4. Sistema Respiratorio Parte II
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16Sílvia Gonçalves - ESTM
4.2 Transferências gasosas na água
Diversidade na estrutura das brânquias
As Brânquias são órgãos respiratórios característicos dos animais aquáticos, formadas normalmente por evaginações da superfície do corpo e que se encontram suspensas na água.
� Podem apresentar diferentes graus de complexidade e diferentes localizações
� Normalmente restringem-se a uma região onde o epitélio éprofundamente dividido → superfície respiratória de grande área
Estrelas-do-mar e poliquetas : distribuídas em grande parte do corpo
Bivalves, lagostins e vários outros invertebrados aquáticos : restringidas a uma localização específica do corpo
17Sílvia Gonçalves - ESTM
4.2 Transferências gasosas na água
Órgão respiratório requer:
� uma grande superfície
� uma cutícula fina
Problema: difícil providenciar rigidez que suporte as brânquias quando expostas ao ar!
Água como meio respiratório:
� Vantagem: as superfícies respiratórias estão sempre húmidas
� Desvantagem: a concentração de O2 na água é muito menor do que no ar (temperatura e sais influenciam a sua disponibilidade) → Brânquias têm que ser muito eficientes nas trocas gasosas!
Ventilação aumenta o fluxo do meio respiratório
Lagostins e Lagostas – apêndices em forma de pá que ventilam as brânquias
Peixes ósseos – brânquias ventiladas por uma corrente de água que entra pela boca e sai pelas cavidades operculares Consumo de energia no processo, pois:
- Densidade Água > Densidade Ar - Disponibilidade de O2 na água << no ar
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18Sílvia Gonçalves - ESTM
4.2 Transferências gasosas na água
As Brânquias dos Peixes são normalmente ventiladas por um fluxo de água unidireccional .
Excepções : Lampreia e Esturjão
Lampreia
- Boca normalmente agarrada ao hospedeiro
- Brânquias no interior de bolsas, ventiladas apenas pelos movimentos da água através das aberturas das bolsas
- Relação com o seu modo de vida de parasita
- Larva da lampreia → fluxo de água unidireccional através das brânquias Não é parasita!
Esturjão
Torna-se uma excepção apenas quando procura comida e se está a alimentar:
- Ao colocar a boca no sedimento, pode gerar uma ventilação similar à das Lampreias adultas
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4.2 Transferências gasosas na água
Anatomia funcional das brânquias
A localização externa das brânquias pode ser problemática:
1) Atrai os predadores; 2) Dificultam a locomoção; 3) tornam-se vulneráveis a danos físicos provocados pelo ambiente biótico e abiótico.
Peixes
A evolução favoreceu as formas que apresentavam as brânquias alojadas emcavidades – cavidades brânquiais – podendo estas estruturas ficar protegidas por opérculos nos peixes ósseos.
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4.2 Transferências gasosas na água
De forma a contrariar a baixa disponibilidade de O2 em meio aquático, a água que passa nas lamelas brânquiais cruza-se com o sangue dos capilares sanguíneos em sentido contrário – Mecanismo de Contracorrente
� Processo muito eficiente → retira da água 80-90% do seu conteúdo em O2
� O sangue dos capilares brânquiais encontra-se com água cada vez mais oxigenada → a água está a iniciar a sua passagem pelas lamelas
Ao longo de todo o comprimento destes capilares há u m gradiente de difusão que favorece a transferência de O 2 da água para o sangue!
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4.2 Transferências gasosas na água
Teleósteos Marinhos
O fluxo unidireccional de água através das brânquias é mantido pela acção conjunta de músculos esqueléticos das cavidades bucal e branquial, auxiliados por válvulas, produzindo um sistema que bombeia a água através das brânquias.
� Alguns peixes não conseguem respirar desta forma
Exemplo:
Os grandes Atuns nadam com a boca parcialmente aberta para garantir um fluxo contínuo de água nas brânquias. Não apresentam movimentos respiratórios.
