4. Inflacao
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Boletim Macro IBRE | Janeiro de 2014
4. Inflao
Antevendo a Inflao de 2014
A anlise de informaes recentes sobre safras e defasagem dos preos administrados permite
antever preliminarmente a dinmica da inflao em 2014. O grupo Alimentao e Bebidas,
responsvel por mais de 1/3 da alta do IPCA em 2013, tender a influenciar menos a inflao neste
ano. Em janeiro de 2013, por exemplo, essa classe de despesa subiu 2%, enquanto o reajuste
mdio em janeiro de 2014 deve ficar pouco acima de 1%, como antecipado pelo monitor da
inflao da FGV. O cenrio benigno para alimentos est ligado s previses de boas safras, tanto
de lavouras exportveis como de produtos agrcolas relevantes para o abastecimento do mercado
interno. Tais estimativas, se confirmadas, podero mitigar o efeito de eventuais desvalorizaes
adicionais do cmbio sobre os preos das principais commodities, garantindo uma influncia
menor dos alimentos na inflao de 2014.
Apesar da trgua que se desenha para a agricultura, o desafio reside na conduo dos preos
administrados. A alta de apenas 1,6% desses preos em 2013 foi determinante para que o IPCA
encerrasse o ano com elevao de 5,91%. Caso contrrio, o ndice se aproximaria do teto da meta,
de 6,5%. O resultado consolidado do grupo dos preos administrados, que responde por 30% do
IPCA, contou com uma contribuio excepcional da tarifa de energia eltrica, que recuou 15,7%
em 2012 e produziu uma influncia negativa de 0,5 ponto percentual no ndice geral. Por ter sido
fruto de ampla renegociao de contratos, um recuo desta magnitude no se repetir.
A partir de fevereiro, portanto, a influncia da queda do preo da energia se dissipar, levando a
taxa em 12 meses do IPCA para nvel prximo a 6%. A permanncia do ndice nesse patamar
depender do que acontecer com os preos administrados, lembrando-se que, em anos eleitorais,
aumentos para essa categoria so menos frequentes, principalmente entre os itens que no
possuem regras contratuais. Logo, torna-se difcil antecipar a influncia desses reajustes na
inflao, pois no se sabe se ocorrero e, caso ocorram, em que magnitude. Mesmo assim, num
cenrio plausvel, estima-se que a taxa de variao dos preos administrados avance para 4,5% em
2014.
Outra fonte de presso que, ao contrrio dos administrados, exerce influncia ininterrupta
sobre a inflao vem dos servios livres. Esta categoria, que tambm responde por 30% do
IPCA, fechou 2013 com alta de 8,8%, igual a de 2012. Como o aumento do salrio mnimo em 2014
menor do que o do ano passado, os servios livres, que contm preos pautados por esse
referencial, tendem a desacelerar, reduzindo a influncia do grupo no ndice pleno. Os preos de
servios que seguem o salrio mnimo, contudo, esto longe de ser a maioria.
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Adicionalmente, a aproximao da Copa do Mundo, impulsionando a demanda e encarecendo a
oferta em face de um mercado de trabalho apertado, pode sustentar ou mesmo ampliar a
influncia da alta dos preos dos servios de hospedagem, alimentao e transporte.
Sobre este tema, o Bacen publicou, em seu ltimo relatrio de inflao, um box com apoio em
farta evidncia emprica que trata do impacto de megaeventos esportivos no IPCA. Como o Brasil
sediar dois megaeventos em curto intervalo de tempo, as potenciais presses inflacionrias
somente se dissiparo a partir de 2017.
O cenrio vislumbrado para 2014 nos leva a crer que haver participao maior dos preos
administrados na inflao, sem que se abra espao para uma desacelerao significativa dos
preos dos servios livres. Se essas expectativas se confirmarem, a inflao de 2014 ultrapassar a
de 2013. Caber ao grupo alimentao determinar a diferena entre as duas taxas.
Salomo Quadros e Andr Braz