[3] Curso Realidade Brasileira - Celso Furtado - O Mito do Desenvolvimento Economico - Cap 2

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  • 5/13/2018 [3] Curso Realidade Brasileira - Celso Furtado - O Mito do Desenvolvimento Economico - Cap 2

    DO IVIESMO AUTOR:A Economia Brasileira (Rio, 1954)Uma Economia Dependente (Rio, 1956)Perspectiva da Economia Brasileira (Rio,A operacao Nordeste (Rio, 1960)Desenvolvimento e Subdesenvolvimento (Rio. 1961)A Pre-Revolucao Brasileira (Rio, 1962)Dialetica do Desenvolvimento (Rio. 1964)Subdesenvolvimento e Estagnat;ao naAmerica Latina (Rio, 1966)Teoria e Politica do DesenvclvimentoEcon6mico (Sao Paulo, 1967)Um Projeto para Brasil (Sao Paulo, 1968)Formacao Economica da America La tina (Rio. 1969)Analise do "Modelo" Brasileiro (Rio, 1972)A Hegemonia dos Estados Unidos e 0Subdesenvolvimento da America Latina (Rio, 1973)Formacao Econ6mica do Brasil (Sao Paulo. 1974)

    1957)

    C e l S D f u r t a d . o

    o M i l O D O O E S E N V O L V I M E N T O E C O N O M I C O3~EDIC;AO

    Paz e Terrall':\r't'CENTRO DE DOCUMENTACAOIN:STlTUTO DE ECONOMIA

    U N J C A M P

  • 5/13/2018 [3] Curso Realidade Brasileira - Celso Furtado - O Mito do Desenvolvimento Economico - Cap 2

    CAPITULO II

    SUBDESENVOL VIMENTO E DEPENDENCIA:AS CONE~OES FUNDAMENTalS

    Uma observacao mesmo superficial da historia mo-derna poe em evidencia que tormacces socials assinala-das por grande heterogeneidade tecnologica, marcadasdesigualdades na produtividade do trabalho entre areasrurais e urbanas, uma proporcao relativamente estavelda populacao vivendo ao nivel de subsistencia, crescen-te sub-emprego urbano isto e, as chamadas economiassubdesenvolvidas estao Intirnamente ligadas a forma co-mo 0 capitalismo industrial cresceu e se difundiu desdeos seus comecos, A Bevolucao Industrial - a acelera-ga o no processo de acumulacao de capital e de aumentona produtividade do trabalho. ocorrida eritre os anos 70do seculo XVIII e as anos 70 do seculo XIX - teve lu-gar no seio de uma econornia comercial em rapida ex-pansao, na qual a atividade de mais alta rentabilidademuito provavelmente era 0 comercio exterior. 0 ereitocornbinado do incremento de produtividade nos trans-partes - reducao dos rretes a longa distancia - e. dainsercdo no comercio de urn fluxo de novos produtosoriginarios da industria, dell. origem a urn complexosistema de divisao internacionai do trabalho, 0 qualacarretaria importantes modificacdes na utilizacao dosrecursos em escala mundial. Para compreender 0 quechamamos hoje em dia de subdesenvolvlmentc, faz-se

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    necessano identificar os tipos particulates de estrutu-ras socto-economicas surgidas naquelas areas onde 0novo sistema de divisao internacional do trabalho per-mitiu que crescesse 0 produto liquido mediante simplesrearranjos no uso da rorca de trabalho disponivel.A nossa hip6tese central e a seguinte: a ponto de

    origem do subdesenvolvimento sao os aumentos de pro-dutividade do trabalho engendrados pela simples realo-cagao de recursos visando a obter vanta gens compara-tivas eataticas no cornercio internacional. 0 prcgressotecnico - tanto sob a forma de iadocao de metodosprodutivos mais eficientes como sob a forma de intro-duc;:aode novos prcdutos destinados ao consumo - e a ,correspondente aceleracao no processo de acumulacao(ocorridos principalmente na Inglaterra durante 0 se-cUIQ antes refendo) permitiram que em outras areascrescesse significativamente a produtividade do traba-lho, como fruto da especializacao geografica. Este ulti-mo tipo de mcremento de prcdutividade pode tel' Iugarsem modificacces majores nas teenicas de producao,como ocorreu nas regioes especializadas em agricultu-ra tropical, au mediante importantes avances tecnicosno quadro de "enclaves", como fOi 0 caso daquelas re-giBes que se especializaram na exportacao de materiasprimas minerais. A insercao de uma agricultura numsistema mais ample. de divisao social do trabalho, auseja, transrorrnacao de urna agricultura de subsistenciaem agriculture comercial, nao significa necessariamen-te abandonar os metodos tradicionais de prcducao. Mas,se essa transrorrnacao se faz atraves do comercio ex-terior, .os incrementos de produtividade economica po-dem ser consideraveis, Certo, a excedente adicional, as-sim criado, pode permanecer no exterior em sua quasetotalidade, 0 que constituia a situacao tipica das eco-nornias colonials. Nos casas em que esse excedente foiparcialmente apropriada do interior, seu principal des-tino consistiu em financial' uma rapida dtverstricacaodos habitos de consume das classes dirigentes, mediante. a Importacao de novos artlgos. Este uso particular doexcedente adicional deu origem a s formacdes sociais-atualmente identiricadas como economias subdesenvol-vidas,78