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4.3 Transferências gasosas no ar
Os animais que respiram ar podem apresentar 3 tipos principais de órgãos respiratórios:
- Brânquias
Apesar de pouco apropriadas para respirar fora de água, alguns animais mantiveram estas estruturas. Exemplos: caranguejos e isópodes terrestres
Caranguejo dos Coqueiros
Bichos-da-conta – os melhor sucedidos têm as brânquias em cavidades similares a pulmões
- Traqueias
Características dos insectos. Sistema de tubos que fornece O2 directamente às células → não necessitam que o sistema circulatório faça o transporte dos gases
- Pulmões
Característicos dos vertebrados, surgindo contudo também em alguns invertebrados. Necessária uma renovação substancial e regular do ar dentro destes órgãos. Podem ser de difusão (invertebrados) ou de ventilação (vertebrados)
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4.3 Transferências gasosas no ar
O Sistema Traqueal dos Insectos
Constituído por uma rede de Traqueias – tubos largos onde circula o ar – que se ramificam em canais cada vez mais finos, as Traquíolas , que estão em contacto directo com praticamente todas as células do corpo.
� Sacos de ar – Porções alargadas das traqueias junto aos órgãos com maiores necessidades em O2
� Espiráculos – aberturas das traqueias na superfície do corpo do animal, por onde o ar entra no sistema traqueal. Podem estar permanentemente abertos ou possuir válvulas accionadas por músculos.
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4.3 Transferências gasosas no ar
Anatomia funcional dos PulmõesOs Pulmões assemelham-se a sacos de ar. Constituem superfícies respiratórias internas, muito irrigadas, e surgiram há cerca de 450 M.A. por invaginação da parede do corpo.
Vertebrados
Rede complexa de tubos e sacos, cuja estrutura varia consideravelmente com a
espécie. A sua dimensão e complexidade está correlacionada com as taxas metabólicas dos animais (ex: endotérmicos vs ectotérmicos)
� Anfíbios
Pulmões pequenos → grande parte das trocas por difusão no tegumento, sendo uma excepção entre os vertebrados
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4.3 Transferências gasosas no ar
Filogeneticamente, desde os anfíbios até aos mamíferos, verifica-se:
a) Aumento da compartimentação dos pulmões → aumenta a área de superfície respiratória/unidade de volume;
b) Maior especialização do sistema de ventilação;
c) Aumento da eficiência na circulação sanguínea.
� A área de superfície respiratória dos Mamíferos aumenta com o peso do corpo e com a taxa de consumo de O2
� Os peixes teleósteos possuem < superfície respiratória do que mamíferos com um peso corporal equivalente
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4.3 Transferências gasosas no ar
O Sistema Respiratório dos Mamíferos
Considerando a totalidade das vias respiratórias de um mamífero, estas assemelham-se a uma árvore invertida, cujo tronco é a traqueia.
- Na extremidade dos bronquíolos existem grupos de pequenos sacos de ar, os alvéolos , onde se processam as trocas gasosas com os capilares sanguíneos
Humanos – área total de ~100m2
Esquerda - Rede de capilares que envolve os alvéolos
Direita – Alvéolos em corte mostrando os espaços para o ar
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4.3 Transferências gasosas no ar
Ventilação dos Pulmões
A ventilação dos pulmões dos Vertebrados é efectuada por movimentos respiratórios alternados de inspiração e expiração (respiração).
Anfíbios – ventilam através de uma pressão positiva na respiração
Mamíferos – ventilam através de uma pressão negativa na respiração, que funciona como uma bomba de sucção que puxa o ar para os pulmões.
Estruturas envolvidas:
- Músculos das costelas
- Diafragma
- Saco membranar que envolve os pulmões
Promovem alterações no volume dos pulmões e na Par dentro dos alvéolos
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4.3 Transferências gasosas no ar
Volume Corrente – volume de ar inalado e exalado na respiração normal de um animal (500 ml num humano em repouso).
Capacidade Vital – volume máximo de ar que um animal ventila durante respiração forçada (3400 ml a 4800 ml em Humanos jovens)
Ar Residual – volume de ar que permanece nos alvéolos mesmo após exalação forçada (~150 ml em Humanos)
Trocas gasosas nos Pulmões
Os gases respiratórios difundem-se sempre de acordo com os seus gradientes de Pparcial:
- Entre o sangue dos capilares alveolares e o ar inalado
- Entre o sangue arterial e o fluido intersticial que banha as células restantes do organismo
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4.3 Transferências gasosas no ar
Controlo automático da respiração
O controlo automático da respiração assegura um trabalho coordenado do sistema respiratório e do sistema cardiovascular, de acordo com as necessidades metabólicas dos tecidos relativamente aos gases respiratórios. Envolve 2 regiões do cérebro: Medula Oblonga e Protuberância
� Medula oblonga, auxiliada pela protuberância – fixa o ritmo base da respiração
� Medula oblonga – ajuda a manter a homeostasiaao monitorizar o nível de CO2 no sangue →monitoriza e detecta alterações no pH do sangue e do fluido cérebro-espinal
Quando pH ↓ (↑CO2): ↑ profundidade e ritmo respiração
� A PO2 no sangue tem em geral pouco efeito nestes centros. Porém:
quando baixa severamente é detectada pelos sensores da aorta e das artérias carótidas no pescoço → o sinal é enviado para os centros que respondem aumentando a taxa de respiração
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4.3 Transferências gasosas no ar
Sistema respiratório das AvesApresentam um sistema respiratório e um processo de ventilação dos pulmões muito mais complexos que os mamíferos.
