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  • Congresso Nacional "Literacia, Media e Cidadania"

    Sara Pereira (Org.) (2011) Congresso Nacional "Literacia, Media e Cidadania" 25-26 Maro 2011, Braga, Universidade do Minho: Centro de Estudos de Comunicao e Sociedade ISBN 978-989-97244-1-9 Acrescentar e ampliar leituras: projectos da Biblioteca Municipal do Seixal para a literacia visual

    VERA MARIA DA SILVA Biblioteca Municipal do Seixal [email protected]

    Resumo: Nesta comunicao partilhamos informao e experincias em torno de actividadeseducativas para a literacia visual, e sua contribuio activa para as leituras e literacias,apresentando conceitos, contedos, metodologias e resultados alcanados com projectosrecentes: DIREITOS por DIREITO? um projecto para a promoo das leituras e dacidadania; VER e OLHAR: um percurso para uma literacia do olhar; REPRESENTAESDO SEIXAL E DA POCA NO OLHAR DE JORGE ALMEIDA LIMA. Apresenta-se ainda uma actividade que procura transmitir informao para uma leitura crtica e conscientedas mensagens publicitrias, a LUPUBLICIDADE: publicidade lupa. Os projectos desenvolvidos, em torno de uma temtica anual e numa perspectiva de project in progress, tm total ou parcialmente por objecto expresses e representaes do universomeditico e visual: pintura, fotografia, filmes. Sustentam-se, na sua quase totalidade, em lgicas de Servio Educativo como modelo orgnico e actividade que dever consolidar-se nas bibliotecas. Procuramos assim acrescentar e ampliar competncias de leituras econtribuir para afirmar uma transio para polticas de servios educativos. Com asprticas e os produtos que lhes esto associadas estes, efectivamente, permitam atingirresultados superiores nas literacias, apropriao de conhecimentos, criao e uso deideias e de informao, visando um crescimento integral pessoal e colectivo, na medidaem que a Biblioteca proporciona ofertas mais diversificadas e qualificadas comunidadeeducativa e aos leitores/utilizadores comuns. Palavras-chave: Literacia, literacia visual, prticas de animao, servios educativos em bibliotecas.

    ENQUADRAMENTO DO CONCEITO DE LITERACIA

    Pode considerar-se literacia como a capacidade de os indivduos processarem e comunicarem informao, transmitida em distintos contextos e suportes, possuindo competncias para a interpretar, seleccionar, tratar, produzir e transmitir com autonomia, responsabilidade e sentido crtico, o que pode ser indutor de criatividade e construo de conhecimento. Apesar de o termo remontar Grcia antiga, o seu uso generalizou-se apenas no sculo passado, associado realidade social e produtiva de uma sociedade que necessitava de indivduos com acrescidas competncias, o que foi tambm acompanhado por processos de democratizao da cultura. Inicialmente, os conceitos de literacia e alfabetizao no eram claramente diferenciados. Eram entendidos como uma capacidade bsica de escrever, ler e compreender uma mensagem e de dominar conceitos elementares de numeracia. Actualmente, alfabetizao reporta-se frequncia de graus bsicos da escolaridade formal, e

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    literacia visa abarcar uma realidade mais ampla e abrangente, a de permitir aos indivduos compreenderem e usarem a informao de forma a atingirem os seus objectivos, desenvolverem os seus conhecimentos e potencialidades para participarem, crtica e activamente, na sociedade. O conceito incorpora tambm a capacidade de compreenso dos cdigos humanos (palavras, smbolos, signos), independentemente da rea de conhecimento a que se reportem, a criaes e convenes artsticas e sociais, pelo que no se reduzem apenas ao que se expressa em palavras. Ele abarca tambm imagens e sons, viso que sustentada num conjunto de documentos de orientao curricular.[1]

    O conceito information literacy surgiu em 1974 associado necessidade de os indivduos se movimentarem no novo contexto emergente de um crescente universo informacional. Era preciso incorporar novas competncias (skills), conhecimentos e valores para pesquisar, aceder, avaliar, organizar e difundir a informao e o conhecimento. Do que temos pesquisado sobre literacia (entendida como capacidade de interpretar e comunicar signos, significantes e significados), constata-se que o mbito da Literacia pode ser infindo, entre outros: Literacia Funcional; Literacia de Informao; Literacia Tcnica; Literacia Digital; Literacia Social; Literacia Financeira, Literacia Estatstica; Literacia Matemtica; Literacia Tecnolgica; Literacia Cientfica; Literacia Poltica; Literacia para a Igualdade de Gnero; Literacia para a Qualidade de Vida. Poder ser prefervel usar o termo no plural, e a pluralidade que o enforma talvez se resuma a termos competncias para ler, interpretar, conhecer e nos movimentarmos, adequadamente, no mundo e naquilo que produzido pelo esprito humano. No contexto desta realidade, ressalta a necessidade de desenvolver prticas em torno de diversas literacias. Para isso, e naquilo que s bibliotecas concerne, necessrio afectar-lhes outros recursos materiais e humanos que lhes confiram meios para uma efectiva promoo das literacias. Isto particularmente oportuno considerar quando, finalmente, est em desenvolvimento o processo para a aprovao de uma Lei das Bibliotecas. nestas bases, enquadramento e viso, e numa transio de prticas de animao para lgicas de servio educativo, que contextualizamos os projectos em torno das literacias que temos desenvolvido e que so objecto desta comunicao. ACTIVIDADES DE ANIMAO versus PRTICAS DE SERVIO EDUCATIVO

    O conceito de animao cultural, com origem nos movimentos para a promoo de uma educao popular, tem passado por um conjunto de transformaes que se radicam nas alteraes socioculturais e nos processos evolutivos da sociedade. Vrios autores acentuam no conceito distintas perspectivas: a sua ligao educao no formal; ao desenvolvimento comunitrio e bem-estar social; promoo e desenvolvimento cultural.[2] Se bvia a valia destas perspectivas sobre animao cultural, mais do que sublinhar diferenas pode considerar-se mais vlido considerar uma perspectiva sinergtica, em que todos estes conceitos convergem (com distintas ponderaes decorrentes dos pblicos alvo e da especificidade e objectivos dos projectos), para prticas efectivas que procurem ampliar nas pessoas uma educao integral, permanente e participada que, deixando de equacionar os sujeitos de forma passiva, visem indivduos mais qualificados, com condies de exercerem uma reflexo crtica e de construrem perspectivas autnomas, activas e fundamentadas.

    Como j tivemos oportunidade de reflectir em anteriores textos e comunicaes,[3] concretizmos na Biblioteca do Seixal projectos e actividades numa lgica e prtica de servio educativo, pois consideramos limitadas algumas actividades de animao leitura desenvolvidas nas bibliotecas; parte delas limitam-se a conferir uma impresso algo vazia, gnero movie feel good, que tranquiliza as nossas conscincias: sim, desenvolvemos muitas actividades de animao.

