Defesa do SUS:

Como conquistar corações e mentes?

23 de março de 2017

Marco Akerman - marco.akerman@gmail.com

DEMOCRACIA: EM DEFESA DO SUS

NENHUM DIREITO A MENOS

31º Congresso de Secretários Municipais de Saúde do

Estado de São Paulo - Santos / 22 a 24 de maço

Caminhos para a conquistaReação ao convite;

Para criar um clima!

De que lugar eu falo?;

Conquistar? Vou preferir seduzir!;

Escutando potenciais alvos de sedução;

Que desejos transparecem?;

Sete medidas para implementar o cardápio operacional da

sedução!

A arte da sedução: que escolhas?

Que pilares precisam ser reforçados na “casa nova” do SUS

para seguirmos seduzindo corpos, corações e mentes?

Carta de Santos por um SUS público, adequadamente

financiado e bem governado.

A reação ao conviteAos queridos e queridas amigas do COSEMSSP.

Aceito com alegria o convite pela importância política e simbólica do tema, mas com uma imensa preocupação, pois a tarefa de “mobilizar corações e mentes” não será fácil!!

Vou me esforçar do fundo do coração e dos desvãos da minha mente!

Muito obrigado pela confiança!

Para criar um clima...

Para se lutar contra o ódio e o retrocesso que vai pelo mundo afora, vamos precisar de movimentos e partidos que alimentem o imaginário e os sonhos!!!! (Adaptado de Rossi citando DELVAUX)

Carecemos de IMAGINAÇÃO POLÍTICA!

A última Bienal de SP buscou exercitar isso...

OFICINA DE IMAGINAÇÃO POLÍTICA

A ideia é de que há na imaginação uma potencia de reinvencao de territorios conceituais e reformulacao de perguntas, narrativas e praticas dentro do que compreendemos como politica.

Quero propor um primeiro exercício de imaginação política

Outros dois dispositivos de IMAGINAÇÃO POLÍTICA

A série Unidade Básica

Biblioteca do SUS - BIREME

De que lugar eu falo?

Saúde é um bem público, um

direito humano, e não deve ser

tratada como mercadoria.

Políticas de austeridade fiscal

causam iniquidades; não são

justas, pois há redistribuição

desigual dos sacrifícios!

Austeridade como DETERMINANTE SOCIAL DA SAÚDE

Marmot (2008) – Saúde-Doença se explica pela

redistribuição desigual de serviços, recursos e PODER;

Lancet Public Health - Total and cause-specific mortality

before and after the onset of the Greek economic crisis:

an interrupted time-series analysis Laliotis, Ioannidis,

Stavropoulou (2016) - 2001-2008/2008-2013

242 novas mortes

mensais

Conquistar? Vou preferir seduzir!

Conquistar = apossar-se, submeter,

subjugar, dominar, cativar...

Seduzir = convencer com arte, atrair,

fascinar, encantar

Escutando potenciais alvos de sedução

O que o SUS representa para você?

Que sinais o SUS precisaria emitir continuamente para que a população não perca sua confiança nos serviços?

O que deveria acontecer no SUS para que pessoas que paguem seus convênios privados, deixem de fazê-lo?

Como conquistar corações e mentes para o SUS?

Que desejos transparecem?Uma acadêmica: um sistema solidário e justo; ter melhor acesso na prestação direta de serviços principalmente nos eletivos

Uma gerente: que os usuários não atribuíssem apenas aos médicos a capacidade de resolver seus problemas

Uma usuária já “seduzida” pelo SUS: é no SUS que consigo o que preciso de modo integrado (sentiu no corpo os efeitos); “sou apaixonada pela universalidade (coração); “o SUS me permite ser protagonista da minha saúde (mente)

Uma “não usuária”: maior oferta de serviços, agilidade, conforto e privacidade

Uma médica: “estou me embrutecendo, gostaria de ter mais autonomia no trabalho”

Sete medidas para implementar o cardápio operacional da sedução!

