26 01 12 Livro VIII Congresso de Psicologia

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Anais VIII Congresso Brasileiro de Psicologia do Desenvolvimento VIII Congresso Brasileiro de Psicologia do Desenvolvimento De 12 a 15 de Novembro de 2011 Organizadores: Maria Cláudia S. L. de Oliveira Diva Maria Albuquerque Maciel Jane Farias Chagas Maristela Rossato Mônica Neves Pereira Patrícia C. Campos Ramos Sylvia Regina Magalhães Senna Universidade de Brasília

Transcript of 26 01 12 Livro VIII Congresso de Psicologia

  • Anais

    VIII Congresso Brasileiro

    de Psicologia do Desenvolvimento

    VIII Congresso Brasileiro

    de Psicologia do Desenvolvimento

    De 12 a 15

    de Novembro

    de 2011

    Organizadores:

    Maria Cludia S. L. de Oliveira

    Diva Maria Albuquerque Maciel

    Jane Farias Chagas

    Maristela Rossato

    Mnica Neves Pereira

    Patrcia C. Campos Ramos

    Sylvia Regina Magalhes Senna

    Universidade de Braslia

  • C749 Congresso Brasileiro de Psicologia do Desenvolvimento (8. : 2011 : Braslia).

    Anais do VIIII Congresso Brasileiro de Psicologia doDesenvolvimento / Maria Cludia Santos Lopes de Oliveira ...[et al.], organizadores. Braslia : Associao Brasileira dePsicologia do Desenvolvimento, 2011.

    1364 p. ; 21 cm.

    ISSN 2177-1413

    1. Psicologia do desenvolvimento Congressos. I. Oliveira, Maria Cludia Santos Lopes de (org.).

    CDU 159.922

  • 3VIII Congresso Brasileiro de Psicologia do Desenvolvimento

    Sumrio

    Apresentao ..................................................................................... 5

    Comisses ........................................................................................... 7

    Estrutura do evento ............................................................................ 8

    Programao Cient fi ca ....................................................................... 9

    Sbado, 12/11 .................................................................................... 9

    Domingo, 13/11 .................................................................................. 9

    Segunda-feira, 14/11 .......................................................................... 487

    Tera-feira, 15/11 ............................................................................... 999

    ndice por ati vidades .......................................................................... 1341

    ndice Remissivo ................................................................................. 1345

  • 5VIII Congresso Brasileiro de Psicologia do Desenvolvimento

    APRESENTAO

    Prezados Parti cipantes do VIII Congresso Brasileiro de Psicologia do Desenvolvimento,

    com grande prazer que apresentamos os Anais do VIII CBPD, um evento da Associao Brasileira de Psicologia do Desenvolvimento que neste ano tem por tema A Psicologia do Desenvolvimento para a Transformao da Amrica Lati na.

    O VIII CBPD traz capital federal cerca de 600 parti cipantes, entre pesquisa-dores, profi ssionais, estudantes de graduao e ps-graduao de Psicologia e re-as afi ns, oriundos de quase todos os estados brasileiros e de pases das Amricas e Europa. Este nmero consti tui um recorde e d testemunho da importncia deste evento, que se consolida no calendrio cient fi co da Psicologia brasileira.

    So apresentados aqui aproximadamente 500 trabalhos, entre mesas redon-das, simpsios, comunicaes orais e psteres, relacionados a sete reas temti cas. Consti tuem eles relatos de pesquisas e abrangem uma pluralidade de contextos, objetos e metodologias, em torno dos quais se tem construdo a Psicologia do De-senvolvimento. Mas, encontramos tambm relatos de experincia profi ssional, tra-balhos que enfocam o estado da arte da pesquisa da rea e ensaios crti cos, os quais expressam a diversidade de leituras do fenmeno do desenvolvimento humano na linha do tempo, uma pluralidade de perspecti vas que temos buscado preservar neste Congresso!

    Este ano, o CBPD apresenta outras novidades. Abraamos a vocao de pro-mover e qualifi car a interlocuo e as redes de colaborao acadmica com nossos colegas pesquisadores e profi ssionais de outros pases da Amrica Lati na. Contamos com a presena de congressistas e renomados conferencistas de diferentes pases do conti nente americano, com destaque para Colombia, Peru, Argenti na, Cuba, Estados Unidos, alm da Alemanha. Deste modo, visamos contribuir para dar expresso riqueza do pensamento psicolgico que se produz nos diferentes pases desse conti -nente, alm de debater questes comuns a nossas realidades socioculturais de pases consti tudos a parti r de relaes coloniais.

    Desta forma, adotamos intencionalmente uma posio disti nta da que marcou a construo histrico-social da nao brasileira que, ao longo dos cinco sculos de

  • 6VIII Congresso Brasileiro de Psicologia do Desenvolvimento

    histria manteve o olhar direcionado para a Europa e a Amrica do Norte, e as costas para o conti nente lati noamericano. Que essa realidade, que j vem se alterando, seja positi vamente afetada pelos debates ocorridos neste Congresso!

    Aproveitamos a oportunidade para expressar nosso agradecimento CAPES, CNPq, Universidade de Braslia e a todos aqueles parti cipantes, membros das Co-misses, avaliadores ad hoc, parceiros e patrocinadores, sem os quais no teramos chegado at aqui.

    Braslia, 15 de novembro de 2011.

    Maria Cludia S. L. de OliveiraPresidente da ABPD

    Comisso Organizadora do VIII CBPD

  • 7VIII Congresso Brasileiro de Psicologia do Desenvolvimento

    COMISSES

    Diretoria da ABPD

    Maria Cludia Santos Lopes de OliveiraAdeiaide Alves DiasAna Paula Soares da SilvaMiri Alves de AlcntaraZena Winona Eisenberg

    Comisso Cient fi ca

    Vera Maria Ramos de Vasconcellos(Coordenadora)

    Avaliadores Ad Hoc

    Adelaide Alves DiasAlba Cristi ane SantannaAlessandra Oliveira Machado VieiraAlexsandra Zanetti Ana Ceclia de Souza BastosAna Paula Soares da SilvaAnamelia Lins e Silva FrancoAngela Donato OlivaAngela Maria Uchoa de Abreu BrancoBernadete de L. Alexandre MouroCarolina LampreiaCeclia Guarnieri Bati staCludia Broett o Rossetti Dbora de Hollanda SouzaDiva Maria Albuquerque MacielElaine Pedereira RabinovichEliane Maria Fleury SeidlElton Hiroshi MatsushimaGabriela Souza de Melo MietoIvalina PortoJane CorreaJane Farias Chagas FerreiraJulio Rique NetoLeila Regina de O. d Paula NunesLeila Sanches de AlmeidaLucia Helena Cavasin Zabott o PulinoLucia Vaz de Campos MoreiraMaria Cludia S. Lopes de OliveiraMaria Helena Fvero

    Maria Helena Vilares CordeiroMaria Regina MacielMrio Sergio VasconcellosMaristela RossatoMiri Alves de AlcntaraMnica Neves-PereiraOlga Maria Piazenti n Rolim RodriguesPatricia AlvarengaRosalia DuarteRosangela FrancischiniRuben de Oliveira NascimentoSvio Silveira de QueirozSilviane Bonaccorsi BarbatoTania Mara SperbVera Maria Ramos de VasconcellosZena Winona Eisemberg

    Comisso Organizadora Local

    Diva Maria Albuquerque MacielJane Farias Chagas FerreiraMaristela RossatoMnica Neves-PereiraSandra Ferraz Casti lho FreireGabriela Souza de Melo MietoSylvia Magalhes Senna

    Comisso Executi va

    Ana Carolina Villares Barral Villas BoasAna Paula Carlucci Andr de Carvalho BarretoFrancisco Rengifo HerreraJulia Escalda MendonaJulio Cesar dos SantosManuela SmithMarina KohlsdorfMnica Rocancio MorenoPatricia Cristi na Campos RamosPolllianna Galvo SoaresRute Morais Nogueira BicalhoSueli de Souza DiasTati ana Yokoy de Souza

    Secretaria Executi va

    Cludia da C. Freire

  • 8VIII Congresso Brasileiro de Psicologia do Desenvolvimento

    ESTRUTURA DO EVENTO

    Dia 12/11 - sbado

    17h-17h30 Mesa de abertura

    17h30-18h30 Conferncia de abertura

    18h30-19h30 Apresentao musical

    19h30 Coquetel

    Dia 13/11 - domingo

    8h30-10h Programao Cient fi ca

    10h-10h30 Co ee Break

    10h30-12h30 Programao Cient fi ca

    12h30-14h ALMOO

    14-15h30 Programao Cient fi ca

    15h30-16h Co ee Break

    16h-18h Programao Cient fi ca

    18h-20h Programao Cient fi ca

    Dia 14/11 - segunda-feira

    8h30-10h Programao Cient fi ca

    10h-10h30 Co ee Break

    10h30-12h30 Programao Cient fi ca

    12h30-14h ALMOO

    14-15h30 Programao Cient fi ca

    15h30-16h Co ee Break

    16h-18h Programao Cient fi ca

    18h-20h Programao Cient fi ca

    19h30 Lanamento de Livros

    Dia 15/11 - tera-feira

    8h30-10h Programao Cient fi ca

    10h-10h30 Co ee Break

    10h30-12h Programao Cient fi ca

    12h-14h - Programao Cient fi ca

  • 9VIII Congresso Brasileiro de Psicologia do Desenvolvimento

    DIA 12/11 - Sbado

    CONFERNCIA

    La Psicologa del desarrollo en la actuali-dad. Una mira desde lo histrico cultural, proferida pelo prof. Dr. Guillermo Arias Be-aton, da Universidad de La Habana, Cuba.

    DIA 13/11 - Domingo

    8h30-10h

    CONFERNCIA

    Bullying: Preveno da Violncia e Pro-moo da Cultura da Paz nas Escolas

    Angela Uchoa Branco UnB

    Diversos estudos voltados para a investi -gao de crenas e valores entre crianas, adolescentes e professores tm demons-trado que, na maioria dos contextos esco-lares, os professores orientam seus alunos a competi rem entre si ou a serem individu-alistas (e.g. Branco, 2003; Kohn, 1992; Pal-mieri, 2003). Essa orientao geralmen-te implcita nas variadas formas de mani-festao do currculo oculto associado comunicao e metacomunicao. O currculo oculto se expressa pela canali-zao, geralmente suti l, das crenas, valo-res e aes dos alunos em certa direo, e pode ocorrer, por exemplo, por meio da

    valorizao da competi o, e at mesmo da agresso f sica e verbal como estratgia de resoluo de confl itos, minimizando-se o sofrimento emocional do aluno humi-lhado e discriminado pelos colegas. No contexto escolar, a mdia noti cia com fre-qncia situaes de bullying, onde crian-as e adolescentes vivenciam incontveis constrangimentos como apelidos relacio-nados sua aparncia e agresses por parte dos colegas. Observa-se que nesses contextos de violncia gratuita e repeti -ti va muitas vezes a escola e os professo-res no encontram alternati vas para lidar com a situao, uma vez que o bullying um fenmeno complexo, sintoma de uma sociedade onde valores sociais positi vos e a ti ca so colocados em segundo pla-no. Dessa forma, necessrio destacar a importncia de se discuti r sobre as emo-es, as razes afeti vas e moti vacionais do fenmeno bullying, e promoo da ti ca e cooperao entre os alunos, arti culando o tema com a realidade da escola, com as caractersti cas e contedos das prprias disciplinas e ati vidades pedaggicas e com as interaes sociais que se do no mbito educacional. Nesta palestra, irei analisar e discuti r estas questes, trazendo da-dos empricos obti dos em pesquisa por mim coordenada sobre o tema, onde en-trevistas e observaes foram feitas com professores e crianas do quinto ano de escolas pblicas e parti culares. Tendo em vista a relevncia da escola nos processos de socializao e desenvolvimento moral de crianas e adolescentes, e necessrio a co-construo de uma Cultura de Paz. A Paz, porm, no sinnimo de um es-tado estti co de harmonia, caracterizado pela ausncia de confl itos, mas sim deve ser entendida como um permanente pro-cesso (Jares, 2007) co-construti vo moti va-