    Afigura-se ser tempo da necessidade de um diagnstico sobre prticas de animao. E sobre os seus resultados carece ser feita uma reflexo precisa e avaliao objectiva.[4] Ocorre na realidade

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    actual confundir-se a promoo da leitura e a autonomia do leitor com aces de mero entretenimento avulso; o papel do mediador de leitura com o de entertainer; a promoo das bibliotecas com a promoo da leitura, veiculando uma persistncia de mitos e prticas insuficientemente avaliadas, de concepes limitadas e limitadoras.[5] A ideologia triunfante considera a educao do gosto como algo atentatrio, o que se estende arte, literatura, ao prprio ensino.[6] E verifica-se uma relativa indiferenciao entre o evento como cultura e a cultura como evento, resultado de, como, numa viso social to premonitria, Guy Debord tinha chamado ateno, um mundo que se caracteriza por uma radical impossibilidade de se poder viver directamente o que quer que seja, na medida em que tudo aparece desde sempre condicionado pela imagem de si prprio, isto , pela necessidade de criar o espectculo da sua prpria realidade.[7]

    A realidade , cada vez mais, a de uma indstria cultural a transforma-se, paulatinamente, em public relations, uma espcie de produo de good will. O cliente (designao que alguns bibliotecrios acharam por bem aplicar a leitores e utilizadores, com uma relativa inconscincia do que isso representa para a lgica de um servio pblico como aquele que prestado pelas bibliotecas) seduzido para um consentimento geral e acrtico, o que o torna, como aos produtos, numa publicitao para o mundo, assim como muitos produtos da indstria cultural so o a publicidade de si prprios. O imperativo categrico da indstria cultural no tem nada em comum com o de liberdade, com a qualificao das pessoas. Visa transmitir uma mensagem de adaptao irreflectida e acrtica a uma realidade, a da ideologia da indstria cultural, e esse processo de adaptao procura tomar o lugar da conscincia, impondo uma ordem que se furta a reflexo, a confronto mesmo que pouco tendo a ver com os reais interesses das pessoas.[8] E tambm nas bibliotecas e na profisso evidencia-se um certo demissionismo face a esta realidade e sobre o que o nosso papel, uma questo para que j chammos anteriormente ateno[9] Importa sernos crticos nas actividades que promovemos, pois devemos ter presente que contribuimos para a qualificao das pessoas e para a formao de indivduos autnomos, independentes, capazes de julgar e de decidir conscientemente, Estes so pressupostos de uma sociedade democrtica e ela carece de indivduos emancipados para a manterem e desenvolverem.

    Como j, h muito, repetimos, competimos pelo tempo livre das pessoas para a prtica da leitura e promoo das literacias. Na nota ao estudo A Leitura em Portugal (2007), Isabel Alada observa verdade que hoje se torna mais difcil conquistar os cidados para os incomparveis benefcios da prtica da leitura devido concorrncia de mltiplas solicitaes para a ocupao do tempo. Mas apesar da presena de factores negativos, a experincia demonstra ser possvel transformar alguns deles, como por exemplo as novas tecnologias, em potenciais aliados. E tambm que a interveno consistente e adequada pode ampliar o efeito dos factores positivos, como se tem verificado em tantos pases que desenvolvem projectos de leitura e avaliam os respectivos efeitos. No mesmo estudo, no captulo sobre a Utilizao das TIC, constata-se que a maioria dos inquiridos (52%) utiliza o computador e, deles, 35% utiliza-o diariamente, dominando expressivamente a utilizao de 74% para finalidades de lazer perante 40% de necessidades profissionais e 29% de estudo. Mas note-se que 83% dos que afirmaram no usar computador so os que tm os mais baixos nveis de escolaridade (apenas possuem formao at ao 2 ciclo do Ensino Bsico). Decorre no que se refere s TIC que estas so to afectadas como a leitura pela pobreza, fracos nveis de alfabetizao e competncias de literacias. Mas a E-leitura e outros processos de base tecnolgica, no deixam de ser instrumentos com potencial para a promoo de prticas e do gosto pelas leituras. Neste ambiente, material de leitura, de informao, auxiliares pedaggicos para explorao, contextos ldicos, so recursos atractivos para os jovens, bem como uma infinidade de oportunidades do modelo biblioteca 2.0 e redes sociais, ainda que algumas bibliotecas caream de condies para a sua explorao. Questes de nvel decisrio parte, o facto que as bibliotecas precisam de

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    qualificar, ampliar e facilitar o acesso e uso de ofertas comunicacionais, educativas e informativas; de providenciarem e produzirem mais e melhores contedos informativos digitais e textuais de qualidade. E, a par, carecem de ser atingidos melhores resultados no ensino, serem assumidos compromissos colaborativos, operar numa realidade de implementao de projectos vlidos sendo que estes necessitam de ser fundamentados em estudos e sustentados numa avaliao criteriosa.

    Estamos num contexto inovador em que a tecnologia marca presena. Esto disponveis infra estruturas e equipamentos tecnolgicos e contedos para apoiar os processos educativos. Hoje as escolas tm computadores, internet, videoprojectores, quadros interactivos, banda larga, Web 2.0; muitas crianas dispem de Magalhes, de telemveis; existe um Plano tecnolgico da Educao e os programas e-escola, e-escolinha. E algumas bibliotecas j dispem de recursos tecnolgicos apreciveis. Para as bibliotecas a questo coloca-se ento (tendo em conta o que so hoje ferramentas e redes de comunicao na Web e o software livre), em como rentabilizar estes recursos, como lhes incorporar valor pedaggico, informativo, cultural, educativo e de lazer com valia para a promoo das literacias. As ferramentas disponveis no so estticas, podem ser manipuladas e permitir a criao de produtos e de actividades educativas nas escolas e nas bibliotecas. Ferramentas Web 2.0 permitem aceder, participar, produzir, criar, publicar, colaborar. Est disponvel software livre e gratuito para muitas necessidades e existem ferramentas que so transversais em termos de interesse disciplinar e que podem ser usadas para diferentes projectos. Por isso, no caso concreto das bibliotecas, a questo no est tanto na dificuldade de existirem recursos mas nas distintas realidades que as enformam, na viso que tenham para as utilizar, na definio de eixos para o uso de ferramentas digitais com funcionalidades de partilha de contedos e de recursos educativos digitais de interesse pedaggico, educativo, cultural e informativo. Estamos num tempo e contexto de desafios e de apostas ldicas e pedaggicas, mas tambm de necessidade de uma definio de polticas educativas, informativas e culturais perante o que uma desmaterializao de processos de uso, recursos e utilizaes conformes s necessidades dos nossos dias. O digital no substituiu ainda outros suportes, pelo que a estratgia a prosseguir deve de ser a de articular e integrar, de usar com coerncia, pertinncia e assertividade, de ponderar o que podemos fazer e que prticas educativas so visadas.

    Mas importa no s perspectivar oportunidades ou avaliar os efeitos daquilo que temos vindo a fazer nas bibliotecas. Carecemos tambm de avaliar os processos, o tipo de prticas que desenvolvemos para a promoo das leituras, pois elas podem ser indutoras de resultados distintos nos efeitos alcanados. Temos de considerar na nossa actividade metodologias recomendadas, sugestes de abordagem, enquadramentos que ampliem competncias para a leitura, sugestes de explorao[10] pois os visitantes, autonomamente ou integrados em visitas acompanhadas e apoiadas por materiais pedaggicos, podem, a partir do que lhes oferecido, fazerem leituras, descobrir sentidos e projectar interpretaes. Os cdigos humanos podem ser de naturezas diversas e quer a sua produo, quer a sua leitura podem ter uma margem de arbtrio. Um leitor competente deve poder entender um contedo quer na sua linearidade, quer na possvel arbitrariedade tomada pelos referentes.

