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1 Pesquisadores da Embrapa Meio Ambiente, Caixa Postal 69, CEP 13820-000, Jaguariúna, SP. E-mail: [email protected] e [email protected]. Bolsistas do CNPq. &21752/($/7(51$7,92’( ’2(1d$6’(3/$17$6 :DJQHU%HWWLRO 5DTXHO*KLQL ,1752’8d›2 s doenças de plantas ocorrem na natureza com o objetivo de, em parte, manter o equilíbrio biológico e a ciclagem de nutrientes, sendo, desse ponto de vista, benéficas. O que se observa é que as doenças e as pragas ocorrem na forma endêmica. Não ocorrem epidemias que poderiam destruir as espécies vegetais, já que colocaria em risco a sobrevivência dos patógenos e das pragas. Porém, as epidemias são freqüentes em agroecossiste- mas, pois com a interferência humana há alteração do equilíbrio da natureza. Uma das condições que favorecem o aumento da população de patógenos e de pragas de forma epidêmica é o cultivo de plantas geneticamente homogêneas, o que é contrário à diversidade de variedades. Antes das facilidades para aquisição de agrotóxicos para o controle dos problemas fitossanitários, os agricultores utilizavam produtos obtidos nas proximidades de suas propriedades, ou mesmo apenas dentro delas. Com a popularização do uso dos agrotóxicos, essas técnicas foram quase que totalmente abandonadas, e hoje muitas delas são chamadas de alternativas. Devido à conscientização dos problemas causados pelos agrotóxicos no ambiente, a sociedade vem exigindo a redução de seu uso. Dessa forma, a pesquisa vem testando os mais diversos pro- dutos, sendo que muitos já foram utilizados pelos agricultores em décadas passadas. A

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1 Pesquisadores da Embrapa Meio Ambiente, Caixa Postal 69, CEP 13820-000,Jaguariúna, SP. E-mail: [email protected] e [email protected] do CNPq.

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que se observa é que as doenças e as pragas ocorrem na formaendêmica. Não ocorrem epidemias que poderiam destruir as espéciesvegetais, já que colocaria em risco a sobrevivência dos patógenos edas pragas. Porém, as epidemias são freqüentes em agroecossiste-mas, pois com a interferência humana há alteração do equilíbrio danatureza. Uma das condições que favorecem o aumento da populaçãode patógenos e de pragas de forma epidêmica é o cultivo de plantasgeneticamente homogêneas, o que é contrário à diversidade devariedades.

Antes das facilidades para aquisição de agrotóxicos para ocontrole dos problemas fitossanitários, os agricultores utilizavamprodutos obtidos nas proximidades de suas propriedades, ou mesmoapenas dentro delas. Com a popularização do uso dos agrotóxicos,essas técnicas foram quase que totalmente abandonadas, e hojemuitas delas são chamadas de alternativas.

Devido à conscientização dos problemas causados pelosagrotóxicos no ambiente, a sociedade vem exigindo a redução de seuuso. Dessa forma, a pesquisa vem testando os mais diversos pro-dutos, sendo que muitos já foram utilizados pelos agricultores emdécadas passadas.

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Apesar de métodos alternativos serem utilizados há muitotempo, pesquisas nesta área são extremamente necessárias à medidaque são aumentadas as restrições de uso de agrotóxicos devido aospotenciais problemas de saúde pública.

Apesar da importância para todos os tipos de cultivo, osmétodos alternativos são mais necessários para as culturas de menorexpressão econômica, onde são poucos os estudos sobre osproblemas de resíduos de pesticidas.

Um termo utilizado para designar os produtos com potencialfungicida, mas que exibem baixa toxicidade ao ambiente e aosmamíferos, é “fungicida biocompatível”. Entretanto, é um termo poucoutilizado no Brasil, sendo nesse contexto preferido o termo “produtosalternativos”, os quais são utilizados no sentido de serem alternativosaos fungicidas.

Para facilitar a didática, esse capítulo está dividido em duaspartes. Na primeira, são apresentados os métodos físicos de controlede doenças de plantas. Na segunda parte são apresentados os casosde controle biológico e do uso de produtos alternativos facilmenteproduzidos ou obtidos no mercado.

Para todos os casos serão apresentados:

a) as características da doença e as práticas de controle utili-zadas,

b) o método de controle alternativo utilizado ou disponível, e

c) as possibilidades de uso da técnica de controle alternativo.

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As doenças veiculadas por fitopatógenos habitantes do solo sãoum dos mais importantes problemas fitossanitários. Esses patógenosincluem diversas espécies de fungos, bactérias e nematóides, quepodem destruir as sementes ou outros órgãos de propagação, causardanos em plântulas, apodrecimento e destruição de raízes ou murcha,devido a danos no sistema vascular.

As principais medidas recomendadas são baseadas na exclu-são, consistindo na prevenção da entrada e estabelecimento dopatógeno na área, por meio do plantio de mudas e sementes sadias,irrigação com água não contaminada, além de evitar o transporte desolo ou materiais e ferramentas contaminadas para a área. Porém,uma vez que o patógeno se estabeleceu, é muito difícil a sua erra-dicação.

Práticas culturais podem ser incluídas no manejo integrado,como rotação de culturas, escolha da época de plantio, araçãoprofunda, pousio, entre outras. Entretanto, em muitos casos, não sãoviáveis ou suficientes para um efetivo controle. O uso de variedadesde plantas resistentes nem sempre é possível devido à inexistência nomercado de variedades com todas as características desejadas. Aenxertia de plantas suscetíveis em porta-enxertos resistentes aopatógeno tem sido usada em alguns poucos casos.

Um método físico utilizado para a desinfestação de solo é aaplicação de vapor, porém, está restrito a pequenas áreas devido aocusto do equipamento necessário. Dessa forma, tem sido praticadoem estufas, canteiros para produção de mudas ou campos de culturasaltamente rendosas. O solo é coberto por uma lona e o vapor,produzido por uma caldeira, é injetado, promovendo o controle depatógenos, plantas daninhas e pragas, por meio da elevação datemperatura do solo.

O tratamento com vapor é feito por pelo menos 30 minutos,sendo que o solo deve atingir a temperatura mínima de 80qC. Esseaquecimento durante a desinfestação pode causar diversas reaçõesquímicas. A decomposição da matéria orgânica é acelerada, causandoa liberação de amônia, dióxido de carbono e produtos orgânicos. Osmateriais inorgânicos são degradados ou alterados; os nitratos enitritos são reduzidos a amônia e a solubilidade ou disponibilidade dos

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nutrientes é modificada, podendo haver o acúmulo em nível tóxico,como o de manganês, por exemplo.

Uma das vantagens do tratamento com vapor é a inespe-cificidade, mas também é um de seus maiores problemas. De modogeral, as altas temperaturas atingidas, que tornam o tratamento nãoseletivo, resultam na erradicação da microbiota, criando espaçosestéreis denominados “vácuos biológicos”. O equilíbrio da comunidademicrobiana do solo é destruído ou profundamente modificado. A reco-lonização é feita, basicamente, por microrganismos termotolerantessobreviventes, microrganismos do solo adjacente não tratado, do ar,da água ou aqueles introduzidos com material vegetal. Esse pode serum sério risco do tratamento, já que a redução da população deantagonistas geralmente significa uma rápida disseminação do pató-geno reintroduzido.

O controle químico com o uso de fungicidas erradicantes, comoos fumigantes, também apresenta o problema de criação de “vácuobiológico”, como descrito para o tratamento com vapor, além de pro-blemas quanto a custo, eficiência e resíduos, podendo causar acontaminação do aplicador, do alimento produzido e do ambiente.

Um dos principais produtos utilizados, o brometo de metila,possui ação destruidora da camada de ozônio da estratosferaterrestre. Por esse motivo, a Reunião das Partes do Protocolo deMontreal, realizada em Viena, em dezembro de 1995, estabeleceuprazos para sua eliminação do mercado. Outros produtos estãodisponíveis, mas nenhum possui as características do brometo, isto é,devido à sua versatilidade, não há um produto que possa substituí-lointegralmente no tratamento de solo, para o controle de uma amplagama de organismos. Além disso, a pressão da sociedade por umaagricultura com menores impactos ambientais tem incentivado tra-balhos de pesquisa com métodos não-químicos em substituição aobrometo.

E��0pWRGR�GH�FRQWUROH�DOWHUQDWLYR�XWLOL]DGR�RX�GLVSRQtYHOA solarização é um método que utiliza a energia solar para a

desinfestação do solo, resultando no controle de fitopatógenos,plantas invasoras e pragas do solo. O método consiste na cobertura

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do solo, preferencialmente úmido e em pré-plantio, com um filmeplástico transparente, durante o período de maior radiação solar.

