26332398 Introducao Socioliteraria a Biblia Hebraica Norman K Gottwald

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Bblia e Sociologia

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Dados de Catalogao na Publicao (CIP) Internacional (Cmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Gottwald, Norman K., 1926G723i Introduo socioliterria Bblia hebraica / Norman K.Gottwald; (traduo Anacleto Alvarez; reviso H. Dalbosco). So Paulo: Paulinas, 1988. (Coleo Bblia e sociologia) Bibliografia. ISBN 85-05-00774-3 1. Bblia A. T. Hermenutica 2. Bblia A. T. Histria dos eventos bblicos 3. Bblia como literatura 4. Judeus Histria At 70. Ttulo. II. Srie: Bblia e sociologia. CDD-221.601 -221.95 -809.93522 87-0984 -933

ndices para catlogo sistemtico: 1. Antigo Testamento: Hermenutica 221.601 2. Antigo Testamento: Histria dos eventos bblicos 221.95 3. Bblia como literatura 809.93522 4. Judeus: Histria antiga 933

Coleo BBLIA E SOCIOLOGIA 1. As origens cristas em perspectiva sociolgica, H. C. Kee . 2. As Tribos de Iahweh Uma sociologia da religio de Israel liberto, Norman K. Gottwald 3. Um lar para quem no tem casa Interpretao sociolgica da 1 Carta de Pedro, .J. H. Elliott 4. Religio e formao de classes na antiga Judia, Hans G. Kippenberg 5. Introduo socioliterria Bblia Hebraica, Norman K. Gottwald

NORMAN K. GOTTWALD

Introduo socioliterria Bblia Hebraica

Edies Paulinas

Plnio original The Hebrew Bible A socio-literary introduction Fortress Press, Filadlfia, 1985

Traduo Pe. Anacleto Alvarez, OSA

Reviso H. Dalbosco

EDIES PAULINAS TELEX (11) 39464 (PSSP BR) Rua Dr. Pinto Ferraz, 183 04117 SO PAULO SP END. TELEGR.: PAULINOS

EDIES PAULINAS - SO PAULO, 1988ISBN 85-05-00774-3 ISBN 0-8006-1853-X-USA

ndiceAbreviaturas .......................................................................................... Prefcio ................................................................................................. 15 19

I PARTE O TEXTO NOS SEUS CONTEXTOS Captulo 1: NGULOS DE VISO SOBRE A BBLIA HEBRAICA...23 1. Riqueza de mtodos nos estudos bblicos ........................................ 23 2. A aproximao religiosa confessional Bblia Hebraica ................. 24 3. A aproximao histrico-crtica Bblia Hebraica .......................... 25 3.1. A Bblia como criao humana ................................................. 3.2. Crtica das fontes e crtica das formas ...................................... 3.3. Autoria dos livros bblicos ........................................................ 3.4. Histria e arqueologia bblicas ................................................. 4. Interao entre aproximaes religiosa e histrico-crtica aos estudos bblicos ................................................................................. 4.1. Coliso e ajuste de mtodos conflitantes .................................. 4.2. Tentativas por uma sntese: existencialismo e teologia bblica... 4.3. Colapso de consenso em estudos bblicos.. .............................. 5. Apario de novas aproximaes literrias e das cincias sociais Bblia Hebraica ..................................................................................... 5.1. Limites percebidos de aproximaes histricas e religiosas .... 5.2. Mtodos literrios mais recentes .............................................. 5.2.a. A Bblia como literatura e nova crtica literria .......................... 5.2.b. Crtica estrutural........................................................................... 5.3. Mtodos das cincias sociais .................................................... 5.3. a. Reconstruo social do primitivo Israel ...................................... 5.3.b. Reconstruo social da profecia e da apocalptica ...................... 5.3.c. Variedades de crtica social cientfica .......................................... 5.4. Fundamento comum na nova crtica literria e na crtica social cientfica .................................................................... 6. Fermento criativo nos estudos bblicos contemporneos ................. 6.1. Uma avaliao criteriosa de opes ........................................ 6.2. Uma viso prvia dos estudos bblicos futuros ........................ Captulo 2: O MUNDO DA BBLIA HEBRAICA .............................. 7. Geografia fsica e econmica............................................................ 7. 1. O antigo Oriente Prximo .............................................................. 7.2. Palestina .................................................................................... 7.3. Sub-regies importantes para o Israel bblico ........................... 7.3.a. A plancie costeira ....................................................................... 7.3.b. A regio das colinas de Jud ....................................................... 7.3.c. A regio das colinas da Samaria ................................................. 7.3.d. A regio das colinas da Galilia.................................................. 7.3.e. A depresso do Jordo ................................................................. 7.3.f. A regio das colinas de Galaad .................................................... 7.3.g. Amon, Moab e Edom .................................................................... 8. Arqueologia: restos materiais e escritos ........................................... 8.1. Arqueologia do antigo Oriente Prximo .................................. 8.2. Arqueologia da Palestina .......................................................... 9. Histria poltica, cultural e social do antigo Oriente Prximo 26 26 28 29 29 29 30 31 32 32 33 33 35 35 36 36 37 38 39 39 40 42 42 42 45 47 47 48 49 49 50 50 50 51 51 52 61

Captulo 3: A HISTRIA LITERRIA DA BBLIA HEBRAICA 73 10. Relao da Bblia Hebraica com outros corpos de literatura ........... 73 10.1. Literaturas nacionais independentes: os textos do antigo Oriente Prximo...................................................... 73 10.2. Literaturas judaica e crist dependentes da Bblia Hebraica.. 73 10.2.a. Apcrifos e Pseudepgrafos ......................................................... 74 10.2.b. Manuscritos do mar Morto ......................................................... 80 10.2.C Novo Testamento e Talmude ....................................................... 82 11. Como se formou a Bblia Hebraica.................................................. 83 11.1. Formao das unidades literrias separadas ................................ 83 11.1.a. Processo da composio literria .............................................. 83 11.1.b. Tradio oral e gneros literrios no processo de composio ..................................................................... 84 11.2. Formao final da Bblia Hebraica ......................................... 90 11.2.a. As colees autoritativas ........................................................... 90 A Lei ...................................................................................................... 90 Os Profetas ............................................................................................. 92 Os Escritos ............................................................................................. 93 11.2.b. Fatores no fechamento cannico: a partir de Esdras at a assemblia rabnica em Jmnia... 94 11.3. Preservao e transmisso da Bblia Hebraica ........................ 97 11.3.a. O processo de transmisso estende-se at a estabilizao do texto consonantal, por volta de 100 d.C. ........................................... 97 11.3. b. O processo de transmisso estende-se at a estabilizao do texto voclico, por volta de 1200 d.C. ................................................ 99 11.3.c. Edies impressas da Bblia Hebraica ......................................... 101 12. Tradues da Bblia Hebraica ........................................................... 102 12.1. Verses antigas ....................................................................... 102 12. 1.a. A Bblia grega dos Setenta ........................................................ 102 12.1.b. Outras verses gregas e Hxapla .............................................. 102 12.1.C. Targuns aramaicos .................................................................... 102 12.1.d. Antiga siraca, Peshitta, e Siro-hexaplar ................................... 103 12.1.e. Antiga Latina e Vulgata ............................................................. 103 12.2. Tradues da Bblia Hebraica em lngua portuguesa ............ 103 II PARTE CONFEDERAO INTERTRIBAL: COMEOS REVOLUCIONRIOS DE ISRAEL Prlogo: SOBRE AS FONTES PARA A HISTRIA PR-MONRQUICA DE ISRAEL.............. 111 13. As grandes tradies do antigo Israel .............................................. 13.1. O Javista (J) ............................................................................ 13.2. O Elosta (E) ........................................................................... 13.3. A Histria Deuteronomstica (HD)......................................... 13.4. O escritor sacerdotal (P) ........................................................ 13.5. A redao de JEP ................................................................... 13.6. A fonte comum do Javista e do Elosta (G) ............................ 14. A relao das tradies literrias com a primitiva histria de Israel ........................................................... 14.1. Origens no-governamentais e orais das tradies ............... 14.2. Israel tribal unido como o sujeito das tradies .................... 14.3. Expanso e elaborao dos temas semelhantes histria das tradies .................................... 14.4. Sumrio e implicaes metodolgicas ................................... 111 111 112 112 113 113 114 114 115 116 116 118

Captulo 4: TRADIES A RESPEITO DOS PAIS E DAS MES DE ISRAEL.............................................. 15. O molde das tradies em Gnesis 12-50 ........................................ 15.1. Distribuio das unidades das tradies em J, E e P ............ 15.2. Anlise das unidades das tradies por gneros literrios ... 75.1. Unidade composta das tradies ........................................... 15.3.a. Ciclos de sagas e cadeias de sagas ............................................ 15.3.b. Itinerrio e cronologia ............................................................... 15.3.C. Motivos de promessas divinas aos antepassados ...................... 15.3.d. Cenas-tipo e outras caractersticas literrias.. ......................... 15.4. Tradies individuais de famlia ou tradies de grupos tribais? .............................................................

