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__________________________________________________________________________________________________________________ Introdução à Economia 1º/2009 Gabarito LISTA DE EXERCÍCIOS (Unidade 6) Conceitos importantes: Taxas de câmbio: vantagens e desvantagens do sistema de taxas fixas, vantagens e desvantagens do sistema de taxas flexíveis e sistemas usados atualmente nos vários países. Relação entre os regimes cambiais, o Balanço de Pagamentos e o nível das reservas internacionais. Taxas de câmbio real e nominal. Relação entre valorização/desvalorização cambial e a balança comercial. Princípio das Vantagens Comparativas. Relação entre Investimento Externo Líquido, Exportações Líquidas e Poupança Externa. Teoria da Paridade do Poder de Compra. Teoria Macroeconômica da Economia Aberta REGIMES CAMBIAIS 1. Como é determinada a taxa de câmbio nos regimes de câmbio fixo e de câmbio flutuante? Você conhece algum exemplo contemporâneo de país que adote o regime de taxa fixa de câmbio? No regime de taxas de câmbio fixas , o preço, em moeda local, da moeda estrangeira não se altera. Esse sistema prevaleceu para grande número de países durante o século XIX, quando em geral as moedas nacionais tinham seu valor fixado em gramas de ouro, tendo portanto uma relação fixa entre si (o chamado regime do “padrão-ouro”). Nesse caso, havia um mecanismo automático que tendia a eliminar desequilíbrios: ocorrendo, por exemplo, um déficit no balanço de pagamentos, isso acarretava remessas de ouro para o exterior e, portanto redução dos meios de pagamento internos; a baixa de preços consequente estimularia as exportações e desestimularia importações. No período seguinte ao fim da Segunda Guerra Mundial, e até 1971, prevaleceu também um sistema de taxas de câmbio fixas: as moedas tinham um valor fixo em relação ao dólar. Nesse caso, não sendo os sistemas monetários baseados em ouro ou dólares, não havia um sistema automático de reequilíbrio. O Fundo Monetário Internacional (FMI) foi criado, em 1943, com o propósito de facilitar o restabelecimento do equilíbrio no balanço de pagamentos, sem que a taxa de câmbio variasse. Um exemplo recente de economia com câmbio fixo é o da Argentina, até 2001: era um sistema equivalente ao padrão-ouro, pois a oferta interna de moeda dependia do estoque de dólares no Banco Central. Há também economias inteiramente dolarizadas, como a do Equador: não há moeda nacional, o dólar circula internamente. No Brasil, entre 1994 e janeiro de 1999, adotou-se um regime em que a taxa cambial não era fixa, mas tinha variação limitada, tendo em vista o objetivo de conter pressões inflacionárias. No regime de taxas de câmbio flutuantes ou flexíveis , o preço da moeda estrangeira é estabelecido no mercado de câmbio (mercado de compra e venda de divisas). A maioria dos países, hoje, adota este tipo de regime, inclusive o Brasil, desde janeiro de 1999. Todavia, mesmo nesses países, não é raro que a autoridade governamental intervenha, comprando ou vendendo divisas, para evitar oscilações julgadas excessivas. Em alguns casos, estabelecem-se formalmente limites de variação permissível (o chamado regime de bandas cambiais): quando esse limite é atingido, o Banco Central intervém. 2. Na vigência de taxas de câmbio flexíveis, definidas em mercados livres, o equilíbrio no balanço de pagamentos é sempre alcançado, de forma automática? NÃO. O que ocorre é uma tendência ao equilíbrio. Vejamos: se, num país que tem inicialmente uma taxa de câmbio de R$1/US$ (por exemplo), ocorre uma redução drástica nas exportações, isso acarretará 6

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__________________________________________________________________________________________________________________ Introdução à Economia

1º/2009

Gabarito

LLLLLLLLIIIIIIIISSSSSSSSTTTTTTTTAAAAAAAA DDDDDDDDEEEEEEEE EEEEEEEEXXXXXXXXEEEEEEEERRRRRRRRCCCCCCCCÍÍÍÍÍÍÍÍCCCCCCCCIIIIIIIIOOOOOOOOSSSSSSSS

(Unidade 6)

Conceitos importantes:

� Taxas de câmbio: vantagens e desvantagens do

sistema de taxas fixas, vantagens e desvantagens do

sistema de taxas flexíveis e sistemas usados

atualmente nos vários países.

� Relação entre os regimes cambiais, o Balanço de

Pagamentos e o nível das reservas internacionais.

� Taxas de câmbio real e nominal.

� Relação entre valorização/desvalorização cambial e a balança

comercial.

� Princípio das Vantagens Comparativas.

� Relação entre Investimento Externo Líquido, Exportações

Líquidas e Poupança Externa.

� Teoria da Paridade do Poder de Compra.

� Teoria Macroeconômica da Economia Aberta

REGIMES CAMBIAIS

1. Como é determinada a taxa de câmbio nos regimes de câmbio fixo e de câmbio flutuante? Você conhece

algum exemplo contemporâneo de país que adote o regime de taxa fixa de câmbio?

No regime de taxas de câmbio fixas, o preço, em moeda local, da moeda estrangeira não se altera. Esse sistema prevaleceu para grande número de países durante o século XIX, quando em geral as moedas nacionais tinham seu valor fixado em gramas de ouro, tendo portanto uma relação fixa entre si (o chamado regime do “padrão-ouro”). Nesse caso, havia um mecanismo automático que tendia a eliminar desequilíbrios: ocorrendo, por exemplo, um déficit no balanço de pagamentos, isso acarretava remessas de ouro para o exterior e, portanto redução dos meios de pagamento internos; a baixa de preços consequente estimularia as exportações e desestimularia importações.

No período seguinte ao fim da Segunda Guerra Mundial, e até 1971, prevaleceu também um sistema de taxas de câmbio fixas: as moedas tinham um valor fixo em relação ao dólar. Nesse caso, não sendo os sistemas monetários baseados em ouro ou dólares, não havia um sistema automático de reequilíbrio. O Fundo Monetário Internacional (FMI) foi criado, em 1943, com o propósito de facilitar o restabelecimento do equilíbrio no balanço de pagamentos, sem que a taxa de câmbio variasse. Um exemplo recente de economia com câmbio fixo é o da Argentina, até 2001: era um sistema equivalente ao padrão-ouro, pois a oferta interna de moeda dependia do estoque de dólares no Banco Central. Há também economias inteiramente dolarizadas, como a do Equador: não há moeda nacional, o dólar circula internamente. No Brasil, entre 1994 e janeiro de 1999, adotou-se um regime em que a taxa cambial não era fixa, mas tinha variação limitada, tendo em vista o objetivo de conter pressões inflacionárias.

No regime de taxas de câmbio flutuantes ou flexíveis, o preço da moeda estrangeira é estabelecido no mercado de câmbio (mercado de compra e venda de divisas). A maioria dos países, hoje, adota este tipo de regime, inclusive o Brasil, desde janeiro de 1999. Todavia, mesmo nesses países, não é raro que a autoridade governamental intervenha, comprando ou vendendo divisas, para evitar oscilações julgadas excessivas. Em alguns casos, estabelecem-se formalmente limites de variação permissível (o chamado regime de bandas cambiais): quando esse limite é atingido, o Banco Central intervém.

2. Na vigência de taxas de câmbio flexíveis, definidas em mercados livres, o equilíbrio no balanço de pagamentos

é sempre alcançado, de forma automática?

