3a Parte Durkheim

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At o fim da anlise o socilogo ir inferir a existncia de duas hiperpotncias subjacentes s correntes suicidgenas: a fora de integrao (ligada as correntes egosta e altrusta) e a fora de regulao (ligada as correntes anmica e fatalista).Tais foras se relacionam diretamente em sua teoria sociolgica do suicdio com as solidariedades sociais. A fora de integrao diz respeito diretamente solidariedade orgnica, a qual se apresenta de forma sistmica e passa pelas questes do sujeito: h uma relao horizontal dentro da prpria sociedade e as formas de cooperao e associao so evidenciadas, apontando para a questo da diferena entre indivduos. Essa noo de diferena nos leva a uma terceira noo, qual seja, a de complementariedade. Assim percebe-se a fora de integrao articulada nas relaes sociais, a qual fundamenta uma proposta de maior envolvimento e conscincia dos indivduos entre si.J a fora de regulao mencionada se refere de maneira direta ideia de solidariedade mecnica, na qual tendem a se apresentar formas de organizao em prol do todo como unidade, isto , tem-se presente, nesse caso, uma relao vertical em detrimento de uma sociedade. Ela se organiza em hierarquias e grupos pr-definidos, deixando clara a indiferena quanto ao particular do sujeito e exercendo a coero como forma organizacional. Sabe-se, pois, que quanto mais integrado sociedade, o indivduo tende menos ao suicdio enquanto que, quanto mais severas leis e regras, mais tendncia ao suicdio ter o indivduo.Durkheim se baseia nessas informaes e compreende que a explicao dos fatos sociais a partir do mtodo at ento proposto com objetivo de clarear a dimenso social do suicdio se d num tipo de interpretao, a qual permite uma explicao mecnica dos fenmenos e no a causa real no caso do suicdio, que no deixa de passar por questes intimamente ligadas ao indivduo que refletem nele prprio. Em seu texto diz: Quando o analisamos [o suicdio] atravs das manifestaes exteriores -se levado a formar uma imagem de uma srie de acontecimentos independentes uns dos outros; porque ele se produz em pontos distintos, sem relaes visveis entre eles. E, no entanto, a soma de todos estes casos particulares reunidos tem uma unidade e uma individualidade, pois que a taxa social dos suicdios uma caracterstica distintiva das personalidades coletivas p. 502. Aqui temos a confirmao de que se considervel a diferena entre um indivduo em sua particularidade e sua influncia na sociedade, mas que ainda se tratando de um grupo social, temos uma unidade em detrimento da particularidade. O que fazer, ento, em relao ao particular? Durkheim reflete a partir da ideia coletiva sobre a individualidade que se manifesta em detrimento de fatos sociais: o estado de um [indivduo] depende do estado geral da sociedade; h uma ntima solidariedade entre o grau de virulncia que esta ou aquela tendncia atinge num meio determinado e a intensidade com que se manifesta no conjunto do corpo social. P. 502.Uma terceira teoria da qual as duas foras dependeriam seria a da hipercivilizao, sobre a qual Durkheim no se dedicou em desenvolver em suas construes sociolgicas. Esse processo de hipercivilizao leva secularizao, que por sua vez conduz a anomia, quebra da regulao e ao individualismo (quebra da integrao). A partir da anlise, o socilogo, ento, perpassa pela questo do suicdio se centrando no fenmeno, e no respondendo de fato ao porqu de algum se suicidar. O sentido ou a falta dele que tais questionamentos nos levam a refletir sobre a vida, a sociedade e diferentes modos de organizao social no se refere de fato ao territrio social, mas existencial. No mbito da sociologia, podemos concluir que o suicdio cumpre uma funo estrategicamente epistmica, uma vez que se algo que aparentemente individual passa a ser comprovadamente social a partir de anlises sociolgicas, quem dir outros fenmenos. s palavras de Durkheim: Est tudo ligado. P. 502.