119 119 119 123 123 123 124 125 125 127

16. Horizontes scio-histricos das tradies dos antepassados ............ 129 16.1. Cronologia e arqueologia .............................................................. 129 16.2. Dados polticos e geogrficos ................................................. 131 16.3. Costumes e leis ........................................................................ 133 16.4. Lutas sociais nas tradies dos antepassados ........................ 135 16.4.a. O nicho socioeconmico incerto dos antepassados ....................................................................... 135 16.4.b. Preocupaes pela produo, reproduo e defesa prpria .................................................................. 136 Captulo 5: TRADIES A RESPEITO DE MOISS: XODO, ALIANA E LEGISLAO ............................................. 139 17. O molde das tradies em xodo, Levtico e Nmeros ................... 139 17.1. Distribuio das unidades das tradies por fontes e gneros literrios ............................................................... 139 17.2. Redao complexa das tradies de Moiss ........................... 140 18. Aproximaes histrico-crticas s tradies de Moiss ................. 148 18.1. O contexto egpcio .................................................................. 148 18.2. Moiss: influncias formativas e papis de liderana ............ 150 18.3. Unidade de ao em xodo e peregrinao ........................... 153 19. Religio de Moiss e israelitas do xodo-deserto ............................ 155 19.1. Aliana .................................................................................... 155 19.2. Estipulaes da aliana: "Leis" .............................................. 159 19.2.a. Instrues e regulamentos sacerdotais ....................................... 159 19.2.b. Coleo de leis socioeconmicas e religiosas costumeiras ..........................................................................159 19.2.c. Listas sucintas de proibies: os Dez Mandamentos ..............................................................................159 19.3. O nome divino ..........................................................................162 19.4. Ritos e objetos cultuais ............................................................ 163 20. Aproximaes literrias mais recentes s tradies de Moiss........ 166 20.1. Motivos-de-enredo de contos populares e episdios tradicionais .......................................................................... 166 20.2. "Comdia" bblica ................................................................... 167 20.3. Programas e isotopias de narrativa estrutural ....................... 168 20.4. Avaliao concludente ............................................................ 169 21. Horizontes scio-histricos das tradies de Moiss........................ 169 21.1. O grupo de Moiss como entidade pr-israelita ..................... 170 21.2. Estratgias sociorreligiosas que coligam o grupo de Moiss e o Israel posterior............................... 170 Captulo 6: TRADIES CONCERNENTES ELEVAO DO ISRAEL INTERTRIBAL AO PODER EM CANA .............. 173 22. O molde das tradies em Josu e Juzes ......................................... 173

22.1. Contedos e gneros literrios ...................................................... 173 22.1.a. Josu 1-12 ................................................................................. 176 22.1. b. Josu 13-24 ............................................................................... 176 22.1.C. Juzes 1,1-2,5 ............................................................................. 177 22.1.d. Juzes 2,6-3,6.............................................................................. 177 22.1.e. Juzes 3,7-16,31 .......................................................................... 178 22.1.f. Juzes 17-21 ................................................................................ 179 22.2. Josu-Juzes e a Histria Deuteronomstica ........................... 180 22.3. Fontes pr-deuteronomsticas em Josu-Juzes ...................... 185 23. Aproximaes literrias mais recentes a Josu e Juzes .................. 188 23.1. Novos estudos literrios das tradies de Dbora e de Sanso .................................................... 188 23.2. Estudos estruturalistas ............................................................ 190 24. Horizontes scio-histricos de Josu e Juzes.................................. 194 24.1. Hipteses a respeito da ascenso de Israel ao poder ............. 194 24.1.a. O modelo da conquista .............................................................. 194 24.1.b. O modelo da imigrao.............................................................. 200 24.1.c. O modelo da revoluo social .................................................... 202 24.2. Hipteses a respeito da organizao social tribal de Israel ............................................................................. 205 24.2.a. O modelo nmade pastoril ......................................................... 205 24.2.b. O modelo de liga religiosa (anfictionia) .................................... 207 24.2.C O modelo sociorreligioso de retribalizao ............................... 211 III PARTE MONARQUIA: ESTABELECIMENTO CONTRA-REVOLUCIONRIO DE ISRAEL Prlogo: SOBRE AS FONTES PARA A HISTRIA MONRQUICA DE ISRAEL............................ 217 25. Cronologia dos reinos divididos ....................................................... 217 26. HD como fonte para a histria monrquica...................................... 218 27. Arqueologia como fonte para a histria monrquica ....................... 222 28. Formas e estruturas de fala proftica ................................................ 223 Captulo 7: TRADIES A RESPEITO DO REINO UNIDO ............. 227 29. O molde das tradies em 1 e 2 Samuel e 1 Reis 1-11 ................... 227 29.1. Estatstica das fontes .............................................................. 227 29.2. Estudos crticos literrios mais antigos ................................. 229 29.3. Estudos crticos literrios mais recentes ................................230 29.4. Implicaes de anlise literria para o emprego histrico das fontes .......................................................233 30. A ascenso e o triunfo da monarquia em Israel ............................... 234 30.1. Fatores externos e internos ..................................................... 234 30.2. Saul ......................................................................................... 234 30.3. Davi ......................................................................................... 235 30.4. Salomo................................................................................... 235 30.5. Principais efeitos estruturais duradouros da monarquia ....... 236 31. Cultura literria, culto religioso e ideologia ..................................... 238 31.1. O Javista (J) ............................................................................ 238 31.2. Salmos e Sabedoria .................................................................244 31.3. Tradies de Davi e Sio .........................................................245 Captulo 8: TRADIES A RESPEITO DO REINO DO NORTE...247

32. O molde das tradies em 1 Reis 12 2 Reis 17 ................ ........... 247 32.1. Estatstica das fontes ............................................................... 247 32.2. Narrativas profticas .............................................................. 247 32.3. Outras fontes: livros profticos e o Elosta............................. 248 33. Histria do reino do norte e suas relaes com Jud (931-722 a.C.) ................................................ 251 33.1. O cisma (931 a.C.) .................................................................. 251 33.2. Dinastias de Jeroboo e de Baasa (931-884 a.C.) ................. 251 33.3. Dinastia de Amri (880-841 a.C.)............................................. 251 33.4. Dinastia de Je (841-752 a.C.) ............................................... 252 33.5. Desmoronamento do reino do norte (752-722 a.C.) ............... 253 33.6. Modelos de desenvolvimento nos dois reinos ......................... 253 34. Cultura literria, religio e crtica proftica ..................................... 255 34.1. O Elosta (E) ............................................................................ 255 34.2. Elias e Eliseu ........................................................................... 257 34.3. Ams ....................................................................................... 257 34.4. Osias ..................................................................................... 261 Captulo 9: TRADIES A RESPEITO DO REINO DO SUL ........ 264 35. O molde das tradies em 2 Reis 18-25........................................... 264 35.1. Estatstica das fontes .............................................................. 264 35.2. O espectro das fontes .............................................................. 264 36. Histria do reino do sul (722-586 a.C.) ........................................... 266 36.1. Acaz e Ezequias (722-586 a.C.) .............................................. 266 36.2. Manasss (687/686-643/642 a.C.) .......................................... 267 36.3. Josias (641/640-609 a.C.) ....................................................... 267 36.4. Joaquim, Joaquin e Sedecias (609-586 a.C.).......................... 268 36.5. O fim de esforos israelitas por independncia poltica......... 268 37. Cultura literria, religio e crtica proftica ..................................... 270 37.1. Miquias ......................................................................................... 270 37.2. Isaas de Jerusalm ................................................................. 271 37.3. Deuteronmio ......................................................................... 278 37.4. Profetas da mudana internacional de poder ......................... 279 37.4.a. Naum .......................................................................................... 280 37.4.b. Sofonias ...................................................................................... 281 37.4.C. Habacuc..................................................................................... 282 37.5. Jeremias........................................................................................ 283 IV PARTE GOVERNO PRPRIO SOB GRANDES IMPRIOS: RECUPERAO COLONIAL DE ISRAEL Prlogo: SOBRE AS FONTES PARA A HISTRIA COLONIAL DE ISRAEL NA DISPERSO E RESTAURAO ........................ 292 38. Demarcao do perodo histrico .................................................... 292 39. Fontes bblicas e extrabblicas ......................................................... 292 40. Declnio da historiografia bblica tardia .......................................... 294 41. Organizando a apresentao da literatura bblica tardia .................. 295 Captulo 10: HORIZONTES SCIO-HISTRICOS DO ISRAEL COLONIAL ................................................................... 299 42. De israelitas independentes a judeus colonizados ........................... 299

43. Resposta judaica ao domnio neobabilnico (586-539 a.C.) ........... 301 43.1. A comunidade que continuava na Palestina .......................... 301 43.2. As comunidades na Disperso................................................ 302 44. Resposta judaica ao domnio persa (539-332 a.C.) ......................... 304 44.1. Misso de Sasabassar em 538 a.C. ........................................ 305 44.2. Misso de Zorobabel e Josu em 520 a.C .............................. 305 44.3. Misso de Neemias em 445-430 a.C ...................................... 306 44.4. Misso de Esdras em 458 a.C. ou mais tarde ........................ 308 44.5. Desenvolvimentos entre judeus da Disperso ........................ 310 45. Resposta judaica aos domnios macednico e ptolemaico (332-198 a.C.) ................................................................... 311 45.1. Impacto de Alexandre: o encontro do Helenismoe do judasmo... 311 45.2. Helenismo egpcio domina a Palestina .................................. 312 46. Resposta judaica ao domnio selucida: os Macabeus ..................... 314 46.1. Helenismo srio domina a Palestina ...................................... 314 46.2. Helenismo imposto e guerra civil ........................................... 314 46.3. O movimento de independncia religiosa para independncia poltica................................................................... 315 47. Um estado judaico se levanta e cai: os Asmoneus (140-63 a.C.).... 316 47.1. Triunfo e helenizao do estado judaico ................................ 316 47.2. Faces e partidos no estado e na sociedade asmoneus ........ 317 Captulo 11: TRADIES DO ISRAEL COLONIAL: COMPLETANDO A LEI E OS PROFETAS.................................... 322 48. Poltica hermenutica: a ao recproca de Lei e Profetas ............... 322 48.1. Tradies da Lei e da Profecia desenvolvem-se em dilogo...322 48.2. Um cnon de consenso exalta a Lei moderada pela Profecia ......................................................323 48.3. Um cnon ampliado incorpora a Profecia adaptada Lei.... 326 49. Completando a Lei: o escritor Sacerdotal (P) .................................. 329 49.1. Vocabulrio, estilo e estrutura ............................................... 329 49.2. Tudo em seu lugar: um culto estvel em um Cosmos estvel...332 49.3. Antecedentes de P como a carta patente do judasmo ps-exlico .......................................................................... 336 49.4. P como a estrutura para a Lei ....................................................... 337 50. Completando os Profetas ..................................................................339 50.1. Ezequiel .................................................................................. 339 50.2. Isaas do Exlio (Dutero-Isaas) ............................................345 50.3. Profetas do templo reconstrudo .............................................351 50.3.a. Ageu ........................................................................................... 352 50.3.b. Zacarias 1-8 ................................................................................353 50.4. Profetas de restaurao conflitada ................................................353 50.4.a. Isaas 56-66 (Trito-Isaas) .......................................................... 353 50.4. b. Malaquias.................................................................................. 356 50.4.C. Abdias e Joel .............................................................................. 356 Captulo 12: TRADIES DO ISRAEL COLONIAL: OS ESCRITOS...358 51. Obras histricas recentes: 1 e 2 Crnicas e Esdras-Neemias............ 358 51.1. Relao entre 1 e 2 Crnicas e Esdras-Neemias .................... 358 51.2. Jerusalm restaurada como verdadeira sucessora do reino de Davi ......................................... 361 51.3. Desordem redacional nos livros de Esdras e Neemias ........... 362 52. Cnticos ............................................................................................364

