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A Serviço do Reino"

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Telefax: (033) 341-1572E-mail: [email protected]

Capa

Expressão Exata(São Paulo -SP)

Editoração EletrônicaWilliam Buchacra

(Belo Horizonte - MG}

ImpressãoEditora Betânia

(Belo Horizonte -MG)

[E> É proibida a reprodução parcial ou total(inclusive através de fotocópias),

sem a autorização expressa da DIDAQUE.

[E> A DIDAQUE não possuí representantes ou distribuidores.Os pedidos devem ser feitos diretamente à Entidade.

JJfc

Caminhandocom Jesus

H á séculos o Evangelho de Lucas encanta, comove e desafia quem o lê. É umdos mais belos e comunicativos livros da Bíblia. Quem o lê com atenção,percebe uma interessante mudança de assunto, a partir de 9.51: "Estava

chegando o tempo de Jesus ser levado para o céu. Então ele tomou a firmedecisão de partir para Jerusalém" (Bíblia Sagrada Edição Pastoral). A partir desteponto, o evangelista passa a descrever a última viagem da vida de Jesus, daGaiíléia até Jerusalém. Este trecho, que alguns estudiosos chamam de "Narrativada Viagem", vai de 9.51 a 19.48. Nesta seção, encontramos passagens muitoconhecidas, que só aparecem no terceiro Evangelho, como, por exemplo, as pará-bolas do samaritano e do filho pródigo.

O tema central deste bloco do Evangelho é o reino de Deus.Ao preparar esta série de estudos, a DIDAQUÊ convida você para embarcar

nesta viagem. Durante a viagem, estaremos descobrindo e/ou recordando gran-des ensinamentos de Jesus a respeito do reino de Deus.

Esta série de estudos, que compõe o volume 50 dos Estudos BíblicosDIDAQUÊ, propiciará a oportunidade para se conhecer melhor o ensino bíblicosobre o reino de Deus. Com certeza, você se sentirá desafiado(a) a um engajamentomais efetivo nesse reino.

Vamos, pois, "Caminhando com Jesus".

BIBLIOTECA DIDAQUÉProf, Antonfo áe

"A Serviço do Reino"

Manhumirim, abril de 2000.

In »rmaçóes e Sugestões

E ste volume contém 13 Estudos Bíblicosbaseados no Evangelho de Lucas, focali-zando a narrativa da viagem de Jesus da

Galiléia até Jerusalém (Lc 9.51 a 19.48). A abor-dagem de cada estudo é feita em relação à reali-dade do reino de Deus.

Estes estudos são adequados para classesde Escola Dominical e outros grupos de reflexão,sendo recomendados para jovens e adultos.

Os estudos obedecem à seguinte estrutura:

• Alimento diário para a caminhada - Sãotextos bíblicos selecionados e relacionados aotema abordado no estudo. Há um texto indicadopara cada dia da sem anã.

• Luzes sobre o texto - É uma breve análisedo texto tomado por base para o estudo, conten-do explicações para as passagens mais obscu-ras, bem como opções de interpretação.

• Lições do texto - É uma apresentação or-ganizada das ideias principais, com lições apli-cáveis ao cotidiano do povo de Deus. É um es-forço no sentido de tornar ciara a mensagem dotexto, com lições e desafios para o dia a dia.

• Ampliando a discussão - É uma tentativade deixar em aberto a discussão, ou aprofundá-la, uma vez que o estudo não é a última palavrasobre o assunto.

.

Por estarem desvinculados dos rígidos,repetitivos e cansativos currículos de Escola Do-minical tradicionalmente estabelecidos, podemser adotados em qualquer época e adaptados se-gundo o programa de Educação Cristã elaboradopela própria igreja, a partir de suas necessidadescontextuais. Esse material é fortemente caracte-rizado por sua linguagem de fácil compreensão,o enfoque de temas da atualidade e, acima detudo, o cuidado e o equilíbrio na utilização e in-terpretação do texto bíblico, sempre numa pers-

pectiva teológica Reformada.O texto é uma contribuição ao debate e à re-

flexão e, em nenhum momento, tem-se a preten-são de se fazer do mesmo a última palavra sobreas questões abordadas, dogmaíizando-as; é, naverdade, o ponto de partida.

Para tornar o aprendizado mais eficaz, suge-rimos aos professores ou coordenadores de gru-pos, os seguintes procedimentos:

• Utilizar a Bíblia como principal e indispen-sável fonte de pesquisa;

• Examinar, rotineiramente, obras de cunhodidático-pedagógico, afim de aperfeiçoar-se natarefa de ensinar, dominando princípios e técni-cas de aprendizagem;

• Ir além do texto apresentado na revista, bus-cando, noutras fontes, dados e informações com-plementares;

• Valer-se de ferramentas como Dicionáriode Língua Portuguesa, Chave Bíblica, DicionárioBíblico, Comentários Bíblicos etc., a fim de faci-litar o preparo e tornar mais eficaz a minisíração;

• Buscar sempre a iluminação do Espírito San-to durante o período prévio de preparação, e de-pender da mesma iluminação para conduzir a aula,fazendo tudo isso com esmero e dedicação;

• Valorizar a totalidade do estudo, evitando odistanciamento do assunto em foco, e adminis-trar bem o tempo para não se deter em determi-nadas partes do estudo, em detrimento de ou-tras;

• Assumir a função de mediador do grupo,evitando monopolizar a palavra, oferecer respos-tas prontas e impor o seu ponto de vista comoúnica e absoluta expressão da verdade;

• Relacionar as mensagens e os desafios aocotidiano dos integrantes do grupo, incentivan-do-os a colocar em prática as lições aprendidase despertando-os para a ação, no sentido de con-cretizar os objetivos do estudo.

r

.n d i cê

01. A Caminhada Missionária da Igreja 04

02. Exigências do Discipulado 07

03. Missão Cristã no Mundo 10

04. Amor na Caminhada 13

05. A Oração na Caminhada 16

06. Quem é o Senhor do Reino? 19

07. Bens Materiais 22

08. O Reino (Uá Agora" e "Ainda Não" 25

09. Arrependimento e Frutos 28

10. A Natureza do Reino 31

11. O Reino e os Perdidos 34

12. A Vinda do Reino de Deus 37

13. A Chegada de Jesus a Jerusalém 40

A CaminhadaMissionária da Igreja

Lucas 9.51-56

Q uando viajamos, geralmente gosta-mos de conversar com os compa-nheiros da viagem. Nestas "conver-

sas", pode-se aprender e ensinar muito.Quem não se lembra de uma boa viagem,de uma boa conversa durante a jornada?

Uma viagem é uma caminhada e, no ca-minho, muita coisa pode acontecer.

Os críticos literários são unânimes emafirmar que os livros que narram viagenstornaram-se grandes clássicos da literatu-ra.

Este estudo mostra o início daquela queseria a última viagem de Jesus para Jeru-salém. Nesta caminhada rumo a Jerusalém,nosso Mestre muito nos ensina. Ele é o via-jante que é educador. Mostra "pela palavrae pela ação, pela sua morte, ressurreição eascensão, o caminho que leva à salvação ecomunhão corn o Pai, fonte e fim de toda avida" (Bíblia Sagrada Edição Pastoral].

O presente estudo tem corno objetivodespertar a igreja cristã para os seguintesaspectos de sua caminhada missionária;

• a importância da determinação nocumprimento de sua missão;

• a tolerância e o amor como acompa-nhantes inseparáveis da missão;

• o alvo da missão cristã.

Luzes

texto

Lucas 9.51marca o início danarrativa da via-gem de Jesus a Je-rusalém (9.51-19.48). SegundoWerner Georg

Kumel, trata-se de uma "criação de Lucasque inseriu material de várias origens natrama de uma jornada até Jerusalém". Se-gundo Kumel, estudos mais recentes têmprocurado encontrar o ponto de vista queconsti tuiria a chave da composição destanarrativa, qual seja: ensinamento para osdiscípulos, contendo normas de vida e deativídadc; e a futura ativídade missionáriada comunidade.

Para muitos, Lucas 9.51-56 representaa primeira etapa da ascensão de Jesus, jáque a referência para a decisão de ir paraJerusalém não é a crucificação, mas a as-censão de nosso Senhor. O texto registra anão-hospcdagem por parte de urna aldeiadesamaritanos que rejeitam o Salvador porcausa de seii aspecto de viajante para Jeru-salém. Neste prelúdio da caminhada, hámuita coisa, ensinada e muita coisa a seraprendida. Vale a pena despir-se de pre-conceitos e aprender de Jesus nessa longaviagem. Lucas 9.51-56 é apenas o início.

ALIMENTO DIÁRIO PARA A CAMINHADASegunda

Lucas

4.16-30

Terça

Lucas

5.1-11

Quarta

Lucas

5.27-32

Quinta

Lucas

7.18-23

Sexta

Lucas

9.1-6

Sábado

Lucas

10.21-24

Domingo

Lucas

19.1-10

/coes doTexto

Vejamos, pois, o que se requer de umacomunidade que deseja caminhar com Je-sus e fazer missão.

1. A DETERMINAÇÃO NOCUMPRIMENTO DA MISSÃO

Jesus, em seu ministério, sempre de-monstrou consciência de sua missão. Ja-mais deixou de falar dela. Nunca fugiu desua responsabilidade. Ele sempre teve ofirme propósito de cumprir o seu destino,a despeito dos terríveis sofrimentos que oenvolveria. A morte sempre foi uma som-bra na vida de Jesus. O profeta (saías re-gistra isto com detalhes (Is 53). QuandoJesus vê a aproximação do cumprimentode sua missão, ele vai ao encontro da mes-ma, fazendo isto com uma determinaçãoevidenciada em sua própria aparência, pois"manifestou no semblante a intrépida re-solução de ir para Jerusalém" (9.51). Ossamaritanos se negaram a recebê-lo, por-que o seu "aspecto era de quem decisi-vamente ia para Jerusalém" (9.53). Usan-do uma linguagem popular, poderíamosdizer que Jesus "não fugiu da raia", maspartiu com determinação rumo ã missão.

Assim como Jesus, a igreja tambémtem uma missão (Jo 20.21). Não pode-mos ser igreja sem a consciência desíamissão. Não podemos cumprir esta mis-são sem a determinação demonstrada evivida pelo próprio Senhor Jesus Cristo.Muitas igrejas cristãs perderam esta cons-ciência e a própria determinação no cum-

primento da missão. Na verdade, perde-ram a razão de ser da própria igreja. Igrejasem consciência de sua missão não é igre-ja. A missão da igreja pode ser entendidacomo toda a ação empreendida pela mes-ma, com o objetivo d.e proporcionar vidaem abundância. A igreja existe para salvara vida dos homens, e não para destruí-la(Lc 9.56; 19.10; Jo 10.10). Ela é comopulmão, tão necessário para a respiraçãoe para a vida. Ela é, em certo sentido, opulmão do mundo.

É preciso rever_a forma de ser igrejanos dias de hoje. É importante repensarsua missão. É necessário reavaliar sua de-terminação no desempenho da missão. Acaminhada de Jesus rumo a Jerusalém éfeita a passos largos e determinados parao cumprimento da missão. Da mesma ma-neira, a igreja cristã deve caminhar comuma determinação visível em seu "sem-blante". Sua comunidade tern demonstra-do isto? É hora de refietir e tomar uma de-cisão.

2. A TOLERÂNCIA PERMEANDO AMISSÃO

É importante caminhar sem perder devista as características da missão. Tiagoe João, por algum momento, perderam osentido e o espírito da missão. Revelaramintolerância e ignorância, invertendo o ob-jetivo da missão: em vez de salvar, queri-am destruir (9.54,55).

Anteriormente, já haviam demonstra-do a mesma intolerância, proibindo um ho-mem que expelia demónios em nome deJesus, de fazer tal coisa, porque não se-guia com eles (9.49,50). Nas duas ocasi-ões, Jesus repreende os discípulos. Todaação que promova a vida do homem pode

ser parte integrante da missão de Jesus eda igreja. Diz Jesus:"... quem não é con-tra vós é por vós".

Geralmente, somos tentados e levadosa esquecer a missão, revelando toda a nos-sa intolerância ante a postura das pesso-as. Jesus ensina a tolerância, visando àessência da própria missão. Em Jericó, aintolerância foi contra o publicanoZaqueu.E Jesus, mais uma vez, mostra a essên-cia de sua nobre missão (Lc 19.10).

Hoje, infelizmente, muitas pessoas quedeveriam ser o alvo da missão da igreja,também são alvos da intolerância e da ig-norância da mesma. Pessoas como os de-pendentes químicos, portadores do vírusda AIDS, prostitutas, meninos de rua, ex-presidiários, são vistas e tratadas com cer-ta intolerância por parte de setores da igre-ja cristã. É a completa inversão da mis-são. Será que ainda existe em nosso meiopontos de vista como os de Tiago e João?Esperamos, sinceramente, que não.

3. O OBJETIVO DA MISSÃO

O versículo 56 deixa bem claro o obje-tivo da missão de Jesus Cristo: "pois oFilho do homem não veio para destruir asalmas dos homens, mas para salvá-las"(9.56a). A caminhada de Jesus rumo a Je-rusalém é para cumprir cabalmente esteobjetivo. O objetivo da missão de Jesusestá presente neste trecho do Evangelho,com uma ênfase impressionante (12.20;13.3,5,16, 22-30; 15; 16.19-31; 17.19;18.18-30; 42; 19.10). O reformador JohnKnox comenta dizendo que "esta passa-gem nos faz lembrar a admirável paciên-cia de Deus. Nós é que, em nosso peca-do, queremos fazer descerfogo do céu, afim de destruir os malfeitores; mas Deus,

não a despeito de sua santidade, mas porcausa dela, mostra-se paciente".

A comunidade cristã não pode trocar oobjetivo de sua missão. Sempre que elaperdeu este objetivo, ou dele se distanciou,ou destruiu, matou, provocou confusão,cometeu atos de violência, tudo em nomeda justiça. O Senhor da igreja sempre re-jeitou quaíquertipo de violência. Todos osseus milagres foram atos de misericórdiae símbolos da salvação que ele veio trazeraos homens. Na missão de Jesus, encon-tramos o cerne da missão da igreja. So-mos chamados também para "não esma-gara cana quebrada, não apagar o pavioque ainda fumega" (Mt 12.19,20). A igre-ja existe por causa daqueles que estão per-didos. "Os sãos não precisam de médicoe, sim, os doentes" (Mt 9.12; Mc 2.17;Lc 9.31). Esquecer esta realidade é rene-gar o objetivo da missão de Jesus e dasua igreja. :

AmpliandodiscussãoEm que consiste a missão da igreja,hoje? Qual a sua abrangência?

O que mostra que suacomunidade tem desenvolvido umacaminhada missionária?

Autor: Rev. Ailion Gonçalves Dias Filho(Americana - SP)

E-maÍI: [email protected]

Exigências doDiscipulado

Lucas 9.57-62

D urante o ministério de nosso Senhor Jesus Cristo, inúmeras pessoas tiveram umencontro com ele. Essas pessoas demonstravam, nesses encontros, as maisvariadas reações diante do Senhor. Citando alguns exemplos, observamos a ati-

tude de Pôncio Pilatos que, covardemente, "lavou as mãos", tentando ficar neutrodiante do julgamento de Jesus Cristo (Mt 27.24). Judas, numa postura mais radical,chegou a trair nosso Senhor por 30 moedas de prata (Mt 27.3-5). A mulher pecadora,num gesto de humildade e reconhecimento da pessoa de Jesus, chora e enxuga os pésde Jesus com seus cabelos (Lc 7.36-38). Os gerasenos queriam distância de Jesus.Pediram que ele saísse de suas terras (Lc 8.26-39). São situações diferentes com asmais variadas atitudes.

O objetivo deste estudo é mostrar as exigências do discipulado, colocadas pornosso Senhor e tão bem registradas por Lucas na caminhada rumo a Jerusalém (9.57-62; 14.25-35).

