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4 11/ )35.,31) - 3 P55 Sqa, P- 1 / 1 4. FUNAI Fundação Nacional do índio MINISTÉRIO DO INTERIOR DATA: 19 ABR 90 ASSUNTO: ATIVIDADES DO LÍDER INDÍGENA PAULINHO KAYAPó 1. PAULINHO PAIAKAN, filho de TIKIRI KAYAKI e IREKROTI KAYAPó, nascido aos 19 ABR 53 na Aldeia Gorotire, faz parte da liderança do grupo indígena Kayapó, habitante do sul do PARA. Atualmente, PAIAKAN, que é Monitor de Saúde desta Fundação e exerceu a funçao de Assessor para Assuntos Indígenas da 4' 2 Superintendencia Regional da FUNAI, encontra-se em licença sem vencimentos, solicitada por ele com o objetivo de dedicar-se às atividades da Aldeia Aukre, da qual é Cacique e fundador. Acrescente-se que a Area Indígena Kayapó possui uma população de 2.421 ín- dias, sendo que 236 habitam a aldeia Aukre, esta localizada na região central da reserva. 2. O líder PAULINHO PAIAKAN vem se destacando como defensor dos direitos dos índios; inclusive já realizou várias viagens ao exterior, oportunidades em que externou suas ideias com vistas à preservação das terras e cultura indígenas. No ambito de sua comunidade e em toda a regia° onde vive, PAIAKAN tem presta- do apoio considerável aos grupos indígenas. Dentre as suas açOes vale ressaltar que PAULINHO PAIAKAN colocou a disposição da 4' 2 SUER/FUNAI e dos índios uma aeronave CESSNA 206 que recebera como doa- , ção, ano passado, da indústria de cosmeticos BODY SHOP. 3. Outrossim, PAIAKAN foi um dos principais Coordenadores do I ENCONTRO DOS POVOS INDÍGENAS DO XINGU, realizado em FEV 89, na cidade de ALTAMIRA/PA, ao qual compareceram várias personalidades nacionais e internacionais, ligadas à cau- sa indígena e à preservação ecológica, o que trouxe reflexos positivos para estes setores. SEP Quadra 702 Sul Edifício 1.cx, 3!' andar CEP 70.330 Brasília D.E

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FUNAI Fundação Nacional do índio

MINISTÉRIO DO INTERIOR

DATA: 19 ABR 90

ASSUNTO: ATIVIDADES DO LÍDER INDÍGENA PAULINHO KAYAPó

1. PAULINHO PAIAKAN, filho de TIKIRI KAYAKI e IREKROTI KAYAPó, nascido aos 19

ABR 53 na Aldeia Gorotire, faz parte da liderança do grupo indígena Kayapó,

habitante do sul do PARA.

Atualmente, PAIAKAN, que é Monitor de Saúde desta Fundação e exerceu a funçao

de Assessor para Assuntos Indígenas da 4'2 Superintendencia Regional da FUNAI,

encontra-se em licença sem vencimentos, solicitada por ele com o objetivo de

dedicar-se às atividades da Aldeia Aukre, da qual é Cacique e fundador.

Acrescente-se que a Area Indígena Kayapó possui uma população de 2.421 ín-

dias, sendo que 236 habitam a aldeia Aukre, esta localizada na região central

da reserva.

2. O líder PAULINHO PAIAKAN vem se destacando como defensor dos direitos dos

índios; inclusive já realizou várias viagens ao exterior, oportunidades em que

externou suas ideias com vistas à preservação das terras e cultura indígenas.

No ambito de sua comunidade e em toda a regia° onde vive, PAIAKAN tem presta-

do apoio considerável aos grupos indígenas.

Dentre as suas açOes vale ressaltar que PAULINHO PAIAKAN colocou a disposição

da 4'2 SUER/FUNAI e dos índios uma aeronave CESSNA 206 que recebera como doa- ,

ção, ano passado, da indústria de cosmeticos BODY SHOP.

3. Outrossim, PAIAKAN foi um dos principais Coordenadores do I ENCONTRO DOS POVOS

INDÍGENAS DO XINGU, realizado em FEV 89, na cidade de ALTAMIRA/PA, ao qual

compareceram várias personalidades nacionais e internacionais, ligadas à cau-

sa indígena e à preservação ecológica, o que trouxe reflexos positivos para

estes setores.

SEP Quadra 702 Sul Edifício 1.cx, 3!' andar

CEP 70.330 Brasília D.E

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Praia do

Padeiro

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36

2 SITIO BOM JARDIM LAVOURA DO MUCURA MORADA NOVA

VI IS SITIO STA TEREZINNA

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IV

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SITIO VISTA ALEGRE SITIO VISTA ALEGRE

Travessão do Maciel

Gorgulho da Rita

Cachoeira do Pedrão

VII 13 SITIO SA0 PEDRO

VI11 14 %MA 00 BANANAL 15.27 212 LOA DA FAZENDA

2 8 ILHA DO TUCUMAREZINHO IX 28* ,GARA.E JCIA0 BISPO

29 GROTA DO CIEMETRIA

X 30 SITIO BAC.ABEIRA 3/ SITIO DOS PACAS

32 1 ILHA DOS SERES Xi 32A.32B 2 TERRA FIRME

33 1 ILHA DA BOA VISTA

51,0 O SEBASTIÁO SITIO DAS MONTANHAS

34 XII 35

36 1 SITIO 5 MIGUEL XIII 37 SITIO 5 JOAQUIM

38 SITIO 5 FRANCISCO

39 1 PARAT/ZA0 40 1 SITIO BOA VISTA 41 2 SITIO 5 JOSE . 42 1 ENG CO TRACOA

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XIV

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NO ORIGINAL ESCALA 250.000

UNE KARARAD - ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL LOCALIZAÇÃO DAS FAMÍLIAS INDÍGENAS NA VOLTA GRANDE

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Índio protesta em Londres contra uma nova hidrelétrica na Amazônia