NÃO. O que ocorre é uma tendência ao equilíbrio. Vejamos: se, num país que tem inicialmente uma taxa de câmbio de R$1/US$ (por exemplo), ocorre uma redução drástica nas exportações, isso acarretará

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uma redução na oferta de divisas (moeda estrangeira). A moeda estrangeira terá seu valor aumentado (desvalorização do câmbio), ou seja, para se comprar uma unidade da moeda estrangeira será necessário agora mais moeda nacional (R$1,20/US$, suponhamos). Como consequência, as importações ficam mais caras para a população nacional, enquanto o produto nacional torna-se mais barato para os estrangeiros: as exportações são estimuladas e as importações desestimuladas, o que tende a restabelecer o equilíbrio. O problema é que esse processo não ocorre instantaneamente; o reajuste pode levar vários meses para se tornar efetivo — tudo o mais constante. Além disso, é preciso considerar que, em situações concretas, “tudo o mais” não é constante: as exportações, por exemplo, dependem muito das condições do mercado internacional.

Um bom exemplo é o da forte desvalorização do real, em 1999: nesse ano, as importações de fato se reduziram, mas as exportações também caíram de valor, devido em boa parte à redução das cotações internacionais de alguns dos nossos principais produtos de exportação. O déficit da balança comercial ocorrido em 1995–1998 só foi revertido em 2001 (ocorrendo superávits substanciais a partir de 2002).

3. No sistema de taxas de câmbio fixas, o que acontece se há um déficit no Balanço de Pagamentos?

Ocorre perda de reservas para o exterior. No período em que os sistemas monetários nacionais eram baseados no ouro, como visto acima, isso causaria contração dos meios de pagamento em moeda nacional e queda de preços internamente, o que tenderia a restabelecer o equilíbrio, pelo estímulo ao aumento de exportações e diminuição de importações, uma vez que os consumidores passariam a preferir os bens nacionais, mais baratos, e os exportadores teriam insumos nacionais também mais baratos, tornando suas exportações mais competitivas. Num contexto em que não há relação entre reservas internacionais e o sistema monetário, seriam necessárias medidas de política econômica para restabelecer o equilíbrio, como, por exemplo, um aumento das taxas de juro internas, visando atrair capitais estrangeiros.

4. Discuta, no contexto da matéria da agência FolhaPress, publicada no caderno Economia do Jornal do Brasil no

dia 4 de julho de 2006, os instrumentos da política cambial brasileira.

Bolsa sobe 1,98% e dólar, 0,64%

“...No câmbio, o dólar comercial terminou ontem em alta de 0,64%, vendido a R$ 2,18. Pela manhã, a moeda

americana caiu até R$ 2,157, mas o anúncio de um leilão de compra de divisas pelo Banco Central no meio da

tarde fez as cotações inverterem a tendência (...) O BC quebrou um jejum de um mês e meio – a última operação

do gênero havia sido realizada em 16 de maio”

a) A taxa de câmbio no Brasil é, desde janeiro de 1999, determinada pelo mercado cambial. Entretanto, o

Banco Central costuma intervir na compra e venda de moeda estrangeira quando julga necessário. Por que razão

intervenções como a relatada no jornal são realizadas?

Apesar de haver uma tendência do mercado cambial, no longo prazo, de uma auto-correção dos desequilíbrios entre oferta e demanda de divisas (moeda estrangeira), o Banco Central interfere no mercado cambial visando suavizar oscilações de curto prazo que julga bruscas ou excessivas. Assim, ele confere uma maior previsibilidade ao mercado e um maior grau de confiança aos agentes econômicos envolvidos.

b) Como são realizadas essas intervenções, ou seja, de que maneira a autoridade econômica consegue

influir na taxa de equilíbrio?

Quando o Banco Central julga necessário elevar a taxa cambial, como no caso da reportagem, ele se compromete a vender ou comprar divisas a uma taxa acima do valor de equilíbrio. Por exemplo, caso a intenção do BC fosse manter a taxa ao redor de R$ 3,00, evidentemente não haveria demanda (importadores, turistas brasileiros no exterior...), pois poucos agentes econômicos aceitariam comprar

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dólares por um preço tão acima do valor de mercado. Com o BC comprometendo-se a comprar dólares àquela taxa, ele automaticamente supriria essa escassez de demanda. (Nota: Vale ressaltar que, na atual conjuntura econômica, o Banco Central não tem capacidade para realizar uma operação dessa magnitude. Caso ele se propusesse a comprar dólares a esse preço, haveria uma oferta tão grande que não existiriam reais suficientes para adquirir a quantidade oferecida de moeda estrangeira. Uma saída não muito apreciada seria a emissão de mais moeda brasileira, o que, provavelmente, provocaria um surto inflacionário.) c) Represente graficamente os efeitos da intervenção governamental relatada na matéria, rotulando

corretamente os eixos e as retas do gráfico.

Taxa de

câmbio

Divisas

R$ 2,157/US$R$ 2,18/US$

D1

D2

O

Escassez de demandaabsorvida pelo BC

d) Durante a 1ª metade de 2006 o Banco Central tem adquirido mais moeda estrangeira do que vendido

(com exceção do final de maio, quando da fuga de dólares para os títulos do tesouro americano). O que acontece

com as reservas internacionais quando há tendências como essa?

Quando há compra de dólares por parte do Banco Central, ocorre um aumento das suas reservas internacionais.

5. ANPEC [1995 – nº2] – com adaptações

Indique se as proposições abaixo são falsas ou verdadeiras:

A) Em regime de câmbio fixo, um aumento dos gastos dos turistas estrangeiros no Brasil levará a uma

redução do estoque de moeda estrangeira no Banco Central.

Falso. Num regime de câmbio fixo o Banco Central vende divisas (reduz suas reservas) quando há excesso de demanda, e compra (aumenta suas reservas) quando há excesso de oferta. Um aumento nos gastos dos turistas estrangeiros, tudo o mais constante, provoca um aumento na oferta de divisas e, portanto, contribui para um aumento das reservas, tudo o mais constante.

B) Se há desemprego em uma economia com câmbio fixo, o Banco Central pode depreciar a taxa de

câmbio e assim melhorar a balança comercial e elevar a demanda agregada.

Verdadeiro. Considere a definição de produto pela ótica da despesa (Y = C + I + G + X – M). Desvalorizar a moeda nacional aumenta as exportações e diminui as importações, fazendo, portanto, aumentar a demanda agregada, o que reduz o desemprego.

6. Descreva o possível efeito da desvalorização do real em relação ao dólar sobre:

a) as exportações;

Uma desvalorização da moeda faz com que as exportações nacionais fiquem mais baratas em moeda estrangeira. Com US$ 1,00 você comprava antes cerca de R$ 3,00 em produtos brasileiros; agora, com a

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mesma quantia em dólar você pode comprar um valor maior de bens, em reais. Com isso, haverá um aumento das exportações nacionais. No caso de mercadorias cujos preços são fixados, no mercado internacional, em dólar, a desvalorização induz os exportadores a dar descontos nos preços em dólar, já que recebem agora mais reais por cada dólar.

b) as importações;

As importações ficarão mais caras para os residentes do País. Para comprar um determinado produto de US$ 1,00 precisava-se de cerca de R$ 3,00; agora são necessários mais reais para comprar o mesmo produto. Portanto, haverá uma redução das importações.

c) o nível de preços internos.