    Os desenvolvimentos de projectos para ampliar nveis de literacia no so dissociveis dos processos de construo do conhecimento (HOOPER:1999,11-13). Por isso, mais do que desenvolver apropriaes mecanicistas, desafios e conflitualidade terica, importa procurar snteses vlidas e libertas de preconceitos que permitam melhores resultados no processo de aprendizagem, apropriao e construo do conhecimento e de um gosto individual, territrios onde se movem as aces de animao e de servios educativos das bibliotecas e das escolas, e que precisamos de abrir a novos horizontes e prticas.[11] Neste processo, e apesar dos fundamentos de distintas concepes nas teorias da aprendizagem e do conhecimento, pertinente considerar que a

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    construo de significados ou atribuio de sentido est dependente dos conhecimentos prvios, crenas e valores. (HOOPER:1999,11-13); e que fazer no , necessariamente, sinnimo de aprender se a aco requerida no se inserir num desafio cognitivo que levante questes e dote a experincia de sentido. () Para poderem promover uma verdadeira aprendizagem, as actividades educativas necessitam de envolver a mente (Minds-on) tanto quanto as mos (Hands-on) e de permitir a produo de uma reflexo sobre a prtica realizada, sobre o que se aprende e como se aprende. (SILVA:2003,20-25).

    No contexto das aprendizagens e da promoo das literacias ser oportuno referir aspectos relacionados com os jovens, um pblico que as bibliotecas tm dificuldade em atingir. Concluses de estudos ingleses e espanhis sobre jovens sublinham que importa no acentuar diferenas mas sim atenuar clivagens entre cultura popular/cultura institucional, visar eventos para jovens/para adultos como oportunidades de experienciao de algo diferente; possibilidade de alargamento de horizontes culturais; enfatizao do interesse destes dois processos e vias culturais, e do seu potencial limitador de mtuas excluses sociais.[12] Nas bibliotecas fomentamos posturas gerais de neutralidade sobre interesses, perspectivas e escolhas dos leitores [13], uma afirmao paradigmtica nos manifestos da UNESCO. Mas ainda que isso torne mais complexos os processos de promoo da leitura e apropriao de competncias, tal no significa que sejamos quer neutrais, quer normalizadores naquilo que optamos por promover. [14] Estudos realizados [15] apontam ilaes para desenvolver, com sucesso, prticas de promoo da leitura e das literacias e aproximao dos jovens cultura e s artes. Nisto importa ter em conta as culturas juvenis [16]: os jovens no so uma componente passiva; precisamos de encontrar formas adequadas para interagir com eles; entender os jovens como um grupo com interesses muito heterogneos; segmentar perfis e procurar formas de obter o seu envolvimento e compromisso; considerar a importncia da atmosfera, dilogo e informao que lhes interessem; criar pontes com a escola e as famlias para melhor chegar a eles; incrementar a relevncia de contextos educativos, culturais e artsticos; ponderar iniciativas e abordagens que congreguem a sua motivao e interesse; dispor de competncias, experincia e treino para desenvolver trabalho com eles; ter processos de monitorizao e avaliao para avaliar critica e sistematicamente o sucesso das iniciativas; desenvolver cooperao e partilha; efectuar pesquisas, quer sobre a realidade e caractersticas dos pblicos, quer sobre factores de sucesso/insucesso de intervenes desenvolvidas (RODRIGUEZ:2000). Quando equacionvamos perspectivas para o futuro das bibliotecas [17] considermos que, incorporando novas realidades, elas continuaro a existir tambm como espaos de sociabilizao, informao e conhecimento; a oferecer, conservar e difundir, em mltiplos acessos e suportes, os avanos e a memria das realizaes e da cultura do gnero humano. Por isso, devemos afirmar a proximidade cultura como algo que nos acrescenta, diferencia e permite uma melhor identificao connosco. E hoje, ainda que tal possa no estar na moda, no devemos deixar de o fazer e de sermos difusores destes contedos junto dos jovens. O nosso papel no o de os restringir em relao cultura e contemporaneidade mas de os acrescentar.[18] O estudo Poverty: Acess and Participation in the Arts (MOORE:1997) identificava 5 tipos de barreiras persistentes no acesso participao: financeiras, de hbito/prtica, fsicas [19], sociais e culturais. Ainda que difceis de ultrapassar, temos de ter em considerao que desigualdades sociais condicionam igualdade de acesso, fruio e gratificao. A incluso cultural implica tambm reforar mais oportunidades de ver, ouvir, ler e de projectar sentido. Democratizar as artes e a cultura tem de significar que elas se tornem relevantes para as pessoas. E, os jovens, particularmente, devem sentir a sua participao como uma oportunidade de sociabilizao; de diversidade e enriquecimento pessoal; factor de promoo da criatividade; de o passado ser um elo de ligao e compreenso do presente cultural; de ele se constituir como uma experincia de aprendizagem, pois ser radical aprender as coisas de raiz[20] e procederem ento a reformulaes

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    numa base sustentada. As literacias concorrem para o desenvolvimento social ao ampliarem uma aproximao e desenvolvimento de sentido crtico, induzem transformao da conscincia, geram maiores oportunidades de agir e criar. Entre outras abordagens, a educao atravs das artes uma ferramenta para distintos objectivos e, seguramente, tambm para a promoo das leituras e literacias.

    ENQUADRAMENTO DOS PROJECTOS DESENVOLVIDOS NO CONTEXTO DAS LITERACIAS

    Os projectos em que nos vamos deter so: Ver e Olhar (no mbito da literacia visual e tendo como base de abordagem a pintura e a cultura)[21]; Representaes do Seixal e da poca no olhar de Jorge Almeida Lima (no mbito da literacia visual e tendo como base de abordagem a fotografia e a cultura)[22]; Lupublicidade (no mbito da literacia meditica, tendo por base de abordagem as mensagens publicitrias e o seu entorno)[23] e Direitos por Direito? (no mbito da literacia para a cidadania e tendo como base de abordagem os Direitos Humanos e a sua explorao a partir de distintos suportes)[24]. Estes projectos enquadram-se na promoo de literacias se entendermos por Literacia Cultural a capacidade de compreender, adquirir e acrescentar informao e conhecimento sobre modelos e convenes culturais e de ter sobre eles uma percepo e reflexo consciente; Literacia audiovisual a capacidade de interpretar leituras e mensagens, por vezes difusas, atravs de sons e imagens (nem sempre claramente relacionados com o referente), e que permite ao receptor construir conhecimento, afirmar a sua liberdade e sentido crtico activo; Literacia Meditica a capacidade de analisar contedos de informao veiculados pelos media, verificar fontes informativas e habilitar o receptor com pontos de vista crticos e alternativos; Literacia de Direitos Humanos a capacidade de conhecer os Direitos Humanos, os direitos e liberdades bsicos de todos os seres humanos, onde se incluem (entre outros direitos sociais, polticos e culturais), o de liberdade de pensamento e de expresso e a igualdade perante a lei, e que permitem s pessoas uma vivncia consciente e informada destes direitos participando activa e positivamente na sociedade.