52.1. O que poesia bblica? ........................................................... 364 52.2. Salmos .................................................................................... 366 52.2.a. Gneros literrios ....................................................................... 367 52.2.b. Ambientes de vida ............................. ......................................... 371 52.2.c. Redao do livro ......................................................................... 372 52.2.d. Horizontes scio-histricos dos salmos ...................................... 374 52.3. Lamentaes .................................................................................. 376 52.4. Cntico dos Cnticos ..................................................................... 380 53. Historietas ......................................................................................... 384 53.1. A historieta bblica: um novo gnero literrio? ..................... 384 53.2. Rute ......................................................................................... 385 53.3. Jonas ....................................................................................... 388 53.4. Ester ........................................................................................ 391 54. Escritos sapienciais .......................................................................... 392 54.1. O que sabedoria? ................................................................. 392 54.1.a. Gneros literrios e tendncia da mente .................................... 393 54.1.b. Horizontes scio-histricos da sabedoria................................... 395 54.2. Provrbios .............................................................................. 398 54.3. J .......................................................................................... .. 401 54.4. Eclesiastes .............................................................................. 403 55. Escritos apocalpticos ...................................................................... 405 55.1. O que apocalptico?............................................................. 405 55.1.a. Gnero literrio e tendncia da mente ...................................... 405 55.1.b. Horizontes scio-histricos da apocalptica............................... 407 55.2. Daniel ..................................................................................... 410 CONCLUSO A AO RECPROCA DE TEXTO, CONCEITO E AMBIENTE NA BBLIA HEBRAICA .................... Bibliografia ............................................................................................ A. Livros e artigos dispostos por divises do texto ........................ B. Comentrios sobre os livros bblicos ......................................... 414 423 423 459

MAPAS O antigo Oriente Prximo ....................................................................... O Oriente Prximo em 2600 a.C ............................................................. O Oriente Prximo em 2300 a.C ............................................................. O Oriente Prximo em 2050 a.C ............................................................. O Oriente Prximo em 1900 a.C ............................................................. O Oriente Prximo em 1700 a.C ............................................................. O Oriente Prximo em 1400 a.C ............................................................. O Oriente Prximo em 1225 a.C ............................................................. O Oriente Prximo em 1000 a.C ............................................................. O Oriente Prximo em 800 a.C ............................................................... O Oriente Prximo em 660-605 a.C ....................................................... O Oriente Prximo em 580 a.C ............................................................... O Oriente Prximo em 500 a.C ............................................................... O Oriente Prximo em 334-323 a.C ....................................................... O Oriente Prximo em 290 a.C ............................................................... O Oriente Prximo em 168 a.C ............................................................... O Oriente Prximo em 63 a.C ................................................................. Geografia da Palestina bblica................................................................. Tribos de Israel antes da monarquia ....................................................... Reino de Davi e de Salomo ................................................................... Reinos divididos de Israel e de Jud 931-750 a.C ..................................

22 65 65 66 66 67 67 68 68 69 69 70 70 71 71 72 72 108 109 215 216

Jud depois da queda de Israel 722-640 a.C ............................................216 Jud como uma provncia do imprio persa 445-333 a.C ........................290 Palestina macabia-asmonia 166-76 a.C ................................................291 TBUAS 1. Textos do antigo Oriente Prximo relacionados com a Bblia Hebraica pelo tema, gnero literrio ou ligao histrica 53 2. Perodos arqueolgicos na Palestina bblica .................................... 56 3. Escavaes mais importantes na Palestina bblica ........................... 59 4. Os livros cannicos .......................................................................... 75 A. Cnon judaico da Tanak .............................................................. 75 B. Cnones catlico romano e protestante do Antigo Testamento.. 76 5. Livros dos Apcrifos protestantes ao Antigo Testamento ............... 79 6. Livros judaicos entre os Pseudepgrafos do Antigo Testamento, que datam de antes de 70 d.C ................................................................. 80 7. Documentos importantes entre os Manuscritos do Mar Morto ........ 81 8. Gneros literrios, formas ou tipos na Bblia Hebraica.................... 88 9. Tradues da Bblia Hebraica em lngua portuguesa ....................... 104 10. Unidades das tradies de Gn 11,27-50 distribudas por fontes ...... 119 A. Tradies do Javista (J) .............................................................. 119 B. Tradies do Elosta (E) ............................................................. 121 C. Tradies Sacerdotais (P) ........................................................... 122 11. Unidades das tradies de xodo, Levtico e Nmeros distribudas por fontes ............................................................................ 141 A. Tradies do Javista (J) .............................................................. 141 B. Tradies do Elosta (E) ............................................................. 142 C. Tradies da teofania do Sinai/Horeb da aliana e da lei: Materiais compostos de JE e de fontes especiais .................................. 143 D. Tradies sacerdotais (P) ........................................................... 143 12. Elementos estruturais da forma de pacto de suserania ..................... 158 13. Proibies do Declogo tico .......................................................... 161 14. Principais divises de Josu-Juzes .................................................. 174 15. Textos programticos em HD: Deuteronmio 1 Samuel ............ 181 16. Prova arqueolgica sobre destruio de cidades no Cana do Bronze Recente/Ferro I ......................................................................196 17. Prova arqueolgica sobre novos estabelecimentos no Cana do Bronze Recente/Ferro I ......................................................................197 18. Comparao da anfictionia grega e da confederao israelita ..........210 19. Textos programticos em HD: Samuel Reis ................................... 220 20. Distribuio de versculos de HD para reis da monarquia unida em 1 e 2 Samuel e 1 Reis 1- 1 1 .................................................... 228 21. Tradies Javistas (J) em Gnesis 2-11 ........................................... 239 22. Distribuio de versculos de HD para reis de Israel e de Jud em 1 Reis 12 2 Reis 17 ...................................................... 249 23. Distribuio de versculos de HD para reis de Jud em 2 Reis 18-25 ..................................................................................... 265 24. Literatura bblica tardia que completou a Lei e os Profetas............. 297 25. Literatura bblica tardia que eventualmente formou os Escritos.... 298 26. Tradies sacerdotais (P) em Gnesis 1-11 ..................................... 331 27. Divises e fontes em Crnicas e Esdras-Neemias ........................... 360 28. Gneros na literatura sapiencial ....................................................... 394 29. Apocalipses judaicos, 250 a.C. 150 d.C., segundo critrios literrios ..................................................................... 408 GRFICOS 1. Regimes polticos do antigo Oriente Prximo, 3000-63 a.C ........... 64 2. A relao da Bblia Hebraica com outras literaturas antigas ........... 75 3. Desde as pequenas unidades orais/literrias at as grandes composies e colees .................................................. 92 4. Frmulas de "Fiat", de "Realizao"

e de "Trabalho" em Gnesis 1 ............................ ................................... 334 5. Incluses literrias no plano do templo de Ezequiel 40-43 .............. 343 6. Arranjo quistico de Isaas 56-66 com intensificao terminal de contedo da "mensagem" ......................355 7. Refros e repeties no Cntico dos Cnticos ................................. 382 8. Estrutura no Livro de Rute ............................................................... 386 9. Estrutura no Livro de Jonas .............................................................. 390 10. Ambientes institucionais de sabedoria israelita ............................... 397 11. Domnios organizacionais sociopolticos no Israel bblico.............. 417 12. Setores socioliterrio-teolgicos dentro da estrutura de domnios organizacionais sociopolticos ............................................ 418

AbreviaturasAASOR AB AbrN AJSL AKE Annual of the American Schools of Oriental Research The Anchor Bible Abr Nahrain American Journal of Semitic Languages and Literatures Norman K. Gottwald. All the Kingdoms of the Earth: Israelite Prophecy and International Relations in the Ancient Near East. New York: Harper & Row, 1964. Yohanan Aharoni. The Archaeology of the Land of Israel from the Beginnings to the End of the First Temple Period, ed. Miriam Aharoni. Trans. A. F. Rainey. Philadelphia: Westminster Press. 1982. The Amplified Bible Analecta Bblica James B. Pritchard, ed. Ancient Near Eastern Texts Relating to the Old Testament. 3d ed. Princeton, N.J.: Princeton University Press, 1969. R. H. Charles, ed. The Apocrypha and Pseudepigrapha of the Old Testament in English. 2 vols. Oxford: At the Clarendon Press, 1913. Annual of the Swedish Theological Institute American Standard Version Abhandlungen zur Theologie des Alten und Neuen Testaments Authorized Version (= King James Version) Biblical Archaeologist Biblical Archaeologist Reader Biblical Archaeology Review Bulletin of the American Schools of Oriental Research Bblica Hebraica, ed. R. Kittel. Bblica Hebraica Stuttgartensia, ed. K. Ellinger and W. Rudolph. Bblica Bblia de Jerusalm Norman K. Gottwald, ed. The Bible and Liberation: Poltical and Social Hermeneutics. Rev. ed. Maryknoll, N.Y.: Orbis Books, 1983. Bibliotheca Sacra Biblical Theology Bulletin Beihefte zur ZAW Catholic Biblical Quarterly CBQ Monograph Series Cambridge: Harvard University Press, 1973. Cambridge Commentary on the New English Bible Coniectanea Bblica, Old Testament Series Church Quarterly Review Concordia Theological Monthly Currents in Theology and Mission Deuteronmio, o escritor(es) deuteronmico(s), ou o Deuteronomista Paul D. Hanson. The Dawn of Apocalyptic: The Historical and Sociological Roots of Jewish Apocalyptic Eschatology. 2d ed. Philadelphia; Fortress Press, 1979. O Elosta Roland de Vaux. The Early History of Israel. Philadelphia: Westminster Press, 1978. Encyclopaedia Judaica Albrecht Alt. Essays on Old Testament History and Religion. Garden City, N.Y.: Doubleday & Co., 1968.. Expository Times The Expositor's Bible Rolf Knierim and Gene M. Tucker, eds. The Forms of the Old Testament Literature. Grand Rapids: Wm. B. Eerdmans, 1981: O fundo comum de tradies tribais unidas de que se utilizaram J e

ALI AMB AnBib ANET APOT ASTI ASV ATANT AV BA BAR BARev BASOR BHK BHS Bib BJ BL BSac BTB BZAW CBQ CBQMS CMHE CNEB ConBOT CQR CTM CurTM D DA E EHI EJ EOTHR ET ExB FOTL G