O aumento do preço dos produtos importados tenderá a elevar os índices de preços internos, numa proporção que depende da ponderação daqueles produtos no cálculo desses índices. Além disso, a diminuição das importações fará com que aumente a procura de bens nacionais substitutos dos importados. Caso a produção nacional não possa ser aumentada rapidamente (oferta inelástica a curto prazo), haverá pressão para aumento dos preços desses produtos, devido à maior demanda. Numa situação em que haja capacidade ociosa nas unidades produtivas, no entanto, esse segundo efeito deve ser pouco importante.

7. (Instituto Rio Branco, 2003)

Compare o processo de ajustes exigido para eliminar um déficit na Balança Comercial, (a) sob o regime de taxas

de câmbio fixas e (b) quando as taxas de câmbio são flutuantes.

Déficits na Balança Comercial significam importações (M) maiores que exportações (X), ou M–X>0. Considerando que a Conta Capital tenha-se mantido estável, ou com saldo igual a zero, a taxa de câmbio, sofrerá uma tendência à elevação, uma vez que a demanda por divisas por parte dos importadores supera sua oferta por parte dos exportadores. Essa tendência depende do regime do câmbio para se materializar. a) Sob um regime de câmbio fixo, a tendência à elevação da taxa de câmbio é detida pela autoridade monetária, que ofertará as divisas demandadas pelo mercado de forma a conter a elevação da taxa de câmbio, ou seja, a depreciação da moeda. Para tanto, a autoridade monetária deverá valer-se de suas reservas internacionais, ocasionando uma baixa de seu estoque. Caso os déficits tornem-se constantes, será necessário elevar a taxa de juros interna, admitindo-se que haja alta mobilidade de capitais, de modo a atrair divisas na forma de capital externo. O aumento das taxas de juros é produzido por uma política monetária contracionista que reduzirá ainda mais o nível de atividade interna (demanda, renda e produto agregados). Com isso, espera-se que a demanda por importações seja contida e que o equilíbrio da Balança Comercial seja restabelecido. b) No que tange do regime de câmbio flutuante, a tendência à elevação da taxa de câmbio materializa-se e a moeda é depreciada, sem que haja intervenção direta da autoridade monetária e não provocando alterações no estoque de reservas internacionais. O ajuste, neste caso, é feito pelo próprio mercado: a moeda nacional desvalorizada faz as exportações mais competitivas internacionalmente, ao mesmo tempo em que torna as importações menos acessíveis. Cumpre salientar que o regime de câmbio flexível também apresenta desvantagens, sobretudo no que se refere à potencial desvalorização constante da moeda nacional, podendo provocar, entre outros efeitos, perda da credibilidade da moeda, aumento do custo de importações preço-inelásticas e, como consequência, inflação.

TAXAS NOMINAIS E REAIS

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8. Considere o seguinte quadro informativo sobre o Brasil e os Estados Unidos.

Brasil Estados Unidos

IPC R$/US$

IPC US$/R$

Jan/98 100 1,1199 100 0,8929

Fev/98 100.45 1,1271 100.16 0,8873

Mar/98 101.13 1,1337 100.32 0,8821

Fonte: http://fgvdados.fgv.br

Com base nos valores acima, responda as questões que se seguem.

a) Qual a variação na taxa de câmbio nominal R$/US$ no período?

Basta fazer uma regra de três simples para cada caso. Se considerarmos a variação entre janeiro e fevereiro, e entre fevereiro e março, veremos que a taxa de câmbio nominal aumentou 0,64 % em fevereiro e 0,58 % em março (terceira coluna). Resolução: Taxa Nominal Momento A -------- 100 Taxa Nominal Momento B ------- x , x = Taxa Nominal Momento B x 100

Taxa Nominal Momento A A variação será dada por (X – 100).

b) Calcule as taxa de inflação nos dois países no período.

Para responder, é preciso analisar os índices de preço e fazer: Índice Momento B – Índice Momento A = Taxa de Inflação do período Índice Momento A

Assim, teremos inflação de 0,45 % em fevereiro e aproximadamente 0,68 % em março, no Brasil (segunda coluna); e de 0,16 % em fevereiro e outra vez cerca de 0,16 % em março, nos EUA (quarta coluna).

c) Qual a taxa de câmbio real R$/US$ em cada mês?

A taxa de câmbio real é a relação entre os valores reais das duas moedas (ou seja, excluindo-se o efeito da inflação nos dois países). Se o Brasil exportasse só uma mercadoria X para os EUA, e importasse uma só mercadoria Y de lá, a taxa de câmbio real equivaleria à quantidade de X trocada por unidade de Y, em cada ano.

Para obter valores reais a partir de valores nominais, dividimos os últimos por um índice de preço (como já vimos antes).

No caso da taxa de câmbio (tantos reais por dólar) , o numerador (reais) vai ser dividido pelo índice de preço brasileiro, e o denominador (dólar) pelo índice de preço norte-americano. Ou seja, multiplica-se a taxa de câmbio nominal pelo quociente: IPC-EUA / IPC-Brasil.

Taxa Câmbio Real = Taxa Câmbio Nominal x IPC-EUA__ IPC-Brasil Se o real se desvalorizasse, em termos nominais, passando a taxa de câmbio de R$3,00 / US$1 para

R$4,00 / US$1 (por exemplo), interessa ao exportador brasileiro saber qual é o valor real dessa maior quantidade de moeda brasileira que ele vai agora receber, por cada dólar (ou seja, quanto ele pode comprar, agora, com sua receita de exportação) — para que ele possa determinar se, de fato, ficou mais lucrativo exportar. Se, nesse exemplo, o índice de preços interno aumentou em 20%, e o índice de preços nos EUA não se alterou, isso significa que a taxa de câmbio real será:

[(R$4,00 / 120) x 100] / US$1 = R#3,33 / US$ 1 Ou seja: de fato, ficou mais lucrativo exportar.

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Assim, no caso do nosso problema, a taxa de câmbio real vai ser R$ 1,1199 / US$ 1 em janeiro, R$

1,1239 / US$ 1 em fevereiro, e R$ 1,1246 / US$ 1 em março.

d) Com base nos cálculos anteriores, o real valorizou-se ou desvalorizou-se em relação ao dólar, no

trimestre? Justifique sua resposta.

O real desvalorizou-se em termos da taxa de câmbio real, pois ficou necessário dar mais reais para obter um dólar (no caso de uma só mercadoria, ficou necessário dar mais X por cada unidade de Y).

Para verificar como são os cálculos, novamente a resolução é por meio de regras de três: Taxa Real Momento A ----- 100 Taxa Real Momento B ----- y , y = Taxa Real Momento B Taxa Real Momento A A desvalorização real foi de aproximadamente 0,36% (resultado de 100,36) em fevereiro, e 0,06% (resultado de 100,06) em março.

9. A taxa de câmbio exerce grande influência sobre a balança comercial. Isso pode ser atestado pela matéria

publicada no caderno Economia do Jornal do Brasil, por Viviane Monteiro, no dia 4 de julho de 2006:

Aumento de importações freia a balança comercial

“A balança comercial brasileira registrou no primeiro semestre deste ano superávit de US$ 19,541 bilhões, 0,57%

abaixo dos US$ 19,654 bilhões obtidos nos seis meses iniciais do ano passado (...) Um dos motivos é o ritmo das

importações. (...) A tendência é de que o ritmo das importações continue crescendo devido à depreciação do

dólar...”

a) De que maneira uma “depreciação do dólar” contribui para o aumento das importações?