O controle é resultado de diversos mecanismos. O controlefísico promovido pela elevação da temperatura é responsável pelaeliminação dos patógenos nas camadas superficiais do solo. Emmaiores profundidades, somente temperaturas subletais são obtidas.Os processos microbianos induzidos pela solarização contribuem parao controle biológico dos patógenos, pois o aquecimento atua sobretoda a microbiota do solo. Os propágulos do patógeno, enfraquecidospelas temperaturas subletais, dão condições e estimulam a atuação deantagonistas.

A duração do tratamento deve ser a maior possível, isto é, oplástico deve permanecer no solo durante o maior período de tempo,até a data do plantio. De modo geral, recomenda-se a permanência doplástico por 1 a 2 meses, em condições de campo. Em cultivoprotegido, o tratamento pode ser reduzido se as paredes laterais daestufa permanecerem fechadas durante a solarização.

Para a colocação do plástico, o solo deve ser preparado deforma usual, por meio de aração e gradagem, eliminando-se osobjetos pontiagudos que possam perfurar o plástico. O solo deve estarúmido antes do início da solarização, pois a umidade estimula agerminação de propágulos dos patógenos, tornando-os mais sensíveisaos mecanismos de controle. Assim, após uma chuva ou umairrigação, o plástico é colocado manualmente ou com auxílio demáquinas, enterrando-se as bordas em sulcos com terra. O plásticorecomendado é o transparente, sendo que a sua espessura não temefeito na eficiência do tratamento, mas sim, no custo do material.Plásticos mais espessos são mais caros, porém, podem serreaproveitados, especialmente se forem usados dentro de estufas,onde o plástico se estraga com menor facilidade.

A área tratada com a solarização deve ser contínua e a maiorpossível. A solarização do solo em faixas ou canteiros não é reco-mendada devido à possibilidade de reinfestação do solo solarizadocom o inóculo presente na área não tratada e devido ao “efeito deborda”. Esse efeito é causado pelas menores temperaturas atingidaspelo solo nas bordas da área solarizada, devido às perdas de calorpara a área sem o plástico, resultando na sobrevivência de patógenos

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nesse local. Estima-se que em uma faixa de 40 cm nas bordas,aproximadamente, as temperaturas atingidas não são suficientes paraum controle satisfatório. Mesmo para o tratamento de canteiros,sugere-se que a solarização seja realizada em área contínua e oscanteiros sejam construídos posteriormente.

A lista de fungos controlados através de solarização é longa,incluindo os seguintes: 5KL]RFWRQLD�� 9HUWLFLOOLXP�� )XVDULXP�� 3\WKLXP�6FOHURWLXP�� 6FOHURWLQLD�� 3\UHQRFKDHWD�� 3K\WRSKWKRUD�� 7KLHODYLRSVLV�5RVHOOLQLD�e�0DFURSKRPLQD� A solarização controla também bactérias(3VHXGRPRQDV) e nematóides (0HORLGRJ\QH�� +HWHURGHUD�� *ORERGHUD�3ODW\OHQFKXV��'LW\OHQFKXV��3DUDWULFKRGRUXV��&ULFRQHPHOOD��;LSKLQHPD�+HOLFRW\OHQFKXV�e�3DUDW\OHQFKXV�.

A redução na incidência de doenças pode durar vários ciclos dacultura sem a necessidade de repetir o tratamento de solarização. Oefeito prolongado é resultado da pronunciada redução na quantidadede inóculo associada a uma mudança no equilíbrio biológico do solo,em favor de antagonistas, retardando a reinfestação.

Além dos patógenos, diversas plantas invasoras tambémpodem ser controladas pela solarização. Em muitas hortas comerciais,a solarização está sendo utilizada visando apenas o controle dasplantas invasoras, visto que significa uma grande redução de mão-de-obra. Devido às dificuldades do agricultor em monitorar a temperaturado solo ou a população do patógeno durante a solarização, o controlede plantas invasoras constitui-se num excelente indicador da eficiênciado método. A presença de plantas invasoras pode significar que astemperaturas atingidas não foram suficientes para um controle satis-fatório. Quando a solarização é bem sucedida, há o controle de plan-tas invasoras (Figura 1).

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Maior crescimento de plantas freqüentemente é observado nossolos solarizados, assim como maior produtividade. Esse efeito, quepode ocorrer mesmo na ausência de patógenos, deve-se a diversosprocessos desenvolvidos durante a solarização, que envolvem mudan-ças nos componentes bióticos e abióticos do solo.

F��3RVVLELOLGDGHV�GH�XVR�GD�WpFQLFD�GH�FRQWUROH�DOWHUQDWLYRDevido à simplicidade e disponibilidade de bobinas plásticas em

todas as regiões, a solarização pode ser utilizada de forma geral emtodo o país. Há, entretanto, a necessidade de se conhecer o melhorperíodo para sua utilização em cada região.

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A solarização tem-se mostrado viável para diversas culturas,apresentando, principalmente, as vantagens decorrentes do fato denão ser um método químico. A energia solar, elevando a temperaturado solo, promove uma alteração na composição da microbiota do solo,sem eliminá-la totalmente, dificultando a reinfestação com patógenos.Além disso, apresenta também como vantagens a sua simplicidade ea facilidade de aplicação.

Entre as desvantagens, pode-se citar: a necessidade de máqui-nas para a colocação do plástico em áreas extensas; a necessidadedo solo permanecer sem cultivo durante o tratamento; as limitaçõesclimáticas; e o custo proibitivo para algumas culturas menos rentáveis.

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solo constituem um dos principais problemas para a produção demudas em viveiros. Esses patógenos podem destruir as sementes ououtros órgãos de propagação, causar tombamento de plântulas,murcha devido a danos no sistema vascular, apodrecimento edestruição de raízes. Como conseqüência, há uma queda na quan-tidade e qualidade das mudas produzidas, resultando em gravesprejuízos para o viveirista. Além disso, um dos mais sérios problemasé a disseminação de patógenos pelas mudas contaminadas paraáreas ainda não infestadas, haja vista que, uma vez introduzidos nosolo, tanto a convivência quanto a erradicação desses patógenosapresentam problemas, devido aos poucos métodos de controledisponíveis e suas desvantagens.

Entre os patógenos habitantes do solo estão, principalmente,diversos gêneros de fungos, tais como 3\WKLXP�� 5KL]RFWRQLD�3K\WRSKWKRUD�� )XVDULXP�� 9HUWLFLOOLXP�� &ROOHWRWULFKXP�� 6FOHURWLXP�6FOHURWLQLD� bactérias, tais como ;DQWKRPRQDV e 3VHXGRPRQDV; enematóides, especialmente, do gênero 0HORLGRJ\QH.

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O controle preventivo é o mais recomendável, evitando-se aentrada do patógeno no viveiro, por exemplo, por meio de cuidadoscom a qualidade da água de irrigação, sementes, mudas, além deoutros materiais que serão utilizados no preparo do substrato e quepossam conter propágulos do patógeno.

A utilização de vapor para a desinfestação de substrato érestrita devido ao custo do equipamento necessário. O vapor, produ-zido por uma caldeira, é injetado no substrato, promovendo o controlede patógenos, plantas daninhas e pragas, por meio da elevação datemperatura do substrato.

O controle químico com o uso de fungicidas erradicantes, comoos fumigantes, tem sido o método convencional de controle depatógenos habitantes do solo, na maioria dos viveiros. O produto maisutilizado é o brometo do metila, que é um fumigante altamente tóxico.

O brometo de metila se apresenta na forma gasosa,comprimido em latas, e é aplicado sob uma cobertura plástica, a qualé retirada 24 a 48 horas após a aplicação. Há necessidade de umperíodo mínimo de 7 dias de aeração antes do plantio. As principaisvantagens do uso de brometo de metila são: 1) ação rápida econsistente; 2) o espectro de ação contra patógenos do solo é maisamplo do que o dos demais tratamentos, exceto a vaporização; 3) nãoocorrem problemas com resistência; 4) fácil penetração no solo; 5)pode ser usado em solos com uma maior variação de umidade etemperatura do que outros produtos; 6) dissipa-se rapidamente após otratamento; 7) apresenta ação viricida, que nenhum outro fumiganteapresenta.