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    VIII Congresso Brasileiro de Psicologia do Desenvolvimento

    do por valores de justi a, solidariedade e negociao de confl itos, onde senti men-tos de empati a e compreenso mtua permeiem os processos de comunicao e as estratgias de ensino adotadas pe-los professores. Para a paz ser promovida na escola, necessrio a re-signifi cao subjeti va da violncia e da competi o por parte da cultura escolar como um todo, no senti do de se promover, diante de confl itos, a negociao cooperati va e inteligente. Nosso trabalho em relao questo do bullying tem se inspirado par-ti cularmente na perspecti va sociocultural construti vista (e.g. Branco, 2006; Madu-reira & Branco, 2005; Valsiner, 2007). Esta abordagem terica se apresenta bastante produti va em abranger a complexidade do fenmeno bullying, e promover aes efeti vas em prol de uma cultura de paz na escola. Internalizar desde a infncia o princpio de que o outro merece ser tra-tado como eu gostaria de s-lo, preve-niria situaes de violncia e bullying na escola e, possivelmente, contribuiria para a construo da paz em contextos sociais mais amplos, como a famlia, o ambien-te de trabalho e outros. Entretanto, para a construo do respeito mtuo e de um ambiente de paz na escola, essencial que haja o empenho polti co e local para a formao dos professores, no senti do de prepar-los para prevenir o bullying e saber atuar caso este ocorra no ambien-te escolar, de forma cooperati va e com o trabalho conjunto de todos os parti cipan-tes da comunidade escolar. No mais possvel desconsiderar a importncia da promoo das interaes sociais positi vas para o desenvolvimento global da criana e do adolescente no mbito das insti tui-es educati vas. Estas podem e devem atuar no campo da promoo concreta de

    interaes humanas saudveis, ti cas e respeitosas, promovendo valores relati vos justi a, dignidade humana e responsa-bilidade social. Quanto mais cedo isto for feito, mais os alunos sero benefi ciados em seu desenvolvimento. Da a necessi-dade de preveno da violncia na escola, especialmente a preveno do bullying, por meio da promoo da educao para a paz como eixo transversal presente em todas as ati vidades exercidas no contexto escolar, das matrias estudadas s aulas de educao f sica, sempre passando pela qualidade atenciosa, respeitosa porm fi r-me dos educadores. Afi nal, os alunos pre-cisam conhecer e compreender o signifi -cado da convivncia pacfi ca, da mediao construti va de confl itos e da construo permanente de um contexto democrti -co baseado na ti ca. O certo que todos, professores e alunos, so sujeitos ati vos na transformao de sua prpria realida-de, e somente a parti r de suas convices e moti vaes algo poder ser transforma-do. A programao e implementao de ati vidades cooperati vas entre os profi ssio-nais que atuam na insti tuio educati va e nas salas de aula, bem como ati vidades cooperati vas incluindo as famlias, todas so relevantes para o sucesso de projetos integrados de preveno do bullying e de promoo de uma Cultura de Paz. Somen-te com base em um trabalho conjunto de todos os profi ssionais envolvidos no con-texto da escola, um trabalho de equipe no qual todosinclusive funcionrios como porteiros, merendeiras etcparti cipem ati vamente, que podero ser gerados processos de transformao da cultura escolar no senti do da incluso de todos, e do trabalho efeti vo em relao a promo-o da paz e da preveno do bullying nas escolas.

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    VIII Congresso Brasileiro de Psicologia do Desenvolvimento

    CO 01-LT01 Emoo/Afeti vidade

    LT01-951 - REVISO BIBLIOGRFICA:A EMOO NO DESENVOLVIMENTO DO BEB NO PRIMEIRO ANO VIDA

    Ludmilla DellIsola Pelegrini de Melo Ferreira- USP/[email protected] Kti a de Souza Amorim - USP/RPkati amorim@ clrp.usp.br

    Financiamento: FAPESP, CNPq

    A emoo tema presente em diversas reas do conhecimento, dentre eles, a psicologia do desenvolvimento. Henri Wallon se destaca pelos seus estudos so-bre a emoo, tornando-se um referencial para a investi gao deste tema. Em sua teoria, a emoo elemento central nos primeiros meses de vida, a qual propicia-ria a consti tuio do vnculo entre beb e ambiente social; representando, assim, o primeiro plano de sociabilidade que con-tribuiria para promover a solidariedade de comportamento e de ati tudes entre o beb e as pessoas no entorno. A par-ti r da leitura deste autor e de alguns de seus estudiosos, no entanto, percebeu-se a explorao da emoo mais restrita ao plano terico e aos primeiros meses de vida. Buscando aprofundamento dessa questo, traou-se o objeti vo de desen-volver um estudo emprico para investi gar a emoo ao longo do primeiro ano de vida, investi gando suas manifestaes em processo de transformao ao longo deste perodo. Para a realizao deste trabalho, um dos percursos foi verifi car o que tem sido produzido na literatura, em termos de estudos empricos, acerca da emoo

    relacionada ao desenvolvimento de todo o primeiro ano de vida. essa reviso que ser aqui apresentada. Para o levan-tamento bibliogrfi co, realizou-se reviso nacional e internacional sobre a temti ca seguindo as etapas: 1) escolha das bases de dados para pesquisa: uma base de da-dos nacional (BVS-Psi) e uma internacional (PsycINFO); 2) traou-se critrios de in-cluso (arti gos, teses e dissertaes; sem restrio de data na base nacional e restri-o dos lti mos cinco anos na internacio-nal; idiomas ingls, portugus, espanhol e francs; trabalhos com disponibilidade de resumos) e excluso (livros, captulos de livro e resenhas; revistas exclusivamente da rea mdica); 3) pesquisa e defi nio das terminologias indexadas (emoes, desenvolvimento emocional, desenvolvi-mento infanti l (BVS-Psi e PsycINFO), esta-dos emocionais e bebs (BVS-Psi), e early childhood development (PsycINFO); e 4) busca pelas palavras-chave (beb, infant e emoo), e os cruzamentos entre elas e os descritores. Algumas palavras buscadas - como emoes/emoti ons, beb/infant, desenvolvimento infanti l/infant develop-ment - resultaram em expressivos nme-ros de arti gos; por outro lado, a parti r dos cruzamentos, houve queda considervel deste nmero. Considerando que o obje-ti vo desta reviso foi analisar o que tem sido produzido sobre emoo especifi ca-mente no desenvolvimento de bebs no primeiro ano de vida, a parti r dos resu-mos e dos critrios de incluso/excluso, optou-se por afunilar as buscas aos cruza-mentos, chegando-se a 249 trabalhos, 247 arti gos e 2 teses. Ao analisar estes traba-lhos, percebe-se a diversidade de estudos e, ao mesmo tempo, a escassez dos mes-mos relacionados emoo no desenvol-vimento de bebs, pois a maior parte dos

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    VIII Congresso Brasileiro de Psicologia do Desenvolvimento

    trabalhos realizada somente com o pai ou com a me dos bebs, analisando os aspectos emocionais dos pais no proces-so da maternidade e paternidade. Ainda, encontram-se relatos clnicos enfocando alguma difi culdade ou patologia materna, ou at mesmo a relao me-beb de for-ma terica ou clnica, predominantemente a parti r da psicanlise. No entanto, foram encontrados trabalhos sobre o desenvol-vimento de bebs considerando a emoo como um dos processos deste desenvolvi-mento. Estes estudos podem ser divididos entre terico, reviso de literatura e em-pricos. Os primeiros apontam para a im-portncia e necessidade de novos estudos na rea, principalmente longitudinais e da abordagem sociocultural e evolucionista. Os segundos so estudos realizados com bebs entre 0 e 2 anos, principalmente em laboratrio, transversais, com vdeo-gravao ou observao e focando a dade me-beb. Estes trabalhos tm analisado e discuti do as expresses faciais, voca-lizaes, resposta ao meio e construo do repertrio emocional, propondo, de uma forma geral, que as expresses fa-ciais dos bebs esto inti mamente e re-lacionalmente conectadas ao contexto e aos est mulos que lhes so apresentados, mostrando sintonia e reciprocidade com o ambiente e tambm a variabilidade indi-vidual das respostas emocionais. Compre-ende-se que estes trabalhos colaboram para a visualizao dos aspectos emocio-nais e expressivos dos bebs ao longo do primeiro ano de vida, e contemplam o ca-rter biolgico e social da emoo. Por ou-tro lado, a anlise mostra algumas lacunas entre esses estudos, como a ausncia de investi gaes longitudinais, realizadas no ambiente do beb, que no seja em labo-ratrios, e que acompanhem o processo

    de/em transformao da emoo no de-senvolvimento do beb. Sendo assim, os estudos encontrados na literatura ofere-cem material emprico para a discusso da temti ca, e tambm apontam direes para estudos prospecti vos.

    Palavras-chave: Emoo, beb, desenvolvimento, reviso bibliogrfi ca.Contato: Ludmilla DellIsola Pelegrini de Melo Ferreira - [email protected]

    LT01-1305 - RECONHECENDO EMOES: UM OLHAR DESENVOLVIMENTAL SOBRE O PAPEL DA MSICA NA ONTOGNESE HUMANA

    Nara Crtes Andrade - UFBA,[email protected]

    A emoo intrnseca experincia que temos com a msica, sendo que diferentes afetos podem ser expressos atravs dela, a exemplo de serenidade, tristeza, angsti a, medo, entre outros. Apesar das refl exes sobre as relaes entre msica e emoo remontarem a pensadores como Plato, pesquisas cient fi cas so recentes e vm apontando que as respostas emocionais para a msica dentro de uma cultura apa-rentam ser altamente consistentes dentro da mesma e entre ouvintes, acurada, ra-zoavelmente imediata e precisa (Viellard et al, 2008, p. 721). As emoes so fe-nmenos complexos e multi dimensionais que compreendem desde fenmenos bio-lgicos a fenmenos subjeti vos e sociais, sendo, muitas vezes, acompanhada de uma intensa reao fi siolgica e psicolgi-ca. Defende-se que as emoes possuem trs funes principais: 1) Social - comu-nicar informaes sobre estado de nimo, alm de provveis comportamentos e in-