Luzes No início dacaminhada deJesus rumo a Je-rusalém, Lucasinforma de trêscandidatos aod i s c i p u l a d o

(9.57-62). Nessa caminhada, nosso Se-nhor vaí colocando as normas e as exi-gências para o discipulado, pondo apro-va os que queriam segui-lo. Para o Se-nhor Jesus Cristo, o discípulo precisa terdisponibilidade permanente, condiçõesde renunciar a própria família e não vol-

tar atras, uma vez iniciado o discipulado.Diante destas exigências, notam-se as pre-tensões dos candidatos ao discipulado.Lucas não informa a reação desses discí-pulos diante das palavras de Jesus (w.58,60,62). E você, como tem se compor-tado diante das exigências dodiscipulado?

O texto em apreço mostra as intençõesdos candidatos ao discipulado. Muitos,ainda hoje, são precipitados nas decisões,outros priorizam os interesses afetívosetc... Da mesma forma, outros, ainda, pre-ferem a velha vida e olham para trás.

ALIMENTO DIÁRIO PARA A CAMINHADASegunda

! Reis

19.19-21

Terça

. Marcos

10.17-22 .

Quarta

Lucas

5.1-11

Quinta

Lucas

9.23-27

Sexta

Lucas

14.25-33

Sábado

l Coríntios1.18-31

Dominga

II Timóteo •

2.1-13 -

De acordo com o texto, o discípulode Jesus precisa assumir as seguintesatitudes:

1. DISPOSIÇÃO COM VISÃO

O candidato ao discipulado que se apre-senta no versículo 57 apresenta uma pos-tura de voluntariedade fantástica: "Seguir-te-ei para onde quer que fores". JesusCristo não aplaude a atitude deste candi-dato. Ele dá uma resposta que, indireta-mente, mostra a visão inadequada destecandidato. Em seu pronunciamento, nos-so Senhor mostra a sua real condição: "...o filho do homem não tem onde reclinaracabeça". O texto paralelo, Mateus 8.18-22, informa que este candidato era, pro-vavelmente, um escriba e, como tal, eraconhecedor das profecias. Era possível queele conhecesse a profecia de Daniel, quefala da vinda do "filho do homem" comdomínio, riqueza e glória (Dn 7.13,14). Porisso, a proposta de seguir a Jesus incon-dicionalmente. Pode ser que ele tivesse emmente outros interesses.

Lucas também informa da existência deSimão, o mágico, que "abraçou afé", mascom interesses escusos, por dinheiro e porinteresse de benefício próprio (At 8.9-25).

Muitos "discípulos", ainda hoje, de-monstram disposição para o seguimentode nosso Senhor por causa de uma visãoinadequada. Estão atrás de dinheiro. Es-

tão atrás de prosperidade, de segurança econforto. Não querem saber de pagar opreço do discipulado. Não querem saberde negar a si 'mesmo, tomar a cruz e dei-xar tudo para; seguir a Cristo (Lc 14.25-27). ;

Muitos, hoje, não querem saber doensinamento apostólico de que nos foi con-cedida a graç> de padecer por Cristo (Fp1.29). É disposição para o discipulado di-vorciada de u|ma visão do preço do mes-mo. É disposição sem visão. É preciso re-ver esta postura e analisar bem o que sig-nifica seguir aiJesus Cristo, aquele que nãotem onde reclinar a cabeça. Você está dis-posto a seguir o Senhor desta forma?

2. PRONTIDÃO DIANTE DACONVOCAÇÃO

iO outro candidato não é um voluntário

(v.59). É convocado pelo próprio Senhor:"Segue-me"\. É convocado,mas hesita e responde: "Permite-me ir pri-meiro sepultar meu pai". Segundo o co-mentário da Bíblia de Estudo de Genebra,"o pai ainda podia estar vivo. Estas pala-vras, então, indicariam que o discípulo que-ria continuar á cuidar de seu pai até à mor-te deste. No entanto, se o pai estava mor-to, as palavras de Jesus seriam ainda maischocantes, urna vez que a piedade filialexigia que um filho providenciasse o se-pultamento de seu pai". De qualquer modo,conclui o comentário, Jesus está dizendoque as exigências do reino suplantam to-das as lealdades terrenas.

Ainda hoje', muitos são chamados, mashesitam por causa do apego à família ouàs coisas da vida. São chamados, mas não

querem assumiras exigências do compro-misso com Cristo.

O Evangelho registra o encontro de umhomem com Jesus, o qual desejava pos-suir a vida eterna. Era observador da reli-gião e guardava os mandamentos. Masnão foi capaz de abrir mão de suas propri-edades para abraçar o discipulado. Ele eramuito rico. Foi desafiado, mas hesitou (Mc10.17-22).

No final de sua vida, Paulo menciona oabandono de um colaborador, Demas, que"tendo amado o presente século", aban-donou-o (II Tm 4.10). O mesmo apóstoloensina que "nenhum soldado em serviçose envolve em negócios desta vida, por-que o seu objetivo é satisfazer àquele queo arregimentou" (II Tm 2.4). Seguira Je-sus é sinónimo de ir e pregar o reino deDeus (v. 60). Qualquer coisa que impeçaisto é hesitação diante da convocação fei-ta por nosso Senhor Jesus Cristo. Você temhesitado ante à convocação do Senhor?

3. ACEITAÇÃO SEM CONDIÇÃO

Na caminhada rumo a Jerusalém, apa-rece um outro voluntário (v. 61). A exem-plo do anterior, também hesita e impõe umacondição: "deixa-meprimeiro despedir-medos de casa" (v. 61). Nosso Senhor res-ponde, fazendo uma relação entre odiscipulado e a ação de arar. Aqueles queestão acostumados a arar a terra sabemque tal ação requer uma atençãoininterrupta, e assim exige também odiscipulado (v. 62).

Muitos, ainda hoje, querem seguiraJe-sus Cristo, impondo condições. Queremseguir a Jesus, mas não querem amar o

semelhante, não querem carregara cruz,não querem negar a si mesmo. Enfim, que-rem seguir a Jesus Crsito, mas não que-rem colocá-lo em primeiro lugar em suasvidas (M16.33). É importante dizer que Je-sus não está mendigando discípulos, nemseus favores. Pelo contrário, ele é o Se-nhor e é quem estabelece as exigênciaspara o discipulado, embora muitos quei-ram inverter os papéis, impondo condi-ções. O discípulo é servo e, como tal, nãoimpõe, mas aceita as condições do Se-nhor.

É preciso redescobrir o real significadodo discipulado. É preciso estar conscientedo que é ser discípulo de Jesus Cristo, sa-bendo que ele, como Senhor, não ofereceum "mar de rosas", mas garante a vitóriaàquele que forfiel (Ap2.10).

Ampliando

Quais são alguns dos empecilhosapresentados pelas pessoas hoje,para seguir a Jesus?

O que significa negar a simesmo, tomar a sua cruz eseguir a Jesus?

Autor: Rev. Ailfon Gonçalves Dias Filho(Americana - SP)

E-mail: [email protected]

Missão Cris íno Mundo

Lucas i o. i-12

O ser humano, criado à imagem e semelhança de Deus, recebeu; desde o início,uma missão para cumprir, que é a de guardar e cultivar a terra (Gn 1.26,27; 2.15).De lá para cá, o que se percebe é que sempre existe tarefa a ser cumprida. Algu-

mas são mais fáceis, e outras mais difíceis. Mas o fato é que ninguém está isento de umamissão para exercer nesta vida. Ninguém vive sem uma atividade, e isso é que confererazão e beleza para se viver. ;

A palavra "missão" pode ser compreendida como função, ou poder que se confere aalguém para fazer algo; encargo ou incumbência.

É importante observar nesse relato algumas recomendações feitas por Jesus. Oobjetivo deste estudo é ressaltar essas orientações, a fim de contribuir para o plenocumprimento da missão cristã nos dias atuais. i

otexto

Luzes O texto emanálise, que é ex-clusivo de Lucas,trata de uma mis-são que Jesus deua 70 pessoas, en-

viando-as de duas em duas. Ele enviouem pares, para que existisse mútuo apoioe o testemunho fosse reforçado. Ele temprofundas semelhanças com o relato doenvio dos doze apóstolos, mas é bem maisdetalhado (Mt 10.1 -15). Conforme o co-mentarista William Barclay, essa passa-gem descreve urna missão maior do quea primeira dada por Jesus aos doze. Quan-to ao número 70, que era simbólico para

os judeus, existem várias interpretações,dentre as quais pode-se mencionar:

a) Segundo o Teólogo Leon R. Morris,esse número parece ser um símbolo dasnações do mundo, conceito esse que os ju-deus baseavam em Génesis 10, onde há70 nomes no texto hebraico.

b) Outros associam o número comaquele dos anciãos nomeados por Moisés(Nm 11.16,1,7).

c) Outros pensam nos 70 membros doSinédrio.

d) Esse número tão grande demonstraque Jesus tinha uma grande missão a serrealizada. :

ALIMENTO DIÁRIO PARA A CAMINHADASegunda

1 Samuel

3.1-14

Terça

Isaías

6.1-8

Quarta

Jeremias• 1

Quinta

Mateus

20.1-15

Sexfa

Mateus

28.18-20

Sábado

Lucas

10.13-20

Domingo

Ato s

9.1-25

10

rcoes doTexto

A realização da missão cristã no mundo exige:

1. CONSCIÊNCIA DO CHAMADO DIVINOO texto em foco começa, já no versículo l,

citando o seguinte: "Depois disto o Senhor de-signou outros setenta; e os enviou de dois emdois....". Aqui está evidente que a iniciativa éde Jesus, o qual convoca para uma grande mis-são. Os setenta demonstraram consciência des-se chamado por parte de Jesus e atenderamprontamente. Já no versículo 2, há umaconstatação de que a seara é grande e os tra-balhadores são poucos, e, por isso, eles deve-riam rogar a Deus que enviasse trabalhadorespara a seara. Realmente é Deus quem chama,envia e capacita.

Essa consciência do chamado divino paraa importante missão foi percebida pelo profetaIsaías (Is 6.1 -8). Esse chamado ou separaçãopara a obra é iniciativa do Espírito Santo deDeus, conforme ocorreu por ocasião da primeiraviagem missionária de Paulo (At 13.1-3).

Quando Deus chama, não quer dizer que oenviado terá uma vida isenta de inúmeras ad-versidades, mas a possibilidade de êxito é mui-to grande, pois o Senhor sempre conduz emtriunfo os seus escolhidos (II Co 2.14).

2. DESAPEGO MATERIALNo versículo 4, Jesus recomenda para nin-

guém levar sandálias, bolsa e alforje. Isso querdizer que o enviado, para realizar a missão, nãodeve carregar peso algum, ou seja, não deveestar envolvido demasiadamente com aquiloque é terreno. Jesus quer mostrar que ovocacionado deve ir como está, demonstrandoprontidão, pois o chamado é urgente e há mui-tos perecendo sem Cristo.

Nos versículos 7 e 8, Jesus recomenda uma

atitude contrária à ganância, orientando que sedeve comer o que for servido, e não ficar decasa em casa em busca de algo melhor, poishá urgência na missão. O enviado deveria estarsatisfeito com aquilo que fosse servido, rece-bendo como sendo o básico para sua sobrevi-vência. O livro Didaquê, escrito por volta doano 100 d.C., que é o primeiro livro de discipli-na da igreja, mostra algo interessante sobreesse assunto: "naquele tempo existiam profe-tas que iam de cidade em cidade, mas se al-gum permanecesse mais de três dias sem tra-balhar, era um falso profeta; e se algum pedis-se dinheiro e comida, era falso. Ele diz rnais,que aquele que trabalha merece o seu salário,mas como servo do Mestre não pode buscar oluxo". Esta ideia está declarada em l Coríntios9.14 e l Timóteo 5.18.

O apóstolo Paulo, falando ao seu filho na fé,Timóteo, demonstrou esse desprendimento, afir-mando que, tendo com que vestir e o sustentobásico, devemos estar contentes (I Tm 6.7-10).Paulo, ainda, denunciou aqueles que viviammercadejando a Palavra de Deus (II Co 2.17).

Sabe-se, porém, que o obreiro necessitapossuir recursos materiais para a sua digna so-brevivência e a de sua família. Mas, infelizmen-te, muitos estão se envolvendo mais com o ma-terial do que com aquilo que é eterno, levandoassim ao fracasso espiritual e à própriadesqualificação para a missão.

3. CONCENTRAÇÃO NA TAREFAAinda no versículo 4, Jesus recomenda para

ninguém saudar pelo caminho. Isso não é umaordem para ser descortez ou sem educação,mas significa que aquele que tem uma missãosublime e urgente para realizar, não deve sedeter com o que é de menor importância. Assaudações orientais eram detalhadas edelongadas, porisso não se podia demorarcornsaudações. Isso ocorreu lá no passado, quan-do o profeta Eliseu falou a Geazi para que estenão saudasse a ninguém pelo caminho (II Rs4.29). Essa parada para cumprimentar as pes-soas, com certeza desviaria a atenção para algo

11

que não era o mais importante. A missão queJesus ordena precisa ser cumprida com muitaconcentração e muita dedicação.

A falta de concentração prejudica o desem-penho da missão. Quantos estão olhando maispara o inimigo do que para o Deus que conce-de vitórias! Neemias e os seus companheirosdemonstraram forte concentração na missãodivina que desempenhavam, e não cederam àsfortes pressões {Nm 6.1-4).

As Escrituras recomendam concentração natarefa cristã (Fp 3.14; Hb 12.1,2).

4. POSSIBILIDADE DE OPOSIÇÕES

Nos versículos 10 a 12, Jesus mostra a rea-lidade da rejeição à mensagem proclamada atra-vés dos comissionados. Jesus diz que, quandonão forem recebidos numa cidade, deve-se deixá-la, sacudindo até o pó; mas, para a cidade querejeita, haverá dura condenação e destruição.Essa triste e dolorosa condenação das cidadesimpenitentes está descrita nos versículos 13 a16. Isso implica dizer que Jesus está apresen-tando a possibilidade das oposições à mensa-gem profética. O texto diz, ainda, que Jesus en-viou esses indivíduos como "cordeiros para omeio de lobos" (v. 3), mostrando, assim, o peri-go e a dificuldade da tarefa.

No início do sermão do monte, Jesus dis-se que não se deve ignorar e nem se abater

'diante das perseguições (Mt5.10-12).Realmente, todos os comissionados enfren-

tam oposições, perseguições e rejeições, asquais, quando encaradas com perseverança ecomo desafios para se buscar mais a Deus,redundam em benefícios e vitórias. A Bíblia afir-ma que tudo coopera para o bem daqueles queamam a Deus (Rm 8.28). Desse forma é quese deve cumprir a missão cristã hoje.

5. PROCLAMAÇÃO DE PAZ E LIBERTAÇÃONessa missão proclarnadora, os discípulos

deveriam levaruma mensagem do próprio Cris-to, a qual possui três ênfases básicas:

• Paz - No versículo 5, Jesus recomenda adeclaração de uma mensagem de paz ao se che-

gar nas casas: "Paz se/a nesta casa". Essa nãoera apenas uma saudação judaica, mas umamensagem que Jesus queria que fosse real navida da cada indivíduo, não apenas no sentidode reconciliação do pecador com Deus, mas nosrelacionamentos interpessoais. O próprio Jesusé o Príncipe da P:az, e a sua igreja deve viver empaz e proclamai] essa paz. Como é gratificanteverificar que, no.início do Cristianismo, a igrejaverdadeiramente tinha paz! (At 9.31).

• Libertação - No versículo 9a, Jesus or-dena para se curar os enfermos, pois estavamoprimidos pelas enfermidades e careciam delibertação. Eles receberam autoridade para isso(Lc 10.19-20; Mc 16.18). Essa mensagem éuma prova de amor e misericórdia de Jesus emfavor do ser humano. Só em Jesus há plenalibertação (Jo 8.32).