Entretanto, entre as principais desvantagens do uso de brometode metila, estão: 1) a alta toxicidade e volatilidade tornam importan-tíssima a adoção de medidas de proteção dos trabalhadores; 2) reduza biodiversidade do solo; 3) resíduos de brometo são formados nosolo, podendo causar problemas a algumas culturas; 4) poluição do arem áreas próximas; 5) contaminação da água em áreas com lençolfreático alto, isto é, mais superficial; 6) problemas referentes aodestino final dos plásticos usados no tratamento; 7) elimina todos osmicrorganismos do solo, inclusive os antagonistas, criando o chamado“vácuo biológico”, que facilita a reinfestação por patógenos. Além dosriscos à saúde do trabalhador e dos demais problemas apresentados,

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recentemente, descobriu-se que o brometo de metila possui açãodestruidora da camada de ozônio da estratosfera terrestre. Por essemotivo, medidas foram tomadas para restringir o seu uso até acompleta proibição em 2010. Devido à sua versatilidade, não há umúnico tratamento químico alternativo ou uma combinação de produtosque possam substituir o brometo de metila em todos os seus diversosusos na fumigação do solo.

E��0pWRGR�GH�FRQWUROH�DOWHUQDWLYR�XWLOL]DGR�H�GLVSRQtYHOUm equipamento, denominado coletor solar, foi desenvolvido

pela Embrapa Meio Ambiente e Instituto Agronômico de Campinas(Divisão de Engenharia Agrícola) para desinfestar substratos utilizadosem recipientes em viveiros de plantas, com o uso da energia solar.Alguns patógenos habitantes do solo, como fungos, bactérias enematóides, podem ser inativados no coletor em algumas horas detratamento, devido às altas temperaturas atingidas (70 a 80 ºC, noperíodo da tarde), porém recomenda-se o tratamento por 1 ou 2 dias.

Por não se tratar de um método químico, apresenta vantagensquanto à segurança do aplicador, ausência de resíduos e nãocontaminação do ambiente. O substrato tratado nos coletores pode serprontamente utilizado, enquanto no caso do brometo é necessário umperíodo para aeração e eliminação dos resíduos do produto, quepodem ser tóxicos tanto para a planta quanto para o trabalhador quemanuseá-lo. Além disso, o coletor solar não consome energia elétricaou lenha, é de fácil construção e manutenção e tem baixo custo.

O tratamento com o coletor permite a sobrevivência demicrorganismos termotolerantes benéficos que impedem a reinfes-tação do substrato pelo patógeno, o que não ocorre no tratamentocom brometo de metila que esteriliza o solo, criando um “vácuobiológico”.

O coletor solar foi desenvolvido pela Embrapa Meio Ambiente,com apoio financeiro da FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisado Estado de São Paulo –, consistindo, basicamente, de uma caixa demadeira que contém tubos de ferro galvanizado e uma cobertura deplástico transparente, que permite a entrada dos raios solares. O soloé colocado nos tubos pela abertura superior e, após o tratamento,retirado pela inferior, através da força da gravidade. Os coletores são

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instalados com exposição na face norte e um ângulo de inclinaçãosemelhante à latitude local acrescida de 10º. A tampa refletora,constituída por uma chapa de alumínio, tem a finalidade de aumentara radiação recebida pelos tubos. Entretanto, a tampa não é essencialpara o funcionamento do equipamento, haja vista que além de onerara sua construção, eleva a temperatura em apenas alguns graus. Osdetalhes de sua construção são apresentados por GHINI & BETTIOL(1991) e por GHINI (1998).

Na Figura 2 é apresentado o coletor solar desenvolvido naEmbrapa Meio Ambiente. O coletor solar mostrado nessa figura temcapacidade para tratar 116 litros de substrato. Em períodos de radia-ção plena, os coletores podem ser recarregados diariamente.

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O Núcleo de Produção de Mudas da CATI, situado em SãoBento do Sapucaí, SP, é um exemplo de um viveiro que adotou a novatécnica para tratamento em larga escala de substrato para produçãode mudas. Nesse viveiro, o brometo de metila foi totalmente subs-tituído pelos coletores solares em 1998 (Figura 3).

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)LJXUD� ���&ROHWRUHV�GR�1~FOHR�GH�3URGXomR�GH�0XGDV�GD�&$7,� VLWXDGR� HP6mR�%HQWR�GR�6DSXFDt��63�

O coletor solar pode ser usado durante o ano todo, exceto emdias de baixa radiação solar. Por exemplo, na região de São Bento doSapucaí, SP, o maior período sem possibilidade de uso dos coletoresfoi de aproximadamente 20 dias, durante os meses de outubro/novem-bro, devido à intensa precipitação. Entretanto, há possibilidade de seestocar o substrato tratado para esses períodos.

F��3RVVLELOLGDGHV�GH�XVR�GD�WpFQLFD�GH�FRQWUROH�DOWHUQDWLYRO coletor solar substitui integralmente o uso do brometo de

metila e outros produtos químicos, sem a necessidade de tratamentoscomplementares.

O custo para a construção de um coletor solar utilizando-semateriais de boa qualidade é de, aproximadamente, R$ 200,00(valores de 2001). Desse valor, R$ 91,00 são relativos ao custo domaterial e o restante à mão-de-obra para sua construção. Entretanto,

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o coletor pode ser construído com sucatas, o que reduz ainda mais oseu custo. Com cuidados mínimos de manutenção, o coletor podedurar muitos anos.

No que se refere ao controle de fitopatógenos, o substratotratado no coletor apresenta as mesmas características do substratotratado por brometo de metila e outros produtos químicos. Por permitira sobrevivência de microrganismos termotolerantes, o substrato trata-do no coletor apresenta maior dificuldade de reinfestação por pató-genos habitantes do solo, sendo essa mais uma das vantagens doequipamento.

Os principais problemas relatados quanto ao uso do coletorsão: não pode ser usado em dias chuvosos; emprega o dobro da mão-de-obra necessária para o tratamento com brometo de metila; requermanutenção, ainda que simples, para garantir a sua durabilidade.Entretanto, as vantagens dessa tecnologia são amplamente compen-satórias, inclusive do ponto de vista financeiro, pois o custo final dotratamento é inferior aos dos produtos químicos empregados.

75$7$0(172�7e50,&2�(�'(6,1)(&d­2�'(�,167580(1726'(�&257(�9,6$1'2�',0,18,5�$�3523$*$d­2�'(5$48,7,602�'$�6248(,5$�(�$�(6&$/'$'85$�'$6�)2/+$6�

D��&DUDFWHUtVWLFDV� GDV� GRHQoDV� H� SUiWLFDV� GH� FRQWUROHXWLOL]DGDVNo cultivo da cana-de-açúcar, o uso de fungicidas para o

controle de doenças não é uma prática usual. Na maior parte doscasos, o controle baseia-se na exclusão, sanidade das mudas e usode variedades resistentes ou tolerantes obtidas em programas demelhoramento. Contudo, algumas práticas podem ser adotadasvisando auxiliar este controle, uma vez que é muito difícil obter umavariedade que seja resistente a todas as doenças.

Entre as doenças da cana-de-açúcar, as bacterioses sistêmi-cas, causadoras do raquitismo e da escaldadura, apresentam sériosproblemas para o seu controle, visto que podem ser disseminadas

1 Informações básicas fornecidas por Marcos Virgílio Casagrande, da Copersucar, Piracicaba, SP.

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pelos toletes e pelos instrumentos de corte, por ocasião dasoperações de plantio, colheita e, possivelmente, durante os tratosculturais. O raquitismo da soqueira é causado por &ODYLEDFWHU� [\OLsubsp. [\OL Davis, Gillaspie, Vidaver & Harris, que infecta o xilema dasplantas podendo provocar danos de 10 a 30% na produtividade,dependendo da variedade envolvida e grau de infecção. A &�� [\OLsubsp. [\OL pertence à Divisão Firmicutes, Classe Firmibacteria eGênero &ODYLEDFWHU. A doença vem ocasionando perdas em todas asáreas canavieiras do mundo, as quais nem sempre podem ser ava-liadas devido à falta de sintomas externos. Por esse motivo, também aprática de “roguing”, adotada com êxito no controle de outras doençasda cana-de-açúcar, não pode ser utilizada, tal como o uso devariedades resistentes, devido à ausência de fontes de resistência.

A escaldadura é causada por uma bactéria e, como oraquitismo, propaga-se através do plantio de toletes infectados einstrumentos de corte, especialmente facões. A bactéria causadora daescaldadura é ;DQWKRPRQDV DOELOLQHDQV�(Ashby) Dowson, pertencenteà Divisão Gracilicutes, à Classe Scotobactéria, à Família Pseudomo-nadaceae e ao Gênero ;DQWKRPRQDV.

Assim sendo, o controle dessas doenças é baseado natermoterapia, ou tratamento térmico de toletes ou gemas isoladas, ena desinfecção de instrumentos de corte visando diminuir a propa-gação dessas doenças sistêmicas.

E��0pWRGR�GH�FRQWUROH�DOWHUQDWLYR�XWLOL]DGR�H�GLVSRQtYHOO tratamento do material de propagação com água quente para

a formação de viveiros deve proporcionar uma redução das gemasinfectadas e uma alta porcentagem de brotação, além de uma altaprodutividade do material no campo.