    Desta forma, 0 capitalismo industrial levou certospaises (as que liderarn 0 pro~e~so de mdustnauzacao)a especializar-se naquelas atividades em q_ue metodosprodutivos mais eficientes penetravam rapidamente, e *levou outros a especializar-se em atividades em que essaforma de progresso tecnico era insignincante, ou a bu~-car a via da alierracao das reservas de recursos naturalsnao reprodutiveis, A "lei das vantagens comparati";as:',tao bern ilustrada por Ricardo com 0 caso do comercioanglo-lusitano, proporciona va uma justificacao s6lidada especializac;aa internacional, mas deixava na sam bratanto a extrema disparidade na ditusao do progressonas tecnicas de producao, como 0 fato de que a novoexcedente criado na periterta nao se conectava com 0processo de formacao de capital. Esse excedente eraprincipalmente destinado a Iinanciar a difusao, na pe-riferia dos novos padroes de consume que estavam sur-.g indo 'no centro do sistema economico rnundial em for-macao. Portanto, as relacoes entre paises centricos eperirertcos, no quadro do sistema global surgido da di-visao internacional do trabalho, foram, desde 0 comeco,bern mais complexas do que se depreende da analiseeconomica convencional,Aspecto fundamental, que se pretendeu ignorar, eo fato de que os paises peritericos foram rapidamentetransf'ormados em irnportadores de novos bens de con-sumo, fruto do processo de acumulacao e do progressotecnico que tinha Iugar no centro do sistema. A adocaode novos padrces de consumo seria extremamente irre-gular, dada que 0 excedente era apropriado por urnaminoria restringida, cujo tamanho relative dependia daestrutura agraria, da abundancia relativa de terras ede mao de obra, da importancia relativa de nacionaise estrangeiros no. eontrole do comercio e das Iinancas,do grau de autanomia da burocracia estatal, e fatos si-milares. Em todo caso, as frutas dos aumentos de pro-dutividade revertiam em beneficia de uma pequena mi-noria, razao pela qual a renda disponivel para consumedo grupo privilegiado eresceu de forma substancial. Con-vern acrescentar que, tanto 0 processo de realocacao derecursos produtivos como a formacao de capital que aeste se ligava (abertura de novas terras, construcao de

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    estradas secundarias, edificacfio rural, etc.) , eram pou-co exigentes em insumos importados: 0 coeficiente deimportacdes dos investimentos ligados asexporta

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    se relaciona com 0 nivel de acumulacao de capital al-caneado pelo pais e sim com o perfil da demanda (0grau de diverstricacao do consumo) do setor moderniza-do da sociedade. Dessa .orientacao do progresso tecnico eda consequents falta de conexao entre este e 0 grau deacumulaeao previamente alcancado, resulta a e~Jlecifi-cidade do subdesenvolvimento na fase de plena indus-trializacao, Ao impor a ador;ao de metodos prcdutivoscom alta densidade de capital, a referida orlentacao criaas condicoes para que as salarios reais se mantenhamproximos ao nivel de subsistencia, au seja, para que ataxa de exploracao aumente com a produtividade dotrabalho.. 0 comportamento dos grupos que se apropriam doexcedente, condicionado que e pela situacao de depen-dencia cultural em que se encontrarn, ten de a agravaras desigualdades socials, em funcao do avanco naaeumulacao. Assim, a reproducao das form as scciais,que identificamos com 0 subdesenvolvimento, esta liga-da a tormas de eornportamento condicionadas pela de-pendencia. Abordemos 0 problema de outro angulo:nas economias subdesenvolvidas, 0 fator basico que go-verna a distribuicao da renda e, portanto, os prer;osrelatives e a taxa de salario real no setor em que serealiza a acumulacao e penetra a tecnica moderna, pa-reee ser a pressao gerada pelo processo de moderriiza--;ao, is to e, pelo esrorco que realizam os grupos que seapropriam do excedente para reproduzir as formas deconsumo, em permanente rnutacao, dos paises centri-cos. Essa pres sao da origem a rapid a diversincacao doconsumo e determina a orientacao da tecnologia ado-tada. Ela, rnais do que a existencia de uma oferta ~s-tica de mao de obra, determina 0 diferencial entre 0saITlrio industrial e 0 salario no setor de subsistencia.Certo, a grau de organizacao dos distintos setores dac1asse trabalhadora constitui tater importante e res-ponde pelas disparidades setoriais desse diferencial . Emsintese: dado 0 nivel de organizacao dos distintos seto-res da c1asse trabalhadora, a dimensao relativa do ex-cedente apropriado pelos grupos privilegiados reflete apressao gerada pelo processo de modernizacao.