• Iminência do reino de Deus - Noversículo 9b, Jesus diz para que se publiqueque "está próximo o reino de Deus". A com-preensão cristã: deve ser essa - saber que oreino de Deus está sempre próximo, pois Je-sus está presente e voltará a qualquer momen-to. Hoje é o tempo da oportunidade para quemuitos aceitem a Jesus e façam parte do reinode Deus. A missão cristã é proclamar essa men-sagem.

Ampliando^discussão

A quem é dirigido o chamado divinopara o exercício da missão crista nomundo? .Quais são as evidências de que a suacomunidade tem cooperado com amissão cristã no mundo?

Autor: Rev. Anderson Saíhler(Manhuaçu - MG)

E-mail: [email protected]

12

Amor naCaminhada

Lucas 10.25-42

Ávida é uma caminhada por este mundo, na qual a palavra central é o amor. A Bíbliaapresenta o amor como sendo o dom supremo, e recomenda uma convivência deamor entre as pessoas.

Em seu livro Igreja Ensinadora, a Dra. Sherron K. George declara o seguinte sobre olivro de Lucas: "No texto de 9.51 a 19.28, Jesus, o Mestre, manifestou no semblante aintrépida resolução de ir para Jerusalém (9.51). Durante dez capítulos, o evangelistaregistra a caminhada para Jerusalém. Os assuntos abordados são profundos, e o ambi-ente está carregado com tensão e antecipação da oposição e consequente morte emJerusalém. No caminho havia muito diálogo, comunhão de mesa, interrupções e pergun-tas. As parábolas constituem 50% do Evangelho de Lucas, e que há, pelo menos, 20delas nesse texto mencionado, que é a jornada de Jesus para Jerusalém. Através dasparábolas, levava os discípulos a pensarem, a refletirem, a se posicionarem. Elas nãotraziam respostas prontas, e cada ouvinte tinha de fazer sua própria identificação e apli-cação. A parábola forçava algum posicionamento; o discípulo é que definia seu compro-misso em perfeita harmonia com o reino de Deus".

Para apresentar essa responsabilidade cristã, Jesus contou a parábola do samaritano,na qual resumiu os valores do reino de Deus em: "Amarás o Senhor teu Deus... Amaráso teu próximo como a ti mesmo"(Ml 22.37-39J.

LuzesA cena onde

se passa essa pa-rábola é o cami-nho perigoso deJerusalém aJericó, com cercade 30 km. Jeru-

salém esta a 750 m acima do nível do mar,e Jericó a 400 m abaixo, sendo, então,cerca de 1.150 rn de descida, com desfi-

ladeiros, penhascos e curvasperigosíssirnas. Era lugar ideal para os as-saltos e demais investidas de inimigos.Esse desfiladeiro tinha péssima reputa-ção, chegando a receber o nome de "Viasangrenta", pelo grande número de assal-tos e assassinatos que ali se cometiam.Os personagens envolvidos são: o viajan-te, os salteadores, o sacerdote, o levita eo samaritano.

ALIMENTO DIÁRIO PARA A CAMINHADASegunda

Génesis

29.1-30

Terça

Rute

1

Quarta

João

13.31-35

Quinta

Romanos12.9-21

Sexta

Romanos

13.8-10

Sábado

l Coríntios

13

Domingo

l João

4.7-21

13

Lições doTexto

Esía parábola nos permite entender o quesignifica a prática do amor na caminhada.

1. AMOR NA CAMINHADA: UMAATITUDE OPOSTA AO LEGALISMOJesus foi abordado por um intérprete da

Lei, cujo objetívo era colocá-lo em provas. Suapergunta foi feita, não à procura de informa-ções, mas, sim, para verse Jesus não conse-guiria responder à altura, aproveitando a opor-tunidade para desmascará-lo. Ele diz: "Quefarei para herdara vida eterna?" Pensava nal-guma forma de salvação pelas obras. Jesusrespondeu com uma combinação de passa-gens que resume as exigências da Lei (Lv19.18; Dt 6.4-9; 11.13; Mt 22.37; Mc12.30,31). Todas estas passagens mostramque é necessário amar a Deus e ao próximoem todo o tempo e com tudo o que se pode,indo, assim, além da Lei. Está claro que avida eterna não pode ser adquirida pelo esfor-ço próprio, e nem por uma tentativa de auto-justificação. Segundo o teólogo JoachimJeremias, "todo conhecimento teológico denada serve, se o amor para com Deus e paracom o próximo não determinar a direção davida".

O sacerdote e o levita são exemplos delegalismo, A Lei que eles seguiam ao pé daletra e à risca, falava em socorro aos animaisdo próximo (Èx 23.5; Nm 18.20; Dt 22.4,), masali estava o dono do animal e eles passaramde largo. A Lei exigia mais, pois o sacerdotenão devia tocar num cadáver. O sacerdote e olevita se esqueceram do mais importante daLei: "Misericórdia quem e não sacrifício" (Os6.6). Assim, o que se percebe é que olegalismo triunfou sobre a misericórdia.

Mas, quem socorreu a vítima foi umsamariíano que era estrangeiro na raça e he-rege na religião, mas soube suplantar todo olegalismo reinante e agiu mostrando amor demodo concreto. Jesus está, aqui, colocandoum ponto final no legalismo ensinando que avida eterna nãoié questão de observar regras.Viver no amor é viver a vida do reino de Deus.Se realmente aniamos a Jesus, amemos aopróximo também (l Jo 4.20). Para Jesus, oamor é algo que a pessoa sente e faz.

John A. Mackay, em sua obra Eu porém,vos digo..., declara: "Hoje, como então, uminteresse religioso puramente formalista con-tinua insensibilizando o coração humano noque diz respeito às suas obrigações para como próximo. O legalismo reduz a caridade a umrito, a simples derivado de um credo, ao con-trário de ser a expressão constante de umavida". :

Hoje, mais tío que nunca, na caminhadada igreja, o legalismo não pode estar presen-te, mas sim o .verdadeiro arnor ao próximo,como demonstrou o bom samarítano.

2. AMOR NA CAMINHADA: UMAATITUDE QUE SUPERA BARREIRASNa parábola, verifica-se que dois líderes

religiosos não socorreram a vítima. Mas, quala razão? Algumas barreiras existiam para nãose revelar amor naquela caminhada:

a) O perigo de ser também agredido pe-los malfeitores;

b) O viajante era Judeu, e não samaritano.No livro já citado, de John A. Mackay, está re-gistrado: "A ortodoxia judaica havia dito que opróximo deviajentender ser o indivíduo damesma raça e religião. Era preciso fazer dis-tinção entre próximo e estrangeiro, de sorteque, para todo judeu piedoso, a palavra 'pró-ximo' equivalía.a 'patrocínio'. Os cidadãos danação santa não reconheciam a obrigação deamar aos seus vizinhos geográficos, do outrolado das fronteiras".

c) A justificativa de que o viajante era o

14

culpado de tudo ou imprudente, pois deveriaestar acompanhado naquele caminho tão pe-rigoso.

Esse amor na caminhada não tem barrei-ras . Essa lição básica encontra-se resumidapor William Barclay, em seu comentárioexegéíico, assim: "Qualquer pessoa de qual-quer nação que está em necessidade é nossopróximo. Nossa ajuda deve ser tão amplacomo o amor de Deus". Ainda mais, confor-me o teólogo Leon L Morris em seu comen-tário de Lucas, "é a necessidade do nosso pró-ximo, e não a sua nacionalidade, que impor-ta". A Bíblia condena qualquer atitudediscriminatória, pois todos são iguais em Cristo(Gl 3.28).

Portanto, a lição que o bom samaritanopassa para a igreja, hoje, é que os sentimen-tos humanos precisam ser superiores aos pre-conceitos de raça, ou quaisquer outros.Quantos estão caídos e rejeitados por aí pre-cisando de ajuda! É hora de derrubar as bar-reiras e exercer o verdadeiro amor na cami-nhada. O ditado popular diz: "Fazer o bem semolhar a quem".

3. AMOR NA CAMINHADA: UMAATITUDE SACRIFICIALQuando se fala em amor, logo vem à men-

te algo do sentimento ou das emoções. Masé justamente o contrário, pois a demonstra-ção de amor é algo prático, e não pode con-sistir em apenas em "ter dó de uma pessoa".O sacerdote e o levita, provavelmente, senti-ram pena do ferido, mas não fizeram nada.Sabe-se que a compaixão, para ser verdadei-ra, deve gerar atos sacrificiais.

Em qualquer lugar é preciso mostrar amorsacrificial. Se o sacerdote e o levita tivessemencontrado um homem ferido dentro de umatemplo sagrado, talvez mostrassem compai-xão. Mas, como se encontravam num cami-nho deserto e perigoso, onde ninguém pode-ria ser testemunha da caridade, onde não es-

tavam exercendo funções religiosas e tinhamque desenvolver uma ação sacrificial, não sen-tiram obrigação alguma de socorrer aquele ne-cessitado.

Hoje é possível perceber muitos necessi-tados desse amor sacrificial: delinquentes, en-fermos, oprimidos, viciados, injustiçados, de-samparados, pobres eíc. Esses e tantos ou-tros estão gemendo e pedem a presença dealguém que tenha "azeite e vinho" para suasferidas. Cabe à igreja ir e levar o alívio e a curapara os feridos. Ê preciso refletir que esse amorsacrificial pelos necessitados emerge da des-crição do anúncio da sentença do juízo final(Mt 25.31-46).

É importante enfatizar que não basta umademonstração de amor esporádica ou, atémesmo, sistemática, para o alívio do sofrimen-to. É necessário que os cristãos demonstrema sua compaixão no sentido de contribuir parao desaparecimento das causas do sofrimen-to, ou seja, indo à raiz do problema. Isso émais complexo, difícil e sacrificial, mas é ogrande desafio aos cristãos. A igreja precisadiscutir as causas que geram tanta dor, po-breza e injustiças, e procurar corrigi-las commedidas cristãs e urgentes.

Ampliando^discussãoQuem são, hoje, os Feridos quejazem à beira do caminho?Existem hoje preconceitos quedificultam a prática do amor nacaminhada? Explique.

Auio

E-mail:

r: Rev. Anderson Sathler '(Manhuaçu - MG) ;[email protected] \5

A Oração naCaminhada

Lucas 11.1-13

O Evangelho de Jesus, segundo Lucas, é considerado o Evangelho da oração.Jesus, a caminho de Jerusalém, atendeu ao pedido de um dos seus

discípulos que lhe pediu o seguinte: "Ensina-nos à orar como também Joãoensinou aos seus discípulos" (v. 1).

Aqui a oração é apresentada como resposta a um pedido, e não como se fosseum sermão, conforme o registro de Mateus 6.9-13.

Esse pedido foi motivado pelo exemplo de Jesus que sempre levou a sério asua vida de oração. Aquele que faz parte do reino de Deus, precisa orar àsemelhança de Jesus, em toda a sua peregrinação neste mundo.

Neste estudo, o objetivo centrai é extrair dos ensinos de Jesus algumasdíreírizes para se conseguir urna autêntica vida de oração durante a caminha-da cristã. i

Luzes Jesus apre-senta nessetexto váriaso r i e n t a ç õ e scom referênciaà prática da

" oração. Nosversículos 2-4, ele apresenta a oração-mo-delo, também conhecida como Oração Do-minical, ou Oração do Pai Nosso. Estaoração contém o essencial da oração cris-tã. Essa oração comunitária possui três par-

tes: l) Invocação, ou adoração; 2) Petições;3) Conclusão, ou seja, declaração de re-conhecimento^ da majestade do Senhor.Nos versículos 5-8 Jesus conta uma pará-bola na qual ele ensina que orar é apre-sentar pedidos a Deus'^ que são reflexosdas necessidades humanas. Nos versículos9-13, o Mestre deixa claro que a oração éalgo dinâmico, utilizando os três verbos:pedir, buscar e bater. Ele ensina que, se ospais terrenos (ião boas dádivas aos seusfilhos, quanto mais o pai celestial.

ALIMENTO DIÁRIO PARA A CAMINHADASegunda

Génesis

18.22-33

Terça

l Samuel1.1-18

Quarta

Mateus

6.5-15

Quinta

Lucas

18.1-8

Sexta

João

17

Sábado

Ato s

4.23-31

Domingo

I Tessalonicenses

5.12-28

16

Lições doTexto

1. A ORAÇÃO VERDADEIRA PRESSUPÕECOMUNHÃO COM DEUS E COM OSEMELHANTENessas orientações que Jesus transmite

aos seus discípulos e também aos cristãoshoje, a respeito da prática da oração, é pos-sível encontrar princípios que caracterizam averdadeira oração. Ele ensina que orar é tercomunhão com Deus e com o semelhante.Martinho Lutero, escrevendo a respeito doPai Nosso, disse: "Estas palavras de Cristonos ensinam como devemos orar e o que de-vemos suplicar; e o saber ambas as coisasnos é necessário". A Oração do Pai Nossoinicia-se com a busca de Deus e o seu reino,mas prossegue apresentando um relaciona-mento com o próximo. Isso porque a oraçãocobre toda a vida do cristão. Não é uma ati-tude de contemplação, mas de comunhãocristã dentro da família da fé.

Na Oração Dominical, Jesus ensina queo cristão, perdoado pelo Senhor, precisa per-doar. Isso pressupõe comunhão com Deus ecom o próximo.

É bom lembrar que, certa vez, Jesus ensi-nou a respeito da importância de um relacio-namento saudável com o próximo, como sen-do um requisito para a prática daespiritualidade cristã (Mt 5.21-26). Nesta li-nha de pensamento, vale a pena refletir naconsideração do teólogo Karl Barth, o qualafirmou que esse "nosso" significa a comu-nhão da pessoa que ora com todos aquelesque se encontram com ele e com aqueles queestão convidados a orar, sendo que oramos"Pai Nosso" na comunhão na igreja, ou seja,na congregação. Ele disse mais: "toda a hu-manidade é objeto da intercessão da igreja e

assim nós entramos na comunhão com a hu-manidade inteira". Tudo isso conduz a pensarna oração como sendo não só comunhão comDeus, mas também comunhão com o próxi-mo.

É interessante observar que, quando Deusentregou os Dez Mandamentos, ele apresen-tou esse princípio, pois os quatro primeirosmandamentos apontam para o relacionamen-to com Deus, e os seis restantes, com o se-melhante (Êx 20.1-17).

É possível que alguns cristãos, ao orar,ignorem que é necessário não só falar comDeus, mas também, viver em comunhão como próximo. Quando não se cultiva um bomrelacionamento com o semelhante, a vida deoração torna-se ineficaz.

Assim sendo, a oração une as pessoasque se encontram perto, ou distantes, poisela liga a Deus e identifica a pessoa que ora,com o povo de Deus. Através da oração, ocristão se torna um com os outros, revelan-do, assim, solidariedade cristã.

2. A ORAÇÃO VERDADEIRA PRESSUPÕEDEPENDÊNCIA DE DEUSNo texto de Lucas 11, Jesus conta uma

parábola cujo ensino principal é o pedido deuma pessoa amiga, feito a um amigo, a favorde outro amigo. Pensando bem, é a "Parábolados três amigos". Jesus diz que esse pedido,mesmo sendo feito em hora inoportuna, pre-cisava ser atendido. O fato é que alguém pos-suía uma necessidade básica: pão para outroamigo. Realmente, a dependência motiva aprática da oração, pois orar consiste, também,em apresentar a Deus as carências que sepossui. No versículo 8, o Mestre declara: "...E lhe dará tudo o de que tiver necessidade".

No capítulo 18 do Evangelho segundoLucas, Jesus conta outra parábola: da viúvaque clamou insistentemente a um juiz iníquopara que lhe atendesse em sua necessidade(vv. 1-8). Percebe-se, claramente, a sua per-

17

severança no pedido. Aprende-se com eia aimportância da persistência em clamar ao Se-nhor. Na sequência do texto, o Mestre apro-va a oração do publicano, a qual está de-monstrando a sua total carência de perdão:"... Ó Deus, sê propício a mim, pecador!"Ele revelou dependência da misericórdia doSenhor.