O tratamento térmico de toletes em água é usado principal-mente para controlar o raquitismo da soqueira, uma das principaisdoenças da cana-de-açúcar. A escolha da temperatura utilizada e dotempo de tratamento são fundamentais para a obtenção dosresultados esperados, com menor custo de produção. Através dodiagnóstico pela microscopia de contraste de fase, a eficiência dediversas temperaturas e tempo de tratamento foi testada no Centro de

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Tecnologia Copersucar no controle da doença. A maior eficiência foiobtida com 52 ºC durante 30 minutos, para o tratamento de toletescom uma gema. Este binômio tempo/temperatura diminui o tempo e ocusto do tratamento, é menos prejudicial à brotação das gemas econtrola o patógeno de maneira eficiente. O estudo permitiu que essetratamento fosse recomendado em substituição ao anteriormenteutilizado, de 50,5 ºC por 2 horas. Neste processo, toletes de umagema com aproximadamente 8 cm de comprimento são tratados emtanques modelo Copersucar com capacidade para 250 litros. Todavia,o usuário poderá optar por outros modelos de tanque existentes nomercado, com maior ou menor capacidade, desde que certifique-seque este equipamento proporcione um perfeito controle de tempe-ratura.

O tratamento térmico é realizado no material destinado aoplantio de viveiros, podendo ser feito em qualquer época do ano,embora o período compreendido entre setembro e março seja o maisaconselhável por apresentar uma faixa de temperatura ideal à brota-ção das gemas tratadas. O material usado para o tratamento térmicodeve ser o melhor possível, com ótima sanidade e vigor. Deve serdada preferência às canas de soqueira de viveiros tratados termi-camente, de maneira a melhorar a sanidade do material a cadatratamento. O material a ser tratado deve apresentar de 10 a 12meses de idade, os colmos devem ser cortados com facões desin-fectados a fogo (técnica descrita a seguir), sem despalha e carregadoscuidadosamente para evitar danos mecânicos às gemas. Esteprocesso não é 100% eficiente, pois depende de fatores ligados àvariedade, ao diâmetro dos colmos e aos cuidados na execução doprocesso. A eficiência aumenta quando se promove o tratamentoseriado, ou seja, tratam-se colmos oriundos de plantas previamentesubmetidas ao tratamento térmico. Para o adequado funcionamentode uma unidade de tratamento térmico são necessários de 10 a 12homens/dia para realizar as diversas atividades ligadas ao processo.

A desinfecção de ferramentas de corte é outra prática que,aliada à anteriormente citada, contribui para a redução na disse-minação de doenças sistêmicas, como o raquitismo da soqueira e aescaldadura das folhas. A desinfecção das ferramentas de corte podeser feita por meio de vapor d’água ou água fervente, produtos quími-cos ou fogo. O uso de vapor d’água ou água quente é impraticável em

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condições de campo. Entre os produtos químicos que podem serusados está a creolina em solução a 10% em água; neste caso, asferramentas devem permanecer na solução por pelo menos meia horaantes do uso. A desinfecção usando creolina, além de demorada,torna-se inconveniente por deixar um odor desagradável nas mãosdos cortadores que invariavelmente se mostram refratários ao pro-cesso. A desinfecção pelo fogo, através de flambadores, mostra-se aalternativa mais viável e eficiente. Nesta prática, um facão de corteleva em média 15 segundos para ser esterilizado com 100% deeficiência. A esterilização das ferramentas de corte deve ser realizadaem momentos específicos e muitas unidades produtoras possuemunidades móveis com todos os equipamentos necessários para adesinfecção a fogo. O equipamento usado é bastante simples, consti-tuindo-se por um flambador modelo Copersucar acoplado a umpequeno botijão de gás. É importante salientar que os usuários dométodo devem ser previamente treinados para evitar acidentes. Con-forme mencionado, a desinfecção das ferramentas de corte deve serfeita em momentos específicos, tais como: no início da jornada detrabalho, nas pausas para almoço ou café, sempre que mudar detalhão e sempre que mudar de variedade. Esta prática deve seradotada tanto no corte de viveiros como no de áreas comerciais.

F��3RVVLELOLGDGHV�GH�XVR�GD�WpFQLFD�GH�FRQWUROH�DOWHUQDWLYRA técnica, além de estar totalmente disponível para uso, é

utilizada em grande escala pelas empresas plantadoras de cana. Osequipamentos aqui relatados estão disponíveis no mercado. Porexemplo, o equipamento para o tratamento térmico é comercializadopela Fertron, Av. César Mingossi, 108, Sertãozinho, SP; e o flambadorde facões, pela Damaceno & Oliveira Ltda., Rua Humberto AlvesTossi, 1000, Lençóis Paulista, SP.

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1 Informações fornecidas por Hugo Kuniyuki, Instituto Agronômico de Campinas, Campinas, SP.

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O controle das doenças causadas por vírus, atribuídas a vírusda videira, é baseado no emprego de material propagativo sadio devariedades produtoras de frutos e de porta-enxertos, que é obtidoprincipalmente por meio de indexação biológica ou imunológica e deprocessos como a termoterapia. No Brasil, a termoterapia desem-penha papel fundamental, pois a maioria das variedades de copa e deporta-enxerto encontra-se infectada pelo menos por um vírus, tornan-do indispensável promover a limpeza de material propagativo median-te eliminação por calor desses agentes infecciosos.

Apesar da alta incidência com que os vírus infectam as videirasno país, eles não se disseminam naturalmente dentro das plantaçõesatravés de vetor ou por meios mecânicos. Se isso ocorrer, deve ser demodo pouco eficiente. Assim sendo, o acúmulo de vírus decorre douso de material propagativo de plantas infectadas e, conseqüen-temente, não envolve a aplicação de produtos químicos para ocontrole desses agentes infecciosos. A termoterapia é um processoque só deve ser aplicado em variedades de copa e de porta-enxertode importância nacional ou regional, tradicionais ou de obtençãorecente, cujos materiais sadios não existam em outros países paraimportação.

O uso de material propagativo sadio de variedades de copa ede porta-enxerto vem se ampliando gradativamente, à medida que osviticultores se conscientizam dos problemas causados por doenças devírus na cultura da videira. É recomendado que o uso desse tipo dematerial seja feito no início da instalação ou ampliação dos vinhedos.

E��0pWRGR�GH�FRQWUROH�DOWHUQDWLYR�XWLOL]DGR�H�GLVSRQtYHOO método usual de termoterapia baseia-se no tratamento de

videiras infectadas por vírus a 36-38ºC, sob 12-16 horas de luz,durante 60-80 dias, associado à propagação de ápices caulinares, decerca de 1 cm de comprimento, em plantas obtidas de semente. Asplantas obtidas, após atingirem tamanho adequado, são submetidas atestes de indexação biológica ou imunológica, se cabíveis, paraverificar se houve inativação de vírus. Outro método que pode serusado de forma alternativa ou paralela ao de rotina, consiste notratamento de gemas verdes de plantas infectadas em porta-enxertossadios. As plantas resultantes das gemas tratadas são indexadas.

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O tratamento é realizado numa câmara de temperatura eluminosidade controladas durante o período vegetativo da videira.Desde que a obtenção de clones das plantas submetidas ao trata-mento seja bem sucedida, uma vez é suficiente para produção dematerial sadio.

As técnicas de termoterapia são simples, de fácil execução, nãoexigem custos adicionais, além da câmara de termoterapia, e geral-mente oferecem bons resultados. Não apresenta também riscos devariação somática dos clones obtidos. A limitação da termoterapia é olongo tempo exigido para a obtenção dos resultados (obtenção dosclones e indexação para vírus), mas isso é um fato inerente às plantasperenes e decíduas, como a videira.

F��3RVVLELOLGDGHV�GH�XVR�GD�WpFQLFD�GH�FRQWUROH�DOWHUQDWLYRDependendo do vírus, da variedade e da planta tratada, a eficá-

cia do método é de 50 a 100%. Atualmente, somente as instituiçõesonde são desenvolvidas pesquisas sobre viroses da videira dispõemdesse tipo de material propagativo para fornecimento ou comercia-lização. Dessa forma, como a termoterapia de videiras não envolve otratamento de muitas plantas, uma câmara com 2 a 3 m3 já ésuficiente.

A técnica não envolve custos adicionais, além dos referentes àaquisição ou construção da câmara de termoterapia, pois não envolvetratamentos especiais na condução das plantas tratadas ou obtidas. Atermoterapia é um processo amplamente conhecido e utilizado para aprodução de clones livres de vírus de plantas de propagação vege-tativa na maioria dos países, desde longa data. A variação é quanto àtécnica.