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    VIII Congresso Brasileiro de Psicologia do Desenvolvimento

    tenes; 2) Adaptati va - preparar fi siologi-camente o indivduo para a ao, aumen-tando suas chances de sobrevivncia; Mo-ti vacional facilitar os comportamentos moti vados (Fernandez-Abascal et al, 2010; Freitas-Magalhes e Castro, 2009). Segun-do Reeze (2006, p. 191), as emoes so fenmenos expressivos e propositi vos de curta durao, que envolvem estados de senti mento e ati vao, e que nos auxiliam na adaptao s oportunidades e aos de-safi os que enfrentamos durante eventos importantes da vida. Pesquisas sobre emoes bsicas expressas por msicas vm apontando que as respostas emo-cionais podem ser bastante consistentes e coincidentes entre as diferentes idades (Peretz, 2009). Muitos autores defendem que emoes como alegria, medo e triste-za podem ser induzidas atravs da msica, sendo que estas esto presentes em diver-sos espaos do nosso coti diano, como, por exemplo, em trilhas sonoras de fi lmes, es-pecialmente aqueles dirigidos s crianas. Em termos ontogenti cos, as emoes dependem do amadurecimento de es-truturas neurais que dem sustentao a seu funcionamento. Segundo Frnandez--Abascal e cols. (2010), as emoes prim-rias, a exemplo da alegria, da surpresa, da repugnncia (nojo), da tristeza e do medo, se desenvolvem no incio da vida, enquan-to as emoes secundrias ou sociais, tais como cime, culpa, vergonha, precisam tanto do desenvolvimento de estrutu-ras neurais quanto aspectos referentes a aprendizagem e socializao, tais como in-ternalizao de algumas normas sociais ou desenvolvimento de identi dade pessoal. Do ponto de vista adaptati vo, essencial que o beb comparti lhe seus estados in-ternos com seus parceiros sociais (Berga-masco, 1997) e seja capaz de processar in-

    formaes relati vas ao estado afeti vo dos mesmos. A criana comea a desenvolver a capacidade de percepo relati va s ex-presses vocais e faciais no seu primeiro ano de vida (Flom et al, 2008), sendo que aos 4 meses de idade, os bebs podem discriminar expresses bimodais (facial e vocal) de felicidade, tristeza e irritao e aos cinco meses diferenciam expresses unimodais vocais de raiva, felicidade e tristeza. As crianas prestam ateno pre-ferencialmente a est mulos auditi vos que expressem emoes. No caso da fala, por exemplo, as crianas atentam mais a falas emoti vas do que a falas neutras (Kitamu-ra & Burnham, 1998; Singh, Morgan & Best, 2002). Em pesquisa realizada como bebs de seis meses de idade, encontrou--se que as crianas apresentavam maior ateno sustentada a episdios de canto materno do que a episdios de fala ma-terna (Nakata & Trehub, 2004). Estes auto-res salientam que a fala um importante meio de transmiti r emoes, entretanto, possivelmente a msica uma maneira mais efi caz de faz-lo, especialmente en-tre crianas em estgio pr-lingusti co, as quais podem as mensagens verbais em sua forma, mas no em seu contedo. Segundo Peretz e Sloboda (2005), estes achados sugerem que, possivelmente, a msica pode ser considerada como mais poderosa que a fala no que diz respeito expresso de emoes. Flom et al (2008), em pesquisa realizada com crianas sau-dveis nascidas a termo e sem complica-es neonatais, observaram que crianas entre 5 e 7 meses foram capazes de dis-criminar trechos felizes e tristes quando habituados a trechos tristes e no quando habituados a trechos alegres. Com 9 me-ses, entretanto, as crianas discriminaram todos os trechos musicais avaliados como

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    VIII Congresso Brasileiro de Psicologia do Desenvolvimento

    afeti vamente diferentes. Kastern e Cro-wder (1990), em estudos realizado com crianas entre 3 e 12 anos, apontam que, mesmo as crianas mais jovens, de 3 anos de idade, mostram reconhecer a valncia afeti va da msica de sua prpria cultura - negati va, positi va - associando-a aos mo-dos em que estas so compostas, modo menor e maior, respecti vamente. Segun-do Cunningham & Sterling (1988), aos 4 anos as crianas j so capazes de reco-nhecer explicitamente emoo de alegria expressa pela msica. Entretanto, o estu-do realizado por Dalla Bela e cols. (2001) encontrou que crianas de 3 e 4 anos no apresentam ainda habilidade no reco-nhecimento de emoes alegres e tristes. Estes autores destacam que questes me-todolgicas, tais como a tarefa apresen-tada de apontar para faces esquemti cas representando as reaes emocionais, po-dem haver interferido no resultado, j que esta pode requerer habilidades ainda pou-co desenvolvidas nesta faixa etria. Sendo que aos 5 anos as crianas so capazes de reconhecer msicas alegres e tristes (Dalla Bella & cols., 2001) e aos medo e ameaa (Dolgin & Adelson, 1990; Terwogt & Van Grinsven, citado por Vielard e cols., 2008). importante salientar que estas pesqui-sas se referem a uma melhor acurcia no reconhecimento de emoes alegres e tristes, enquanto as emoes de medo e raiva so muitas vezes confundidas entre si. A msica, historicamente, tem sido um elemento recorrente em todas as culturas conhecidas (Schellenberg & cols., 2008) com a qual a criana convive, a exemplo das canes de ninar, brincadeiras canta-das, etc. A mesma a dimenso emocional intrnseca sua experincia de imenso valor ao desenvolvimento, a exemplo da regulao emocional que exerce em crian-

    as muito pequenas, caracterizadas pelas canes de ninar; socializao e interao entre pares, a exemplo das brincadeiras cantadas (Pinto & Lopes, 2009); entre ou-tras dimenses. Entretanto, como ressalta Baruch (2010), as pesquisas em psicologia da msica com crianas so relati vamen-te recentes, sendo ainda mais escassas no Brasil. As diversas pesquisas que tm sido realizadas acerca da discriminao e ao reconhecimento de emoes em m-sica com diferentes faixas etrias apontam para uma compreenso de como este fenmeno ocorre durante o desenvolvi-mento infanti l. Entretanto, como pode-mos notar acima, importante salientar que estas so, em sua maioria, recentes e pouco consensuais, sendo ainda escassas e apontando um campo de estudos em expanso.

    Palavras-chave: msica, emoes, desenvolvimento humano.

    LT01-1307 - O TESTE DO DESENHO DA FAMLIA COMO UMA REPRESENTAO DOS MODELOS INTERNOS DE FUNCIONAMENTO

    Dbora Matos - [email protected] Antnio Roazzi - [email protected]

    Financiamento: CNPq

    John Bowlby postulou que o comporta-mento de apego no ser humano, assim como em vrias outras espcies de or-dem primria e insti nti va, cuja funo adaptati va seria a preservao da vida, tendo em vista que o fi lhote sozinho no tem a mnima chance de sobreviver. Assim, a criana tem uma tendncia na-

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    VIII Congresso Brasileiro de Psicologia do Desenvolvimento

    tural para buscar o contato e a proteo de um adulto, seja ele a me ou a fi gura de um outro cuidador. O ti po de cuida-do oferecido pela me ou cuidador, ou seja a fi gura de apego primria, oferece um protti po de relacionamento sobre o qual a criana capaz de construir suas expectati vas diante de relacionamen-tos outros que surgem ao longo da vida. Ainsworth (1978), em seu experimento Situao Estranha observou trs esti los de apego, que se desenvolviam na crian-a conforme os critrios de sensibilidade desta fi gura primria para responder aos sinais do beb e a quanti dade e a nature-za da interao entre os mesmos. Assim, crianas com esti lo de apego seguro (B) apresentam um bom equilbrio entre au-tonomia e proximidade, sendo capazes de uti lizar a fi gura de referncia como base segura. A qual percebida pela criana como positi va, sensvel e sempre dispo-nvel s suas requisies de ajuda. Nas crianas com apego evitante (A) h uma nfase na autonomia e independncia, mostram-se indiferentes fi gura de ape-go, a qual percebida como impaciente, negati va e rgida. As crianas com apego ambivalente (C), por sua vez, apresentam excessiva ati vao do sistema de apego, buscando uma cont nua confi rmao da presena e proteo da fi gura de apego. interessada, mas no consegue estabe-lecer roti nas sincronizadas, apresentando incoerncias. Est convencida de no ser amvel, enquanto que o outro percebi-do como confi vel e positi vo. Os esti los de apego discriminados por Ainsworth (op. Cit.) sofreram uma evoluo no senti do de no serem mais vistos como formas es-tanques de relacionamento. Os modelos Internos de funcionamento (MIF), como agora so denominados, podem sofrer

    mudanas durante a vida, de acordo com outras experincias vividas pelo indivduo. O desenho tem sido usado h muito tem-po pela psicologia como forma de acessar as representaes do indivduo acerca de si mesmo e do mundo que o cerca. Par-ti ndo do mesmo pressuposto o desenho da famlia foi estudado por diversos au-tores de forma a classifi car caractersti cas no mesmo que ti vessem correlao com os esti los de apego (Kaplan, May, 1986; Fury, Carlson, Sroufe, 1997; Atti li, Ruby, 2000; Maddigan, Ladd, Golberg, 2003). Mais recentemente Roazzi, & cols., (2011) tambm verifi caram a possibilidade de acessar as representaes acerca das re-laes afeti vas por meio do desenho da famlia em crianas de educao infanti l e ensino fundamental. Tal pesquisa, j rea-lizada na Itlia, est sendo trazida para o Brasil por meio deste trabalho, tendo em vista a necessidade de pesquisas com o tema, contextualizadas nesta realidade especfi ca. Analisar a correlao entre as caractersti cas do desenho da famlia e os Modelos Internos de Funcionamento, to-mando como base os estudos anteroires. Prover uma base para futura validao do desenho como uma representao do apego por meio do uso de um instru-mento j conhecido. Avaliao de uma amostra composta por 25 alunos do 1 ano do Ensino Fundamental de uma es-cola pblica do Recife com relao aos esti los de apego por meio de uma verso modifi cada (Atti li, 2001) do Separati on An-xiety Test, de Klagsbrun e Bowlby (1979). Aplicao individual do teste do desenho da famlia validado para classifi cao dos esti los de apego por Fury e colaboradores (1997). A verso italiana do presente estu-do demonstrou que o desenho da famlia pode ser considerado um mtodo vlido

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    para assessar os estados atuais de apego em crianas. Por meio de testes estat sti -cos tradicionais, uti lizando o SSA (Smallest Space Analysis - Bloombaum, 1970; Gutt -man, 1965; Shye, 1985; or Similarity Struc-ture Analysis - Borg & Lingoes, 1987), mui-tas caractersti cas do desenho mostraram relao com as ti pologias de apego. Dados obti dos por meio de simultneas inercor-relaes lanaram luz sobre as complexas estruturas representacionais da criana acerca de seus laos familiares. As seguin-tes variveis dimensionais mostraram-se relevantes: Crianas coma pego ambiva-lente demonstraram maior probabilidade de situar seu prprio desenho mais pr-ximo do desenho da me que os segura-mente apegados (os quais se desenhavam a uma distncia equilibrada da mesma: C < B, A; 2 (2)= .28 p B; 2 (2)= 5.4 p

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    contempla na psicanlise a nfase na sin-gularidade do sujeito, tendo a afeti vidade um papel central na consti tuio deste. Na teoria walloniana as emoes e o afe-to, tem papel fundamental na consti tuio da pessoa. A emoo teria primeiramente a funo biolgica calcada na concepo evoluti va de Darwin, tendo em vista que a espcie humana, em geral, tem um nico fi lho por gestao, e um longo perodo de dependncia deste em relao aos cuida-dos do adulto para o seu desenvolvimento pleno. A primeira manifestao de emo-ti vidade na vida humana, conforme esta abordagem o choro, que concebido como a garanti a de que as necessidades do beb sero prontamente atendidas pela me. Da tem-se uma emoo, car-regada de sua caractersti ca contagiosa e epidmica, sendo base da relao eu-outro. Esta manifestao emoti va se consti tui na relao entre os aspectos biolgico e social, pois o choro tambm considerado por Wallon como uma ex-presso de linguagem, uma vez que a me ouve o choro do beb, contagiada por sua reao emocional de desconforto e reage atendendo s suas solicitaes. Para Dantas (1992), na teoria walloniana, cuja orientao fi losfi ca o materialismo dia-lti co, a emoo simultaneamente bio-lgica e social, circunscrita em um tempo historicamente situado, a premissa bsica da unicidade do sujeito nas dimenses que o integram. Desse modo, a emoo humana, se consti tui por meio das mani-festaes de linguagem verbais e no ver-bais que s acontecem em funo da me-diao cultural e social entre sujeitos. As etapas do desenvolvimento humano em Wallon no so estanques. O sujeito no perde, ou substi tui totalmente as emo-es primrias, elas coexisti ro com as no-

    vas emoes que surgiro durante toda a existncia. Por essa via explicati va, o pres-suposto integrador entre os aspectos bio-lgicos, cogniti vos e afeti vos funcionam de modo sincrti co, portanto indissociveis. Wallon ressalta dois mecanismos regula-dores do desenvolvimento psicogenti co, a saber: alternncia e preponderncia, estes se arti culam num jogo interacional intenso entre os componentes biolgicos e sociais do psiquismo humano. medida que as interaes entre os indivduos vo ocorrendo, vo surgindo novas formas de afeti vidade, por exemplo: o senti mento e a paixo que podem se manifestar tanto de modo verbal, pois h palavras que a expressam, bem como gestos e ati tudes motoras que podem express-las do mes-mo modo, sem que haja uma hierarquia na forma escolhida pelo sujeito para ex-pressar a afeti vidade. O que demarca a escolha da expresso afeti va o contexto interacional instaurado entre os sujeitos envolvidos no ato comunicacional. Para Bowlby, o vnculo da criana sua me , tambm, um comportamento inicialmen-te de ordem primria e insti nti va, cuja funo adaptati va seria a preservao da vida. Assim a criana tem uma tendncia natural para buscar o contato e a proteo de um adulto, seja ele, a me ou a fi gura de outro cuidador. Essa busca de contato, manifestada primeiramente pelo choro, provoca determinado ti po de reao na me, que a parti r de ento, se confi gura como cuidadora. Consti tui-se, assim, um esti lo de relacionamento primrio entre me e fi lho, ou cuidador e criana. O ti po de cuidado concedido por este, oferece um protti po de relacionamento sobre o qual a criana capaz de construir, por meio de generalizao, suas expectati vas diante de relacionamentos que surgem ao