GBS HC HD HeyJ HI HIOTT HIR HPT HSM HSS HTR HTS HUCA IAT IB ICC IDB IDBSup IEJ IJH Int IOTS IR ITC J JAAR JAAKSup JANES JAOS JBC JBL JBLMS JCS JETS JJS JLBBM JNES JNSL JQR JR JSOT JSOTSup JSS JTS KJV LB LBP

E (do alemo Grundlage, "fundamento") Guides to Biblical Scholarship A Histria do Cronista A Histria Deuteronomstica (Josu a Reis) ou o Historiador(es) Deuteronomstico(s) Heythrop Journal John Bright. Histria de Israel. Edies Paulinas, So Paulo, 1985. Siegfried Herrmann. A History of Israel in Old Testament Times. Rev. ed. Philadelphia: Fortress Press, 1981. Georg Fohrer. History of lsraelite Religion. Nashville: Abingdon Press, 1972. Martin Noth. A History of Pentateuchal Traditions, with introduction by Bernhard W. Anderson. Englewood Cliffs, N.J.: Prentice-Hall, 1972. Harvard Semitic Monographs Harvard Semitic Studies Harvard Theological Review Harvard Theological Studies Hebrew Union College Annual Georg Fohrer. Introduo ao Antigo Testamento. Edies Paulinas, So Paulo, 1983. The Interpreter's Bible The International Critical Commentary The Interpreters Dictionary of the Bible IDB Supplementary Volume Israel Exploration Journal John H. Hayes and J. Maxwell Miller, eds. Israelite and Judaean History. Philadelphia: Westminster Press, 1977. Interpretation Brevard S. Childs. Introduction to the Old Testament as Scripture. Philadelphia: Fortress Press, 1979. Helmer Ringgren, Israelite Religion. Philadelphia; Fortress Press, 1966. International Theological Commentary O Javista Journal of the American Academy of Religion JAAR Supplement Journal of the Ancient Near Eastern Society of Columbia University Journal of the American Oriental Society The Jerome Biblical Commentary, ed. R. Brown et al. 2 vols. in 1. Englewood Cliffs, N. J.: Prentice-Hall, 1968. Journal of Biblical Literature JBL Monograph Series Journal of Cuneiform Studies Journal of the Evangelical Theological Society Journal of Jewish Studies George W. E. Nickelsburg. Jewish Literature Between the Bible and the Mishnah: A Historical and Literary Introduction. Philadelphia: Fortress Press, 1981. Journal of Near Eastern Studies Journal of Northwest Semitic Languages Jewish Quarterly Review Journal of Religion Journal for the Study of the Old Testament JSOT Supplement Series Journal of Semitic Studies Journal of Theological Studies King James Version (= Authorized Version) Yohanan Aharoni. The Land of the Bible. A Historical Geography, ed. Anson F. Rainey. Rev. ed. Philadelphia: Westminster Press. 1979. The Living Bible Paraphrased

LTQ LXX MBA MLB NAB NASB NCBC NEB NERT NICOT NIV NJPS NKJV OBT OTFC OTL OTMS OTP OTS OTT P PEQ PTMS RAI RB RevQ RSV RV SAIW SBA SBLDS SBLMS SBLSP SBT SC 1 SC 2 SEA SHANE SJT ST StudBT SWBAS TD TDH TEV

Lexington Theological Quarterly Septuaginta Yohanan Aharoni and Michael Avi-Yonah. The Macmillan Bible Atlas Rev. ed. New York: Macmillan Co., 1977. The Modern Language Bible The New American Bible The New American Standard Bible The New Century Bible Commentary The New English Bible Walter Beyerlin, ed. Near Eastern Religious Texts Relating to the Old Testament. Philadelphia: Westminster Press, 1978. The New International Commentary on the Old Testament The New International Version The New Jewish Version The New King James Version Overtures to Biblical Theology John H. Hayes, ed. Old Testament Form Criticism. San Antonio: Trinity University Press, 1974. Old Testament Library Harold H. Rowley, ed. The Old Testament and Modern Study: A Generation of Discovery and Research. Oxford: At the Clarendon Press, 1951. James H. Charlesworth, ed. The Old Testament Pseudepigrapha, Vol. 1: Apocalyptic Literature and Testaments. Garden City, N.Y.: Doubleday & Co., 1983. Oudtestamentische Studin Gerhard von Rad. Old Testament Theology. 2 vols. New York: Harper & Row, 1962, 1965. Escrito sacerdotal ou escritor(es) sacerdotal(ais) Palestine Exploration Quarterly Pittsburgh Theological Monograph Series Theodorus C. Vriezen. The Religion of Ancient Israel. Philadelphia: Westminster Press, 1963. Revue Biblique Revue de Qumran Revised Standard Version Revised Version James L. Crenshaw, ed. Studies in Ancient Israelite Wisdom. New York: Ktav Publishing, 1976. Studies in Biblical Archaeology Society of Biblical Literature Dissertation Series Society of Biblical Literature Monograph Series Society of Biblical Literature Seminar Papers Studies in Biblical Theology Carl D. Evans, William W. Hallo, and John B. White, eds. Scripture in Context: Essays on the Comparative Method. PTMS 34. Pittsburgh: Pickwick Press, 1980. William W Hallo, James C. Moyer, and Leo G. Purdue, eds. Scripture in Context II. More Essays in Comparative Method. Winona Lake, Ind.: Eisenbrauns, 1983. Svensk exegetisk arsbok Studies in the History of the Ancient Near East Scottish Journal of Theology Studia theologica Studia Bblica et Theologica The Social World of Biblical Antiquity Series Theology Digest Martin Noth. The Deuteronomistic History. JSOTSup 15. Sheffield: JSOT Press, 1981. Today's English Version (Good News Bible)

THI TI TI TM TOT TZ VE VT VTSup WC WHJP YBFT ZAW

Martin Noth. The History of Israel. Rev. ed. New York: Harper & Brothers, 1960. George W. Anderson, ed. Tradition and Interpretation: Essays by Members of the Society for Old Testament Study. Oxford: At the Clarendon Press, 1979. Norman K. Gottwald. As Tribos de Iahweh: Uma Sociologia da Religio de Israel liberto 1250-1050 a.C. Edies Paulinas, So Paulo, 1986. Texto massortico da Bblia Hebraica Otto Eissfeldt. The Old Testament: An Introduction. New York: Harper & Row, 1965. Theologische Zeitschrift Vox Evangelica Vetus Testamentum VT Supplements Westminster Commentaries Benjamin Mazar, ed. World History of the Jewish People: First Series: Ancient Times. Jerusalm: Jewish Historical Publications, 1970 Peter F. Ellis. The Yahwist. The Bible's First Theologian. Notre Dame, Ind.: Fides Press, 1968. Zeitschrift fr die alttestamentliche Wissenschaft

Nota: Para siglas de manuscritos do mar Morto, veja tbua 7.

PrefcioO estudo da Bblia Hebraica est em agitao e sofrendo rpida mudana. Este livro tenta orientar o leitor para uma compreenso crtica da Bblia Hebraica e para o estado atual dos estudos bblicos como prtica intelectual e sociocultural. Ele sublinha o alcance expansivo de escolhas em mtodos de estudo bblico agora disponveis, alcance bem mais amplo do que em qualquer tempo na longa histria da interpretao bblica. Minha aproximao intenta manter-se em continuidade deliberada com a erudio histricocrtica mais antiga, contudo ela se ocupa com a profunda mudana e enriquecimento de estudos bblicos introduzidos pelos novos enfoques que adquiriram fora e impulso apenas nas duas ltimas dcadas. Com "Uma Introduo Socioliterria", pretendo identificar aquelas aproximaes literrias e sociais cientficas Bblia Hebraica as quais, em interao com mtodos crticos mais antigos, revelam-se decisivas para as direes mutveis dos estudos bblicos. Dentro da crtica literria mais recente levo em considerao suas diversas formas, a saber, a Bblia como literatura, crtica retrica e estilstica e anlise estrutural. Dentro da crtica social cientfica dou ateno queles aspectos do mtodo antropolgico e sociolgico e da teoria que se tornaram os mais cruciais para os estudos bblicos, e tambm aponto o seu rendimento atual numa compreenso ampliativa da organizao social bblica e da histria social. Crtica das redaes e diversos tipos de crtica cannica, que no esto claramente na categoria de importantes paradigmas literrios novos ou das cincias sociais, mostram-se tambm serem importantes contribuintes para a atual excitao multifactica dos estudos bblicos. Este volume segue amplamente o padro histrico do meu anterior A Light to the Nations. An Introduction to the Old Testament (New York: Harper & Row, 1959). Difere dessa obra, entretanto, no s nas extensas mudanas trazidas pelas perspectivas literrias e das cincias sociais, mas tambm na sua maior concentrao sobre os perodos exlico e ps-exlico. Descaso da era bblica posterior pode ser considerado como tendncia peculiarmente crist, at especificamente protestante, refletida da maneira no crtica na obra de numerosos estudiosos biblistas no-judeus. O carter progressivamente ecumnico da erudio bblica ajudou a corrigir os pontos cegos de qualquer tradio nica e assim a afiar as ferramentas que ns podemos agora aplicar colegialmente a estes textos. Esta Introduo organizada em quatro partes. A I parte apresenta conhecimento contextual para focalizar a Bblia Hebraica: a histria da sua interpretao, o mundo bblico e a histria literria da Bblia Hebraica. As II-IV partes apresentam a literatura bblica em seqncia de acordo com os seus cenrios scio-histricos. Um prefcio a cada uma das trs ltimas partes discute as fontes de nosso conhecimento para cada perodo, medida que ele examinado. Um problema de organizao surge ao apresentar escritos bblicos em seqncia histrica aproximada, como nas II-IV partes: onde se deveriam colocar livros ou fontes bblicos que possuem longa histria das tradies e refletem crescimento em etapas durante sculos? Ao tratar de escritos bblicos compostos ou lentamente desenvolvidos, dois princpios flexveis de trabalho seguem-se neste volume: (1) quando h amplo acordo a respeito de pontos de apoio sciohistricos de um escrito, a obra discutida todas as vezes que for necessrio em cada etapa relevante, como, por exemplo, com o escritor Sacerdotal (15,1. 17,1-2; 19.2.a; 19.4; 48; 49) e o Livro de Isaas (37.2; 50.2; 50.4.a); (2) quando, por outro lado, os cenrios scio-histricos de um escrito so vagos ou altamente controvertidos, ele apresentado somente no seu ponto histrico fixado com a mxima segurana. Assim, os livros compostos de Ams e Miquias, embora contendo material muito mais recente, so discutidos apenas uma vez e nos seus contextos do sculo VIII (34.3; 37.1), e Daniel, embora conservando tradies mais antigas, tratado unicamente no seu ambiente do sculo II (55.2). Conforme a oportunidade, os captulos so introduzidos por listas de leituras relevantes no texto bblico e so ajustados coleo de mapas histricos e textualmente orientados, publicada in Yohanan Aharoni e Michael Avi-Yonah, The Macmillan Bible Atlas. O prprio texto subdividido

