiva de tópicos discutidos e o grupo já tenha compartilhado a meta e criado a comunicação e/ou a estratégia de educação. Na oficina 4-P não é para se debater metas maiores ou controversas ou, ainda, promover uma agenda particular. Lembre-se: a metodologia não foi desenhada como uma ferramenta para soluções de conflitos. É importante falar com certos participantes, como políticos, tomadores de decisão, apoiadores, etc para estarem preparados e não conversarem com os colegas na tentativa de desviar a discussão rumo a tópicos não produtivos/em discussão. Mas, se isso ocorrer convide a pessoa a uma conversa privada, durante o break e expresse um entendimento para suas perspectiva e juntos decidam se esse assunto é apropriado e se deve ser continuado.

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Como organizar: convites ENVIO DE CONVITES Os participantes devem receber os convites duas ou três semanas antes da oficina. A participação deve ser confirmada via fone, e-mail ou pessoalmente. Abaixo um exemplo simples de carta convite:

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Data Nome Endereço Prezado ________________: Você é, cordialmente, convidado a participar, em dois dias, de uma oficina para desenhar uma estratégia de comunicação de modo a aumentar a consciência sobre___________________ (foco da oficina). A atividade ocorrerá:

Local Data

O anfitrião do encontro é _____________ (organização) e conta com a facilitação___________ (nome, título, organização). O evento deve reunir 35 participantes, incluindo comunicadores, jornalistas, ambientalistas, tomadores de decisão, autoridades governamentais, membros da comunidade local e ____________. O objetivo é gerar idéias para uma iniciativa de comunicação, urgente, para conservação da ________________. A oficina utilizará uma metodologia desenvolvida pela Conservation International – CI chamada “Oficina 4-P”. O nome “4-P” deriva de quatro seções da atividade: Problemas, Públicos, Produtos e Plano. Durante a oficina, você ajudará a identificar e analisar os perigos/ameaças ao meio ambiente e, da mesma forma, os objetivos estratégicos; os objetivos e/ou prioridades que afetem esses públicos; os produtos específicos ou atividades; e, finalmente, um plano onde todos os parceiros poderão seguir para implementar a estratégia. A metodologia “4-P” já foi utilizada, com muito sucesso, mais de 40 vezes e em mais de 16 países. Caso precise de assistência com transporte e acomodação, por favor, contate-nos: _______________ (entidade proponente). Nome / telefone / e-mail Os organizadores também são responsáveis pela alimentação dos participantes da oficina. Esta é uma oficina altamente participatória e seus esforços serão adaptados no plano final da seção. Por conseguinte, desejamos contar com sua disponibilidade em juntar-se a nós e produzir valiosas contribuições nesse encontro. Desde já contamos com sua participação e agradecemos seu auxílio e seu tempo investido nesse importante evento. Mais informações: ________________ (dados: nome, fone, e-mail, endereço, etc) Cordialmente, Nome Título

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Como organizar: convites ESCOLHA DOS APRESENTADORES A seção da manhã do primeiro dia da oficina inclui duas ou três apresentações, cada uma não deve ultrapassar 10 (dez) minutos. Essas apresentações produzirão uma base importante aos participantes da oficina que estarão compartilhando informações básicas sobre o tema da atividade, tão quão as principais ameaças e as mudanças necessárias/efetivas na região. Essas apresentações são feitas, preferivelmente, com o uso de um projetor. Os apresentadores deverão ser selecionados, cuidadosamente, por sua habilidade/domínio em falar sobre as principais mudanças ou ameaças, assim como a necessidade da região e seus objetivos/público. Abaixo algumas dicas de possíveis pessoas com esse perfil:

• Diretor da organização anfitriã • Diretor principal de uma organização parceira • Diretor de uma área protegida • Representante do governo ou outro assistente VIP • Especialista com grande domínio sobre a área selecionada (em discussão) • Líder comunitário que está implantando projetos de conservação/educação ambiental

Se algum estudo foi realizado antes da oficina como, por exemplo, uma pesquisa, seria interessante um dos oradores apresentá-la para análise.

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Dica 2� LGHDO� p� FRQWDWDU� RV� DSUHVHQWDGRUHV� ���GLDV�DQWHV�GD�RILFLQD�H�GLVFXWLU�R�FRQWH~GR�H�R� IRUPDWR�GD� DSUHVHQWDomR��EHP�FRPR�SURGX]LU� VXDV� DSUHVHQWDo}HV�� �e�UHOHYDQWH�PXQL�ORV�FRP�R�SHUILO�GRV�SDUWLFLSDQWHV�GD�RILFLQD� H�DV�FRQGLo}HV�GR�ORFDO� �R�WLSR�GH�HTXLSDPHQWR��IDFLOLGDGHV�GLVSRQtYHLV�H�HP�TXDQWR� WHPSR� HOHV� GHYHP� IDODU��� 1mR�HVTXHoD�GH�OHPEUi�ORV�TXH�FDGD�XP�1®2�WrP�PDLV�TXH����PLQXWRV�SDUD�DSUHVHQWDU�R� SUREOHPD� DPELHQWDO� GD� UHJLmR� HP�GLVFXVVmR�H�TXH�VXD�DSUHVHQWDomR�GHYH�VHU�FODUD��VLPSOHV�H�GLUHWD��

Antes do início das

atividades, os apresentadores

deverão preparar um resumo de sua

apresentação para ser anexada ao relatór io final da oficina. Se isso não ocorrer, o

relator deverá preparar uma síntese ressaltando os pontos mais importantes da

apresentação.

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Como organizar: equipe SELEÇÃO DA EQUIPE E FACILITADORES Dois facilitadores responsáveis pelas dinâmicas, geralmente, conduzem a oficina 4-P. Um serve com “condutor” e o outro como “suporte”. Por isso, é importante ter dois facilitadores durante todo o encontro. Adicionalmente, há vários momentos onde um conduzirá o exercício da “idéia luminosa” e o outro anotará tais idéias no flipchart. Os dois facilitadores devem ter domínio da linguagem de todos os participantes que, por sua vez, falarão livremente em sua “linguagem” e no qual sentir-se-ão mais confortáveis na ordem de gerar idéias criativas. Se isso não for possível, um dos facilitadores deverá, no mínimo, “influenciar” para facilitar a discussão. É de grande valia que um dos facilitadores seja da região, pois essa pessoa está mais familiarizada com as “gírias” local. Os facilitadores deverão ter ajuda de no mínimo duas pessoas (preferencialmente da equipe organizadora) com as seguintes responsabilidades:

• Anotações – ele ou ela deverá redigir (laptop/computador) as informações produzidas na oficina. Todas as informações serão, primeiramente, gravadas/anotadas e, posteriormente, moldadas pelos facilitadores. Com exceção da abertura da oficina, pois essas não precisam ser gravadas. Ele/ela deve anotar todo conteúdo gerado, isto é, todo detalhe, já que a anotação é, particularmente, importante para a estratégia.

• Coordenador logístico – essa pessoa é o ponto principal para contatar o local, o serviço de buffet, o transporte, os materiais, etc. Os participantes devem se dirigir a esse coordenador caso haja alguma questão logística.

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Page 25: 4P Metodologia de to de Comunicacao

Como organizar: mater iais MATERIAIS NECESSÁRIOS Para a oficina, é necessário o seguinte material:

• Duas plataformas de flipchart e, no mínimo, quatro flipcharts cheios • Fita adesiva (para colar as folhas de flipchart à parede) • Cartolina – preferencialmente colorida • Caneta Pillot – colorida para marcação nos flipcharts • LCD ou projetor • Bloco de notas para os participantes • Canetas ou lápis • Folhas para lista de presença • Laptop • Câmera fotográfica (para fazer fotos dos grupos/procedimentos das atividades) • Material impresso – questionário sobre a evolução da oficina. Mais detalhes na seção “Como

facilitar: fechamento” deste livro (veja página 60) Dependendo do contexto cultural, algumas oficinas também incluem a seguinte opção de material: • Etiquetas com nome • Prêmios ou presentes aos participantes • Certificado de participação • Cartazes sobre a oficina 4-P • Agenda com detalhes da metodologia da oficina 4-P • Um banner ou pôster anunciando a oficina, que posteriormente poderá ser assinado por todos os

participantes • Cópias-guia da oficina 4-P para os facilitadores • Material de ofício

______________Desenhando uma estratégia de comunicação: oficina 4-P_____________ 25

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Dica É relevante ter um pôster ou flipchart

com o resumo da 4-P (Problemas, Públicos, Produtos e Plano). Este deve estar escrito em letras grandes e exposto em local bem visível. O cartaz servirá

como “auxílio” durante a explicação da metodologia e poderá ajudá-los a

lembrar onde estão dentro do processo (passo) da atividade.

Page 26: 4P Metodologia de to de Comunicacao

Como organizar: orçamento ORÇAMENTO O orçamento para uma oficina 4-P pode variar, enormemente, dentro de cada caso. Confira lista abaixo. O valor pode ser alterado visto variar de acordo com a região:

• Local alugado • Alimentação (dois lanches, quatro cafés/breaks e um ou três jantares – depende do número de

participantes que chegam ou saem do local da oficina) • Um relator • Hospedagem para facilitadores e participantes • Material impresso e mailing

Os seguintes itens do orçamento são opcionais:

• Presente aos apresentadores e/ou participantes • Recepção aos participantes

Material promocional (banners, camisetas, etc)

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Page 27: 4P Metodologia de to de Comunicacao

COMO

facilitar a oficina 4-P

Page 28: 4P Metodologia de to de Comunicacao

Como facili tar: abertura ABERTURA DA SEÇÃO

1. Boas-vindas pelo anfitrião da oficina – Tempo: 5 (cinco) minutos O anfitrião da oficina, geralmente o diretor da instituição que organizou o evento, abre a primeira seção com uma breve descrição do propósito da atividade. Ele ou ela agradece a todos os participantes por sua presença e encoraja-os a participarem ativamente no processo criativo. No final das boas-vindas, o anfitrião apresenta os facilitadores. 2. Comentários pelas autoridades locais – Tempo: 5 (cinco) minutos Em alguns casos, autoridades como funcionários do governo e ministros/secretários são convidados à oficina. Isso depende, é claro, da cultura do país. A presença de tais personalidades objetiva, dentre outras coisas, a publicidade estadual/suporte para a campanha e, certamente, para a conservação. 3. Apresentação dos facilitadores – Tempo 10 (dez) minutos O conjunto dessa apresentação é para mostrar o estágio (passo a passo) da oficina, bem como o entendimento da importância da comunicação para uma estratégia de comunicação. Essa introdução pode cobrir algumas das seguintes informações: • Reconhecer os participantes por suas presenças. • Realçar a importância da comunicação e da educação como componentes fundamentais em

esforços para a conservação. Estes têm um importante papel na construção da credibilidade, pois influencia tomadores de decisões, aumenta o conhecimento sobre áreas ameaçadas e aponta possíveis soluções.

• Realçar que a forma como nós nos comunicamos e/ou educamos é parte de nosso contexto cultural. Principalmente, se os participantes não são profissionais formais ou especialistas nessas áreas, entretanto, é bom frisar que eles estão aptos, suficientemente, para trazer grandes contribuições à oficina.

• Mencionar o valor da mudança de atitude à conservação, na qual inclui a necessidade de comunicar corretamente a “mensagem conservacionista” esta deve estar estrategicamente e cuidadosamente ligada aos objetivos públicos, mas para tanto é preciso usar as ferramentas corretas.

• Explicar, resumidamente, a história da metodologia. Dizer, por exemplo, que ela é o resultado da combinação de técnicas que incluem ZOPP (um plano de projeto de estrutura alemã) e de exercícios de agências de publicidade e marketing. (Informação sobre a história da metodologia foi dada na página 8 em “Antecedentes”).

• Deixar claro que a metodologia 4-P foi desenhada para incorporar os diferentes contextos culturais e sociais entre as regiões. Com grande sucesso, o modelo tem sido usado para desdenhar estratégias de comunicação e educação e já foi traduzido para seis idiomas e aplicado em uma variedade de países.

• Refletir sobre a estrutura da oficina e explicar, brevemente, o que significam os quatro “Ps” e como a oficina é organizada. Explanar que as dinâmicas, muitas vezes, incluem uma variedade de plenárias, de pequenos grupos de discussões e de contribuições individuais via cartões. Cada seção da oficina, geralmente, segue uma idéia luminosa/priorização/análise progressiva.

• Solicitar que as pessoas suspendam suas expectativas de resultados até a última seção, assim, cada seção constrói-se uma sobre a outra. Solicite-os para terem paciência e que sejam verdadeiros no processo.

• Convide-os para se empenharem ao máximo em cada seção da oficina, pois é com a participação deles que se criará a estratégia. Ressaltar a importância da presença de todos em todas as atividades programadas ao longo dos dois dias da oficina.

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Como facili tar: abertura

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DICA

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Page 30: 4P Metodologia de to de Comunicacao

Como facili tar: introdução APRESENTAÇÃO DOS PARTICIPANTES A seguinte técnica tem sido usada com sucesso na construção de uma atmosfera relaxada ao tempo em que estimula a participação ativa e compartilhamento da informação. O tempo da atividade é de 60 (sessenta) minutos. O que fazer:

• Organize os participantes em pares. O melhor é juntar aqueles que não se conhecem e/ou se conhecem de vista, mas nunca tiveram a oportunidade de conversar.

• Cada pessoa do par entrevista o outro e faz algumas anotações. Deve-se procurar saber os aspectos de interesse da vida dele (a). A atividade deve durar uns três minutos. As pessoas precisam ser encorajadas a falarem de seus hobbies, famílias, talentos, sonhos, objetivos, etc. Essa atividade é importante por revelar como é aquela pessoa por trás do título/posto ocupado. Essa atividade objetiva suprir as lacunas dos diferentes conhecimentos dos participantes.

• Após a pequena entrevista, cada par levanta e faz a apresentação do seu parceiro. Sintetizando ao máximo a entrevista. O tempo de apresentação é de dois minutos por pessoa. Lembre-se: os participantes não devem apresentar-se, já que é seu par quem deve apresentá-lo (a).

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Page 31: 4P Metodologia de to de Comunicacao

Como facili tar: problemas PRIMEIRO P: PROBLEMAS

s PROBLEMAS são as ameaças e/ou as mudanças ambientais que ocorrem, dentro de uma região, por conta de uma determinada circunstância. Esses são os alvos que a estratégia de comunicação

encabeçará para atingir a meta. Nessa seção, identificar e clarificar os problemas induzirá aos objetivos da campanha e mais tarde determinará o público a quem a mensagem será dirigida. Identificar e escolher públicos prioritários dentre muitos problemas não é uma tarefa fácil. O processo envolve múltiplos passos e inclui análise e discussão. Um dos maiores desafios dessa seção é “ajudar” os participantes a entenderem as diferenças entre causas e conseqüências de problemas. A seção PROBLEMAS se divide em cinco passos:

1. Apresentação do plano (30 minutos)

2. Identificar problemas (40 minutos)

3. Re-agrupar os problemas (30 minutos)

4. Priorizar os problemas (20 minutos)

5. Adotar objetivos para a estratégia (30 minutos) Cada passo é descrito e detalhado nas páginas seguintes. Os tempos limites mostrados são aproximados, mas o facilitador tentará concluir esses cinco passos em duas horas e meia.

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O

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Como facili tar: problemas PRIMEIRO PASSO: APRESENTAÇÃO DO PLANO Fixar a plataforma para identificação e definição dos problemas. A seção começa com duas ou três apresentações de 10 minutos sobre a região ou o ecossistema selecionado. Estes podem ser realçados pelo uso visual com o auxílio de slides em PowerPoint, vídeos, etc. (Tempo total da atividade: 30 minutos). O que fazer:

• Apresente cada orador (ou designe alguém para fazê-lo). • Durante cada apresentação anote a grande parte dos problemas e ameaças ressaltados pelo

apresentador e escreva um conjunto de palavras no flipchart de modo que todos possam visualizar. • Agradeça a cada orador por sua apresentação e, se desejar, realce algumas das partes mais

interessantes da informação compartilhada. • Ao final de todas as apresentações, analise com os participantes a lista de problemas.

Exemplos de apresentação de tópicos • Importância biológica da região • Ampla visão de ameaças ao ecossistema • Conhecimento Ecológico • Conhecimento histórico em termos de pessoas e recursos naturais • Objetivos cultural e social • Atividades econômicas incluindo tanto as ameaças quanto alternativas possíveis • Pesquisa que revelem o conhecimento das pessoas ou atitudes sobre a região, os objetivos, as

ameaças, etc

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<<<<<<CUIDADO>>>>>> Observe que este não é um tempo para o grupo vangloriar-se da história dela/dela nos esforços para a conservação e/ou para uma organização criticar outra.

Nota

Pergunte a cada orador se precisa de auxílio para

preparar uma síntese de sua apresentação para ser inserida

ao final do relatório.

Trabalhe com cada apresentador de antemão e assegure-se de que a informação apresentada é valiosa e relevante para a oficina. Veja se está de acordo ao limite de tempo disponível.

Pausa para o café 15 minutos

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Como facili tar: problemas SEGUNDO PASSO: IDENTIFICAÇÃO DOS PROBLEMAS Essa seção objetiva criar uma lista completa de problemas potenciais que podem ser dirigidos pela estratégia. (tempo: 40 minutos). O que fazer:

• Encaminhe ao flipchart aquela lista de problemas realçados pelos apresentadores. • Peça aos participantes para refletirem sobre a informação dada e solicite-os para que adicionem à

lista outros problemas. • Um debate “caloroso” pode surgir como resultado desse processo participativo e, certamente,

precisará ser mediado de acordo às “regras de conhecimento geral” que foram pré-definidas. (Releia página 29).

• Uma vez que todos tenham expressado seu/sua opinião sobre os problemas e a lista inicial ser criada, esteja certo em dar aos participantes uma última oportunidade de adicionar algo mais à lista.

• Enumere os problemas. Isso é valioso para o próximo passo.

EXEMPLOS DE PROBLEMAS IDENTIFICADOS DURANTE UMA OFICINA PRÉVIA • Corte e queima na agricultura • Carência/orgulho dos recursos naturais pelas comunidades locais • Consumo excessivo de animais e plantas selvagens/nativas • Carência no consenso para se promover a consciência ambiental na região • Acordos/instalações ilegais dentro de áreas protegidas • Fragmentação/destruição da floresta • Falta de política/legislação

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33

Nota Às vezes os projetos de conservação já conduziram pesquisas participativas para identificar problemas sócio-econômico e ambiental que afetam a região de interesse. Se esses problemas já foram identificados e analisados por terceiros o apresentador pode fazer um resumo da pesquisa e apresentar aos participantes. Todos poderão revisar tais resultados e se necessário “ modificar” a lista.

DICA: Se os mesmos problemas foram sugeridos mais de duas vezes (mas de forma diferente) ainda assim deverá ser anotado. Esse processo requer discrição pelo facili tador em discernir as diferenças descritas do mesmo problema, bem como revelar que este se encaixa em tal grupo. Por exemplo: “Carência de entendimento da importância da biodiversidade” e “Desconhecimento da relevância da biodiversidade” pode ser anotado como um mesmo item/grupo.

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Como facili tar: problemas TERCEIRO PASSO: REAGRUPANDO OS PROBLEMAS A lista de problemas pode ser organizada e agrupadas em categorias, tais como ecologia, sócio-político, cultural, econômico, e assim por diante. Esse processo de agrupamento ajuda os participantes a pensarem, uma vez mais, na demanda dos problemas e, além disso, oferece uma última oportunidade de adicionar desafios não identificados anteriormente. (Essa atividade deve durar 30 minutos). O que fazer:

• Olhe a lista de problemas e explique o exercício de re-agrupamento. Para tanto, dê exemplos de alguns problemas e de categorias que eles poderiam marcar/agrupar.

• Desenvolva a lista de categorias com o grupo, então, sugira um símbolo ou uma letra para representar cada categoria.

• Assim a equipe pode decidir em que categoria o problema melhor se adapta, então, escreva a letra ou o símbolo correspondente. Faça essa atividade até ter re-agrupado todos os problemas da lista original.

• Uma vez completado o exercício, o co-facilitador cria uma nova lista no flipchart e agrupa cada problema um abaixo do outro e em sua categoria apropriada.

• Ao final, escreva um número ao lado de cada problema na lista final para uso posterior.

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OBSERVAÇÃO: uma forma de analisar os problemas é o uso da técnica “Árvore de problemas”. Essa metodologia serve para definir os problemas e determinar suas causas de origem. Uma vez que as causas de problemas de conservação, dentro de uma área, tenham sido identificadas o grupo avalia a lista e decide as prioridades necessárias e urgentes para serem resolvidas via campanhas. Para mais informação sobre essa metodologia veja Matarasso (2004) em “ Anexos” .

Nota Se você seguir o programa corretamente não precisará, necessariamente, fazer a atividade da “árvore” , entretanto, ela é opcional. Continue a atividade e vá para o “Quarto passo” .

Page 35: 4P Metodologia de to de Comunicacao

Como facili tar: problemas QUARTO PASSO: PRIORIZAÇÃO DOS PROBLEMAS Os participantes precisam enxugar a lista de problemas na ordem de fornecer foco para a estratégia. (Essa atividade dever ser realizada em 20 minutos). O que fazer:

• Distribua cartões aos participantes. • Peça-os que identifiquem na lista o que eles/elas consideram ser os cinco problemas mais críticos e

“merecedores” da estratégia de comunicação. Peça-os para escreverem nos cartões somente os números. Lembre-os que a oficina visa criar uma estratégia que usa técnicas de comunicação e de educação para solucionar um problema.

• Com a ajuda de um voluntário recolha os cartões. • Confira/confirme os votos na folha de flipchart. • Realce os problemas que receberam mais votos e liste-os em uma nova folha de flipchart.

Geralmente, a lista final consta de cinco a oito grandes problemas. • Leia em voz alta os problemas finais para que os participantes identifiquem se há algum comentário

ou objeção a fazer.

EXEMPLO: Problemas priorizados em Palawan – Filipinas

(número de votos em parêntesis)

• Falta de informação sobre as leis ambientais (20) • Fraqueza em se fazer cumprir a lei (19) • Carência/falta oportunidade para as comunidades pobres (18) • Pesca predatória/métodos de “envenenamento” (15) • Carência de informação sobre as áreas protegidas em Palawan (14) • Alta taxa de crescimento populacional (13) • Falta de creches/destruição dos mangues (8) • Desmatamento e corte ilegal/queimadas (8)

_______________Desenhando uma estratégia de comunicação: oficina 4-P_____________ 35

Page 36: 4P Metodologia de to de Comunicacao

Como facili tar: problemas QUINTO PASSO: ADOTAR OBJETIVOS PARA A ESTRATÉGIA DE COMUNICAÇÃO Esse passo transforma os problemas em prioridades dentro dos objetivos. As finalidades guiarão o restante da oficina e será a base para a estratégia, tanto que é crucial que a lista reflita, claramente, a opinião da equipe. (Essa atividade foi programada para durar 30 minutos). O que fazer:

• Antes desse passo crie uma sentença/molde que abranja a meta da estratégia de comunicação, tão quanto “Para manter a integridade natural da Reserva da Biosfera de Maya uma estratégia de comunicação deveria...” ou “Para aumentar a consciência ambiental, em âmbito nacional, em Madagascar a estratégia de comunicação deverá ser dirigida a...” ou ainda “Uma estratégia de comunicação para o Parque Nacional de Madidi deveria...”.