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    longo de sua vida. H, assim, duas condi-es que contribuem na formao ou no do apego a uma fi gura primria, ou ainda ao esti lo de apego proveniente desta re-lao: a) a sensibilidade desta fi gura para responder aos sinais do beb; b) a quan-ti dade e a natureza da interao entre os componentes do par. Conforme estas va-riveis, trs padres bsicos de apego po-dem se desenvolver (Ainsworth, 1978): a) Crianas com esti lo de apego seguro apre-sentam um bom equilbrio entre autono-mia e proximidade, sendo capazes de uti -lizar a fi gura de referncia como base se-gura, a qual percebida pela criana como positi va, sensvel e sempre disponvel s suas requisies de ajuda; b) Nas crian-as com apego evitante h uma nfase na autonomia e independncia, mostram--se indiferentes fi gura de apego, a qual percebida como impaciente, negati va e rgida; e c) As crianas com apego ambiva-lente, por sua vez, apresentam excessiva ati vao do sistema de apego, buscando uma cont nua confi rmao da presena e proteo da fi gura de apego. interessa-da, mas no consegue estabelecer roti nas sincronizadas, apresentando incoern-cias. Est convencida de no ser amvel, enquanto que o outro percebido como confi vel e positi vo. Estes esti los de apego tornam-se relati vamente estveis entre o primeiro e o segundo ano de vida e se ma-nifestam como uma tendncia geral que infl uencia as relaes do sujeito consigo, com o outro e com o meio. Estes esti los, porm, podem ser alterados a parti r de outras experincias signifi cati vas ao lon-go da vida. Autonomia, autoconfi ana, confi ana para explorar e conhecer, so caractersti cas inti mamente relacionadas a um apego seguro. Percebe-se uma rela-o entre afeti vidade e cognio, de forma

    indissocivel, afetando todas as esferas da vida do indivduo. Assim as duas teorias integram a base orgnica e contato com o outro, com o social, os quais impulsionam o afeto e a cognio. Este homem comple-to e total tem todos estes componentes constantemente interagindo entre si. Ele est, ao mesmo tempo, se adaptando ao meio, aprendendo o mundo ao seu redor, signifi cando o mesmo e se relacionando com o outro a parti r de suas experincias. Todas estas ati vidades coexistem e se nu-trem mutuamente.

    Palavras-chave: Afeti vidade, Psicognese da Pessoa Completa, Teoria do Apego.

    LT01-1373 - O DESENVOLVIMENTO DO OLHAR NO BEB E SUA RELAO COM O DESENVOLVIMENTO POSTURAL: REFLEXES SOBRE RELAO, CULTURA E COMPLEMENTARIDADE

    Natlia Meireles Santos - FFCLRP/USPnmeireles@aluno. clrp.usp.br Kti a de Souza Amorim - FFCLRP/USPkati amorim@ clrp.usp.br

    O primeiro ano de vida uma etapa de grandes transformaes no desenvolvi-mento humano, em que inmeras habili-dades so adquiridas (Pio, 2007). Estudar o beb uma forma de aprender sobre quem somos e como somos consti tudos (Bussab, Carvalho & Pedrosa, 2007). O beb apresenta formas parti cularizadas de interao, reveladas por episdios mais fugazes, desordenados, pouco estrutura-dos e pouco intencionais (Anjos, Amorim, Rossetti -Ferreira & Vasconcelos, 2004). Apesar disso, o beb apresenta formas de expresso signifi cati va, (gestos, expres-ses faciais, vocalizaes, postura corpo-

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    ral) com indcios importantes de inteno, desejos, incmodos, capazes de suscitar reaes no outro, quer seja um adulto ou outra criana. No processo, o beb mostra--se ati vo dentro de um sistema cultural ao uti lizar-se de capacidades interati vas empregadas a parti r de meios convencio-nais de comunicao direcionados ao ou-tro, como o sorriso e o olhar (Anjos et al., 2004). O olhar destaca-se como recurso comunicati vo, indo alm da viso, ati ngin-do a esfera relacional e propiciando comu-nicao (Belini & Fernandes, 2008). Nesse senti do, Elmr (2009) aponta o olhar como uma ferramenta importante para estabe-lecer comunicao entre seres humanos. Fogel e cols. (1999) acrescentam a postu-ra como aspecto infl uente no desenvolvi-mento do olhar no beb, destacando que, nos primeiros meses de vida, o posiciona-mento corporal do beb ainda est muito subjugado ao manejo adulto. Os autores ressaltam a importncia de investi gar o pa-pel de fatores motores e sociais envolvidos nessa associao da postura e do olhar. Amorim (2008) aponta como a mudana postural proporciona uma modifi cao signifi cati va na percepo e parti cipao no ambiente por parte do beb. Bebs que antes demonstravam certo isolamen-to em relao s coisas ao redor passam a ter maior ateno ao ambiente e a buscar ati vamente a proximidade com outros. Os processos envolvidos na co-construo do engati nhar estariam ligados emergncia de maior intencionalidade e autonomia no beb. Mas, h a necessidade de estudos mais sistemti cos a essa questo. Traou--se assim, o objeti vo do estudo. O objeti vo tem sido investi gar como se d o processo de transformao do olhar como recurso expressivo no beb; e como se d a relao daquele com diferentes momentos de seu

    desenvolvimento postural, em dois bebs analisados em situao de interao em dois contextos (ambiente domiciliar e cre-che). Para a conduo do projeto, o mes-mo foi submeti do avaliao do Comit de ti ca em Pesquisa (CEP), da Faculdade de Filosofi a, Cincias e Letras de Ribeiro Preto (FFCLRP/USP), sendo aprovado, em concordncia com a Resoluo n 196/96. A coleta e anlise de dados esto sendo conduzidas fundamentalmente atravs da perspecti va da Rede de Signifi caes (Ros-setti -Ferreira, Amorim, Silva & Carvalho, 2004). Esto sendo realizados dois estudos de caso (Yin, 2005), com acompanhamen-to longitudinal. Entende-se que o estudo de caso propicia a observao em ambien-te natural, de forma a apreender a comple-xidade em que os processos esto imersos; e, de maneira a preservar as caractersti cas signifi cati vas dos acontecimentos, dentro de seus contextos e relaes (Freitas & Po-zzebon, 1998). Criana em domiclio: Os sujeitos so um beb (Marina), sua me (Jlia) / o pai (Pedro) e a av (Mirian). O material emprico do Banco de imagens do projeto Processos de (Trans)formao da Comunicao e Linguagem, ao Longo do Primeiro Ano de Vida: Um Estudo de Caso (Rodrigues, 2008). Esse estudo acom-panhou o beb, semanalmente, desde seu nascimento, ao longo de todo seu primei-ro ano de vida, investi gando o desenvol-vimento da comunicao e da linguagem durante esse perodo. Sero uti lizadas ce-nas da criana a parti r do quarto ms de vida. Criana em creche: O sujeito piv Nisete, 5m e 6d ao ingresso na creche. Seu estudo se far a parti r do banco de Ima-gens do Projeto Integrado Processos de Adaptao de Bebs Creche (Rossetti --Ferreira, 1994). Este projeto acompanhou os processos de ingresso e frequncia de

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    21 bebs, em uma creche universitria. Acredita-se que esses contextos permitam evidenciar processos de desenvolvimento signifi cados de diferentes maneiras, pelas parti cularidades de organizao dos espa-os, bem como pelas prti cas discursivas do contexto e das pessoas no entorno e em interao. As gravaes dos bebs es-to sendo vistas e algumas cenas, transcri-tas. Nessas so buscadas parti cularidades nos processos de olhar e da postura corpo-ral. As cenas so analisadas microgeneti ca-mente (Goes, 2000), de modo a apreender mudanas ao longo do tempo, atravs de recortes de episdios de diferentes mo-mentos do desenvolvimento postural e do olhar no beb. A parti r do mapeamento realizado, foi recortado um episdio inte-rati vo no ambiente domiciliar: Jlia leva Marina (quatro meses) para o quarto para dar-lhe banho. Deita-a virada para cima na cama. Marina comea a choramingar. Jlia senta Marina na cama, segurando-a de modo que ambas fi cam frente a fren-te (Jlia abaixa-se ao lado). Marina olha e passa a mexer nos ps. Comea um movi-mento em que Jlia insistentemente tenta chamar a ateno de Marina, uti lizando-se de vrios recursos auditi vos e tteis. Nem sempre Marina retribui com o olhar, mas quando o faz ambas sorriem. Jlia levanta--se ento e pega Marina no colo, e leva-a para frente de um espelho, com ambas voltadas para o mesmo. Enquanto isso, a pesquisadora passa por detrs com a c-mera, chegando a aparecer no espelho. O olhar de Marina volta-se para a imagem da pesquisadora. Marina movimenta-se e esfora-se para virar-se para trs. Quando a me o percebe, vira seu prprio corpo, tornando possvel que Marina olhe direta-mente para a pesquisadora. No episdio, fi ca evidente a insistente e custosa ne-

    gociao do olhar por parte da me que suscita refl exes sobre a insero desse recurso em nossa cultura e como o beb se apropria deste na interao, inclusive quando no h pontos de encontro; nem sempre Marina retribui o olhar me, mas antes se volta para seu prprio corpo. Cha-ma ainda a ateno o contato e manejo corporal do beb realizado pela me em uma relao tambm negociada. Marina no simplesmente subjugada s aes da me , mas esta tambm reage comunica-o do beb (choro, movimento corporal, olhar), numa relao de complementarida-de (Seidl de Moura & Ribas, 1999).