Na caminhada cristã, hoje, é possível en-contrar pessoas que se consideram auto-su-íicientes, até mesmo ao orar, pois deixam dedepender'inteiramente de Deus. Alguns te-mem essa abertura de coração na presençado Senhor, pois acham que isso é sinal defraqueza e que poderão até ser criticados.Porém, isso não é sinal de fraqueza ou fra-casso, mas de humildade e sinceridade. Épreciso reconhecer que são diversas as ne-cessidades do cristão, pois todo ser huma-no é limitado. Deus conhece o coração doseu povo. Este precisa ser autêntico na ora-ção.

3. A ORAÇÃO VERDADEIRA PRESSUPÕEA CERTEZA DA RESPOSTA DE DEUSJesus, em sua caminhada rumo a Jeru-

salém, compartilha com os seus discípulosa respeito da oração, prometendo aos súdi-tos do reino, respostas a ela: "Pedi e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batel, e abrir-se-vos-á" (Lc 11.9,10). Essa certeza é que pro-porciona tranquilidade e segurança, bemcomo, é eia que motiva a busca constanteda orientação divina. O texto apresenta o se-guinte: Se um pai biológico atende ao pedidode seu filho, dando-lhe o melhor, quanto maiso pai celestial (w. 11-13).

O atendimento às orações está condicio-nado à soberania de Deus, pois é ele quemsabe a que, como, por que, e quando aten-der. A Bíblia mostra que até mesmo pessoasaparentemente indignas, foram atendidas emsuas petições, como o malfeitor crucificado(Lc 23.42,43).

A oração é uma prática que possui doislados, ou doisi aspectos, a saber: a parte hu-mana, que consiste em pedir e agradecer; ea parte divina,, que é ouvir, e responder con-forme a sua vontade. Mas, o que o texto ga-rante é que Jesus atende aos rogos das pes-soas, concedendo, em cada caso, a respos-ta apropriada.. Cabe a nós o discernimentopara entendera resposta do Senhor.

Conforme o teólogo Leon L. Morris, "arepetição no versículo 10 sublinha a certezada resposta de1 Deus. Os homens não devempensar que Deus está indisposto para dar;sempre está pronto para dar boas dádivas.Mas é importante que eles façam a sua par-te, pedindo. Jesus não diz, e não quer dizerque, se orarmos, sempre obteremos aquiloque pedimos. Ao final das contas, 'não' é umaresposta tão específica quanto o 'sim'. O textoensina que a verdadeira oração não dejxa deser ouvida, nem deixa de ser atendida. É sem-pre respondida na maneira que Deus consi-dera melhor". :

De modo conclusivo, Jesus, a caminhopara Jerusalém, abre espaço em sua convi-vência com os apóstolos, demonstrando queaqueles que fazem parte do reino de Deusprecisam ter vida de oração.

Ampliando at

discussãoQuais são algumas das evidênciasda oração autêntica?Como discernir a resposta de Deusàs nossas orações?

Auiorj Rev. Dionel Faria(Alio:Jequitibá-MG)

18

Quem é o Senhordo Reino?

Lucas 11.14-32

Luzes O texto queestá sendo estu-dado descreve alibertação pro-porcionada porJesus a um jovemmudo, cuja enfer-

midade era resultado de uma possessãomaligna. O evangelista Mateus declaraque além de mudo ele era também cego(Mt 12.22). O que está em evidência notexto não é a mudez ou a cegueira, mas acontrovérsia sobre a fonte do poder deJesus.

Algumas pessoas, fariseus e escribas(ML 12.24; Mc 3.22), atribuíram a cura doendemoninhado a Satanás. Eles não nega-ram a realidade da cura, mas a atribuírama Belzebu, príncipe ou maioral dos demó-nios (Mt 12.24). O nome Belzebu, prova-velmente é derivado de Baal-zebud, odeus-mosca de Ecrom (II Rs 1.2,3,6,16).Jesus sabia que esta era uma referência aopróprio Satanás. Para mostrar que a fontede seu poder era o próprio Deus, e nãoBelzebu, Jesus afirma que "se o príncipedos demónios expulsava os seus súditos,que estavam fazendo a sua obra, expulsa-

va-se a si rnesmo", observa o professorJohn A. Broadus. As forças do mal estãoconstituídas para lutar contra as forças dobem, e não para destruírem-se a si própri-as.

O mais valente (Deus) é quem amarrae vence o valente (Satanás). Assim, é pelopoder de Deus que a libertação acontece.Porém, "quando alguém se vê livre de umespírito maligno mas põe nada no seu lu-gar, está passando grave perigo moral.Ninguém pode viver por muito tempo umvácuo moral na sua vida. O reino de Deusnão provoca sernelhante vácuo moral numhomem. Significa uma vitória tão grandesobre o mal que é substituído pelo bem epor Deus", declara Leon L. Morris, emseu comentário de Lucas.

A cura do endemoninhado não seconstituiu em um sinal para aquelas pes-soas. Eles pediram um sinal do céu. Je-sus afirma que o único sinal seria o si-nal de Jonas. Para os ninivitas, o sinalfoi o reaparecimento de um homem queaparentemente estivera morto durantetrês dias. Para a geração nos dias de Je-sus, o sinal seria a sua ressurreição, trêsdias após sua morte.

ALIMENTO DIÁRIO PARA A CAMINHADASegunda

Josué1.1-9

Terça

Isaias61.1-11

Quarta

Mateus12.22-32

Quinta

Marcos3.22-30

Sexta

João11.33-46

Sábado

Atos

1.6-10

Domingo

Romanos8.31-39

19

oes doTexto

Pelo texto bíblico que está sendo conside-rado, pode-se dizer que o Senhor do reino é:

1. AQUELE EM QUEM RESIDE TODOPODER E AUTORIDADENa construção de urna nova sociedade,

Jesus é aquele em quem reside toda a auto-ridade de Deus. No cumprimento de sua mis-são, ele encontra aqueles que estão escravi-zados peio diabo e que necessitam de liber-tação para uma caminhada feliz e construti-va.

No texto que está sendo estudado, per-cebe-se que Jesus encontra-se corri um ho-mem, mudo, em consequência de uma pos-sessão maligna. Ao livrar aquele homem des-se espírito mal, Jesus manifesta seu poder eautoridade. Revela a sua força e evidenciasua missão. Alguns que estavam por perto,não podendo negar o milagre, atribuem-no aum poder satânico, dizendo que o que Jesusfizera tinha sido obra de Belzebu, um dos no-mes dados a Satanás. No entanto, Jesus de-clara que Satanás não pode lutar contra sipróprio. Se assim fosse, o seu reino estariadividido e o diabo seria inimigo de si mes-mo. Este episódio confirma o que se encon-tra em Isaías: "O Espírito do Senhor Deusestá sobre mím, porque o Senhor me ungiu,para pregar boas-novas aos quebrantados,enviou-me a curar os quebrantados de co-ração, a proclamar libertação aos cativos, eaporem liberdade os algemados" (Is 61.1).

A igreja, em sua trajetória, é revestidadesse poder e dessa autoridade para o de-sempenho de sua missão. O próprio Jesusdeclarou isto (At 1.8). Portanto, através do

Espírito Santo, que age na vida da igreja, re-vestindo-a de. poder e autoridade, ela estácapacitada para vencer as forças do mal erevelar que Crjsío é maior do que tudo e to-dos. Lamenta-se que em muitos cultos e reu-niões fala-se mais na força do diabo do quena força e superioridade de Cristo.. O professor Leon Morris, comentandoesse texto, declara: 'Uesus aplica firmemen-te a Sua Iição'com um pequeno quadro dovalente guardando as suas posses, isto é, ohomem sob o'poder dele. Satanás está emcontrole e ern paz. Quando um mais valenteo vence, conforme Jesus acabara de fazerao expulsar o demónio, a situação inteira éalterada. A armadura de Satanás lhe é tira-da. Seus despojos (provavelmente o que ti-rara dos seus cativos) são divididos. Os doistermos são pitorescos, e representam a com-pleta incapacidade de Satanás de ficar firmediante de Deus. O mal agarra-se firmementenos homens, [ylas esse aperto forte é que-brado, de modo decisivo, quando chega oreino de Deus.\ reino não consiste em be-las palavras; é a derrota do mal".

Assim, impulsionada por esse poder doalto e pela capacitação divina, a igreja se co-loca neste mundo para combater todo tipode ação satânica, seja nos indivíduos, ou nasestruturas sociais, porque maior é o que estáem nós do que o que está no mundo (Jo 4.4).Paulo, o apóstolo, declara: "Que diremos,pois, à vista deitas cousas? Se Deus é pornós, quem será contra nós?" (Rrn 8.31).

A construção de uma sociedade nova,com pessoas novas, só é possível por parteda igreja, na autoridade e no poder de Jesus.

2. AQUELE QUÊ EXIGE OBEDIÊNCIAE COMPROMETIMENTO COM O REINOA autoridade e o poder de Jesus levaram

uma mulher a declarar uma bem-aventurança

20

à sua rnãe. Ela disse: "Bem-aventuradaaquela que te concebeu, e os seios que teamamentaram" (11.27). Talvez, com estaafirmação, ela estivesse declarando que gos-taria de ter um filho como Jesus. Porém, Je-sus diz a ela que bem-aventurados são aque-les que ouvem a Palavra de Deus e a guar-dam. Guardares ensinamentos de Jesus sig-nifica colocá-los em prática durante a cami-nhada. Aquele que pratica o evangelho estárevelando comprometimento com o reino deDeus.

A igreja, para sustentar o seu compro-misso com Cristo, necessita viver uma vidade obediência a ele e à sua Palavra. O êxito éresultado da observância dessa Palavra. Aspalavras que Jesus dirigiu àquela mulher sãoencontradas, também, em Apocalipse 1.3:"Bem-aventurados aqueles que lêem e aque-les que ouvem as palavras da profecia eguardam as cousas nela escritas..."

O êxito de Josué no cumprimento de suamissão dependia de obediência à Palavra deDeus (Js 1.7,8). Da mesma forma, a igrejatem a sua vitória, mas isto só é possível combase na obediência.

Em sua difícil, porém gloriosa trajetória,a igreja há de se deparar com aqueles quese opõem a Cristo e ao seu reino. Não deixa-rão de existir aqueles que negarão o poder ea autoridade de Jesus. No entanto, na medi-da em que a igreja permanecer fiel, revelan-do comprometimento com esse reino, ela háde ver o projeío de Deus para este mundo,sendo concretizado a cada dia.

3. AQUELEQUEEXIGEARREPENDIMENTO

PARA UMA NOVA CAMINHADA

Muitos daqueles que estavam vendo e ou-vindo Jesus, pediram a ele um sinal do céupara que pudessem crer nele. Estavam ávi-dos por algo mais extraordinário ainda. Eles

dependiam de mais provas sobrenaturaispara aceitarem que Jesus era o Filho de Deus.Conhecendo a dureza de coração e a per-versidade deles, Jesus declara que o únicosinal que receberiam era o sinal de Jonas.Que sinal seria esse? Alguns afirmam, to-mando o texto de Mateus 12.38-42 por base,que era a ressurreição. Assim como Jonasficou três dias no ventre do peixe e depoisreapareceu, Jesus ficaria na sepultura e, aoterceiro dia, ressuscitaria. Outros dizem queo sinal é o arrependimento. Por meio da pre-gação de Jonas, os ninivitas se arrepende-ram. Jesus também exige arrependimentopara que uma nova vida se estabeleça. Sejaqual for a interpretação dada ao texto, a ver-dade é que Jesus morreu e ressuscitou paraque uma nova vida possa ser experimentadapor aqueles que se arrependem de seus pe-cados. O arrependimento é a condição parao novo nascimento. A conversão é, portan-to, uma marca imprescindível na vida do cris-tão, pois "se alguém não nascer de novo,não pode vero reino de Deus" {Jo 3.3).

AmpliandodiscussãoPor que há, hoje, uma constantebusca de sinais por parte dedeterminados grupos cristãos?

O que é possessão demoníaca?

Auíor: Rev. Sérgio Pereira Tavares{Manhumirim - MG)

E-mail: didaque@sofí-hard.com.br

21

BensMateriais

Lucas 12.13-34

E m meados de 1999, o Brasil quase parou para acompanhar o sorteio da Mega Sena,acumulado, naquela ocasião, há um bom tempo. A esperança de ganhar algumasdezenas de milhões de reais fez com que em todo o país se formassem filas imensas

em casas loíéricas. Pois, em toda parte, o sonho de muitos é ganhar muito dinheiro. Sempreíoi assim. Para ganhar muito dinheiro, pessoas fazem o mal e ,o bem.

Na busca desesperada por dinheiro, pessoas atropelam princípios básicos do reino deDeus, como gratidão ao Senhor pelo que se consegue obteri solidariedade para com ospobres, honestidade nos relacionamentos profissionais e justiça na sociedade. O Brasil so-fre com problemas sérios na distribuição de renda. Parece que a maioria da população nãose importa com isso. Alguns programas de TV, veiculados há décadas, anunciam a "felicida-de" a quem for fiel no pagamento de seus carnes. Entre alguns; evangélicos, a situação nãoé muito diferente. Alguns grupos promovem campanhas especiais, com promessas de enri-quecimento sobrenatural e rápido. Emissoras de rádio veiculam testemunhos de pessoasque prosperaram e se enriqueceram com sua participação em tais coisas. Mas não se ouvenestes programas, sejam os "seculares" ou os "religiosos", uma palavra profética de críticaao sistema que promove injustiça social, Nem de orientação ao! povo quanto ao que a Bíbliaensina sobre nossa relação com o dinheiro. i

Luzes Quem lê ocapítulo 12 deLucas, observaque o versículo13 (que inicia otexto básico do

presente estudo) apresenta uma mudan-ça no assunto da passagem. Com a perí-cia de um escritor habilidoso, que domi-na a arte da narrativa, Lucas diz: "Nesseponto, um homem que estava no melo da

multidão lhe falou: Mestre, ordena a meuirmão que reparta comigo a herança".Leon Morris afirma: "uma interrupçãoque surgiu entre a multidão dá uma opor-tunidade para alguns ensinos sobre o usocorreio das posses materiais". A passa-gem é por demais importante, pois apre-senta o ponto de vista de Jesus com rela-ção ao modo como seus seguidores de-vem lidar com p dinheiro e com os bensmateriais. Jesus ensina a prioridade que

ALIMENTO DIÁRIO PARA A CAMINHADASegunda

Provérbios30.7-9

Ter^a

Jeremias22.13-23

Quarta

Lucas6.20-26

Quinta

Lucas11.37-44

22

Sexta

Lucas16.19-31

Sábado

l Timóteo6.3-19

Domingo

Tiago4.13-5.6

o reino de Deus deve ter para quem secompromete com o projeto de vida queele apresenta. O tema da passagem é ariqueza na perspectiva do reino de Deus.O texto não condena as riquezas em si,mas condena colocá-las corno a coisamais importante da vida. No trecho emapreço, há uma parábola (16-21) e uma•seção didática, na qual Jesus fala sobreas riquezas (22-34). Esta é uma de várias

passagens no terceiro Evangelho, em quehá forte crítica ao mau uso que se podefazer do dinheiro. Uma característica deLucas é enfatizar o ensino de Jesus que ariqueza é potencialmente perigosa paraquem quer servir a Deus (6.20-26;16.13,14, 19-31; 18.18-30; 21.1-4).

Como todos os textos em Lucas,12.13-34 oferece muito material para re-flexão profunda.

rcoes doTexto

1. POSSUIR MUITOS BENS

MATERIAIS NÃO É TUDO NA VIDAO texto em estudo só aparece no Evan-

gelho de Lucas. Quando alguém pede a Je-sus que interfira em uma questão relaciona-da a uma herança familiar, o Senhor nãoatende ao pedido que recebeu (12.13,14).Mas aproveita para ensinar que, na vida, omais importante não é o dinheiro ou os bensmateriais: "porque a vida de um homem nãoconsiste na abundância dos bens que elepossui" (v. 15).