    A promoo da literacia cultural, visual e artstica no espao educacional, de que as bibliotecas tambm fazem parte,[25] permite conferir s pessoas ampliadas competncias de codificao e descodificao de conotaes simblicas, experincias e reflexo em torno de objectos e mensagens comunicacionais, processos e contextos criativos de experienciao e criaes artsticas. A abordagem a este tipo de literacias sustenta-se em pilares bsicos da educao: aprender a conhecer; aprender a fazer; aprender a interagir; aprender a ser, o que, na aprendizagem, sempre um processo complexo, inacabado, porque ele acompanha um percurso de vida e no se esgota nos nveis e no tempo da escolaridade formal, sobretudo no actual contexto social to marcado pela diversidade, multi e interculturalidade, por transformaes e necessidades emergentes. A educao artstica e para a cidadania e a literacia visual podem ser desenvolvidas de forma multi e interdisciplinar, permitindo o desenvolvimento de articulaes e competncias relacionais, tcnicas e culturais na aquisio de aprendizagens em distintas reas do saber, ampliando o potencial interpretativo, reflexivo e criativo, sendo que a criatividade uma forma de inteligncia inovadora. Para isto, so relevantes ofertas de experincias de aprendizagem sustentadas em modelos, ambientes e contextos adequados e enquadrados por mediadores competentes [26], o que, particularmente, nas bibliotecas nem sempre ocorre pois nem todas dispem destes recursos.

    Afigura-se necessrio considerar que as chamadas actividades de animao em bibliotecas apostem em projectos educativos, arrisquem uma pedagogia plural, invistam numa formao dos seus tcnicos, considerem a importncia de uma transversalidade de saberes, Se nestes deve existir uma clara noo de que o que ali se oferece s pessoas no uma mera replicao de processos e abordagens escolares, neles no deve estar ausente a viso de que eles devem ter sustentabilidade ldica e pedaggica, que podem ser instrumentos facilitadores para a ampliao de nveis de literacia

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    e oportunidades de promoo e estabelecimento de parcerias e cooperao interna e interinstitucional.

    APRESENTAO DOS PROJECTOS

    DIREITOS POR DIREITO? [27] um projecto para a promoo da leitura e de literacia para a cidadania dirigido a crianas, visando conferir informao e formao para a cidadania, aquisio de competncias informativas e oportunidade de as crianas exprimirem as suas prprias vises.

    Este projecto tem por objectivos: 1) expor, analisar e reflectir conceitos afectos aos direitos humanos, com base em leituras de documentos textuais, iconogrficos ou sonoros; 2) Promover a reflexo e o debate sobre os direitos humanos transpondo conceitos que lhe so inerentes para o plano da comunicao, das pedagogias e das expresses; 3) Fomentar nas crianas um esprito de cidadania, reflexo crtica e responsabilidade sobre a prtica dos direitos humanos enquanto paradigmas da dignidade e coeso nas nossas sociedades; 4) Estimular a reflexo e produo de contedos pelas crianas e dar-lhes o devido suporte e visibilidade; 5) Contribuir para a qualificao cultural e cvica de crianas e jovens, o que assegura um processo de democratizao da informao cvica, da cultura e do conhecimento na perspectiva de uma formao integral dos indivduos; 6) Consolidar e ampliar esta experincia e as memrias activas e prticas a ela associadas numa metodologia de project in progress (de que resultou uma exposio colectiva de trabalhos j apresentada na Biblioteca Municipal do Seixal).

    Para a operacionalizao do projecto foi produzida uma maleta pedaggica, visando a explorao de diversas literacias (textuais, auditivas e visuais) com uma focalizao na construo e promoo de competncias em torno dos direitos humanos que tornem as crianas e jovens futuros cidados activos, crticos e conscientes do seu papel e do valor da sua participao efectiva nos processos de deciso e governncia. A maleta constituda por materiais que promovem multileituras [28] e por um conjunto de documentos de suporte e auxiliares pedaggicos: Programa de Pr-actividades para professores; Alguns conceitos associados aos Direitos do Homem; Significado e etimologia de conceitos associados ao projecto Direitos por Direito?; Sugestes gerais de abordagem para explorao dos 6 livros da maleta; Programas de pr-actividades para a explorao dos seis livros; Ficha para fazeres (de cada um dos seis livros e destinada s crianas); Direitos das crianas associados aos livros da maleta pedaggica (destinado s crianas); Sugestes gerais de abordagem para explorao dos 6 quadros; Ficha de actividades das pinturas reproduzidas na maleta pedaggica (destinada s crianas); Sugestes para explorao de linguagem verbal e gestual; Sugestes para explorao das cassetes udio; Folha de actividades para ler, levar e fazer (destinada s crianas); Comentrios das crianas s actividades; Modelo do relatrio interno de actividades realizadas nas escolas; Ficha de avaliao do projecto.

    As iniciativas que se desenvolvem em torno do projecto so: a realizao, de um Workshop nas escolas que o desejem para divulgao e informao junto dos colaboradores que, localmente, vo explorar o projecto; elaborao de um Dicionrio dos Direitos do Homem e da Criana; Organizar, pesquisar e seleccionar informao para um Dossi Temtico; realizar, em torno da maleta, actividades educativas e de animao para a explorao de leituras sobre os direitos humanos e a cidadania; o enriquecimento da maleta pedaggica com testemunhos e materiais produzidos nas escolas e associveis iniciativa.

    O projecto permite: 1) partir dos materiais disponibilizados, uma pluralidade de leituras e perspectivas que estimularam o gosto e interesse pela leitura e pela informao e reflexo em torno da cidadania, motivando crianas e jovens a produzirem contedos; 2) A partir das premissas de abordagem os participantes puderem construir uma viso social e pessoal sobre os direitos humanos

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    e a importncia de uma cidadania activa com base em processos de interactividade, descoberta e multiplicidade de olhares e, espera-se que conservem uma memria activa da sua participao no projecto; 3) O desenvolvimento de capacidades de fazer uma apreciao assertiva na leitura das suportes textuais, iconogrficos e auditivos e competncias para emitir um juzo crtico fundamentado, pois estas competncias so fundamentais para uma cidadania atenta e participativa, o que essencial para o desenvolvimento social e efectiva afirmao e expresso de paradigmas democrticos.