    A industrializacao de urn pais perfferico tende atamar a forma de manufatura local daqueles bens deconsumo que eram previamente importados, como ebern sabido de todos os estudiosos do chamado processode substituicao de importacoes. Ora, a compo"St~aodeuma cesta de bens de consumo determina, dentro de Ii-mites estreitos, os metodosprodutivos a serem adota-dOB, e, em ultima instancia, a mtensidade relativa docapital e do trabalho utilizados no sistema de producao.Assim, se e a prcducao de bens de uso popular que au-menta, recursos relativamente mais abundantes (terra,trabalbo nao especializado) tendem a ser mais utiliza-dos e recursos relativamente escassos (trabalho especia-lizado, divisas estrangeiras, capital) menos utilizadosdo que seria 0 caso se rosse a producao de bens alta-mente soristicados, consumidos pelos grupos rices, a queaumentasse ..Expandir 0 consumo dos rices - e ista tarn-bern e verdade para os paises centricos - de maneirageral significa introduzir novas produtos na cesta de bensde consumo, 0 que requer dedicar relativamente mais re-curses a "pesquisa e desenvolvimento", ao passo queaumentar 0 consumo das mass as signitica difundir 0uso de produtos ja conhecidos, cuja producao muitoprovavelmente esta na fase de rendimentos crescentes.Existe uma estreita correlacao entre a grau de diver-sificacao de uma cesta de bens de consumo de umlado, e 0 nivel da dotacao de capital por pe~soa em-pre~ada . e a~omple}"idade da tecnologia, de outro.Ma~s a~to C ? nivel da renda per capita de urn pais,mars diversiticada a cesta de bens de consumo aque tern acesso 0 cidadao media desse pais, e mais ele-vada a quantidade de capital par trabalhador no mes-mo. A hip6tese implicita no que dissemos anteriorrnen-te significa que as mesmas correlacoes existem com res-peito a setores de uma sociedade com diferentes niveisde renda,o processo de transplantacao de padr6es de consu-mo, a que deu origem 0 sistema de divisao internacio-nal do trabalho impasto pelos paises que lideram a re-volucao industrial, modelou subsistemas economicos emque 0 progresso tecnico foi inicialmente assimilado aonivel da demanda de bens de consumo, isto e, mediante

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    a absorcao de um fluxo de novas produtos que eramimport ados antes de serem localmente produzidos, Adependencia, que e a situacao particular dos paisescujos padr6es de consume foram modelados do exterior,pade existir mesmo na ausencia de investimentos es-trangeiros diretos. Com ererto: este ultimo tipo de in-vestimento foi raro ou inexistiu durante toda a primei-ra fase de expansao do sistema capitausta. 0 que im-porta na.oe 0 contra le do sistema de prcducao localpar grupos estrangeiros e sim a utilizacao dada aquelaparte do excedente que circula pelo comercio interna-cionaL Na rase de industrralisacao, 0 controle da prcdu-ga o per firmas estrangeiras, conforme veremos, facil itae aprorunda a dependencia, mas nao constitui a causadeterminante desta. A propriedade publica dos bens deprcducao tarnpouco seria suficiente para erradicar 0fen6meno da dependencia, se 0 pais em questao se man-tern em posicao de satelite cultural des paises centrieosdo sistema capitalista, e se encontra numa fase deacurnulacao de capital muitoinferior a alcancada porestes ul times.Pede-sa Ir ainda mars longe e tormular a hipotesede que urn tipo semelhante de colonizacao cultural verndesempenhando importante papel na transrormacao danatureza das relacoes de classe nos paises capitalistascentricos. A ideia, formulada por Marx, segundo 0 qualurn processo creseentemente agudo de luta de classes,no quadro da economia capitalista, operaria como taterdecisivo na crtagao de uma nova sociedade, essa ideiapara ser vaUda requer, como condicao sine qua non.que as classes pertinentes estejam em condicoes de ge-rar visoes independentes do mundo. Em outras pala-vras: a existencia de uma ideologia dominante (que se-gundo Marx, seria a, ideclogia da classe dominante emascencao) nao deveria significar a perda total de auto-nornia cultural pelas outras classes, ou seja, a coloniza-gao ideolcgica destas, Marx, no seu 18 Bruttuirio, quan-do atribui papel import ante aos paysans parcel laires -nos quais se teria apoiado Luis Bonaparte - afirmaclaramente que eles nao haviam tornado consciencia de s!mesmos como classe; contudo, constituiam uma classc,no sentido de que pcdiarn servir de fator decisive nas