Uma depreciação da moeda estrangeira significa que seu valor em reais é menor. Aquelas pessoas que desejam importar mercadorias devem, primeiramente, adquirir moeda estrangeira no mercado cambial, fazendo parte daqueles que demandam divisas. Com a moeda estrangeira mais barata, os agentes econômicos conseguem, com uma mesma quantidade de reais, comprar uma maior quantidade dessa moeda estrangeira e, portanto, uma maior quantidade de mercadorias produzidas no exterior.

b) A depreciação da taxa de câmbio nominal (aquela divulgada pelos veículos midiáticos) é suficiente para

incentivar os importadores a aumentar suas compras?

Não. O fato de uma importação ser vantajosa ou não depende muito mais da taxa de câmbio real, que consiste na taxa de câmbio nominal expurgada dos efeitos da inflação, ou seja, levando em conta as inflações doméstica (do País) e externa. No exemplo da matéria do Jornal do Brasil, as importações poderiam não ser vantajosas, mesmo com a queda na taxa cambial, caso houvesse uma inflação no exterior (e os preços no País permanecessem inalterados) tão grande que superasse as vantagens obtidas com a depreciação. 10. (Instituto Rio Branco, 2006)

Como uma desvalorização cambial pode ajustar a balança comercial em um país onde a taxa de câmbio é

determinada pelo Banco Central (câmbio fixo)? Compare com o caso de um país que possui taxas de câmbio

flexíveis.

O mecanismo de ajuste da balança comercial é semelhante em ambos os regimes, mas provoca consequências diversas. No câmbio fixo, a desvalorização encarece as importações, aumentando a competitividade dos produtos domésticos e diminuindo a demanda por itens importados. Igualmente, a desvalorização cambial torna o produto nacional mais competitivo no mercado externo, com consequente

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aumento da demanda externa. Na medida em que a oferta e a demanda por divisas são determinadas, principalmente, pela compra e venda dos produtos da balança comercial, haverá maior entrada de divisas mediante o incremento das exportações e menor saída de divisas, em face da diminuição da demanda por importações.

Em país cujo câmbio é determinado pelo Banco Central (câmbio fixo), o aumento da oferta de divisas repercutirá no aumento das reservas. A capacidade de acúmulo dessas reservas, no entanto, dependerá do impacto das exportações sobre a renda desse país. Com base na identidade fundamental da economia, tem-se que Y= C + I + G + X –M (renda é igual a consumo, mais investimentos, mais gastos do governo, mais o resultado das transações correntes). O incremento muito alto das exportações, em país cujo centro dinâmico da economia seja o mercado externo poderá aumentar a renda de forma tão intensa, e com tamanho impacto sobre a demanda por importações, que o equilíbrio da balança comercial poderá ser comprometido no futuro.

Já no regime de taxas de câmbio flutuantes, a tendência é o equilíbrio. Da mesma forma, a desvalorização cambial provocará queda na demanda por importações e aumento na demanda por exportações. Em um primeiro momento, portanto, verifica-se a criação de superávit comercial. A manutenção da conta superavitária, contudo, encontra dificuldades.

Com o aumento das exportações, há maior oferta de divisas, o que não encontra paralelo por parte da demanda por divisas, deprimida em face do aumento do preço dos produtos importados. Em se tratando de regime de câmbio flexível, o excesso de divisas terá por consequência a apreciação da moeda nacional em relação à estrangeira. Mediante tal valorização, os produtos domésticos perdem a vantagem proporcionada pela desvalorização inicial e há aumento da demanda por produtos importados. Dessa maneira, a balança comercial deixa de ser superavitária, alcançando o equilíbrio.

MACROECONOMIA DA ECONOMIA ABERTA

11. Considerando o caso simplificado em que existam só dois países e dois bens produzidos, mostre em que

sentido é vantajoso que cada país se especialize no bem em que tem vantagem comparativa (e importe o outro).

Considere o exemplo clássico de Portugal e Inglaterra (usado numa das primeiras exposições do princípio das vantagens comparativas, por David Ricardo, no início do século XIX ).

Suponhamos que: 1 homem-hora produz: 15 unidades de vinho na Inglaterra e 10 unidades de vinho em Portugal;

24 unidades de tecido na Inglaterra e 12 unidades de tecido em Portugal.

O princípio de David Ricardo diz que os países têm que se especializar naquilo em que possuem vantagem comparativa. Possui vantagem comparativa na produção de um bem aquele país que tiver menor custo de oportunidade, que é medido pela quantidade de um bem que se deve abrir mão para produzir outro bem. No exemplo, o custo de oportunidade da produção de 10 unidades de vinho em Portugal é de 12 unidades de tecido (por conseguinte, o custo de oportunidade da produção de uma unidade de vinho é de 1,2 unidade de tecido). Já o custo de oportunidade da produção de 15 unidades de vinho na Inglaterra é de 24 unidades de tecido (consequentemente, o custo de produção de uma unidade de vinho é de 1,6 unidade de tecido).

Deste modo, podemos medir os custos de oportunidade na produção de vinho:

Inglaterra Portugal

Tecido

Vinho

Tecido

Vinho

15

10

12 24

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C.O. vinho ING => 1,6 tecido CO. tecido ING => 0,625 vinho POR => 1,2 tecido POR => 0,83 vinho Vemos que Portugal tem menor custo de oportunidade na produção de vinho e que a Inglaterra tem

menor custo de oportunidade na produção de tecido. Ou seja, a Inglaterra deveria se especializar em tecido e Portugal em vinho. O benefício do comércio, para Ricardo, reside no fato de que os países especializarão naquilo que produzem melhor, aumentando a eficiência na alocação de recursos e o número de bens e serviços produzidos na economia.

12. (Instituto Rio Branco, 2006)

A teoria das vantagens comparativas afirma que um país deve se especializar na produção de bens que

apresentem o menor custo de oportunidade. Baseando-se nessa teoria, construa uma argumentação para mostrar

que a maioria dos consumidores da Europa e dos Estados Unidos ganharia com o fim das barreiras ao comércio

de bens agrícolas.

A teoria das vantagens comparativas, cuja formulação inicial devemos ao economista David Ricardo, sustenta que os ganhos de comércio auferidos por cada país em suas negociações comerciais no mercado internacional baseiam-se na eficiência alocativa promovida pela especialização de cada país na produção de bens que apresentem vantagens comparativas em relação aos bens produzidos em outros países. A noção de "vantagens comparativas" baseia-se na noção de "custo de oportunidade", que é o valor relativo de um bem medido em termos de outro bem. Segundo a teoria ricardiana, mesmo que um país disponha de vantagens absolutas (isto é, de maior produtividade com a mesma quantidade de insumos) na produção de um bem, pode ser vantajoso para o país abrir mão da produção desse bem em prol de outro bem cuja produção apresente menor custo de oportunidade.

Os custos de oportunidade de cada país variam em função da dotação de cada um dos fatores de produção (terra, trabalho e capital). Como esses fatores encontram-se desigualmente distribuídos, cada país apresenta diferentes custos de oportunidade. É essa diferença que enseja as diferentes vantagens comparativas na produção de cada bem.

De acordo com este modelo, todos os países podem obter ganhos de comércio, mesmo um país que não apresente vantagens absolutas na produção de qualquer bem, pois ainda assim será vantajoso para este país concentrar-se na produção de determinados bens de que disponha de vantagens comparativas.