• Explicar aos participantes que, como um grupo, eles deverão modificar os dizeres de cada problema declarado para uma declaração objetiva de modo a pedir ajuda na solução do problema. Dar um exemplo (como o abaixo).

• Enumere cada objetivo. Isso será valioso no final da oficina uma vez que tais números servirão de referência quando estiver desenhando o plano. Lembre-se de que os números não refletem a ordem de importância.

Exemplo: Objetivos principais para a estratégia de comunicação em Palawan nas Filipinas

Para se conservar a biodiversidade em Palawan a estratégia de comunicação deverá: 1. Informar a população local sobre as leis ambientais, bem como oferecer suporte no que tange se

fazer cumprir a lei. 2. Promover alternativas e/ou oportunidades ambiental saudável. 3. Encorajar a prática saudável/responsável da pesca, assim como promover campanhas contra a

pesca predatória e métodos ilegais de pescaria. 4. Informar a população local da importância e dos benefícios das áreas protegidas em Palawan.

_______________Desenhando uma estratégia de comunicação: oficina 4-P_____________ 36

NOTE: Dependendo da linguagem e da região, o uso

dos termos “ objetivos” e “ metas” são entendidos de

formas diferentes. Para propósitos desta oficina, os desígnios são declarações

amplas que suprem o comando da estratégia.

Car tõezinhos Se a oficina seguiu o programa, o facilitador pode esboçar os objetivos prioritários da estratégia depois do “ lanche” ou poderá criar grupos de pequenas palavras. Os objetivos do esboço são para explicar como a lista de problemas foi usada para criar declarações objetivas e positivas. Encoraje os participantes a compartilhar alguns assuntos e refinar esses objetivos.

ALMOÇO Tempo: uma hora

Page 37: 4P Metodologia de to de Comunicacao

Como facili tar: públicos SEGUNDO P: PÚBLICOS

s PÚBLICOS, identificados na plenária, compartilham um perfil comum para quem a mensagem de conservação será endereçada na ordem de atingir aos objetivos finais. É importante que cada participante simbolize/retrate cada um dos públicos diretamente ligados aos

objetivos de conservação regional. No Golfo da Califórnia, por exemplo, foram convidados pescadores, donos de companhias de pesca, operadoras de turismo, etc. outros convidados especiais são os “multiplicadores de informação”, os “líderes de opinião pública” ou, ainda, especialistas em áreas particulares de comunicação, como os jornalistas, educadores, artistas, etc. A seção PÚBLICOS se divide em cinco passos:

6. Criação de lista de públicos em potencial (30 minutos)

7. Organização dos públicos por âmbito geográfico (20 minutos)

8. Públicos prioritários (15 minutos)

9. Desenho do perfil do público-alvo (60 minutos)

10. Apresentação do perfil do público-alvo (80 minutos) Cada passo é descrito e detalhado nas páginas seguintes. Os tempos limites mostrados são aproximados, mas o facilitador tentará concluir esses cinco passos em quatro horas.

_______________Desenhando uma estratégia de comunicação: oficina 4-P_____________ 37

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Page 38: 4P Metodologia de to de Comunicacao

Como facili tar: públicos PRIMEIRO PASSO: CRIAR UMA LISTA DE PÚBLICO EM POTENCIAL Essa é uma seção de “idéia luminosa” coletiva designada a listar todos os possíveis públicos que possam estar relacionados com ou têm algum impacto sobre os objetivos totais da meta da campanha. (A atividade dever durar 30 minutos). O que fazer:

• Peça aos participantes para sugerir públicos principais relacionados aos problemas e objetivos prioritários. Explique que este público-alvo deve incluir pessoas que estão direta e indiretamente ligadas ao problema (para melhor ou para pior).

• Anote cada sugestão no flipchart. • Quando os participantes terminarem encoraje-os a pensar em públicos que possam ser incomuns,

mas que são importantes como parte do problema e/ou soluções para a questão da região. • Oriente-os para pré-escrever a lista de públicos em potenciais (tal como a lista abaixo) de modo a

reduzir as chances de ter esquecido algum público. • Oriente-os a retomar/observar cada objetivo destacado no primeiro “P” e peça ao grupo para

assegurar se todos os públicos relacionados e objetivos foram identificados. • Quando a lista estiver completa, enumere todos os públicos e escreva-os nas folhas do flipchart e,

depois, pregue-as sob a parede.

PÚBLICOS EM POTENCIAL

Governos / tomadores de decisão Jornalistas / profissionais da mídia Líderes e grupos religiosos Políticos Ongs Comércio local Líderes comunitários Educadores Comércio/negócios internacionais Org. de comunidades local Donas de casa Operadoras de hotel/turismo Associações indígenas Estudantes Turistas Usuários dos recursos (pescadores, madeireiros, etc)

Comunidade científica Escritórios de advocacia

Organizações apoiadoras/doadores Grupos de jovens Oficiais de áreas protegidas Guardas-parque Pesquisadores Público em geral

PARA UMA OFICINA DE EDUCAÇÃO OS PÚBLICOS EM POTENCIAL INCLUEM

Alunos (primário, secundário e terciário)

Pais Fazendeiros, pescadores, caçadores

Jovens fora da escola Médicos, trabalhadores agrícolas, etc Ministério da Educação Professores estagiários Grupos de jovens Comerciantes Diretores de escolas Cooperativas Programas universitários

_______________Desenhando uma estratégia de comunicação: oficina 4-P_____________ 38

Alguns grupos são importantes porque eles influenciam outros, a exemplo, jornalistas, professores, operadoras de turismo, etc. Esses grupos são, muitas vezes, chamados de “multiplicadores” por receberem mensagens de campanhas e disseminá-las. É valoroso observar essa distinção durante a “idéia luminosa” para que os participantes pensem em multiplicadores em potencial que possam ajudá-los na campanha. Dica

Page 39: 4P Metodologia de to de Comunicacao

Como facili tar: públicos SEGUNDO PASSO: ORGANIZAR OS PÚBLICOS POR ÂMBITO GEOGRÁFICO Olhe a lista geral de públicos previamente criada e, a partir de agora, os participantes podem criar uma lista de acordo com o âmbito geográfico. Este passo é opcional, se bem que, ele pode ser valioso para dar uma idéia geral da oficina, bem como para lembrar aos participantes que a estratégia de criação tem várias etapas e escalas. Por exemplo, uma iniciativa de “consciência ambiental” objetiva, também, o nível nacional que está fora do alcance do nível de educação comunitária/local, por isso, é relevante incluir esse passo na atividade. (O tempo limite é de 20 minutos). O que fazer:

• Divida os públicos em quatro categorias rotulando-os em “nacional”, “regional”, “local” e “internacional”. Às vezes, um público pode coincidir em estar em duas ou três categorias.

• Assegure-se de que todos os públicos foram enumerados (se é que eles já não estejam).

_______________Desenhando uma estratégia de comunicação: oficina 4-P_____________ 39

ATALHO

Se o tempo está “apertado” e o facilitador ainda desejar incluir esse passo, simplesmente marque na lista original as letras “L” (Local), “R” (Regional), “N” (Nacional) e “ I” (Internacional) de acordo com seu escopo. Para tanto, use cores diferentes na marcação, pois ajudará, futuramente, na distinção das categorias.

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Page 40: 4P Metodologia de to de Comunicacao

Como facili tar: públicos TERCEIRO PASSO: PÚBLICO PRIORITÁRIO Tanto quanto os problemas, o grupo agora precisará priorizar a maioria dos públicos relevantes que estejam relacionados aos objetivos. (o tempo para execução dessa atividade é de 15 minutos) O que fazer:

• Distribua um cartão com o índice para cada participante. • Peça a cada pessoa para listar os públicos que ele/ela considere prioritários. • Instrua os participantes para selecionarem cinco públicos. O grupo deverá somente escrever os

números correspondentes ao público, não o nome dos públicos, isso evitará confusão. • Recolha os cartões e confira os votos. Para ganhar tempo faça isso durante o café. • Enumere cinco ou seis públicos (global) prioritários e/ou dois ou três públicos que receberam a

maioria dos votos por categoria geográfica. • Realce alguns públicos considerados “multiplicadores” de informações como os profissionais da

mídia, educadores, operadoras de turismo que não foram inclusos nos “públicos prioritários”.

PÚBLICOS PRIORITÁRIOS PARA A CAMPANHA DE CORTE ILEGAL – INDONÉSIA (números de votos em parênteses)

• Governo nacional (23) (incluindo o distrito e o país) • Mídia / jornalistas (20) (incluindo editores e veículos internacionais) • Público geral (15) (principalmente urbano) • Local / comunidades indígenas (14) • Forças armadas (14) • Indústria dos recursos naturais (13) (incluindo silvicultura, exploradoras de minérios,

investidores, etc)

______________Desenhando uma estratégia de comunicação: oficina 4-P_____________ 40

PAUSA PARA O CAFÉ

15 minutos Dica

Durante o café, obtenha um voluntário para ajudar na organização dos

flipcharts. Cole na parede as páginas “Problemas prioritários” e “Objetivos da

oficina” tão bem quanto as listas de públicos que foram organizados por escopo geográfico. Todo o material

gerado durante a oficina, como as listas de problemas, deve estar acessível para

que todos vejam. Os materiais devem, de preferência, estar afixados no centro da

parede.

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Page 41: 4P Metodologia de to de Comunicacao

Como facili tar: públicos QUARTO PASSO: DESENHO DO PORFIL DO PÚBLICO-ALVO Para desenhar o perfil do público-alvo, essa seção usa grupos menores. Os partícipes discutem seus públicos assinalados e coloca “ferramentas” a esse público na ordem de produzir um perfil mais realista. (tempo limite para essa atividade: 60 minutos). O que fazer:

• Obtenha um consenso entre os participantes sobre qual público prioritário será destacado. Selecione cinco ou seis públicos dentre aqueles que obtiveram mais votos.

• Explique que, embora o tempo dê somente para analisar alguns públicos, as prioridades de outros públicos será inclusa como parte da estratégia.

• Divida uma página de flipchart em cinco ou seis partes, coincidindo com o número de públicos a ser analisados. Titule cada “caixa” com o nome do público.

• Peça aos participantes para se dividirem em grupos de cinco a sete pessoas de acordo ao público-alvo que eles desejam analisar, depois, escreva seus nomes nas caixas. Certifique-se de que cada grupo possui representante suficiente para desenvolver um perfil mais compreensivo, baseado, é claro, na experiência atual.

• Continue o processo até que todos os participantes se agrupem (caso haja equipes com menos pessoas peça as equipes de maior número que remanejem pessoas às equipes menores).

• Fixe um líder para cada grupo. • Sob a parede, coloque as três questões mostradas na página 42. • Instrua cada grupo para discutir as questões em relação aos seus públicos, respondendo-as tão

minuciosamente quão possível e, em seguida, peça-os para anotarem sob uma folha de flipchart. • Para essa atividade dê um tempo limite de mais ou menos 45 minutos. • Peça-os para indicar uma pessoa que escreverá as informações no flipchart. • Peça-os para indicar alguém da equipe para cronometrar o tempo, de modo a manter o grupo no

programa. Relembre-os da importância em não se perder tempo na primeira questão. • Peça ao líder ou ao cronometrista para fazer algumas anotações no flipchart assim que o grupo for

guiado ao seu local de trabalho (ex: uma sala menor, um cantinho da sala, sob a mesa, etc). • Solicite aos grupos para elegerem um apresentador que fará o “relatório” na plenária.

_______________Desenhando uma estratégia de comunicação: oficina 4-P_____________ 41

OBSERVAÇÃO Os públicos relacionados podem ser combinados em grupos na ordem de permitir que mais grupos sejam analisados. Por exemplo, professores e alunos podem ser agrupados juntos para uma discussão sobre o setor da educação formal.

DICA

Ao formar cada grupo identifique as pessoas com melhor entendimento do

assunto e divida-as entre as equipes. Inclua nos grupos representantes diversos, tais

como membros de comunidades, professores,

jornalistas, etc.

Page 42: 4P Metodologia de to de Comunicacao

Como facili tar: públicos

EXERCÍCIO

1. Quem eu sou? (Qual é meu nível educacional, ocupação, objetivos, fontes de informação,

tendências de caráter, hábitos, hobbies, meios de consumo / Onde eu moro? / Eu cuido de ou tenho algum tipo de conhecimento sobre esse tema?)

2. O que querem que eu faça? (Gostariam que eu ajudasse a alcançar objetivos de conservação? Que comportamento eu deveria ter/mudar?)

3. O que isso significa para mim? (De que maneira eu serei beneficiado respondendo positivamente as mensagens de conservação? Serei beneficiado por adotar novos comportamentos? Por que eu já não fiz isso? Enfrento alguma barreira?)

_______________Desenhando uma estratégia de comunicação: oficina 4-P_____________ 42

DICA

Visite cada grupo para assegurar de que eles estão indo além das descrições superficiais de seus públicos-alvo e que estão se atentando profundamente a análise. Silenciosamente, observe cada grupo por uns minutos, ofereça sugestões, questione e alerte-os sobre o tempo limite. Sugira aos grupos para ligar uma questão à outra.

CUIDADO

Os participantes podem desejar marcar mais que cinco ou seis públicos. Logo, o facili tador deverá conceder um sétimo público somente se o total de participantes for superior a 40 pessoas. Lembre-se: É importante que cada grupo tenha no mínimo cinco membros.

CUIDADO!!!!!!!

Os grupos, na maioria das vezes, perdem muito tempo sob a primeira questão, deixando pouco tempo para responderem a segunda e a terceira questões. Logo, dê a eles apenas 15 minutos para responder a cada pergunta.

Page 43: 4P Metodologia de to de Comunicacao

Como facili tar: públicos QUINTO PASSO: APRESENTAÇÃO DO PERFIL DO PÚBLICO-ALVO Nesta seção cada grupo apresentará a análise na plenária. (O tempo total desta atividade é de 80 minutos). O que fazer:

• Peça aos apresentadores de cada equipe para compartilhar o perfil com os outros participantes. Calcule de 10 a 12 minutos para cada apresentação. Neste passo a administração do tempo é importante.

• Se necessário, escreva elementos adicionais ao perfil que já tenham sido apresentados e/ou mencionados, entretanto, não escritos no flipchart.

• Após cada apresentação, pergunte a todos se há alguma observação/comentário ou até mesmo uma sugestão de mudanças.

• Pergunte aos participantes de outros grupos se há alguma informação a ser adicionada. • Após a apresentação de todas as equipes, cole as folhas de flipchart com os perfis dos públicos-alvo

sob a parede.

Exemplo: Perfil de “Comércio próprio de pescaria” do Golfo da Califórnia

1. Quem eu sou?

Estou envolvido com negócios de oportunidade de investimento. A maioria das pessoas da indústria pesqueira é nova no negócio. Não é uma tradição familiar. Somos adultos, casados e com filhos. Nossos filhos são bem educados e cursam universidades. Temos acesso a internet e a usamos como ferramenta de informação. Organizamos nosso dia após comunicação via rádio c/nossos barcos ou nossas fábricas. Assistimos aos programas (noticiários) de TV pela manhã. Não temos muito tempo para ler jornais. Administramos entre 75 a 500 empregados. Estamos em comunicação constante com a associação local de pescadores ou indústria pesqueira. Nos reunimos semanalmente com outros empresários/pessoas de negócios em um hotel local. Temos poucas informações sobre conservação. Viajamos regularmente aos Estados Unidos para fazer compras. Apoiamos o governo porque é de nosso interesse.

_______________Desenhando uma estratégia de comunicação: oficina 4-P_____________ 43

Page 44: 4P Metodologia de to de Comunicacao

Como facili tar: públicos

Continuação

2. O que querem que eu faça?

Esteja consciente da importância da conservação. Compartilhe informações com outros proprietários sobre técnicas pesqueiras mais sustentáveis. Entenda que os recursos pesqueiros vão continuar se os manejarmos bem. Procure e aplique técnicas mais apropriadas para uma pesca ecologicamente saudável. Respeite o meio ambiente e as leis da pesca.

3. O que isso significa para mim? (o que ganho com isso?) Não estou muito longe de estar associado aos problemas ambientais, mas com solução. Acessarei informações mínimas sobre técnicas pesqueiras. Estou aberto a usar esse recurso natural, bem como promover/estabelecer uma campanha de longa duração sobre o tema em questão. Fim do primeiro dia: Após a apresentação de cada público, é importante findar o primeiro dia com uma harmoniosa celebração. Em poucos minutos:

• Agradeça aos participantes por sua intensa dedicação naquele dia, bem como por suas idéias e discussões frutíferas.

• Reveja, brevemente, o que foi realizado neste dia. • Explique o que foi planejado para o dia seguinte (programa). • Relembre-os da importância em se retomar, na manhã seguinte, as atividades na hora planejada.

Enfatize que as atividades irão ter início na hora/local programado.

_______________Desenhando uma estratégia de comunicação: oficina 4-P_____________

44

CUIDADO: Assegure-se de que as observações foram anotadas ao longo do dia e se estão guardadas/arquivadas de forma segura. Os facilitadores devem se certificar se todas as tarefas programadas foram cumpridas. O ideal é recapitular tudo e garantir-se que todos os grupo tenham respondido as três últimas questões.

Page 45: 4P Metodologia de to de Comunicacao

Como facili tar: produtos TERCEIRO P: PRODUTOS

s PRODUTOS são diferentes ferramentas de comunicação, atividades ou eventos que são produzidos na ordem de atingir os públicos-alvo. Há centenas de produtos possíveis que uma campanha pode usar para inspirar atitudes positivas com objetivos ambientais. Essa seção explora várias “ferramentas” importantes. Essa atividade considera a seleção e a produção tão importantes

quanto o conjunto de produtos de comunicação existentes para atingir um público-alvo em particular. Podem se incluir, nesta seção, os profissionais de marketing, publicitários e/ou especialista, profissionais da mídia, educadores, e tantos outros. A seção PRODUTOS está dividida em cinco passos:

1. Lista da mídia importante (10 minutos). 2. “Idéia luminosa” de produtos em potencial (20 minutos).

3. Identificar produtos para alcançar os públicos prioritários (70 minutos).

4. Apresentar produtos ao público-alvo (80 minutos).

5. Rever / reexaminar o progresso/avanço (10 minutos).

Cada passo é descrito detalhadamente nas páginas seguintes. O tempo mostrado é aproximado, mas, o facilitador deverá acoplar/desenvolver esses cinco passos em três horas e meia.

_______________Desenhando uma estratégia de comunicação: oficina 4-P_____________ 45

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Page 46: 4P Metodologia de to de Comunicacao

Como facili tar: produtos PRIMEIRO PASSO: LISTAR MÍDIA IMPORTANTE A seção começa com uma plenária de “idéia luminosa” sobre as mídias principais do rádio, da TV, dos jornais e das revistas da região ou país. (Tempo: 10 minutos). O que fazer:

• Explique ao grupo que os meios de comunicação de massa são as grandes formas de se comunicar com o grande público.

• Peça a todos para se lembrarem de todos os meios de comunicação nacional (e local se relevante) tais como rádio, televisão, jornais, revistas, on-line, etc.

• Faça anotações sobre a importância de cada um, a exemplo, se o jornal tem uma coluna ambiental, se o rádio tem uma programação semanal sobre ciência, etc.

• Peça aos participantes para identificar programas especiais, nos quais possam influenciar públicos específicos. Por exemplo, no rádio há as entrevistas matutinas/programas populares e tem a participação de tomadores de decisão/governo.

_______________Desenhando uma estratégia de comunicação: oficina 4-P_____________ 46

Atalho

Para ganhar tempo o comunicador local pode apresentar uma lista pré-preparada ao grupo e pedir-lhes para adicionar o que, possivelmente, fora esquecido.

Page 47: 4P Metodologia de to de Comunicacao

Como facili tar: produtos SEGUNDO PASSO: IDÉIA LUMINOSA DE PRODUTOS EM POTENCIAL O segundo passo envolve uma coleção de idéias luminosas para identificar todas as possíveis ferramentas de comunicação ou atividades (produtos) que possam ser usados ou produzidos para alcançar os objetivos da estratégia. Essa atividade resgata as experiências vividas pelos participantes. (O tempo limite é de 20 minutos). O que fazer:

• Explique a equipe que agora o foco é o terceiro “P”: Produtos. Produtos são algumas ferramentas ou atividades que possam ser usadas para alcançar os públicos-alvo, tal qual uma ferramenta concreta como um pôster ou uma atividade como, por exemplo, um desfile.

• Comece uma nova folha de flipchart contendo todos os produtos em potencial sugeridos pelos grupos.

• Esteja certo de ter incluso na lista alguns produtos que foram mencionados em listas prévias traçadas no perfil do público.

• Conserve a lista à vista para que todos possam averiguar se algumas das idéias foram esquecidas. • Após a lista ser completada esta deverá ser fixada no centro da parede juntamente às demais.

Lista simples de ferramentas de comunicação e educação Mídia impressa Televisão Rádio Eletrônico

Notícias históricas Notícias Entrevistas Sites Charges Charges Notícias Banners Editoriais Documentários Shows E-mails Editorias opinativas Entrevistas Novelas Apresentações (flashes) Suplementos Serviços (anúncios) Programa religioso Protetor de tela Livrinho/broxura Dramas locais Serviços Notícias factuais Novelas Jingles Histórias em quadrinhos/Comics

Rádio comunitária

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Dica

Encoraje os participantes a usarem suas criatividades e irem além das

ferramentas convencionais. Peça para que visualizem novas ferramentas

Observação Rapidamente o grupo pensará em ferramentas de comunicação cultural local que poderão ser adaptadas para esse objetivo/divulgação.

Page 48: 4P Metodologia de to de Comunicacao

Como facili tar: produtos Continuação da Lista simples de ferramentas de comunicação e educação

Promocional Eventos Educacional Outros Quadro para cartazes Festivais Manual do professor Centros de observações Pôsteres Concursos (fotos, ensaios,

músicas, poesias, etc) Professor estagiário Projetos demonstrativos

(como jardins / horta orgânica)

Canções Eventos religiosos Currículo nacional Câmbio – comunidades Camisetas Encontros comunitários Quadro de ensino Mapeamento dos recursos –

comunidades Bonés Conferências, oficinas,

seminários, etc Bibliotecas Oficina de construção de

capacidades Bolsas Excursões Viagens/excursões

escolares Embaixadores – celebridades

Adesivos Concertos Cartoons e livros de contos Ciência – cidadão Calendários Teatro Eco clubes Prêmios ambientais Lápis e canetas Exposições de fotos Desfiles Estagiários – jornalistas Estojos Vídeos Concursos para crianças Viagens de campo Crachá Barracas em eventos Experiências e pesquisas

(apresentações de marionetes, camisetas, participações teatrais, etc)

Brochuras Desfiles Exibições Banners Eventos de limpeza Jornais infantis Cartões postais Eventos esportivos Pátio escolar/jardins Newslatters Desfiles Jogos Projetos/Festivais (música,

dança, etc)

Gincana c/auxílio de jogos, marionetes, itens interpretativos

Lista específica de ferramentas de comunicação e educação

Ghana Guiana Madagascar México

Gongo-gongo Tradicional (anúncios das comunidades)

Anúncios – via mar Vestimentas tradicionais e embrulhos/pacotes

Documentos técnicos de técnicas de pescado/pescaria

Interações pessoais Projetos literários Informações nas vans Livros cômicos/gibis com temas ambientais

Durbar (encontro de chefes) Eventos esportivos provérbios Contador de estórias Documentos técnicos para

mineração e indústria madeireira

Roupas – designs Taboos Totems

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Page 49: 4P Metodologia de to de Comunicacao

Como facili tar: produtos TERCEIRO PASSO: IDENTIFICAR PRODUTOS PARA ALCANÇAR PÚBLICOS PRIORITÁRIOS Esta seção usa os mesmos grupos criados no primeiro dia para analisar futuramente os públicos-alvo pela identificação de um conjunto de produtos e mensagens apropriadas a cada público. (essa atividade deve durar 70 minutos). O que fazer:

• Divida as pessoas em grupos (uma equipe para cada público) se possível conserve os mesmos grupos tal como o perfil dos públicos. Lembre-os para designar um escrivão, um cronometrista e um apresentador.