    ll:'ltas pelo po~er, porque "opunham 0 seu genera deVIda, os seus mteresses e sua cultura aos das outrasCl~ss:s ~ociais'. Entre as condicces objetivas para aexistencia de uma classe, portanto, estaria a sua auto-nomia cultur~l. Ora, nos paises capitalistas centrtcos,essa autonomia cultural, no que se rerere a 'classe tra-balhadora, foi considera velrnente erodida. 0 aces so dal~assa trabalhadora a formas de consume antes priva-tivas das classes que se apropriam doexcedente, crioupara aquela Urn horizonte de expectativas que condieio-naria 0_ seu comportamento no sentido de vel', na con-fro.t;tacao de cl:3-~ses,mais do que urn antagonismo irre-dutivel, uma ser:e de operacces taticas em que os inte-resses comuns nao devem ser perdldos de Vista.Nos paises perirencos, c processo de colonizacaocultural. ~8;dica originalmente ria agao convergente dasclasses diri gentes locais, interessadas em manter umaelevada taxa d~ exploracao, e dos grupos que, a partirdo centro do SIstema, eontrolam a economia interna-clonal e cujc principal interesse e eriar e ampliar mer-cades p~r~ 0 flu,,:o de novos produtos engendl'ados pelarevolucao industrial , Uma vez estabelecida esta conexaoestava aberto 0 eaminho para a introdueao de todas a~Iormas de "intercambio desigual", que historieamentecaracterizam as relacces entre 0 centro e a periteria dosistema capitaltsta, Mas, isolar essas formas de inter-cambro ou trata-las como uma consequencia do processode acurnulacao, sem ter em conta a forma como 0 ex-c:den~e e utilizad~ na .perifel'ia sob a impacto da c010-mzacao cultural, e deixar de lado aspectos essenctaisdo problema. .

    E interessante cbservar que a processo de colonlza-r ;~o_cultUl'~1 teve lugar mesmo em regioes em que con.dicoes particulares perrnitiram que os salaries Iocais su-bissern consideravelmente, ou se fixassem a niveis simi-lares aos des paises centricos .. F oi esta a situacao dosgrandes espacos vasios das zonas temperadas, que sepovoaram principalmenta com imigracao de origem eu-l'?peia em fins do seeulo passado. A producao agro-pecua-ria para a exportaeao desenvolveu-se, nessas regi5es em... . - ,con:orrencla com produeao similar de paises centrrcos,entao ernpenhados no processo de industrializacao. A84 85

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    abundancta e a qualidade dos recursos naturais perrni-tiram que se criasse urn substancial excedente par pes-soa empregada, mesrno que a taxa de salario tivesse queser suficientemente elevada para atrair irnigrantes dasregioes menos prosperas da Europa ..A forma de apro-prtacao interna desse excedente e 0 numero relative darninoria privilegiada variaram conforme as cnndicceshistoricas prevalescentes em cada area. Contudo, name-dida em que esse excedente foi utilizado para finan-~iar a ~d~gao_ de formas ~e consume engendradas pelaindustrializacao no exterior, ocorreu urn processo demoderniaacao similar ao aue antes descrevemos. A si-tuacao de dependencia existe, nestes casas, na ausenciadas formas sociais que estamos habituadas a Iigar adsubdesenvclvimento. Ela radica fundamentalmente napersistente disparidade entre 0 nivel do consume (inclu-sive, eventualmente, parte do consume da elasse traba-lI:adol'a) e a aeumulacao de capital no aparelho produ-bVD, porquanto a elevacao de produtividade, que daorigem ao excedente, resulta da utilizacao extensiva derecursos naturals no quadro de vantagens comparatl-vas intemacicnals. Aabundancia de recursos minerais ede fontes 'de energia, entre outros fatores, permitiu queconomias desse tip a tivessern uma precoce industriali-zagao, ainda que essencialrnente sob 0 controle de tlrmasestrangeiras. E este 0 case do Canada, cuja economiaintegra 0 centro do sistema capitalista, nao obstante aextrema debiIidade dos centres internes de deeisao. NaArgentina, condicces hist6ricas distintas fizeram queo processo de Industrialtzacan S8 atrazasse e assumissea forma de "substttuicao", isto e, de respostaa erise dosetor exportadorvEm razao do declinio da produtivida-de, causadopela crise do setal' exportador, 0 estorco decapitalizacao requerido pela industr;ializagao teve queser consideraveLA oxperlencia tern demonstrado queas economias que se encontram nessa sttuacao tandema alternar serias crises de balanca de pagamento compericdos de relativa estagnacao. Como a pressao nosentido de acompanhar a renovacao dos padrdes deconsume no centro se mantern, surge uma tendeneia aeoncentracao da renda com reflexos nas estruturas so-ciais, as quais tendem a assemelhar-se a s dos paises ti-86