A partir da teoria das vantagens comparativas, é possível argumentar que Europa e Estados Unidos apresentam vantagens comparativas na produção de bens manufaturados, uma vez que estes bens demandam uma série de fatores de produção (especialmente capital e mão-de-obra qualificada) que são mais abundantes na Europa e nos Estados Unidos do que em outras regiões, especialmente nos países em desenvolvimento. Assim, é vantajoso para europeus e norte-americanos concentrarem-se na produção de bens manufaturados em detrimento da produção de bens agrícolas, que podem ser obtidos por meio do comércio com países que apresentem menor custo de oportunidade na produção de bens agrícolas. Para que tal vantagem seja auferida de fato, contudo, é necessário que as barreiras ao comércio de bens agrícolas sejam extintas ou pelo menos reduzidas de forma significativa.

As barreiras tarifárias e não-tarifárias ao comércio de bens torna-os menos competitivos e portanto reduzem ou eliminam a perspectiva de ganhos de comércio, desencorajando uma alocação eficiente dos recursos disponíveis. Com a extinção ou redução significativa das barreiras ao comércio de bens agrícolas, as economias dos países envolvidos nesse comércio se tornariam mais especializadas (cada país se especializaria na produção de bens em que apresente vantagens comparativas) e portanto mais eficientes, e todos lucrariam com o aumento global da renda auferida decorrente do aumento da eficiência econômica. Os consumidores da Europa e dos Estados Unidos teriam portanto muito a ganhar, pois teriam mais renda global para consumir, inclusive bens agrícolas de outros países, que estariam disponíveis para consumo a preços mais baixos que os similares nacionais. Ganha-se, portanto, duas vezes: uma com o aumento global da renda, outra com a diminuição de preços.

13. PROVÃO [2002 – nº25]

Em 1817, David Ricardo publicou seu livro Princípios de Economia Política e Tributação, onde apresenta a

teoria das vantagens comparativas. De acordo com ela, o comércio internacional pode ser benéfico para dois

países, mesmo quando um deles é mais eficiente na produção de todos os bens. Para isso, basta que cada país

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se especialize e exporte os bens para os quais possua vantagem comparativa.

Suponha, de acordo com a teoria clássica do comércio internacional, dois países (A e B) que produzem

dois produtos (X e Y), usando apenas um fator de produção (trabalho). As produtividades médias do trabalho

(constantes na produção de ambos os bens e em ambos os países) são apresentadas na tabela abaixo.

A BX 2 1

Y 3 2

Produtos

Países

Nesse contexto, é correto afirmar que o país A deverá

A) exportar o bem X e importar o bem Y.

B) exportar o bem Y e importar o bem X.

C) exportar tanto o bem X como o bem Y.

D) importar tanto o bem X como o bem Y.

E) não comerciar com o país B.

Letra “A”. De acordo com a teoria clássica do comércio internacional as relações de troca entre os países são estabelecidas com base no princípio da vantagem comparativa. Ao contrário do conceito de vantagem absoluta, na qual um país terá vantagem quando possuir maior produtividade, a vantagem relativa ou comparativa existirá para aquela nação que detiver o menor custo de oportunidade para a produção. Observamos que, para o caso acima, o país A tem custo de oportunidade de 3/2 Y para produzir um X e de 2/3 X para um Y; o país B, por outro lado, tem custo de oportunidade de 2 Y para produzir um X e de 1/2 X para um Y. Portanto, se A tem vantagem comparativa na produção de X e B na de Y, O país A deverá exportar o bem X e importar o bem Y.

14. Ao longo da última década, nota-se uma tendência internacional no sentido da generalização de práticas de

livre comércio (como no Brasil, a partir de 1990), dentro do que se convencionou chamar de processo de

globalização. Persistem, por outro lado, formas de protecionismo, mesmo entre países mais industrializados.

Que tipos de instrumentos protecionistas você conhece? Cite exemplos, mostrando como são aplicados.

Podemos citar como forma de protecionismo o subsídio concedido a certas atividades produtivas por

alguns governos, a fim de diminuir os custos de produção e tornar o produto mais barato, favorecendo sua exportação e dificultando a importação de produção concorrente, que na ausência desses subsídios seria competitiva (ex.: subsídios à produção agrícola nos Estados Unidos e em países da União Européia); barreiras fitossanitárias que impedem a importação de determinados produtos agrícolas e seus derivados, sob o pretexto de impedir a contaminação da produção local ou proteger a saúde dos consumidores (a carne brasileira não é aceita na Europa, em certos períodos, devido a temores quanto à febre aftosa, embora a ocorrência dessa doença no Brasil seja restrita a áreas limitadas); tarifas preferenciais a determinados países, como ex-colônias; “selo ecológico”, que impede a importação de produtos extraídos ou fabricados sob condições supostamente agressivas ao meio ambiente; regras trabalhistas, que impedem importação de produtos em cuja produção foi utilizada mão-de-obra em desacordo com determinadas normas vigentes no país importador; acusações de prática do dumping, que consiste em vender produtos a preços inferiores aos custos, com a finalidade de eliminar concorrentes e/ou ganhar maiores fatias de mercado (por ex.: os Estados Unidos costumam estabelecer, unilateralmente, tarifas para compensar supostas ocorrências de dumping em paises exportadores); etc. Em todos os casos, são barreiras que têm, em princípio, motivação legítima, mas que são às vezes usadas apenas como pretexto para o protecionismo à produção local.

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15. Belíndia e Atlântida são economias exatamente iguais, exceto pelo fato de que em Atlântida as exportações

totais e as importações totais são duas vezes maiores do que em Belíndia como proporção do PIB. Em qual

desses países uma desvalorização cambial seria mais eficaz para aumentar a demanda agregada? Por quê?

A desvalorização afeta diretamente a Balança Comercial, estimulando exportações e desestimulando importações; assim, vai ter efeito positivo sobre a demanda agregada e o produto (no caso em que o produto efetivo é menor do que o produto potencial). Esse efeito vai ser maior na economia onde exportações e importações tenham maior participação no PIB, ou seja, em Atlântida, pois aí as consequências da desvalorização vão ser proporcionalmente mais fortes, no que toca ao estímulo à produção local.

16. "Contabilmente, o investimento líquido proveniente do exterior será sempre igual às importações

líquidas". Diga se concorda com a afirmativa, justificando.

A expressão Investimento Externo Líquido se refere à aquisição de ativos estrangeiros por residentes internos menos a aquisição de ativos internos por residentes no estrangeiro. Deve-se lembrar, ademais, que tais investimentos podem assumir a forma de investimentos externos diretos ou de portfolio (de carteira). Exportações Líquidas, por outro lado, representam as despesas de estrangeiros em bens produzidos internamente (exportações) menos despesas dos residentes internos em bens produzidos no exterior (importações). Dessa forma, as exportações líquidas (EL) e os investimentos externos líquidos (IEL) medem, cada um, um tipo de desequilíbrio entre as exportações e importações de um país. Um fato importante da contabilidade explica que esses dois desequilíbrios devem se compensar, isto é, EL=IEL. “Essa igualdade se mantém porque cada transação que afeta um de seus lados deve afetar o outro lado em mesmo montante. (...) Isso decorre do fato de que toda transação internacional é uma troca. Quando um vendedor de um país transfere um bem ou serviço a um comprador de outro país, este comprador lhe entrega algum ativo para pagar pelo bem ou serviço. O valor deste ativo iguala o valor do bem ou serviço vendido” (Mankiw, cap. 29). Ao contabilizar tudo, o valor líquido dos bens e serviços vendidos por um país (EL) deve ser igual ao valor líquido dos ativos adquiridos (IEL). O fluxo internacional de bens e serviços e o fluxo internacional de capitais são, assim, dois lados de uma mesma moeda. Uma importante aplicação se faz presente: quando as importações superam as exportações, ou seja, quando M>X, incorre-se em um déficit comercial; este, por outro lado, nem sempre é mal para um país. O déficit é uma medida do IEL, pois representa, de certa forma, um investimento do exterior no país. Ao contrário, um superávit representaria um investimento nacional no exterior. Assim, os Investimentos Líquidos do Exterior no país (ILEP) seriam o oposto do IEL e, por conseguinte, das EL.