• Explique que cada grupo deverá integrar a informação adquirida nas seções anteriores. Eles deverão buscar idéias de como melhor alcançar seus públicos-alvo baseado, é claro, no perfil do público.

• Aponte os objetivos primários e a lista de produtos da “idéia luminosa” que deverá ser colocada numa visão bem clara.

• Afixe cartazes com as três questões abaixo. Leia-as em voz alta e clara e, na seqüência, explique cada uma das perguntas.

Exercício

1. Quais são os produtos e atividades mais apropriados para alcançar esse público-alvo? 2. Quais são as mensagens essenciais que “ressoarão” nesse público? 3. Quais são as táticas específicas para alcançar esse público? (as que trazem ou não efeito)?

_______________Desenhando uma estratégia de comunicação: oficina 4-P_____________ 49

EXEMPLO: Táticas da Libéria

Comunidades locais Fazer: Realçar os benefícios econômicos (renda) de alternativas de sustento; trabalho e colaboração com outros parceiros; encontros periódicos com anfitriões de modo a analisar a qualidade de vida; encorajar o conhecimento e as idéias locais. Não fazer : trabalhar isoladamente das autoridades locais; e duplicar, contradizer ou criticar o trabalho de outras organizações.

TALHO

Se houver t empo no pri mei r o dia , é p oss í vel a nal i sa r d oi s conj unto s : públ ic os e pr odut os . É melh or q ue te r gr upos r epet ido s – um para per f il dos públ i cos e ou t ro pa r a pro dut os – as equip es p odem ex ecu t ar duas t are f as e, e ntã o, a pr es enta r t udo de uma só ve z . N est e caso , o r epr ese nta nte de ca da g r upo apre sent ará a s r esp ost as da s sei s qu est ões (t r ês re l ac i onadas aos p úbl ic os e t r ês re l ac i onadas aos prod uto s ).

Page 50: 4P Metodologia de to de Comunicacao

Como facili tar: produtos

_______________Desenhando uma estratégia de comunicação: oficina 4-P_____________ 50

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Pausa para o café 15 minutos

Page 51: 4P Metodologia de to de Comunicacao

Como facili tar: produtos QUARTO PASSO: APRESENTAÇÃO DOS PRODUTOS E MENSAGENS AOS PÚBLICOS-ALVO Nesta seção cada grupo apresenta seus “achados”. (o tempo limite para execução dessa atividade é de 80 minutos). O que fazer:

• Peça aos representantes dos grupos para vir à frente para apresentar o conjunto de produtos, mensagens e táticas que sua equipe identificou para o público-alvo. Conceda de 10 a 12 minutos para cada apresentação. A administração do tempo é importante nessa seção.

• Após cada apresentação, peça aos participantes para discutir essas idéias e acrescentar alguma informação.

• Escreva a informação adicional gerada durante a discussão e, então, anote-a o mais sinteticamente possível – a informação será usada no registro final.

_______________Desenhando uma estratégia de comunicação: oficina 4-P_____________ 51

CONSEL HO Alguns grupos podem produzir mais que outros. Se um grupo, durante a apresentação, revelar pouca informação peça, então, aos representantes de outras equipes para complementar e, dessa forma, adicionar algo mais no flipchart.

NOTA

'XUDQWH�D�GLVFXVVmR��QRYRV�SURGXWRV�SRGHP�

VHU�DGLFLRQDGRV�H�RXWURV�UHPRYLGRV�RX�DMXVWDGRV�GH�PRGR�D�DOFDQoDU�UHVXOWDGRV�PDLV�SUHFLVRV��6H�

QHFHVViULR�H�VH�KRXYHU�XP�DFRUGR�FRPXP�R�FRQMXQWR�GH�SURGXWRV�SRGHUi�VHU�UHHVFULWR�HP�XPD�QRYD�IROKD�H�DIL[DGD�QD�SDUHFH�MXQWR�DR�SHUILO�GR�

S~EOLFR�DOYR��CUIDADO Pode ser difícil para o facilitador cronometrar o tempo das apresentações e, da mesma forma, manter o programa da oficina. Esteja certo de que deu as orientações de tempo limite aos grupos (10 minutos). Para as equipes que falam muito é necessário designar alguém para cronometrar o tempo e assim ir avisando aos colegas o tempo que resta dizendo “faltam 5 minutos”, “falta um minuto” ou “tempo encerrado”.

Page 52: 4P Metodologia de to de Comunicacao

Como facili tar: produtos QUINTO PASSO: REVENDO O PROGRESSO Neste ponto, é importante reconhecer a valiosa informação e melhores idéias identificadas pelos participantes. É, também, uma boa oportunidade para colocar a atenção de todos numa mesma página, incluindo aqueles que se juntaram depois do início das atividades da oficina. (tempo: 10 minutos). O que fazer:

• Peça aos participantes para olharem a lista completa dos objetivos da oficina e, depois, a releia com eles. Esse é o resultado do primeiro “P”.

• Relembre a seleção de públicos prioritários, o segundo “P”. Aponte os resultados do perfil e lembre-os que esta é a matéria-prima de materiais para as campanhas de comunicação e educação.

• Reveja o trabalho feito durante o período matutino com o terceiro “P” e realce o conjunto de produtos criativos identificados.

• Convide a todos para o lanche e peça-os para visualizarem a implementação da campanha, considerando os três “Ps” identificados até o momento.

_______________Desenhando uma estratégia de comunicação: oficina 4-P_____________ 52

FOTO DA EQUIPE �

6DLD�FRP�WRGRV�RV�PHPEURV�GD�RILFLQD�H�SHoD�RV�SDUD�SRXVDUHP�SDUD�XPD�IRWR��(VWD�IRWRJUDILD�SRGHUi��WDPEpP��VHU�XVDGD�QR�UHODWyULR�ILQDO��

PAUSA PARA O ALMOÇO

Uma hora

Page 53: 4P Metodologia de to de Comunicacao

Como facili tar: plano QUARTO P: PLANO

PLANO é o último passo da oficina e ele junta todas as informações produzidas durante as seções prévias. O plano pode resultar numa série de campanhas ou estratégias que serão usadas para criar iniciativas específicas de consciência ecológica na região. A proposta da seção é “criar” um plano bem melhor que o plano final, tanto que as pessoas conduzirão a si mesmas a pensar

criativamente sem a limitação de tempo ou orçamento/recurso financeiro. A seção PLANO está dividida em quatro passos:

1. Identificar oportunidades e conjunto de dados (30 minutos). 2. Composição dos produtos dentro da estratégia (100 minutos).

3. Apresentação das estratégias (60 minutos).

4. Extração de tendências e prioridades comuns (30 minutos).

Cada passo está descrito detalhadamente nas páginas seguintes. Os tempos mostrados são aproximados, entretanto, o facilitador deverá acoplar/desenvolver os quatro passos em quatro horas.

_______________Desenhando uma estratégia de comunicação: oficina 4-P_____________ 53

O

Page 54: 4P Metodologia de to de Comunicacao

Como facili tar: plano PRIMEIRO PASSO: IDENTIFICAR OPORTUNIDADES E CONJUNTO DE DADOS O sucesso da campanha, muitas vezes, se sobressai com a observação das datas do calendário especial ou existência de oportunidades. Nesta seção, os participantes terão uma “idéia luminosa” para cada um deles. (execute essa atividade em 30 minutos). O que fazer:

• Posicione o flipchart, leia o marcador e peça aos grupos para nomearem um conjunto de datas que teriam relevância na estratégia. Estas datas podem ser usadas como “pontapé” para lançar a campanha, assim como os feriados especiais ou aniversários. Os participantes podem, também, sugerir algumas datas especiais institucionais ou governamentais que são importantes considerar, como as eleições ou ciclos fiscais. Após todas as idéias exauridas, vá para a segunda “idéia luminosa”.

• Para a segunda “idéia luminosa”, peça as pessoas para identificarem alguns recursos existentes, parceiros e oportunidades financeiras que possam ajudar no suporte da campanha. Esses podem incluir recursos físicos, uma nova sala na comunidade para reuniões ou, ainda, recursos humanos como associações profissionais.

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Exemplos de datas importantes 26 de janeiro.............Dia Internacional da Educação Ambiental 2 de fevereiro............Dia Mundial de Áreas Úmidas 21 de março...............Dia Mundial da Silvicultura 22 de março...............Dia Mundial da Água 9 de abril ...................Dia Internacional das Aves 22 de abril.................Dia da Terra 22 de maio................Dia Internacional da Biodiversidade 5 de junho.................Dia Mundial do Meio Ambiente 8 de junho.................Dia Mundial dos Oceanos 26 de junho...............Dia Internacional das Florestas Tropicais 9 de agosto................Dia Internacional dos Indígenas 22 de setembro..........Dia Internacional das Praias Limpas 3 de dezembro...........Dia Mundial da Conservação

• “Aniversário” do Parque Nacional (dia do Tratado/decreto)

• Estação de fogo / corte e queima • Festivais religiosos • Agricultura

Exemplos de oportunidades

¾�Parque Nacional com local disponível para eventos.

¾�Governo – suporte às iniciativas temáticas.

¾�Novos fundos disponíveis. ¾�Parceiros de organizações que

desejam ajudar. ¾�Programas de rádio e TV

interessados no tema. ¾�Interesse expresso por

patrocinador. ¾�Existência de clube sobre

conservação. ¾�Locais disponíveis no centro da

cidade para servir de mural.

Page 55: 4P Metodologia de to de Comunicacao

Como facili tar: plano SEGUNDO PASSO: COMPOSIÇÃO DOS PRODUTOS DENTRO DA ESTRATÉGIA A finalidade dessa seção é “criar” os produtos e os públicos dentro da estratégia para, efetivamente, estarem inseridos na ordem de concluir/realizar os objetivos. Antes da seção, ilustre, via flipchart, os tópicos das atividades anteriores para que todos possam ver e reler alguns pontos. (100 minutos para essa atividade). Os participantes deverão ser divididos em dois grupos. Cada grupo criará um plano usando a matriz organizada por datas, atividades/produtos, públicos, objetivos e, se apropriado, instituições responsáveis pela implementação. O que fazer:

• Explique que esta seção final é muito importante porque ela é o resultado do trabalho duro durante os dois últimos dias. Agradeça aos participantes por suas energias e entusiasmo nessa etapa.

• Divida-os em dois grupos. Cada equipe terá um número balanceado de pessoas, isto é, um membro de cada grupo anterior que avaliara os públicos prioritários e seus produtos. Por exemplo, se em um grupo havia seis pessoas divida-os e peça para que três fique em uma equipe e três em outra.

• Cada grupo criará uma série de atividades, organizado por suas datas (timeline) ou públicos usando, para isso, a matriz sugerida na página seguinte.

• Exponha a matriz sob a parede para ilustrar as diferentes ênfases. • Explique que cada grupo deverá escolher uma data (normalmente o mês) ou um público e desenhar

um plano para aquela perspectiva. • Sugira para cada equipe que escolha uma data diferente dos demais grupos. • Se houver tempo, cada grupo poderá pensar em uma “idéia luminosa” para alguns desses itens:

seqüência de eventos (organizados em formato de calendário); frases/slogan de idéias; tema para a campanha; e idéias de logotipo.

_______________Desenhando uma estratégia de comunicação: oficina 4-P_____________ 55

ATALHO

Se na execução dessa atividade você está correndo contra o

tempo, então, peça a cada grupo para focar e, com isso, identificar

as melhores idéias para a campanha.

OBSERVAÇÃO

Apresente o conceito

“timeline” da campanha, com o

lançamento, e “montanhas e vales” –

períodos de mensagens intensas seguido por pausas,

outros grupos de atividades e novos

produtos.

Page 56: 4P Metodologia de to de Comunicacao

Como facili tar: plano COMO FACILITAR: PLANO Matrizes Abaixo exemplos de dois tipos de matrizes – uma organizada por data e outra por público.

Data Produto/atividade Local Público Objetivo Instituição responsável

Público Produto/atividade Data Local Objetivo Instituição responsável

_______________Desenhando uma estratégia de comunicação: oficina 4-P_____________ 56

NOTA /HYH�DOJXP� WHPSR�SDUD� H[SOLFDU�TXH�R� SODQR� p� PDLV� TXH� ´OLVWDµ� GH�DWLYLGDGHV� RX� SURGXWRV� ²� HOD� GHYHUi�OHYDU�HP�FRQWD�FRPR�HVVDV�DWLYLGDGHV�SRGHP� LQWHJUDU� H� OLJDU�VH� DR� WHPSR�HP� TXH� VH� WRUQD� D� VRPD� GH� VXDV�SDUWHV��3RU� H[HPSOR��RV�SDUWLFLSDQWHV�GD� RILFLQD� ��3� QD� %ROtYLD� WLYHUDP� D�LGpLD�GH�FHOHEUDU�R��R�$QLYHUViULR�GR�3DUTXH�1DFLRQDO�GH�0DGLGL��$�´)HVWD�GH� $QLYHUViULRµ� SURSRUFLRQRX� XP�¶WLPHOLQHµ� H� XPD� RUJDQL]DomR�FRQFHLWXDGD�SDUD�DV�GLYHUVDV�LGpLDV�GH�SURGXWRV� GH� PRGR� D� SURPRYHU� R�SDUTXH�� FRPR� XP� GHVILOH�� VSRW� HP�79V� H� XP� IHVWLYDO� QD� FRPXQLGDGH��9HMD�R�HVWXGR�GH�FDVR�QD�SiJLQD�����

observação

8P� PpWRGR� DOWHUQDWLYR� p�GLYLGLU�RV�SDUWLFLSDQWHV�HP�WUrV� JUXSRV�� R� SULPHLUR�SDUD� GHVHQKDU� R� SODQR�EDVHDGR� QDV� GDWDV�� R�VHJXQGR� EDVHDGR� QRV�S~EOLFRV�� H� R� WHUFHLUR�EDVHDGR�QRV�REMHWLYRV��

Nota

Alguns facilitadores acham que o trabalho é mais produtivo quando o grupo é grande e, por isso, divide os participantes da oficina em 4 equipes. Lembre-se: o mais importante é ter cada grupo focado em um objetivo específico.

Pausa para

café 15 minutos

Page 57: 4P Metodologia de to de Comunicacao

Como facili tar: plano TERCEIRO PASSO: APRESENTAÇÃO DAS ESTRATÉGIAS Nessa seção os dois grupos apresentam as estratégias sugeridas. (o tempo para executar essa atividade é de 60 minutos). O que fazer:

• Peça a um ou dois representantes de cada equipe para apresentar suas estratégias às demais pessoas usando, é claro, o flipchart.

• Instigue os participantes das outras equipes a questionarem e a darem sugestões. • Afixe todos os planos no centro da parede.

YLVR��

_______________Desenhando uma estratégia de comunicação: oficina 4-P_____________ 57

Encoraje os apresentadores a

serem o mais concreto possível no relato de suas idéias e peça-os

para explicar como seus

planos gerariam resultados de conservação.

Nota: Cada atividade deverá ser endereçada, no mínimo, a um dos objetivos definidos no primeiro “P” . Esteja certo de que os grupos, ao explanarem suas idéias, se referem a tais objetivos.

Page 58: 4P Metodologia de to de Comunicacao

Como facili tar: plano QUARTO PASSO: EXTRAÇÃO DE TENDÊNCIAS COMUNS E PRIORIDADES Este é o passo final antes do fechamento da oficina. Neste ponto, enfatize o trabalho criativo e a enorme quantidade de informações geradas pelos participantes. (execute essa tarefa em 30 minutos). O que fazer:

• Extraia, com a ajuda do pessoal, os elementos comuns e prioridades das diferentes publicações dos planos apresentados. O objetivo não é a composição de uma estratégia combinada (isso só acontecerá no dia seguinte em reunião com a equipe interna), mas, é extremamente importante realçar os componentes que receberam maior aprovação.

• Circule, realce ou sublinhe as tendências comuns no flipchart. • Comente que, talvez, essas atividades e idéias comuns serão bons elementos ao se considerar a

estratégia final. • Realce, particularmente, algumas idéias criativas, especialmente aquelas que arrancaram maior

entusiasmo dos grupos.

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Page 59: 4P Metodologia de to de Comunicacao

Como facili tar: fechamento FECHAMENTO DA SEÇÃO

1. Apresentação de observações do fechamento Agora que o trabalho duro foi feito, agradeça aos participantes por todo o talento revelado. (10 minutos).

• Agradeça, novamente, a todos por suas disponibilidades, participação ativa e idéias criativas. Inclua algumas observações ou perspectivas.

• Explique os passos seguintes: mencione que haverá uma reunião interna que definirá, de acordo com a verba, a estratégia.

• Informe que cada pessoa receberá uma cópia do relatório final com os procedimentos da oficina. 2. Condução da avaliação da oficina

A avaliação dá aos participantes uma oportunidade de compartilhar, bem como de dar um “feedback” sobre a oficina. (15 minutos).

• Distribua a folha de avaliação. • Conceda pelo menos 15 minutos para que todos possam responder as perguntas do questionário. • Recolha-os e guarde-os para leitura e digitação posterior. • Inclua, se desejar, o resultado da avaliação no relatório final.

DICA

_______________Desenhando uma estratégia de comunicação: oficina 4-P_____________ 59

¾�DICA: Convide um diretor de projetos ou uma autoridade para dar as palavras finais e encorajar os participantes da oficina a tomarem parte na implementação do plano.

6H� R� WHPSR� SHUPLWLU�� SHUJXQWH� DRV�SDUWLFLSDQWHV� VH� Ki� LQWHUHVVH� HP� XPD�FRQYHUVD�LQIRUPDO�HP�XP�FtUFXOR��RQGH�VHUmR�IHLWDV� SHUJXQWDV� VREUH� D� UHJLmR� H� VXD�FRQVHUYDomR� H�RX� RUJDQL]DomR� UHVSRQViYHO�SHOD� DWLYLGDGH�� (VVH�� WDPEpP�� p� XP� ERP�PRPHQWR� SDUD� FROHWDU� DOJXPDV� LPSUHVV}HV�H�WHU� XP� IHHGEDFN� TXH� D� RILFLQD� ��3��SRVVLYHOPHQWH��WHQKD�JHUDGR��

Page 60: 4P Metodologia de to de Comunicacao

Como facili tar: fechamento

_______________Desenhando uma estratégia de comunicação: oficina 4-P_____________ 60

QUESTIONÁRIO SIMPLES: AVALIAÇÃO DA OFICINA 4-P (LOCAL/DATA)

Obrigado por fazer parte da Oficina 4-P! Sua participação foi muito valiosa. Agradecemos e apreciamos quaisquer comentários aos organizadores e facilitadores da oficina para que possamos melhorar nossa metodologia.

1. Selecione a opção que melhor descreve o setor que você representa: ( ) Mídia ( ) Ong ( ) Governo ( ) Comunidade ( ) Educação ( ) Outro _____________

2. Numa escala de 1 a 4 (de fraco para excelente) indique a qualidade de cada um dos elementos da oficina 4-P.

Fraco............................................Excelente a) Pré-organização e convite 1 2 3 4 b) Localização 1 2 3 4 c) Transporte 1 2 3 4 d) Hospedagem 1 2 3 4 e) Salas de reuniões 1 2 3 4 f) Alimentação 1 2 3 4 g) Claridade dos objetivos da oficina 1 2 3 4 h) Facilitadores 1 2 3 4 i) Número de participantes 1 2 3 4 j) representação – conjunto de organizadores 1 2 3 4 k) Apresentação – abertura 1 2 3 4 l) Metodologia da oficina 1 2 3 4 m) Produtos finais da oficina 1 2 3 4

3. A oficina supriu suas expectativas? ( ) sim ( ) não Explique o porquê:

4. Você está otimista no que tange aos resultados desta oficina? ( ) sim ( ) não Explique o porquê:

5. Você aprendeu algo novo sobre a conservação da biodiversidade? ( ) sim ( ) não Explique o porquê:

6. Você aprendeu alguma coisa nova sobre técnicas de comunicação? ( ) sim ( ) não Explique o porquê:

7. O que você melhoraria? O que faria diferente numa próxima vez? 8. O que você mais gostou? O que lhe foi mais útil?

9. Agradeceríamos muito quaisquer outros comentários ou sugestões que você possa dar.

Page 61: 4P Metodologia de to de Comunicacao

Como facili tar: fechamento 3. Logística final (30 minutos) Assegure-se de que toda informação necessária foi registrada sob o flipchart. Ele ou ela precisará de uma hora ou mais, após a oficina, para concluir as anotações da informação final. Esteja certo de que registrou em dois lugares para evitar perca de dados. Nos dados pode haver erros que merecerão ser corrigidos. Uma vez que as anotações foram gravadas/digitadas colete os flipchart numa ordem cronológica. Enumere cada página na ordem em que foi criada no processo da oficina e conserve-os organizados. Dobre e empilhe as folhas para facilitar o transporte. Estes deverão ser mantidos até o relatório final ser completado, já que na maioria das vezes é preciso checar alguns dados.

• Recolha todo o material da oficina e disponha-os da melhor forma para o transporte. 4. Recepção (opcional) (60 minutos) Após dois longos dias de “idéias luminosas”, os participantes, geralmente, juntam-se a um quinto “P” (Party) na última noite: Uma Festa que pode ser simples (bebidas e carnes) ou complexa (jantar light), claro que isso depende do orçamento disponível. 5. Seção interna com anfitriões para criar o plano final (quatro horas) O objetivo da oficina 4-P é ajudar a criar uma estratégia de comunicação participativa e compreensiva. Os resultados dos dois dias de exercícios deverão fornecer informações necessárias para tornar essa meta possível. A reunião interna entre os parceiros/patrocinadores, muitas vezes, ocorre um dia após a oficina e seu objetivo é refinar a estratégia ou desenhar um plano final. Durante essa reunião, os participantes discutirão e ajustarão os fundamentos do plano da campanha: produtos a serem produzidos, timeline, orçamento, responsabilidades individuais e monitoramento e avaliação do plano. Devem participar dessa reunião entre 6 e 12 pessoas. Estes, por sua vez, deverão ser autoridades/tomadores de decisões da organização que vai implementar o plano e apoiar a estratégia. Para tanto, pode-se seguir os seguintes passos para a reunião ser bem-sucedida:

• Deixar disponível os dois planos finais no computador e/ou flipchart. • Facilitar a discussão de modo a identificar as maiores atividades e produtos em comum nos dois

planos para identificar se, de fato, a estratégia é apropriada, uma vez que há os limites de verba, etc. Também, discutir algumas outras atividades que são convenientes incluir na estratégia.