Jesus se posiciona na contramão da so-ciedade, tanto naqueles dias, como hoje: aspessoas em geral pensam que, para que avida tenha valor, há de se ter muito dinheiro.A sociedade valoriza o consumismo e quemtem dinheiro, desprezando quem não tem; oque torna mais oportuno o ensino de Jesuspara urna sociedade como a brasileira, naquai há tanta preocupação com a "fachada".Muita gente tem a obtenção de riquezascomo alvo central em sua vida. Para alcan-çar seu objeíivo, corre atrás de muita coisa,sacrifica a família, pisa o seu semelhante,

esquecendo-se que há um Deus no céu pe-rante quem um dia todos prestaremos con-tas.

Quem pensa que dinheiro é tudo, preci-sa ouvir as palavras de Jesus: "Nãoacumuleis para vós outros tesouros sobrea terra, onde a traça e a ferrugem corroeme onde ladrões escavam e roubam; masajuntai para vós outros tesouros no céu,onde traça nem ferrugem corrói, e onde la-drões não escavam, nem roubam; porque,onde está o teu tesouro, aí estará tambémo teu coração" (Mt 6.19-21).

O ideal da ética bíblica quanto ao uso dodinheiro é a dignidade - nem a pobreza, nema riqueza (Pv 30.7-9). Esta dignidade tern aver com sustento, educação, saúde, vestu-ário, lazer; enfim, o que possibilita uma vidacom tranquilidade.

2. OS BENS MATERIAIS DEVEM SERUSADOS EM SOLIDARIEDADE, NÃO

EM EGOÍSMO

Para ilustrar seu ensino, Jesus conta aparábola do homem que teve uma colheitaabundante, e resolveu reconstruir seus ce-leiros. Em perspectiva humana, foi uma ati-tude correia. Mas na perspectiva do remo,sua atitude foi considerada errada, pois Deusmesmo o chamou de louco.

Qual é o pecado que Jesus condena na

23

parábola? O egoísmo. Já se observou que ohomem da ilustração de Jesus só fala na pri-meira pessoa do singular, jamais na primei-ra pessoal do plural: ele não fala de paren-tes ou amigos. Só pensa em si. Vive apenaspara si. Não é solidário. Por isso, é solitário.

A ética económica da Bíblia é solidária.Quem tem de sobra, deve ajudar quem nãotem (Lv 19.9,10; Dt 24.17-22; Lc 3.11; At4.32, etc.). Não se pode esquecerofato que,nas Escrituras, Deus tem interesse especialnos pobres. O ponto talvez mais importantedo ensino bíblico quanto ao uso do dinheiro,é a lei do Jubileu, que prevê correção paraproblemas sociais gravíssimos, como for-mação de latifúndios e aumento de pobreza(Lv 25). A lei do Jubileu, inclusive, tornou-se a base de toda a missão de Jesus (Lc4.16-19).

Conforme a Bíblia, o dinheiro não deveser usado de modo egoísta. Antes, deve serusado de maneira solidária. Biblicamente fa-lando, o uso responsável do dinheiro incluiajuda aos desfavorecidos. Quem usa seu di-nheiro de maneira egoísta, revela ter a mar-ca do inferno. Em dias de insegurança eco-nómica, em que a sociedade incentiva ga-nância e futilidade, e várias igrejas promo-vem a teologia da prosperidade, é importanteresgatar a ética social e económica da Bí-blia, centralizada na justiça e na solidarieda-de. João Caivino, em seus escritos, enfatizoua importância da solidariedade económica.

3. BENS MATERIAIS NÃO PODEMSER PRIORIDADE PARA OS

SEGUIDORES DE JESUSA passagem em apreço termina com uma

conhecida palavra de Jesus (v. 34). O Se-nhor ensina a respeito do que é prioridadena vida dos seus discípulos. "Quem tem ocoração no dinheiro, e o dinheiro no cora-

ção, não pode servir o Deus Eterno: ninguémpode servira dois senhores. Com efeito, ouodiará um e amará o outro, ou se apegaráao primeiro e desprezará o segundo. Nãopodeis servira Deus e ao dinheiro" {Mt 6.24,Bíblia de Jerusalém].

Jesus ensina que o reino de Deus deveocupar a prioridade na escala de valores dosseus seguidores. A nota de rodapé da BíbliaSagrada Edição Pastora! diz: "a aquisição debens necessários para viver se torna ansie-dade contínua e pesada, se não é precedidapela busca do reino".

Quem segue a Jesus não deve se deixardominar pela ansiedade em conseguir o ne-cessário para uma vida digna. Deus mesmogarante o sustento digno de seus filhos (w.22-30). O mandamento de Jesus é claro:"buscai antes de tudo o seu reino, e estascousas vos serão acrescentadas". Correratrás de dinheiro o tempo todo e se esque-cer do reino de Deus, é mundanismo. A so-ciedade precisa ver homens e mulheres quedão prioridade aos valores de justiça, soli-dariedade e humildade, as marcas do reinodos céus em suas vidas.

Ampliando a

É possível compatibilizar riqueza efé cristã?Diante da ditadura doneo-liberalismo económico, qualdeve ser a postura da igreja?

Autor: Rev. Carlos Ribeiro Caldas Filho(Viçosa - MG)

E-mail: [email protected]

24

O Reino "Já Agorae "Ainda Não"

ti

Lucas 12.35-39

A vivência no reino impõe uma tensão constante entre o que já veio e o que está porvir. Muitos cristãos, influenciados por diversos tipos de teologia, entram em crisequando percebem o mal no mundo cada vez mais presente. Diante da crescente

violência, das injustiças de todo tipo, corrupção, inclusive de instituições devotadas àpregação do próprio reino, passam a indagar: "Por que tais coisas acontecem, se o reinojá veio? Como é possível tanta maldade, se o reino de Deus já está implantado? Por queisto acontece?"

É exatameníe sobre este assunto que nosso estudo trata. Uma abordagem da ten-são no reino, entre o que já veio, já se manifesta agora, como realidade; e o que aindanão chegou, está por vir em plenitude. Confundir estas duas realidades bem destaca-das na Palavra, produz enfermidade na vida cristã.

Luzes O evange-l is ta Lucasin ic ia o as-sunto a partirde uma pará-bola. No caso,

""" a parábola deLucas 12.35ss tem similaridade comuma outra parábola, a das dez virgens(Mt 25.1-13). O texto também tem umforte paralel ismo com Lucas 16.1-8,16que, de igual modo, trabalha a ques-tão da tensão e espera do reino. "Emambos os textos, a promessa do Se-nhor é desafiada pela sua aparente de-mora e as ofertas tentadoras das situa-

ções contrárias que querem corromper o ser-vo. E diante desta tensão que Lucas retrata aluta de cada um de nós, entre a ânsia do reinoinstalado, e a difícil militância diante das ofer-tas do mundo. A Bíblia Sagrada Edição Pas-toral, em nota do texto, afirma: "Esperandocontinuamente a chegada imprevisível do Se-nhor que serve, a comunidade cristã permane-ce atenta, concretizando a busca do reino atra-vés da prontidão para o serviço fraterno".

Lucas ensina que o reino já é chegado,como disse o Senhor Jesus (Lc 11.20). Estatambém é a mesma ideia de Paulo quanto àsalvação. Ela já foi decretada na morte e res-surreição de Cristo Jesus; todavia, ainda nãoestá em plenitude (Rrn 13.11).

ALIMENTO DIÁRIO PARA A CAMINHADASegunda

Mateus3

Terça

Mateus4.1-17

Quarta

Mateus11

Quinta

Mateus13.1-23

Sexta

Mateus13,24-43

Sábado

Mateus13.44-58

Domingo

Lucas11.9-13 l

25

Lições doTexto

De acordo com o texto que está sendoconsiderado, como o cristão deve adminis-trar a tensão entre o "já agora" e o "aindanão" do reino?

1. MANTER A ESPERANÇA E ODESAFIO DA TENSÃO ENTRE O"JÁ" E O "AINDA NÃO"

Lucas faz uso de um exemplo corriquei-ro em seus dias, para ilustrar o ensino so-bre a tensão do "já agora" e do "ainda não"do reino. Lucas 12.35-38 retraía o desen-volver de um casamento. O noivo está vin-do. A noiva deve estar preparada e com sualâmpada acesa. Não imporia se ele demo-rará: "Quer ele venha na segunda vigília,quer na terceira..." (v. 38). Manter a espe-rança é o desafio diante da tensão entre o"já" e o "ainda não".

Todavia, nem sempre é romântico es-perar. O salmista Davi, em um primeiro mo-mento, afirmou: "Estou cansado de clamar,secou-se-me a garganta; os meus olhosdesfalecem de tanto esperar por meuDeus" (SI 69.2). Posteriormente, o mesmoDavi, vitorioso, declara: "Esperei confian-temente pelo Senhor, ele se inclinou paramím e me ouviu quando clamei por socor-ro" (SI 40.1). Paulo, escrevendo sobre aesperança, afirma: "Porque na esperançafomos salvos. Ora, esperança que se vênão é esperança; pois o que alguém vê,como o espera ? Mas, se esperamos o que

não vemos, coni paciência o aguardamos"(Rm 8.24,25).'

A aparente demora não deve gerar aba-timento. Tem muita gente confundindo aaparente demora como uma não-vinda. Oapóstolo Pedro, contradizendo esta ideia,afirma: "Não retarda o Senhora sua pro-messa, como alguns a julgam demorada"(II Pé 3.9). Em meio a esta tensão e à apa-rente demora, o cristão é chamado a man-ter sua lâmpada acesa; é chamado ao de-safio de uma viva esperança: "Deus segun-do a sua muita misericórdia, nos regene-rou para uma viva esperança" (\é 1.3). Euma viva esperança precisa estar prepara-da para atitudes concretas e para dar razãode sua motivação em face à tensão do rei-no. É Pedro quem ainda afirma: "Antes,santificai a Cristo, como Senhor, em vos-sos corações, estando sempre preparadospara responder a todo aquele que vos pe-dir razão da esperança que há em vós" (iPé 3.15).

2. UMA TENSÃO QUE REQUERVIGILÂNCIA CONSTANTE

"Bem-aventurados aqueles servos aquem o Senhor{ quando vier os encontrevigilantes..."(v.137}. Se a esperança é amola propulsora da motivação em face àtensão, a vigilância é a postura resultantede quem desenvolve uma viva esperança.É exatamente a isto que Lucas se refere em16.1-8,16. Neste texto, o servo foi infiel nocumprimento das ordens de seu senhor. EmMateus 24.45-5(1, encontramos a parábolado servo bom e'do servo mau. Um perdeua esperança do retorno do Senhor (24.48),e passou a maltratar seus conservos(24.49); o outro, não perdeu de vista o fatode que o Senhor retornaria e requereria seu

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trabalho bem feito.Lucas enfatiza, ainda, que o dono da

casa não sabe a que horas vem o ladrão.Para tanto, ele se prepara e persevera emvigilância, a fim de não ser apanhado des-percebido. Paulo, escrevendo aostessalonícenses, afirma: "Assim, pois, nãodurmamos como os demais; pelo contrá-rio, vigiemos e sejamos sóbrios".

Muitas igrejas sofrem porque seusmembros vivem dissoiutamente, em peca-dos, insensíveis, sem uma busca saudávelde santificação. São pessoas que perde-ram a esperança e não conseguem vigiar."Vigiai e orai, para que não entreis em ten-tação; o espírito na verdade está pronto,mas a carne é fraca" (Mt 26.41).

3. UMA TENSÃO QUE EXIGEDECISÃO

Os valores do reino não comungam comos valores dominantes na sociedade. Oscidadãos do reino são chamados a viveruma contracultura de valores no mundo(Rm 12.1,2). Jesus, em Mateus 5.1-12,caracterizou estes valores pelas bem-aventuranças: os humildes entre os arro-gantes; os limpos de coração entre os su-jos e maculados até à aima; os que têmforne e sede de justiça entre os patrocina-dores da injustiça. A Bíblia Sagrada EdiçãoPastoral, em nota ao texto de Lucas 12.49-53, afirma: "A missão de Jesus, desde obatismo até a cruz, é anunciar e tornar pre-sente o reino, entrando em choque com asconcepções dominantes na sociedade. Porisso, é preciso tomar uma decisão diantede Jesus, e isso provoca ruptura, de-ci-sões".

O teólogo e filósofo Leonardo Boff, noiivro Vida Segundo o Espírito, afirma: "Di-

ante de uma necessidade de decisão, ohomem entra em crise, pois sabe que qual-quer que seja a decisão, implicará em rup-turas, por isso de-cisão."

Em Cristo Jesus somos chamados a re-alizar neste mundo algo novo. E o realizaralgo novo, passa por rejeitar e romper comas velhas e arcaicas estruturas^dominan-tes na sociedade e na religião. É devido aesta realidade que o Senhor, nos versículos49 a 53, afirma: "Supondes que vim trazerpaz à terra? Não, eu vo-lo afirmo; antes,divisão. Porque, daqui em diante, estarãocinco divididos numa casa: três contra dois,e dois contra três..."

O evangelho do reino requer renúncia euma decisão certa em prol da salvação,ainda que tais decisões impliquem em rup-turas, até mesmo familiares!

Ampliando^discussãoNo contexto onde você vive, quaissão alguns sinais que comprovamjá a presença do reino?

Como você entende esta expressãodo Pai Nosso: "venha o leu remo,faça-se a fuá vontade,assim na terra comono céu

Autor: Rev. Carlos de Oliveira Orlandi Júnior(São Paulo -SP)

E-mail: [email protected]

27

Ai spendimento eFrutos

Lucas 13.1-9

D urante toda a sua história, a igreja cristã recebe membros que, pelo poder e mise-ricórdia de Deus, são verdadeiramente convertidos. Pessoas que experimenta-ram uma transformação interior, por meio de Cristo Jesus, tornam-se engajadas

no serviço do reino, produzindo frutos que permanecem. Porém, a igreja recebe tambémpessoas que não são convertidas a Cristo. São aqueles que continuam nas práticas davelha vida, mas se sentem "seguros", pelo fato de pertencerem a uma igreja.

O presente estudo pretende mostrar, a partir do texto básico, que a vida cristã vaimuito além do batismo e da filiação a uma igreja. Arrependimento e frutos são caracterís-ticas básicas da nova vida em Cristo.

Prosseguindo acaminhada para Je-rusalém, Jesus dc-para-se com algunsindivíduos que vãoa ele com o ohjcti-vo de anunciar umatragédia provocada

pela força política de Pilalos, governador daJudéia {Lc 13.1). Assim, a notícia levada aJesus está intimamcnle relacionada aos ma-les provocados por um poder político injustoe tirano.

Além do que está registrado no texlo deLucas, nadamais se sabe a respeito desse mas-sacre provocado pelas tropas romanas. O fatoé que alguns galileus foram mortos enquantoofereciam os seus sacrifícios religiosos. Nãose sahe a razão pela qual eles foram assassi-nados.

Com que intenção aqueles homens foram

narrar este acontecimento a Jesus? Seria paraque Jesus censurasse a atitude do governadorromano c fosse acusado de desrespeito a au-toridade? Ou será que eles estavam tentandorelacionar o sofrimento humano ao pecado?É difícil responder a esta pergunta. No en-tanto, Jesus ofereceu a cies uma respostaconclamando-os ao arrependimento, compa-rando esta tragédia à queda de uma torre emSiloé, que levou à morte dezoito homens.

Jesus deixa claro que essas e outras tra-gédias não estão necessariamente relacio-nadas ao grau de pecaminosidade das pes-soas. Mesmo aqueles que não são vít imasde acontecimentos trágicos, necessitam pas-sar pela exper iência do arrependimento,pois, se isso não acontecer, sofrerão tam-hém a destruição.