� Sacos aéreos – localizados no abdómen, pescoço e asas, encontram-se cheios de ar e podem variar em nº (8 a 9). Dividem-se em anteriores e posteriores . Desempenham um papel importante na ventilação dos pulmões (slide seguinte).
� Parabrônquios – finos canais abertos nas 2 extremidades que substituem nas aves os alvéolos. Responsáveis pelas trocas gasosas nos pulmões.
Outras vantagens associadas aos sacos aéreos:
� diminuem a densidade da ave
� ajudam a dissipar o calor metabólico, sobretudo ao nível dos músculos e durante o voo
� constituem reservas de ar enquanto o animal voa
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4.3 Transferências gasosas no ar
Sistema respiratório das Aves – Ventilação dos pulmõe s
O ar apresenta um fluxo unidireccional através dos pulmões , graças à existência de um sistema de sacos aéreos agrupados anterior e posteriormente no corpo. A respiração envolve 2 ciclos de inspiração e expiração.
1º ciclo respiratório
1ª inspiração: sacos posteriores enchem-se com ar fresco
1ª expiração: o ar fresco é canalizado para os pulmões onde ocorrem as trocas respiratórias
� 2º ciclo respiratório2ª inspiração: sacos anteriores enchem-se com o ar jáempobrecido proveniente dos pulmões
2ª expiração: o ar empobrecido é conduzido até àatmosfera por contracção dos sacos aéreos
Inspirações – todos os sacos aéreos se expandem; expirações – todos se contraem; pulmões – comportamento inverso.
A cada respiração, o ar é completamente trocado nos pulmões → as taxas de O 2 obtidas nos pulmões
das aves são maiores que nos mamíferos!
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4.4 Respostas respiratórias a condições extremas
Níveis reduzidos de O 2 (Hipoxia)
Em meio aquático , a disponibilidade de O2 é muito mais variável no tempo e espaço do que em meio terrestre. Como conseguem os animais que respiram água suportar longos períodos de hipoxia?
� Utilizam uma grande variedade de mecanismos de metabolismo anaeróbio
� Ajustam os sistemas respiratório e circulatório de forma a manter a quantidade de O2 distribuída. Ex: muitos peixes aumentam a ventilação das brânquias →aumenta o fluxo de água, compensando a redução de O2 observada no meio
Mamíferos
Redução da PO2 do ar → reduz PO2 no sangue → Detectado pelos sensores da Aorta e das Carótidas → Centros resp. controlo promovem o aumento na ventilação pulmonar
Aumenta eliminação de CO2 nos pulmões → Diminui PCO2 no sangue → Aumenta pH fluido cérebro-espinal → Centros resp. controlo promovem uma diminuição na ventilação pulmonar! Atenua o aumento na ventilação provocado pela hipox ia
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4.4 Respostas respiratórias a condições extremas
Mergulho em animais que respiram ar
O SNC dos mamíferos não consegue suportar a anóxia, necessitando de ser fornecido com O2 durante o mergulho. Como resolvem o problema?
� Armazenamento de O2 nos pulmões, sangue e tecidos, nomeadamente recorrendo à Hb e àMioglobina (nos músculos)
� O O2 é preferencialmente distribuído pelo cérebro e coração durante o mergulho → minimiza o consumo das reservas de O2
� Diminuição da taxa de batimento cardíaco e do débito cardíaco durante um mergulho prolongado
� Animais submersos durante muito tempo necessitam de um armazenamento de O2 suficiente para sustentar o metabolismo aeróbio → toleram apenas pequenas acumulações de ácido láctico
Os tecidos restantes podem mesmo adoptar o metabolismo anaeróbio!