    Palavras-chave: olhar, comunicao, desenvolvimento postural

    LT01-1435 - A COMPREENSO INTERDISCIPLINAR DA RELAO MO-BEB: UMA APROXIMAO DE WINNICOTT NEUROCONCINCIA DO DESENVOLVIMENTO

    Clia Regina de Souza Cauduro - USP/[email protected] Vera Silvia Raad Bussab - USP/[email protected]

    Na teoria psicanalti ca de Donald W. Win-nicott ((1983; 1988 a, b, c, d; 1990; 1994; 1997; 1999 a, b, c, d, e) sobre a consti tui-o do sujeito e nos trabalhos da Neuro-cincia do Desenvolvimento, existem afi r-maes sobre a importncia da qualidade da experincia vincular nas primeiras eta-pas da vida ps-natal. A correspondncia entre estas duas teorias se organiza por meio do conceito winnicotti ano de expe-rincia intersubjeti va: o beb no colo da me, que precisa crescer, isto , consti -tuir uma base para conti nuar existi ndo e

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    integrar-se numa unidade (Loparic, 2008, p.145). Segundo Loparic (2008), Winni-cott introduziu um novo modelo ontol-gico do objeto de estudo da psicanlise, centrado no conceito de tendncia para a integrao, para o relacionamento com pessoas e coisas e para a parceria psicos-somti ca (p.145). Esta afi rmao de Lo-paric (2008) apoiada pelas pesquisas neurocient fi cas sobre o desenvolvimento humano que afi rmam que o corpo ma-terno a principal fonte de proviso das informaes ambientais, e funciona como um regulador externo que organiza os sistemas neurolgico, perceptual, emo-cional e relacional pela sua presena f si-ca e pelo seu comportamento interati vo (Feldman, 1996; 1999; 2003; 2006; 2007). A Neurocincia do Desenvolvimento - As concluses dos estudos da neurocincia do desenvolvimento descrevem como as experincias vividas na interao entre a criana e o cuidador primrio no perodo neonatal, podem alterar o processo de desenvolvimento do sistema nervoso. Os bebs, ao nascerem, apresentam consi-dervel individualidade, so sensveis aos estados afeti vos do outro e mobilizam res-postas em seu meio ambiente. Tal capaci-dade requer um grau signifi cati vo de inter coordenao pr-funcional entre o cre-bro e o corpo. Atualmente, existe grande evidncia que a organizao do crebro do neonato altamente dependente da esti mulao dos cuidadores, e que estas interaes quando validadas por experi-ncias adequadas, consti tuem um regula-dor da epignese social da mente infanti l, isto , promovem as condies necessria para a autoregulao emocional. Estas ex-perincias adequadas so proporcionadas por um cuidador primrio (me) sensvel capaz de decodifi car ou entender as pis-

    tas no verbais dos comportamentos do beb, crucial para o estabelecimento de um vnculo seguro (Schachner, Shaver, & Mikulincer, 2005). A autoregulao emo-cional a habilidade para controlar esta-dos internos ou respostas relacionadas aos pensamentos, emoes, ateno e desempenho. Os mecanismos neurais que sustentam os processos regulatrios po-dem ser os mesmos que fundamentam os processos cogniti vos superiores. Existem processos complexos pelos quais a emo-o relaciona-se cognio e ao compor-tamento, que, conseqentemente, inter-ferem no processo de desenvolvimento (Bell & Wolfe, 2004; Bell & Kirby, 2007). A autoregulao emocional desempenha um papel central na socializao e no de-senvolvimento do comportamento moral, depende do desenvolvimento do crtex pr-frontal; est associada ao desenvolvi-mento de diferentes estratgias de adap-tao durante as etapas subseqentes do ciclo vital (Levesque, A., 2004; Lewis & Sti eben, 2004). As situaes de neglign-cia e maus tratos, eventos traumti cos que quando duradouros, representam risco ao desenvolvimento psiconeurobio-lgico infanti l; estas situaes podem es-tabelecer uma vulnerabilidade ao estresse ps-traumti co (PTSD), e uma predisposi-o violncia na idade adulta. Situaes de privao ou trauma que promovem interrupes no processo de formao do vnculo, causadas por fatores maternos (ex. depresso ps-parto) e/ou relaciona-das ao beb (doenas hereditrias, cong-nitas ou adquiridas), podem desorganizar a regulao psicobiolgica e neuroqumica no desenvolvimento cerebral, conduzindo neurognese, sinaptognese e diferen-ciao neuroqumica anormais.Os dados da pesquisa de Chelini et al., (2010) inclu-

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    da no Projeto Ip -Temti co FAPESP no. 06/59192-2, que estuda possveis efeitos da Depresso Ps-Parto (DPP) no desen-volvimento numa populao atendida pelo sistema pblico de sade apontam que a resposta do corti sol a um estres-sor leve foi maior em fi lhos de mes de-primidas (anlise de medidas repeti das; t = 2,44, 94df, p = 0,0166). Este resultado indica que aos quatro meses aps o parto o eixo HPA pode ter sido afetado pela DPP materna, j que fi lhos de mes deprimidas no mostraram a esperada supresso da resposta do corti sol comumente observa-da em torno de trs meses. Em concor-dncia com Ovstscharo e Braun (2001), a interao didica entre o recm-nascido e a me funciona como um regulador do desenvolvimento da homeostase inter-na infanti l. Interferem no funcionamento normal do eixo HPA (Hipotlamo-Pituit-ria-Adrenal) resultando na alterao do ritmo circadiano, elevando os nveis ba-sais e reduzindo o volume cerebral. Os efeitos podem ser de longo prazo, con-duzindo a uma intensa resposta do eixo HPA a qualquer situao desafi adora, atrofi a hipocampal e prejuzos no desem-penho cogniti vo na vida adulta. Winnicott e a Neurocincia do Desenvolvimento: a construo de uma hiptese interdiscipli-nar - A hiptese formulada a parti r desta aproximao que a relao de mutuali-dade entre o biolgico, o emocional e o social (e no o emocional enquanto uma conseqncia linear da condio biolgi-ca, ou o biolgico como condio direta do emocional) apontada pela neurocin-cia, no processo de desenvolvimento hu-mano, estabelecida por meio de uma relao intersubjeti va fundada em uma maternagem que Winnicott (1988) cha-mou de me sufi cientemente boa.Estas

    suti s interaes emocionais alteram os n-veis da ati vidade cerebral e exercem um papel importante no estabelecimento e manuteno dos circuitos do sistema lm-bico (Ziabreva, I., Poeggel, P., Reinhild, S., Braun, K., 2003; Wilkinson,2004; Cirulli, Berry, Alleva, 2003; Bradshaw, Schore, Brown, Poole, & Moss, 2005; Fonagy & Target, 2005; Ovstscharo e Braun, 2001; Balbernie, R.(2001); Graham, et al.,1999; Schore, 2005). A me sufi cientemente boa tambem no existe sem os outros. Ela no existe sem um campo sociocul-tural, que lhe d possibilidades de exer-cer suas funes (Safra, 2002).Coerente com afi rmao de Fonseca, V.R.J.R.M. et al. (2010) - Projeto Ip -Temti co FAPESP no. 06/59192-2, A sensibilidade materna infl uenciada por fatores scio-cogniti vos e afeti vos. As concluses da pesquisa de Defelipe, (2009) - Projeto Ip -Temti co FAPESP no. 06/59192-2: A DPP1 parece capaz de perturbar os arranjos interati vos tornando-os menos consistentes. Porm, apesar desta possvel limitao, por vezes, mes com DPP podem interagir adequa-damente com seus bebs. Por fi m, a DPP por no se tratar de um fenmeno capaz de incidir linearmente sobre a interao me-beb, e sobre o desenvolvimento posterior, deve ser investi gada em asso-ciao com outros fatores psicossociais de risco. Confi rmam a compreensao de Aitken & Trevarthen (2001) que conside-ram o vnculo como resultado de um con-junto complexo de fatores individuais e ambientais que interagem de uma forma no linear.

    Palavras-chave: Psicanlise, Neurognese, Vnculo

    1 DepressoPs-Parto.

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    CO 10 - LT01 Depresso Ps-parto

    LT01-901- DEPRESSO PS-PARTO: O IMPACTO SOBRE A RESPOSTA AO ESTRESSE DO BEB MODULADO PELO COMPORTAMENTO MATERNO

    Marie-Odile Monier Chelini - IPUSP [email protected] Vera Regina J. R. M. Fonseca - IPUSP [email protected] Vinicius Frayze David - [email protected] Emma Ott a - IPUSPemmaott [email protected]

    Financiamento: FAPESP

    A depresso ps-parto (DPP) afeta, mun-dialmente, uma entre cada cinco partu-rientes (Miller, 2002; Nemero , 2008), comprometendo o desenvolvimento e comportamento dos seus fi lhos (Essex et al., 2002; Herrera et al., 2004; Pearls-tein et al., 2009). Parti cularmente, uma relao signifi cante entre depresso ma-ternal aps o parto e disfunes do eixo hipotlamo-hipfi se-adrenal (HPA) de seus fi lhos foi evidenciada, com nveis de corti sol aumentados em bebs, crianas e adolescentes (Brennan et al., 2008; Kaplan et al., 2008). Em geral, os sintomas da DPP fi cam evidentes algumas semanas aps o parto (Robertson et al., 2004). Entretanto, uma deteco antecipada dos seus efei-tos sobre o beb permiti ria implantar-se cuidados preventi vos para limitar sua se-veridade. Uma reati vidade psicolgica e adrenal aumentada ao estresse psicosso-cial durante a gestao foi associada a um risco maior de DPP (Nierop et al., 2006), sugerindo que efeitos da DPP sobre a

    criana podem antecipar seu diagnsti co. O presente estudo teve por objeti vo inves-ti gar se os efeitos da DPP sobre a funo adrenal da criana podem ser detectados no recm-nascido. Tambm foi avaliada a relao entre a interao me/beb e os nveis de corti sol. Hipoteti zamos que: 1) rec m-nascidos cujas mes desenvolvero DPP apresentam concentraes de corti -sol salivar mais altas do que aqueles cujas mes no apresentaro DPP, 2) fi lhos de mes com DPP apresentam aos 4 meses de idade concentraes basais de corti sol mais altas do que fi lhos de mes sem DPP, 3) fi lhos de mes deprimidas apresentam aos 4 meses reao endcrina ao estresse mais acentuada do que fi lhos de mulheres sem DPP, e 4) h correlao negati va entre concentraes de corti sol dos recm-nas-cidos e intensidade da interao positi va me/beb. Metodologia: A amostra conti -nha 74 mes e fi lhos, parti cipantes de um estudo longitudinal sobre DPP. O corti sol dos bebs foi mensurado em amostras de saliva coletadas dois dias aps o nascimen-to (alta) e 4 meses depois do parto, antes e depois de um exame clnico. As mes fo-ram classifi cadas quanto DPP trs meses aps o parto, atravs da escala de depres-so ps natal de Edimburgo (EPDS) (Cox et al., 1987), validada no Brasil (Santos et al, 1999). Foram consideradas deprimidas mes que receberam escores superiores a 11. Interao me/beb: Foram anali-sados os 3 primeiros minutos da fi lma-gem do primeiro encontro da me com o beb. Baseado na escala de Biringen, et al. (2000), foi criada uma escala de 4 pontos (0 ausncia e 3 mximo) para seis catego-rias de comportamento materno (vivacida-de, falar espontneo com o beb e sobre o beb, sorrir, tocar o beb e olhar para o beb) e quatro do beb (vivacidade, exci-

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    tao, olhar e ser acalmado pelo contato com a me). Dados dos recm-nascidos foram obti dos dos pronturios. Anlise es-tat sti ca: Uti lizamos testes t e chi quadra-do entre os grupos com e sem DPP para identi fi car possveis variveis de confuso. Depois, foi formulado e ajustado um mo-delo linear misto (LMM), descrevendo a concentrao do corti sol dos bebs como funo da condio da me (DPP) e do tempo (Demidenko, 2004). Foram ento testados efeitos possveis de variveis do recm-nascido e dos escores de relao me/beb sobre cada medida de corti sol. O nvel de signifi cncia adotado foi < 0,05. Resultados: Foram consideradas deprimi-das 16 mulheres (23,8%). No houve dife-renas da interao avaliada para mes e bebs entre grupos, nem para nenhuma varivel de confuso. O LMM mostrou efei-to do tempo no corti sol (F2/71 = 25.52, p < 0.0001). Nos dois grupos, a concentrao de corti sol era maior na alta que na linha de base aos 4 meses e aumentou aps o exa-me clnico. No houve efeito da DPP nem da interao DPP e tempo sobre os nveis de corti sol. Verifi cou-se, contudo, um coe-fi ciente de variao (CV) maior na resposta endcrina de fi lhos de mes deprimidas em resposta ao estressor (CV = 124.54) do que no outro grupo (CV = 75.47). O modelo mostrou interao no tempo entre escore de interesse materno e DPP apenas entre fi lhos de mes deprimidas (F1/51 = 4.18, p = 0.046). Especialmente, foi evidenciada cor-relao negati va entre escore do interesse materno e variao do corti sol do beb aps o evento estressor apenas no grupo com DPP (Pearson r = -0.904, p = 0.005). Com o modelo, foi possvel controlar as concentraes de corti sol pelo interesse materno, que ento se mostraram maio-res em fi lhos de mes deprimidas na alta