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Uma moção parlamentar inter-partidária pedindo aos grandes ban-cos britânicos para pararem de financiar os projetos hidrelétricos que poderiam causar um desmata-mento de uma área da floresta amazônica do tamanho do Reino Unido, apresentada ontem em Lon-dres pelo deputado conservador, Sir Richard Body, foi o primeiro resul-tado da viagem por sete países industrializados do cacique kayapó, Paulinho Paiakan. A viagem de Paiakan tem o objetivo de denunciar a "negligência do governo brasilei-ro" na conservação da ecologia e vida indígena na floresta amazônica.

O cacique Paiakan, cuja viagem à Europa e Estados Unidos está sendo patrocinada pela organização inter-

nacional de defesa do meio ambien-te, Friends of the Earth, durante entrevista coletiva na Câmara dos Comuns, disse que "em nome dos índios kayapó e de 28 nações indíge-nas da bacia do Xingu, quero aproveitar a oportunidade dessa viagem para dizer algumas palavras antes de acabarmos".

O cacique kayapó disse aos seus interlocutores britânicos que o pro-jeto hidrelétrico na bacia do Xingu vai destruir vida natural insubstituí-vel e privar os índios de seu meio ambiente natural. "Os índios estão enloquecendo, porque eles não en-tendem o que é uma represa e para eles a inundação de suas terras significa o fim do mundo", disse Paiakan. Ele pediu ao governo britânico para não apoiar um em-préstimo de soo milhões de dólares do Banco Mundial ao governo brasi-

leiro para financiar a construção de represas na bacia do rio Amazonas.

"Estou aqui para falar sobre o desmatamento, a queimada, a polui-ção e as barragens, problemas que o homem branco levou para a Amazô-nia e que nós sentimos na carne e precisamos do apoio de grupos de pressão nos países desenvolvidos, porque no Brasil o governo ignora nossos problemas e o povo não sabe o que está acontecendo na Amazo-nia", disse o cacique Paiakan em Londres.

O cacique kayapó não conseguiu se avistar com representantes dos bancos Lloyds e Midland, os princi-pais credores britânicos do Brasil, que participam do financiamento de projetos do plano hidrelétrico. Os porta-vozes dos bancos disseram que a visita não é "oportuna".

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O ESTADO DE S. PAULO — 19

Família real inglesa dança pela Amazônia

JOSE CARLOS SANTANA correspondente

LONDRES — A organização Friends of the Earth, líder do movimento internacional pela preservação do que ainda resta da floresta amazônica, deu on-tem uma prova do seu presti-gio e popularidade na Inglater-ra, reunindo para um "samba de protesto", em Londres, repre-sentantes da ala jovem da famí-lia real e o que há de mais "cin-tilante" na sociedade britânica. O resultado do baile, realizado no já não tão exclusivo Hippodro-me, discoteca onde hoje entra quem quer e como quiser, foi um cheque de quase USS 200 mil (CzS 106 milhões) a serem usados no financiamento da campanha barulhenta de combate à des-truição das selvas tropicais na América do Sul, África e Ásia.

Foi, realmente, uma "festa de arromba", com mais de duas mil pessoas circulando pelos corredores, restaurantes e sa-lões da discoteca de Leicester Square, que os Amigos da Terra tentaram fantasiar de floresta

i

tropical. Faltou o cacique caia-pó Paulinho Paiacãue passou ii-Or-TroT-ffres no princípio da se-mana, para dar um pouco mais de vida e autenticidade à deco-ração.

*I A presença dos dois filhos

da princesa Margaret, lady Sa-

ra e o visconde Linley, da filha do duque de Kent e prima em se-gundo grau da rainha Elizabeth II, lady Helen Windsor, e de mais algumas dezenas de nobres não foi surpresa, já que a famí-lia real inteira está envolvida no movimento ecológico. A pró-pria rainha é patrona de uma sé-rie de entidades preocupadas com a natureza. Ao contrário da soberana, que apóia calada o movimento, o marido dela, príncipe Philip, protesta sem-pre que pode. "Se não traba-lharmos para prevenir futuros desastres ecológicos estaremos condenando futuras gerações a viver em desertos e na pobre-za", disse recentemente.

O Baile Tropical foi organi-zado pela marquesa de Worces-ter, a ex-atriz Tracy Ward, com a ajuda do jogador de cricket paquistanês, Imran Khan, "o solteiro mais cobiçado da Ingla-terra, depois do príncipe Ed-ward e seu primo, visconde Lin-ley". Pelo menos é o que dizem os colunistas sociais. E como até a primeira-ministra Marga-ret Thatcher aderiu à campa-nha do verde, toda a sociedade fez questão de prestigiar. De Koo Stark — ex-namorada do príncipe Andrew — à herdeira Sabrina Guinness, ou à atriz Natasha Richardson, filha de Vanessa Redgrave, todo o grand monde esteve presente.