em sees numeradas que contm numerosas referncias recprocas. Mapas do antigo Oriente Prximo e da Palestina bblica, em perodos histricos diferentes, foram fornecidos como abridores de partes e como anexos seo sobre a histria poltica, cultural e social do antigo Oriente Prximo (9). So fornecidas numerosas tbuas e grficos a fim de realar a compreenso de leitores visualmente orientados. Entre estes est uma tbua de textos do antigo Oriente Prximo (tbua 1) provida de chave explicativa segundo James B. Pritchard (org.), Ancient Near Eastern Texts Relating to the Old Testament, e segundo Walter Beyerlin (org.), Near Eastern Religious Texts Relating to the Old Testament. Faz-se referncia, no corpo deste livro, aos nmeros tabulares dos textos do Oriente Prximo. Pginas especficas em Pritchard ou Beyerlin so citadas no corpo do texto somente quando a referncia se limita a pginas dentro da paginao mais ampla fornecida na tbua. Da mesma maneira, citada uma tbua de gneros literrios, formas ou tipos na Bblia Hebraica (tbua 8), conforme os nmeros tabulares em diversos pontos na anlise literria. Fornece-se uma bibliografia de trabalho, que consta de duas partes: (1) livros e artigos dispostos de acordo com as sees do texto; e (2) comentrios dispostos de acordo com os livros bblicos. A cronologia adotada para a monarquia davdica a de Edwin R. Thiele, The Mysterious Numbers of the Hebrew Kings, 3 ed. (Grand Rapids: Zondervan, 1983). Escolhi este esquema no porque seja irrepreensvel, mas porque, me parece, levando tudo em conta, ser a soluo mais satisfatria dos problemas cronolgicos at agora propostos. Em proveito daqueles que no sabem a lngua hebraica, transliterei os termos hebraicos aproximadamente conforme so pronunciados, ainda que isso acarrete algumas incongruncias de acordo com os sistemas usuais de transliterao. Dentro da ampla rede de minha gratido, escolho a curiosidade e imaginao dos meus alunos os quais, durante trs dcadas, me tm ajudado a aprofundar e esclarecer minha compreenso da Bblia Hebraica, como tambm a comunicar essa compreenso de forma concreta e atraente. Em nvel mais tcnico, colegas ntimos em diversos grupos de trabalho da Academia Americana de Religio e da Sociedade de Literatura Bblica proporcionaram apoio e desafio oportunos. Norman K. Gottwald

I Parte O texto nos seus contextos

1. ngulos de viso sobre a Bblia HebraicaA Bblia Hebraica, conhecida dos judeus como a Tanak1 e dos cristos como o Antigo Testamento, atrai e prende os leitores por muitos motivos. Dentre suas numerosas formas literrias esto narrativas vividas compactas e poemas animados repletos de imagens que cativam prontamente o olhar e o ouvido. A linha das narrativas relata uma histria poltica carregada de conflitos, entretecida com mais de mil anos de histria do antigo Oriente Prximo. Suas leis, narrativas, listas, discursos profticos e ditos da sabedoria mencionam uma multido de instituies e prticas sociais que se modificam no decorrer dos sculos. Apresenta as palavras e os feitos de figuras tais como Moiss, Davi e Jeremias, os quais, freqentemente, so considerados como exemplos de f religiosa ou de liderana comunal. rica em expresses fortes da crena israelita/judaica2 no Deus cujo nome especial era Iahweh, conduzindo a amplo espectro de conceitos e prticas religiosas e ticas ligadas experincia social e poltica do povo. Finalmente, porque a Bblia Hebraica escritura sagrada para judeus e cristos at o dia de hoje, e obteve lugar significativo na civilizao ocidental, ela acena ao leitor a fim de que entenda e considere suas noes de divindade e de humanidade, de processo histrico e de ordem social, como tambm de tica e de vida boa.

1. Riqueza de mtodos nos estudos bblicosQualquer dos pontos mencionados de compromisso com a Bblia Hebraica e formulei apenas os mais salientes constitui ponto de partida apropriado para tratar do texto, e, necessariamente, leva consigo mtodos precisos de anlise e interpretao. Nos sculos anteriores, quando a Bblia era usada quase exclusivamente para proporcionar sustentculo s comunidades religiosas judaicas e crists, existiam limites determinados sobre os mtodos pelos quais era estudado o texto. Nos sculos recentes, devido Renascena, Reforma, ao Iluminismo, a mudanas sociais importantes e constante expanso do mtodo cientfico sobre a maioria das reas da experincia humana, a Bblia libertou-se da aproximao religiosa exclusivamente doutrinai (confessional) e centralizada na igreja (eclesistica). Ela tornou-se agora acessvel em mtodos cientficos s muitas possibilidades de pesquisa que as diversas cincias abriram. "Cientfico" significado aqui no sentido amplo de um mtodo sistemtico de estudo necessrio para a anlise e explicao inteligveis de qualquer assunto. Cincia, no tocante aos estudos bblicos, inclui no s cincias naturais, sociais e psicolgicas, mas tambm esforos por maior preciso nas humanidades, como no estudo da lngua, da literatura e da histria, como tambm no exerccio da filosofia como uma espcie de reflexo englobante sobre mtodos cientficos e resultados, conforme se relacionam com outras espcies de conhecimento. tpico do estudo atual da Bblia Hebraica o fato de que mais e mais mtodos usados nas1

TaNaK acrossemia das primeiras letras das trs divises da Bblia Hebraica: Tor (Lei ou Pentateuco), Nevi'im (Profetas) e Kethuvim (Escritos). Sempre que "Bblia" ou "bblico" forem empregados neste livro, a referncia Bblia Hebraica, a menos que o contexto esclarea que se tenciona a Bblia crist, incluindo o Novo Testamento. 2 Nos estudos bblicos correntes, "israel" e "israelita" (distintos de "israelense", cidado do moderno Estado de Israel) referem-se ao povo na sua histria primitiva at ou atravs do exlio babilnico, enquanto "judeu" e "judaico" referemse ao povo depois da reintegrao na Palestina logo aps o exlio. O termo "judeu" vem da palavra hebraica yehudi, "judata" ("judeu" na forma latinizada posterior), ou seja, da tribo ou terra ou reino de Jud no uso pr-exlico. Aps o exlio, o termo yehudi referia-se principalmente a judeus em sentido inclusivo, onde quer que eles morassem, mas ocasionalmente era aplicado mais restritamente a judatas/judeus, ou seja, queles judeus que habitavam numa comunidade palestinense restaurada na terra e no Estado antigo de Jud. "Israel" tambm empregado para todo o perodo bblico, especialmente ao falar do povo como entidade religiosa. "Hebreus", outrora usado extensivamente para referir-se aos primitivos israelitas, agora no goza de preferncia. A lngua da Bblia, uma forma do antigo cananeu, denomina-se "hebraica". Assim, com "Bblia Hebraica" queremos significar que as Escrituras judaicas foram escritas na lngua hebraica.

cincias humanas, especialmente requintes nas humanidades e nas cincias sociais, foram utilizados a fim de entender estes antigos escritos. At duas dcadas passadas, houve consenso entre os estudiosos a respeito de utilizar nmero razoavelmente limitado de mtodos crticos para o estudo da Bblia, mas hoje, o espectro de mtodos empregados nos estudos bblicos ampliou-se dramaticamente. Alm disso, cada um destes mtodos suficientemente autnomo e fundamental nas suas pressuposies e mtodos de trabalho, no sentido de que mtodos tomados em conjunto no sugerem qualquer quadro ou modelo (paradigma) nico bvio da natureza e do significado da Bblia. De que modo estes diferentes mtodos de pesquisa bblica devem ser relacionados lgica e processivamente, tornou-se importante desafio intelectual que exigir moldura completa de referncia no prontamente mo. Atualmente, no h provavelmente nenhum estudioso bblico que domine compreenso profunda de todos os mtodos agora operantes nos estudos bblicos. desejvel que o estudioso srio da Bblia Hebraica tenha algum senti do das principais fases no desenvolvimento de mtodos nos estudos bblicos. Estas etapas podem ser descritas na ordem cronolgica, porque alguns mtodos surgiram mais cedo do que outros e em diversas combinaes mantiveram predominncia at que outros mtodos se juntaram ou os substituram. A histria do mtodo nos estudos bblicos adquiriu complexidade no decorrer dos sculos, no s por causa de pormenores acumulados de nomes e teorias cientficos, mas tambm porque mtodos do estudo bblico, assim que so desenvolvidos, no desaparecem normalmente aos poucos como espcies extintas. s vezes, continuam desafiantemente entre intrpretes que rejeitam mtodos mais recentes. Ou, um mtodo antigo, com alterao maior ou menor, perdura dentro do novo tipo ampliado de estudo. Existe ampla aceitao hoje no sentido de que todos os mtodos j empregados no estudo bblico possuem alguma base razovel para o seu uso, de forma que o assunto raras vezes considerado agora como questo de concordar sobre que um s mtodo deveria substituir os outros, mas, antes, o problema de como diversos mtodos legtimos, de acordo com as finalidades em vista, deveriam juntar-se a fim de produzir compreenso global da Bblia Hebraica nos seus aspectos mais fundamentais. Por exemplo, o interesse literrio inicial dos estudiosos bblicos era identificar as fontes utilizadas pelos autores. No decorrer dos ltimos sessenta anos, o estudo literrio expandiuse a fim de incluir tradio oral, formas (gneros) tpicas e os ambientes na vida onde eles eram empregados, a edio crtica ou redao de um livro, e o lugar de cada um dos livros dentro da coleo completa de livros (cnon). Geralmente, aqueles que praticam os mtodos literrios mais novos no negam que fontes fossem utilizadas freqentemente pelos autores bblicos, nem tampouco insistem necessariamente em que intil pesquisar essas fontes. A agenda ampliada dos crticos literrios bblicos lembra, antes, que a determinao das fontes constitui-se apenas num problema entre vrios problemas vlidos a respeito de um livro bblico e no no problema de importncia exaustiva que outrora se julgava ser. Em resumo, a apario de tantos mtodos de estudo bblico para diversas finalidades propendeu a relativizar e a qualificar o status de cada mtodo. fcil ser impaciente com discusses do mtodo. Queremos chegar at o "contedo" e o "significado" da Bblia, muitas vezes esquecidos do fato de que no temos acesso ao contedo e ao significado da Bblia parte de algum mtodo de estudo. Todos os intrpretes chegam-se ao texto com suposies, disposies e instrumentos de anlise que os levam a escolher aspectos do texto e a dispor, enfatizar e interpretar esses aspectos em modelos significativos. Somente com conscincia de mtodo, enquanto aplicado realmente ao texto, teremos condies de ver concretamente por que os intrpretes bblicos tm discordado em suas concluses e de oferecer relato seguro da base e justificao para nossos prprios mtodos.