A aplicação da termoterapia exige muita familiarização com acultura e com os vírus que a infectam. Além disso, por se tratar deplanta perene, os resultados a serem obtidos demandam longo tempo(2 a 3 anos ou mais). Por serem tratamentos drásticos, é indispen-sável que as videiras a serem tratadas estejam bem estabelecidas emvasos, ou seja, tenham sido transplantadas para vasos há mais de umano.

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Os clones sadios obtidos não apresentam problemas na suautilização, pois tratam-se simplesmente de plantas livres de vírus, coma manutenção de suas características fenotípicas e genotípicas ori-ginais.

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D��&DUDFWHUtVWLFDV�GR�SUREOHPD�H�SUiWLFDV�GH�FRQWUROH�XWLOL�]DGDVA podridão de maçãs causadas por 3HQLFLOOLXP�H[SDQVXP Link.,

em pós-colheita, é controlada basicamente pela utilização de fungici-das e/ou desinfestação prévia na estocagem e nas embalagem dasfrutas.

E��0pWRGR�GH�FRQWUROH�DOWHUQDWLYR�XWLOL]DGR�H�GLVSRQtYHOA técnica alternativa desenvolvida consiste basicamente na

aplicação da luz fornecida por lâmpadas ultra-violetas (UV) germi-cidas, instaladas em túnel de secagem dos frutos de maça que girampermanentemente e recebem 180 PW/cm2/min. Essa operação é reali-zada isoladamente no momento da pré-embalagem.

A eficiência da técnica gira em torno de 80 a 100% de controleda população do fungo nos frutos de maçãs. Assim, a técnica visareduzir o uso de agroquímicos na fruta para consumo LQ�QDWXUD.

F��3RVVLELOLGDGHV�GH�XVR�GD�WpFQLFD�GH�FRQWUROH�DOWHUQDWLYRA técnica vem sendo utilizada por empresas localizadas em

Fraiburgo, SC, e Vacaria, RS, sendo tratados aproximadamente50.000 toneladas de frutos de maçãs por safra.

As lâmpadas, bem como os materiais necessários, podem serobtidos nas revendas de lâmpadas UV. O custo aproximado é deR$ 3.000,00, sendo que as lâmpadas devem ser renovadas no início 1 Informações fornecidas por Rosa Maria Valdebenito Sanhueza, Embrapa Uva e Vinho; Bento

Gonçalves, RS.

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de cada safra, com um custo aproximado de R$ 900,00. Cuidadosespeciais devem ser tomados durante a manutenção do equipamento,que deve ser feita em compartimento fechado para não expor ostrabalhadores à UVC.

É interessante considerar que essa técnica poderá ser deutilidade não só para maçãs, mas também na desinfestação de outrosfrutos.

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As diversas doenças que ocorrem nas plantas cultivadas sobcondições de cultivo protegido são geralmente controladas com o usode fungicidas. Entretanto, a aplicação de pesticidas nesse ambientemerece atenção especial devido aos inúmeros problemas que podemocorrer, tais como fitotoxicidade, resíduos, seleção de estirpes resis-tentes e outros.

E��0pWRGR�GH�FRQWUROH�DOWHUQDWLYR�XWLOL]DGR�H�GLVSRQtYHOFilmes plásticos com capacidade de absorver luz ultravioleta

podem ser utilizados para reduzir a incidência de doenças fúngicas deplantas cultivadas em casa de vegetação. Filtros que limitam apassagem dos comprimentos de ondas menores do que 390 nm têmsido eficientes no controle do mofo cinzento (%RWU\WLV�FLQHUHD�Pers.:Fr.)do tomateiro, da podridão do caule [6FOHURWLQLD� VFOHURWLRUXP� (Lib.) deBary] do pepino e da berinjela, da queima das folhas [$OWHUQDULD�GDXFL(Kühn) Groves & Skolko] da cenoura, da queima das pontas das folhas($OWHUQDULD� SRUUL) da cebola e da mancha foliar de estenfílio(6WHPSK\OLXP�ERWU\RVXP�Wallr.) em aspargo.

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F��3RVVLELOLGDGHV�GH�XVR�GD�WpFQLFD�GH�FRQWUROH�DOWHUQDWLYRSASAKI et al. (1985) verificaram que a produção média por

planta de tomate, cultivada sob plástico que absorve a luz ultravioleta,foi de 3,3 kg, contra 2,5 kg por planta cultivada sob plástico de usocomum na agricultura. A diferença na produção foi devida ao controleda mancha de alternaria. Similarmente, devido ao controle da$OWHUQDULD��o pimentão vermelho cultivado sob esse plástico especialproduziu 1.098 g/planta, contra 545 g/planta, quando cultivado sobplástico comum. O efeito desses plásticos com capacidade de absor-ver luz ultravioleta (abaixo de 390 nm) está relacionado com anecessidade desses comprimentos de onda para a esporulação dedeterminados fungos fitopatogênicos. A baixa ou nenhuma produçãode esporos nessas condições leva a uma acentuada redução dopotencial de inóculo.

A utilização da técnica depende exclusivamente da disponi-bilidade desse plástico no comércio e da relação custo-benefício.Entretanto, como o cultivo protegido vem ganhando muito espaço, éuma técnica com alto potencial de uso.

3$57(�,,��&21752/(�%,2/Ï*,&2�(�352'8726�$/7(5�1$7,926&21752/(�'$�75,67(=$�'26�&,7526�$75$9e6'$�35(081,=$d­2�&20�(67,53(6�)5$&$6'2�9Ë586�'$�75,67(=$�

D�� &DUDFWHUtVWLFDV� GD� GRHQoD� H� SUiWLFDV� GH� FRQWUROH� XWLOL�]DGDVA tristeza dos citros é uma doença causada por um closte-

rovírus (CTV) limitado ao floema. Possui partículas longas e filamen-tosas de aproximadamente 10-12 nm de diâmetro e 2.000 nm decomprimento. O CTV é capaz de infectar muitas espécies, variedadese híbridos de citros. Os sintomas induzidos pelo CTV variam de acordo 2 Informações básicas fornecidas por Guerd Walter Muller, do Instituto Agronômico de Campinas,Campinas, SP.

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com o isolado do vírus presente e o hospedeiro. O deperecimento dascombinações de citros em porta-enxerto de laranja azeda, que é osintoma clássico, causou no passado a morte de aproximadamente10 milhões de plantas no Brasil. Esse tipo de sintoma não existe emnossas condições, pois combinações de citros em porta-enxerto deazeda não são mais utilizadas.

Danos consideráveis, no entanto, são ainda ocasionados porisolados do vírus da tristeza que induzem a sintomas conhecidos pelonome de caneluras, que são depressões que se formam no lenho dasplantas. Esses sintomas são, via de regra, acompanhados por enfeza-mento da planta, cuja folhagem de tamanho reduzido apresentaclorose semelhante às das deficiências de zinco, manganês e deoutros nutrientes. O sintoma mais grave, porém, é a indução de frutosmiúdos, não raro de conformação defeituosa, vulgarmente conhecidoscomo “coquinhos”. Frutos com essas características não são comer-cializáveis, podendo acarretar sérias perdas aos citricultores.

A forma convencional de controle do CTV foi a utilização dosdenominados porta-enxertos tolerantes ao vírus, que permitiram aampliação da citricultura brasileira, principalmente a paulista, possi-bilitando que a mesma se tornasse a maior do mundo.

E��0pWRGR�GH�FRQWUROH�DOWHUQDWLYR�XWLOL]DGR�RX�GLVSRQtYHOA utilização do porta-enxerto tolerante ao vírus da tristeza não

foi solução satisfatória para controlar os danos acima citados ocasio-nados por isolados indutores de caneluras. Nesse caso, a soluçãoencontrada foi o uso da premunização, que é a técnica de promover ainfecção de uma planta com uma estirpe fraca de um vírus que venhaa oferecer proteção contra a estirpe forte, desta maneira levando a umcontrole das manifestações severas da doença. Atualmente, cerca de100 milhões de todas as árvores de laranja ´Pera` plantadas no Brasiloriginaram-se de material premunizado com isolados fracos do CTV eque estão crescendo satisfatoriamente.

O agente de controle biológico foi encontrado naturalmente emplantas destacadas, em pomares da cultivar que se desejava premu-nizar. A multiplicação do agente é realizada pela perpetuação deplantas matrizes premunizadas e lotes de borbulheiras premunizadas(viveiros multiplicadores de borbulhas).

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Essa técnica foi desenvolvida basicamente na Seção deVirologia do Instituto Agronômico, Campinas, SP.