    O projecto de itinerncia j percorreu 10 escolas, estimando-se um envolvimento de 1.250 crianas. No inqurito de avaliao obtiveram-se os seguintes resultados: 80% das respostas consideraram o projecto muito bom e 20% bom; 70% consideraram a adequao da iniciativa ao perfil e nvel dos participantes como muito adequada e 30% adequada; 90% consideraram o desempenho dos tcnicos envolvidos no processo muito bom e 10% bom; 60% consideraram a sensibilizao das crianas para a importncia e prticas dos direitos humanos muito elevada e 40% bastante elevada; 90% das respostas consideraram muito boa a aquisio/aprofundamento de conhecimentos sobre direitos humanos e 10% como boa; 20% das respostas consideraram muito consolidada a interiorizao do conceito de Direitos Humanos e 80% bastante consolidada. Destaque-se, que projectos e resultados neste mbito importam por A human rights frame provides a tool to make this shift inclusive of those who are marginalized and exclud from the social, plotitical and economic rewards of participating in society. Human rights, then, becames a means to extended individual and social agency. (SCULTZ: 2008,134)

    VER e OLHAR: um percurso para uma literacia do olhar [29] um projecto que se desenvolve a

    partir de uma exposio produzida pela Biblioteca Municipal do Seixal em torno da pintura visando a literacia visual. Depois de explorado na biblioteca VER e OLHAR est agora a itinerar pelas escolas. Tem por objectivos: 1) A promoo de aprendizagens, literacias e conhecimentos; 2) permitir desenvolver processos em torno da promoo da leitura e das leituras que visem, em geral, promover o seu gosto e prtica continuada junto das pessoas, ampliar os seus nveis de literacia, aquisio ou consolidao de competncias culturais e de informao; 3) Promover, em particular, um projecto para a literacia visual da pintura; 4) Estimular competncias de pesquisa e construo de conhecimento; 5) Desenvolver competncias crticas e sustentadas de leitura(s) e multileituras na pintura e relaes intertextuais; 6) Complementar e/ou sedimentar percursos formativos e informativos; 7) Contribuir para a qualificao cultural das pessoas, o que assegura um processo de democratizao da cultura e do conhecimento na perspectiva de uma formao integral dos indivduos; 8) Consolidar e ampliar a experincia e as memrias activas e prticas associadas numa metodologia de project in progress; 9) Fidelizar actuais utilizadores, atrair e conquistar novos pblicos, oferecendo-lhes uma proposta e exploraes distintas das que, habitualmente, so disponibilizadas nas actividades de animao em Bibliotecas.

    Para a operacionalizao deste projecto foi produzida a exposio em torno de pinturas expressivas e marcantes na histria da arte. Na biblioteca, em paralelo exposio, ofereceram-se actividades complementares com ela relacionadas e que ficam bem evidenciadas nos auxiliares pedaggicos que aqui se indicaro, sendo que estes, e as prprias actividades, foram devidamente abordados na perspectiva dos escales etrios dos participantes e numa explorao sustentada em lgicas de servios educativos. As iniciativas desenvolvidas foram: Visitas acompanhadas e concepo de um conjunto de ateliers. Para as crianas: Olhos pequeninos tambm vem; Mestres do Disfarce. Realizou-se uma animao de leitura em torno do livro O ponto de Peter H. Reynolds. Para os jovens, tambm se explorou o atelier Mestres do Disfarce e concebeu-se expressamente para eles Ver, olhar e representar O Gaiarama (construir um Gaiarama a partir

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    dos conceitos de perspectivas cognitiva, visual e grfica para promover a criatividade, curiosidade e estimular nos jovens participantes a expresso dos seus prprios pontos de vista, a observao, e fazerem a descrio do que vem segundo a sua opinio). Para o pblico adulto a exposio foi complementada com uma Mostra Bibliogrfica de documentos bibliogrficos e audiovisuais seleccionados do fundo documental da Biblioteca, tendo em conta a temtica da exposio. Produziu-se um conjunto de documentos de suporte e auxiliares pedaggicos. Para professores e educadores, quer para anteceder a preparao da visita, quer para apoiar posteriormente a explorao nas escolas, produziram-se: Folha de contextualizao educativa: objectivos bsicos do ensino - aprendizagem da histria de arte; Atelier Olhos pequeninos tambm vem: folha do professor; Atelier Mestres do Disfarce: folha do professor; Ficha de apoio Hora do Conto; Perspectiva grfica: alguns exemplos na pintura; A perspectiva (slides da apresentao em powerpoint); Sugestes de leituras complementares exposio; Bibliografias de referncia; Normativo para a itinerncia que lhe permita ser um project in progress. Para as crianas produziram-se os auxiliares: Ficha de observao de quadros; Descobrir leituras; Auxiliar pedaggico Quarto em Arles de Van Gogh; Auxiliar pedaggico As meninas de Velazquez; Auxiliar pedaggico O trabalho de Madox Brown; Auxiliar pedaggico A guerra de Paula Rego;Auxiliar pedaggico A alegria de viver de Picasso; Auxiliar pedaggico Os cegos guiando os cegos de Bruegel; Auxiliar pedaggico Mickey Mouse na frente de John Keanne; Auxiliar pedaggico Este o seu canto de Alma Tadema. Para os jovens: Ficha de observao; Ver e Olhar tua maneira; Ver e Olhar menos virgem; Ver, olhar erepresentar: o gaiarama. Para pblico adulto e jovens adultos foram feitas duas edies: o catlogo da exposio e um CD-Rom com as imagens de todas as obras de pintura apresentadas na exposio. Para esta exposio e iniciativas complementares foram produzidos os seguintes instrumentos de avaliao: Inqurito de avaliao para professores e educadores; Inqurito de avaliao para crianas com menos de 8 anos e at aos 15 anos (com a devida segmentao etria correspondente aos ciclos de ensino); Inqurito de avaliao para jovens dos 16 aos 18 anos; Inqurito de avaliao para jovens adultos (19 aos 25 anos); Inqurito de avaliao para adultos.

    O projecto permite: 1) Desenvolvimento de capacidades de fazer uma apreciao assertiva na leitura das telas e competncias para emitir um juzo crtico fundamentado, pois estas competncias so, lateralmente, fundamentais para uma cidadania atenta e participativa, o que essencial para o desenvolvimento social e efectiva afirmao e expresso de paradigmas democrticos; 2) Oferta de actividades complementares para o desenvolvimento educativo e informativo da comunidade; 3) A criao de contextos positivos para estimular uma interactividade que usufruda; 4) Um efectivo envolvimento de todos os intervenientes na explorao da visita e nas actividades pedaggicas. Os resultados locais obtidos: em 22 dias, 1.272 visitantes exposio e de 884 participantes nas actividades complementares. Foi apresentada uma exposio colectiva de trabalhos realizados nas escolas na Biblioteca Municipal e, em Lisboa, na DRELVT. No inqurito de avaliao efectuado, 30% das respostas consideraram o projecto Muito importante e 65% Importante.

    REPRESENTAES DO SEIXAL E DA POCA NO OLHAR DE JORGE ALMEIDA LIMA [30]

    um projecto que visa dar continuidade ao processo de desenvolvimento de literacias do visual iniciado com VER e OLHAR, mas tendo por campo de abordagem a fotografia. Teve por parceiros iniciais a Fundao Calouste Gulbenkian e o Ecomuseu Municipal do Seixal (providenciaram a cedncia de acervo fotogrfico); dois colaboradores externos competentes (que garantiram a produo e disponibilizao de uma rplica de uma cmara obscura para ser utilizada pelos visitantes e emprestaram-nos diversas pinholes); [31] escolas de todos os ciclos de ensino do concelho do Seixal e

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    AURPIS Associaes de Reformados, Pensionistas e Idosos (como o projecto continua activo, vai integrando novos participantes);

    Este projecto tem por objectivos: 1) Promoo de aprendizagens, literacias e conhecimentos; 2) Produzir um projecto no mbito da fotografia para permitir desenvolver processos em torno da promoo das leituras visando desenvolver o seu gosto e prtica continuada, ampliar os nveis de literacia e aquisio ou consolidao de competncias culturais e de informao; 3) Promover, em particular, um projecto para a literacia visual da fotografia; 4) Estimular competncias de pesquisa e construo de conhecimento; 5) Desenvolver competncias crticas e sustentadas de leitura(s) e multileituras nas imagens fotogrficas e relaes intertextuais; 6) Complementar e/ou sedimentar percursos formativos e informativos; 7) Contribuir para a qualificao cultural das pessoas o que assegura um processo de democratizao da cultura e do conhecimento na perspectiva de uma formao integral dos indivduos; 8) Consolidar e ampliar esta experincia e as memrias activas e prticas, a ela associadas, num project in progress; 8) Fidelizar actuais utilizadores e atrair e conquistar novos pblicos ao oferecer-lhes uma proposta e exploraes distintas das habitualmente disponibilizadas nas actividades de animao.