Jesus declara que o arrependimento ver-dadeiro se manifesta cm frutos. A parábolada figueira ilustra isso. O fato de uma fiquei-

ALIMENTO DIÁRIO PARA A CAMINHADASegunda

Isaías

5.1-7

Terça

Lamentações

3.22-66

Quarta

Oséias11

Quinta

Lucas

3.1-14

Sexta

João15

Sábado

Romanos

3.9-20

Domingo

Romanos

10.16-21

28

rã estar plantada numa vinha sugere, comoafirma Kenneth Bailey, em seu livro A Poe-sia e. o Camponês - Uma análise literária-cultural das parábolas cm Lucas, que Jesusestava se dirigindo aos líderes religiosos deIsrael, c não à nação propriamente dita. Uma

árvore infrutífera (a figueira) no meio de umavinha suga as forças da vinha se ali continu-ar. Assim, ela é ameaçada de ser cortada. Ovinhateiro roga para que a figueira tenha maisuma chance, depois de adubada. Caso per-manecesse estéril, então seria cortada.

Lições doTexto

1. A AUSÊNCIA DE TRAGÉDIAS NÃODISPENSA A NECESSIDADE DEARREPENDIMENTOJesus aproveita a notícia que recebera da

morte dos galileus, relata o acidente na torrede Siloé, e apresenta um ensinamento clarosobre a necessidade do arrependimento paratodos, não apenas para aqueles que são víti-mas de atrocidades políticas ou de outras ca-lamidades naturais.

O pensamento popular nos dias de Je-sus, como acontece ainda hoje, era o de re-lacionar os acontecimentos trágicos a algumtipo de pecado. Ou seja, doenças e catástro-fes eram atribuídas aos pecados. O relato docego de nascença em João 9.1 -3 é um exem-plo disso. Ao verem o cego, perguntaram aJesus: Quem pecou? Ele, ou seus pais? Je-sus responde que nem ele e nem seus paishaviam pecado, Assim, fica claro que Jesusnega essa mentalidade popular.

Há, sim, sofrimentos que podem ser re-sultado de pecados cometidos. Tiago deixaisso bem claro e relaciona enfermidades apecados que precisam ser confessados (Tg5.14-16). Porém, não se pode dizer que todaenfermidade é provocada por causa de pe-cados cometidos.

Jesus revela que os galileus que forammortos por Pilatos, bem como aqueles ho-mens que morreram por ocasião da cons-

trução da torre, não eram mais pecadoresdo que a liderança religiosa de Israel e tantasoutras pessoas que não haviam enfrentadocalamidades. A ausência de tragédias não égarantia de segurança eterna. Não são ape-nas os que sofrem que precisam se arrepen-der de seus pecados. Sem o novo nascimen-to, que é resultado de arrependimento, nin-guém pode ver o reino de Deus. Essas foramas palavras de Jesus a um líder em Israel (Jo3.3). Ninguém pode se considerar superioraos outros, moral ou espiritualmente, pelofato de não passar por dificuldades. Em vezde julgar os outros, é preciso fazer umaintrospeção e arrepender-se.

Na vida cristã, tanto os deveres não cum-pridos, quanto os aios malignos provocadospelos crentes, devem levar ao arrependimen-to. Ninguém pode se sentir seguro pelo fatode não enfrentar dificuldades e sofrimentosna caminhada. Arrependimento para a salva-ção e arrependimento dos pecados cometi-dos na vida cristã é algo que precisa ser evi-denciado por todos. O apóstolo Paulo apre-senta essa verdade em Romanos 3.9-20.

2. O ARREPENDIMENTO É EVIDENCIADOATRAVÉS DA PRODUÇÃO DE FRUTOSEmbora Jesus estivesse falando da lide-

rança religiosa (figueira), torna-se evidenteque os seus ensinamentos se aplicam a to-dos os que estão no reino, isto é, liderança ecomunidade. Assim, na parábola, o que estáem questão é a necessidade da produção defrutos. A figueira estéril no meio da vinhapoderia prejudicar a produção de uvas. Tan-to a figueira quanto a vinha precisam produ-

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zir. Afirma o professor Kenneth Bailey: "Quan-do esses líderes são infrutíferos, não falhamapenas em sua obediência como indivíduos,mas também tornam estéril comunidade queestá ao seu redor. Deus tem muito cuidadocom a comunidade, e não tolerará indefini-damente esta situação".

A pregação de João Batista era caracteri-zada pelo convite ao arrependimento e à pro-dução de frutos. Aqueles que se apresenta-vam para receber o batismo eram desafia-dos a demonstrar que de fato haviam muda-do de vida, tendo atitudes compatíveis coma fé cristã. Era preciso que o arrependimentofosse traduzido em frutos (Lc 3.8-14).

A falta de frutos coloca a figueira sob ame-aça. Era de se esperar que ela produzissefrutos, pois já havia tempo suficiente paraisto. Porém, como nada era encontrado nela,além de folhas, o dono da vinha decidiu cortá-la. Aqueies que não produzem os frutos doarrependimento estão sob constante amea-ça de serem cortados.

3. A MISERICÓRDIA DE DEUS OFERECEOPORTUNIDADES PARA OARREPENDIMENTO E A PRODUÇÃO DEFRUTOSA decisão de cortar a figueira infrutífera,

que estava prejudicando toda a vinha, foi adi-ada, num ato de misericórdia para com ela.Mais uma chance seria dada. Uma nova opor-tunidade. A figueira seria adubada, receberiaos cuidados necessários. Se mesmo assimela continuasse estéril, então seria cortada.

Detalhes na parábola, como por exemplo,os períodos de três e um ano, são apenaspara completar a história. Não se podealegorizar o texto. O que Jesus está ensinan-do, com esse ano de tolerância, é a miseri-córdia de Deus oferecida a uma liderança in-frutífera e a todos que necessitam de arre-pendimento. Porém, se isío não acontecer, ajustiça será aplicada. Misericórdia e justiça

andam juntas. Pela justiça, Israel pereceria,mas Deus oferece a oportunidade para o ar-rependimento, mediante a sua misericórdia.

A misericórdia de Deus, que oferece opor-tunidades para o arrependimento e a produ-ção de frutos, exige, por outro lado, que osrecursos de adubação sejam aplicados. Ovinhateiro declara que, por mais um ano, es-taria cuidando da árvore, cavando ao seu re-dor e colocando o esterco necessário. Destaforma, Jesus ensina que a misericórdia éestendida com o objetivo de produzir perdãoe renovação, mas isso só é possível comcuidados especiais.

É preciso entender que Deus oferece opor-tunidades à igreja e à sua liderança para quese arrependam e experimentem o perdão e arenovação, curando a esterilidade que mui-tas vezes se observa na vida da comunida-de. É bom lembrar que: 'Xis misericórdias doSenhor são a causa de não sermos consu-midos, porque as suas misericórdias não têmfim" (Lm 3.1).

Ampliando ÍL tl , • ^l59vJr£"*S

í ÍY

A tolerância do vinhateiro daparábola pode ensinar sobre adisciplina eclesiástica na igreja?Explique.

A sua comunidade tem produzidofrutos? O que comprova isto?

Autor: Rev. Sérgio Pereira Tavares(Manhumirim - MG)

E-mail: [email protected]

30

A Natureza doReino

Lucas 13.10-21

P or diversas vezes, encontramos nos Evangelhos a expressão "reino".A palavra "reino" tem, como significado: "o domínio real ou a esfera onde se

exerce tal domínio". Contudo, o sentido de esfera do domínio não é o significadomais fundamental do reino. Como afirma o professor Willian Smith, "o reino não é, emprimeira instância, um lugar ou uma localidade geográfica e espacial que vem. O reino é,acima de tudo, o agir de Deus na sua função de rei e soberano".

Os pronunciamentos acerca do reino de Deus nos Evangelhos não enfatizam o "onde"ele pode estar, e sim, "quem" nele se engajará. Em outras palavras, não somos chama-dos a adquirir um imóvel na localidade do reino de Deus. Somos chamados a adquirir osseus valores, e a sermos, em todos os lugares, cidadãos deste reino de Deus.

Lucas é oevange l i s ta quemais faz referenciasà questão do reino,podendo ser chama-do de "o evangelistado reino". E tam-

bém significativo notarmos que o evangelistaMateus, quanto à realidade do reino, escreve"reino dos céus", pois dirigia-se aos judeus,que evitavam iodo tipo de uso do nome deDeus. Já os evangelistas Marcos e Lucas, fa-zem uso de "reino de Deus". Assim sendo, éimportante lembrar que o uso de "dos céus",ou "de Deus" pelos evangelistas, não altera aconceiluação e conscienlização da realidadedo reino. Todos se reportam a uma mesma

questão.Há um paralelismo entre Lucas 13.10-21

e 14.1-11, onde se desenvolve o tema do rei-no. Tanto em Lucas 13, como em Lucas 14, oautor, antes de abordar explicitamente o temacm questão, faz um preâmbulo ilustrativo,narrando milagres realizados por Jesus. Osdois milagres trazem confrontação com osditames da religião dominante, pois foramrealizados em dia de sábado. E a partir deentão que o autor introduz o tema do reino.Em contraste com a religião arcaica, obsole-ta e opressora, manifesta-se o reino.

O Dr. Champlin, em seu comentário deLucas, afirma: "A cura foi apenas um edito-rial para introduzir as parábolas, cujo cerne éa inauguração e desenvolvimento do reino".

ALIMENTO DIÁRIO PARA A CAMINHADASegunda

Lucas

12.22-34

Terça

Lucas

12.35-39

Quarta

Lucas14.1-11

Quinta

Lucas

17.20-37

Sexta

Ato s

28.23-31

Sábado

Romanos14.13-23

Domingo

I Coríntios

1.26-29

31

Lições doTexto

Vejamos, então, algumas considerações sobrea natureza deste reino.

1. A NATUREZA DIVINA E TRANSCENDENTALDO REINOMuito mais do que uma nomenclatura, o reino

que se estabelecia não era fruto de uma ideologiahumana. O reino é de Deus, pois origina-se emDeus, estabelece-se pela vinda do Filho de Deus ese manifesta a partir do poder de Deus - "Se, po-rém, eu expulso os demónios pelo dedo de Deus,certamente, é chegado o reino de Deus sobre vós"(Lc 11.20).

O professor William Smith assim afirma: "A na-tureza do reino é teocênírica, ou seja, Deus é cen-tra! na pregação do reino. Mesmo o evangelistaMateus, quando afirmava sobre o reino dos céus,não divergia do fato de que Deus é o centro". Oreino não está fundamentado debaixo dacentralidade humana; pelo contrário, comoteocêntrico que é, ele vem de Deus ao homem, as-sim como o Senhor Jesus ensinou a orar: "venhao teu reino, faça-se a tua vontade, assim na terracomo no céu" (Mt 6.10). E este "vir o teu reino"está associada com a chegada da salvação queem Jesus se executaria a favor do homem. E estachegada pode ser vista emtucas como uma cres-cente: Em 4.43 - o Senhor afirma que "é necessá-rio que eu anuncie o evangelho do reino...". Em10.11 - este evangelho se aproximava do homem:"...sabei que está próximo o reino de Deus". E em11.20 é declarado: "...certamente, é chegado oreino de Deus sobre vós".

O reino é a manifestação desse agir poderosode Deus - um agir saivífico; por isso, ele é absolu-tamente transcendental na sua origem, sendo a re-velação da glória de Deus (Mt 16.27; 24.30; Mc8.28;13.26). O teólogo Leonardo Boff, no livro OPai Nosso, afirma: "sjí por causa.do agjresmaga-dor.de Deus vem,g.reino que.as antigas estruturasnão podem conter".

Já Gottfried Brakemeier, no lívro Reino de Deuse Esperança Apocalíptica, afirma: "Falar no reinode Deus como fenómeno transcendente é dificul-tado em nossos! dias por 3 fatores principais: a)Somos determinados pela cosmovisão científica,na qual um mundo transcendente não é previsto,b) Soma-se a isso que a orientação num mundofuturo e transcendental exerce um efeito paralisadore alienante sobre a disposição de se construir ummundo melhor, c) CLterceiroJator é a relevância.Existem necessjdadss primárias, secundárias eagjjejgs.qu.ejia vê rdade nlo. s ao relevantes,. As pri-oridades do nosso mundo são bem mais materiaisque espirituais; razão pela qual, assim se concluique a igreja deve reorientar sua pregação e servi-ço", i

2. A NATUREZA DO REINO SE MANIFESTAEM HUMILDADEUm outro traço claro nos textos de Lucas so-

bre o reino, é que a sua manifestação se dá pelahumildade. A parábola do grão de mostarda revelaclaramente isto: a menor das sementes. O reinonão impressiona por sua ostentação, ou gigantismo,ou luxo, ou qualquer outra questão. O reino, a des-peito de ser de Deus (Senhor de todas as coisas),manifesta-se na percepção do que é pequeno, ouinsignificante e humilde.

Israel, no Antigo Testamento, é protótipo disso.Não .BB uma grande n_acào. Era, na verdade, jjm"RQVJDÍJO" (S1105.12), que poderia passar até pordespercebido. Mas, a despeito dessa realidade pe-quena, em Deuteronômio 7.6-8 assim lemos: "OSenhor teu Deus te escolheu, para que lhe fosseso seu próprio povo, de todos os povos que há so-bre a terra. Não vos teve o Senhor afeição nem vosescolheu, porquel fósseis mais numerosos do quequalquer povo, pois éreis o menor... mas porque

'vos amava". \m Lucas, o Senhor Jesus, ministrando sobre

as bem-aventuranças, afirma: "Bem-aventuradosos pobres, pois dos tais é o reino de Deus" (Lc6.20). O próprio milagre do texto básico revela queo reino se manifestou a uma mulher {desprezívelsocialmente naqueles dias), enferma há 18 anos.Em Lucas 14.1-1^1, o texto paralelo reafirma quetodo o que se humilha será exaltado e que o maiorno reino é o que serve.

32

O reino, que é de Deus, manifesta-se emmeio à simplicidade e aos humildes (l Co 1.26-29).

3. A NATUREZA LIBERTÁRIA DO AMORNO REINOO preâmbulo apresentado em Lucas 13 refere-

se a um milagre realizado por Jesus em uma mu-lher enferma há 18 anos. Por isso ter acontecidoem dia de sábado, os religiosos se alvoroçaram eaté condenaram a mulher. Jesus, então, afirma;"hipócritas, cada um de vós não desprende da man-jedoura no sábado, o seu boi ou o seu jumento,para levá-lo a beber? Por que motivo não se devialibertar deste cativeiro em dia de sábado esta filhacfe/lòraão..."{w.15,16).

No texto, Jesus destaca que a mulher estavacativa de uma enfermidade associada a Satanás.Todavia, o que é impressionante é que Jesus colo-ca no mesmo "pé de igualdade" o diabo, queenfermava a mulher e a religião, que algemava avida. Não foi apenas necessário libertar a mulherda enfermidade do corpo produzida por Satanás;também, foi necessário libertá-la das algemas deuma religião que escravizava o homem, que igno-rava a graça de Deus, e só tinha olhos para os gri-lhões da Lei.

Na oração do Pai-Nosso que Leonardo Boff cha-ma de Oração de Libertação Integral, percebemosque a súplica "não nos deixes cair em tentação"encerra a angústia; e a petição final revela a consu-mação da ação do reino: "livra-nos do mal". As-sim, Boff caracteriza esta natureza libertária do rei-no, afirmando: "libertados do mal e do maligno,estamos prontos para gozar da liberdade dos fi-lhos de Deus no reino do Pai. Aonde não se efe-íuou a libertação, ainda não chegou o reino".

Paulo, escrevendo aos colossenses, usa destametáfora de guerra entre dois reinos para explicaro que acontece com o cristão: "Ele nos libertou doimpério das trevas e nos transportou para o reinodo Filho, do seu amor" (Cl 1.13).

Uma igreja que celebra apenas os números deadeptos, mas fecha os olhos para os humildes, calasua voz frente à exploração, à opressão e à escra-vidão, é apenas porta-voz de uma religião, comooutras tantas que necessitam ainda conhecer a na-tureza amorosa, alegre e libertadora do reino, queé de Deus.