    picamente subdesenvolvidos. Este ponte poe em eviden-cia que 0 Ienomeno que charnamos dependenciaa rnaisgeral do que 0 subdesenvolvimento. Tocta econornia sub-desenvolvida e necessarlamente dependente, pais 0 sub-d:sef:1volvimento e uma criacao da situacao de depen-dencia. Mas nem sernpre a dependencia criou as forma-goes socials sem as quais e: dificil caracterizar urn paiscomo subdesenvolvido. Mais ainda: a transicao do sub-desenvolvimento para 0 desenvolvimento e dificilmenteconcebivel, no quadro da dependencia, Mas a mesrnonao se po de dizer do processo inverse, se a necessidadede acompanhar as padroes de consume dos paises cen-tricos se alia a uma crescenta alienacao de parte do ex-cedente e r n . maos de grupos externos controladores doaparelho produtivo. .. 0 renomeno da dependencia se manifesta inicial-mente sob a forma de imposieao externa de padrces deconsumo que sornente podern ser manbidos mediante ageracao de um excedente criado no comereio exterior.E a rapida diversincacao desse setor do consume quetransrorrna a dependeneia em algo dificilmente rever-

    sivel, Quando a industrlallzacac pretende substituir es-ses bens import ados, 0 aparelho produtivo tende a di-vidir se em dois: umsegmento ligado a atividades tra-dicionais, destinadas as exportacoes ou ao mercado in-terno (rurais e urbanos) e outro constitufdo por indus-trias de elevada densidade de capital, produzindo paraa minoria modernizada, Os econornistas que observa-ram as economias subdesenvolvidas sob a forma de sis-temas fechadcs virarn nessa descontinuidade do apa-relho prcdutivo a manifestacao de um "desequilinrio aonivel dos fatores", provocado pela existencia de coefi-dentes fixos nas funcoes de produeao, OU seja, peloJato de que a tecnologia que estava sendo absorvida era"inadequada". Pretende-se, assim, ignorar a fata de queos bens que estao sendo consumidos nao podem ser pro-duzidos senao com essa tecnologia, e que a s classes diri-gentes queassimilaram as formas de consumo dos paiseseentricos nao se apresenta a problema de optar entreessa constelacao de bens e uma outra qualquer. Namedida em que as padrfies de consume das classes quese apropriarn do excedente devam acompanhar a rapi-

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    da evolucao nas formas de vida, que esta ocorrendo nocentro do sistema, qualquer tentativa visando a "adap-tar" a tecnologia sera de escassa significacao,Em sintese: miniatunzar, em urn pais periferico, 0sistema industrial dos paises centricos conternporaneos,onde a- acumulacao de capital alcancou niveis multomais altos, significa introduzir no aparelho prcdutivouma profunda descontinuidade causada pela coexistsn-cia de dais niveis tecnologicos, Este problema nao estavapresente nafase anterior a "substituicao de importa-c;6es", simplesmente porque a dlversificacao do consumeda minoria modernizada podia ser fmanciada com 0excedente gerado pelas vantagens comparativas do co-mercio exterior. Na fase de industrializacao substituti-va, a extrema disparidade entre os niveis (e 0 grau dediversiflcacao) do consumo da minorra modernizada eda massa da populacao devera incorporar-se a estrutu-ra do aparelho prcduttvo. Desta forma, 0 chamado "de-sequilibrio ao nivel dos fatores" deve ser cansideradocomo inerente a economia subdensenvolvida que se in-dustrializa. Ademais, se se tern em conta que a situacaode dependericia esta sendo pennanentemen te reforcada,mediante a introducao de novas produtos (cuja produ-gao requer 0 usa de tecnicas cada vez rnais soflsticadase dotacdes crescentes de capital), torna-se evidente queo avanco do processo de industrializacao depende deaumento da taxa de exploracao, isto e, de uma crescenteconcentracao da renda. Em tais condieoes, 0 cnescimen-to OCOn011 ' l1CO tende a depender mais e mais da hablll-dade das classes que se aprcpriarn do excedente paraIorcar a maioria da populacao a aceitar crcscentes de-sigualdades socials.- A industrializacao, nas condicoes de dependencia,de uma econornia periferica, requer intensa absorcao deprcgresso tecnico sob a forma de novas produtos e dastecnicas requeridas para produzi-los, E na medida emque avanca essa industrializacao, a progresso tecnicodeixa de ser 0 problema de adquirir no estrangeiro esteau aquele equipamento e passa a ser uma questao detel' ou nao acesso au fluxo de inovacao que esta brotan-do nas economias do centro, Quanto rnais se avancanesse processo rnaiores sao as facilidades que encontram