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Ecologistas alemies não querem represas

FRANKFURT — A organi-zação Fundo de Proteção á Vida Selvagem 4WWF) manifes-tou-se ontem em Frankfurt contra o projeto de construção da barragem de Altamira no rio Xingu, obra que teria rectirsos do Banco Mundial. A entidade pediu ao governo da Alemanha Ocidental que impeça a destrui-cão da região, onde vivem cerca de 60 mil Indica, alegando que o plano "vai prejudicar o homem e o meio ambiente".

Com a Campanha para á Selva, a divisão alemã da orga-nização planeja investigar, se-gundo informou., qual a respon-sabilidade desse pais na destrui-ção da região amazónica e de seus recursos naturais. A Ale-manha Ocidental tem no Banco Mundial. depois-dos Estados Unidos e do Japão, a maior par-ticipação. Por isso. a WWF acredita que a Alemanha deva fazer valer sua influência para conseguir mudar o projeto.

O lago artificial que surgi-ria com a construção da barra-gem inundaria cerca de cinco mil quilómetros quadrados de selva acabando assim com as condições de vida de quase nove mil indígenas que vivem na re-gião, de acordo com a organiza-ção.

O pedido da WWF foi feito um dia antes da chegada do ca-cique caiapó Paulinho Paiacã a Frankfurt. Para o cacique, sem a selva seu povo não terá condi-ções de sobrevivência e "sem a floresta não haverá indigenas". Junto com o antropólogo nor-te-americano Darrell Posey e Cube-I. outro cacique caiapó. Paulinho Paiacã está sendo processado no Brasil. Os três são acusados de ter viajado para Washington para tentar con-vencer o Banco Mundial a não financiar a construção de hidre-létricas no Xingu.

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ROMA — O cacique caiapó £4511inhoy_alacit acaba de cum-

/ prir mais uma etapa de seu ro-teiro internacional, batizado de "10w europeu da esperança" pe-lo grupo ecológico Amigos da Terra, que patrocina a viagem do indio, processado pela Lei dos Estrangeiros. A viagem co-meçou em Londres há dez dias: a parada seguinte foi em Ams-Wrdi- Em Roma desde quin-ta-feira. Pataca concedeu en-trevistas-a emissoras de televi-são e jornais italianos. Foi rece-bido oficialmente pela senadora Suzanna Agnelli._subsecretária do Ministério do Exterior, e conseguiu audiências com vá-rios diplomatas do Ministério do Ambiente. "Defender a Ama-zónia do homem branco" é o te-ma de seus discursos.

Na sede da associação Amici della Terra, em Roma, a secretá-ria nacional da entidade disse estar "orgulhosa" da visita de Paiacã á cidade e anunciou mais duas importantes escalas

européias da viagem do índio brasileiro: Alemanha e Bélgica, antes de partir para os Estados Unidos e para o Canadá. Hoje, ele estará em Frankfurt e Bru-xelas, onde será recebido por re-presentantes da Comunidade Económica Européia.

"O objetivo desta viagem é convencer os governos europeus a pronunciar-se contra o novo crédito de USS- 500 milhões (Czs 270 bilhões) que o Banco Mun-dial deverá conceder ao governo brasileiro até o final do mês". conforme foi publicado pelos jornais Italianos, segundo Os quais Paiacà "está em campa-nha para ajudar seu povo a res-pirar melhor, para o prazer de todos os povos do mundo".

A embaixada brasileira na capital italiana garantiu que não tomou conhecimento da vi-sita do "ilustre representante dos caiapos". E. segundo altas fontes da embaixada, a audiên-cia com políticos e diplomatas italianos foi considerada corno "algo pouco diplomático em re-lação ao governo brasileiro-.

Cacique processado pede auxilio à Itália

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ZCZC ACD777 QD LOCNMRE

ASSINATURA

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PRESIDENTE DA FUNDACAO NACIONAL DO

.BRAZEXT 032016 O001 89Z

DO MINISTERIO DAS RELACOES EXTERIORES BSB EM SHUM-LOO

ILMO. SR. IRIS PEDRO DE OLIVEIRA,

INDIO (FUNAI), BRASILIA,DF.

MEIO AMBIENTE. INDIOS. SETOR ELETRICO. DARRELL POSEY E KUBE-I.

4454'

3/12/8NeS)

189- DNU/DPF/DCS - INFORMO VOSSA EXCELENCIA DE QUE O BOLETIM DA "AMERICAN ANTHROPOLIGICAL SOCIETY" DE OUTUBRO ULTIMO PUBLICOU ARTIGO, DE AUTORIA DE BRENT BERLIN, REFERENTE AO PROCESSO INSTAU-RADO CONTRA DARRELL POSEY E OS INDIGENAS PAIAKAN E KUBE-I. ALEN DE RELATAR ELEMENTOS DA ACAO JURIDICA, O TEXTO AFIRMAVA QUE OS ANTROPO-LOGOS E ETNOBIOLOGOS QUE TRABALHAVAM COM O CIENTISTA NORTE-AMERICA-NO FORAM CONVIDADOS A ABANDONAR A AREA E SUGERIA UMA POSSIVEL VIN-CULACAO ENTRE O PROCESSO E O RETARDAMENTO NA APROVACAO DO EMPRESTI-MO DO BANCO MUNDIAL PARA O SETOR ELETRICO. 2. O ARTIGO ANUNCIAVA AINDA A CONSTITUICAO DE UM FUNDO DE DEFESA DE POSEY E DOS CAIAPOS, MEDIANTE CONTRIBUICOES VOLUNTÁRIAS A SEREM ENCAMINHADAS AO PAI DO ANTROPOLOGO OU AO AUTOR DO ARTIGO. INDICAVA, FINALMENTE, QUE EVENTUAIS MANIFESTACOES DE APOIO AOS ENVOLVIDOS DE-VERIAM SER ENVIADAS DIRETAMENTE AO PRESIDENTE JOSE SARNEY.