4. A NATUREZA INTERIOR DO REINONo texto de Lucas, encontramos duas parábo-

las - o reino como semente e como fermento. JavierPikaza afirma: "Porque o reino é o grão de mostar-da que está oculto em nossa terra; é um fermentoque já se acha maturando a massa. É porque oreino está dentro, como um dom que se ofereceu.Não se vê, nem se distingue, mas existe e é a forçadecisiva que concede seu sentido ao mundo. O reinoestá dentro..." Jesus alerta para o perigo deidentificá-lo com forças e instituições visíveis. Oumesmo codificá-lo com a totalidade de algo terre-no. Assim ele declara: "Não vem o reino de Deuscom visível aparência. Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou:Lã está! Porque o reino de Deus está dentro emvós" (Lc 17.20,21).

A BLQU&ia semente e j. pouca quaníidade_defermento. e_stão relacionadas corn o crescimento e_a influência. A pej}uejiaj;eji£jitj ^

pouco fermento leveda toda a massa.Todavia, a semente está na terra para ser germina-da; e o fermento só influencia se estiver inseridona massa. O reino se estabelece em nós pela pre-sença do Espírito Santo, que está dentro de cadacristão. Paulo afirma esta realidade dizendo: "Aca-so não sabeis que o vosso corpo é santuário doEspírito Santo, que está em vós...?" (l Co 6.19).

Assim o reino, que é de Deus, manifesta-se apartir de uma relação humilde, traz libertação pa-trocinada pela força do amor e explode na vida in-terior de uma pessoa.

Ampliando^discussãoQual a relação entre a igreja e oreino de Deus?Qual é a extensão do reino de Deus?

33

O Reino e osPerdidos

Lucas 13.10-21

S ão muitos os esforços em favor da vida. Se, de um lado, há atos bárbaros contra avida, felizmente, há surpreendentes iniciativas em favor'.da salvação de vidas. Em-bora alguns estejam por demais feridos, ou deficientes, aparentemente irrecuperáveis,

graças a Deus, cientistas, paramédicos e bombeiros, dentre'outros, empenham-se emsalvar vidas. \O Filho do Homem veio buscar e salvar o perdido" (Lc 19.10} - eis o maior objetivo

do reino de Deus. Nada se compara a esta missão.

Lucas 15 pos-sui bastante uni-dade li terária epedagógica. Co-menta a Bíbl iaSagrada EdiçãoPastoral que "o

capitulo 15 de Lucas é o coração de todoo Evangelho (= Boa Notícia). (...) Comesta parábola, Jesus fax apelo supremopara que os doutores da Lei c os fariseusaceitem partilhar da alegria de Deus pelavolta dos pecadores à dignidade de vida".

O contexto indica que se aproximaramde Jesus "coletores de Impostos" e "pe-cadores" que atraem e provocam o mur-múrio dos "fariseus" e dos "doutores dalei". Eles O acusam de acolher pecadorese comer com eles (Compare com Lc 5.30).Segundo o Dr.Joachim Jeremias, a desig-nação "pecadores" era utilizada para pes-soas que levavam vida imoral (adúlteros,

falsifícadorcs) oíi que exerciam profissãodesonrosa (cobradores de impostos, pasto-res, tropeiros, vendedores, ambulantes,curtidorcs). A estes eram negados até mes-mo os direitos civis.

A pergunta dos escribas c fariseus nãorevela admiração,'mas é uma acusação a Je-sus. Em resposta aos que se consideram "jus-tos" ou "santos", Jesus contou 3 parábolasa respeito da grandiosidade do amor deDeus. Ainda que bastante conhecidas e ad-miradas, estas parábolas não pretendemenfocar a dracma, a ovelha ou os filhos, massim, a mulher , o'pastor c o pai, pessoasinconformadas com a perda e que procuramincansavelmente até encontrar os perdidos.TEXTO

15.3-715.8-1015.11-32

PERSONAGEMPRINCIPAL

O pastor iA mulher, pobreO pai

OSPERDIDOS

A ovelhaA dracmaOs filhos

ALIMENTO DIÁRIO PARA A CAMINHADASegunda

Ezequiel34.1-10

Terça

Ezequiel34.11-31

Quarta

Ezeqtiíel

36.16-38

Quinta

Oséias14

Sexta

Romanos11.25-32

Sábado

Romanos(14.1-12

Domingo

II Coríntios2.5-11

34

ícoes do

TextoA partir das parábolas apresentadas no tex-

to, destacamos:

1. OSPERDIDOS-ALVO PRINCIPAL DOREINOO enredo das parábolas dá fortes evidências

de que Deus deseja e atrai para si os que se en-contram perdidos, abandonados, afastados ouexcluídos. As parábolas contemplam:

(1) um pastor que abandona o rebanho (99ovelhas) para buscar urna ovelha perdida. Jesustraz uma ilustração da mensagem do profetaEzequlel: "procurai a ovelha perdida" (Ez 34.16).Este pastor tem um rebanho de tamanho médio,mas não pode pagar um ajudante e assume oencargo sozinho. Ao contar o seu rebanho, comoacontece ao fina! das tardes, sente falta daquelaque mais gostava. Deixa tudo e busca atéenconírá-la.

(2) uma mulher que vasculha a casa para en-contrar uma moeda perdida. Informa o Dr. LeonMorris que as dez moedas podem representar apoupança de uma pobre mulher ou um ornamen-to, e que uma dracma "era o salário pago a umtrabalhador por um dia de trabalho". O certo éque a mulher recorre à luz e busca incessante-mente até encontrar o que considera um tesou-ro;

(3) um pai que aguarda ansiosamente o re-torno de um filho que saiu e "esbanjou suas ri-quezas nos desperdícios mais desenfreados",como traduziu Phillips. Após dar conta do erroque cometeu, o filho retorna à casa paterna e éacolhido carinhosamente pelo pai amoroso.

Os personagens principais das parábolascumprem uma missão: reencontrar os perdidos.Através das parábolas, Jesus defende a sua mis-são redentora e refuta a acusação dos religio-sos. Ele foi criticado por comer e beber com "pe-cadores". Observa Joachim Jeremias que "paraavaliar o que Jesus fez ao comer com 'pecado-

res', é preciso saber que, no Oriente, receber al-guém em comunhão de mesa significa até os diasde hoje, uma honra, que quer dizer oferta de paz,confiança, fraternidade e perdão; em breve: co-munhão de mesa é comunhão de vida. (...) As-sim sendo, as refeições de Jesus com publicanose pecadores não são acontecimentos só de or-dem social; não são só expressões de incomumcordialidade humana e de generosidade social,bem como de sua simpatia para com os despre-zados; mas o seu sentido é mais profundo. (...)A inclusão de pecadores na comunidade da sal-vação, realizada na comunhão de mesa, é a ex-pressão mais patente da mensagem do amor re-dentor de Deus". Ao comungar da mesa de pe-cadores, Jesus demonstra que o reino não pos-sui os limites definidos pelos homens. Não é com-petência nem de religiosos, ou dos que se consi-deram mais santos ou melhores que outros. Po-rém, ao defender a sua missão, ressalta Jesusque "os sãos não precisam de médicos e sim osdoentes" (Lc 5.31). E, mesmo pessoas excluí-das, como publicanos e meretrizes, precederãomuitos no reino (Mt 21.31). Afinal, "o Filho dohomem veio buscar e salvar o perdido" (Lc19.10).

2. A RESTAURAÇÃO-MANIFESTAÇÃODA GRAÇA DO SENHOR DO REINONas parábolas, o pastor busca a ovelha que

se encontra enfraquecida e desamparada, semconseguir retornar por si só. Ela depende do pas-tor para erguê-la e curá-la. Só resta ao pastortomá-Ia em seus braços, colocando-a sobre osombros, tratando de seus ferimentos e levando-a ao convívio das demais. Semelhantemente, opai corre ao encontro do pródigo, recebendo-oafetuosameníe e devoivendo-Ihe a dignidade defilho: a melhor roupa - um sinal de posição; oanel (talvez de sinete: Gn 41.20); sandálias, quedistinguem o filho dos escravos que andavamdescalços; o novilho cevado, guardado para oca-siões importantes; a celebração festiva, cornmúsicas e danças etc. - sinais vivos da genero-sidade e amor que restaura vidas.

Tanto o pastor quanto o pai, não impõemcondições para o retorno dos perdidos. Primei-ramente, eles retornam; depois, são restaurados.

35

Que lição preciosa para nós! Vezes sem contaportamo-nos como o irmão do pródigo, que re-presentava os fariseus adversários de Jesus.Muitos não admitem o retorno e integração aoconvívio do grupo; ou, no mínimo, dificultam oseu acesso, seja por ciúme ou inveja, ou dúvidaquanto ao poder de Deus! Vale repetir que a igre-ja não é uma vitrine para expor perfeição, masum hospital para acolher os que precisam de re-cuperação. Quando perdidos, voltam-se paraDeus. Devemos recebê-los com carinho e afeto,facilitando a sua restauração, permitindo que oEspírito Santo cure as suas feridas.

3. A ALEGRIA-SINAL VISÍVEL DOREENCONTROHá grande júbilo com o reencontro dos per-

didos. Ao encontrar a ovelha perdida, o pastorconvida os amigos e vizinhos para comemorar;"alegrai-vos comigo, porque já achei a minhaovelha perdida" (15.6). Ao encontrar a moedaperdida, a mulher convida amigas e vizinhas, di-zendo: "alegrai-vos comigo, porque achei adracma que eu tinha perdido" (15.9); ao reen-contrar o pródigo, o pai convoca os seus servos,organiza a grande festa e diz: "comamos eregozijemo-nos, porque este meu filho estavamorto e reviveu, estava perdido e foi achado"(15.23,24); respondendo ao irmão mais velho, opai disse: "era preciso que nos regozijássemose nos alegrássemos" (15.32).

O texto também fala da alegria celestial, pois"há maior júbilo no céu por um pecador que searrepende, do que por noventa e nove justos quenão necessitam de arrependimento" (15.7). Co-menta a Bíblia Sagrada Edição Pastoral, que nãose pretende "dizer que Deus prefere o pecador aojusto, ou que os justos sejam hipócritas. Ela (aparábola) ressalta o mistério do amor do Pai quese alegra em acolher o pecador arrependido aolado do justo que persevera".

Enfatiza Jesus: Deus quer salvar a todos e sealegra com todos que retornam ao seu convívio.Diz Joachim Jeremias: "Esta é a apologia que Je-sus faz do evangelho: Porque Deus é assim, demisericórdia incompreensível, a tal ponto que aalegria de perdoar é sua maior alegria, por isto omeu encargo de redentor é arrancar as presas a

Satã e trazer de volta para casa os perdidos".De forma bela e precisa, diz o Rev. Charles

L'EpIattenÍer, da Igreja Reformada Francesa: "Je-sus põe em cena um pai singularmente poucopossessivo ou autoritário; ele aceita, sem mur-murar, sua condenação à morte simbólica nopedido do filho mais moço para dividir a heran-ça. É pai que respeita a liberdade do filho e nemlhe diz que fique quieto. Pai que sabe escondersua decepção na .hora da partida, mas não suaemoção na hora do retorno, longamente espera-do. Pai não-conformista, alheio ao legalísmo, mastão humano, 'tomado nas entranhas' pela emo-ção (v. 20). Pai que não reclama reparação pré-via dos erros para reintegrar o 'pródigo' em suaqualidade de filho; o fato de ele voltar já é sinalsuficiente de sua 'mudança de mentalidade'?"Quer dizer, ele é o Pai que Íntegra o pródigo econsola o mais velho.

Infelizmente, muitos duvidam ou questionama conversão dos pecadores. O texto nos desafiaa celebrar na terra; a alegria que atinge os céus.Deus quer que todos sejam salvos. Não sejamosobstáculos ou pedras de tropeço para eles. Anossa missão é ajudar a buscar os perdidos,integrá-los e alegrarmo-nos com os reencontra-dos.

Ampliando adiscussão

A igreja tem conseguido encarnar eexpressar o amor de Deus aosperdidos? Explique."A igreja não é uma vitrine paraexpor perfeição, mas um hospitalpara acolher .os que precisam derecuperação'!. O que você achadisso?

Áuíor: Rev. Wilson Emerick de Souza[Lavras - MG)

E-mail: [email protected]

36

mT

A Vinda doReino de Deus

Lucas 17.20-37

E m termos gerais, o que se pode afirmar a respeito do reino de Deus? De formasucinta, podemos dizer que o reino de Deus é salvação e libertação; é ao mesmotempo realidade .presente e esperança futura; é obra de Deus, mas envolve ação

humana; é transcendente, mas também invade a história humana. De maneira bastantesimples pode-se dizer que o reino de Deus é o mundo como Deus quer que ele seja.

Luzes No texto deLucas 17.20-37,em resposta à in-dagação de umfariseu, Jesusdiscorre a respei-to da vinda do

reino. Nos versículos 20 e 21 ele fala so-bre a presença do reino como algo interi-or: "está dentro de vós". Outras tradu-ções possíveis são: "entre vós outros",ou "ao vosso alcance". Nos versículos22, 24 e 25 há referências ao "dia do Fi-lho do Homem", isto é, o dia da segundavinda de Cristo e a consumação do reino,evento precedido e iniciado com os so-frimentos de Cristo. Nos versículos 26 e27 são apresentados dois exemplos his-tóricos e clássicos, a respeito do juízoimpetrado por Deus. São ilustrações dogrande juízo que marcará o estabeleci-mento definitivo e final do reino. Ante à

iminência desse dia, os discípulos sãoalertados quanto ao perigo da acomoda-ção ao estilo de vida da sociedade não-cristã. Nos versículos 34 a 36 há referên-cias infonnando que, quando da vinda doSenhor, urn será tomado e outro deixado.A ênfase aqui é apenas ao fato de queuns escaparão do juízo e da condenação,enquanto outros serão salvos. Esta inter-pretação vincula-se ao versículo 37, queé, na verdade, um provérbio utilizado porJesus para descrever o cenário do julga-mento vindouro. O versículo paralelo aeste, no Evangelho segundo Mateus (Mt24.28) é comentado da seguinte maneirana Bíblia de Estudo Almeida', "Expres-são proverbial; aqui, pode sugerir que oregresso do Filho do Homem será acom-panhado de sinais evidentes para todos,assim como a presença de urn cadáver nodeserto se dá a conhecer pelas aves derapina que se reúnem".

ALIMENTO DIÁRIO PARA A CAMINHADASegunda

. Mateus

10.1-15

Terça

Mateus

25.1-13

Quarta

Mateus25.31-46

Quinta

Lucas

3.1-20

Sexta

Lucas

8.4-15

Sábado

Lucas

11.14-22

Domingo

Atos

1.1-11

37

Lições doTexto

1. O ASPECTO ESPIRITUAL DO REINONos dias de Jesus, a ideia que as pessoas

em geral, e os próprios discípulos tinham arespeito do reino de Deus, era aceníuadamenteterrena, política e militarista. Todos ansiavamporver os sinais concretos da inauguração doreino messiânico anunciado pelos profetasvétero-íestamentários, por João Batista e pelopróprio Senhor Jesus. Pensava-se que aconcretização de tais pregações consistiria narestauração do reino de Davi, na derrota dosromanos e num domínio político de Israel so-bre os outros povos (Mc 10.11; i_c 24.21; At1.6). Possivelmente, foi com esta convicçãoe com sinceridade, que o fariseu interrogou aJesus quanto à vinda do reino. A resposta doMestre é objetiva. Ele esclarece que a vindado reino não seria com visível aparência, istoé, com ostentação (v. 20), e nem geografica-meníe localizada - aqui ou lá-(v. 21), pois,na verdade, "o reino de Deus está dentro emvós".

Gottfried Brakemeier, observa que a termi-nologia indicativa de que o reino vem "é signi-ficativa, pois mostra que o reino irrompe nomundo 'de fora" (Reino de Deus e EsperançaApocalíptica, Sinodal, 1984, p. 35).