    (19.9 3.3 nmol/L vs 9.3 1.8 nmol/L), aos 4 meses antes (8.2 2.3 nmol/L vs 2.7 0.5 nmol/L) e depois do evento estressor (11.1 2.3 nmol/L vs 4.0 0.6 nmol/L). Discusso: O nvel de corti sol dos bebs aos 4 meses semelhante entre os grupos, contradizendo alguns resultados (Brennan et al., 2008) mas consistente com Azar et al. (2007). Diferentemente de Azar, no foram encontradas diferenas na variao do corti sol frente ao estresse, entretanto, observou-se maior variao interindividual no grupo fi lhos de deprimidas, sugerindo reao mais heterognea ao estresse. A anlise mostrou uma explicao possvel, evidenciando correlao entre maior res-posta endcrina ao estresse e menores es-cores de interesse materno apenas no gru-po com DPP. A anlise inferencial mostrou tambm diferena entre os grupos nas concentraes basais de corti sol. Os nveis de corti sol esti mados depois do controle para efeito do interesse materno sugerem que a qualidade da interao materna de-pois do parto pode tamponar o efeito da depresso no eixo HPA dos bebs, mesmo apenas 2 dias aps o nascimento, quando a DPP ainda no detectvel. Efeitos si-milares foram reportados (Gunnar, 1998; Kaplan et al., 2008). Nossos resultados su-gerem que intervenes visando melhorar a qualidade dos cuidados maternos, suge-ridas em estudos prvios (Gunnar & Don-zella, 2002; Wachs et al., 2009) podem ser implantadas desde os primeiros momen-tos de vida do beb.

    Palavras-chave: Depresso ps-parto; corti sol; interao me-beb.Contato: Departamento de Psicologia Experimental, Insti tuto de Psicologia, Universidade de So Paulo, So [email protected]

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    LT01-937 - RELAO ENTRE DEPRESSO PS-PARTO MATERNA E DESENVOLVIMENTO DA COOPERAO EM CRIANAS

    Laura Cristi na Stobus - IP/[email protected], Capes Maria Lucia Seidl de Moura - [email protected] Vera Silvia Raad Bussab - IP/USP [email protected]

    Financiamento: Capes, CNPq, FAPERJ e FAPESP

    Estudos em diferentes ambientes socio-culturais tm mostrado uma incidncia de depresso ps-parto (DPP) em 10 a 20% das mulheres. Dentre as decorrncias re-levantes do quadro, tem havido um inte-resse especial nos potenciais comprome-ti mentos da interao mebeb (Field, 2010), no desenvolvimento cogniti vo e emocional da criana (Murray e Cooper, 1997) que repercute, entre outras dimen-ses, no desenvolvimento do comporta-mento cooperati vo da criana. Este tra-balho parte do Projeto longitudinal De-presso Ps-Parto como um fator de risco para o desenvolvimento do beb: estudo interdisciplinar dos fatores envolvidos na gnese do quadro e em suas consequn-cias (temti co Fapesp n 06/59192). Da-des me-beb, usurias do sistema pbli-co de sade, tm sido acompanhadas des-de a gestao at o terceiro ano da crian-a, de modo a investi gar fatores ligados DPP e seus possveis efeitos no desenvol-vimento infanti l. A ontognese da coope-rao envolve uma representao interna das prprias intenes e objeti vos, base para a inferncia de que o outro tambm possui desejos e intenes semelhantes, isto uma Teoria da Mente (Tomasello, 2009). Com um ano, a criana consegue

    disti nguir e preferir um agente cooperati -vo a um no cooperati vo (Hamlim, Wynn, Bloom, 2007), o que , em si mesmo, in-dicati vo da importncia deste desenvolvi-mento precoce. A cooperao entre pares parece emergir ao fi nal do segundo ano, atravs de jogos imitati vos. No terceiro ano as crianas se tornam mais compre-ensivas quanto s aes e desejos dos outros, podendo entender quando estes no foram alcanados (Brownell, Rama-ni, Zerwas, 2006), condio bsica para a potencial oferta de ajuda. As descobertas que as crianas fazem a respeito das emo-es e de estados mentais dos outros so centrais para o desenvolvimento de suas relaes sociais e vo se aprimorando atravs da experincia comunicati va nas relaes familiares (Dunn e Brophy, 2005). Em pesquisas anteriores do presente pro-jeto, microanlises mostraram diferen-as nesta experincia comunicati va: por exemplo, arranjos interacionais me-beb (4 meses) apresentaram-se menos estru-turados na presena de DPP (De Felipe, 2009), bem como nos padres gerais des-tas crianas que com 1 ano brincaram me-nos e fi caram mais ansiosas em situaes de separar-se da me (Vicente, 2009). O desenvolvimento da capacidade de teo-ria da mente na criana est diretamente relacionado a aspectos essenciais desta experincia interacional, como o da aten-o comparti lhada e da linguagem. Ambas passam por etapas de aquisio e aprimo-ramento (Baron-Cohen e Swett enham, 1997; Carpenter, Nagel e Tomasello, 1998) e propiciam criana comparti lhamento e troca de experincias com as pessoas signifi cati vas da sua convivncia, em es-pecial a me (Peterson, 2000). Dentre as inmeras infl uncias maternas, ligadas ao desenvolvimento do apego e da regu-

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    lao emocional, pode-se destacar a que se inicia no mamanhs: as referncias maternas ao classifi car objetos presentes no foco de ateno da criana favorecem a aquisio da linguagem e o entendimen-to social (Ensor e Hughes, 2008). Eviden-temente, importa o contexto signifi cati vo da composio familiar: embora a me em geral ocupe posio central, tambm podem estar presentes outros adultos e outras crianas (Dunn e Brophy, 2005). O objeti vo do presente estudo foi avaliar, atravs de tarefas de cooperao infanti l, se a DPP afeta o desenvolvimento do com-portamento de cooperao de crianas, uma vez que esta condio pode afetar as experincias interacionais e afeti vas da dade. MTODO. Parti cipantes: Foram estudadas 50 crianas de trs anos (16 meninos, 36 meninas), distribudas igual-mente quanto a indicadores de depresso ps-parto de suas mes (DPP) aos 4 meses ps parto (Escala de Depresso Ps-Parto de Edimburgo). Procedimento: Foi fi lma-do o desempenho da criana em tarefas de cooperao: 1) ajudar a me, pessoa familiar, a guardar brinquedos, depois de uma sesso de brincadeira e 2) ajudar ex-perimentador, desconhecido, a pegar ob-jeto que ele deixa cair ao solo (adaptadas de Warneken et col. 2007). Resultados: Foram encontradas diferenas signifi ca-ti vas (qui-quadrado) na ajuda ao experi-mentador na situao geral, agrupando ausncia de ajuda no conjunto com a no ajuda na tarefa especfi ca: crianas do gru-po DPP, cooperaram menos que as demais (x=6,52,p=0,02; 72%x36%). Embora no tenha havido diferena signifi cati va entre os sexos nesta categoria, meninas tende-ram a cooperar mais (x=4,17, p=0,67; 56% x 26%). Na categoria especfi ca de ajuda ao experimentador, meninas cooperaram

    signifi cati vamente mais do que os me-ninos (x=6,04, p=0,02, 71% x 30%). No houve diferena na ajuda me: a grande maioria das crianas ajudou, independen-temente da DPP (80% das com DPP e 88% sem DPP), e do sexo (83% dos meninos e 86% das meninas). Discusso: Conclumos que a DPP materna infl uenciou algumas das respostas cooperati vas das crianas, especifi camente quanto pessoa desco-nhecida. Evidentemente, a me, alm de conhecida, ocupa lugar central na cons-telao afeti va da criana e isto deve ser levado em conta na discusso. Ainda as-sim a familiaridade parece relevante neste contraste de efeitos da DPP: a menor co-laborao com a pessoa estranha pode re-presentar difi culdade de estabelecimento inicial de relaes no caso das crianas de mes com DPP. Tambm merece destaque a interao com o sexo da criana: como as meninas apresentaram mais propen-so ajuda do desconhecido do que os meninos, precisa-se avaliar, cercando-se de novos dados, se os meninos so mais afetados neste aspecto pela DPP materna. Os resultados so compat veis com a su-posio de que a condio de DPP afeta de modo complexo os processos subja-centes interao social com pessoas no conhecidas e com a me. Conjugados com resultados anteriores que mostravam al-teraes interacionais das dades com DPP (em DeFelipe, 2009 e Vicente, 2009, acima apresentados), compem um quadro de efeitos destas peculiaridades das experi-ncias comunicati vas no desenvolvimento subsequente. No indicam um prejuzo generalizado na capacidade de assumir a perspecti va mental do outro, uma vez que a ajuda me se processa da mesma ma-neira nos dois grupos. Mas mostram uma resistncia ajuda ao desconhecido, na

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    condio DPP, especialmente no caso dos meninos. De um modo geral, a constata-o deste ti po de efeito da DPP no desen-volvimento da criana contribui para uma compreenso mais ampla do processo. Alm disso, a constatao destes efeitos ligados insero social da criana confe-re importncia adicional preveno e interveno.

    Palavras-chave: depresso ps-parto, cooperao infanti l, interao me-beb.Contato: Laura Cristi na Stobuse-mail: [email protected]

    LT01-957 - CORRELAO ENTRE SINTOMAS DEPRESSIVOS MATERNOS E PROBLEMAS DE COMPORTAMENTOS EM CRIANAS COM DESENVOLVIMENTO TPICO

    Ana Ribeiro Santana - UFRB/[email protected] Gustavo Marcelino Siquara - UFRB/CCS [email protected] Thiago da Silva Gusmo Cardoso - UFRB/[email protected] Maringela Santos de Jesus - UFRB/[email protected] Patrcia Marti ns de Freitas - UFRB/[email protected]

    Financiamento: FAPESB e CNPq

    A famlia uma insti tuio primria, na qual, o indivduo tem contato com as pri-meiras interaes sociais. Esse sistema pode ser compreendido como grupo de pessoas que interagem a parti r de vn-culos afeti vos, consanguneos, polti cos e que estabelecem uma rede infi nita de comunicao e de mtua infl uncia. A fa-mlia consolida-se como um importante nicho para o desenvolvimento global do

    indivduo, devido s infl uncias que pode exercer em seu comportamento. Os pais so considerados como a fonte primria que o ser humano possui de contato com o mundo, e desempenham um papel im-portante no comportamento e desenvol-vimento da criana e adolescente, como mediadores entre eles e a sociedade. Di-versos estudos ressaltam que a convivn-cia das crianas com mes que apresen-tam transtornos psiquitricos, incluindo a depresso, confi gura-se como um fator de risco para o desenvolvimento dos fi lhos. Nesse senti do, este estudo busca correla-cionar sintomas depressivos de mes com problemas de comportamentos internali-zantes e externalizantes de seus fi lhos. Os parti cipantes do estudo foram 21 sujeitos, sendo 42% do sexo feminino e 58% do sexo masculino, com idade mdia de 8,90 anos (dp=0,91) entre 7 e 11 anos, que fre-quentam uma escola pblica da cidade de Santo Antnio de Jesus-BA. Os instrumen-tos uti lizados foram a Escala de Depresso Beck e a Lista de Verifi cao Comporta-mental (Child Behavior Checklist CBCL), verso para pais. O Inventrio de Depres-so de Beck (IDB) um instrumento de au-torrelato consti tudo por 21 grupos de afi r-maes de mlti pla escolha em que a pes-soa deve responder qual a opo que esta de acordo com o seu estado na naquela determinada situao. Os itens esto rela-cionados aos sintomas depressivos como desesperana, irritabilidade, culpa alm de sintomas f sicos como fadiga, perda de peso e diminuio da libido. J o CBCL um questi onrio que avalia a competncia social e problemas de comportamento em crianas e adolescentes em duas verses uma de 1 ano e 6 meses at 5 anos e ou-tra de 6 a 18 anos, a parti r de informaes fornecidas pelos pais. As escalas do CBCL