3. SEGUNDO INFORMACAO DA EMBAIXADA EM WASHINGTON, KUBE-I ESTARA I CHEGANDO AQUELA CAPITAL, EM 4 DE SETEMBRO CORRENTE, APOS UMA ESTADA NA EUROPA, COM O OBJETIVO DE EFETUAR CONTATOS NO CONGRESSO AMERICANO. SUAS DESPESAS ESTARIAM SENDO CUSTEADAS POR ENTIDADES AMBIENTALISTAS (NATIONAL WILDLIFE FEDERATION E ENVIRONMENTAL DEFENSE FUND).

CORDIAIS SAUDACOES,

LUIZ AUGUSTO DE ARAUJO CASTRO CHEFE DO DEPARTAMENTO DE ORGANIZACOES INTERNACIONAIS DO MINISTERIO DAS RELACOES EXTERIO E

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DO MINISTERIO DAS RELACOES EXTERIORES EM 06.12.88 //MAGO//

IL.MO. SR. IRIS PEDRO DE OLIVEIRA PRESIDENTE DA FUNDACAO NACIONAL DO INDIO (FUNAI) TELEX: (061) 1344 FNAI BR

(061) 1794 FUNI BR

193/DNU/DPF/DCS — LEVO AO CONHECIMENTO DE VOSSA SENHORIA INFORMACOES RECEBIDAS DA EMBAIXADA EM OTTAUA, REFERENTES AA PRESENCA DO INDIO CA IAPO PAULO PAIAKAN NO CANADA.

2. A VISITA, QUE VEM OBTENDO GRANDE REPERCUSSAO JUNTO AA COMUNIDA—DE CANADENSE, SE INSERE NO CONTEXTO DE CAMPANHA PROMOVIDA PELAS ORGA NIZACOES NAO—GOVERNMENTAIS "PROBE INTERNATIONAL","CANAD—IAN MATU-RE FEDERATION", "UORLD UILDLIFE FUND","OUR COMMON GROUND" E "FRI—ENDS OF THE RAIN FORESTS", COM OS SEGUINTES OBJETIVOS: A) PRESSIONAR O GOVERNO CANADENSE A VOTAR CONTRA, NA PROXIMA REUNIA() DO BANCO MUNDIAL EM DEZEMBRO, A CONCESSAO DE EMPRESTIMO AO BRASIL PA RA A IMPLEMENTACAO DE PROJETOS HIDRELETRICOS NA REGIA() AMAZONICA., 3) ANGARIAR FUNDOS PARA AUXILIAR A CONSTRUCAO DE UMA ALDEIA INDIGENA EM ALTAMIRA, NA REGIA() A SER INUNDADA POR UMA DAS REPRESAS PROJETA—DAS HO XINGU, NO A .;:ITO DA MANIFESTACAO QUE AS COMUNIDADES INDIGENAS LOCAIS PRETENDEM PROMOVER CONTRA A POLITICA GOVERNAMENTAL DE CONSTRU CAO DE BARRAGENS NA AMAZONIA.

3. HAH MUITO QUE AS ORGANIZACOES CANADENSES DE MEIO AMBIENTE E DI—REITOS HUMANOS DESENVOLVEM CAMPANHA A FIM DE PRESSIONAR O GOVERNO A VOTAR CONTRA A CONCESSAO DE EMPRESTIMOS DO BANCO MUNDIAL A PROJETOS POTENCIALMENTE DANOSOS PARA AS FLORESTAS TROPICAIS E POPULACOES IN—DIGENAS. A JULGAR PELA DECLARACAO DO MINISTRO DAS FINANCAS, MICHAEL _UILSON, NA REUNIA() DE SETEMBRO DO BANCO,NO SENTIDO DE QUE OS MEMBROS DAQUELA INSTITUICAO DEVERIAM PRESTAR MAIS ATENCAO AOS IMPACTOS DE SUAS DECISOES SOBRE O MEIO AMBIENTE, A CAMPANHA DAS ONGS VEM DANDO RESULTADOS. SEGUNDO NOTICIAS DA IMPRENSA, O VOTO CANANDENSE EM DEZEM BRO AINDA NAO ESTARIA DEFINIDO.

O INTERESSE POLITICO QUE QUESTOES AMBIENTAIS E DE PRESERVACAO DE COMUNIDADES INDIGENAS DESPERTAM NO CANADAH EH INEGAVEL., A ABERTURA DA SESSAO DE APRESENTACAO DE PAIAKAN EM OTTPUA CONSTOU DE LEITURA DE MENSAGEM DO PORTA—VOZ DA CAMARA DOS COMUNS, E ESTARIAM PREVISTOS EN—CONTROS DO INDIGENA BRASILEIRO COM REPRESENTANTES DO MINISTERIO DAS RELACOES EXTERIORES E COM A CIDA. TAMBEM A IMPRENSA EH SIMPATICA AA CAUSA, DANDO AMPLA COBERTURA.