• Ligar todas as atividades as fontes de recursos específicos e identificar indivíduos que poderiam se responsabilizar por cuidar desse assunto.

• Discutir os “próximos passos” tais como necessidades de angariar fundos, verbas, timelines, parceiros, bem como pessoal para monitoramento e avaliação da estratégia.

• Após a reunião, destinar uma pessoa da equipe de comunicação para escrever uma síntese do plano. Para tanto, use os elementos mostrados na página seguinte.

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Como facili tar: fechamento

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ELEMENTOS DO PLANO FINAL DE COMUNICAÇÃO

Meta (Declaração) Objetivos (Resumo indicando os objetivos prioritários) Análise da situação (Em poucos parágrafos diga os problemas principais, oportunidades, urgência, etc). Pesquisa (Em poucas linhas descreva um plano de pesquisa para um estudo baseado em informações e/ou dados já conhecidos). Público-alvo (Resuma a lista de públicos prioritários, com um pequeno resumo de cada) Síntese da estratégia (Descreva aqui os principais tipos de estratégias de comunicação que estão sendo usados – mídia nacional, marketing social regional, iniciativas de educação local, etc). Mensagens (Lista das mensagens principais) Implementação do Plano (Detalhe a descrição dos produtos, ferramentas, iniciativas, fases e equipe responsável. Essa é a seção mais longa e pode cobrir várias páginas de flipchart, é claro que depende do nível de descrição detalhado). Avaliação (Descreva a avaliação do plano / metodologia) Timeline (Eis um bom quadro para ilustrar o passo a passo) Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Atividade 1 X Atividade 2 X Atividade 3 X

Page 63: 4P Metodologia de to de Comunicacao

Como facili tar: fechamento 6. Preparação e distribuição do relatório da oficina 4-P (10 dias) O relatório final inclui todas as informações geradas durante a oficina, bem como as observações detalhadas nas apresentações introdutórias. No documento pode conter, também, comentários e/ou informações dos participantes. Junto ao relatório deve ser colocada uma síntese dos procedimentos da oficina, já que o documento servirá como fonte de informação para as propostas de fundos relacionados à comunicação.

• Assegure-se de que um membro da equipe da organização, preferivelmente um dos que fez anotações (ou um membro da equipe de oficineiros ou um dos participantes), reorganize dados/detalhes e, dessa forma, escreva um relatório completo. Em seguida, liste os elementos primários para incluir no final do documento.

• Distribua o relatório a todos os participantes da oficina, tanto quanto aos donos/proprietários dos projetos. Essa distribuição deve acontecer não mais que duas semanas após a realização da oficina 4-P.

¾�Dica: Algumas organizações preferem duas versões de relatório. Uma “interna” que inclui o plano de comunicação que foi gerado na seção interna, nas quais são inclusos o orçamento e as informações da equipe, logo, essa informação não é necessária à distribuição geral e é, portanto, desnecessária à versão “externa” do relatório.

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Como facili tar: fechamento

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ELEMENTOS DE RELATÓRIO FINAL Título da página (Inclua título, objetivo, local, datas, apresentadores, número de participantes, organização anfitriã, logotipo e foto do grupo de participantes se disponível). Introdução (Síntese de comentários introdutórios) Apresentação do sumário (Somente forneça os tópicos “destacados como positivos” - caso contrário, não é necessário produzi-los). Primeiro P: Problemas

• Lista da “idéia luminosa” de problemas. • Problemas prioritários. • Objetivos finais.

Segundo P: Públicos

• Lista da “idéia luminosa” de públicos. • Públicos prioritários. • Análises de públicos (dados completos gerados por cada equipe via respostas dos

questionários). Terceiro P: Produtos

• Lista da “idéia luminosa” de produtos e mídia. • Análises de produtos (dados completos gerados por cada equipe via respostas dos

questionários). Quarto P: Plano

• Conjunto de datas e oportunidades. • Matrizes dos planos - geradas por cada grupo. • Plano de comunicação da reunião interna (para circulação interna).

Anexos

• Lista de participantes com informações de contatos. • Avaliação dos resultados. • Alguma pesquisa ou dados fornecidos aos participantes. • Agradecimentos/reconhecimentos

Observação: Cada uma das seções deverá conter um parágrafo introdutório com uma sentença explanatória descrevendo informações como, por exemplo, o fluxo/contexto das atividades da oficina.

Page 65: 4P Metodologia de to de Comunicacao

ESTUDOS DE CASO

Madagascar – Indonésia Bolívia – Brasil

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Estudo de caso INTRODUÇÃO A seção “Estudos de caso” realça algumas das diversas vozes de “praticantes” ao redor do mundo que encontraram na metodologia 4-P uma ferramenta efetiva para criar estratégias de consciência conservacionista. Cada estudo de caso foi cuidadosamente selecionado para ilustrar a variedade de experiências por meio da Oficina 4-P. O estudo de caso de Madagascar, por exemplo, ilustra como a metodologia pode ser útil em diferentes escalas, incluindo a local, regional e nacional. Na Indonésia a oficina foi uma oportunidade essencial para muitas organizações para juntamente a outros parceiros criarem uma estratégia de comunicação em grande escala endereçadas as questões mais que urgentes como o corte ilegal em todo o país. Já na Bolívia a oficina 4-P tomou lugar numa vila rural, próximo ao Parque Nacional. Foi criada uma vibrante campanha que resultou em atenção, em nível nacional, ao parque e, para tanto, teve a participação do ilustre ator de Hollywood, Harrison Ford. Por fim, no Brasil a oficina foi uma ferramenta crítica para criar estratégias de comunicação ao público urbano sobre a relatividade do novo conceito de corredores de conservação. Cada estudo de caso conta uma história, compartilha insights e sugere lições que podem ser tomadas como experiências. Esperançosamente, os casos também inspiram o leitor a desenvolver a própria opinião e questionamentos, bem como pensar criticamente sobre o aprendizado coletivo e o planejamento de “projetos” de consciência para a conservação.

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Page 67: 4P Metodologia de to de Comunicacao

MADAGASCAR Aplicação da metodologia 4-P em diferentes escalas

local, regional e nacional

Page 68: 4P Metodologia de to de Comunicacao

Estudo de caso: M adagascar O local A quarta maior ilha da Terra, Madagascar tem sido reconhecida como um dos hotspots de biodiversidade da mais alta prioridade e um dos países mais mega-diversos. Por ter sido separada do continente africano há 160 milhões de anos, a maioria das espécies de plantas e animais de Madagascar se desenvolveu isoladamente e não é encontrada em nenhum outro lugar do planeta. A ilha abriga, no mínimo, 131 espécies de mamíferos, desse total 12 são consideradas endêmicas. Os primatas, pela atração selvagem, são bem conhecidos no país. Estes incluem mais de 70 espécies e subespécies de lemurs (animal parecido com o macaco, é espesso, possui um longo rabo e vive sob as árvores de Madagascar). O lemur é o menor primata do mundo e pesa somente 30 gramas. Mais da metade das 209 espécies de pássaros da ilha também são endêmicos. Para proteger a riqueza de diversidade biológica, o governo de Madagascar criou um sistema nacional de reservas naturais onde, até janeiro de 2006, havia mais de 51 áreas protegidas, cobrindo 2.75 milhões de hectares. O desafio Apesar do sistema de áreas protegidas, a biodiversidade de Madagascar é altamente ameaçada. A destruição da floresta por meio do corte-e-queima da agricultura, exploração de minérios e corte ilegal são as grandes causas da perda de habitat. De acordo com o presidente da Conservação Internacional – CI, Russel A. Mittermeier, menos de 10% da paisagem natural permanece intacta e tal número é mais que suficiente para justificar os esforços, em conjunto, de conservação. Avaliações atuais sobre destruição (aproximadamente, 160,000 hectares de floresta são perdidas por ano) revelam que toda a floresta de Madagascar está desprotegida e corre sério risco de desaparecer em 40 anos. De modo que o cenário não só representa uma trágica destruição da biodiversidade como, também, efeitos contrários à comunidade humana via diminuição/baixa da produtividade do solo, qualidade e quantidade da água, renda turística e outros impactos. Todo ano, 200 a 400 toneladas da terra/camada cultivável do solo são devastados pelas chuvas, ao passo que a média mundial é de onze toneladas/ano. Ambientalistas estimam que Madagascar perde, anualmente, entre 5% e 15% de seus produtos internos devido à degradação do meio ambiente. Baixa produtividade, agricultura extensa, pesca e floresta que são os esteios da economia do país, isso representa ¼ do “Produto Interno Bruto – PIB” e 80% dos empregos. Apesar da economia depender dos recursos naturais, poucas pessoas no país reconhecem o papel de se manter intactos os ecossistemas para o suporte do desenvolvimento e para o bem-estar humano. Da mesma forma, a proteção formal de algumas áreas e a pressão por recursos entre os vários financiadores resulta na continuidade de ameaças de extinção desse hotspot. A Oficina 4-P Em Madagascar, a metodologia 4-P foi usada com sucesso em várias escalas. A oficina contribuiu em ações aos parques tanto em níveis local quanto nacional. Primeiramente em nível local, na Segunda Fase do Plano de Ação Ambiental Nacional (National Environmental Action Plan’s Second Phase – NEAP-EP2) e, depois, em nível regional. Este estudo de caso justifica as três oficinas realizadas e descreve alguns dos principais resultados. Oficina 1: Parque Nacional Ankarafantsika (local) A oficina 4-P aconteceu em Mahajanga, em agosto de 1996, uma região perto do Parque Nacional Ankarafantsika. Essa oficina foi muito produtiva e resultou em uma campanha efetiva direcionada a aumentar a consciência da importância de áreas protegidas entre as comunidades locais. Participaram 30 pessoas de 14 instituições, incluindo emissoras de rádio e televisão, ongs conservacionistas, representantes de áreas protegidas e instituições governamentais.Tanto a oficina quanto o resultado da campanha estão realçados detalhadamente em seções posteriores.

_______________Desenhando uma estratégia de comunicação: oficina 4-P_____________ 68

Page 69: 4P Metodologia de to de Comunicacao

Estudo de caso: M adagascar Oficina 2: Segunda Fase do Plano de Ação Ambiental Nacional (nacional) Após o sucesso da oficina em Ankarafantsika e o resultado da campanha de comunicação, o governo Malagasy e a Agência dos Estados Unidos para Desenvolvimento Internacional (United States Agency for International Development – USAID) financiaram a campanha, em 1998, de modo a abranger todo o país. O Ministério de Meio Ambiente queria que os objetivos da estratégia de comunicação da oficina estivessem voltados a Segunda Fase do Plano de Ação Ambiental Nacional (National Environmental Action Plan’s Second Phase – NEAP-EP2). Trinta e seis participantes de 19 organizações acompanharam as atividades em Antsirabe, incluindo três ex-ministros. A oficina foi co-facilitada por dois especialistas em comunicação da Conservation Internacional – CI. A oficina, contudo, forneceu informações valiosas às necessidades do NEAP-EP2’s. De qualquer modo, o plano permaneceu em todos os níveis e, por conta disso, o governo solicitou que mais oficinas fossem realizadas em níveis regionais. A CI facilitou uma das oficinas na região de Mahajanga (descrita abaixo) enquanto um parceiro da organização facilitou outra em Ranomafana. Oficina 3: Mahajanga (regional) A oficina regional aconteceu em Mahajanga, em agosto de 1999, com a participação de 54 pessoas oriundas de 24 organizações. A estratégia focou sobre os problemas do corte-e-queima na agricultura, erosão e a falta/carência de informação sobre meio ambiente. Dentre o público prioritário as comunidades locais, produtores de carvão e tomadores de decisão. As estratégias principais identificadas foram o trabalho com a mídia, especialmente com as emissoras de rádio de modo a disseminar informações sobre agricultura sustentável e sua ligação à proteção da biodiversidade. Resultados da oficina Este estudo de caso mostra, resumidamente, o resultado do primeiro 4-P, ocorrido em 1996, cujo objetivo foi criar uma estratégia de comunicação para o Parque Nacional Ankafantsika. Essa experiência ilustrou o menor escopo da oficina e o mais efetivo e concreto plano de ação. As informações seguintes foram geradas durante a oficina. Problemas prioritários

• Desflorestamento/desmatamento • Corte-e-queima na agricultura e divisão das águas • Produção de carvão • Corte seletivo para valorizar algumas espécies de madeira • Desconhecimento dos limites da reserva pelas comunidades • Carência/falta de coordenação entre conservacionistas e moradores • Resistência pelos moradores locais a novas informações • Dificuldade de comunicação entre os diferentes grupos étnicos que falam múltiplas línguas

Objetivos principais • Produzir informações sobre impactos negativos de desmatamentos, corte-e-queima na agricultura e

produção de carvão. • Assegurar que as pessoas conheçam os limites geográficos da reserva. • Promover melhores relações entre conservacionistas e comunidades. • Ajudar o pessoal local a abrir-se a novas idéias e informações sobre conservação. • Produzir material em linguagem apropriada considerando o contexto cultural.

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Estudo de caso: M adagascar Públicos prioritários

• Mídia nacional • Autoridades regionais • Autoridades locais • Líderes das vilas • Comunidades com a reserva • Mulheres

Plano Os participantes da 4-P desenvolveram uma estratégia para promover o Parque Nacional Ankarafantsika. Alguns dos produtos discutidos incluem:

• Vídeos sobre Ankarafantsika • Produtos para uso das estações de rádio • Campanha relacionada à Mídia, incluindo visitas ao local e programação/programas • Exposição de fotos

Implementação A primeira fase da implementação dessa estratégia focou a preparação e a vinda da equipe a local próximo ao Parque Nacional Ankarafantsika. Os tomadores de decisão local, regional e nacional se encontraram para encontrar soluções a uma recolocação potencial de pessoas ao parque e, deste modo, identificaram um importante público-alvo da estratégia de comunicação. A campanha foi lançada na capital da cidade, em Antananarivo, em 5 de junho de 1997, no Dia Mundial do Meio Ambiente. Meta As metas da campanha eram aumentar a consciência sobre:

• Explicações sobre as ameaças às áreas protegidas via corte-e-queima da agricultura, corte ilegal e produção de carvão.

• Apresentação da importância do Parque Nacional Ankarafantsika para as comunidades tanto quanto a linha divisória das águas/limites para a planície Morovoay, a segunda maior região produtora de arroz do país.

• Criar uma atmosfera colaborativa no que tange os acordos da oficina. Mensagem e logotipo A “cultura de arroz”, em Madagascar, é tão difundida que é muito difícil atrair fazendeiros locais para as produções alternativas. Os fazendeiros de Malagasy usam, principalmente, o Tavy (método tradicional de cultivo corte-e-queima). Após dois ou três anos desse tipo de cultivo, os campos geralmente, são deixados em “pousio” e gradualmente são cobertos por uma vegetação secundária. Quatro ou seis anos depois o método é repetido. Após duas ou três vezes desse ciclo, contudo, tal atividade já exauriu todos os nutrientes e a terra, provavelmente, passa a ser colonizada por arbustos ou é transformada em “pasto esquecido”. Por conta da devoção ao arroz em Madagascar, os organizadores optaram por um slogan primário:

• “Proteja Ankarafantsika: a fonte de produção de arroz para Marovoy”. • “Protégez Ankarafantsika: source de la riziculture de Marovoay” (em francês) • “Koa arovy Ankarafantsika fa loharanon’ny voly varian’i Marovoay” (em malagasy)

O logotipo ilustrou espécies endêmicas de baobad (animal típico da região) nas árvores encontrado no parque. Eles foram pendurados pelas hastes de arroz e, visualmente, o logotipo sugere a conexão entre as florestas e a colheita saudável de arroz.

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Estudo de caso: M adagascar Produtos e visibilidade institucional Como em todo o mundo, as organizações da mídia em Madagascar estão em constante necessidade de fundos para financiar seus trabalhos. O mercado publicitário nacional não dá a impressão de ser viável o suficiente para garantir rentabilidade. A situação também é difícil para os próprios jornalistas. Poucos têm experiência formal em comunicação ou instrução especial, tal como em jornalismo ambiental. As editorias são, freqüentemente, pouco equipadas dificultando o trabalho dos repórteres na cobertura de temas importantes. Condições precárias de trabalho combinado à média mensal salarial que é de, somente, cinqüenta dólares é muito desafiador para que os jornalistas vivam decentemente. Ultimamente, a democracia também tem agravado essa situação com a falta de associações de jornalismo com objetivos em longo prazo. Poucos desses profissionais se reúnem, quinzenalmente, para discutir objetivos fundamentais como ética e liberdade de expressão. Todos esses fatores foram realçados em outubro de 2003 na matéria “Mídia de Madagascar e Programa de Comunicação”. O texto retratou a forma como a mídia de Malagasy deseja apoiar a conservação ambiental e outras causas sociais críticas. Quando um governo internacional, uma ong ou grupo da sociedade civil dirige-se a mídia para falar sobre a colocação de anúncios de utilidade pública ou pedir um apoio, a questão imediata que segue é: de que maneira você pretende financiar sua campanha? Com esse cenário em mente, organizadores da campanha decidiram, preferencialmente, imprimir/divulgar somente o logotipo e os logos da CI e/ou logos dos donos dos projetos/parceiros. Por ser focada somente em Ankarafantsika, a campanha não mencionou nenhuma organização ou mostrou outros logos, os spots de rádio e televisão não foram considerados produtos de uma organização e, em sua maioria, era transmissão livre/gratuita na ordem de Anúncios de Utilidade Pública – AUPs. Os produtos criados para a campanha foram:

• Calendário Ankarafantsika (1997) – ilustrado com fotos da natureza e as principais ameaças ao parque.

• Vídeo (12 minutos) de Malagasy e co-produzido com a emissora de televisão local Mahajanga - TV Kalizy.

• Logotipo da campanha. • Vídeo release na França (2 minutos e 17 segundos). • Seis anúncios na televisão em Malagasy de 20 segundos cada. • Cinco anúncios de utilidade pública em emissoras de rádio na França (de 20 a 30 segundos). • Cinco anúncios de utilidade pública em emissoras de rádio em Malagasy (de 20 a 35 segundos). • Adesivos com o logo e o slogan da campanha Ankarafantsika em Francês e em Malagasy. • Camisetas com o logo e o slogan da campanha Ankarafantsika em Malagasy.

Spots em rádio e televisão Cada Anúncio de Utilidade Pública – AUP cobria uma única linha dos seguintes tópicos e dirigia-se a:

• Biodiversidade da região. • Fogos nas florestas. • Erosão e degradação do solo. • Conservação da floresta via diálogo. • Uso e ênfase a um provérbio Malagasy conectando floresta e produção de arroz, cuja descrição é: “Uma pessoa pode esmagar o arroz com um pilão. Mas, não faz o brotar sem a água. Sem a água não há primavera. E não há primavera sem a floresta. Então, deixe-nos proteger Ankarafantsika. A fonte da cultura do arroz de Morovoay”.

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Estudo de caso: M adagascar Os anúncios de utilidade pública de rádio e de TV foram produzidos pela equipe de comunicação da CI e narrados em francês e em malagasy por Jocelyn Ratinarivo, antigo presidente do Conselho Nacional sobre Meio Ambiente. Os comunicadores da CI visitaram os diretores de todas as emissoras de rádio e de televisão em níveis nacional e regional para apresentar o propósito da campanha e, assim, obter apoio. Haroldo Castro, Vice Presidente de Comunicações Internacionais da CI e um dos coordenadores da campanha, constatou que a CI e parceiros encorajaram a mídia a “comprar a causa, pois, de outra maneira, teríamos de pagar pelo espaço promocional”. Isso porque o orçamento da campanha não incluía pagamento pela publicidade, tanto que se os organizadores não tivessem obtido sucesso em seus engajamentos com os gerentes da mídia a campanha teria tido muito menos visibilidade e impacto. Vídeos – Release O Vídeo News Release – VNR também foi uma ferramenta importante para a mídia. Ele foi distribuído a todas emissoras de televisão do país, proporcionando aos meios de comunicação de massa imagens de espécies em extinção e de paisagens. De outro modo, a mídia local não teria acesso a esse oportuno material por conta da dificuldade de acesso a muitas áreas remotas. O conteúdo do vídeo ressoou/ecoou a campanha primária, isto é, ligando a sustentabilidade da produção de arroz ao bem-estar da floresta. A série de imagens ilustrou a violência do fogo e a abertura de trincheiras de erosão que é resultado da prática do tavy. Para grande parte dos tomadores de decisão local da capital da cidade, foi uma rara oportunidade ver, em primeira-mão, a destruição em vídeo. Avaliação A mídia foi extremamente receptiva a Ankarafantsika e seus desafios. Durante os 11 dias da campanha, 104 spots de televisão e 239 de rádio foram irradiados nacional e regionalmente em Antananarivo e em Mahajanga. Os spots foram transmitidos nove vezes em quatro estações de televisão. Juntando tudo, a mensagem da campanha ocupou, aproximadamente, cinco horas no ar tanto no rádio quanto na TV. Um dos jornalistas do jornal diário Tribuna, Sammy Rasolo, concluiu seu artigo citando um dos anúncios de publicidade pública. “Protegendo Ankarafantsika... você protege o prato de arroz que vai comer amanhã” depois adicionou: “esse argumento é convincente”. O retorno de outras organizações internacionais também foi, esmagadoramente, positivo. Representantes do Banco Mundial e da União Européia felicitaram a CI por essa iniciativa, principalmente por não ter havido promoção institucional, somente uma chamada para a conservação. Positivamente, a campanha ajudou um conjunto de ações e um senso de colaboração para a instalação humana da oficina. No quarto dia da oficina, houve uma reunião entre representantes da CI e do Ministério de Assuntos de Água e Floresta. O encontro foi um grande sucesso e na declaração final houve um acordo comum onde a CI ficou responsável por toda estratégia de comunicação para Ankarafantsika tanto no que diz respeito à proteção da área de biodiversidade quanto às comunidades humanas. Lições aprendidas Toda iniciativa de comunicação fornece uma oportunidade para aprendizado. Abaixo algumas das principais lições que os organizadores da campanha tomaram das atividades desenvolvidas nessa campanha.

• A oficina 4-P pode ser usada para uma variedade de escalas, com resultados únicos e inovadores. Por mais que a oficina seja limitada, pela cobertura da escala geográfica, quanto mais detalhado o plano de ação melhor será o resultado.

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Estudo de caso: M adagascar

• Criar um slogan e um logotipo de campanha que minimizem o aparecimento da instituição promotora pode gerar benefícios para a mídia, para os parceiros e para os governos. O que torna claro que o objetivo da campanha, verdadeiramente, é o comunicar sobre o tema, muito mais que divulgar a organização.

• A habilidade de engajar-se com a mídia nas regiões onde há dificuldades de condições de trabalho, tal como o caso em Madagascar, depende de uma aproximação pessoal. O investimento de tempo com os diretores de redações e com os gerentes de mídia provou que a construção da capacidade ambiental, naturalmente, é importante para as futuras coberturas de temas conservacionistas.