ILEP = – IEL = – EL Além disso, partindo da identidade do produto, é possível obter outra aplicação:

Y = C + G + I + ( X – M ) Y – C – G – X + M = I

Levando em consideração os tributos, mas sem alterar a identidade, teremos: ( Y – C – T ) + ( T – G ) + ( M – X ) = I

Poupança Privada + Poupança Pública + Poupança Externa = Investimento Vendo que a poupança externa, definida pela diferença entre importações e exportações, só é positiva se houver déficit comercial ( como prova ILEP = – EL ), pode-se concluir que ela pode contribuir para elevar o nível geral de investimentos.

17. As transações internacionais são tema recorrente nos jornais de todo o País. Discuta, no contexto do trecho

abaixo, publicado no Jornal do Brasil, as questões a seguir:

Mercado reduz projeção de inflação

“De acordo com o relatório, o País receberá neste ano US$ 15,45 bilhões em investimento estrangeiro direto

(IED), volume US$ 100 milhões maior do que o apostado na semana passada.”

(NOGUEIRA, Fernando. Caderno Economia, 4 de julho de 2006)

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a) O que a matéria publicada chama de “investimento estrangeiro direto” consiste no investimento

líquido do exterior no País (ILEP)? Por quê?

Não. O IED, sendo investimento estrangeiro, faz parte do ILEP, que é o resultado de todos os investimentos feitos por estrangeiros no aís menos os investimentos feitos por residentes brasileiros no exterior. Entretanto, o ILEP engloba ainda outros tipos de investimentos, como os investimentos indiretos, também chamados de investimentos em carteira (ou ainda, investimentos de portfolio), os derivativos e empréstimos junto ao sistema financeiro internacional ou ao Fundo Monetário Internacional. A diferença entre investimentos diretos e indiretos reside no fato de os primeiros serem investimentos feitos diretamente na produção do País, como uma empresa multinacional que se instala em território nacional. Já os investimentos indiretos são feitos por meio de capital financeiro aplicado no país em questão, como a compra de títulos do governo ou de ações negociadas em bolsas de valores.

b) Explique a igualdade ILEP=-EL (exportações líquidas).

Ela diz que uma entrada de moeda internacional oriunda de um saldo positivo das exportações liquidas representará uma saída de investimentos de mesmo montante, ou seja, um mesmo valor (porém negativo) do investimento liquido do exterior no país. Para entender este mecanismo, basta pensar da seguinte maneira: quando um país exporta mais do que importa, ele, além de utilizar parte dessa quantia na forma de investimentos no exterior, retém moeda estrangeira consigo. Conforme visto na unidade 4, a moeda não é um ativo? Então, seja aumentando as reservas internacionais, seja aumentando os investimentos no exterior, o país está adquirindo ativos estrangeiros. Adquirir um ativo é a mesma coisa que investir. Portanto, e por definição, ter um superávit na balança comercial (exportações menos importações) significa ter um déficit com relação ao investimento liquido do exterior do país (que inclui, no caso, a variação das reservas). O país está investindo mais no exterior, exportando, do que o exterior investe no país. Entretanto, adquirir moeda estrangeira é um tipo de investimento cuja rentabilidade é zero. Por isso, manter reservas internacionais em moeda estrangeira não é um “bom negócio”, e a maioria dos paises o faz somente para prevenir-se de eventuais desequilíbrios.

18. PROVÃO [1999 – nº28]

O valor da poupança externa é dado pelo:

A) valor dos investimentos estrangeiros diretos.

B) valor dos empréstimos obtidos no exterior.

C) valor das entradas de recursos de instituições multilaterais.

D) déficit de transações correntes.

E) saldo do Balanço de Pagamentos “acima da linha”.

Letra “D”. Veja a resposta às pergunta anteriores. Notar que esta é uma questão que, geralmente, causa confusão, em função da definição macroeconômica de poupança externa. A rigor, o déficit em conta corrente de um país é equivalente macroeconomicamente à sua poupança externa, isto é, se um país tem saldo negativo entre suas exportações e importações de bens e serviços, isto significa que ele está absorvendo poupança externa para financiar este déficit.

PARIDADE DO PODER DE COMPRA

19. Explique a teoria da paridade do poder de compra, mencionando:

(a) a lei do preço único e o processo de arbitragem;

(b) as implicações da teoria quanto à fixação da taxa de câmbio nominal.

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a) As taxas de câmbio variam consideravelmente ao longo do tempo. A teoria mais simples para explicar essas variações nas taxas de câmbio é a Teoria da Paridade de Poder de Compra. Tal teoria afirma que uma unidade de qualquer moeda dada tem que poder comprar a mesma quantidade de bens em todos os países. É neste ponto que esta teoria se assenta num princípio chamado de lei do preço único: um bem deve ser vendido pelo mesmo preço em todas as localidades. Caso isso não ocorresse, haveria oportunidades de lucro não exploradas. O processo de tirar vantagem das diferenças de preço em diferentes mercados é chamado arbitragem. Suponha, por exemplo, se um dólar puder comprar mais café no Brasil do que nos EUA, os vendedores internacionais poderiam lucrar comprando café no Brasil e vendendo-os nos EUA. Esta exportação de café do Brasil para os EUA elevaria os preços do produto no Brasil e os reduziria nos EUA. Esta lógica nos leva à teoria da paridade de poder de compra, segundo a qual uma moeda tem que ter o mesmo poder aquisitivo em todos os países.

b) Como implicações, temos que a taxa de câmbio nominal entre as moedas de dois países deve refletir os níveis de preços destes dois países. Consequentemente, os países com taxa de inflação relativamente elevada verão sua moeda se depreciar e os países com taxa de inflação relativamente reduzida deverão ver sua moeda se apreciar.

20. (Instituto Rio Branco, 2003)

A teoria da paridade do poder de compra afirma que, no longo prazo, diferenças de preços entre países, para os

mesmos produtos, não são sustentáveis em razão da possibilidade de arbitragem. Explique o funcionamento

desse processo de arbitragem e analise suas implicações para a determinação da taxa de câmbio de longo prazo.

Discuta, também, os pressupostos e limites dessa teoria.

A paridade do poder de compra (PPP) pondera o nível de determinada economia com relação ao poder de compra da moeda nacional. Ela é muito utilizada para comparações entre salários, preços e mesmo o PIB de diferentes países. Por exemplo, pode-se afirmar que o PIB e os salários de países como o Brasil e a China são proporcionalmente maiores quando comparados aos EUA ou ao Japão em termos da paridade do poder de compra. Um operário brasileiro que ganhe cerca de US$ 200,00 por mês teria, de acordo com o indicador, incremento substantivo proporcionalmente ao seu colega norte-americano que perceba US$ 1000,00, já que o custo de vida no Brasil, em dólar, é bem menor. São eliminadas, portanto, distorções entre preços relativos.