F��3RVVLELOLGDGHV�GH�XVR�GD�WpFQLFD�GH�FRQWUROH�DOWHUQDWLYRNo caso da laranja ´Pera`, a técnica é amplamente utilizada há

20 anos. Praticamente todas as plantas dessa variedade cultivadasatualmente são premunizadas, totalizando em torno de 100 milhões deplantas.

Normalmente, quando os agricultores adquirem as mudas, jáestão comprando plantas premunizadas com isolados fracos do vírusda tristeza. Dessa forma, não há custos adicionais para os produto-res, pois uma vez premunizada, a planta continua premunizada portoda a sua vida.

De modo geral, a eficiência da técnica gira em torno de 90%. Oseu uso aumenta com o aumento do plantio de citros no país.

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D�� &DUDFWHUtVWLFDV� GD� GRHQoD� H� SUiWLFDV� GH� FRQWUROH� XWLOL�]DGDVO tombamento em fumo é causado por diferentes fungos de

solo��3\WKLXP��6FOHURWLQLD e 5KL]RFWRQLD. O controle vem sendo reali-zado com a desinfestação dos canteiros com brometo de metila eaplicações de fungicidas à base de mancozeb, metalaxyl e iprodione.Além do sistema de produção de mudas em canteiros, está sendo utili-zado o sistema de “float”, o qual utiliza bandejas de isopor e substrato.Nesse sistema as mudas ficam flutuando em água. No sistema de“float” o controle é feito com fungicidas à base de mancozeb, metalaxyle iprodione, eliminando o uso de brometo de metila.

3 Informações básicas fornecidas por Shinobo Sudo e E. Galina, da Souza Cruz S.A., Rio de

Janeiro, RJ.

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E��0pWRGR�GH�FRQWUROH�DOWHUQDWLYR�XWLOL]DGR�RX�GLVSRQtYHOAs doenças, principalmente, no sistema “float” podem ser

controladas com produtos biológicos, reduzindo a necessidade do usode fungicidas. A Cia. Souza Cruz desenvolveu um produto à base de7ULFKRGHUPD, fungo que atua por parasitismo no controle dosprincipais fungos causadores de doenças nas mudas. Esse controlebiológico pode também ser utilizado no sistema de produção demudas em canteiros.

A produção do antagonista é realizada em grãos de arroz cozido eesterilizado, contidos em sacos de plástico. Após a transferência doinóculo para o arroz são necessários 30 dias para a obtenção doproduto final, passando nesse período pelas fases de incubação,secagem e empacotamento. O agente de biocontrole é distribuído aosprodutores em grãos de arroz colonizados pelo fungo.

F��3RVVLELOLGDGHV�GH�XVR�GD�WpFQLFD�GH�FRQWUROH�DOWHUQDWLYRO produto está disponível para aproximadamente 50% dos

produtores de fumo da Souza Cruz, sendo distribuído gratuitamente aesses produtores.

A utilização do produto é bastante simples. No sistema “float” oproduto é misturado ao substrato na proporção de 100 g/100 kg desubstrato. Esse volume é suficiente para completar 200 bandejas com200 células. No sistema de produção de mudas em canteiros oproduto é dissolvido na água e aplicado no canteiro após a semea-dura.

Normalmente, esse fungo antagônico é utilizado entre os mesesde maio e julho, durante a produção de mudas de fumo. Uma aplica-ção, tanto no substrato, quanto nos canteiros, sempre na semeadura,é suficiente para o efetivo controle da doença. O 7ULFKRGHUPD éutilizado isoladamente, não havendo necessidade de mistura comoutros produtos ou agentes.

A eficiência do produto é superior a 90%, sendo que no ano de1998 foram produzidas e utilizadas aproximadamente 10.000 tonela-das de substrato. Constantemente, os Agrônomos e Técnicos Agríco-

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las da Souza Cruz, que trabalham na região, visitam os produtorespara preenchimento de um questionário sobre os problemas enfren-tados com a produção de mudas.

Um dos principais problemas com o produto é a obtenção doregistro junto aos órgãos competentes. Também na produção existemproblemas relacionados com a contaminação com 0RQLOLD e$VSHUJLOOXV�RU\]DH e ácaros na secagem. Entretanto, esses problemassão facilmente resolvidos.

A técnica passou a ser adotada visando a redução do uso deagrotóxicos na cultura, com conseqüente redução de riscos para osprodutores e consumidores. O uso da prática possibilitou a substitui-ção do brometo de metila e com isso houve maior proteção doambiente.

De um modo geral, a técnica foi facilmente aceita pelos produ-tores. Não tem apresentado problemas, estando tanto a companhiaquanto os produtores satisfeitos.

O objetivo é que, após o registro do produto, todos os produ-tores de fumo que trabalham com a Souza Cruz S.A. passem a utilizaro produto. Outro objetivo perseguido é a completa eliminação do usodo brometo de metila na produção de fumo.

Além do fumo, esse produto pode ser utilizado para substrato denumerosas culturas.

862�'(�7ULFKRGHUPD�YLULGH�3$5$�2�&21752/(%,2/Ï*,&2�'$�32'5,'­2�'$6�5$Ë=(6�'$�0$&,(,5$�

D�� &DUDFWHUtVWLFDV� GD� GRHQoD� H� SUiWLFDV� GH� FRQWUROH� XWLOL�]DGDVO fungo 3K\WRSKWKRUD�FDFWRUXP causa podridão das raízes da

macieira, sendo que, no replantio, utiliza-se o brometo de metila paradesinfestação das covas.

4 Informações básicas fornecidas por Rosa Maria Valdebenito-Sanhueza, da Embrapa Uva e

Vinho, Bento Gonçalves, RS.

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E�� 0pWRGR�GH�FRQWUROH�DOWHUQDWLYR�XWLOL]DGR�RX�GLVSRQtYHOA substituição do brometo de metila se deu com o uso asso-

ciado de dose baixa de formaldeído (3%), esterilizante que não polui osolo, com propágulos de 7ULFKRGHUPD YLULGH (T15), organismo alta-mente competitivo no solo e antagônico a 3K\WRSKWKRUD FDFWRUXP.

O agente de controle biológico utilizado foi obtido de raízes demacieiras com podridões, na região de Vacaria, RS. É produzido emsementes autoclavadas de sorgo sacarino, dentro de sacos plásticostambém autoclavados.

F��3RVVLELOLGDGHV�GH�XVR�GD�WpFQLFD�GH�FRQWUROH�DOWHUQDWLYRO produto está disponível na Embrapa Uva e Vinho em emba-

lagens de 4 g. Essa embalagem contém a quantidade recomendadapara uma cova, devendo ser aplicada manualmente na cova, umaúnica vez, sete dias após o tratamento com formaldeído (10 litros/cova). Para aplicação do 7ULFKRGHUPD deve-se preparar a cova eaplicar o antagonista imediatamente abaixo da superfície do solo,cobrindo-o com 5 a 7 cm de solo. Após a aplicação do 7ULFKRGHUPDumedecer a área tratada com 2 litros de água para assegurar aumidade do solo e melhorar a colonização do substrato. Selecionar asmudas e realizar o replantio 7 a 10 dias após a aplicação do7ULFKRGHUPD�

A eficiência do produto é semelhante à obtida com o uso debrometo de metila, sendo utilizado nos pomares de maçã nos Estadosdo Rio Grande do Sul e de Santa Catarina.

O principal problema na utilização do produto é o volumecomercializado e a necessidade de registro do produto junto aosórgãos competentes. Devido ao pequeno volume comercializado,existe interesse apenas de pequenas empresas para disponibilizaremo produto.

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&21752/(�%,2/Ï*,&2�'2�0$/�'$6�)2/+$6'$�6(5,1*8(,5$�

D�� &DUDFWHUtVWLFDV� GD� GRHQoD� H� SUiWLFDV� GH� FRQWUROH� XWLOL�]DGDVO fungo 0LFURF\FOXV� XOHL� (P.Henn.) v.Arx , agente causal do

mal-das-folhas da seringueira, tem como forma convencional decontrole o plantio em áreas de escape, ou seja, naquelas regiões ondeas condições climáticas são desfavoráveis ao desenvolvimento epidê-mico da doença. Essa forma de controle é denominada de evasão. Poroutro lado, nas regiões úmidas, como Amazônia, litoral sul da Bahia eSão Paulo, não há outra forma convencional de controle, pois ocontrole químico é inviável economicamente e a enxertia-de-copa,uma forma de controle cultural, ainda está em estudo.

E��0pWRGR�GH�FRQWUROH�DOWHUQDWLYR�XWLOL]DGR�RX�GLVSRQtYHONas regiões úmidas, atualmente, ainda não se utilizam técnicas

alternativas devido ao fato de não haver mais incentivos para o cultivoda seringueira nessas regiões. No entanto, acredita-se que em breveessas regiões terão incentivos para a heveicultura por se tratar de umaatividade agrícola bem relacionada com a conservação do ambiente ecom a fixação do homem ao campo.