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Estudo de caso: M adagascar Abaixo dois anúncios públicos produzidos para rádio e televisão.

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Lavaka (erosão)

Os rios estão sedimentados, O solo dividido, As estradas desaparecem Desmoronando lavaka. Por quê? O solo é frágil. Não podemos simplesmente Cortá-la, queimá-la, Derrubar a floresta Ou transformá-la em carvão. Porque as conseqüências Poderão ser irreversíveis. Sem a floresta, Sem a água, Não haverá mais arroz. Proteja Ankarafantsika, A fonte de arroz de Marovoay.

Diálogo Cr iança: As florestas... Pra que elas servem? Avô: Elas estão onde a vida está concentrada. Veja, elas abrigam toda espécie de plantas, animais e fontes de água. Cr iança: Não seria melhor cortar a floresta, usar a madeira e cultivar o solo? Avô: Bem, não, porque a floresta é como um reservatório. Sem ela a terra começa a morrer. Cada planta e cada animal que habita na floresta contribui na vida de todos, incluindo a nossa! Agradeça as florestas de Ankarafantsika e de Marovoay que produzem o arroz que nos alimenta dia-a-dia. Nar rador : Proteja Ankarafantsika a fonte de arroz de Marovoay.

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INDONÉSIA chamando parceiros para debater

o corte ilegal

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Estudo de caso: Indonésia O local As ilhas ocidentais da Indonésia (Bali, Borneo, Java e Sumatra), adjacentes ilhas menores e a Península Malay, resultam no hotspot de Biodiversidade Sundaland. O majestoso borneo Monte Kinabalu e a paisagem vulcânica de Java enfatizam o mangue, a turfa, a chuva, mas, a eliminação de florestas triunfa em Sundaland. O rico solo sustenta não menos que 15.000 espécies de plantas únicas na região. Uma das mais impressionantes é a Rafflesia, a maior flor do mundo. Dentre os grandes mamíferos que perambulam Sundaland há os considerados “capitânia de conservação” e incluem elefantes asiáticos, tigres e renos Sumatran. Além disso, Sumatra e Borneo fornecem habitat para duas espécies restantes, no mundo, de orangotangos, que em Malay significa “pessoas da floresta”. O desafio O crescimento do corte ilegal tem devastado a flora e fauna da Indonésia. Pesquisas indicam que por volta de 80% da madeira processada vêm de fontes ilegais. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, mais de 30 trilhões (cerca de 3,7 bilhões de dólares em 2002) da renda são perdidos por ano por conta da venda da madeira - oriundas do corte ilegal. Fogos na floresta, agricultura em grande escala, especialmente a indústria do óleo da palmeira, e o mau planejamento/desenvolvimento das estradas, também, contribui na aceleração do desflorestamento. As projeções sugerem que em 2010, se os desmatamentos atuais continuarem, as planícies florestais iriam até Kalimantan, o que sublinha a gravidade do problema. Os milhões de impactos na vida das pessoas, bem como ao redor da floresta, particularmente, aumentaria completamente os desmoronamentos e as inundações. Antes do catastrófico tsunami, em dezembro de 2004, Sumatra mostrava sinais de exaustiva exploração. A ilha tinha sido, repetidamente, atingida por inundações e ambientalistas já tinham alertado representantes do governo indonésio que o corte ilegal havia despido grande parte da área de árvores e outras vegetações, no qual, normalmente, absorve água nas estações chuvosas. Um ano antes do tsunami, uma inundação em Medan matou quase 200 pessoas. As palavras do ex-ministro do Meio Ambiente, Nabil Makarim, foram premonitórias: “As conseqüências causadas pela destruição do meio ambiente como as enxurradas e os desabamentos são tão perigosos quanto às conseqüências de uma bomba”. A oficina 4-P A Campanha da Mídia Floresta Indonésia (INFORM) foi criada por um consórcio de seis instituições conservacionistas (Conservation Internacional - CI, BirdLife, World Wildlife Fund – WWF, The Nature Conservancy, Flora and fauna International e Forest Watch) e financiado por Global Environment Facility – GEF. O plano de campanha começou em janeiro de 2002 e culminou durante a maior eleição presidencial na região, de abril a setembro de 2004. O propósito principal do projeto era “soltar faíscas” de modo a despertar o interesse do público geral e dos tomadores de decisão da Indonésia sobre as condições críticas das florestas, particularmente nas ilhas de Sumatra, Kalimantan e Java. Esse projeto de comunicação foi desenvolvido com a visão de que a campanha em nível nacional criaria um “efeito de eco” no qual ressoaria, posteriormente, em nível regional. Eventualmente, a campanha traria temas ambientais, em primeiro plano, ao discurso público e motivaria o público geral a discutir e a votar em partidos e/ou candidatos que apoiassem administrações sustentáveis e que buscassem frear o corte ilegal.

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Estudo de caso: Indonésia Contudo, a estrutura do projeto já havia sido talhada na proposta do Global Environment Facility – GEF e a CI organizou a oficina 4-P (em janeiro de 2002, em Sukabumi, oeste de Java) para refinar a estratégia, detalhar atividades da campanha e desenvolver o “plano de trabalho” com membros setoriais e demais parceiros em potencial. Em adicional, a oficina serviu para criar um compromisso de “compra” via participantes e “despertar” a atenção dos meios de comunicação de massa à campanha. Dentre os participantes ambientalistas, especialistas em florestas e em comunicação, jornalistas e representantes do governo. Um importante acordo foi firmado entre o INFORM e o GreenCOM. A verba para a campanha veio do USAID que focou o corte ilegal no mesmo período de tempo. Após dois dias de oficina, os membros do consórcio passaram o terceiro dia inteiro definindo estratégias futuras, orçamento e funções de cada parceiro da organização. Pesquisa Como resultado da oficina 4-P, o INFORM contratou um consultor para conduzir uma pesquisa antes e após a campanha. A pesquisa pré-campanha produziu informações sobre o conhecimento, as atitudes e condutas sobre temas/objetivos das florestas e “capturou” a preferência do público-alvo da mídia. A pesquisa foi realizada ao norte de Sumatra, Jambi, grande Jakarta e a região central de Kalimantan. Novecentas pessoas participaram da pesquisa. Foi selecionado igual número de mulheres e homens, também foram escolhidos líderes e tomadores de decisão nas duas vilas e nas capitais da província. Já a pesquisa pós-campanha usou uma metodologia similar e objetivou entrevistar as mesmas pessoas. O INFORM também recebeu informação qualitativa, da GreenCOM, sobre outros públicos. A análise mostrou que havia um alto conhecimento geral de que a Indonésia estava perdendo suas florestas. Mas, o público não sabia o grau do problema ou como isso poderia afetá-lo. As pessoas, também, não sabiam que suas ações poderiam resolvê-los. O levantamento mostrou que o público estava mais concentrado em temas relacionados aos problemas da vida diária, tais como pobreza e governança. Somente uma pequena parte (2%) disse ter tomado, pessoalmente, algum tipo de ação contra o corte ilegal. Quando perguntado “por que não”, a maioria (64%) dos que respondeu não ter tomado nenhuma atitude disse que o corte ilegal não era um problema que o afetava e/ou afetava sua família. O conjunto de opiniões formadas foi refletido nas palavras do candidato Susilo Bambang Yudhoyono – eleito presidente da Indonésia em setembro de 2004 – que durante seu discurso em Medan disse “A democracia, os direitos humanos, a preocupação com o meio ambiente e outros conceitos promovidos pelos países do ocidente são todos bons, mas eles não se tornaram objetivos absolutos naqueles países, tanto que eles mesmos não os seguiram”. O ideal seria que a pesquisa fosse conduzida previamente à oficina 4-P na ordem de usar os resultados para analisar, enriquecer e moldar as mensagens e atividades da campanha. Todavia, a oficina serviu como um evento “eletrizante” para trazer parceiros ao projeto e estabilizar uma plataforma comum na qual a Equipe Técnica do Consórcio (formada de especialistas em comunicação) pudessem, então, desenvolver as diretrizes de análise. Resultados da oficina O exercício de planejamento participatório gerou a estrutura da campanha, conforme resumo abaixo: Problemas prioritários Na oficina, os participantes identificaram as principais causas dos problemas nas florestas da Indonésia como:

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Estudo de caso: Indonésia • Corte ilegal • Carência/falta de política • Conflito social • Leis insuficientes • Pobreza

Objetivos O objetivo total do projeto, como definido na proposta da GEF, era criar uma ampliação de interesses entre o público geral e os tomadores de decisão no que tange aos problemas críticos como a perda da biodiversidade em Sumatra, Java e Kalimantan. Nos objetivos imediatos estão:

• Aumentar a cobertura da mídia sobre temas como a perda da floresta na Indonésia via realce do papel do jornalista quanto à informação responsável e como agente de comunicação.

• Contribuir no debate público sobre o surgimento de espaços perdidos de florestas na ordem de influenciar e monitorar a política de desenvolvimento.

• Aumentar o conhecimento público sobre a perda da floresta na Indonésia e suas conseqüências social e ambiental.

Durante a oficina 4-P, os objetivos da campanha foram aperfeiçoados para o seguinte:

• Comunicar claramente o impacto da conversão da floresta. • Sensibilizar o público-alvo sobre os impactos do corte ilegal. • Promover um monitoramento em cortes de grande escala. • Sensibilizar os tomadores de decisão de modo a terem como objetivo o aumento de políticas e/ou

suporte à conservação. • Educar um conjunto de públicos a participarem de processos decisivos.

Nos encontros seguintes, a equipe técnica reconheceu que, dado à limitação de tempo, o foco do projeto não estaria, efetivamente, relacionado a “promoção e monitoramento, em grande escala, do corte ilegal nas florestas naturais”. Ficou, então, decidido que a campanha priorizaria quatro outros objetivos: Públicos Inicialmente, a campanha objetivou um público geral e os tomadores de decisão. A oficina 4-P segmentou o público de modo que as atividades e mensagens da campanha se destinassem, especificamente, para cada um dos grupos de públicos. As prioridades selecionadas foram:

• Governo nacional, província e distrito. • Meios de comunicação de massa e jornalistas. • Público urbano. • Comunidades local e indígena. • Forças armadas. • Indústria.

Estratégia para alcançar o público-alvo Toda estratégia da campanha foi formulada pela integração de toda informação das duas pesquisas e da oficina 4-P. A campanha foi dividida em duas etapas. A primeira para informar e atrair atenção ao desflorestamento. A segunda “suplicou” aos eleitores e líderes eleitos para que focassem em suas plataformas ou em seus programas a proteção ambiental. A campanha atingiu o público nacional em Jakarta e as populações nas regiões das áreas onde os membros do consórcio tinham projetos: Java, Papua, Sumatra e Kalimantan.

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Estudo de caso: Indonésia Mensagens As mensagens foram discutidas e sugeridas pelos participantes da oficina 4-P e comunicadores profissionais que, posteriormente, refinaram as mensagens. O conjunto de mensagens sugeridas durante o encontro inclui “despertar o orgulho, inspirar a esperança e lembrar que ainda havia tempo de salvar a floresta” e informar que “caso nada fizéssemos as florestas estariam perdidas para sempre”. Baseado nessa informação, o Grupo Técnico desenvolveu uma mensagem principal: Jaga Hutan Sebelum Musnah (Proteja a floresta antes que ela desapareça). Adesivos únicos também foram desenvolvidos para informar ao público sobre a magnitude da condição crítica das florestas da Indonésia e, com isso, encorajar ações. A mensagem nos adesivos era:

• “Enam lapangan bola per menit” (Uma área igual a seis campos de futebol é destruída a cada minuto). A mensagem, amplamente citada nos adesivos, foi distribuída próximos ao cenário da campanha. A mensagem era fácil lembrar e entender porque ela associou a floresta perdida a um ponto de referência grandemente conhecido pelos indonésios e, além disso, ela tinha “valor de impacto” para o público geral.

• “Hutan hilang, bencana datang, Jaga hutan sebelum musnah”. (Florestas somem, desastres

acontecem. Projeta as florestas antes que elas desapareçam). Essa mensagem lembrou ao público o impacto da perda da floresta sobre o bem-estar humano. O impacto dessa mensagem foi intensificado pelas constantes inundações ao norte de Sumatra. Segundo moradores, a disseminação da mensagem coincidiu com o período de desflorestamento.

• “Suara anda tentukan masa depan hutan, Jaga hutan sebelum musnah”. (Sua voz. Vote consciente

pelo futuro da floresta. Proteja-a antes que ela desapareça). Esse adesivo, disseminado na segunda fase da campanha, foi criado propositadamente antes das eleições de modo a tomar vantagens, isto é, apelando aos eleitores para escolher líderes dispostos a tomar algum tipo de ação contra o desmatamento.

Embora a ultima mensagem fosse direcionada a sociedade civil durante o maior processo eleitoral, análises futuras mostraram que os partidos e candidatos, muitas vezes, desconsideraram temas ambientais. Em março de 2004, o Indonesian Center for Environmental Law – ICEL publicou os resultados da pesquisa da plataforma dos partidos políticos sobre o meio ambiente e desenvolvimento sustentável. Os resultados desapontaram os eleitores que desejavam eleger um governo que respondesse, seriamente, as crises ecológicas. De acordo com a análise, somente metade dos 24 partidos que ganhou as eleições tinha algum tipo de projetos relacionados ao meio ambiente. Destes, somente dois tinham plataformas baseadas nas categorias listadas pela ICEL: meio ambiente e recursos naturais; desenvolvimento sustentável; e bem-estar, governança e desenvolvimento sustentável. Infelizmente, o relatório indicou que estas plataformas estavam fora de moda e eram iguais aquelas criadas em 1970 – bem antes dos temas ambientais alcançarem o nível crítico de hoje. Desta maneira, nenhum partido tinha “aberto caminho” a uma proposta que oferecia novas formas de “atacar” os problemas atuais da seca, dos desmatamentos, das enchentes, dos cortes ilegais e dos fogos nas florestas.

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Estudo de caso: Indonésia Implementação A campanha produziu várias ferramentas para a mídia televisiva, radiofônica e impressa. Dentre elas, mini-documentários, talk shows, filmes-documentário e programas de rádio. Para um comando fora de alcance, o consórcio INFORM organizou visitas às principais cidades em cada área-alvo da campanha. Os eventos alcançaram os governos locais e o nacional, os membros do parlamento local e nacional, ainda, militares, advogados, juízes, etc), partidos políticos, equipe da campanha presidencial, comerciantes, lideranças de comunidades locais e líderes religiosos. Para intensificar a mensagem, o INFORM criou atividades para melhorar a capacidade e aumentar o valor do trabalho dos jornalistas, tais como treinamentos, prêmio à Mídia e bolsa de estudo. O INFORM preparou material para apoiar a estratégia, como produtos promocionais, exposições móveis e vários materiais impressos que traziam as mensagens do INFORM. A campanha também disponibilizou um site e um número de telefone gratuito para responder às dúvidas do público. Lançamento da campanha A campanha INFORM foi lançada em 19 de março de 2003, conjuntamente à campanha do GreenCOM. Mais de 350 pessoas, incluindo 30 jornalistas, oficiais do governo, proprietários, membros do legislativo, artistas e ongs participaram do lançamento. O Ministro do Meio Ambiente e o chefe do corpo legislativo indonésio apoiaram a causa, criando, com isso, um interesse inicial na mídia. Material impresso e centro de respostas Os seguintes produtos foram produzidos anteriormente ao início das atividades da campanha: Logotipo: A identidade da campanha foi desenvolvida usando um conjunto de elementos sugeridos durante a oficina 4-P. O logo foi usado em todos os produtos do INFORM, tanto quanto nos produtos da campanha sobre o corte ilegal do GreenCOM. Website: O INFORM atualizava diariamente o website (www.inform.or.id) e forneceu clipping à mídia, artigos e fatos sobre temas florestais. Também produziu um calendário da campanha, concursos quinzenalmente e uma seção sobre corte ilegal intitulado Perampokan Hutan (Floresta roubada). Durante os 18 meses da campanha, o website teve mais de 400.000 visitas e 240 pessoas cadastraram-se no mailing list. Unidade de Resposta: O canal tinha sido desenhado para responder as perguntas geradas pela campanha e fornecer ao INFORM uma ferramenta para monitorar os questionamentos do público. Uma linha grátis de atendimento (INFORM - 0-800-1-463676) estava disponível por 24 horas e o número foi impresso em quase todos os produtos da campanha. Operadores treinados respondiam, freqüentemente, as perguntas/dúvidas e também tinham acesso ao banco de dados sobre florestas e contatos. A Unidade de Resposta recebeu 519 chamadas durante os 18 meses de operação, um número bem menor que o estimado, mas, talvez, não tenha surpreendido visto a natureza sensível das matérias de atividades ilegais. Centro de Informação: O Centro de Informação, mantido na website, distribuiu material da campanha e trilhou a cobertura da mídia. O centro também organizou eventos especiais, preparou press releases e cuidou das relações com a Mídia. Materiais Impresso e Promocional: No material impresso está incluso: três pôsteres, fact-sheet/release, três banners, um caminhão com material promocional (canecas, adesivos, bloco de anotações, mochilas, camisetas, etc) e duas brochuras sobre a importância do cumprimento da lei para despertar tanto as pessoas quanto às secretarias e os governos locais.

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Estudo de caso: Indonésia Para os islâmicos as brochuras, sobre a conservação das florestas, foram distribuídas em novembro de 2003 durante o Ramadan - mês do jejum. Mini-documentários: O INFORM publicou três versões de releases do documentário de três minutos sobre o desmatamento/desflorestamento, nos quais foram transmitidos nas estações de TV locais e nacional e, também, apresentado durante encontros, conferências e eventos. Anúncio de Utilidade Pública - AUP: O INFORM produziu dois AUP de 30 segundos. O “Desmatamento e seu impacto” apresentou, por meio dos olhos de uma criança, as conseqüências atuais e futuras dos desmatamentos na vida das pessoas. A “Participação Pública” levou vantagem nas eleições, em março de 2004, pois, foi pedido ao público para votar em líderes que freassem o desmatamento. Os dois AUPs foram discutidos nos programas de TV das cinco maiores estações de televisão do país e apareceu 220 vezes, com um tempo total de 110 minutos no período de janeiro a março de 2004. Documentários: Três documentários de 45 minutos apresentaram casos reais do corte ilegal, mostrando como tal atividade afeta/impacta a comunidade e como estes administram/conduzem a “interrupção” desses cortes. Os documentários foram mostrados na TV e em eventos. Talk Shows TV: O INFORM produziu quatro talk shows para quatro estações de TV nacionais, na ordem de discutir temas florestais e a profundidade de dialogar abertamente com um conjunto de atores e telespectadores. Na campanha também foram inclusas três talk shows ao vivo. Notícias radiofônicas: Para alcançar áreas rurais, 48 dos 70 minutos radiofônicos apresentam tópicos tais como a sabedoria da conservação local e, para tanto, foi firmado um acordo com a ong Internews. Os programas foram distribuídos semanalmente para as 152 emissoras de rádio de todo o país, alcançando um público de 50 milhões de indonésios. Talk Shows Rádio: Uma agência de notícias radiofônica conhecida como Rádio 68H transmitiu, semanalmente, sete talk shows de 30 minutos cada e retransmitidas para 82 emissoras de rádio por todo o país. A estimativa é de seis milhões de ouvintes. Os programas ao vivo forneceram aos ouvintes uma oportunidade de interagir via ligações e envio de mensagens de texto. Rádio AUPs: O INFORM e a Internews produziram quatro Anúncio de Utilidade Pública – AUP de 60 segundos cada. Os AUPs foram distribuídos às estações de rádio via transmissão em rede da Rádio 68H. Inserção em revistas: Duas páginas foram inseridas nacionalmente na revista semanal Tempo. O periódico popular publicou, então, outro artigo sobre florestas nas edições seguintes. Mídia voluntária Treinamento para jornalistas: Os participantes da oficina 4-P identificaram, como problema, o baixo entendimento dos jornalistas nas questões ambientais. Portanto, o treinamento (incluiu de visitas ao local das áreas devastadas) foi oferecido a 54 jornalistas da mídia impressa de modo a clarificar e melhorar a cobertura de temas ambientais. Bolsa de estudo aos jornalistas: A bolsa de estudos surgiu da discussão entre repórteres e editores como um meio de apoio às coberturas mais profundas sobre temas florestais. Jornalistas mais experientes foram premiados com bolsa de estudo e, também, receberam remunerações para cobrir viagens, alimentação e alojamento enquanto investigavam a história.

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Estudo de caso: Indonésia Como resultado foram publicados nove artigos em jornais locais e on-line. Prêmio à Mídia: No final da campanha, o INFORM, em colaboração com o GreenCOM, apresentou o Prêmio INFORM Mídia para reconhecer e estimular futuros jornalistas a cobrirem temas florestais. A premiação foi concedida aos jornalistas que publicaram artigos de alta qualidade sobre temas florestais, entre maio de 2003 e junho de 2004. Voluntariado direto Os meios de comunicação de massa não só tinham a intenção de alcançar o público-alvo. Os esforços dos voluntários diretos incluíam reuniões, discussões públicas, oficinas e debates. Os eventos foram realizados em cinco regiões em Sumatra e Kalimantan. Mais de 700 pessoas do governo, do judiciário, das comunidades, instituições acadêmicas, da indústria e de ongs participaram das atividades. O INFORM também organizou viagens a campo aos representantes do governo e aos líderes comunitários para observarem, em primeira-mão, o estado da floresta e suas áreas e, também, para compartilhar experiências no manejo dos recursos florestais. Mais de 180 pessoas participaram dessas turnês. Em adicional, a INFORM e os parceiros organizaram debates com políticos, equipe da campanha presidencial e com candidatos à presidência durante o período da campanha eleitoral, de fevereiro a julho de 2004. As discussões focaram a plataforma “verde” dos candidatos. Já as discussões com líderes islâmicos resultaram em manifestações emergenciais no que tange as ações públicas e do governo em parar/barrar a crise florestal. Eventos especiais A campanha do INFORM capitalizou datas importantes, como a Semana Mundial do Meio Ambiente e outros eventos nacionais importantes para recuperar o entusiasmo pela floresta e pela biodiversidade. Eventos únicos incluíram um turismo nas escolas islâmicas, mesquita e comunidades durante o mês do jejum em 2003 e um passeio de bicicleta ao norte de Sumatra, onde estudantes universitários viajaram mais de 500 quilômetros através de nove distritos para visitar escolas, 15 secretarias do governo e militar e 12 igrejas. Aliança GreenCOM A aliança com GreenCOM influenciou a campanha da INFORM, aumentando, com isso, seu alcance. A parceria resultou em produtos com a logomarca. Estão inclusos quatro Anúncios de Utilidade Pública – AUP de 30 segundos sobre o corte ilegal e que apareceu 597 vezes nas cinco maiores estações de TV, no período de fevereiro a julho de 2004, anteriormente as eleições presidenciais. A GreenCOM também produziu quatro AUPs impressos que foi colocado nos maiores jornais do país, na revista Tempo e em 12 jornais locais. Avaliação A campanha alcançou os indonésios urbanos de Java, Sumatra e Kalimantan e, também, estendeu-se ao público de outras áreas de modo a alcançar o público nacional. Abaixo exemplos dos impactos da campanha:

• Simultaneamente, os AUPs no INFORM e no GreenCOM apareceram 817 vezes nas seis maiores estações de TV.