O reino é, antes de tudo, uma realidadeespiritual e interior. Ele não é instalado exter-namente, rnas nasce interiormente, a partir domomento em que o Espírito Santo atua no co-ração do indivíduo, levando-o ao encontro comCristo, à assimilação dos valores do evange-lho e à encarnação de sua mensagem. Comcerteza, o grande sinal da presença do reino éa transformação de vidas operada pelo Espíri-to Santo, mediante o evangelho. É precisamen-te isto que Jesus quer dizer quando afirma que"o reino de Deus está dentro em vós" (v. 21).

2. O ASPECTO.HISTÓRICO DO REINOÉ importante observar que o reino não é

um conceito abstraio, de caráter apenas espi-ritual e pessoal. Os sinais da presença do rei-no se manifestam historicamente. Esta mani-festação se dá através da obediência ao evan-gelho, a nova vida em Cristo. Os sinais da vidado reino são inequívocos, de acordo com osrelatos dos Evangelhos (Mt 11.2-6; 12.28; Lc11.20). A derrota de Satanás, o suprimentodas necessidades básicas do ser humano, operdão dos pecados e a libertação de todasas formas de legalismo e opressão, são si-nais evidentes de que o reino de Deus é che-gado. A presença do reino de Deus no mundose manifesta também através de movimentose estruturas sociais, políticas e económicascomprometidos bom a justiça, com a causados fracos, com a vida. "A utopia bíblica é oreino de Deus, onde a justiça realiza a liberda-de e a vida para Itodos. Essa utopia acontecehistoricamente toda vez que há triunfo da jus-tiça sobre a injustiça"(Bíblia Sagrada EdiçãoPastoral}. Em seu Cântico, Maria antevê e ce-lebra os sinais da vinda do reino, evidencia-dos na queda dos poderosos e na exaltaçãodos humildes (Lc 1.51-53).

Deve ficar bem claro, porém, que "toda re-alização do reinoinas estruturas da sociedadeé fragmentária, tem caráter de semente. A ple-nitude do reino ultrapassa tudo que humana-mente é possível. É Deus quem há de trazê-la" (G. Brakemeier, op. c/í., p. 16). Jesus mes-mo adverte: "Não vem o reino de Deus comvisível aparência) Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou:Lá está!" (w. 20,' 21). Não se pode, pois, re-duzir ou confundir o reino com estruturas só-cio-políticas, ainda que comprometidas como bem, nem com' as manifestações sobrena-turais de cunho carismático e nem mesmocom a igreja. O reino transcende a tudo isso.

A vinda do reino com suas manifestaçõeshistóricas deve ser ansiada e buscada cons-tantemente pelo cristão. É exatamente isso queJesus sugere ao ensinar os seus discípulos aorar, dizendo: "venha o teu reino; faça-se a

38

tua vontade, assim na terra como no céu" (Mt6.10). Jesus recomenda buscar em primeirolugar o reino de Deus e a sua justiça (Mi 6.33).Aqueles que não priorizam o reino são adver-tidos pelo Senhor (w. 26-29). Infelizmente,hoje muitos estão de tal forma ocupados comseus negócios terrenos que, assim como oscontemporâneos de Noé e de Ló, "não têmtempo e atenção sobrando para levar a sérioas advertências que lhes advêm da parte deDeus" (Lucas: Introd, e Coment, Vida Nova/Mundo Cristão, p. 245).

Os verdadeiros discípulos de Cristo sãoagentes do reino e, como tais, precisam vivere proclamar os valores do reino de Deus notempo e no lugar em que estão. Deusinstrumentaliza indivíduos e a comunidade paraa concretização do reino na História.

3. O ASPECTO ESCATOLÓGICO DO REINOEste é outro importante aspecto do reino.

É o que ainda está por vir. No aspecto históri-co percebe-se o reino "já agora"; no aspectoescatológico, "ainda não". "O reino de Deus,pois, é futuro, como o é 'aquele dia' em queterá lugar o grande juízo de Deus (Mt 11.24;Lc 10.12; 12.36) e a vinda do Filho do Ho-mem. O mesmo está em evidência nas assimchamadas parábolas da 'parusia' (Mt24.43s;Mc 13.33ss). Como ladrão à noite, como se-nhor voltando de longa viagem (Mt 25.14ss),como noivo chegando à meia-noite (Mt25.1 ss), assim virá o reino. Este, portanto, éum fenómeno escatológico. É o futuro domundo e a esperança dos que crêem. Mas elevirá por sua própria dinâmica, sem interferên-cia de homens, por ser totalmente de Deus"(G. Brakemeier, op. cit, p. 35).

No texto básico Jesus faz algumas afirma-ções sobre a sua manifestação e a vinda defi-nitiva do reino, as quais consideramos a se-guir:

O versículo 31 indica que não haverá tem-po para nenhuma'providência "porque assimcomo o relâmpago, fuzilando, brilha de uma àoutra extremidade do céu, assim será, no seu

dia, o Filho do homem", (v. 24). O reino deDeus vem subitamente. É preciso estar sem-pre preparado.

Os versículos 34-36 indicam apenas queuns serão salvos e outros se perderão, comofoi no dia em que Noé entrou na arca e no diaem que Ló saiu de Sodoma. À luz do ensinogeral da Bíblia, esses versículos não dão basepara a crença popular de um arrebatamentosilencioso da igreja, sem que aconteça simul-taneamente o julgamento do mundo (Mt 25.31 -46). "A Parusia e o Juízo marcam a separaçãoentre o tempo presente e o tempo por vir. Sãocomo anunciantes do que se denomina o rei-no de Deus ou a vida. (...) O reino de Deusdescreve o estado de coisas depois do Juízo,vistas pelo prisma divino. Completa-se a so-berania de Deus, aniquilados todos os que selhe opunham. O universo purificado de todo omal. Do ponto de vista das esperanças e aspi-rações do homem, a existência em condiçõestais pode, com justiça, ser chamada vida por-que é a soma total de tudo o que consistiu avida no seu sentido mais completo - a verda-deira vida" (O Ensino de Jesus, ASTE, 1965,p. 272).

Ampliando^discussãoO que significa buscar em primeirolugar o reino de Deus?De que maneira a igreja deveguardar o "ainda não" , isto é, aconcretização plena e definitiva doreino?

Autor: Rev. Enezíel Peixoio de Andrade{Alto Jequitibá - MG)

E-mail: [email protected]

39

A Chegada deJesus a Jerusalém

Lucas 19.28-48

texto

deJesus a Jerusalémconstitui-se numimportante marcoda história da sal-

^ vação. É o finalda anunciada viagem de Jesus a Jerusa-lém, que vem sendo estudada nesta série.Também, porque é o começo da denomi-nada semana da paixão de Cristo. Pró vi-dência! mente, esta última semana de Cris-to na terra começa no Domingo de Ra-mos, e termina com o Domingo da Res-surreição. A chegada a Jerusalém reves-te-se de profundo significado quanto àmissão de Jesus, conforme Lucas mante-ve-nos informados ao longo da viagemdo Salvador (13.22; 17.11; 19.28).

Este episódio é narrado pelos quatroevangelistas com muitas semelhanças, in-

clusive nos detalhes. O evangelista Lucasé original em sua narrativa, fruto de suaacurada pesquisa. Por exemplo, ele rela-ciona este episódio à coroação do reiSalomão (I Rs 1.33, 38-40). Lucas tam-bém utiliza expressões semelhantes àque-las do hino dos anjos no primeiro Natal(Lc2.14).

A narrativaptexto possui caráter tipi-camente cristológico e litúrgico, em queas particularidades cedem lugar a um ob-je t ivo maior: o reconhecimento eexaltação do rei Jesus, como o Messias.A questão crucial diz respeito à identi-dade de Jesus e seu reconhecimento pú-blico como en.viado de Deus. E, comoacontece nas horas determinantes de seuministério, surgem diferentes reaçõesque posicionam as pessoas ern relaçãoao reino.

A PARTICIPAÇÃO CONSCIENTE DOS

DISCÍPULOS

Observamos no texto que Jesus faz de

Betânia a sua base estratégica, instalando-se possivelmente no lar dos amigos Marta,Maria e Lázaro (o evangelista João introduza cena da procissão após a ressurreição deLázaro). Jerusalém, a capital, prepara-se paraa festa da Páscoa, a mais importante cele-bração dos judeus, quando receberá pesso-as de diferentes lugares. Betânia dista pouco

ALIMENTO DIÁRIO PARA A CAMINHADASegunda

iReis1.33;38-40

Terça

Isaías

45

Quarta

Mateus

21.1-11

Quinta

Marcos11.1-11

Sexta

Lucas

9.51-56

i Sábado

; João

i 12.12-19

Domingo

Filipenses2.5-11

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mais de 3 Km, a leste da capital. O caminhoque Jesus faz é sobre a ladeira oriental doMonte das Oliveiras (que cerca Jerusalém),com seus 800 metros (do nível do mar).

Jesus elabora um plano, faz previsões,organiza todo o evento. Ele viaja para Jeru-salém no domingo pela manhã. Passando porBetfagé, indica a aldeia na entrada da cida-de, onde havia um jumentinho. Ele dá as ins-truções de como proceder. Desta feita, ne-nhum discípulo pergunta, questiona ou duvi-da. Eles apenas acatam a ordem do Mestre,submetendo-se ao seu plano. E tudo aconte-ce conforme anunciado. Eis a preciosa lição:a obediência é condição indispensável aodíscipulado cristão. Aqui está o segredo detoda a caminhada cristã. Em nossa vida cris-tã agimos assim?

O Mestre também instrui os discípulosquanto à resposta a ser dada, caso sejamsolicitados a dar explicações quanto ao em-préstimo do jumentinho. A senha é: "o Se-nhor precisa dele" (19.31-34). Deus tem todoo poder nos céus e na terra (Mt 28.18). Mas,prefere contar conosco em seus planos. Deusquer o que lhe pertence para a realização desua obra. Tudo o que temos e somos deveser dedicado e instrumentalizado para o cum-primento do propósito do Senhor. O queestamos disponibilizando para o abra do quediz: "O Senhor precisa dele"?

Um outro aspecto importante é aconscientização dos discípulos. Eles perce-bem que o episódio em Jerusalém faz parteda missão de Jesus. Deus cumpre os seussantos propósitos e ele espera que sejamosos seus colaboradores fiéis, acatando às suasorientações e obedecendo às suas ordens.

2. A ACLAMAÇÃO ESPONTÂNEA DO POVOAo ver a entrada de Jesus em Jerusalém,

o povo passa a adorá-lo. Improvisam umabela procissão para adorar ao que vem emnome do Senhor. Jesus não rejeita a expres-são sincera e espontânea daquela gente,

como não despreza as nossas expressõescúiticas de exaltação de sua pessoa.

Observamos, no texto, que peças são uti-lizadas para forrar o animal, como se faziamcom os fidalgos. Também, que na falta de ta-petes, as pessoas estendem as suas vestes,um costume oriental utilizado para saudar per-sonalidades. Curiosamente, Lucas omite a in-formação de outros evangelistas de que o chãofoi forrado com ramagens, à semelhança daaclamação de Jeú, rei de Israel (II Rs 9.13) euma alusão à festa dos Tabernáculos, que uti-liza ramos vários (Lv 23.40).

Jesus é aclamado como Rei, através dasexpressões utilizadas de profundo significa-do à liturgia bíblica: "Hosana", que quer di-zer "ajuda-nos" (S1118.25), ou como se vêno coro angélico do nascimento de Cristo ounos cânticos entoados por ocasião das gran-des festas de Israel. A aclamação respondeà pergunta de João Batisía: "És tu o que vemou devemos esperar outro?" {Mt 11.3).

A entrada triunfal do Messias não tern cu-nho político, como desejam (ou gostariam)alguns. Jesus não desfila em carros de guer-ra, nem utiliza sofisticados rituais, mas sim,uma montaria simples (um "jumento novo",isto é, "de pouca idade" = no qual ninguémjamais montou), que revela simplicidade, mastambém dignidade. Jesus assume publica-mente a sua missão messiânica, conformeanunciada no Antigo Testamento, como nabênção proferida por Jacó (Gn 49.11), oucomo Príncipe da Paz (Is 9.6), ou como pro-fetizou Zacarias (9.10), e precipita a ofertade Cristo pela humanidade.

Próximo de sua entrega definitiva, Jesusnão mais encobre a sua missão como o en-viado por Deus para cumprimento profético.Ele é Senhor e o único a ser exaltado parasempre! Esta celebração reveste-se da pro-clamação do nome do Senhor, contagiandotoda a cidade. Quando celebramos com amesma vibração e a fazemos com naturali-dade e espontaneamente, estamos anunci-

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ando o nome do Senhor; e os que se encon-tram à nossa volta, certamente, serãoimpactados com a mensagem da salvação.

3. A PREOCUPAÇÃO DOS OPOSITORESO reino de Deus experimenta oposíções.

Aclamado pela multidão como o Rei, Jesusprovoca fortes reações nos líderes religiosos,que ficam enfurecidos. Ele provoca uma crisede poder. Os religiosos, leia-se "fariseus", fi-cam incomodados com a manifestação dopovo e a popularidade de Jesus. Diz oevangelista Mateus que a adoração alvoroçoutoda a cidade. Os fariseus chegaram a pedir aJesus que calasse a multidão. Mas ele disse:"Asseguro-vos que se eles se calarem, as pró-prias pedras clamarão" (19.40). Ao comen-tar o texto, o Rev. HEplattenier diz que a res-posta de Jesus "é ambígua. Ela parece dizerque o alegre anúncio proclamado pelos discí-pulos não poderia ser sufocado pela repres-são, e que triunfará, suceda o que suceder...esse 'grito das pedras1 pode ser entendido emoutro sentido, a saber: Jesus pode ter-se lem-brado da palavra do profeta Habacuque: 'a pe-dra da muralha gritará' (He 2.11), pensandona destruição de cidade criminosa".

A observação é significativa, porque Je-sus, com dor profunda se recorda do profetaJeremias, ao fazer o seu lamento sobre a ci-dade de Jerusalém e anunciar a sua destrui-ção. Neste confronto, Jesus denuncia a con-dição da capital da religião, que não sabe qualo caminho da paz. Comenta a Bíblia SagradaEdição Pastoral que Jerusalém se tornou "ocentro da exploração e opressão do povo, en-veredando por um caminho que é o avessoao caminho da paz. Ela será destruída, por-que não quer reconhecer na visita de Jesus aocasião para mudar as próprias estruturasinjustas".

Ao sentir a rejeição da cidade, Jesus seentristece e, movido por profunda compai-xão, chora sobre a cidade e anuncia a suadestruição. Ele entra no templo e expulsa os

comerciantes que transformaram a casa deoração em "covil de salteadores". E, mes-mo correndo risco de vida, Jesus ensina notemplo. Nas palavras do comentaristaAugustin George, "Ele não é o Messias polí-tico da esperança nacionalista, mas o rei quevem visitar o seu povo para assegurar o cul-to de Deus e proclamar a sua palavra". Masa cidade preferiu endurecer o seu coração. Ea consequência;foi a sua destruição. No ano70 d.C., os exércitos romanos liderados porTito, sitiaram a cidade, destruíram as suasmuralhas e a incendiaram, inclusive o tem-plo. !

Até hoje, a denominada "cidade santa"continua a conviver com diferentes conflitos,principalmente de ordem religiosa. E por quê?Infelizmente, a cidade ainda não compreen-de nem aceita Jesus como Messias. A opo-sição ou rejeição continua hoje, a despeitode dois mil anos de História. Compete aoscristãos interceder e anunciar a mensagemsalvadora. Pois, ensinam as Escrituras Sa-gradas, que todo joelho se dobrará e todalíngua confessará que Jesus Cristo é Senhor(Fp 2.5-11). i

Ampliando^discussão

• Além de aclamar a Jesus corno rei eSenhor, o quemais se espera cia igreja?• Você acha que a rejeição havida emJeaisalém se repete hoje? Por quê?

Autor: Rev. Wilson Emerick de Souza(Ldyras - MG)

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