Dessa forma, técnicas alternativas desenvolvidas e testadaspela pesquisa terão que ser utilizadas como única forma de secontrolar o mal-das-folhas. Essas técnicas são as seguintes: 1. contro-le integrado do mal-das-folhas com a associação de controle biológico(fungo +DQVIRUGLD� SXOYLQDWD = '\FLPD� SXOYLQDWD) e controle cultural(cultivos intercalares com espécies florestais, frutíferas ou palmiteirasde copas altas ou com a enxertia-de-copa); 2. controle integrado atra-vés da associação de controle biológico (+DQVIRUGLD� SXOYLQDWD) eresistência genética (cultivos policlonais geneticamente heterogê-neos).

5 Informações básicas fornecidas por Nilton T.V. Junqueira, da Embrapa Cerrados.

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O agente de controle biológico +DQVIRUGLD�SXOYLQDWD foi isoladode estromas (fase ascógena do 0LFURF\FOXV� XOHL) na Amazônia e deestromas de 3K\OODFKRUD de coqueiro. Para utilização prática, o agenteé multiplicado em arroz contido em embalagens de plástico termo-estável de 250 g a 1 kg. O produto está disponível em diversos labora-tórios, entre eles o laboratório da Estação de Aviso Fitossanitário deSão José do Rio Claro, MT, que produz o antagonista para distribuí-loà associação de heveicultores.

O antagonista é aplicado com equipamentos tratorizados eveiculado em água. A aplicação se dá em seringueiras com a doençana fase de estroma ou conídio. Utilizam-se 3 kg de inóculo do fungopara cada 15 litros de água, o suficiente para tratar 1 ha. A melhorépoca de aplicação é de dezembro a março, uma vez por ano. Esseantagonista pode ser misturado com 6SRURWKUL[�LQVHFWRUXP e +LUVXWHOODYHUWLFLOOLRLGHV�� entomopatógenos que são usados para controle damosca-de-renda e do ácaro, respectivamente. Dessa forma, obtém-seo controle biológico dos três problemas simultaneamente.

F��3RVVLELOLGDGHV�GH�XVR�GD�WpFQLFD�GH�FRQWUROH�DOWHUQDWLYRO controle biológico do mal-das-folhas foi desenvolvido

especialmente para a Amazônia úmida, mas por falta de incentivo, nãohá plantios nessa região. Se houver, acredita-se que a tecnologia seráadotada, pois é a única alternativa viável para produzir borracha naregião. As avaliações de eficiência foram acompanhadas em condi-ções de campo, por um período de cinco anos, no município deManaus, MA (1985 a 1989) e vem sendo acompanhada também nosul da Bahia, município de Uma, BA. O uso simultâneo dos agentes debiocontrole (+DQVIRUDGLD�SXOYLQDWD��6SRURWKUL[� LQVHFWRUXP e +LUVXWHOODYHUWLFLOOLRLGHV) vem sendo adotado por heveicultores de S. José do RioClaro, MT, entretanto, não há dados oficiais sobre a sua eficácia.

Pesquisas conduzidas em Manaus, AM, por um período de 5anos, mostraram que a eficiência biológica (% de estromas ou faseascógena do 0LFURF\FOXV� XOHL colonizada por +DQVIRUGLD SXOYLQDWD�está em torno de 95-100%. Por outro lado, a eficiência técnica, medidapela % de desfolhamento por 0LFURF\FOXV� XOHL em plantas adultas,ficou em torno de 25%. A eficiência técnica de fungicidas (controlequímico) está em torno de 50%. A baixa eficiência técnica em relação

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à eficiência biológica pode ser devido ao fato da grande quantidade deconídios produzidos na floresta, ou seja, de esporos aéreos. Aaplicação de +DQVIRUGLD SXOYLQDWD em plantios monoclonais nãoproduziu resultados, propiciando baixa eficiência biológica e técnica.

O aumento do uso do antagonista está condicionado à volta doplantio na Amazônia úmida, pois com certeza esta será a tecnologiautilizada. Ela poderá também ser utilizada no litoral sul da Bahia, ondealguns heveicultores já adotam cultivos de seringueiras intercaladoscom palmiteiras e outras culturas florestais.

&21752/(�%,2/Ï*,&2�'$�/,;$�'2�&248(,52�

D�� &DUDFWHUtVWLFDV� GD� GRHQoD� H� SUiWLFDV� GH� FRQWUROH� XWLOL�]DGDVAs lixas pequena [3K\OODFKRUD� WRUUHQGLHOOD� (Batista) Subileau�

sin. &DWDFDXPD� WRUUHQGLHOOD] e grande [6SKDHURGRWKLV� DFURFRPLDH(Montagne) von Arx & Muller sin. &RFRVWURPD�SDOPLFROD]�do coqueirosó existem no Brasil, sendo que todas as variedades e híbridos cultiva-dos são suscetíveis em diferentes graus. Essas doenças ocorrem deforma generalizada desde o Estado do Pará até o Rio de Janeiro etêm sua importância elevada quando associadas à queima-das-folhascausada por %RWU\RVSKDHUHLD� FRFRJHQD�� A lixa pequena é maisprejudicial por causar seca e queda das folhas inferiores, impossi-bilitando a sustentação dos frutos e reduzindo a produção. Em Per-nambuco, Pará, Alagoas e Bahia é considerada a doença maisimportante da cultura. O controle químico das lixas pode ser feitopreventivamente com a utilização da mistura benomyl + PCNB (0,1 +0,1% de p.a.) ou benomyl + carbendazim (0,1 + 0,1% de p.a.), eficien-tes tanto em coqueiros jovens como em adultos.

E��0pWRGR�GH�FRQWUROH�DOWHUQDWLYR�XWLOL]DGR�RX�GLVSRQtYHOA técnica alternativa utilizada é o controle biológico por meio do

uso do fungo micoparasita $FUHPRQLXP� YLWWHOLQXP�� Esse agente de 6 Informações básicas fornecidas por Vanildo A. Leal B. Cavalcanti, da Empresa Pernambucana de

Pesquisa Agropecuária.

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controle foi isolado de estromas parasitados de lixa obtidos dediferentes regiões do Estado de Pernambuco.

A produção massal desse bioagente é realizada em meio decultura composto por arroz e água, em sacos de polipropilenoautoclavado, onde após o resfriamento à temperatura ambiente éinoculado com uma suspensão fúngica proveniente de uma matrizproduzida em garrafas de Roux. O antagonista é comercializado naforma granulada, produzido sobre os grãos de arroz, sendo a suadisponibilidade no mercado dependente da época do ano. Em algu-mas épocas, o produto é encontrado para pronta entrega; casocontrário, deve ser encomendado pelo cliente.

F��3RVVLELOLGDGHV�GH�XVR�GD�WpFQLFD�GH�FRQWUROH�DOWHUQDWLYRO micoparasita pode se aplicado por meio de pulverizações em

equipamento mecanizado (trator) ou helicóptero, dependendo daextensão da área a ser tratada. A época recomendada é no início daestação seca, com freqüência anual. Entretanto, se o antagonista seinstalar na área não há necessidade de reaplicações constantes.

O bioagente é aplicado isoladamente, apenas com adição deespalhante adesivo na suspensão fúngica. A recomendação é de 3,0kg/ha, em média, para 100 plantas. A eficiência é superior a 65%.

Essa técnica é a melhor forma de controle da doença disponívelaté o momento, com custo bem inferior ao controle com fungicidasquímicos. Dessa forma, seu uso é bastante usual na região nordes-tina, com tendência de aumento.

&21752/(�%,2/Ï*,&2�'(�%RWU\WLV�1$�&8/785$'2�025$1*2�&20�*OLRFODGLXP�URVHXP�

D�� &DUDFWHUtVWLFDV� GD� GRHQoD� H� SUiWLFDV� GH� FRQWUROH� XWLOL�]DGDVO fungo %RWU\WLV�FLQHUHD�Pers. & Fr. causa podridão de frutos,

morte de flores e folhas em culturas de morango protegidas (casa-de- 7 Informações básicas fornecidas por Rosa Maria Valdebenito Sanhueza, da Embrapa Uva e Vinho,

Bento Gonçalves, RS.

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vegetação ou tunel baixo). Geralmente, o controle é efetuado compulverizações de fungicidas do início da floração até a colheita dosfrutos.

E��0pWRGR�GH�FRQWUROH�DOWHUQDWLYR�XWLOL]DGR�RX�GLVSRQtYHOA técnica alternativa utilizada é a pulverização do agente de

biocontrole *OLRFODGLXP�URVHXP.