• Cento e cinqüenta e duas emissoras de rádio de todo o país divulgaram “48 dos 70 minutos radiofônicos”.

• Oitenta emissoras de rádio apresentaram, ao vivo, sete programas, de 30 minutos cada. • O INFORM contabilizou ter aparecido, a campanha, 83 vezes na mídia impressa nacional e

divulgada 1.645 vezes no rádio. • O website do INFORM recebeu mais de 400.000 visitas.

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Estudo de caso: Indonésia • No final do projeto, 240 indivíduos tinham juntado-se a lista de e-mails do INFORM e as atividades

de comunicação continuam até a presente data. • Quarenta e seis por cento das pessoas votaram que viu pelo menos um dos AUPs. • Mais de 500 pessoas ligaram para o número de telefone do “linha direta”. • Mini-documentários foram mostrados para realçar as discussões com políticos e governos locais e

apareceu nas estações de TV local e nas nacionais. • Mais de 720 líderes do governo, legisladores, comunidades, universidades, indústria e ongs

participaram de foro em Sumatra e em Kalimantan. • Voluntários de partidos políticos, candidatos e o comitê da campanha nacional conduziram os temas

sobre florestas e corte ilegal, especificamente, estes temas foram mencionados como prioritários por um dos candidatos do segundo turno da campanha.

• Trinta e um líderes, de grande influência, das escolas islâmicas participaram das atividades da campanha.

• Cento e oitenta líderes do governo e da comunidade e 77 jornalistas fizeram visitas de campo em Sumatra, Kalimantan e Java.

• Oficiais do governo, ongs e outros que não estavam diretamente envolvidos com o INFORM usaram os adesivos da campanha. A mensagem sobre a velocidade do desmatamento/desflorestamento foi altamente cotada. (Uma área igual a seis campos de futebol é destruída a cada minuto).

• Mais de 200 artigos relacionados ao INFORM foram impressos e distribuídos à Mídia. • A mensagem da campanha para falar de outros temas como a parada da destruição da mata ou o

roubo da biodiversidade da floresta foi mencionado por 58% dos entrevistados considerados “informados” – que é quem lembrou de no mínimo um AUP ou outro elemento da campanha – como uma atividade que eles se juntariam de boa vontade. Somente 38% dos “desinformados” responderam que teriam boa vontade na mesma atitude.

• O aumento na percentagem de pessoas que disseram se comprometer em prevenir o corte ilegal foi importante em suas escolhas de uma parte dos candidatos ou substancial através daqueles que tinham visto no mínimo uma vez os AUPs, aumentando de 71% para 84% a escolha do partido e de 83% para 91% para a escolha do candidato.

Monitoramento da Mídia A campanha produziu mais de 200 diferentes notícias nacionais relacionados ao INFORM, porém, essa clipagem não está contabilizada toda a mídia local. Em adicional, o INFORM monitorou, antes e depois da campanha, todo o direcionamento da mídia sobre as notícias florestais em nível nacional. Após o lançamento da campanha, em março de 2003 e após o lançamento dos AUPs na TV, as notícias sobre as florestas aumentaram, significantemente, a freqüência. Eficácia da Campanha No mínimo um terço dos entrevistados reconheceram o logo do INFORM, um número bem acima dos 15% da norma aceitável à propaganda. Dos que responderam ter reconhecido o logotipo do INFORM, 60% puderam identificar os produtos e 70% se mostraram aptos na interpretação correta de no mínimo uma mensagem. A pesquisa pré e pós a campanha reconhece o registro de mudanças positivas nas práticas e/ou boa vontade de se tomar iniciativas ou de participar de ações para prevenir futuras destruições da floresta. Estatisticamente, a campanha do INFORM não pode requerer impacto independente, como as mudanças foram, provavelmente, o resultado de interação de fatores. No entanto, nos dois anos do projeto não houve impactos significantes sobre a consciência sobre os temas críticos das práticas de manejos florestais no país.

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Estudo de caso: Indonésia Lições aprendidas Toda iniciativa de comunicação produz oportunidades para aprendizado e melhoria. Abaixo um conjunto de lições que os organizadores da campanha tiraram do processo de condução da INFORM oficina 4-P e da campanha. • A parceria com demais organizações, significantemente, alargou o alcance da campanha. Encontros

com ongs, instituições governamentais e comunidades geraram novas alianças e aumentou o perfil da campanha regional.

• O assunto do desflorestamento/desmatamento inclui uma enorme abrangência de objetivos de diferentes causas de origem e de atores. A campanha do INFORM desenvolveu mensagens de “alta instância”, mas, devido a grande escala de trabalho, foi incapaz de desenvolver diferentes chamadas às ações para diferentes atores devido aos limites de tempo e verba.

• A linha-base das pesquisas alcançou locais muito próximos aos do desenvolvimento dos projetos. A execução da pesquisa prévia à oficina 4-P teria enriquecido e fortalecido o desenho da campanha e o plano e, dessa forma, teria ganhado tempo e não precisaria correr contra o tempo.

• Uma forte ligação com a mídia e com as atividades desenhada aos jornalistas tais como treinamento e as viagens de campo ajudaram a construir uma grande opinião de informações resultando, com isso, em mais matérias como em mais qualidade da notícia.

• A integração de muitas ferramentas incluindo TV, rádio, impresso, discussões e eventos públicos foram efetivos no alcance de um público-alvo mais amplo. Em cada apelo, aos diferentes públicos-alvo, cobriu-se temas com várias profundidades.

• Relacionar as condições atuais e políticas com a campanha atraiu mais atenção do público e dos tomadores de decisão. A forte ligação dos temas aos problemas das florestas locais aumentou o reconhecimento da campanha em níveis locais.

• Os adesivos eram críticos, provocativos e fáceis de lembrar. Estes associaram o tema com alguma coisa amplamente conhecida (a área de um campo de futebol) fez a mensagem memorável e, conseqüentemente, muitas vezes repetida e citada.

• A pesquisa foi importante para assegurar que o público-alvo havia entendido o conteúdo da mensagem.

• A “chamada à ação” da campanha na associação com as eleições nacional de 2004 foi muito apropriada para a situação política corrente. Todavia, ela criou desde um dilema já que os candidatos não tinham uma plataforma específica sobre temas florestais e até colocar o INFORM em risco de ser visto como partidarista.

• Uma forte ligação com autoridades deu a “Unidade de Resposta” de modo a reforçar melhor as reportagens sobre o corte ilegal e, assim, caminhar ao progresso de algum esforço de ação àquele resultado. Adicionalmente, um banco de dados mais compreensivo sobre as florestas aumentou a velocidade e a exatidão das respostas.

• Comunicações a públicos especiais que normalmente não focam temas ambientais, como grupos religiosos e mulheres, requerem tempo adicional e recursos para desenvolver acessos específicos e ferramentas para ajustar suas necessidades únicas e maximizar suas habilidades de modo a se tornarem fortes patronos/protetores.

Mais informações: www.inform.or.id ou 0 – 800 – 1 – 463 676 / INFORM: Jl. Taman Margasatwa, 61 – Jakarta ou (021) 7800 280.

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Raflésia – a maior flor do mundo

Fonte: www.megadiversidade.com.br

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BOLÍVIA Desenhando uma campanha para apoiar

o Parque Nacional Madidi

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Estudo de caso: Bolívia

O local O Parque Nacional Madidi é uma das jóias do sistema de áreas protegidas da Bolívia. O parque, por meio de uma administração integrada, é a maior área protegida do país. Ele estende-se nas elevadas geleiras Andinas até os vales montanhosos e multidões de florestas, às savanas e florestas nas planícies amazônicas. Alguns dizem que o parque abriga um dos mais complexos sistemas ecológicos da América do Sul. A rica diversidade de vidas reflete sua complexidade; e o parque é o lar de no mínimo 1.000 espécies de pássaros e de quase metade de todas as espécies de mamíferos do mundo. Em 1990, um grupo de cientistas conduziu uma pesquisa de avaliação da área, os resultados ajudaram a conduzir o tratado/documento ao parque em 1995. Madidi contém, também, diversas áreas de importância arqueológica incluindo ruínas incas, construções antigas e centenas de milhas de trilhas. Várias culturas indígenas continuam a construir suas casas no parque. De modo geral, o Parque Nacional Madidi e a “Área de Administração Natural Intergrada” cobre, aproximadamente, 1,9 milhões de hectares e tem se tornado o coração do corredor binacional de conservação com mais de 30 milhões de hectares, no qual se estende de Vilcabamba, no Peru, até Amboró, na Bolívia. O desafio Em 2000, a área protegida de Madidi foi ameaçada por uma grande proposta de infraestrutura, principalmente pelo projeto da represa Bala sob o rio Beni, que inundaria, aproximadamente, 400.000 hectares do parque, incluindo muitas comunidades indígenas e, dessa forma, também colocaria em perigo a fauna e a flora. Os desafios adicionais, durante esse período, incluíam corte ilegal, as relações tensas entre oficiais do parque e comunidades locais (tentativas tinham sido feitas para incendiar o escritório do parque), e a necessidade de suporte dos tomadores de decisão da capital, que tinham pouco conhecimento sobre o parque e, portanto, não tomavam ações para apoiar sua proteção. A oficina 4-P Na ordem de desenhar uma estratégia de comunicação quanto às ameaças principais ao parque, a Conservação Internacional – CI organizou, em abril de 2000, a primeira Oficina 4-P Boliviana. A oficina foi realizada em um lugar próximo à área protegida, numa pequena cidade chamada Rurrenabaque, a oito quilômetros da então ameaçada garganta de Bala. A paisagem era completamente diferente na elevada altitude, montanhosa, capital da cidade La Paz, centro da mídia e de tomadores de decisão. O cenário ao ar livre com a vista para o rio Beni serviu, aos participantes da oficina, como uma constante lembrança sobre a importância do parque, bem como para tornar a oficina bem-sucedida. Quarenta e oito pessoas de 26 organizações, incluindo representantes da mídia, parceiros de ongs, governo local, Parque Nacional Madidi (incluindo diretoria e guardas-parque), representantes da Agency for International Development – USAID, membros local da CI, demais representantes nacionais e internacionais participaram do evento. Contar com a participação de alguns parceiros e de financiadores na oficina 4-P, por exemplo, foi não só uma grande forma para desenhar a campanha, mas um ganho na adesão local e nacional ao apoio ao parque. A equipe trabalhou dois dias e foram discutidos os problemas, públicos, produtos e, então, produziu-se o plano final. Um dia após a oficina, a equipe da CI realizou uma reunião interna de modo a lapidar e a definir quais das idéias criativas eram possíveis de se implementar, dado às realidades de tempo e fundos disponíveis.

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Estudo de caso: Bolívia Resultados da oficina A seção do plano participatório gerou informações valiosas, como sintetizada abaixo. Problemas prioritários Os participantes da oficina identificaram, a seguir, os principais desafios: • Necessidade de informação e consciência sobre a importância do parque. • Necessidade de recursos humano e financeiro ao manejo do parque. • Invasão humana e corte-e-queima na agricultura. • Necessidade de política de modo a proteger o parque. • Necessidade de alternativas econômicas sustentáveis dentro e ao redor do parque. • Uma proposta ao projeto da represa hidroelétrica Bala. • Corte ilegal e irregular.

Objetivos da campanha Dado os problemas prioritários relacionados acima, os participantes determinaram que na ordem de proteger o Parque Nacional Madidi as estratégias de comunicação deveriam:

• Sensibilizar o público e promover a importância do parque. • Apoiar o aumento de fundos e promover treinamento de pessoal. • Promover e disseminar informações sobre alternativas econômicas tanto quanto o ecoturismo. • Disseminar informações sobre as conseqüências negativas do uso de fogo e do corte-e-queima na

agricultura, bem como de práticas alternativas. • Promover debate público sobre projetos de desenvolvimento (tal como a represa hidroelétrica,

desenvolvimento de estradas e mineração). • Apoiar iniciativas de planejamento e de atividades turísticas na região.

Públicos prioritários Os participantes da oficina identificaram, então, os seguintes públicos-alvo para a campanha:

• Autoridades locais. • Comunidades rurais. • Comunidades indígenas. • Governo nacional. • Professores e alunos da zona rural. • Jornalistas. • Proprietários e agências de desenvolvimento. • Indústria turística.

Plano O grupo sugeriu que todos os produtos e atividades deveriam ser organizados ao redor de um tema central na “Semana em Madidi”. Essa celebração deveria acontecer durante o quinto aniversário do parque, de 17 a 24 de setembro de 2000, como um “gancho” para organizar a campanha. Haroldo Castro, Vice Presidente de Comunicações Internacionais da CI e um dos facilitadores da oficina, lembrou a ocasião no exato momento quando o grupo de participantes vieram com a idéia de celebrar o aniversário do parque. Contudo, a equipe de comunicadores teria, somente, cinco meses para preparar e lançar a campanha, o conceito da “Semana em Madidi” foi moldado rapidamente devido ao entusiasmo da equipe e dos parceiros, bem como dos recursos disponíveis.

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Estudo de caso: Bolívia A Conservação Internacional, com apoio do Serviço Nacional de Áreas Protegidas (National Service of Protected Areas), com a administração geral do Parque Nacional de Madidi e autoridades das comunidades de Rurrenabaque e de San Juan Buenaventura coordenaram a campanha. Algumas das maiores atividades e produtos da “idéia luminosa”, na oficina, incluem:

• Visitas ao parque pelos tomadores de decisão e pelos jornalistas. • Atividades de educação ambiental para jovens e comunidades. • Anúncios de Utilidade Pública, sobre o parque, em rádio e TV.

O plano também sugeriu o realce ao ecoturismo, como uma visita a um local chamado Chalalán – uma excursão ao alojamento Quechua-Tacana, uma comunidade indígena que vive na Vila de San José de Uchupiamonas. Este eco-alojamento foi construído com a filosofia de “impacto mínimo”, usando energia solar, material local, técnicas tradicionais e tratamento de todo o lixo produzido. A Fundação John D. e Catherine T. MacArthur financiou tanto a oficina 4-P quanto a campanha em Madidi. A verba aproximada para os produtos e eventos (sem incluir equipe) foi de US$ 35.000. Implementação Após a oficina, os organizadores se reuniram para definir os objetivos, produtos e as mensagens da campanha. A combinação de informações geradas durante a oficina 4-P e durante as discussões ajudou, posteriormente, a campanha a se tornar realidade. As seguintes informações enfatizam a implementação da campanha atual. Metas Os objetivos em curto prazo da campanha eram:

• Construção imediata do reconhecimento do parque, por meio dos tomadores de decisão e público urbano geral, como uma importante área protegida carece de conservação na ordem de torná-la mais difícil aos projetos de represas.

• Aliviar tensões entre as comunidades locais, dentro e ao redor do parque, bem como a equipe do próprio parque e circunvizinhos.

As finalidades à longo prazo foram:

• Criar cooperação duradoura entre as comunidades locais, a equipe do parque de modo a diminuir o corte ilegal e outras atividades de danos/prejuízos ao parque.

• Conduzir a educação ambiental às comunidades e envolver crianças no manejo de seu mundo natural.

Slogan e mensagem “Vena Verde, Vena Vida - Parque Nacional Madidi - Un Tesoro para Siempre” (Veio verde, Veio da Vida - Parque Nacional Madidi - Um Tesouro para Sempre). Este foi, eventualmente, o slogan da campanha escolhido pelos organizadores. Por causa da mineração, especialmente pelo ouro, é comum essa prática no rio Beni. A idéia principal foi evocar a riqueza nas veias de ouro. Não obstante, neste caso, ele é um veio de verde e vida, ainda, preservados no parque para o hoje e para o futuro. Produtos Nas ferramentas de comunicação primárias e eventos incluem:

• Cinco Anúncios de Utilidade Pública na TV. • Quatro spots de rádio. • Um vídeo de cinco minutos sobre o eco-alojamento Chalalán.

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Estudo de caso: Bolívia • Eventos em Rurrenabaque e em San Juan Buenaventura. • Material impresso: pôsteres e folderes. • Uma coleção de materiais para jovens tais como frisbees (objeto de plástico em forma de prato que é

arremessado de uma pessoa à outra), creios/pranchetas para desenhos, lápis, adesivos e botões. • Treinamento para jornalistas e visitas de campo.

Eventos A “Semana em Madidi” começou com a celebração das comunidades de Rurrenabaque e San Buenaventura nos portões de entrada em Chalalán e Madidi. As autoridades locais sentiram que a ocasião foi tão importante que foi dado às comunidades um dia oficial de descanso de modo que tanto os trabalhadores quanto os estudantes participassem das festividades. O encontro aconteceu na praça central da cidade, onde organizadores e funcionários foram convidados a juntarem-se aos demais para leituras e discussões, bem como para folhear livrinhos com imagens do parque e com fotos de trabalhos de conservação. Para encorajar e envolver a grande parte das comunidades, muitas atividades foram organizadas para atrair jovens (e seus pais) incluindo desfile infantil, torneios de arte, apresentações de marionetes, apresentações de vídeos, camisetas, músicas e, igualmente, uma partida de futebol. Veja a seção “Jovens e comunidade voluntária”. Abaixo mais detalhes sobre as atividades infantis. Em nível nacional, a CI atraiu, com o Conservatório Nacional de Música, a atenção de jornalistas de toda parte da sociedade de La Paz. Neste evento, 400 convidados foram brindados com uma apresentação de um coral e com uma seção de slides que mostrava imagens atordoantes de Madidi. Muitas das ferramentas de comunicação, usadas em nível local, também, foram úteis ao “voluntariado” nacional, especialmente, os vídeos e os produtos radiofônicos. Poder da Celebridade A produção da série de cinco Anúncios de Utilidade Pública permitiu a CI penetrar nas ondas sonoras com um bombardeio de mensagens. Cada anúncio focou o quinto aniversário do parque de um ângulo diferente – por exemplo, um foi sobre a expedição científica que primeiro explorou Madidi e reconheceu sua importância; outro falou, sob o ponto de vista de uma jovem boliviana, que desejava que os adultos do país protegessem o parque; e o terceiro descreveu a rica biodiversidade da região. Em outros spots de TV, a CI convidou o ator Harrison Ford (conhecido por muitos por seu papel como “indiana Jones”) para aparecer e dizer: “Feliz aniversário Madidi”, dando um simples e poderoso “sim” para a mensagem conservacionista. Suas palavras inspiraram telespectadores nacionais, principalmente nas áreas urbanas, para aprender mais sobre Madidi e advogar por sua proteção. Essa colaboração de Harrison Ford foi um grande gancho para atrair a atenção ao parque e abriu muitas portas na Mídia. Para conseguir seu envolvimento, os organizadores da campanha levaram vantagem na assistência de Ford em um dos encontros da CI e perguntou se ele teria dez minutos para gravar uma simples saudação de aniversário. Por conta desses poucos minutos de esforço pelo famoso ator, a CI melhor cativou a atenção pública e ganhou mais espaço na mídia boliviana. Material impresso As primeiras impressões são, muitas vezes, visuais. Criar uma identidade gráfica foi um dos primeiros passos na produção da programação da campanha. O logotipo foi cuidadosamente desenhado para incluir ícones regionais encontrados no parque, que poderia ser desde uma palma endêmica a uma espécie de macaco aranha. Os funcionários do parque ficaram tão agradecidos com o logotipo que resolveram adotá-lo como símbolo oficial do parque.

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Estudo de caso: Bolívia O material impresso ecoou a identidade gráfica e mostrou imagens de espécies e de paisagens. O folder foi uma ferramenta valiosa para usar e distribuir pacotes à Mídia, informações para emissoras de TV e, também, para uso da própria CI e dos funcionários do parque durante e após a campanha. Todo material impresso foi criado em consultoria com a equipe do parque e, como resultado, os materiais foram usados por muitos anos, depois da campanha ter sido concluída. Mídia voluntária A equipe da CI visitou as redações dos grandes jornais, das estações de TV e das redes de rádio em La Paz. Na verdade, a equipe fez 20 visitas a estas organizações em apenas dois dias. Em cada reunião, o grupo trabalhou de modo a convencer diretores a levar ao ar os spots sobre Madidi. Também foram distribuídos kits de “press release” e concedido/agendado várias entrevistas. Como resultado desse esforço intenso, sete jornais publicaram dúzias de artigos e mais de 20 emissoras noticiaram/transmitiram histórias. Os spots de TV produzidos pela CI foram divulgados 300 vezes por oito redes e em toda Bolívia. Neste mesmo período, iniciativas simultâneas ajudaram a ganhar atenção da imprensa nacional e internacional para Madidi, tal como a expedição científica Apolobamba-Madidi 2000, conduzido pelo alpinista argentino, Pablo Cingolani. A expedição seguiu os passos do explorador britânico Harrison Fawcett que havia atravessado aquelas ilhas em 1911. Com a participação de dois “Harrisons” – um parabenizando e outro que inspirou a extraordinária aventura – o Parque Nacional de Madidi desenvolveu-se no tópico de debates público. Voluntariado jovem e comunitário A campanha em Madidi teve uma das maiores iniciativas voluntárias jovens da Conservação Internacional. No começo da “Semana em Madidi”, os educadores da CI visitaram escolas locais para trabalhar com professores e envolver crianças nas preparações do festival. Contudo, algumas escolas estavam fechadas, devido feriado daqueles dias. Muitos dos professores acreditavam que atividades de educação ambiental eram tão importantes para seus alunos que eles, pessoalmente, chamaram os familiares e seus filhos para solicitar que os alunos retornassem à escola. Os educadores trabalharam com, no mínimo, 30 turmas desenvolvendo jogos ambientais ao ar livre, conduzindo atividades e ensinado sobre a biodiversidade. Para os organizadores da campanha, foi muito recompensador ver o entusiasmo dos estudantes e seus professores, que comentaram que eles não só tinham aprendido mais sobre educação ambiental, mas estavam tentados a exercitar/desenvolver novas técnicas de instrução. Durante o festival, as crianças tiveram um papel participativo em muitas das atividades. As escolas foram convidadas a criarem poemas, canções e dramas e, então, compartilhá-las em um teatro ao ar livre. Jovens representando escolas plantaram árvores na praça central simbolizando o começo de um projeto de educação de reflorestamento à longo prazo, conduzido por guardas-florestais do Parque Nacional. Mais de 1.500 crianças participaram de concurso, onde todos os sorteados foram expostos na praça central. As crianças, excitadas, procuraram seus trabalhos nas paredes e conduziram seus pais para verem suas obras de arte. A CI também comprou um barco e designou crianças para decorar a embarcação com temas ambientais. Um dos marcos da “Semana em Madidi” foi um grande desfile da comunidade. Grupos de crianças criaram roupas temáticas e marcharam ao redor da praça distribuindo panfletos e fazendo sinais. Um grupo de alunos vestidos de árvore representou uma cena onde o corte ilegal destruiu a floresta. Outros estudantes faziam sinais para que as pessoas protegessem o Parque Nacional Madidi. Após o desfile, os adolescentes visitaram algumas “barracas” para terem animais pintados em seus rostos, bochechas e em suas mãos.