A elaboração de uma teoria da paridade do poder de compra criou a argumentação de que diferenças de preços entre países, para os mesmos produtos, no longo prazo, não seriam sustentáveis. Isso decorre das possibilidades de arbitragem: a compra de determinado produto em determinada economia para revenda em outro país que tenha preços (ajustados pela PPP) maiores. Conforme esse processo se desenvolva, necessariamente haveria convergência entre os preços (ajustados pela PPP) de produtos homogêneos em diferentes países. No caso, ajuste na taxa de câmbio de longo prazo refletiriam exclusivamente o diferencial de inflação entre os países, desconsiderando a produtividade no cálculo.

Os pressupostos para a validade da teoria são variados, muitos deles interdependentes: concorrência perfeita; bens homogêneos; sem barreiras de entrada ou saída; informação perfeita; mobilidade dos fatores de produção (capital, trabalho); tecnologia padrão disponível; flexibilidade dos salários; sem rendimentos de escala; não existência de gargalos de oferta. Os limites da teoria são, evidentemente, relacionados ao fato de que tais pressupostos, em graus variados, não se verificam no mundo real. Deve-se ressaltar, no entanto, que a teoria tem grande utilidade para a compreensão de estruturas do comércio internacional e, como exposto anteriormente, para a comparação entre países.

TEORIA MACROECONÔMICA DA ECONOMIA ABERTA

21. Explique porque, no longo prazo, políticas protecionistas, que incluem a fixação de tarifas elevadas e quotas à

importação, não contribuem para reduzir o déficit comercial.

No curto prazo, a fixação de quotas ou tarifas realmente pode contribuir para a redução de um déficit na balança comercial, pois desestimularia as importações. Entretanto, uma importante implicação do regime de taxas flexíveis é que os desequilíbrios tendem a se auto-corrigir. Para entender esse mecanismo, basta ter em mente que os importadores precisam, a princípio, comprar divisas (moeda estrangeira) no mercado cambial para poderem adquirir os produtos importados. Com as restrições à importação, cairia a demanda por divisas, o que levaria a apreciação da moeda nacional (o dólar, por exemplo, ficaria mais barato). O barateamento da moeda estrangeira, num horizonte temporal maior,

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incentivaria novamente as importações, restabelecendo o nível anterior da Balança Comercial. É interessante observar também que esse tipo de política não provoca nenhuma alteração no nível do Investimento Líquido do Exterior no País e, tampouco, no mercado de fundos emprestáveis:

Mercado de fundos emprestáveis

O

D

Taxa de juros

3. A taxa de juros real e o volume de empréstimos concedidos também permaneceria inalterado.

Fundos

Taxa de juros

ILEP

ILEP

2. O nível do Investimento Líquido do Exterior no País permaneceria inalterado.

Taxa de câmbio

D

Divisas

1. A fixação de quotas à importação diminuiria as importações e, portanto, a demanda por moeda estrangeira, reduzindo a taxa cambial e o déficit na balança comercial do país. Entretanto, no longo prazo esse desequilíbrio tenderia a se restabelecer.

Mercado cambial

Taxa 2

Taxa 1

Taxa 1

22. “Programas bem sucedidos de ajuste fiscal, ao reduzir o déficit público contribuem para aumentar as

exportações líquidas do país, diminuindo, assim, o déficit da Balança Comercial.” Avalie.

Trata-se do problema dos déficits gêmeos. Uma redução do déficit governamental eleva a poupança doméstica. Esse aumento dos recursos disponíveis reduz as taxas de juros e diminui a entrada de capitais no país, já que, ceteris paribus, o diferencial de juros ficou menor. A redução da oferta de dólares conduz à elevação da taxa de câmbio e a consequente depreciação da moeda nacional. Essa depreciação reduz as importações e aumenta a competitividade de nossas exportações reduzindo, assim, o déficit comercial. Basta ver o gráfico abaixo:

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Mercado de fundos emprestáveis

O1

O2

D

Taxa de juros

1. Uma redução do déficit público (T - G) aumenta a poupança total, que desloca a oferta de fundos emprestáveis (poupança) para a direita, diminuindo a taxa de juros real.

Fundos

Taxa de juros

ILEP

ILEP

2. Uma taxa de juros real menor desestimula o Investimento Líquido do Exterior no País.

Taxa de câmbio

D

ILEP

Divisas

3. Uma redução no ILEP diminui a oferta de moeda estrangeira no mercado cambial, o que contribui para um aumento da taxa de câmbio, fac ilitando as exportações, diminuindo o déficit na balança comercial.

Mercado cambial

Taxa 2

Taxa 1

Taxa 2

Taxa 1

23. Durante a crise asiática, em 1997, o governo brasileiro aumentou fortemente as taxas de juros tendo sido, por

isso, duramente criticado por alguns setores da sociedade que alegavam o conhecido efeito recessivo dessas

medidas. Com base nos conhecimentos adquiridos no curso explique algumas das possíveis razões que teriam

levado o governo a adotar essa política.

Uma possível razão foi o fato de o governo precisar atrair capitais (com o aumento do diferencial entre a taxa de juros doméstica e internacional), aumentar a oferta de dólares, para uma dada demanda, e assim reduzir a pressão sobre a taxa de câmbio, para evitar a forte depreciação da moeda brasileira, a exemplo do que estava ocorrendo nos países asiáticos. Veja o gráfico.

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Mercado de fundos emprestáveis

O1

O2

D

Taxa de juros

2. Esse fluxo de capitais oriundos do exterior contribui para aumentar a poupança externa, deslocando a oferta para a direita, diminuindo a taxa de juros real.

Fundos

Taxa de juros

ILEP

ILEP1

1. Um aumento nas taxas de juros atraem capitais do exterior, aumentando o Investimento Líquido do Exterior no País.

nominais

Taxa de câmbio

D

ILEP

Divisas

3. Ao mesmo tempo, o ILEP provoca um fluxo de moeda estrangeira para o mercado cambial, contribuindo para um aumento da oferta e, portanto, uma diminuição da taxa de câmbio, o que facilita as importações e diminui as exportações.

Mercado cambial

Taxa 2

Taxa 1

Taxa 2

Taxa 1

ILEP2

QUESTÕES MAIS DIFÍCEIS

24. PROVÃO [2003 – nº25] – com adaptações

Na década de 90, o Brasil e a Argentina adotaram estratégias de combate à inflação que tinham como um

[de seus] ingredientes a estabilização da taxa de câmbio. Ao redor do final da década, ambos os países foram

forçados a abandonar esse regime cambial. Sobre as diferentes políticas cambiais, é correto afirmar que:

A) com a taxa de câmbio fixa, e na ausência de políticas de esterilização no mercado aberto, os movimentos de

reservas internacionais não alteram a base monetária.

B) a livre flutuação implica comprometimento das reservas internacionais oficiais com as transações internacionais

do setor privado.

C) no regime de bandas cambiais, as reservas internacionais oficiais podem vir a ser utilizadas nos pagamentos

internacionais do setor privado.

D) regimes de câmbio livremente flexível são mais propensos a ataques especulativos contra as reservas oficiais.