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    identi fi cam problemas de comportamento frequentemente encontrados na infncia e na adolescncia. As subescalas so clas-sifi cadas como: Ansiedade/Depresso, Re-traimento, Queixas Somti cas, Problemas socializao, Problemas Pensamento, Pro-blemas Ateno, Comportamento Que-bra-Regra, Comportamento Agressivo. Os pais foram convidados para uma reunio na qual foi apresentado o projeto. Aps esclarecimentos os pais assinavam o Ter-mo de Consenti mento Livre e Esclarecido (TCLE) e responderam o CBCL e o BDI. Para anlise de dados foi uti lizado o programa estat sti co SPSS 18.0. Os dados foram ana-lisados atravs da correlao de Pearson. As correlaes foram s seguintes entre o: BDI e Problemas de socializao (r= 0,507 e p=0,04*); Problemas de Pensamento (r= 0,509 e p=0,04*); comportamento de que-bra de regra ( r=0,483 e p=0,03*); compor-tamento agressivo ( r=0,50 e p> 0,05); an-siedade e depresso ( r=0,477 e p=0,053); retraimento (r=0,343 e p=0,177); queixa somti ca (r=0,232 e p=0,370); problemas de ateno (r=0,370 e p=0,144). Pode-se verifi car nos resultados que houve uma correlao moderada positi va entre o BDI, respondido pela me e as subescalas so-bre os problemas de comportamentos do fi lho indicado pelo CBCL nos seguintes cri-trios: Problemas de socializao (r= 0,507 e p=0,04*); Problemas de Pensamento (r= 0,509 e p=0,04*); comportamento de quebra de regra (r=0,483 e p=0,03*); e comportamento agressivo ( r=0,50 e p> 0,05). A proporo de signifi cncia foi igual tanto para comportamentos interna-lizantes e externalizantes. Os resultados nos permitem confi rmar a pressuposio de que h correlao entre sinais de de-presso materna e problemas de compor-tamento, tanto para o perfi l internalizante

    quanto externalizante. Diante desse resul-tado, juntamente com a literatura atual, podemos concluir que os problemas de comportamentos representam dfi cits ou excedentes comportamentais que prejudi-cam o desenvolvimento cogniti vo, f sico e psicossocial. Esses comportamentos atri-bui nas crianas um senti mento de empo-brecimento na capacidade pessoal, e incu-te o senti mento de incompetncia pesso-al, que podem se apresentar na forma de senti mentos de vergonha, dvidas sobre si mesmas, baixa esti ma e distanciamento das demandas da aprendizagem. Assim, faz-se necessrio que o processo desen-volvimental seja bem sucedido para que as crianas tornem-se adultos saudveis e competentes para responder de modo sati sfatrio s demandas de seu ambiente emocional, social, familiar e profi ssional.

    Palavras-chave: depresso; comportamento; desenvolvimento.Contato: Ana Ribeiro Santana, Graduanda em Psicologia - [email protected].

    LT01-965 - O SUPORTE SOCIAL COMO FATOR DE PREVENO DA DEPRESSO EM MES DE BEBS INTERNADOS EM UMA UTIN

    Claudia Moura de Sant'Anna C. Oliveira - [email protected] Izabel Lima de Vasconcellos - [email protected] Luciana Bicalho Reis - [email protected] Marlucia de Souza Thompson - UVV [email protected]

    A internao de um fi lho, em geral, cons-ti tui-se numa situao geradora de estres-se, acompanhada de alteraes emocio-

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    nais e psicolgicas para as mes, sendo que nem sempre esses sujeitos recebem o apoio social adequado para lidar com ta-manha adversidade. A presena de mes que se encontram em um quadro depres-sivo se revela comum em Unidades de Tratamento Intensivo Neonatais (UTIN), principalmente aquelas que no rece-bem suporte social adequado (Bapti sta, Bati sta & Torres, 2006). Mes com bebs internados em UTIN podem apresentar quadros de depresso e outros transtor-nos, sendo a internao, possivelmente, um dos fatores que contribuem para tal episdio. Como nos mostram Linhares et al (2006), a prematuridade e a hospitali-zao do beb podem ocasionar s mes senti mentos confl itantes em relao ao beb real e o imaginado, alm de culpa, ansiedade, instabilidade emocional, baixo senso de competncia e difi culdade de contato f sico com o beb, angsti a ao ir UTIN, medo de apegar-se ao beb ten-do que encarar a perda devido ao poss-vel bito, luto antecipatrio entre outros. Ainda segundo as mesmas autoras, todos esses senti mentos podem ser indicati vos de estado de depresso. Sarason, Levine, Bashan e Sarason (1983, citados por Ri-beiro, 1999) defi nem Suporte Social como apoio ou auxlio que uma pessoa recebe de outra em quem possa confi ar, que a valorize e que demonstre que gosta dela. No entanto, necessrio que o sujeito fa-vorecido esteja disposto a ser ajudado e que perceba o suporte como disponvel. Existem diversos ti pos de suporte social, dentre eles, o familiar, grupo de amigos, o psicolgico e o insti tucional. Couti nho et al. (2000, citado por Bapti sta et al., 2006) apontam que um apropriado suporte so-cial propicia ajuda em diversas ocasies, maior domnio do ambiente e autonomia

    no transcorrer da vida do indivduo. Neste senti do, Kessler, Price e Wortman (1985, citados por Ribeiro, 1999), afi rmam que o suporte social pode resguardar os indi-vduos em risco de possveis inquietaes mentais. Segundo Dessen & Braz, (2000, citado por Bapti sta et al., 2006) o amparo familiar o mais importante ti po de su-porte social para a manuteno da sade mental e o enfrentamento de situaes estressantes, alm de favorecer a ade-quao de comportamentos maternos em relao aos fi lhos. Neste senti do, na situa-o de internao de um fi lho, o suporte social pode mostrar-se como fator de pre-veno e proteo da depresso materna. Assim, a presente pesquisa props veri-fi car a relao entre depresso e ausn-cia de suporte social em mes de bebs internados em uma UTIN de um hospital infanti l na regio de Vila Velha-ES. OBJE-TIVOS: Delinear o perfi l socioeconmico e familiar de mes que parti cipam do Grupo Psicoteraputi co de mes da UTIN; Anali-sar a percepo que os sujeitos tm acer-ca do suporte social que recebem (tanto informal quanto formal) durante o pero-do de internao dos seus fi lhos; Verifi car se a parti cipao das mes no Grupo Psi-coteraputi co consti tui-se para os sujeitos uma fonte de suporte social; Verifi car qual ti po de suporte social o considerado mais importante para as mes no momen-to da hospitalizao de seu fi lho e correla-cionar se os sujeitos que tm melhor per-cepo do suporte social recebido so os que apresentam menos senti mentos ne-gati vos indicati vos de depresso durante o perodo de internao do beb. MTODO. Trata-se de uma pesquisa de carter quali-tati vo e descriti vo, realizada em uma UTIN de um Hospital Infanti l no municpio de Vila Velha-ES. Integram a pesquisa mes

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    de bebs internados h pelo menos 15 dias e que parti cipam do Grupo Psicote-raputi co de mes da UTIN. Na ocasio de ingresso na pesquisa, as mes assinaro o Termo de Consenti mento Livre e Esclare-cido e respondero a uma Entrevista Indi-vidual Semiestruturada, gravada em udio e posteriormente transcrita para anlise. Os relatos obti dos no grupo tambm in-tegraro os dados. Ser uti lizada ainda a Escala de Edimburgo EPDS que uti liza-da para identi fi car sintomas de depresso que se manifestam aps o parto (Santos, 1995, citado por Ruschi et al 2007). Outro instrumento a ser uti lizado ser a Escala de Sati sfao com o Suporte Social ESSS (Ribeiro, 1999), que ser adaptada ao con-texto hospitalar. Esta Escala consti tuda por 15 itens que se distribuem por quatro dimenses, sati sfao com amigos (SA), inti midade (IN), sati sfao com a famlia (SF) e ati vidades sociais (AS). Os sujeitos tero assegurados sua identi dade e sigi-lo das informaes fornecidas, que sero uti lizadas somente para fi ns de produo cient fi ca e recebero apoio psicolgico da equipe de pesquisadores. RESULTADOS PARCIAIS. A coleta de dados foi iniciada como projeto piloto e espera-se verifi car o quanto o suporte social contribui para a preveno da depresso. Nos dados coletados de forma preliminar, j se per-cebe que as mes entrevistadas relatam receber pouco suporte social (da famlia e grupos sociais aos quais pertencem), e apresentam sinais indicati vos de depres-so. Espera-se como benef cio da pesqui-sa uma melhor compreenso das relaes entre a vivncia da maternidade na UTIN, a prevalncia de sintomas depressivos nestes sujeitos e a relao disso com uma melhor ou pior rede de apoio social. Para os sujeitos, espera-se que a parti cipao

    nos Grupo Psicoteraputi co de mes da UTIN permita a construo de estratgias de enfrentamento da situao de adoeci-mento e internao do fi lho.

    Palavras-chave: maternidade, depresso, suporte social.