    Para a operacionalizao deste projecto foi produzida uma exposio em torno da obra fotogrfica de Jorge Almeida Lima, um fotgrafo conceituado dos primrdios da fotografia em Portugal e com uma forte relao ao concelho do Seixal, um lugar amplamente representado no seu trabalho e que, como outros, so excepcionais representaes e testemunhos de uma poca e um bom exemplo de transio e ruptura artstica para os novos paradigmas estticos na arte que surgiram entre meados do sc. XIX e princpio do sc. XX. As iniciativas desenvolvidas na Biblioteca Municipal do Seixal, em paralelo exposio e s visitas acompanhadas, foram um conjunto de actividades complementares com ela relacionadas e auxiliares pedaggicos. As actividades, abordadas na perspectiva dos escales etrios dos participantes, foram exploradas com sustentao em lgicas de servios educativos. Realizaram-se ateliers para crianas: Recortar a Luz; Fotomontagem mo. Para os jovens produziram-se os ateliers Foto-geometria e Representaes inspiradas. Para o pblico adulto a exposio foi complementada com uma Mostra Bibliogrfica de documentos textuais e audiovisuais expressivos da temtica e existentes no fundo documental da Biblioteca. Produziu-se um conjunto de documentos de suporte e auxiliares pedaggicos. Para professores e educadores (quer para anteceder a preparao da visita, quer para apoiar posteriormente a explorao nas escolas), produziram-se e distriburam-se: um CD-Rom com todas as imagens das fotografias da exposio e Folha de informao sobre as actividades educativas complementares e auxiliares pedaggicos disponveis; Recortar a Luz: folha do professor; Fotomontagem mo: folha do professor; Descobre as formas nas fotos: folha do professor; Representaes inspiradas: folha do professor; Foto-geometria: folha do professor; A cmara escura; A fotografia estenopeica; Bibliografia e o Normativo para a itinerncia da exposio. Para as crianas produziram-se os auxiliares: Recortar a Luz; Agarrados sombra; Fotomontagem mo; Descobre as formas nas fotos; Representaes de ontem e de hoje; Dicas para o pequeno grande fotgrafo. Para os jovens produziram-se os auxiliares: Representaes inspiradas; Foto-geometria. Para os adultos e jovens adultos, elaborou-se o catlogo da exposio. Para realizar o processo de avaliao da exposio e das iniciativas complementares foram produzidos os seguintes instrumentos de avaliao: Inqurito de avaliao para professores e educadores; Inqurito de avaliao para crianas com menos de 8 anos e at aos 15 anos (com a devida segmentao etria correspondente aos ciclos de ensino); Inqurito de avaliao para jovens dos 16 aos 18 anos; Inqurito de avaliao para jovens adultos (19 aos 25 anos); Inqurito de avaliao para adultos.

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    Congresso Nacional "Literacia, Media e Cidadania"

    O projecto permite: 1) Desenvolvimento da capacidades de fazer uma apreciao assertiva na leitura das fotografias e competncias para emitir um juzo crtico fundamentado pois, lateralmente, estas competncias so fundamentais para uma cidadania atenta e participativa; 2) Oferta de actividades complementares para o desenvolvimento educativo e informativo da comunidade; 3) A criao de contextos positivos para estimular a interactividade que era usufruda; 4) Um efectivo envolvimento de todos os intervenientes na explorao da visita e actividades pedaggicas; 5) Oferecer um project in progress com continuidade na itinerncia pelas escolas a quem foram cedidos auxiliares pedaggicos que permitem o desenvolvimento e enriquecimento local do projecto; 6) Disponibilizar s escolas actividades e contedos que nelas so, localmente, explorados; 7) Contribuir para a concretizao da viso, misso e objectivos da biblioteca em termos de promoo da cultura, informao, conhecimento e competncias de literacia visual na comunidade; 8) Apresentar representaes da cultura material como componente estruturante da memria e do desenvolvimento social, no sentido em que o conceito de cultura engloba tambm a totalidade de comportamentos sociais adquiridos, moldados e transmitidos de gerao em gerao e o que o esprito humano faz sobreviver constante passagem do tempo, credos, instituies e comportamentos; 9) Uma oportunidade de conhecimento e revisitao de um tempo, relativamente estranho aos mais novos mas que foi ainda um presente na vida dos mais velhos, constituindo-se assim numa oportunidades de ampliao de conhecimento, de projeco de uma viso e juzo crtico sobre o passado e de ligao intergeracional, o que factor de compreenso de fenmenos e de coeso social. Em 15 dias, este projecto obteve um total de 450 visitantes exposio e de 352 participantes nas actividades complementares. Foi apresentada uma exposio colectiva de trabalhos realizados nas escolas na Biblioteca Municipal e, em Lisboa, na DRELVT. No inqurito de avaliao efectuado, 50% das respostas consideraram o projecto Muito importante e 50% Importante.

    LUPUBLICIDADE: publicidade lupa, um projecto no mbito das literacias, concretamente

    da literacia meditica, a que visa conferir a capacidade de aceder, compreender e apreciar, de forma crtica, diversos aspectos dos media e dos contedos mediticos e de comunicar numa multiplicidade de contextos e suportes. Ela diz respeito a todos os media, incluindo televiso e cinema, rdio e msica gravada, imprensa escrita, Internet e todas as demais tecnologias digitais. LUPUBLICIDADE procura conferir aos jovens competncias no domnio das literacias comunicacionais em publicidade e enquadra-se no 4 e 9 compromissos da Carta de Aalborg (um compromisso poltico, subscrito tambm pela Cmara Municipal do Seixal para o desenvolvimento sustentvel), que perspectivam um consumo responsvel e opes de estilo de vida; e Equidade e Justia Social, ao visarem, entre outras metas, adoptar uma poltica sustentvel de aquisio de bens e servios; assegurar acesso equitativo aos servios pblicos, educao, informao e a actividades culturais; garantir condies de vida de boa qualidade e socialmente adequadas. [32]

    Este projecto tem por objectivos: 1) Desenvolver, numa perspectiva geral, competncias de leitura(s) e multileituras crticas e sustentadas enquanto factores de conhecimento, integrao social e ampliao de capacidades de um exerccio pleno da cidadania crtico e consciente; 2) Conferir/ampliar competncias de literacia e leitura das mensagens publicitrias, mesmo nas entrelinhas dos spots, visando um consumo assente numa escolha mais criteriosa; 3) Facultar a apropriao e integrao de conhecimentos nas prticas quotidianas das pessoas, para que elas possam ter conscincia de processos manipulatrios em torno do consumo e disporem de ferramentas para entenderem melhor a aco de que so alvos e serem consumidores mais informados e com sentido crtico; 4) Ampliar competncias de seleco e escolha de produtos de consumo pois passam a dispor de quadros conceptuais e referenciais para a explorao da leitura e sub-leituras em mensagens e imagens de publicidade que lhes permitam fazer escolhas criteriosas;

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    5) Promover uma educao para o consumo e fornecer informao sobre os processos do mercado da publicidade e o uso de estratgias de desejo e auto estima, que so exploradas de forma enviesada e manipuladora pela sociedade de consumo, o que se enquadra objectivamente nos objectivos das Bibliotecas Pblicas, pois elas so instituies que visam contribuir para a educao, informao cultural, conhecimento e para um lazer qualificado.