CORDIAIS SAUDACOES,

• LUIZ AUGUSTO DE ARAUJO CASTRO

CHEFE DO DEPARTAMENTO DE ORGANISMOS INTERNACIONAIS DO MINISTERIOS DAS RELACOES EXTERIORES_

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FUNAI Fundação Nacional do índio

MINISTÉRIO DO INTERIOR

CI. Ng 6/88-SUGE Brasilia/DF, dezembro de 1988

Do: Sr. Superintendente-Geral

Ao: Sr. Superintendente Executivo da 4g SUER

Senhor Superintendente

O Senhor Presidente da FUNAI recebeu informações do Ministério

das Relações Exteriores relativas à viagem realizada pelo índio Kayapó PAULINO

PAIAKÃ a"vários paises da Europa, bem como ao CANADÁ e ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA.

Referida "turnée" teria sido patrocinada, por entidades ambienta-

listas e teve por objetivó promover campanha contestatória contra a implementa-

ção de projetos hidrelétricos na região amazônica.

Considerando que PAULINO PAIAKÃ é servidor desta Fundação, soli-

cito de V.Sa. prestar os seguintes esclarecimentos:

a) qual o período de afastamento do país;

b) quem patrocinou a viagem;

c) se o servidor teve permissão dessa 4g SUER para se ausentar

do trabalho;

d) informar se o mesmo se encontrava em gozo de licença ou férias;

e) que medidas administrativas foram adotadas, caso PAIAKÃ tenha

se ausentado em período de trabalho regular;

f) outros dados que contribuam para o esclarecimento do assunto.

Atenciosamente

ton ()VCaflt4 gomes Superintendente Gerei

SEP Quadra 702 Sul Edifício Lex, 3? andar

CEP 70.330 Brasília D.F.

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MINISTÉRIO DO INTERIOR

FUND/40 NACIONAL DO INDIO - FUNAI GABINETE DO PRESIDENTE

CI. NQt9c2) /88-SUGE Brasília/Np/3 de dezembro de 1988

Do: Sr. Superintendente-Geral

Ao; Sr. Superintendente Executivo dali' SUER

Senho^ Superintendente

O Senhor Presidente da FUNAI recebeu informações do Ministério

das Relações Exteriores relativas à viagem realizada pelo índio Kayapó PAULINO

PAIAKÃ a vários países da Europa, bem como ao CANADÁ e ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA.

Referida "turnée" teria sido patrocinada, por entidades ambienta-

listas e teve por objetivo promover campanha contestatória contra a implementa-

çio de projetos hidrelétricos na região amazônica.

Consideran0 que PAUL(NO MIAU é Lervidor desta Fundação, soli-

cito deVV.Sa. prestar os seguintes esclarecimentos:

a) qual o período de afastamento do país;

h) quem patrocinou a viagem;

c) se o servidor teve permissão dessa 411 SUER para se ausentar

do trabalho;

d) informar se o mesmo se encontrava em gozo de licença ou férias;

e) que medidas administrativas foram adotadas, caso PAIAKÀ tenha

se ausentado em período de trabalho regular;

f) outros dados que contribuam para o .!sclarecimento do assunto.

Atenciosamente

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Supetintendent• Gitul

MOD. 207 - FORM. 2101297

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PAULINHO PAIAKAN NOME

DEPARTAMENTO GERAL DE ADMINISTRAÇÃO DIVISÃO DO PESSOAL - S.C.L.

CONTROLE DE FÉRIAS

r.2. I 8 I.

"C". EME' EGO Monit.Saude

ADMISSÃO o 2. ,')': -.9 Q LOTAÇÃO 2a • DR •(.5",tLINICIAR FÉRIAS ATÉ:

PERÍODO AQUISITIVO PERÍODO DE FÉRIAS

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GAB/SEC tio eeTa

Superintendent e e 4 a Região

Portaria, r',.° 215

Atenciosamente,

V&S-SUI /-4'

I

SUPERINIENDENCIA SERA N.o Rul)4~piatac)._eg MINISTERIO DO INTERIOR

FUNDAÇÃO NACIONAL DO ÍNDIO

—FUNAI—

INFORMAÇÃO N 2100 /42SUER/GAB/88. Belem, 23 de dezembro de 1988

Senhor Superintendente Geral,

Em atenção a C.I. n 2 026/88-SUGE, datada de '

15.12.88, prestamos os seguintes esclarecimentos:

a) - O afastamento do índio PAULINHO PAIAKAN,

ocorreu no período de 09.11 a 05.12.88;

b) - Não sabemos informar com precisão a não

ser que, foram entidades ligadas a defesa da Ecologia;

c) - O servidor não teve a permissão desta 4@,

SUER;

d) - O servidor em questão, gozou ferias no '

período de 01/11 a 05/12/88;

e) - Nenhuma, o servidor se apresentou ao tra

balho no dia 06.12.88, apOs o termino de suas ferias;

f) - O principal motivo dessa contestação, e

a falta de informaçoes por parte da ELETRONORTE, com relação as cons-

truçOes de barragens ao longo do Rio Kingú, destinadas a geração de '

energia, dai a preocupação dos índios quanto aos danos que?_as_Comuni

dades Indígenas da região, poderão sofrer com essas barragens.