Letra “C”. Em um regime de bandas cambiais o governo pode atuar de forma a evitar que grandes choques no câmbio alterem substancialmente o patamar dos preços e da produção econômica e, para tal, faz uso das reservas internacionais. O erro das letras B e D está em afirmar que num regime de câmbio flexível há maior vulnerabilidade das reservas oficiais com a flutuação do câmbio. Já na letra A incorre-se em erro ao afirmar que a variação das reservas não altera a base monetária (ou seja, a soma do total de dinheiro em poder do público, da caixa dos bancos comerciais e dos depósitos destes no Banco Central). Se há aumento de reservas, a compra de moeda estrangeira pelo Banco central excede as vendas e, portanto haverá um aumento na base monetária (e o inverso quando houver redução nas reservas).

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25. INSTITUTO RIO BRANCO [2003 – nº29]

Em um mundo globalizado, o estudo da teoria do comércio internacional é imprescindível à compreensão

dos fenômenos econômicos. A esse respeito, julgue os itens que se seguem.

A) Se o investimento doméstico excede a poupança doméstica, então, o investimento líquido [do exterior no

país] é positivo e a economia apresenta um excedente na balança comercial.

Errado. A primeira parte da assertiva está certa. O erro reside na segunda conclusão. Apesar de o investimento líquido do exterior no país ser realmente positivo, isso significa que o saldo da balança comercial é negativo pois, conforme visto na questão 13, essa entrada de capitais (ILEP) terá um montante igual ao valor dos gastos das importações líquidas (- EL).

B) De acordo com a hipótese da paridade do poder de compra, a longo prazo, a taxa de câmbio [nominal]

entre duas moedas nacionais quaisquer deve refletir o diferencial de inflação existente entre essas duas

economias.

Certo. A hipótese da Teoria da Paridade do Poder de Compra é que a taxa de câmbio real seja constante, sendo a taxa de câmbio real igual a Taxa Nominal x (Preços Externos / Preços Internos ). Segue-se que, para manter fixa a taxa real, a taxa nominal deverá refletir o diferencial de preços entre os dois países.

C) Em uma economia globalizada, taxas de juros elevadas em um país, ceteris paribus, atrairão mais capital

estrangeiro, provocando a apreciação da moeda nacional e a expansão das exportações e do PIB.

Errado. A atração de capital estrangeiro aumenta a oferta de dólares, o que realmente provoca a apreciação da moeda nacional. Entretanto, tal apreciação leva a uma contração, e não expansão, das exportações e do PIB.

D) Em um regime de taxas de câmbio flexíveis, a imposição de restrições ao comércio internacional, tais

como quotas às importações ou tarifas, não afeta a [balança comercial, a longo prazo], porque a

apreciação da moeda nacional aumenta as importações, compensando o aumento inicial das exportações

líquidas.

Certo. Com as restrições ao comércio as importações, inicialmente, sofrerão uma queda; por conseguinte, e devido ao menor envio de moeda estrangeira para o exterior, a moeda se aprecia e eleva a competitividade dos bens e serviços importados no mercado nacional, compensando o aumento inicial das exportações líquidas. 26. (Instituto Rio Branco, 2003) Explique como o financiamento da guerra no Iraque, mediante o aumento

substancial do déficit público americano, pode reduzir o investimento em outros países.

Para demonstrarmos a validade da assertiva, devemos partir da identidade macroeconômica fundamental: DA=RA.

A demanda agregada (DA) é composta por gastos em consumo (C), investimentos (I), gastos do governo (G) e exportações (X). A renda agregada (RA) é a soma dos gastos em consumo, da poupança privada (Sp), dos gastos com impostos (T) e das importações (M). Igualando as duas equações, temos que:

(G-T) = (Sp – I) + (M – X) 1 2 3 O déficit público americano (1) deve ser financiado por aumento proporcional da poupança privada

ou do déficit externo (3, que é a poupança externa). O aumento da poupança externa para financiar incremento do déficit público americano significa que países outros estão transferindo poupança para sustentar o esforço de guerra dos EUA. A questão está correta em ressaltar que o déficit pode ser financiado por poupança externa, já que um incremento na poupança privada seria outra opção.

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Do ponto de vista dos outros países, temos que, partindo da igualdade DA=RA, o investimento pode ser traduzido na seguinte fórmula:

I = Sp + (T - G) + (M - X) Sg Se

Ora, se a poupança externa desses países diminui (pois estão financiando o esforço de guerra dos EUA), haverá redução no nível de investimento, caso não haja compensação pela poupança do governo ou privada. 27. (Instituto Rio Branco, 2005)

“Trabalhadores de indústrias protegidas por altas tarifas argumentam, frequentemente, que o livre comércio reduz

tanto o emprego como a renda do trabalho.” Avalie.

Segundo o modelo clássico, defensor do livre comércio, os trabalhadores das indústrias protegidas, ainda que corretos sob o ponto de vista da economia autárquica ou protegida, não estão observando o aumento do nível de bem estar da economia como um todo.

Para os economistas clássicos, o livre comércio absoluto (com total isenção de tarifas alfandegárias) seria a melhor forma de comércio internacional, porque seria a expressão completa do modelo das vantagens comparativas.

Dessa maneira, um país que, possuindo empresas relativamente mais ineficientes que suas correspondentes no restante do mundo, em uma economia autárquica praticaria preços que garantiriam a produtividade (quantidade ofertada) em equilíbrio com a quantidade demandada a um determinado nível de preços. Para uma economia com tarifas protecionistas, ainda que o restante do mundo possa oferecer os mesmos produtos (ou substitutos) a preços mais baixos, as tarifas alfandegárias elevam os preços dos referidos produtos importados no mercado interno, garantindo a proteção às empresas nacionais (cujos produtos permanecem competitivos e não sofrem concorrência real).

No entanto, no livre comércio, os produtos importados adentram o país livres de tarifas. Como as empresas nacionais, em nossa hipótese, são mais ineficientes, os preços que praticam são mais altos, o que torna os importados (a preço mais baixo porque mais eficientemente produzidos) mais competitivos. Isso força os produtores nacionais a reduzirem seus preços, o que, por conseguinte, reduz sua margem de lucros e sua capacidade produtiva.

Os produtores perdem, portanto, duas vezes: são forçados a produzir menos e o que efetivamente ainda conseguem produzir custa menos do que antes. Isso resulta na redução do emprego (devido a demissões oriundas da contração da produção) e na redução da renda do trabalho (com cortes salariais devido à queda nos rendimentos das vendas).

Por outro lado, os consumidores ganham duplamente com a abertura econômica. A competitividade leva a queda nos preços, o que permite ao consumidor comprar a mesma quantidade de antes a preços mais baixos. Além disso, ele agora também pode consumir mais do que antes, já que os baixos preços estimulam o consumo. Assim, o aumento do bem-estar do consumidor (segundo o modelo clássico) supera, em muito, a queda no bem-estar dos produtores e resulta em efetivo ganho de bem-estar para a economia como um todo.

28. (Instituto Rio Branco, 2004)

Na fase atual de globalização do espaço econômico, o estudo da economia internacional é crucial para a inserção

adequada no cenário mundial. Considerando as noções básicas da teoria econômica internacional, julgue os itens

a seguir.

(E) No modelo ricardiano das vantagens comparativas, o papel desempenhado pelas economias de escala na produção é fundamental para o entendimento das razões do comércio entre países. (C) Em presença de um sistema de taxas de câmbio fixas, a solução de crises no balanço de pagamentos exige ajustamentos consideráveis nas políticas econômicas domésticas. (E) Em economias pequenas, cuja taxa de câmbio é flutuante, as políticas fiscais são particularmente eficazes, porque a expansão das despesas públicas, ao reduzir a taxa de câmbio, contrai as importações e aumenta a produção doméstica.