2. A aproximao religiosa confessional Bblia HebraicaA primeira etapa no estudo da Bblia Hebraica foi basicamente religiosa em sentido confessional. Judeus e cristos estudaram a Bblia a fim de proporcionar compreenso e forma prtica de suas religies. Em ambas as comunidades, at os dois ltimos sculos, existiu consenso

slido a respeito do papel religioso da Bblia. Acreditava-se ser o documento fundamental divinamente revelado da sua f. Desde o encerramento do sculo I cristo at o Iluminismo nos sculos XVIII e XIX, o judasmo rabnico ortodoxo interpretava a Tanak atravs das normas da Lei Oral ou Talmud, e esta viso "normalizada" da Bblia prevaleceu entre os judeus sem desafio srio (10.2.c). Desde final do sculo II cristo at a Reforma protestante no sculo XVI, o cristianismo catlico ortodoxo adotou uma interpretao semelhante normalizada do Antigo Testamento, enquanto considerada pelo Novo Testamento e o dogma da Igreja. O protestantismo, nas suas diversas ramificaes, cedo caiu na interpretao dogmtica da Bblia. Divergncias a partir de leituras religiosas normativas da Bblia Hebraica eram ameaa que poderia ser tolerada, como no caso dos msticos, ou mais freqentemente teve de ser banida, como no caso das seitas herticas. Em nosso contexto, a importncia da Reforma protestante foi que agora existiam dois modos importantes cristos catlico e protestante de confessar o significado religioso da Escritura, como tambm vrias formas diferentes de interpretao protestante. No como se uma compreenso religiosa confessional da Bblia Hebraica tenha cessado em nosso tempo. , antes, que surgiram interpretaes religiosas judaicas e crists mltiplas, e no meramente ao longo de linhas sectrias dentro de cada religio, mas tambm ao longo de um espectro a partir de interpretaes mais literais para mais simblicas e a partir de interpretaes mais conservadoras para mais liberais ou radicais. Alm do mais, h agora formulaes prsperas de compreenso da Bblia Hebraica, que so "de livre-pensamento" humanistas e seculares na orientao. Estas aproximaes admitem o contedo religioso da Bblia, mas interpretam as suas alegaes e significados da verdade, de maneira contrria aos corpos principais de judeus e cristos. Esta crescente variedade de opes alternativas para entender a Bblia, tanto dentro como tambm alm do controle de corpos religiosos, efeito das foras sociais e intelectuais amplas e penetrantes que se acumularam na sociedade ocidental no decorrer dos ltimos poucos quinhentos anos. No conjunto, impe-se a pergunta: Por que se d o fenmeno de as pessoas terem tais compreenses diferentes, at contraditrias, do significado e do valor religiosos da Bblia? Naturalmente, as pessoas variam muito em relao extenso a que ficaram expostas a esta variedade de opinies a respeito da Bblia. Embora as interpretaes confessionais tradicionais no mais sejam incontestadas, elas ainda so poderosamente defendidas em numerosos crculos judaicos e cristos. fato comum para a fiel sinagoga e para os membros das igrejas, ficarem surpreendidos e chocados quando, pela primeira vez, encontram seriamente outros modos de contemplar a Bblia. A Bblia tem sido incorporada subjetivamente como parte fundamental da instruo religiosa deles, de modo que quando sua desanuviada compreenso "ingnua" da Bblia enfrenta mtodos cientficos de estudo bblico, ela muitas vezes se torna experincia de distenso da mente, de questionamento de valores e de pesquisa interior.

3. A aproximao histrico-crtica Bblia HebraicaA segunda fase importante no estudo da Bblia Hebraica foi a adoo do mtodo histricocrtico. Em lugar de tomar a autoria declarada e os contedos dos documentos no valor aparente, este mtodo procura estabelecer as origens verdadeiras do texto e de avaliar a probabilidade de que os eventos por ele relatados aconteceram no modo descrito. Prova para esta pesquisa crtica deriva de dentro do documento e da comparao com outros documentos do mesmo perodo ou do mesmo tipo. Na Renascena, o mtodo histrico-crtico foi aplicado a escritos gregos, romanos e outros presumivelmente antigos, incluindo documentos da Igreja. Este mtodo foi mais lento em penetrar nos recintos sagrados da Escritura; a Reforma protestante, entretanto, ao afirmar a superioridade histrica e teolgica da Bblia sobre a Igreja, indiretamente incentivava a aplicao do mtodo histrico-crtico secular ao texto bblico. Durante o Iluminismo do sculo XVIII este mtodo foi desencadeado sobre a Bblia em plena dimenso. Inicialmente concentrado na Alemanha, o estudo histrico-crtico da Bblia espalhou-se rapidamente por todo o mundo ocidental erudito.

Desde o incio, este modo cientfico de estudar a Bblia fez um lugar para si prprio dentro de numerosos setores das prprias comunidades religiosas judaicas e crists que haviam interpretado tradicionalmente a Bblia Hebraica exclusivamente de maneira religiosa confessional. O palco estava armado para conflito prolongado e para diversas espcies de adaptao, entre mtodos religiosos e cientficos de estudo bblico. Por enquanto, voltaremos nossa ateno ao modo como a Bblia se apresentou quando analisada e avaliada do ponto de vista do mtodo histricocrtico. 3.1. A Bblia como criao humana Na sua escolha do mtodo secular para estudar a Bblia Hebraica, os crticos histricos no negavam o carter religioso inato da Bblia, nem, na maioria dos casos, acreditavam que a Bblia perdesse o seu significado religioso quando estudada criticamente. A pressuposio bsica dos crticos histricos era que o aspecto religioso da vida, por mais "sobrenatural" que ele alegue ser nas suas verses judaicas e crists ortodoxas, semelhante a todos os outros aspectos da vida ao ser histrico e evolucionrio. Idias e prticas religiosas surgem, obtm predominncia, mudam, combinam-se, interagem reciprocamente, declinam e morrem aos poucos. Como com tudo o que humano, os fenmenos religiosos tm a sua histria. Em particular, acreditavam os crticos histricos que o estudo cuidadoso da Bblia Hebraica, utilizando com preciso os mtodos aplicados no estudo de qualquer produto literrio, seria capaz de descobrir as origens verdadeiras e o desenvolvimento das idias e prticas religiosas israelitas/judaicas, as quais, durante muito tempo, tinham estado escondidas por trs da forma compilada da Bblia Hebraica interpretada como narrativa sobrenatural unificada. A verdade religiosa vlida ou "mensagem" da Bblia Hebraica s poderia ser trazida luz quando considerada como a religio de um povo particular numa poca e lugar particulares, enquanto expressos nestes escritos particulares. Mesmo que isso pudesse trazer inquietao para as opinies tradicionais da Bblia nos crculos religiosos, os crticos histricos consideravam como sua obrigao intelectual, at como seu dever religioso, informar a crentes e no-crentes do mesmo modo, a respeito da realidade Histrica das origens da Bblia Hebraica e da f israelita/judaica. 3.2. Crtica das fontes e crtica das formas Os crticos histricos voltaram-se para o estudo da Bblia Hebraica co mo se voltariam para o estudo de Homero, Tucdides, Dante ou Shakespeare, descobrindo, conforme eles seguiam, as peculiaridades da literatura bblica. Em primeiro lugar, a Bblia mostrou ser uma coleo considervel de livros provindos de muitas mos junto com uma histria interna de desenvolvimento que precisava ser reconstruda a partir de pistas no texto e a partir de analogias com tipos semelhantes de literatura. Os autores de livros bblicos eram freqentemente annimos e a informao explcita para datar os livros era muitas vezes escassa. Um aspecto limitado de crtica literria, conforme agora a entendemos, isto , crtica das fontes, foi usada para identificar fontes fragmentrias e ex tensivas dentro dos livros bblicos. Por exemplo, quatro fontes literrias foram reconhecidas como estendendo-se atravs de dois ou mais livros na primeira diviso da Bblia Hebraica (13), e ficou estabelecido que os livros profticos no s continham as palavras do profeta original mencionado, mas tambm numerosas adies e revises no decorrer do tempo (28). No incio do sculo XX, este projeto de crtica das fontes foi expandido pela assim denominada crtica das formas, que visava a isolar unidades menores caractersticas da tradio, que se considerava serem orais na sua origem e altamente convencionais na sua estrutura e linguagem (11.1b). Estas fontes menores ou maiores, fundidas ou enfiadas juntamente nos livros completados da Bblia, foram colocadas, medida do possvel, nos seus cenrios histricos ou tpicos respectivos. Podemos ilustrar os critrios e resultados da crtica das fontes com referncia ao Pentateuco, assinalando a prova para substituir Moiss como o seu autor com uma teoria de quatro escritores mais recentes:

1. Referncias textuais para ou implicaes a respeito da autoria. Salvo quando ele fala, a referncia a Moiss feita na terceira pessoa. Apenas determinadas partes do texto afirma-se explicitamente terem sido escritas por Moiss (e. g., Ex 7,14; 24,4; 34,27-28; Nm 33,2). H forte implicao no sentido de que o autor no considera Moiss como o autor de livros extensivos, mas apenas o autor de alguns materiais encaixados em relatos mais amplos. 2. Lngua e estilo do texto. Variaes no vocabulrio, freqentemente quanto s mesmas pessoas, lugares e coisas, aparecem regularmente como "constantes literrias" em passagens que ostentam marcadamente estilos diferentes. Por exemplo, nos lugares onde empregado o nome Iahweh, o monte da aliana denominado Sinai, os habitantes originrios da Palestina so cananeus, e o sogro de Moiss chama-se Raguel ou Hobab. Ao tratarem os mesmos eventos, contudo, outras passagens empregam Elohim para divindade, o monte da aliana Horeb, o povo pr-israelita da Palestina so os amorreus, e o sogro de Moiss chamado Jetro. Uma vez que estas variaes no vocabulrio acham-se de maneira to regular unidas a diferenas no estilo, conceito e ponto de vista histrico, elas no podem ser adequadamente explicadas como termos sinnimos utilizados por um nico escritor a fim de atenuar a monotonia ou a fim de dar nfases diferentes. 3. Conceitos ticos e teolgicos no texto. Um espectro de vises aparece dentro do Pentateuco relativamente a imaginar a divindade, o afastamento ou a proximidade do divino, de que modo Iahweh/Elohim se comunica com os homens, e o que deles espera Iahweh/Elohim. Estas vises variantes esto intimamente correlacionadas com as constantes literrias. Por exemplo, as sees de "Iahweh-Sinai-cananeus-Raguel-Hobab" retratam vividamente um Deus intervindo ativamente, o qual aparece s pessoas e espera f e devoo infantis que havero de abenoar a todas as naes (a assim chamada fonte J; 13.1; 31.1), enquanto as sees de "Elohim-Horebamorreus-Jetro" mostram uma divindade mais reservada que se comunica pelos sonhos e vises, e acentua o perigo da apostasia por causa das naes estrangeiras e as exigncias extraordinrias de fidelidade religiosa (a assim chamada fonte E; 13.2; 34.1). Um terceiro agrupamento de constantes literrias, primordialmente no Deuteronmio, deriva o comportamento ritual e social de um prescrito livro de leis dado pela divindade, cujo "nome" habita com Israel no templo de Jerusalm sob os cuidados dos levitas (a assim chamada fonte D, ou ampliada HD; 13.3; 22.3; 26; 37.3). Contudo, uma quarta srie de constantes literrias consignada a um ritual mais elaborado executado por um sacerdcio da linha de Aaro e retrata uma divindade grandiosa, cuja "glria" habita com Israel desde que o povo adira fielmente ao ritual prprio e lei moral (a assim chamada fonte P; 13.4; 17.1-2; 19.2.a; 49). 4. Continuidades e descontinuidades no texto. As narrativas e leis de GnesisDeuteronmio no se lem com seqncia homognea, mas nos chocam pelas lacunas e contradies que no mostram o ponto de vista de uma nica mente compositora. Alguns assuntos ficam simplesmente sem serem explicados (Onde Caim obteve a sua esposa?). A linha da ao muitas vezes quebrada ou obscura (Quantas vezes Moiss sobe e desce o monte Sinai/ Horeb?). Por vezes, o mesmo relato oferece informao contraditria (Quanto tempo durou o dilvio?). De vez em quando, basicamente o mesmo incidente repetido como se acontecesse duas ou mais vezes (Fizeram, Abrao, duas vezes e Isaac, uma vez, "passar falsamente" suas esposas por suas irms?). 5. Ponto de vista histrico do texto. Pormenores de improviso no texto mostram o narrador estar falando a partir de poca posterior a Moiss (e. g., referncias aos filisteus, monarquia de Israel, aos camelos domesticados, a cidades batizadas com outro nome etc). De maneira mais significativa, as fontes identificadas como acima, fornecem sinais definidos de que elas foram escritas em momentos de condies e preocupaes sociopolticas e religiosas diferenciadas na experincia posterior de Israel: a fonte J sugere uma poca de independncia nacional vigorosa e autoconfiante; a fonte E fala de uma poca de conflito intercomunal e apostasia religiosa; a fonte D/HD surge numa poca de reforma social, poltica e religiosa nacional centralizada no templo de Jerusalm e trata de tornar compreensvel o malogro do esforo dessa reforma; e a fonte P pressupe a perda da independncia poltica como tambm a reelaborao e a reafirmao calculadas do ritual religioso e do controle sacerdotal a fim de proporcionar segurana

comunal. Alm disso, tornou-se evidente o fato de que a ordem em que os livros foram finalmente dispostos na Bblia Hebraica no foi a ordem em que os livros haviam sido escritos. Solues para este enigma cronolgico tornaram-se cada vez mais complicadas pelo fato de que livros bblicos isolados continham materiais de perodos de tempo diferentes. Tal aconteceu com o Livro de Isaas, no qual amplas partes dos caps. 1-39 esto orientadas para o sculo VI a.C.3 (Isaas do Exlio, eventualmente subdividido em Dutero-Isaas, caps. 40-55, e Trito-Isaas, caps. 56-66). Uma disposio de blocos de materiais literrios da Bblia Hebraica em conformidade com a sua ordem aproximada de composio mostra seqncia muito diferente da que agora aparece na ordem tradicional dos livros (grfico 3). Mesmo o agrupamento tradicional de livros bblicos variou entre judeus, catlicos e protestantes. bvio que os compiladores finais da Bblia Hebraica tinham em mente critrios adicionais para agrupar os livros fora da data da composio. Por exemplo, o Livro do Gnesis, que se encontra no comeo da Bblia, no alcanou a sua forma atual at que os Livros de Deuteronmio a Reis haviam sido compostos durante os finais dos sculos VII e VI a.C, junto com pores importantes de livros profticos tais como Ams, Osias, Isaas, Miquias, Jeremias e Ezequiel. Por outro lado, embora Gnesis a Nmeros no tivesse atingido a sua forma atual at algum tempo durante o sculo V a.C, esses livros contm nmero considervel de narrativas, poemas e leis escritos, ao menos, j nos sculos X e IX a.C. 3.3. Autoria dos livros bblicos A autoria dos escritos bblicos recebeu exame minucioso por parte dos crticos histricos. Argumentou-se, com base nas antigas prticas literrias e em termos da prova interna, que muitas das alegaes bblicas em relao autoria eram adjudicaes tradicionais que no devem ser tomadas estritamente em termos de autoria literria moderna. O mundo bblico estava surpreendentemente desprovido de orgulho pessoal e nada sabia de leis de direitos autorais. Quando a Tor ou Pentateuco atribuda a Moiss, os Salmos a Davi e os livros da Sabedoria a Salomo, deveramos provavelmente entender Moiss como o prottipo do legislador, Davi como o prottipo do salmista e Salomo como o prottipo do homem ajuizado ou sbio. Em tal compreenso, algumas ou todas as leis, salmos e ditos da sabedoria poderiam ser atribudos tradicionalmente a essas figuras enquanto mananciais verdadeiros da tradio. Isto naturalmente d margem pesquisa de se, de fato, leis particulares podem ser razoavelmente atribudas a Moiss, determinados salmos a Davi, ou alguns escritos da sabedoria a Salomo. A crtica histrica abre a possibilidade de que a autoria davdica dos salmos e a autoria salomnica da sabedoria possam ser entendidas da melhor maneira como patrocnio rgio dos salmos e da sabedoria no papel deles como reis responsveis pela cultura da corte, sem qualquer insistncia necessria em que eles eram os verdadeiros escritores. Foi observado tambm pelos escritos histricos o fato de que, mesmo quando o ncleo de um livro bblico atribudo corretamente ao autor mencionado, como, por exemplo, Ams ou Isaas, numerosos acrscimos foram feitos por mos posteriores, alguns por discpulos do mestre, de segunda ou terceira gerao (pensa-se no problema de distinguir Scrates de Plato nos dilogos deste ltimo) e outros por editores literrios (redatores). A avaliao crtica da autoria bblica, primeiramente procurada pela crtica das fontes, mais tarde pela crtica das formas e pela crtica das tradies (da histria das tradies), e mais recentemente pela crtica das redaes (editorial) (5.2.a; 11,1; 13.5; 28) trocou a nfase, partindo de "autores" privadamente motivados e conscientes de si mesmos em sentido moderno para escritores em contexto comunal e, especialmente, para os processos criativos da formao das tradies na comunidade israelita/judaica. A moldagem e remodelagem oral e escrita das tradies considera-se ser crisol no qual a3

A crtica textual foi muitas vezes denominada "crtica inferior", visto que ela est implicada na tarefa preliminar de apresentar um texto hebraico seguro, com base no qual, o mtodo histrico-crtico, ou "crtica superior", pode realizar o seu trabalho. Uma vez que os termos "inferior" e "superior" provvel que envolvam juzos de mrito ou de valor, estas denominaes esto caindo em desuso.

literatura bblica foi refinada, abreviando, ampliando, combinando e elaborando unidades da tradio, freqentemente atravs de muitas etapas de desenvolvimento, at que a etapa final da Bblia Hebraica foi alcanada durante uma extenso da poca ps-exlica desde o sculo VI ao II a.C. Por vezes este processo de formao das tradies levou a falar de "autoria comunal", expresso que, um tanto enganosamente, sugere o fato de que muitos dos escritos bblicos tomavam como fontes preocupaes e movimentos comunais imediatos e se tornavam, se j no o foram desde o comeo, a propriedade comum de grupos que os apreciavam e os passavam de um para outro com acrscimos criativos e modificaes. 3.4. Histria e arqueologia bblicas O processo de desenredar a estrutura literria da Bblia Hebraica e atribuir as suas partes a longa trajetria histrica acentuou a conexo ntima entre a Bblia como coleo literria e a histria do povo israelita/judaico desde o xodo aos tempos dos Macabeus, durante uns mil anos no todo. O prprio texto bblico relata parte ampla dessa histria, porm o faz de modo seletivo e desigual. Sabemos muito mais, por exemplo, a respeito do reino unido e de partes dos reinos divididos do que sabemos a respeito do perodo tribal anterior e de perodos exlicos e ps-exlicos posteriores. Alm disso, necessrio levar em conta a realidade de que muita coisa da histria bblica recebeu toro moralizadora e teologizadora, ou ela interpretada a partir da tendncia de ponto de vista posterior na histria. Em conseqncia, os crticos histricos ampliaram a sua tarefa a fim de recuperarem tanta informao adicional quanto pudessem, no s a respeito da histria das comunidades bblicas como tambm a respeito da histria dos povos circundantes com os quais Israel se achava em freqente interao. Documentos esclarecedores historicamente, provindos dos vizinhos de Israel, embora raramente mencionando Israel, tm a vantagem de sobreviverem na forma em que foram primeiramente escritos, sem a espcie de expanso e reviso pelas quais passaram os materiais bblicos (8.1; tbua 1; 10.1). A recuperao arqueolgica do material como tambm a cultura intelectual, incluindo uma massa sempre crescente de inscries e de textos, ajudou muito na tarefa de reconstruo cultural e histrica (8.2). Tornou-se possvel planejar os amplos contornos do crescimento das tradies literrias bblicas contra um cenrio histrico com eixos espaciais e temporais. O eixo temporal se estende desde a Idade do Bronze Mdio (cerca de 2100-1550 a.C), como o perodo mais comumente admitido para os antepassados bblicos Abrao, Isaac e Jac (patriarcas), at a idade macabaica na Palestina (167-63 a.C), a poca da composio de Daniel e de Ester, provavelmente os ltimos livros a serem escritos. O eixo espacial localiza a Palestina/Cana israelita no centro, com crculos geogrficos concntricos ou esferas que se estendem, primeiramente, Palestina no-israelita e Sria, depois, ao Egito e Mesopotmia (incluindo a Sumria, a Assria e Babilnia), e, finalmente, Anatlia (sia Menor), ao Iro (Mdia, Prsia), Arbia e s orlas martimas do Mediterrneo oriental incluindo a Grcia (17.1).