    as grandes empresas dos paises centricos para substi-tuir, na periteria, mediante a criacao de susidiarias, asempresas locals que hajam iniciado a processo de in-dustriallzacao. Caberia mesmo indagar se a demandsaltamente diversificada dos grupos modernizados seriajamais satisfeita, com prcducao local, caso 0 fluxo deinovacoes tecnicas devesse ser pago a precos de merca-do. Esse fluxo e criado au controlado par empresas queconsiderarn ser muito mais vantajoso expandir-se emescala internacional do que alienar esse extraordinarioinstrumento de podel'. Tratar-se-ia nao somente de en-tregar 0 controle das inovacoes de uso imediato, mastambern de assegurar uma opcao sobre as futuras. Ade-rnais, a preco da tccnologia terra que SCI' elevado, paraa empresa local que se limitasse a adquiri-Ia no mer-cado, ao passe que, para a grande empresa que a con-trola e vern utilizando no centro, essa tecnologia estapraticamente amortizada, A este fato se deve que agrande empresa possa, mais facilmente, contornar asobstaculos de pequenez de mercado, falta de economiasexternas e outros que caracterizam as economias peri-rericas. Assim, a cooperacao das grandes ernpresas deatuacao Internacional passou a ser solicitada pelospaises periterlcos, como a forma rnais facil de center-nar os obstaculos que se apresentam a uma industriali-zat;ao retardada que pretends cclccar-se em nivel tee-nico similar eo que prevalece atualmente nos paisescentricos.o dito no paragrato anterior evidencia que, it me-dida em que avanca 0 processo de Industrializacao naperiferia, mais estreito ten de a ser controle do apare-lho produtivo, ai Iocallzado, por grupos estrangeiros.Em consequencia, a dependencia, antes imita~ao de pa-droes externos de consumo mediante a importacao debens, agora se enraiza no sistema produtivo e assumea forma de programacao pelas subsidiarias das grandesernpresas dos padr5es de consume a serem adotados.Contudo, esse controle direto por grupos estrangeiros, dO lsistema produtivo dos paises perifericos, nao constttuiurn resultado necessaria na evolucao da dependencia]E perfeitamente possivel que uma burguesia local derelativa inportancia e/ou uma burocracia estatal forte

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    participem do controle .do 'aparelhn 'produtivo e mesmomantenham uma posicao dominante nesse, contrale. Emalguns casas essa predominancia de grupos locais podeser essencial aflm de assegurar 0 rigido controle socialrequerido para fazer face a tensoes originadas pela cres-cente deslgualdade social. Contudo, a controls local, aonivel da produeao, nao significa necessariamente menosdependencia, s_ea sistema -pretende continuar a repro-duzir os padroes de consumo que estao sendo perma-nentemente criados no centro. Ora, a experiencia terndemonstrado que os grupos locats (privados ou public os)que participarn da apropriacao .do excedente, no quadrode dependencia dificilmente se afastam da visfio dodesenvolvimento coma processo rnimetico de padr6esculturais importados.as processos hist6ricos sao, evidentemente, muitomais complexos do que podem sugerir as esquemas teo-ricos. Sem lugar a duvida, as prtmeiras indus trias a de-senvolver-se nos paises subdesenvolvidos foram as queproduzem artigos de ample consumo (alimentos, teci-dos, confeccdes, objetos de couro), tanto em razao desua relativa simplicidade tecnica como pela pre existen-cia de urn mercado .relativamente amplo abastecido par-cialmente pelo artesanato, Ocorre, entre tanto , que, sea taxa de sal aria permanece proxima a s condicoes devida prevalescentes na agricultura de subsistencia, aimplantacao desse tipo da industria nao chega a modi-ficar de forma significativa a estrutura de uma econo-mia subdesenvolvida. Porque competem com a artesa-nata e pagam salarios nao rnuito superiores a renda dosartesaos, essas indus trias pouco contribuem para am-pliaro mercado interno; e porque tern poucos vinculoscom outras atividades industrials, quase nao criam. ecc-nomias externas. Essa situacao particular se traduz nacurva tipica de creseimento desse tipo de industria:rapido crescimento inicial e tendencia ao nivelamento.