MOD. 131

1

ASUFUNAI

N.°5 I

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Ii .t jL NOTICIÁRIOe 5' 1 61A r

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I* UNÇÃO ECOO

• Meio TathikE-29/10/12

Cacique Paulinho Paiacá: para Tribunal,não pode ser enquadrado na Lei dos Estrangeiros

TFR anula processo , • • ,

contra nichos campos BRASÍLIA — O Tribunal

Federal de Recursos (TFR) ar-quivou ontem os processos mo-vidos contra os caciques caia-pós Cube-I e Paulinho Paiacã e o antropólogo norte-americano Darrel Posey, incriminados com base no Estatuto dos Es-trangeiros "por denegrir a ima-gem do Brasil no Exterior". A segunda turma de julgamento do TFR decidiu por unanimida-de conceder o habeas corpus para evitar o enquadramento dos ín-dios na Lei dos Estrangeiros, determinando o trancamento definitivo da ação movida con-tra os caciques e o antropólogo na Justiça Federal do Pará, por iniciativa do juiz Iran Velasco Nascimento. Darrel Posey foi considerado apenas intérprete dos índios.

No inicio de 1988, os caci-ques Cube-I e Paulinho Paiacã e

o antropólogo norte-americano atenderam a um convite da Uni-versidade da Flórida, nos Esta-dos Unidos, para falar sobre o manejo de florestas no Brasil. Na ocasião, eles pediram ao Banco Mundial (Bird) para sus-pender os créditos de USS 250 milhões, que seriam usados pa-ra construir a hidrelétrica de Carara6, no rio Xingu, que inundaria 12 aldeias caiapós e desabrigaria cerca de dez mil índios.

Diante da resposta do Bird, que suspendeu os créditos, o go-verno brasileiro decidiu proces-sar os dois índios e o antropólo-go com base no artigo 107 do Es-tatuto dos Estrangeiros, que prevê pena de reclusão de um a três anos e expulsão do Pais. No julgamento de ontem, o minis-tro Milton Luiz Pereira (que

ocupa a vaga do ministro apo-sentado Sebastião Reis, en-quanto não se instala o Supe-rior Tribunal de Justiça) des-cartou a possibilidade de enqua-dramento dos índios no código dos estrangeiros porque eles são "brasileirso natos reconhecidos pela Constituição Federal". O processo de Posey foi arquiva-do porque ficou comprovada a participação dele exclusiva-mente como intérprete da de-núncia dos caiapós.

Ainda ontem o ministro Jo-sé Cándido, corregedor-geral da Justiça Federal, encaminhou oficio ao Conselho Superior de Defesa da Liberdade de Criação e Expressão do Ministério da Justiça em que informa sua pre-tensão de tomar providências contra o juiz Iran Velasco Nas-cimento.

là ESTADO DE SÃCi PAULO

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PÁGINA: 121

(ASSESSORA DE COMJNICAÇÃO SOCIAL -NÚCLEO CENTRAL

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1

'ORNAI, DO BRASIL

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PÁGINA: 12

Pistoleiro conta ao Comitê Chico Mendes tudo sobre o crime

RIO BRANCO — O Comitê Chico Mendes, que está realizando um inquérito paralelo ao da policia, divulgou ontem uma fita na qual um homem, dizendo-se pistoleiro. acusa diretamente Darci Alves da Silva e Oloci, filhos do fazendeiro Darli, de terem chefiado equipes de assassinos até conseguirem matar o ecologista. No depoimento, o pistoleiro — cujo nome foi preservado — admite ter participado das equipes que se revezaram no acampamento montado nos fundos da casa de Chico Mendes.

Segundo o pistoleiro. que chegou a ser preso para interro-gatório depois da morte do ecologista, o ex-prefeito de Xapu-ri, Vanderlei Viana. os fazendeiros Darli e Alvarino Alves da Sil‘a e Benedito Rosas, e o ex-seringalista Gastão Mota seriam os principais mandantes do crime. Eles teriam se reunido várias vezes em Xapuri. Brasiléia e na fazenda de Darli Alves da Silva para acertar o assassinato. Os pistoleiros que participaram da tocaia, além de Darci e Oloci Alves da Silva, teriam sido Vilamar Carneiro (Ceara:inho), Francisco Lourenço (Cearazão), José Candidato de Araújo (Ze.:ão. morto mês passado). Gentil Alves da Silva (Tilinho, filho de Alvarino Alves da Silva. que está foragido), e os irmãos Amadeus Sérgio e Jedeir Pereira. o (Mineirinho, que também estão sumidos).

O informante contou ao 'Comitê Chico Mendes' que o ex-delegado de Policia de Xapuri. António Magalhães, e o escrivão Odilon Alves da Silva, irmão paterno de Darli e Alvarino, foram os responsáveis pelas informações sobre os arredores da casa de Chico Mendes, onde foi montado o acampamento. A delegacia de policia fica a 50 metros da casa do líder sindical assassinado. O homem disse também que no dia do,crime. 22 de dezembro. os irmãos Darei e Oloci Alves da Silva, foram a Brasiléia. a 60 quilómetros de Xapuri, e lá compraram uma grande quantidade de salgadinhos para abastecer o acampamento.

O pistoleiro contou ainda que a intenção do grupo era matar Chico Mendes até o final de 1988, como o próprio ecologista pressentia.

O pistoleiro revelou também que. além de Chico Mendes, estavam marcadas para morrer mais pessoas e citou o bispo da diocesse de Rio Branco, dom Moacyr Grechi, o vigário de Xapuri, padre Luis Ceppi, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasiléia, Osmarino Amâncio, o atual presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri e sucessor de Chico Mendes, Júlio Barbosa. e os irmãos Júlio e Valdemir Nicácio, dirigentes do PT de Xapuri.