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Estudo de caso: Bolívia Toda as atividades das performances terminaram no final do dia. A multidão, particularmente, juntou-se para ouvir um grupo de meninos do ensino fundamental que havia composto e executado uma canção encorajando o cuidado com o parque. Professores e alunos pagaram as despesas da equipe para apresentar um show de marionetes sobre Madidi e, no final, reuniram-se, no centro da cidade, para assistir, num telão, a um filme sobre o tema. Depois, todos foram até a beira do rio para assistir a queima de fogos de artifício sob a água. A celebração terminou com uma recepção, em Rurrenabaque, assistida por autoridades locais. Os convidados dançaram e festejaram com um enorme bolo de aniversário. O tema da cobertura do bolo era o parque Madidi. Para reconhecer o envolvimento das crianças e, assim, premiar os participantes dos vários concursos, A CI criou muitos itens pequenos retratando o logo da campanha. Dentre eles, adesivos, caixas para desenhos, lápis decorados, camisetas, frisbees, etc. A premiação era para indicar que aquela pessoa é protetora do parque Madidi. Todos os itens foram distribuídos no evento, especialmente entre as escolas infantis, pois muitos deles nunca havia tido seu próprio brinquedo e/ou brincado com um frisbee. Essas ferramentas serviram para engajar a comunidade através de uma mensagem coerente para proteger o Parque Nacional Madidi. Vídeo Eco-alojamento Chalalán Uma das metas da campanha era comunicar os benefícios que as áreas protegidas trazem às pessoas locais e ao país. O ecoturismo é um dos melhores exemplos, dado que Madidi já possui alojamentos ecológicos em Chalalán e uma iniciativa, em 1995, juntou a comunidade de San José de Uchupiamonas e a CI-Bolívia. A campanha ajudou a construir o apoio a esse visionário projeto - a criação de um vídeo sobre eco-alojamento. O vídeo tem sido mostrado em feiras e, também, distribuído às operadoras de turismo e escolas, aos programas das emissoras de TV bolivianas e, ainda, apresentado em telões nas comunidades locais. Visitas de campo aos jornalistas Os jornalistas são “multiplicadores” de mensagens conservacionistas em muitas campanhas. Para encorajar esses indivíduos, a CI levou um grupo de jornalistas, das mídias impressa, radiofônica e televisiva, de La Paz até Chalalán para uma visita de campo. Durante a visita, os jornalistas filmaram e fotografaram as maravilhas naturais da região e conduziram, um a um, as entrevistas para as histórias que queriam desenvolver. Estes disseram aos organizadores que aquela foi uma oportunidade importante, visto terem, raramente, dinheiro e/ou aprovação dos editores para viajar e coletar tanto material. Embora a cobertura da mídia não tenha sido o objetivo da visita, muitos repórteres publicaram reportagens, nos quais, definitivamente, apoiaram a campanha. Avaliação Duas pesquisas foram conduzidas após a campanha; uma com 100 pessoas das comunidades de Rurrenabaque e San Buenaventura próximo ao parque, e outra com 70 indivíduos de La Paz. Dos levantamentos das comunidades ao redor do parque, alguns dos resultados interessantes foram que:

• Quando perguntado sobre quanto eles sabiam sobre Madidi, antes da campanha, 16% nada sabiam e 77% sabiam pouco sobre o parque.

• 95% estavam cientes da “Semana em Madidi”. • 64% participaram de no mínimo uma das atividades da campanha.

Após a campanha, quando aos estudantes foi perguntado: “O que você aprendeu sobre o Parque Nacional Madidi”:

• 69% disseram ter aprendido quão importante é a biodiversidade de Madidi. • 64% disseram que podem fazer alguma coisa para proteger Madidi.

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Estudo de caso: Bolívia • Dois dos estudantes expressaram motivação em aprender mais sobre Madidi e, talvez, se tornassem

guardas-florestal. O nível nacional de pesquisa (em La Paz) revelou que 44% tinham ouvido sobre a campanha “Semana em Madidi”; destes 53% tinham aprendido, primeiramente, via televisão. Quando feita a pergunta aberta “O que você aprendeu da campanha?” (as respostas foram diversas):

• 90% aprenderam que Madidi é uma área protegida. • 63% aprenderam que é importante proteger Madidi. • 57% aprenderam que era o quinto aniversário do parque. • 30% aprenderam que ele é rico em biodiversidade (e de fato usaram esta terminologia). • 20% aprenderam que estrangeiros gostam de visitar o parque e estão participando quanto a sua

proteção. • 10% aprenderam sobre o eco-alojamento Chalalán.

Demais resultados A campanha trouxe vários outros resultados positivos. O diretor do parque disse que a campanha melhorou a visibilidade do parque em nível nacional entre os políticos e, também, ajudou as comunidades a se sentirem ligados à área protegida e a sua equipe. A SERNAP usou muito dos produtos da campanha, igualmente, imprimiu um segundo pôster para ampliar a distribuição. O sucesso da campanha motivou a conservação comunitária para continuar alguns dos esforços de comunicação. Desde a campanha, a SERNAP tem incluído atividades de comunicação em seu plano de trabalho anual e, da mesma forma, tem colaborado com a CI em implementar iniciativas de consciência quando apropriado e, é claro, quando há fundos disponíveis. Outra seqüência de atividades tem ajudado a estimular Madidi como uma prioridade para conservação na Bolívia. Entre essas iniciativas há o programa “Tenda Verde” – em espanhol “Carpa Verde” – É um programa de educação ambiental móvel desenhado na conduta participatória e é usado pelos guardas-florestal com comunidades dentre e ao redor do parque. O objetivo é conduzir a mensagem conservacionista nas áreas remotas. O programa Tenda Verde foi lançado em 2000, com o patrocínio da USAID, e tem sido implementado em toda parte do lado boliviano na Vilcabamba – Corredor de Conservação Amboró. Finalmente, e mais importante, é que o projeto da represa de Bala não foi aprovado e não está longe dessa consideração. A campanha veio no momento exato quando tantas atenções locais e internacionais focavam sobre a importância em se preservar o Parque Nacional Madidi. Isto, somado aos esforços de alguns indivíduos e de organizações. Vale lembrar que isso foi, também, resultado do apoio dos ambientalistas bolivianos quanto à necessidade de frear tal projeto que, certamente, não traria benefícios, em longo prazo, aos financiadores locais. Lições aprendidas O conjunto de lições tiradas da campanha foi:

• A oficina 4-P oferece oportunidades para criatividade grupal que podem levar a campanha mais que a uma lista de produtos e eventos. A idéia de celebração e da organização do aniversário de Madidi “nasceu” na 4-P, com um amplo apoio de todos os participantes. Celebrar um evento de “aniversário” pode ajudar a organizar a escolha do momento da campanha e, assim, servir de meta para ter todos os participantes no programa.

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Estudo de caso: Bolívia • Considerar a oficina 4-P próximo à área protegida permite que muitas pessoas locais participem

quando elas, de outra maneira, não participariam. Adicionalmente, a participação de jornalistas e de tomadores de decisão de terem a chance de aprender sobre a região, eleva, na maioria das vezes, a importância das áreas em suas mentes.

• Todo o material da campanha e o plano foram desenvolvidos em conjunto ao SERNAP e com autoridades local. Na qual a colaboração foi vital para o sucesso da campanha e para assegurar o uso continuado dos materiais e impactos em longo prazo.

• Os jovens são público-alvo importante e pode ser uma forma de engajar os adultos em eventos e campanhas, o que contribui na ajuda da difusão da mensagem conservacionista direto à comunidade. Atividades infantis podem atrair a mídia e multiplicar o impacto de comunicação.

• Até o final da campanha, Madidi tornou-se o foco de muita atenção pública – às vezes positiva, às vezes negativa. Quando começar uma iniciativa de comunicação, especialmente quando há engajamento da mídia, é importante reconhecer que muitos dos resultados não são controláveis. Existe um risco inerente em conduzir um tema ou região dentro do holofote público.

• Graças à campanha e ao envolvimento contínuo da CI-Bolívia com a mídia local, os meios de comunicação de massa e a opinião pública tenderam a uma visão favorável para Madidi. Por exemplo, quando aparecem conflitos que envolvem o parque, a mídia tem sido cuidadosa em dar uma visão completa daquele tema, analisa a situação e, normalmente, retrata o parque de forma positiva.

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Parque Nacional Madidi um tesouro para sempre

CI-Bolívia – www.conservation.org / fone: 43 4058

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BRASIL Aumentando a consciência de Corredores

em áreas de tensão na Mata Atlântica

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Estudo de caso: Brasil O local A Mata Atlântica, no Brasil, é altamente ameaçada e tem somente 7% da área original ainda intacta, pós 500 anos de aumento desenfreado da população, pressão e intenso uso agro-industrial. Hoje, a região abriga, aproximadamente, 70%, das 187 milhões de pessoas, nas mega cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. Cerca de 80% do total de produtos domésticos são gerados na região da Mata Atlântica. Não obstante, a fragmentação e a devastação do bioma ainda abriga uma porção significante da diversidade biológica brasileira. Por exemplo, mais de 60% das espécies, que fazem parte da lista de espécies ameaçadas de extinção, são endêmicos. Na ordem de priorizar o trabalho em áreas mais críticas da floresta, a Conservação Internacional – CI desenvolveu quatro projetos únicos: o Corredor Serra do Mar, o Corredor Central, o Corredor Nordeste e o Corredor de Biodiversidade de Araucárias. O presente estudo de caso focou dois desses corredores: o Serra do Mar e o Central. Corredor Central da Mata Atlântica O Corredor Central cobre, aproximadamente, 8,6 milhões de hectares do nordeste brasileiro, isto é, o corredor começa no Espírito Santo e vai até Bahia. A área ostenta um nível notável de biodiversidade. Uma pesquisa realizada dentro de uma reserva privada, no sudeste da Bahia, revelou que 454 espécies de árvores foram encontradas em um singular pedaço de terra - um arquivo da riqueza de espécies de plantas. Existem várias pressões neste ecossistema. Há 20 anos, as indústrias de celulose, com a monocultura do eucalipto, destruíram mais de 300 hectares das florestas no sudeste da Bahia. Agora, as plantações de eucaliptos dominam a paisagem. Além disso, a maioria do chocolate brasileiro é produzida no Corredor Central, mas, esse impacto industrial é, um tanto, reduzido por conta de uma técnica local conhecida como “cabruca” onde as grandes árvores são deixadas para produzir sombra para as árvores de cacau. Em torno de 650,000 hectares de cacau são cultivados na Bahia e quase 70% usam essa técnica. Contudo, o corte tem sido praticado por cinco séculos no Brasil, ele tornou-se, especialmente, intenso na Bahia há 30 anos, após as companhias de corte devastarem o nordeste do Espírito Santo e começarem a mudar suas operações a outras áreas. Em 1990, o governo federal proibiu o corte na região da mata atlântica, mas, as companhias de corte foram bem-sucedidas porque tiveram o apoio de lobistas de modo a ser permitida a continuidade da operação, produzindo seus projetos de aceitação ao uso sustentável. Muitas companhias, porém, não tiveram, necessariamente, de ser consideradas “sustentável”. Ongs têm trabalhado para proibir o desmatamento na região tanto quanto para mantê-la intocada. Corredor Serra do Mar O Corredor Serra do Mar é uma das mais ricas áreas de biodiversidade da Mata Atlântica, cobrindo 12,6 milhões de hectares, nos estados do Rio de Janeiro ao leste de São Paulo e norte do Paraná. A região abriga o mais extenso bloco restante de floresta. Todavia, estas florestas estão próximas a duas maiores áreas metropolitanas no Brasil. Elas permanecem bem preservadas graças aos extensivos declives que são insustentáveis para a agricultura. A região abriga uma das mais ricas quantidades de áreas protegidas no bioma (incluindo o Parque Nacional Serra do Mar, o Parque Nacional dos Órgãos da Serra, o Parque Nacional da Serra da Bocaina e o Parque Nacional Itatiaia) que são o lar de níveis excepcionais de espécies endêmicas e de espécies ameaçadas. O corredor oferece panorama mais favorável a sobrevivência, em longo prazo, de espécies nativas do que a maioria de outras regiões da mata atlântica. Dos muitos grupos de espécies no Brasil, o nordeste da Serra do Mar apresenta a mais alta concentração de espécies endêmicas. Por exemplo, a região abriga a mais alta diversidade de borboletas e o fluxo litorâneo apresenta um extraordinário nível endêmico de peixes.

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Estudo de caso: Brasil O desafio Apesar da Mata Atlântica continuar a ser destruída, o público geral tem dado pouca atenção a temas como recursos não renováveis, habitação e espécies em extinção. Uma pesquisa informal conduzida pela Conservação Internacional – CI, em 2004, revelou que uma parcela significante da população urbana em São Paulo e no Rio de Janeiro - as duas maiores cidades do país - não tinham ciência que eles viviam na Mata Atlântica. Para muitos deles os temas ambientais estão distantes da realidade e não estão relacionados a seus cotidianos. Quando perguntado: “Onde fica a Mata Atlântica?” Alguns, então, responderam: “Ela fica na Amazônia...”. Dada essa percepção, a proteção ambiental é, provavelmente, uma preocupação secundária aos cidadãos urbanos. Apesar dessa carência de conhecimento e de consciência, ainda há esperança para a Mata Atlântica, pois os brasileiros já começaram a ter um entendimento de desenvolvimento econômico e de que os altos níveis de consumo interferem a vida na Terra. No Brasil, o movimento conservacionista tem crescido desde 1992, por ocasião da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Rio 92. Aproximadamente, 200 instituições representando a sociedade civil, o governo e corporações trabalham, atualmente, na proteção da Mata Atlântica. Esforços têm sido feitos para coordenar e integrar projetos e ações, ainda, não definidos claramente. Em alguns casos, há muitas instituições trabalhando nas mesmas áreas deixando, com isso, outras regiões prioritárias de conservação sem a cobertura de algum projeto. Progresso dos encontros Em 2004, numerosos projetos governamentais e de organizações foram envolvidos em atividades de conservacionistas nos dois corredores. O “Fundo da Associação de Ecossistemas Críticos - CEPF” (www.cepf.net), um mecanismo internacional de doações para trabalhos de conservação, doou oito milhões de dólares, por um período de cinco anos, de modo que fossem desenvolvidos projetos nos dois corredores. A CEPF delegou que os trabalhos fossem desenvolvidos a uma unidade administrativa local a “Aliança para Conservação da Mata Atlântica”, uma parceria entre a CI-Brasil e a Fundação SOS Mata Atlântica - maior ong ambiental do país. Para desenhar uma estratégia de comunicação participatória, a Aliança decidiu organizar duas oficinas 4-P, uma em cada corredor. A formatação dos encontros, para construir o apoio ao conjunto de parceiros, foi definida dois meses antes. Foi uma grande oportunidade de explicar a metodologia 4-P passo a passo, bem como para desenvolver a lista de participantes em potencial e oradores e, assim, definir o escopo principal de cada oficina. Os facilitadores também tiraram muitas dúvidas possíveis de modo a evitar que fossem questionadas durante a oficina, o que seria um desperdício precioso de tempo. A preparação das reuniões resultou em uma lista preliminar de problemas principais que afetam as áreas alvo. No Corredor Serra do Mar, os participantes sentiram que o conceito de corredor não era muito claro tanto para os financiadores e políticos quanto para as comunidades, com isso, conseguir apoio/financiamento era difícil. Na Serra do Mar, tornou-se óbvio que a carência de entendimento sobre a ligação entre os recursos naturais e o bem-estar humano era o problema principal, especialmente em respeito à linha divisória das águas e seus benefícios às pessoas. As oficinas 4-P A oficina 4-P, para o Corredor Central, aconteceu em 5 e 6 de fevereiro de 2004 e reuniu 37 pessoas em Ilhéus, sul da Bahia. Para o Corredor Serra do Mar, a oficina ocorreu em 10 e 11 de fevereiro de 2004, em São Paulo, com a participação de 33 pessoas. Nas duas oficinas participaram representantes de comunidades locais, instituições governamentais, ongs locais, institutos de pesquisas, latifundiários, professores e jornalistas.

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Estudo de caso: Brasil Em Ilhéus, facilitadores tiraram proveito do tom informal dos participantes, encorajando-os a expressarem livremente sobre o processo de conservação na região. Um dos mais interessantes comentários foi que as pessoas estavam desiludidas quando as organizações discutiam grandes projetos sem dar atenção à real ação local. Esse curso funcionou como uma “bandeira” para a Aliança e a CEPF, na qual compreendeu que para ter sucesso e credibilidade a estratégia de comunicação necessitaria reagir com um pacote consistente de produtos e iniciativas em um, relativamente, curto período de tempo. Assim definido pela oficina 4-P, os grupos (Serra do Mar e Central) trabalharam por dois dias e, cada um, analisou os problemas, públicos, produtos e produziu um plano final. Um dia após as oficinas, representantes da Aliança e do CEPF tiveram uma reunião interna para definir quais das idéias geradas na oficina eram viáveis de se implementar, visto realidades de tempo e dinheiro. A Aliança tinha US$ 30,000 (trinta mil dólares) para implementar iniciativas de comunicação em cada corredor por dois anos. Resultado das oficinas O processo participatório nas oficinas gerou informações valiosas, como sintetizadas abaixo. Problemas prioritários Por conta dos grandes problemas prioritários identificados nas duas oficinas 4-P houve similaridades (embora temas relacionados com a água tenham sido uma preocupação específica no Corredor Serra do Mar), já que eles foram associados com o propósito deste estudo de caso. Os problemas identificados foram:

• O conceito de “corredor” é novo e desconhecido. • Cidadãos urbanos estão desconectados com a natureza e, conseqüentemente, não entendem a

interação entre as florestas e o bem-estar humano, nem a relação entre água e saúde humana. • A conservação ambiental não é considerada uma preocupação prioritária. • Há carência de informação sobre o valor da biodiversidade. • Poucos têm experiência com planejamento participatório e tomadores de decisão. • As florestas estão se tornando altamente fragmentadas. • Áreas protegidas são ocupadas ilegalmente. • As terras são usadas e ocupadas de forma desenfreadas. • A linguagem usada para comunicar os temas ambientais, aos públicos-alvo, é inadequada. • O desenvolvimento político, muitas vezes, se conflita com o conservacionista.

Objetivos da campanha Na ordem de promover os corredores Central e o Serra do Mar e, assim, aumentar a consciência pública dos valores da Mata Atlântica, os participantes da oficina determinaram que a estratégia de comunicação deveria:

• Promover o conceito de corredor usando linguagem apropriada. • Comunicar os riscos e as conseqüências do desflorestamento/desmatamento e uso descontrolado

da terra. • Aumentar a consciência sobre conservação. • Informar e educar sobre a conecção entre floresta e serviços ecológicos. • Transmitir/comunicar o valor de biodiversidade. • Promover e clarificar a integração institucional e setorial. • Mobilizar políticos de modo a aumentar e “clarear” as políticas conservacionistas. • Promoção participatória e desenvolver modelos sustentáveis.

Públicos prioritários O público-alvo e prioritário escolhido pelos participantes desses esforços de comunicação foram:

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Estudo de caso: Brasil • Governo. • Comunidades tradicionais. • Mídia. • Proprietários de terras. • Instituições ambientais e ongs. • Professores. • Líderes de movimentos sociais (principalmente representantes de pessoas que vivem nos campos). • Público urbano geral. • Populações dos arredores das áreas protegidas.

O Plano De acordo com os participantes das duas oficinas, a primeira maior decisão estratégica foi lançar uma campanha de consciência para promover a Mata Atlântica e seus impactos na vida dos cidadãos urbanos. O corredor seria apresentado como uma solução à fragmentação da floresta. A campanha, também, solicitaria o engajamento dos múltiplos setores. Os meios de comunicação de massa seriam, então, parceiros centrais nesta iniciativa. A Aliança buscou o Serviço de Utilidade Pública, mas a campanha das eleições municipais que aconteceriam naquele ano tornou a mídia, um tanto, indisponível. O lançamento da campanha foi, portanto, adiado até maio de 2005, por ocasião do 18o aniversário da Fundação SOS Mata Atlântica, uma das ongs membros da Aliança para a Mata Atlântica. Outro pedido importante dos participantes foi a criação de um “depósito” onde as pessoas e as instituições pudessem compartilhar informações sobre a continuidade de seus projetos. O objetivo principal desse produto era integrar ação e coordenar os trabalhos que estão sendo desenvolvidos para proteger o bioma. A equipe da Aliança, imediatamente, começou a construir um website de modo a integrar todos os atores da Aliança para a Mata Atlântica. O plano também apontou a necessidade de treinar jornalistas locais e nacionais para que estes disseminassem informações corretas sobre as tendências, ameaças e soluções aos problemas que afetam o devastado bioma. Implementação O plano foi desenvolvido, completamente, no processo da 4-P. Foi discutido e aprovado durante dois encontros internos, pós as oficinas. As seguintes informações realçam como a campanha foi implementada. Todos os produtos e atividades foram lançados em maio de 2005, durante a exposição “Viva a mata” (em inglês “Long Life the Florest”), organizada para celebrar o 18o aniversário da Fundação SOS Mata Atlântica. O trabalho foi desenvolvido por várias instituições que se dedicam à proteção da região. A exposição reuniu mais de 100 instituições ambientais e aconteceu no Parque Ibirapuera, descrito por guias turísticos como “a versão paulista do Central Park, em Nova Iorque”. A cerimônia de abertura aconteceu na sexta-feira, 20 de maio e reuniu muitas autoridades, ambientalistas, parceiros e outros convidados especiais. Durante a semana, mais de 100.000 pessoas visitaram a mostra e as barracas (stands) com informações sobre os corredores. Produtos Junto à exposição “Viva a Mata”, um portifólio de ferramentas de comunicação foi desenhado para apoiar as campanhas. Foram lançados:

• Logotipos para cada corredor. • Um anúncio de utilidade pública na TV.

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Estudo de caso: Brasil • Três anúncios de utilidade pública na mídia impressa. • Material impresso: brochuras, banners e buttons. • Toalhas e camisetas. • Painéis fotográficos. • Website interativo. • Press kit.