Produzir melhor acesso na prestação direta de serviços, principalmente nos serviços eletivos (corpo);

Ampliar oferta de serviços com maior agilidade, conforto e privacidade (mente);

Fortalecer a integralidade do cuidado (corpo);

Desenvolver processos que “seduzam” os usuários para não atribuírem apenas aos médicos a capacidade de resolver seus problemas (mente);

Co-produzir com os trabalhadores maior autonomia no seu trabalho cotidiano (coração e mente);

Desenvolver com os usuários maior protagonismo na produção da saúde (coração e mente);

Ampliar a paixão das pessoas pela universalidade (coração);

A arte da sedução: que escolhas?

Que pilares precisam ser reforcados na “casa nova” do SUS para

seguirmos seduzindo corpos, corações e mentes?

Pilar ideológico – a disputa do imaginário

do que é saúde e do que é publico

Pilar político – a disputa dos interesses

público e privado

Pilar jurídico – a disputa do que é legal e

do que é justo

Pilar técnico – a disputa de narrativas

sobre as evidências

Pilar ideológico

Saúde é mais do que você imagina!

Haverá espaço para esta disputa na I

Conferência Nacional Livre de

Comunicação em Saúde - “Direito à

informação, garantia de direito à saúde”?

(18-20 de abril de 2017)

Pilar Político: Fim da história? Fim da política?

“Quarenta anos de um discurso dominante de

individualismo criaram uma descrença em relação à

política que só fortalece a agenda neoliberal, que

propugna um grau muito menor de regulação publica.

Robert Reich, escrevendo sobre política nos EUA,

argumenta que essa é a intenção das elites no poder:

‘faca-nos todos tão cínicos sobre o governo que

desistimos de reivindicar e de lutar, tornando mais

fácil para os interesses do lucro obter o que eles

querem’.

LABONT E STUCKLER (2015)

Pilar Jurídico

Garantir direitos

Ocupação indevida de espaços de mediação

política que não lhe pertence

Infantilização da sociedade ao adotar posturas

paternais não informadas por evidências.

Pilar Técnico: evidências

Economia grega volta a crescer, mas crise social só piora. Indicadores baseados em estatísticas rigorosamente produzidas; comprovam de maneira inequívoca aumento de mortes e redução da expectativa de vida;

Investimentos em saúde aumentam o PIB e a produtividade das empresas;

O custo médio das internações no privado é mais alto que no público;

Sistemas Públicos Universais comprometem fatias bem menores do PIB que os de mercado e produz melhores resultados em saúde;

Disputa de narrativas

No entanto, apesar do coro crescente de critica ás políticas de austeridade - até o ponto de que alguns estão declarando a austeridade "morta" - muitos políticos parecem não estar recebendo a mensagem. Precisamos trabalhar mais para recuperar a narrativa: não temos uma crise fiscal. Nós temos uma crise de tributação inadequada. Não vivemos em condições de escassez econômica. Estamos vivendo em condições de extrema desigualdade. Nossas vozes de oposição à globalização neoliberal precisam ser levantadas mais alto e mais forte. Evidência e ética estão do nosso lado.

LABONT E STUCKLER (2015)

“2017: um ano cheio de desafios para a saúde pública na Europa”: a luta é mundial!!

“(…) A história da Europa oferece muitos exemplos de como a saúde pública pode ser subvertida por políticos autoritários e de como os Governos falharam em responder as ameaças à saúde. Em novembro de 2016, organizações de todo o continente assinaram a Declaração de Viena, que busca atualizar a Carta de Ottawa para o século XXI. Tal declaração contempla os determinantes políticos da saúde em seu coração e oferece uma base firme para o que podem ser dias sombrios pela frente.”

MCKEE (2017)

Defesa do SUS (e da não

mercantilização da saúde):

Como seduzir corpos, corações e

mentes

23 de março de 2017

Marco Akerman - marco.akerman@gmail.com

31º Congresso de Secretários Municipais de Saúde do Estado de

São Paulo - Santos / 22 a 24 de maço

Carta de Santos por um SUS

público, adequadamente financiado

e bem governado

Para mobilizar e

acolher a todas e todos

Conclamamos os GOVERNOS FEDERAL, ESTADUAIS E MUNICIPAIS a:

1. Não implementar políticas de austeridade fiscal. Acreditem nas evidências baseadas em medidas estatísticas rigorosas de que elas aumentam a dor, o sofrimento e a morte das pessoas. Para que servem os governos?

2. Gastar em saúde, educação e saneamento pois são investimentos sociais com impactos econômicos no PIB e na produtividade nos serviços, indústria e agricultura.