TFR arquiva acusação contra dois índios e antropólogo americano

BELÉM _ O Tribunal Federal de Recursos arquivou, ''por inépcia da denúncia c falta de justa causa", a ação

penal proposta pela Justiça Federal, em Belém, contra os índios Paulinho Paiacan e Cubei Caipó e o antropólogo norte-americano Darrel Posey. A decisão unânime ganhou parecer favorável inclusive da procuradora da Repúbli-ca. Débora Macedo Duprat Ferreira. Os dois índios e o antropólogo — que é ligado ao Museu Paraense Emilio Goeldi. onde desenvolve o Projeto Caiapó há onze anos — foram enquadrados no Estatuto do Estrangeiro sob a alega-ção de terem denegrido a imagem do pais no exterior.

No inicio de janeiro do ano passado, Paiacan. Cubei e Posey foram aos Estados Unidos, a convite da Universida-de da Flórida. para um congresso de manejo florestal, e acabaram esticando até Wawshington. para denunciar às autoridades do Banco Mundial a desvastação da floresta amazónica. Pediram ainda que o Bird não concedesse ao Brasil os créditos solicitados para a construção do comple-xo hidrelétrico do Xingu. porque inundaria grande parte da reserva Caiapó e arrasaria o ecossistema local.

Pelo enquadramento que sofrerem na Justiça Federal em Belém. os dois índios poderiam ser presos como co-autores de um crime atribuído ao cientista Darrel Posey — intro-missão nos negócios do Brasil no exterior —, enquanto este sena expulso após cumprir prisão de três anos.

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NOTQÁRIO DO DIA Lf rEe ;Sb, IP• I•

(ASSESSORA DE COMJNCAÇÃO SOCIAL -N5CLE0 CENTRAL.

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PAIAKAPAuLINHO DAIAKAN.EXDEDIÇA0 DOCUMENTO DEVE SE SOL SuP REG FUNAI (CT rv; 1111

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142/ASJ/4A.SuER DT 200389) ET AUTORIZAçA0 JUDICIAL (ALVARAH) EXPEDIDO DELA DRA.JuIZA DA 3A VARA DE MENORES DEST CDTL,CARMENC:N MARCtuES CA-v'ALCANTE,EM BENEFICIO DE IREKAN KAIADOH ET FILHOS.CONÇORME TERMOS OF-FuNAI INDIGENAS SEGuIRA0 PARA CANADAH ONDE PARTC DE ENCONTROS COM' EN-TIDADES CIENTIFICAS VOLTADAS PARA TECNICAS DE oRESERVAÇAO DO MEIO AM-BIENTE PTVG NO ALVARAH 431DIC:AL CONSTA QUE TAMBEM USITARAO SEG PAI-

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COMPANHIA DO ESPOSO ET PAI DAS CRIANÇAS 04ÜLINa0 PAIAKAN PTVG ESCLARE

ÇO QUE.0AuLINHO PAIAKAN EH FUNCONARIO DA FuNA ET ENCONTRA-SE DE LI- CENÇA SEM VENCIMENTOS PTVG GRUPO IND:GENA SEGUIRAH DARA BRASIL!A F:M

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NORAN STOLET DA SILVA - DIRETOR D'SInliNTER

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O cacique Pautinho com Jimmy Carter, há uni mês, • empunhando sua fumadora Panasonic no Congresso, em 1987, tc lado dk. Raoni

COMPORTAMENTO

COM O M0f17-3 Super Luxo Espocial modelo 1988: andanças peta c.ap;ta' cio Pará

D epois de votar no seu candidato à Pre-sidência da República — o tucano

Mário Covas —, o cacique Paulo Paiakan, 36 anos, conhecido apenas como "Pauli-nho" entre os índios de sua reserva, a caiapó, no sul do Pará, amimará as malas para mais uma viagem internacional. No próximo dia 18, Paiakan fará uma palestra no 1 Encontro sobre a Amazônia, em Van-couver, no Canadá. Esta será a sétima via-gem ao exterior de Paiakan em 1989. Ele foi três vezes para os Estados Unidos. Duas para o Canadá e urna para o Japão. Há um mês, o cacique recebeu das mãos do ex-presidente americano Jimmy Carter uma medalha de honra na quarta reunião anual da Better World Society (SociedwiP para uni Mundo Melhor), uma honraria que nenhum ecologista profissional brasi-leiro ganhou até hoje. Como no caso de certos instrumentistas eruditos, Paiakan é hoje um brasileiro mais conhecido fora do Brasil. "O problema é que nunca fui con-vidado para um congresso sobre ecologia e índios aqui no Brasil", diz ele. "Os es-trangeiros apóiam nossa luta com muito mais força que os brasileiros."

Encontrar índios brasileiros no ar, de ter-no ou cocar na cabeça, a bordo dos aviões em direção à Europa e à América do Nor-te, é hoje cena bem Menos rara do que foi até pouco tempo atrá... O pioneiro entre os silsicolas de passaporte foi o txucarramãe Raoni, cujo beiço gigantesco contribuiu

decisivamente para sua popularidade no exterior. Levado pelo roqueiro inglês Sting, Raoni girou o planeta como embai-xador dos povos da floresta, numa excur-são durante a qual esteve com o papa, com a primeira-ministra inglesa, Margaret That-cher, e com o presidente francês François Minerrand — urna agenda de fazer inveja ao presidente José Sarney. A novidade em relação a Paulmlio Paiakan é que ele é um

índio com mais futuro nos cenáculos inter-nacionais do que o velho e exótico Raoni. Além de falar a língua jê, do seu povo, Paiakan se exprime com precisão em por-tuguês e, sobretudo, arranha um pouco de

graças à comivéncia com os mis-sionários americanas que freqüentam o sul do Pará. Assim, consegue fazer palestras em encontros internacionais de ecologia. sua principal atividade hoje em dia. Nisso, é ajudado pela atual onda ecológica que varre o planeta, na qual a Amazônia brasi-leira tornou-se urna espécie de terna maior.