4. Interao entre aproximaes religiosa e histrico-crtica aos estudos bblicos4.1. Coliso e ajuste de mtodos conflitantes Foi notado anteriormente que o mtodo histrico-crtico de estudos bblicos penetrou logo nos crculos judaicos e cristos. Durante duzentos anos at agora, dois mtodos de estudo bblico funcionaram entre judeus e cristos: a Bblia tratada como a Palavra de Deus revelada e a Bblia tratada como o produto literrio humano de antiga comunidade sociopoltica e religiosa. Embora muito simplificado, pode-se afirmar que o mtodo histrico-crtico encontrou acolhida faclima entre o clero e os leigos instrudos como tambm nas universidades e faculdades teolgicas, e mais rapidamente entre protestantes e judeus do que entre catlicos. At o dia de hoje, contudo, h grandes massas de judeus e cristos ortodoxos que so ativamente hostis ao mtodo, e numerosos membros dentre o povo comum de grupos religiosos, supostamente acolhendo favoravelmente o mtodo, so escassamente informados a respeito dele. Relativamente poucas sinagogas e igrejas

consideram como parte intrnseca de sua tarefa praticar o mtodo e nele instruir os seus membros. Em qualquer instituio religiosa ou acadmica particular, a aproximao religiosa ou histrica Bblia, pode, na prtica, empurrar a outra para um lado, ou exclu-la de considerao por princpio. Teorias para justificar alguma combinao dos dois mtodos, quando, num deles ou em ambos, so feitas as ressalvas apropriadas, obtiveram algum xito, notavelmente entre judeus e protestantes liberais e cada vez mais entre os catlicos romanos no decorrer dos ltimos cinqenta anos. freqente, entre aqueles que desejam juntar mtodos religiosos e histrico-crticos, a afirmao de que idias religiosas centrais da Bblia e/ou a significao das sinagogas e igrejas que brotam do Israel bblico, no so anuladas pelo fato de a Bblia ser documento humano. Deus contemplado como tendo-se servido de processos humanos na histria de Israel a fim de revelar a verdade religiosa e preserv-la em documentos escritos que continuam a despertar a f em Deus, mesmo se eles no sejam declaraes de verdade literal. Alguns crentes fazem as pazes com o mtodo histrico-crtico, aplicando-o a aspectos cuidadosamente limitados da Bblia. Eles podem, por exemplo, admitir a anlise literria crtica, uma vez que consideram irrelevante para a f se Moiss escreveu ou no a Tor, mas podem insistir em que dimenses teolgicas da Bblia, especialmente suas opinies sobre a criao, o pecado e a redeno, devem ser isentadas de crtica, visto serem elas absoluta e perpetuamente verdadeiras. Ou podem admitir o mtodo crtico na forma de crtica4 textual, a fim de estabelecer a aproximao mais prxima possvel do texto original hebraico. Ou podem abrir a viso fsica do mundo da Bblia crtica, a qual admitem ser pr-cientfica, enquanto insistindo em que, em todas as questes de histria e de religio, a Bblia sacrossanta. Em conjunto, parece justo dizer que tanto judeus como cristos precisam ainda elaborar modos de correlacionar as aproximaes religiosas e histricas Bblia Hebraica, que possam se tornar parte intrnseca e convincente da vida cotidiana e do pensamento dos crentes. As implicaes humansticas relativizadoras do mtodo histrico-crtico colidem com a crena prtica num Deus imutvel, transcendente. Esta tenso no resolvida, irrompendo freqentemente em conflito aberto, fonte incomodativa de inquietao em numerosos organismos religiosos entre os que querem mapas do mundo mentais e espirituais autoritrios e seguros. Interpretao bblica literalstica, construindo erroneamente tanto a substncia como a nfase dos ensinamentos bblicos, por vezes acompanha o pensar socialmente reacionrio medida que as pessoas temem pela estabilidade do seu mundo social. Percebe-se uma espcie de reao de domin, estendendo-se a partir de dvida sobre a verdade da Bblia a dvida sobre a segurana da Igreja, a dvida sobre a segurana da ordem social e mesmo da prpria auto-identidade da pessoa. Crentes religiosos no-brancos e brancos pobres tm motivos compreensveis para serem suspeitosos do mtodo bblico histricocrtico como uma verso intelectual da opresso socioeconmica e poltica que eles sofreram. O clima de filosofia pblica e teoria social no Ocidente durante o perodo da apario do mtodo histrico-crtico no estimulou nova sntese do significado da Bblia Hebraica, que pudesse ir alm das interpretaes religiosas tradicionais, ou ao menos oferecer uma alternativa coerente para elas. Em geral, a religio experimentou declnio na sua habilidade para informar e guiar a conscincia e o comportamento pblicos das pessoas no mundo ocidental, e particularmente para desafiar dominao e opresso raciais, socioeconmicas e polticas desenfreadas. A filosofia, caracteristicamente, tratou a religio como persuaso privada a ser admirada e tolerada, ou como construo institucional ou influncia de sociedade a ser aplaudida, limitada ou abolida. 4.2. Tentativas por uma sntese: existencialismo e teologia bblica Consideremos agora alguns dos esforos especificamente eclesisticos e teolgicos por sintetizar perspectivas religiosas e histricas sobre a Bblia. Entre as duas guerras mundiais, uma revivificao da teologia da Reforma protestante em forma moderna, conhecida como neoortodoxia defendida por Karl Barth forneceu um meio atraente de harmonizar os resultados do estudo bblico histrico-crtico junto com "alta" viso da revelao bblica. Esta sntese teolgica foi muito difundida na Europa e teve impacto importante nos Estados Unidos desde 1940 a 1960. Nos estudos bblicos, ela adotou a forma de movimento de "teologia bblica" que moldou a

categoria da "histria" num ponto entre os resultados crticos da erudio bblica e uma noo de f bblica como "revelao na histria" ou "atos de Deus na histria". Influncias um tanto semelhantes agiam entre os estudiosos bblicos catlicos romanos, estimulados pelas tendncias liberalizadoras do Concilio Vaticano II em 1965, os quais descobriram terreno comum ampliado com suas contrapartes protestantes e judaicas, a tal ponto que a partir do contedo de estudos particulares sobre a Bblia Hebraica torna-se agora muitas vezes impossvel saber se o estudioso protestante, catlico ou judeu. Esta caracterstica dos estudos bblicos recentes, uma espcie de comunidade transconfessional de erudio bblica, avanou para a frente em numerosos nveis de pesquisa. Durante alguns anos, parecia que os mtodos religiosos e histrico-crticos nos estudos bblicos poderiam estar a caminho para uma sntese durvel, no entanto a unio esperada malogrou. A ponte de teologia bblica entre histria e teologia cedeu e ruiu medida que se tornava evidente que a Bblia Hebraica, quando considerada historicamente, contm diversas teologias e que, no fim, qualquer teologia ou filosofia para integrar a interpretao de toda a Bblia precisa ser assentada pelo intrprete moderno. Entre os esquemas modernos mais influentes para ler fora do significado do texto bblico foram a filosofia existencialista de Jean-Paul Sartre e a filosofia fenomenolgica de Martin Heidegger. O crtico bblico Rudolpf Bultmann recorreu a estas molduras filosficas para interpretar o Novo Testamento, e perspectivas existencialistas foram do mesmo modo aplicadas Bblia Hebraica, se bem que raramente em forma to-rigorosa, por estudiosos tais como Gerhard von Rad. Em contraste com o movimento da teologia bblica que acentuava os significados religiosos de eventos histricos particulares (xodo, conquista, exlio, restaurao) como revelaes de Deus, a leitura existencialista da Bblia via as revelaes histricas da Bblia como modelos ou paradigmas da situao humana enfrentada com crise, a qual oferece possibilidade sempre emergente de novos comeos atravs da autocompreenso e da autorenovao. Von Rad tinha se apegado a um ncleo histrico necessrio nos "atos de Deus" recitados biblicamente, enquanto Bultmann insistia na realidade central da morte e ressurreio de Jesus, porm, este ncleo no estava ligado firmemente a eventos histricos provveis. Intrpretes bblicos existencialistas posteriores foram muitas vezes mais consistentes ao considerarem os eventos bblicos e sua interpretao como oportunidades valiosas, mas no indispensveis para autocompreenso e autorenovao. Muitos dentre eles retiraram-se para anlises da linguagem altamente abstratas como um modo de comunicao significativa e de autodefinio que no se relacionavam proveitosamente com estudos bblicos e teolgicos. 4.3. Colapso de consenso em estudos bblicos Em fins dos anos 1960, tanto "revelao na histria" como tambm "autocompreenso existencial" chegaram ao ponto de reduzirem retornos como recursos para estudos bblicos. Cada uma delas parecia estar forando procura de um centro de significado construdo artificialmente na Bblia, ou no intrprete, o que obstrua o caminho para exame genuno do molde do texto bblico. O impulso por "relacionar" Bblia e mundo moderno, por "apossar-se" da Bblia para os interesses do povo no dia de hoje desembocara em "harmonias" ou fuses da histria e da religio que se assemelhavam a pleito particular e serviam para restringir o alcance de interesse nas mltiplas facetas dos textos bblicos. Formas mais recentes de pensamento religioso, tais como teologia do processo e teologia poltica, haviam feito apenas excurses experimentais nos materiais bblicos, mas no o suficiente para apresentar esquemas magistrais ou paradigmas com o poder convincente qu