3. Não apoiar um sistema social e econômico que acelera a acumulação de capital e resulta em concentração extrema de riqueza, pois ele é inconsistente com o alcance de metas de equidade, um dos princípios constitucionais do SUS.

Conclamamos os GOVERNOS FEDERAL, ESTADUAIS E MUNICIPAIS a:

4. Agir para eliminar práticas trabalhistas de empresas que prejudicam a saúde, causam dano ao meio ambiente, e comprometem o bem-estar social.

5. A implementar e exigir cobrança de imposto de renda progressivo, para abordar a equidade em saúde e fortalecer o papel do Estado na promoção de políticas sociais.

6. Reconhecer que a participação de cidadãos em decisões de saúde é um direito, e não uma concessão.

Conclamamos os GOVERNOS FEDERAL, ESTADUAIS E MUNICIPAIS a:

7. Utilizar estratégias que fortaleçam e protejam o direito universal à saúde e ao bem-estar da população brasileira em todos os momentos, e especialmente durante quaisquer crises financeiras.

8. Expandir a compreensão das ameaças que afetam populações vulneráveis e marginalizadas.

9. Estimular que todos os setores reconheçam o impacto de suas políticas sobre a saúde humana e o bem-estar, que afeta principalmente as populações vulneráveis.

10. Demonstrar um uso melhor e mais transparente da política e do poder.

Convidamos os CIDADÃOS a:

11. Não tratar a saúde como objeto de consumo. Saúde é mais do que você imagina. Não é privilégio, é direito. Mercantilizar a prestação de serviços de saúde faz mal para sua saúde e seu bolso. A busca por lucro força pressões para aumentar cobranças dos saudáveis e limitar tratamento aos doentes.

12. Não qualificar a iniciativa privada na saúde como mais eficaz, efetiva e eficiente. Há evidências que provam o contrário!.

13. Participar de uma reflexão crítica sobre seu papel como protagonistas no exercício da cidadania.

14. Exercer seu grande potencial transformador para mobilizar e pressionar as universidades e governos para avaliar a necessidade, ou não, da introdução de novas drogas e medicamentos nos serviços de saúde.

Estimulamos os GESTORES E TRABALHADORES a

15. Se apaixonarem por servir ao público. Seus olhos irão brilhar quando notarem que suas ações repercutem em um coletivo humano ampliado. Ao servir ao privado se atenderá muito mais aos interesses de um investidor. Lembram quando entramos na Faculdade e dizíamos que estávamos ali para ajudarmos as pessoas. Para onde foram os nossos sonhos?

16. Adotar novos processos para alcançar participação social efetiva, maior autonomia dos trabalhadores, ação intersetorial, e abordagens interdisciplinares.

17. Utilizar evidências como instrumento para mudança social positiva. Precisamos de ciência com compaixão, e com abordagem intercultural.

18. Desempenhar um papel fundamental, através do uso de múltiplas intervenções, e de condições que garantam apropriação dos métodos e ativação das pessoas com quem trabalham.

Rogamos ao JUDICIÁRIO

19. Que ao usar sua pena para firmar decretos

e ações de “cumpra-se”, garantindo muitas

vezes direitos, possa refletir, no entanto, se não

está ocupando espaços de mediação política

que não lhe pertence e nem contribuindo para

uma atitude de infantilização da sociedade ao

adotar posturas paternais não informadas por

evidências.

Exigimos da MÍDIA

20. Que exerça seu papel de

concessionária de serviços públicos

informando com honestidade intelectual

os avanços (e retrocessos) do SUS nos

últimos 27 anos.

Escutando Nuno Ramos (Safatle, 2015)

"Minha ideia de forma é de uma goma sempre em potência e nunca completamente determinada." É com tal frase que Nuno Ramos define um dos eixos fundamentais da especificidade de sua experiência estética. Seus trabalhos são produzidos no limite entre a potência e o ato, como se quisessem apreender este momento em que a forma não está completamente formada, no qual a potência não passa completamente ao ato. Nada estranho para um artista que não temeu

dizer que: "É no estado intermediário, antes da secagem, híbrido ainda de morte e promessa, que a vida guarda o seu segredo".

Muito obrigado pela

oportunidade de

compartilhar esse

fascinante tema com

vocês! Beijos!