A campanha também beneficiou duas publicações da CI que ajudaram a conduzir a viçosa perspectiva para a discussão: a “O estado das áreas de tensão na Mata atlântica” e o livrinho “Prêmio de Reportagem sobre Biodiversidade” - com 54 páginas, a obra traz uma coleção de artigos dos 14 jornalistas finalistas nas categorias “Impresso” e “Televisão”, que participaram deste concurso. Logotipos Um conjunto de três logos foi criado de modo a comunicar a idéia de conectividade e um mosaico de uso da terra, assim descrito na publicação “Desenhando paisagens sustentáveis” (Conservação Internacional e Instituto de Estudos Sócio-Ambientais do Sul da Bahia, 2000, pg 2): Os logos foram cuidadosamente criados para incluir ícones da Mata Atlântica que são, facilmente, reconhecidos pelos brasileiros , a exemplos, uma cachoeira, uma bromélia e um mico-leão-dourado. Anúncios de Utilidade Pública – AUPs Para criar os AUPs, a Aliança teve o apoio da agência de publicidade internacional J.W.Thompson – JWT, no Brasil. A parceria entre a CI e a JWT começou em 1995 quando um de seus representantes participou da primeira oficina de planejamento participatório para comunicação da Conservação Internacional. Na verdade, os profissionais da JWT ajudaram a modelar a metodologia 4-P. Após uma série de reuniões para discutir a campanha, incluindo a participação de um dos gerentes da JWT em São Paulo, a agência criou uma mensagem clara e criativa: “Destruindo a Mata Atlântica você destrói sua casa”. Para cada peça criada, a JWT usou um ícone público de cada uma das três capitais. No Rio de Janeiro, a JWT escolheu o “Cristo Redentor”, em São Paulo a “Torre do Ibirapuera” e em Salvador o “Elevado Lacerda”. Usando efeitos e imagens, os profissionais da JWT simularam a implosão dos três ícones urbanos. Esses anúncios foram publicados em várias revistas brasileiras que apoiaram, indiretamente, a campanha. Após muitos debates, a Aliança decidiu não publicar a implosão do “Cristo Redentor”, pois poderia ofender a comunidade católica. A JWT também criou anúncio de 30 segundos para a televisão. O produto foi muito inexpressivo por conta da verba disponível, entretanto, ele precisou ser tão efetivo quanto nas versões impressas. Então, a equipe criativa da JWT manteve o mesmo slogan, mas mudou as imagens. Primeiro, os telespectadores, num primeiro plano, viam uma paisagem verde, e num segundo plano, construções altas. Surpreendentemente, num momento seguinte, uma ferramenta barulhenta, cheia de correntes e dentes afiados perturbava o cenário tranqüilo, agitando as árvores do primeiro plano. Em seguida, as construções,

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“Enquanto alguns científicos referem-se a ‘corredor’ como uma faixa limite de vegetação ligando grandes blocos de habitat natural, nós empregamos esse termo quando nos referimos a uma unidade regional de planejamento compreendido num mosaico de terras. Usar as paisagens dos corredores como unidades de planejamento pode levar a cabo ‘programas’ em escala de parques e/ou de zonas intermediárias: para se conservar a biodiversidade com custo mínimo para a sociedade é preciso equilíbrio na distribuição de verbas”.

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Estudo de caso: Brasil à distância, começavam a cair. Na seqüência aparece na tela o seguinte texto: “Destruindo a Mata Atlântica você destrói sua casa”. O anúncio para a TV foi transmitido mais de 100 vezes nos diversos canais de televisão, incluindo, principalmente, na TV Globo, a maior rede do Brasil. De acordo com a mídia, mais de 50 milhões de brasileiros viram as mensagens. Os profissionais de marketing consideram o conceito de corredor um “produto complexo”. Para estes profissionais não é um produto tão fácil de “vender” como um produto convencional, tais como um carro ou uma barra de sabão. Os organizadores acharam que o “spot” tende a ser muito efetivo numa plataforma da campanha para estimular a consciência e o interesse sobre o tema, todavia, ele tem um potencial baixo quanto à mudança de atitude. A mensagem tem de envolver todo o público de modo que este participe, engaje e tenha ações conservacionistas. Website Imaginamos que parceiros e indivíduos interessados na conservação da Mata Atlântica estivessem ansiosos em ter acesso a mais informações sobre o tema, bem como estarem mais conectados, um ao outro. Por isso, a Aliança desenvolveu um website para promover interação e disseminar informação. A ferramenta foi concebida para ser atualizada constantemente por parceiros e visitantes. Ela inclui aspectos tais como fórum on-line, salas de bate-papo, eventos, notícias, mapas interativos, dicas de trabalho, oportunidades de treinamento, tanto quanto conteúdo sobre ecologia, economia, política e aspectos institucionais dos dois corredores. Uma “senha” especial foi oferecida aos parceiros para que estes promovessem, no portal, seus projetos. Um comunicador foi incumbido de alimentar o portal e informar aos membros parceiros os lançamentos de eventos, etc. A seção bate-papo teve a participação de vários ambientalistas e foi uma das atividades que atraiu muitos visitantes ao portal. A iniciativa foi recebida com grande entusiasmo e tem reunido representantes de ongs, pesquisadores, jornalistas e voluntários que discutem diversos temas. Um exemplo vivo é a troca de experiências e de expectativas que ocorre sobre a lei explicita de proteção à Mata Atlântica brasileira esta, por sua vez, promove a regeneração e o uso sustentável e, também, incrimina o desmatamento ilegal. O documento está à espera, no Congresso Nacional, há 13 anos. Para saber mais sobre o assunto acesse www.corredores.org.br. Engajamento dos jornalistas As duas oficinas participatória identificaram os jornalistas como aliados importantes para a conservação da Mata Atlântica. Para ajudar esses indivíduos a melhorarem suas capacidades de informar e analisar os desafios ambientais, a Fundação SOS Mata Atlântica organizou uma série de viagens de campo às áreas protegidas e apresentou projetos de conservação no Corredor Serra do Mar. Um seminário ambiental nacional e três locais, nos corredores, também foram programados nos anos seguintes. Durante o terceiro dia do encontro, entre 20 e 25 editores e repórteres interagiram com ambientalistas para discutir o valor da biodiversidade, das espécies ameaçadas, das alternativas de desenvolvimento sustentável, assim como os desafios do jornalismo ambiental. Os participantes, além disso, fizeram uma viagem, de meio período, a uma área protegida. Em 2004, a Aliança promoveu a quarta edição do Prêmio de Reportagem sobre Biodiversidade, uma iniciativa da CI em parceria com a Federação Internacional de Jornalismo Ambiental e o “Centro Internacional de Jornalistas”. No Brasil, o prêmio focou a cobertura da mídia na Mata Atlântica em duas categorias: impressa e televisiva. Em 2005, coincidentemente, os ganhadores cobriram dois tópicos importantes relacionados à campanha: o desmatamento na Mata Atlântica e os corredores como uma solução em potencial a

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Estudo de caso: Brasil re-conecção do bioma. As matérias foram publicadas, respectivamente, na revista Scientific American – Brazil, e divulgada pela Rede Globo durante o Jornal Nacional - programa de notícias mais popular do Brasil, no qual atraiu atenção de mais de 40 milhões de telespectadores. Materiais impresso e promocional Um dos objetivos da campanha era reforçar a idéia de corredores não só com os grupos parceiros, contudo, com muitos públicos gerais de modo a apoiar e difundir o entendimento do conceito. Mais de 10.000 cópias de material impresso promocional foram distribuídas as instituições governamentais (incluindo os departamentos de meio ambiente, agricultura e educação), proprietários de terra (especialmente os envolvidos com reservas privadas), representantes de movimentos latifundiários, comunidades nos arredores das áreas protegidas, ongs e, ainda, vários públicos em geral, como eventos e feiras. Para que os indivíduos “levassem para casa” a mensagem conservacionista sem, necessariamente, ter de criar centenas de produtos, os organizadores desenvolveram uma exposição criativa. Ela retratou um grande painel ilustrando o cenário florestal com o muriqui (um importante espécie primata da Mata Atlântica) e a figura humana com o seguinte slogan: “Nós somos criaturas da floresta”. Os visitantes podiam colocar seus rostos no buraco do painel e o macaco tomaria, no cenário, a forma humana. A exposição foi muito popular, pois as pessoas gostaram de fazer fotos naquele mural. Os organizadores acharam que o painel foi uma ferramenta de valor efetivo por ter sido muito bem recebido pelo público. Os organizadores, do mesmo modo, reconheceram que os esforços iniciais da campanha foram somente para começar a aumentar, adequadamente, a consciência entre os vários públicos. Porém, a mistura de alternativas de ferramentas – incluindo a publicidade na mídia, relações públicas, treinamento de multiplicadores como os jornalistas, dentre tantas outras – têm aumentado a consciência entre os vários segmento públicos. Olhar adiante No tempo em que este estudo de caso foi escrito, a campanha da Mata Atlântica ainda estava em fase de implementação. Em julho de 2005, o CEPF (www.cepf.net) concordou em destinar recursos para assegurar a continuação dos seminários aos jornalistas e a conclusão de um documentário de 15 minutos sobre o Corredor Serra do Mar, tanto quanto a criação de uma biblioteca para os dois corredores. Oportunidades inesperadas, da mesma maneira, têm aumentado desde que a oficina 4-P aconteceu. Muitas delas foram iniciadas pelas instituições parceiras. Dentre os exemplos:

• A criação do primeiro Congresso sobre Corredores, organizado pelo PPG-7 (Ecological Corridors Project of the International Pilot Program to Conserve the Brazilian Rain Forests), no qual integrou os corredores Mata Atlântica, Amazônia e Central.

• O estabelecimento de uma rede de manejo de áreas protegidas no Corredor Central, administrado pelo Instituto de estudos Sócio-ambientais do Sul da Bahia – IESB.

• O lançamento do primeiro Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental, organizado pela Rede Brasileira de Jornalistas Ambientais. Esta rede tem recebido apoio da Aliança para introduzir notícias de conteúdo científico sobre a Mata Atlântica. A rede tem organizado uma variedade de cursos de “construção de capacidades”, sobre comunicação, para ongs pequenas.

A ênfase atual da campanha é construir um monitoramento compreensivo e avaliação do sistema. Alguns dos produtos não têm ferramentas associadas ao retorno para medir seu impacto na opinião pública. Logo, a Aliança buscará outras fontes de recursos para continuar a campanha, já que a CEPF, provavelmente, não destinará recursos até 2007.

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Estudo de caso: Brasil Também, para este propósito, os dados da avaliação serão, extremamente, importantes. Os líderes da Aliança têm apreciado a metodologia 4-P, por conta dos resultados que ela tem gerado. Eles têm pedido aos comunicadores para reaplicar o processo do plano participatório para os esforços de começar um novo Corredor Nordeste da Mata Atlântica. Lições aprendidas Toda iniciativa de comunicação fornece uma oportunidade para aprendizado e melhoria. Abaixo algumas das lições que os organizadores sentiram terem aprendido com o resultado das oficinas e da campanha:

• Reuniões preparatórias com organizações parceiras, antes da oficina, podem tirar muitas dúvidas e responder às perguntas que os participantes possam ter sobre a metodologia e seu propósito, permitindo que o tempo da oficina seja aproveitado o máximo possível.

• A participação de representantes da JWT, na oficina 4-P, não só contribuiu na análise e idéias, como também catalisou a parceria com a sociedade para criar, produzir e disseminar uma alta qualidade promocional dos Anúncios de Utilidade Pública. Após conhecer o propósito da campanha, a agência, voluntariamente, engajou-se a ajudar a causa conservacionista da Mata Atlântica.

• Instituições administrativas e a disposição em levar vantagens das oportunidades são dois fatores importantes para o sucesso da campanha, especialmente quando negociados sobre novos conceitos, como corredores de conservação. Exercícios de estratégias que resultam do plano participativo, como a oficina 4-P, deve ser, sempre, flexível e dinâmico para acomodar oportunidades, desafios e novas parcerias.

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CORREDORES Mata Atlântica, Central e Serra do Mar

www.corredores.org.br

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ANEXOS Informação e leitura adicional

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Anexos

Lista para organizar uma oficina 4-P > Foco da oficina definido > Datas escolhidas > Local reservado > Bufê confirmado > Facilitadores identificados > Transporte confirmado > Lista de participantes criada > Convites enviados > Participantes confirmados > Apresentadores identificados e preparados > Materiais comprados > Pessoal contratado > Press release escrito e distribuído > Materiais e equipamento áudio-visual já separados

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Anexos

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PRESS RELEASE SIMPLES (Logos da CI e de instituições parceiras)

Conservação Internacional e parceiros fazem oficina de comunicação para a conservação da biodiversidade em Ghana

(Accra – Ghana, 6 de outubro de 2000) – Na última quinta e sexta-feira, a Conservação Internacional, em Ghana, encerrou uma oficina criativa para discutir os esforços de comunicação para conservar a biodiversidade naquele país. Mais de 30 profissionais de vários campos da área de Meio Ambiente e de Educação e a Mídia reuniram-se com representantes do governo para desenhar uma estratégia de comunicação de modo a informar os benefícios de se proteger os recursos naturais de Ghana. A “Oficina 4-P” é baseada em uma metodologia participatória, criada pela Conservação Internacional – CI, na qual analisa os Problemas, identifica os Públicos, seleciona os Produtos de comunicação apropriados e, então, compila-os em um Plano. Oficinas similares têm sido organizadas em mais de 10 países e em quatro idiomas cujo objetivo principal é criar estratégias, efetivas, de consciência conservacionista. A oficina foi aberta com a apresentação de notáveis ambientalistas, especialistas e comunicadores, tais como o diretor da CI-Ghana, Okyeame Ampadu-Agyei; o Secretário Executivo da Comissão de Mídias, Yaw Boadu Ayeboafo; a Diretora da Agência de Proteção Ambiental, Alice Adarkwa-Dadzie; e o professor e também diretor da CSIR, Fred Oteng-Yeboah. Como resultado, os participantes identificaram os maiores problemas que afetam a conservação da biodiversidade em Ghana e concluíram que os objetivos da estratégia deveriam focar a exploração da mata, os impactos do corte, a mineração, as queimadas, as erosões e o rápido crescimento populacional, bem como o apoio político em favor da conservação. Para analisar os mais de 50 grupos e/ou setores da sociedade que são apoiadores na conservação da biodiversidade, os participantes selecionaram, entre os mais importantes públicos-alvo, os tomadores de decisão, as indústrias extrativistas (como mineradoras e madeireiras), comunidades rurais, assembléias distritais, os educadores e a mídia. No segundo dia da oficina, os partícipes identificaram um leque de produtos de comunicação e de atividades para serem inclusas no Plano. “Muitas pessoas, extremamente ativas, dedicaram-se, durante dois dias, na criação de um valioso plano que promovesse a consciência conservacionista em Ghana. Alianças importantes foram firmadas entre instituições governamentais, mídia, setores privados e organizações não governamentais”, comentou o diretor da CI-Ghana, Okyeame Ampadu-Agyei, e concluiu sua fala dizendo que “a oficina foi um tremendo sucesso”.

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A Conservação Internacional – CI dedica-se às inovações na ciência, na economia e na política, assim como na participação da comunidade em proteger as regiões mais ricas em biodiversidade de plantas e de animais do Planeta. A CI atua, principalmente, nas áreas de tensão de biodiversidade, áreas de alta biodiversidade silvestre e em um conjunto de ecossistemas marinho. Como uma organização de conservação global, a Conservação Internacional desenvolve projetos em mais de 40 países nos quatro continentes. Para mais informação sobre os projetos da instituição visite o site www.conservation.org.

Contato: Coordenador de Comunicações

[email protected] Tel.: (202) 912 0123

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Anexos EXERCÍCIO – OFICINA 4-P A metodologia 4-P tem sido adaptada, com êxito, para acontecer em um dia. No entanto, isso só é possível com um grupo pequeno (acima de 12 pessoas), logo, o tempo disponível para discussão e para a “idéia luminosa” é limitado. Recomenda-se que a oficina de um dia inclua a participação de membros de uma mesma instituição ou organização. Isso reduz o tempo necessário para criar um grupo dinâmico e cobrir informações básicas. Os resultados, obviamente, são menos detalhados e a oficina não resulta na “compra” de participantes externos – um conjunto de benefícios que, normalmente, traz quando a atividade é desenvolvida em dois dias. Ela é, contudo, uma boa maneira das equipes gerarem idéias criativas para novas campanhas em pequena escala. Para conduzir os exercícios de apenas um dia, as atividades podem ser organizadas conforme exemplos abaixo: Primeiro “P” – Problemas O facilitador começa o exercício o mais cedo possível e, é claro, já deve ter em mãos uma pequena lista de problemas identificados. A equipe participante somente adicionará um ou outro problema relevante ainda não listado e, depois, o facilitador deverá solicitar que sejam votados/selecionados os problemas prioritários (dado o limite de tempo, é recomendado selecionar apenas três problemas prioritários). Baseado nesses problemas a equipe, então, cria os objetivos da campanha. Segundo “P” – Públicos

O facilitador deverá ter em mãos uma pequena lista de públicos. E, novamente, deve solicitar à equipe para votar nos públicos prioritários (sugira apenas três). A três equipes é dado, novamente, um curto espaço de tempo para que estes respondam ao primeiro conjunto de perguntas mostrados na seção “público” deste livro. Confira na página 42. Terceiro “P” – Produtos O facilitador retorna com uma lista de possíveis produtos, baseado nas discussões acima e/ou conhecimento prévio. As equipes se juntam para conduzir a análise final (respondendo as questões finais relacionadas aos públicos prioritários, como descritos na página 49).

Quarto “P” – Plano O grupo se reúne para identificar e implementar as melhores idéias geradas e, desta feita, começa a fixar incumbências.

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Pausa para o almoço 8PD�KRUD�

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Anexos OUTROS CONCEITOS DA 4-P A idéia de usar “4-P” como título para a metodologia não é original. Por muitas décadas, profissionais têm usado a mesma nomenclatura para sintetizar outros conceitos. Provavelmente, o exemplo mais reconhecido é o “4-P do Marketing”. Criado pelo professor da Universidade Estadual de Michigan, Jerome E. Mc Carthy, em 1960, essas quatro letras significam: Produto (Product) a ser vendido, Local (Place) onde acontecerá a atividade, Preço (Price) e Promoção (Promotion). Posteriormente, alguns profissionais de marketing adicionaram um quinto “P” Pessoas (People) para realçar a importância dos clientes. Outros, igualmente, foram acrescentados e atualizados, como o “P-7” que anexou dois outros conceitos: Premissas (Premises) e Proveito/Lucro (Profit). Os 4-Ps do marketing social também são baseados neste modelo. Ao redor do mundo há diversos outros esforços em construir idéias criativas usando a letra “P”. Eis alguns exemplos:

• Universidade de Bradford, Reino Unido, Departamento de Engenharia Civil e Meio Ambiente: Os 4-Ps - de produto a relatório – Posição (informação prática), Problema, Possibilidades (causas e soluções possíveis dos problemas) e Proposta (conseqüência e resultado).

• Universidade Villanova, Pennsylvania, Departamento de Ciências da Computação Laura Cassel: Os

4-Ps - níveis de proteção em redes de computadores “informática” – Paranóico (Paranoid) sem conecção tudo proibido, Prudência (Prudent) necessária permissão explícita, Permissivo (Permissive) conecção aprovada e Promiscuo (Promiscuous) tudo é permitido.

• John Langrehr, Consultor em Educação, sul da Austrália: Os 4-Ps que os bons pensadores têm em

comum: disposição Positiva (Positive), Padrões (Patterns) que são rapidamente reconhecidos, Probabilidades (Probing) conjunto de perguntas a serem feitas e Programa (Program) conjunto de palavras que sintetize a informação.

• Universidade de Dayton, Ohio, Laura Hooper: Os 4-Ps - rumo a uma nova atitude: Projeto (Project),

Público/Pessoas (People), Programa (Program) e Produto (Product).

• Organização Tecnológica Ltda, Singapura: Os 5-Ps da administração organizacional: Processo (Process), Projeto (Project), Público/Pessoas (People), Programa (Program) e Produto (Product).

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Anexos LEITURA ADICIONAL Os recursos listados abaixo são para melhor oferecer ao leitor uma informação adicional a respeito das técnicas, das metodologias e da pesquisa usada pela CI e por diferentes parceiros no processo do plano estratégico para a comunicação. ACADEMY FOR EDUCATIONAL DEVELOPMENT (2004). Going to SCALE (System-wide Collaborative Action for Livelihoods and the Enrivonment). Washington, DC: Academy for education Development. Disponível em: http://www.greencom.org/greencomscale.asp. BARKER, S., e Elliot, P. (2000). “Panning a Skills-Based Resource for Biodiversity Education”. Jornaul of Biological Education 34 (3), pp. 123-127. BOOTH, E.M. (1996). Starting with Behaviour: A Participatory Process for Selecting Target Behaviours in Environmental Programs. Washington, DC: GreenCOM, Academy for Education Developmnet. In Spanish as Todo empieza con el comportamiento. Disponível em: http://www.greencom.org/greencom/get_report.asp?id=11. BUSINESS PRESENTATION GROUP (2005). Participlan. Disponível em: http://participlan.com/pplan.html. DAY, B.A., e MONROE, M.C. (Eds) (2000). Environmental Education and Communication for a Sustainable World Handbook for Practitioners. Washington, DC: GreenCOM, Academy for Education Developmnet. Disponível em: http://www.greencom.org/greencom/books/ee_handbook.asp . EUROPEAN COMMISSION. (2001). Manual: Protect Cycle Management. FOSTER-TURLEY, P. (1996). Making Biodiversity Conservation Happen: The Role of Environmental Education and Communication. Washington DC: GreenCOM Environmental Education an Communication Project. Disponível em: http://www.greencom.org/greencom/pdfdiscussion_papers/biodiv4.pdf. FASID (1999). Project Cycle Management: Management Tool for Development Assistance. Foundation for Advanced Studies on Internacionatl Development. GREENCOM, Academy for Education Development (2002). Heating Up Society to Take Environmental Action. Washungton DC: GreenCOM. ISBN: 0894921185. Disponível em: http://wwwaed.org/ToolsandPublications/upload/ces-heatinggupsociety.pdf. HAMÚ, D., Auchinclos, E., e Goldstein, W. (Eds) (2004). Communicanting Protected Areas. Gland, Switzerland and Cambridge, UK: Commission on Education and Communication. IUCN. ISBN: 2831708222. Disponível em: htpp://www.iucn.org/themes/cec/themes/protected_cases.htm . JACOBSON, S.K. (1999). Comunication Skills for Conservation Professionals. Washington, DC: Island Press. ISBN: 1559635096. MARGOLUIS, R. E Slafsky N. (1998). Measures of success: desingning, managing, and monitoring conservation and development projects. Washington, DC: Island Press. MATARASSO, M. (2004). Targeting Behaviour: Developing Conservation Education, Communications and Advocacy Programmes with the Participation of Local Comunities. Hanoi: WWF Indochina Programme. Disponível em http://www.wwfindochina.org/env-education/publications.htm . RIENTJES, S. (Ed) (2000). Communicating Nature Conservation: A manual on using communication in support of nature conservation policy and action. Tilberg: European Centre for Nature Conservation. ISBN: 9080248290. Disponível em: http://www.ecnc.nl. SAEED, S., Goldstein, W., Sherestha, R. (1998). Planning Environmental Education and Communication: Lessos from Asia. Bangkok and Switzerland: IUCN.

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Plano participatório pode melhorar significantemente os resultados

dos programas de consciência conservacionista. Desde 1991, a

Conservação Internacional – CI e seus parceiros têm desenvolvido

campanhas de consciência em aproximadamente 20 países. A CI tem

atraído múltiplos apoiadores no planejamento de campanhas com a metodologia da

Oficina 4-P. Neste processo criativo, pessoas reúnem-se no período de dois dias para

analisar os PPrroobblleemmaas s de conservação local, os PPúúbblliiccooss em potencial e os PPrroodduuttooss

mais apropriados – ou ferramentas de comunicação – para alcançar cada público-alvo

e, assim, desenvolver um PPllaanno o para a campanha de modo que leve em conta o

contexto local e recursos. Neste primeiro volume da série ““LLiiççõõees s dde ce caammppoo””,,

comunicadores podem seguir passo a passo às instruções para conduzir uma oficina 4-

P e, também, aprender, com cada estudo de cada caso, de como a metodologia foi

usada para construir campanhas efetivas.

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