Xuxa — Naturalmente, o índio que em-barcou numa viagem ao exterior não pode retomar da mesma forma como partiu. Paia-kan, hoje, vive com urna série de benesses da vida urbana que os brancos costumam chamar de "vida civilizada" Em junho

Programa de índio As modernas aventuras de Pau linho

Paiakan, o cacique dos caiapós que vive entre o Brasil e os encontros no exterior

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Entre os caiapós com o Cessna 206: presente de 50 000 dólares da milionária inglesa

Na fila do caixa eletrônico em Betem

passado, a milionária inglesa Anita Rod-dick, proprietária da cadeia de lojas Body Shop, que só vende produtos naturais e está espalhada por 35 países, com mais de 600 lojas, presenteou Paiakan com um avião monomotor Cessna 206, adquirido nos Es-tados Unidos por 50 000 dólares. O avião é usado para socorrer os índios doentes de sua aldeia, a Aukre, localizada no centro da re-serva caiapó. O piloto da aeronave, nestes tempos em que ecologia é moda, é o cana-dense AI Johnson, 54 anos, ex-presidente do Grupo Ecológico Greenpeace, que já co-mandou DC-10 e Boeings e se apresentou como voluntário na selva.

Paulinho Paiakan, que nas festas indíge-nas gosta de ser chamado de Bepkororoti, ocupa em Belém uma casa de três quartos, dois deles com ar condicionado. Ali, vive com a mulher, lrekian, e as três filhas, de 5, 4 e lano de idade. A farrulia passa a maior parte do tempo assistindo a cenas na televisão de festas indígenas e encontros na floresta que o próprio Paiakan grava com sua filmadora Panasonic adquirida na Zona Franca de Manaus. "Não quero que mi-nhas filhas assistam a Xuxa e esqueçam a nossa cultura", justifica. Foi com essa mesma fumadora Panasonic que Paiakan estes e no Congresso Nacional, em 1987, ao lado de Raoni, para documentar a parti-cipação dos índios na pressão feita junto aos constituintes para a aprovação da de-marcação de suas terras. A luta de Paiakan, repetitiva quando se acompanha o cacique nas reuniões em que os discursos não mu-dam, toma-se dramática quando se exami-na todo o painel que representa a trajetória dos índios brasileiros desde o descobrimen-to. Naquela época, havia 5 milhões de ín-dios no Brasil. Hoje, ao firo de um proces-so cruel em que suas terras foram ocupadas e seus costumes desafiados pela vizinhança

noitar, o cacique caiapó tem um Passai. Não raro, ele pode ser visto nas fi-las dos caixas automáti-cos retirando dinheiro. "Um índio não deixa de ser índio porque tem uma filmadora ou um carro", afirma o superintendente regional da Funai em Be-lém, Dinarte Madeiro. Ele tem razão. O estranhe é que Paulinho Paiakan não defende para seus ir-mãos o mesmo tipo de vi-da que ele leva. "0 di-nheiro que tem entrado em muitas aldeias está prejudicando a vida dos índios", diz o cacique. "Eles agora recebem mais assistência, mas

têm mais doenças também, e não estão pla-nejando o futuro", queixa-se. Obviamente, Paiakan não pretende manter as vantagens da vida urbana apenas para seu próprio uso. como se fosse um marajá — como bom ad-ministrador, ele as exibe em nome da pre-se-vação dos companheiros de sua reserva

Os 2 000 caiapós, divididos em cinco al-deias e espalhados em cerca de 32 000 qui-lómetros quadrados — uma área equivalen-te a cinco vezes a extensão do Grande Rio —,são considerados os índios mais ricos do

país. "A reserva dos caiapós é a única do Bra-sil que não da despesas para a Funai", diz Dinar-te Madeiro, superinten-dente do órgão. Para pro-duzir riqueza, os caiapós desenvolveram um siste-ma económico de fazer inveja a qualquer empre-sário. As aldeias dos go-rotirés, no sul da reserva, e dos kikretuns, no norte. têm no garimpo de ouro sua maior fonte de renda. Ambas as aldeias rece-bem cerca de 13% da venda do ouro colhido na área. Os gorotu-és. por exemplo, arrecadaram. em outubro, cerca de 550 000 cruzados no-vos. A força econômica dos caiapós permite ini-ciativas ousadas: eles compram miçangas im-portadas da Checoslová-quia ao preço de 520 cruzados novos o quilo, que são usadas em seus adornos. e

com o branco, resta dos índios brasileiros uma multidão de apenas 220 000 indiví-duos. Paiakan, um índio que ultrapassou com menor trauma a fronteira do mundo branco, não tem muitos seguidores bem-sucedidos. Ele, porém, se deu muito bem diante dos desafios da cultura urbana.

MIÇANGA.S IMPORTADAS - Em Belém, desfila com um automóvel Monza Super Lu-xo Especial, modelo 1988. Em Redenção, no sul do Pará, onde também costuma per-