    :E durante a fase de "substituicao de irrportaeoes",a qual se liga as tens6es da balanca de pagamentos, quetern lnicio a formacao de urn sistema industrial. Mas,pelo fato de que 0 consumo da minoria madernizada ealtamente diversificado, as industrias que formam essesistema tendem a enfrentar problemas de deseconomias90

    de escala, que, se ao nivel da empresa podem encon-trar solucao parcial na protecao enos subsidios, ao ni-vel social se traduzem ern elevados custos. J a . fizemosreferenda ao fata de que essa situacao favorace a pe-netracao das grandes empresas com sede nos paisescentricos, 0 que por seu lado contribui para elevar ascustos de operacao do sistema industrial em terrnos dedivisas estrangeiras. Esse quadro, que em alguns paiseslatino-american os se apresentou sob a forma de reducaonas taxas de crescimento, de fortes crises de balanca depagamentos e/ou rapido endividamente externo, ternsido descrlto, partIcularmente em publicacoes das Na-96e5 Unidas, como a resultado da "exaustao" do proces-so de "substituicao de importacoes". Mas, par detrasdesses sintomas, nao e dificil perceber uma causa maisprofunda: a incompatibilidade entre 0 projeto de desen-volvimento des grupos dirigentes, visando a reproduzirdinamrcamente as padrfies de consumo dos paises een-tricos, e 0 grau de acumulacao de capital alcancado pelopais. Contornar esse obstaculo tern side a grande preo-cupacao no correr do ultimo decenio, des paises subde-senvolvidos em mais avancado estagio de industrializa-~ao. Posta que a pequenez relativa dos mercados locaissurgia como a fator negative mais visivel, conceberam--se esquemas de ingracao sub-regional sob a forma dezonas de livre comereio, unioes aduaneiras, etc. Taisesquernas permitiram, em alguns casas, dar rnaior al-cance ao processo de "substituicao de importaeces", masem nada modificaram os dados fundamentais do pro-blema, que tern as suas raises na situaeao de dependen-cia anteriormente descrita. I

    1. 0 problema de como industrializar, beneficiando-se datecntca moderna, um pais em que a acumulacao de capital seencontra em nivel relativamente baixo, pode ter vanas solucoes,todas elas Iigadas a um certo sistema de valores. Tres solucoesprmcrpais (puras) tern sido tentadas no correr dos ulttmos ano s,A primeira consiste em aumentar a taxa de exploraeao (irnpedirque a massa salarial cresca paralelamente ao produto Iiquidode forma conjugada com uma intt:psificac;ao do consume quese financia com parte do excedentl1J; a posibilidade de maicreseconomias de escala (particularmente nas industrlas produtorasde bens duraveis de consume) engendra uma maior taxa deIucro, 0 que por seu lade estimula a entrada de recursos exter-91

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    o crescenta controle externo dos sistemas de prcdu-c;ao dos parses peritericos, abre para estes ultimcs novaIase evolutiva. Assim, 0 aumento dos custos em divisasestrangeiras da producao ligada ao pr6prio mercado in-terno cria tens6es adicionais nas balancas de pagamen-tos dos respectivos paises, as quais levam, em alguns ca-sas, ao oloqueio do processo de Industrialisacao, ou criamcondicces que ravorecem a busca de solucdes alternati-vas atraves de "correcoes" ccmpensatorias. A extraordi-naria flexibilidade das grandes empresas de atuacao in-ternacional deve-se que tais problemas venham encon-trando solucao com urn minima de modincacces nasestruturas sociais tradicionais. Com efeito: gracas astransaeoes internas que realizam as grandes empresasno plano internacional, os paises perifericos se vao ca-pacitando para pagar com mao de obra barata os seuscrescentes custos de producao em moeda estrangeira,As novas formas de economia subdesenvolvida, que cres-cern a base de exportacces de trabalho barato incorpo-rado a produtos industriais manufaturados P O l ' ernpresasestrangeiras e destin ados a mere ados externos, apenascornecam a definir 0 seu perfil. Mas, se se tem em contaque a prcporcao do excedente apropriado do exterior econsideravel nada indica que a taxa de exploracao ten-, . - .da a declinar, Em outras palavras: se as condicoes geraisIizadas a situacao de dependencia persistem, nada s_u-g~l'e que a industriauzacao orientada p::.ra 0 exteri~rcontribua para reduzir a taxa de exploracao, tanto marsque a propria razao de ser desse tipo de industrializa-gao na periferia e a existencia de trabalho barato.Podemos agora ten tar destacar 0 que da permanen-cia ao subdesenvolvimento, au seja, como a estrutura quepermite identifica-lo reproduziu-se no tempo. A divisaointernacional do trabalho, imposta pelos paises que li-!lOS. A sezunda solucao consiste em orientar 0 sistema industrialpara os n~ercados externos, no quadro de novo sistema de divi-::;3.0 Interuac.onal do trabaJho sob a egide das grandes smpre-sas transnacionais. A terceira consiste em recondicionar pro-gressivamente as padrfies de consume _ de fc~ma a .torna-loscornpativels com 0 esrorco de acumulacao desejado, A primeiraformula corr esponde ao chamado modele brasiletro, a segundaao chamado modele Hong-Kong e a tercei.ra ao chamado modelechines.92