    Para a operacionalizao deste projecto foi contratada uma colaboradora externa competente. [33] Foram-lhe indicados os objectivos visados. Estes deveriam ser atingidos por meio de aces centradas em sesses a realizar, localmente, em vrias escolas, mediante um enquadramento em diversos spots publicitrios. Com estes, faz-se a devida explorao e desmontagem das mensagens explcitas e implcitas condicionadoras e/ou indutoras de comportamentos de consumo que visam a valorizao simblica e emocional do produto cuja aquisio promovem. Em regra, os potenciais consumidores no desenvolvem perante os produtos e a publicidade que os promove uma leitura crtica e consciente pois estes processos publicitrios accionam reaces em termos do inconsciente e da activao lmbica cerebral.

    As iniciativas que se desenvolvem em torno do projecto so a realizao de sesses informativas e educativas. Em 2010 as aces da Lupublicidade centraram-se na abordagem A Representao de uma Representao. Para isso, explorou-se de forma documentada, sustentada e adequada s idades dos participantes, a Publicidade e Branding Emocional. [34] Partiu-se da premissa que estamos rodeados de milhes de estmulos publicitrios, de mensagens que nos assolam constantemente, e que - at inconscientemente - nos levam a criar representaes das representaes criadas: as marcas. A actividade foi concebida para esclarecer o poder e o efeito das representaes publicitrias no nosso quotidiano, no nosso estado emotivo e nos comportamentos de consumo, e a perceber como fazemos escolhas e somos parte desse processo. Em interaco com os jovens, mostrou-se como eles devem de estar atentos e cientes - enquanto pessoas e consumidores daquilo que se passa nossa volta e, consequentemente, como agir da melhor forma perante as escolhas que temos de fazer. A metodologia utilizada foi uma apresentao feita no KeyNote recorrendo a exemplos visuais de imagens e spots, e respectiva sonoridade; a desmontagem destas representaes enquadrada em processos de reaco psicolgica lmbica e emocional. A partir daqui, os jovens foram levados a fazer as suas prprias descobertas, juzos de valor dos temas em debate, e estimulados a desvendar mais este assunto que, algo enigmtico, preponderante na vida da nossa sociedade. O resultado procurado foi o de transmitir informao e conhecimentos sobre uma faceta da nossa contemporaneidade e estimular prticas de consumo inteligente, evitar posturas acrticas perante as mensagens que as marcas procuram imprimir nos consumidores ao criarem mundos publicitrios perfeitos. Ainda que errneos e no concordantes com a realidade eles no so assim percepcionados. Os consumidores, em regra, no dispem de elementos que lhes permitam fazer a construo de um juzo crtico sobre estratgias indutoras de consumo.

    O projecto permite: 1) Desenvolver uma actividade que contribui para elevar nveis educativos e informativos da comunidade; 2) Dar um contributo visando que os cidados, particularmente os jovens, sejam cidados mais crticos e responsveis e possam ter atitudes fundamentadas e crticas perante as ofertas de consumo; 3) Contribuir activamente para um consumo equilibrado, sustentvel e conforme com interesses quer das pessoas, quer interesses mais amplos da sociedade que no se compaginam com os de uma mera lgica de consumismo e de mercado; 4) Facultar o uso de recursos e servios da Biblioteca, ampliando tambm campos de interveno que afirmem adequadamente a utilidade social e qualidade institucional da Biblioteca e do seu papel como agente activo na comunidade junto dos jovens, segmento por onde se est a iniciar este projecto. Considera-

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    se meritrio tratar-se de um projecto inovador, actualmente destinado aos jovens que so um segmento pouco preparado e experiente e alvo muito particular de propostas acrticas de consumo.

    Da avaliao que foi feita ao projecto junto das sete escolas envolvidas em 2010 resultou a atribuio de 80% de classificao de muito bom nos parmetros de adequao da iniciativa ao perfil e nvel dos participantes e ao desempenho do formador envolvido tendo sido destaca a competncia, juventude, dinamismo e alegria da dinamizadora e do que, por ela, foi conseguido em termos de envolvimento, adeso do auditrio. Consideraram estes aspectos positivos muito sustentados no tema, qualidade dos documentos, dinmica da apresentao e interaco estabelecida. Deve destacar-se o sucesso e validade destas estratgias positivas para enquadrar pblico jovem; trata-se de um pblico difcil de abordar, de seduzir e conquistar para temticas convencionais exploradas em torno de modelos pouco criativos e apelativos, o que aqui, de todo, no foi, o caso. E se resultou plenamente o objectivo de conferir aos participantes competncias bsicas para compreenderem os mecanismos como as mensagens publicitrias constroem significados, como so apresentadas, como so utilizadas, foi-lhes dada informao para que, crtica e conscientemente, as possam percepcionar, avaliar e questionar. Resultou igualmente bem o objectivo de os sensibilizar e alertar precocemente para estas questes, pois como refere Theodore Adorno, o consumidor no , como a indstria cultural gosta de fazer acreditar, o soberano, o sujeito desta indstria cultural, mas antes o seu objecto. CONCLUSO

    Estes projectos, muito participados pela comunidade escolar e apoiados na imprescindvel colaborao de professores e educadores, permitiram: um contributo activo e participado para a promoo das literacias; um desenvolvimento de prticas de servio educativo com a realizao de actividades coerentes,

    sustentadas e com uma participao activa por parte dos intervenientes; oferecer projects in progress, com continuidade na itinerncia pelas escolas, a quem foram cedidos

    auxiliares pedaggicos que permitem o desenvolvimento e enriquecimento do projecto (excepto, por enquanto, no da Lupublicidade);

    disponibilizar comunidade escolar actividades e contedos (que esto a ser localmente explorados) e que podem constituir um recurso para os professores e uma oportunidade para a consolidao de conhecimentos e competncias de literacia para os alunos;

    ampliar e concretizar parcerias e prticas de cooperao institucionais; contribuir para a concretizao da viso, misso e objectivos da Biblioteca em termos de promoo

    da cultura, informao, conhecimento e competncias de literacias na comunidade. Claro que este tipo de actividades representa um significativo investimento de trabalho por

    parte da biblioteca e uma relativa afectao de recursos por parte da Cmara Municipal do Seixal. [35] Mas pensamos que desenvolvimento social implica investimento social. E que a ampliao de nveis de literacias representam uma qualificao das pessoas que se reflecte, positivamente, na comunidade e na sociedade. Por isso, importa dar continuidade ao desenvolvimento de projectos em torno das literacias, sem, com isso, perder de vista a importncia radical e nodal da literacia textual. Aqui, o papel das bibliotecas, a afirmao da dimenso da sua lgica de servio pblico, tm um campo de trabalho para continuar a ser explorado e para nele afirmarem a sua valia.