    LT01-974 - TECENDO FIOS: A VIVNCIA MATERNA E O VNCULO ENTRE ME E BBE INTERNADO EM UMA UNIDADE DE TRATAMENTO INTENSIVO

    Claudia Moura de Sant'Anna C. Oliveira - UVV [email protected] Izabel Lima de Vasconcellos - UVV [email protected] Luciana Bicalho Reis - UVV [email protected] Marlucia de Souza Thompson - [email protected] Paula Maria Tonon - [email protected]

    A maternidade um acontecimento de muita importncia para a mulher. Desde cedo, ainda menina, nas brincadeiras e na relao com as mes, a maioria delas co-mea a brincar de ser me. Ninam suas bonecas, cuidam de sua alimentao, tro-cam sua fralda, a fi m de se preparar para ter o prprio fi lho. Durante a vivncia da maternidade a mulher comea a idealizar um fi lho conforme a sua prpria imagem e semelhana, esperando o momento de apresent-lo sociedade. Desta forma, a emergncia do parto prematuro no est relacionada somente a antecipao do nascimento do beb, mas tambm de sua me, que despreparada para esse mo-mento, torna-se prematuramente me, necessitando reajustar-se a essa dura rea-lidade. Aquilo que muitas vezes foi temido

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    durante a gravidez torna-se real e ambos esto agora vulnerveis, inseridos em um ambiente desconhecido que ir separ--los ainda muito cedo. O recm-nascido de risco, tambm chamado de prematuro ou beb pr termo, aquele que nasce com uma idade gestacional menor que 37 se-manas e em casos extremos os que nas-cem com menos de 28 semanas de ges-tao. Alguns bebs prematuros podem nascer com complicaes ou alteraes orgnicas, alm do baixo peso e respirao defi citria, necessitando assim de apare-lhos especializados para a sobrevivncia. Pesquisas revelam que atualmente no mundo 20 milhes de bebs nascem pre-maturamente, sendo que desses, um ter-o morre antes de completar um ano de idade (Romanoli & Moreira, 2008). A pre-maturidade traz em seu bojo signifi cati vas consequncias emocionais que so marca-das pela perda desse beb imaginado du-rante a gestao. A perda do beb idealiza-do, o bero que estar vazio, as roupas que a princpio no sero usadas, a cobrana da famlia e do meio social, podem colocar em risco uma relao (me-beb) que ain-da se constri. A internao de um beb em uma Unidade de Tratamento Intensivo Neonatal (UTIN) contribui para o afasta-mento entre a me e o beb, interferindo signifi cati vamente na relao de vnculo e apego. A separao, que no poderia ser de outra forma, traz consigo senti mentos de culpa, incompetncia e luto pelo beb idealizado, o que difi culta ainda mais o estreitamento dos laos parentais (Raad, Cruz & Nascimento, 2006). Assim, pode ocorrer uma ruptura no processo de vincu-lao j que muitas mes sentem-se rece-osas de tocar ou conversar com seu fi lho, o que pode gerar stress psicolgico para ambos (Schumacher, 2002). A UTIN ser

    por um bom tempo o lugar onde me e fi -lho iro conviver no limiar entre a vida e a morte. A parti r de agora, tero que tecer fi os, criar laos, construir vnculos que po-dero estar fortemente abalados a parti r daquele momento. Neste senti do, a pre-sente pesquisa tem por objeti vo analisar como se d a qualidade da relao e vn-culo entre mes e seus bebs pr-termos que esto internados em uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN), ou seja, conhecer e analisar como a prematuridade e o ambiente arti fi cial de cuidados iniciais ao recm-nascido podem trazer difi culda-des ao estabelecimento deste vnculo ini-cial da me com o beb e que recursos e estratgias so criados por estas mulheres para enfrentar tais adversidades. OBJETI-VOS: (1) Identi fi car e analisar os senti men-tos vivenciados pelas mes em relao ao nascimento prematuro e internao de seus bebs na UTI neonatal; (2) Identi -fi car as estratgias de enfrentamento ado-tadas pelas mes em relao situao de hospitalizao do beb e na busca de cria-o de vinculo afeti vo com o fi lho; (3) Ve-rifi car que ti po de conhecimentos as mes tm em relao importncia de se man-ter um vnculo afeti vo com o beb, mesmo que internado na UTI neonatal. MTODO: Trata-se de uma pesquisa qualitati va e descriti va, realizada atravs de entrevistas individuais, com roteiro semiestruturado em uma Unidade de Terapia Intensiva Ne-onatal (UTIN) do Hospital Dr. Alzir Bernadi-no Alves (HIMABA) no municpio Vila Ve-lha-ES. Fazem parte da pesquisa 10 mes de bebs prematuros e de baixo peso in-ternados na UTIN desde o nascimento e que parti cipam do Grupo Psicoteraputi co de mes da UTIN. Aps aceite do convite, as mes sero esclarecidas quanto sua parti cipao na pesquisa e assinaro o Ter-

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    mo de Consenti mento Livre e Esclarecido atendendo-se s exigncias do Conselho Nacional de Sade. Em seguida, ser re-alizada a Entrevista Individual, seguindo--se ao roteiro pr-estabelecido. Tambm sero colhidas as informaes oriundas dos atendimentos psicolgicos individu-ais, bem como dos encontros do Grupo Psicoteraputi co das mes da UTIN. Tanto as entrevistas individuais, quanto reunies em grupo sero gravadas em udio e seu registro transcrito para posterior anli-se. Os pronturios dos bebs cujas mes integram a pesquisa serviro para com-plementar as informaes fornecidas pe-las mes relati vas aos dados de sade do beb, tais como idade gestacional e peso ao nascimento, complicaes/alteraes presentes na ocasio do nascimento. RE-SULTADOS PARCIAIS. A coleta de dados j foi iniciada por meio de estudo piloto que pretende verifi car a adequao do roteiro de entrevista. Pelas entrevistas realizadas at o momento, observou-se que as mes passaram o perodo da gravidez idealizan-do um beb perfeito, sem problemas ou qualquer alterao de sade. Porm, o nascimento prematuro e a internao na UTIN, consti tuem-se experincias emocio-nalmente dif ceis. Quanto ao vnculo me--beb, observa-se que no houve entre as mes j entrevistadas difi culdades em consti tu-lo e mant-lo, porm o ambiente hospitalar e as prti cas de assistncia ao recm-nascido foram citados pelas mes como um dos principais fatores difi culta-dores na interao com seus bebs.

    Palavras-chave: Maternidade-prematuridade-Unidade de Terapia Intensiva NeonatalContato: Claudia Moura de SantAnna Carvalho de Oliveira - Centro Universitrio Vila Velha - [email protected]

    LT01-1336 - ANLISE DE INDCIOS DE DEPRESSO PS-PARTO NAS MES QUE FREQUENTAM UM CENTRO DE EXTENSO UNIVERSITRIA PARA ATENDIMENTO PUERPERAL EM ENFERMAGEM

    Vanessa Cavalcanti de Torres - AEB [email protected]. Aliny Valria Bezerra Cavalcante - FAEB [email protected] Grasiela Nascimento da Conceio - [email protected]

    A depresso ps-parto (DPP) consti tui fa-tor agravante para difi culdade no perodo ps-parto, tendo sinais caractersti cos tais como: humor deprimido, falta de interes-se pelas ati vidades dirias, desinteresse pelos cuidados maternos para com seu fi -lho, medo de no ser uma boa me, choro fcil, entre outros, que podem ser iden-ti fi cados para possvel diagnsti co, atra-vs de uma consulta de qualidade onde o profi ssional deve estar atento a esses sinais para que seja realizado tratamen-to adequado, ou at mesmo a preveno da instalao desta patologia. Durante o puerprio vrias alteraes ocorrem tanto na mulher como no recm-nascido, pois um perodo que permite a troca de ca-rinho, de segurana para o beb durante os cuidados prestados pela me (Guedes--Silva et. al., 2003). O puerprio deve ser assim, um perodo prazeroso para a mu-lher, pois s dessa maneira ela conseguir transmiti r afeto para o seu fi lho, contri-buindo para desenvolvimento saudvel do seu beb (Matt ar et. al., 2007). Se a mesma no apresenta condies emocio-nais para cuidar da criana, isto o afetar diretamente, facilitando o desenvolvi-mento de patologias (Schwengber & Picci-nini, 2003). Sendo assim, este estudo teve

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    VIII Congresso Brasileiro de Psicologia do Desenvolvimento

    como objeti vo, identi fi car possveis ind-cios de depresso ps-parto nas mes que freqentam o CEPAC (Centro de Pesquisa e Ateno Criana), no laboratrio da FAEB (Faculdade de Enfermagem do Belo Jardim) em Belo Jardim-PE. A ateno mulher no puerprio fi ca facilitada duran-te a consulta quando do encaminhamen-to de seus fi lhos para o CEPAC que um Centro de Pesquisa e Ateno Criana, pois no perodo em que essas mes levam seus fi lhos o de maior incidncia da DPP, facilitando assim, o diagnsti co inicial des-sa doena. Portanto, mostra-se a impor-tncia da ateno no s criana, mas, tambm me que, muitas vezes, deixam de atentar para a sua sade, porm seu estado f sico e mental infl uenciar na sa-de e bem estar de seu fi lho. Entendemos que o estado emocional da me alterado, incidir sobre a qualidade de vida de seu fi lho e como conseqncia, uma difi culda-de em estabelecer laos afeti vos ao longo da vida entre ambos. Nesse estudo foram uti lizados um questi onrio para os dados pessoais e a Escala de depresso ps-par-to de (EPDS). A EPDS composta por 10 itens e tem sido amplamente uti lizado em todo o mundo, demonstrando ser um ins-trumento ti l para detectar mulheres sob risco de apresentar depresso ps-parto. Idealizada por Cox Holder et al. em 1987, essa escala de fcil aplicao e pode ser uti lizada por profi ssionais de sade de diversas reas. Quanto populao des-se estudo foi composta por 38 purperas quando as mesmas levaram seus fi lhos para consulta de puericultura no CEPAC. A anlise uti lizou um mtodo estat sti co para o tratamento dos dados, de acordo com os critrios defi nidos pelo prprio ins-trumento empregado para avaliao das parti cipantes, tendo como base o teste de

    t de student que apontou um intervalo de 95% de confi ana a mdia da amostra de 0,8; erro padro de 0,07; mediana igual a 1; desvio padro igual a 0,4 e varincia igual a 0,2. Os resultados apontaram que (a) 32% da amostra apresentou indcios de depresso ps-parto sufi cientes para que fosse classifi cada no grupo de risco, (b) o nmero de mulheres que apresentou re-sultado indicati vo foi maior nas de deze-nove anos, tendo estas como estado civil respecti vamente unio estvel que repre-sentou 32% da amostra, (c) quanto ao grau de escolaridade 18% ti nha apenas ensino fundamental incompleto, observando-se desta forma que o nmero de mulheres que possuem pouca escolaridade sig-nifi cati vo, estando inclusas neste percen-tual a maioria das mulheres com indcios de DPP. Diante desses dados, percebe-se que o profi ssional de sade deve estar habilitado para detectar precocemente os indcios de depresso ps-parto, tendo sensibilidade para entender as mulheres que apresentem os sinais prediti vos nes-ta fase, podendo intervir no tratamento e encaminhamento para atendimento es-pecializado. As consequencias da DPP no so apenas para a mulher, mais tambm para a criana, podendo afetar, inclusive, a relao conjugal, pois o comprometi men-to do binmio me-fi lho, pode ser ocasio-nado por mes menos afetuosas e mais ausentes nas respostas s necessidades de seus fi lhos, prejudicando, dessa forma, o cuidado com o mesmo.

    Palavras-chave: Depresso ps-parto; me-fi lho; Puerprio.

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    LT05-801 - RELACIONAMENTO CONJUGAL, CLIMA AFETIVO DA FAMLIA E DEPRESSO PS PARTO

    Jlia Scarano de Mendona - [email protected] Vera Silvia Raad Bussab - [email protected] Jos de Oliveira Siqueira - [email protected]

    Financiamento: FAPESP

    Essa pesquisa est inserida no Projeto Te-mti co FAPESP Depresso ps-parto (DPP) como um fator de risco para o desenvol-vimento do beb: estudo interdisciplinar dos fatores envolvidos na gnese do qua-dro e em suas conseqncias (Processo 06/59192-2). A DPP tem sido apontada como um distrbio emocional com po-tenciais implicaes para a me e o beb. Chama a ateno a predominncia dos estudos com foco exclusivo na me e na criana, sendo o pai e outros membros da famlia menos estudados. Recentemente, estudos tm mostrado associaes entre DPP e inadequaes no funcionamento familiar (Burke, 2003; Johnson & Jacob, 1997). Cummings e Davies (1994) sugerem que alm da DPP, o distrbio psicossocial na famlia associado depresso deva ser considerado como fator de risco para o desenvolvimento da criana. A asso-ciao entre DPP e problemas na relao conjugal tambm tem sido apontada na literatura da rea (Burke, 2003; Cummin-gs & Davies, 1994; Silva & Piccinini, 2009) bem como em anlises prvias feitas no presente projeto temti co (Silva, 2008). O confl ito conjugal tem sido identi fi cado como relevante para a qualidade da vida familiar, para a compreenso das origens da DPP e para prognsti cos mais precisos sobre a infl uncia do contexto familiar

    no desenvolvimento da criana. O obje-ti vo da presente pesqui