    deraram a revolucao industrial, deu origem a urn exce-dente, 0 qual permitiu a s classes dirigentes de outrospaises (perif'erieos ao sistema) - nos quais nao haviaIndustrialisacac - ter acesso a padr6es diversificadosde consumo engendrados pelo intense progresso tecnicoe acumulacao de capital concentrados no centro do sis-terna. Em eonsequencia, as paises perirerlcos puderamelevar a taxa de exploracao sem que houvesse reducaona taxa de salario real e independentemente da assimi-lagao de novas tecnicas produtivas. Desta forma, sur-giu nos parses peritencos urn perfil de demanda caracte-rizado par marcada descontinuidade, A partir do mo-I mento em que o setor exportador erfuou na fase de ren-dimentos decrescen_tes, a Industrializacao orientou-se_para a "substituigao de importacao". Devendo minia-turizar sistemas industriais em urn processo muito maisavancado de acumulacao e devendo acompanhar a ra-pida diversificacao da pan6plia de bens de consumo dospaises de mats alto nivel de renda, os paises perirericosforam Ievados a ter que aumentar a taxa de exploracao,au seja, a concentrar eada vez mais a renda, POI' outrolade, 0 custo crescente da tecnologia conjuntamentecom a aceleracao do progresso tecnico facili tou a pene-traglio das grandes empresas daacao internaeional, '0'que intensificou ainda mars a difuslio dos novos padrdesde consumo surgidos no centro do sistema e levou amaier estreitamente dos vinculos de dependencia,Os pontos essenciais do processo sao os seguintes:a matriz institucional pre-existente, orientada para a .concentracao da riqueza e da renda; as condicoes histo-ricas ligadas a . emergencia do sistema de divisao inter-nacional do trabalho, as quais estimularam 0 comer-cio em tuncao dos interesses das economias que Iidera-vam a revolucao industrial; 0 aumento da taxa de ex-ploracao nos paises perifericos e 0 uso do excedente adi-cional pelos grupos dirigentes locais, do que resultou aruptura cultural que se manifesta atraves do processode modernizacao; a orientacao do processo de industria-liza

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    diante producao local, os pad.r6es de consumo dos paisescentricos, a que per seu lade facilitou a penetracao dasgrandes empresas de acao mternacional; a necessidadede fazer face aos custos crescentes em moeda estrangeirada producao destinada ao mere ado interno, abrindo 0caminho a exportacao de mao de obra barata sob a dis-farce de produtos manufaturados. .o subdesenvolvimento tern suas raizes numa cone-xao precisa, surgida em certas condicdes historicas, en-tre 0 precesso interno de exploracao e 0 processo exter-no de dependencia, Quanto rnais intense a influxo denovas padroes de consumo, mais concentrada tera queser a renda, Portanto, se aurnenta a dependencia ex-terna, tambem tera que aumentar a taxa intern a de. exploracao. Mais ainda: a elevacao da taxa de cresci-menta tende a acarretar agravacao tanto da dependen-cia externa como da exploracao interna. Assim, taxasmais altas de crescimento, lange de reduzir a subdesen-volvimento, tendem a agrava-lo, no sentido de que ten-dem a aumentar as desigualdades sociais.Em conclusao : 0 subdesenvolvimento deve ser en-tendido como urn processo, vale dizer, como urn conjun-to de rorcas em interaeao e capazes de reproduzir-se notempo. Par seu intermedio, capitalismo tern consegui-do difundir-se em amplas areas do mundo sem compro-meter as estruturas socials pre-existentes nessas areas.o seu papel na construcao do presente sistema capita-lista mundial tern sido fundamental e seu dinamismocontinua consideravel: novas formas de economias sub-desenvolvidas plenamente industrializadas e/ou orien-tadas para a exportaeao de manufaturas estao apenasemergindo, E mesmo possivel que ele seja inerente aosistema capitalista; istoe, que nao possa haver capita-lismo sem as relacoes assimetricas entre sub-sistemaseconomicos e as formas de exploracao social que cstaona base do subdesenvolvimento. Mas nao temos a pre-tensao de poder demonstrar esta ultima hipotese.

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