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    Notas finais [1] Veja-se a comunicao de Teresa Andr (Direco Geral de Inovao e Desenvolvimento Curricular), Literacia artstica e

    criatividade, apresentada na Conferncia As artes na Educao: contextos de aprendizagem promotores de criatividade, em bidos (2010).

    [2] Veja-se La animacin sociocultural: apuntes para la formacin de animadoras y animadores. [3] Veja-se Olhar a animao, visando servios educativos para as literacias e competncias da informao; Onde a leitura

    tambm se enreda e Ver e Olhar, um projecto da Biblioteca Municipal do Seixal para a literacia visual. [4] Veja-se uma perspectiva crtica em Onde a leitura tambm se enreda [5] Veja-se Poverty: Acess and Participation in the Arts. [6] Veja-se The reenchantment of art. [7] Veja-se La societ du spectacle. [8] Veja-se Sobre a indstria cultural. [9] Veja-se El futuro de las bibliotecas: perspectivas y realidades. [10] Veja-se Ver e Olhar, um projecto da Biblioteca Municipal do Seixal para a literacia visual. [11] Veja-se As bibliotecas municipais face aos desafios dos nossos dias e Contrariar o prncipe: assegurar um futuro rede

    de bibliotecas escolares. [12] Veja-se Dos generaciones de jvenes e Crossing the line: extending young peoples access to cultural venues. [13] Veja-se Les activits pour les jeunes dans les bibliothques pbliques portuguaises. [14] Veja-se Visitor Meaning-Making in Museums for a New Age e Reflexes sobre o livro, as bibliotecas e os leitores no

    contexto triunfante [15] Veja-se Dos generaciones de jvenes e Crossing the line: extending young peoples access to cultural venues [16] Veja-se Qu es eso de las tribus urbanas? [17] Veja-se El futuro de las bibliotecas: perspectivas y realidades. [18] Veja-se The reenchantment of art. [19] Veja-se, sobre o BIBLIODOMUS, um projecto de leitura domiciliria para pessoas com dificuldade de mobilidade, em:

    http://www.youtube.com/watch?v=TRUoBOhPHi0 e http://www.youtube.com/watch?v=3uKLc8XUDxU [20] Veja-se Karl Marx, citado em Contributions la guerre en cours. [21] Veja-se sobre Ver e OLHAR: um projecto para a literacia do olhar, os vdeos da comunicao apresentada na Conferncia

    As artes na Educao: contextos de aprendizagem promotores de criatividade, em bidos (2010): http://www.youtube.com/user/ANAEASSOCIACAO#p/u/24/xrA4R4rOS0Y

    http://www.youtube.com/user/ANAEASSOCIACAO#p/u/22/bmOd-3N7qgQ http://www.youtube.com/user/ANAEASSOCIACAO#p/u/23/n55XkV5Fqo0 http://www.youtube.com/user/ANAEASSOCIACAO#p/u/21/DGYNXL2Hvtc http://www.youtube.com/user/ANAEASSOCIACAO#p/u/20/yy-oLJwVZGA [22] Veja-se http://gtbib-amrs.blogspot.com/search/label/jorge%20almeida%20lima [23] Veja-se: http://becredenunalvares.blogspot.com/2009_11_01_archive.html

    http://www.aepg.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=178&Itemid=211; http://ouvirfalarlerescrever.blogspot.com/2010/11/8-publicidade-vista-lupa.html

    [24] Veja-se http://biblioteca.cm-seixal.pt/Paginas/PaginasdoSiteBiblioteca/projectos_antigos/EstacaodoLivro.aspx [25] Veja-se Un centro de conocimento para la comunidad, una nueva funcin para la biblioteca pblica [26] Veja-se Museu e Escola: por uma aco privilegiada e O valor educativo do Museu [27] Veja-se o projecto Direitos por Direito? [28] Veja-se http://moinhoteca.blogspot.com/2008_12_01_archive.html [29] Veja-se http://biblioteca.cm-seixal.pt/Documentao/Iniciativas%20e%20Exposi%C3%A7%C3%B5es/Ver%20e%20Olhar.pdf [30] Veja-se http://biblioteca.cm-

    seixal.pt/Documentao/Iniciativas%20e%20Exposi%C3%A7%C3%B5es/Representa%C3%A7%C3%B5es%20do%20Seixal%20e%20da%20%C3%89poca%20no%20Olhar%20de%20Jorge%20Almeida%20Lima/Pain%C3%A9is.pdf

    [31] Os professores Paulo Nunes e Manuela Rolo [32] Veja-se uma sntese do compromisso de Aalborg em: http://www.cm-

    moncao.pt/portal/page/moncao/portal_municipal/AGENDA_21_LOCAL/Carta%20de%20Aalborg.pdf [33] Alexandra Silva, Licenciada em Design Industrial e Mestra em Publicidade e Marketing [34] O Branding emocional procura estabelecer, de forma duradoura, uma relao emocional com o consumidor associada ao

    significado de uma marca visando elevar o valor desta maior expresso. A oferta do produto faz-se em mensagens-chave indutoras da tomada de decises por parte do consumidor. Explora mitos performativos (pessoas que influenciam, directamente, a opinio pblica na sociedade) e mitos de identidade que traduzam a marca atravs da personagem e da sua representao. A promoo da venda de um produto evoluiu dos nveis de identificao do desejo, oferta de um meio de o satisfazer, a sua escolha e compra por parte do consumidor, passando a integrar um novo campo: o consumidor no compra s um produto, mas uma representao de um estilo de vida. O eixo da qualidade de um produto relativizado pela afirmao de fortes vnculos emocionais que se estabelecem com o cliente. Assentam em estratgias de activao sensorial (viso, tacto, sabor, audio e olfacto) induzidas de forma a activar o sistema limbico cerebral, predispondo ao consumo de uma marca, no tendo as pessoas menos informadas disto conscincia.

    [35] Como sucedeu com as iniciativas Livros com Futuro e Um olhar sobre a obra de Ea de Queiroz (por ocasio do centenrio da morte do autor), em que se procedeu encomenda de telas originais junto de artstas locais tendo-se feito visitas acompanhadas s respectivas exposies. Catlogos disponveis em:

    http://biblioteca.cm-seixal.pt/Documentao/Iniciativas%20e%20Exposi%C3%A7%C3%B5es/Livros%20com%20Futuro.pdf e

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    http://biblioteca.cm-seixal.pt/Documentao/Iniciativas%20e%20Exposi%C3%A7%C3%B5es/Um%20Olhar%20Sobre%20a%20Obra%20de%20E%C3%A7a%20de%20Queiroz.pdf

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