O antagonista é multiplicado tanto em fermentação líquida,como em semi-sólida e sólida. O produto aplicado consiste basica-mente de esporos ou micélios secos do bioagente, sendo sua aplica-ção realizada com pulverizador costal ou motorizado. A época adequa-da para sua aplicação é desde o início da floração até a colheita, emintervalos semanais. A concentração recomendada é de 106 conídiosou partículas/ml em mistura com espalhante adesivo a 0,01%.

F��3RVVLELOLGDGHV�GH�XVR�GD�WpFQLFD�GH�FRQWUROH�DOWHUQDWLYRA técnica ainda é restrita a áreas pequenas e principalmente a

produtores da região de Bento Gonçalves, RS. Entretanto, a suaprodução está sendo transferida dos laboratórios da Embrapa paralaboratório particular, visando ao seu aumento.

A eficiência do produto é semelhante ou levemente superior àdos fungicidas. Dessa forma, permite suprimir o uso de fungicidas nosfrutos para consumo, visto que quando é feita a proteção química dasflores também são aspergidos os frutos que serão colhidos emseguida.

Um dos problemas para a utilização da técnica é a sensibilidadedo antagonista aos agrotóxicos. Porém, ela é provavelmente eficientepara o controle de %RWU\WLV�FLQHUHD em culturas protegidas de morangoem todo o país e com perspectivas de uso em hortaliças e flores parao controle do mesmo patógeno.

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&21752/(�%,2/Ï*,&2�'2�026$,&2�'$$%2%5,1+$�325�35(081,=$d­2D�� &DUDFWHUtVWLFDV� GD� GRHQoD� H� SUiWLFDV� GH� FRQWUROH� XWLOL�]DGDVO mosaico da abobrinha tipo moita (&XFXUELWD�SHSR), causado

pelo vírus do mosaico do mamoeiro – estirpe melancia, é a maiscomumente virose encontrada em plantios de abobrinha de moita nopaís. O vírus causador do mosaico da abobrinha é transmitido deforma eficiente por numerosas espécies de pulgões. As perdas naprodução podem chegar a 100%, especialmente nos casos em que asplantas são infectadas no início de seu desenvolvimento. O controleda doença é realizado por meio do uso de inseticidas para controlar ovetor, o qual tem ampla distribuição e ocorre durante todo o ciclo dacultura, o que leva à necessidade de freqüentes pulverizações.

E�� 0pWRGR�GH�FRQWUROH�DOWHUQDWLYR�XWLOL]DGR�RX�GLVSRQtYHOO controle alternativo do mosaico da abobrinha tipo moita se dá

por meio da premunização com estirpes fracas do vírus causador domosaico. De início, foram selecionadas diversas estirpes fracas dovírus do agente causal da doença a partir de bolhas que ocorrem emfolhas de abobrinha de moita ‘caserta´ com sintomas de mosaico.Algumas dessas estirpes fracas são estáveis e protegem eficiente-mente as plantas quando expostas às estirpes fortes do vírus. Entreelas foram selecionadas duas estirpes fracas que estão se mantendomais estáveis desde a sua seleção, sendo que:

x a maioria das plantas de abobrinha de moita premunizada noestádio de folha cotiledonar e expostas no campo nãoapresentam sintomas severos da doença durante um períodode 60-70 dias após a premunização;

x a produção das plantas premunizadas é bem superior à dasnão premunizadas e infectadas com o complexo normal dovírus; e

x a qualidade das frutas das plantas premunizadas ésemelhante à das plantas sadias. Na Figura 4 são apresen-tadas plantas premunizadas e não premunizadas com a estir-pe fraca do vírus.

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Infecção natural 60d Premunizada 60d.F2

)LJXUD����3ODQWDV�GH�DEREULQKD�QmR�SUHPXQL]DGDV��j�GLUHLWD��H�SUHPXQL]DGDV�j� HVTXHUGD��� )RWRV� JHQWLOPHQWH� FHGLGDV� SHOR� 3URI�� 'U�� -RUJH5H]HQGH��GD�(6$/4�A premunização consiste na inoculação da estirpe fraca do

vírus nas mudas de abobrinha no estádio de folha cotiledonar. Paratanto, folhas de abobrinha previamente inoculadas com a estirpe fracasão maceradas e esse material, acrescido de um abrasivo, inoculadonas plantas com auxílio de pistola de pintura. Essa operação pode serrealizada manualmente.

F��3RVVLELOLGDGHV�GH�XVR�GD�WpFQLFD�GH�FRQWUROH�DOWHUQDWLYRA técnica é utilizada por diversos produtores de abobrinha de

moita. Para tanto, os produtores adquirem as mudas premunizadasdiretamente dos produtores de mudas ou realizam a própria premu-nização. Uma vez plantadas mudas premunizadas a cultura estáprotegida contra o mosaico durante todo o seu ciclo de desenvol-vimento.

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&21752/(�&8/785$/�(�%,2/Ï*,&2�'$9$66285$�'(�%58;$�'2�&$&$8(,52D�� &DUDFWHUtVWLFDV� GD� GRHQoD� H� SUiWLFDV� GH� FRQWUROH� XWLOL�]DGDVA vassoura-de-bruxa, causada por &ULQLSHOOLV�SHUQLFLRVD�Stahel,

é a mais importante doença do cacaueiro. O fungo penetra no tecidodo cacaueiro causando sintomas tanto na copa como no tronco. Noslançamentos verifica-se a formação lateral de outros brotos, dando oaspecto de uma vassoura. Esses brotos apresentam-se mais grossosque os normais, com entrenós curtos e folhas geralmente grandes,curvadas ou retorcidas. Com dois a quatro meses essas vassourassecam. Nas almofadas florais infectadas formam-se cachos de floresanormais, com hastes grandes e inchadas, as quais darão origem afrutos com formato de morango que morrem prematuramente. Nessasalmofadas podem também se desenvolver vassouras vegetativas.Frutos jovens, quando infectados, apresentam deformações que lhesdão o aspecto de cenoura. Nos frutos mais desenvolvidos apareceuma mancha negra dura e irregular, ficando as amêndoas unidas entresi, portanto inaproveitáveis.

E��0pWRGR�GH�FRQWUROH�DOWHUQDWLYR�XWLOL]DGR�RX�GLVSRQtYHOO método alternativo recomendado é a remoção do material

infectado pelo patógeno. O ciclo de brotação de novos lançamentosfoliares e de floração geralmente ocorre dentro de um mesmocalendário, podendo haver alterações em decorrência de variaçõesclimáticas. Em março há renovação de lançamentos foliares; em maio,floração da safra principal; em setembro, renovação de lançamentosfoliares, e em novembro, floração da safra temporã. Para obtermelhores resultados com as práticas de remoção, o produtor deveestar atento ao comportamento do ciclo vegetativo dos cacaueiros.

Outra recomendação básica é o rebaixamento e adequação decopa. Com a finalidade de se obter um controle rápido e eficiente dadoença, promovendo aumento da produção individual das plantas, aspráticas de rebaixamento e adequação de copa devem ser realizadasem todas as plantas de cacau, independente da doença. O rebaixa-

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mento elimina a dominância de uma planta sobre a outra; dispensagastos com escoramento; eleva a produtividade; facilita tratamentosfitossanitários; aumenta o rendimento da colheita; diminui a incidênciade doenças e reduz os custos operacionais e materiais.

Essas práticas são associadas ao controle biológico. Para tanto,recomenda-se a pulverização do fungo antagonista 7ULFKRGHUPDVWURPDWLFXP� (linhagem TVC), formulado em arroz pela CEPLAC/CE-PEC. O antagonista deve ser utilizado na ocasião da poda fitossa-nitária, sendo recomendada a aplicação imediata desse fungo tanto nacopa, como nas vassouras secas e restos de cultura ao redor da plan-ta. O 7ULFKRGHUPD� parasita os basidiomas de &ULQLSHOOLV� SHUQLFLRVD�reduzindo o potencial de reprodução do patógeno.

F��3RVVLELOLGDGHV�GH�XVR�GD�WpFQLFD�GH�FRQWUROH�DOWHUQDWLYRAs práticas recomendadas para o controle cultural da vassoura-

de-bruxa, além de serem fundamentais para a sobrevivência doscacaueiros infectados, determinarão aumento de produção das árvo-res e conseqüente elevação de produtividade das plantações. É umatécnica de fácil utilização e sua viabilidade depende do preço doproduto, pois exige maior dispêndio com mão-de-obra.

A utilização de 7ULFKRGHUPD�para o controle biológico da vassou-ra-de-bruxa é recomendada pela CEPLAC, e o fungo pode seradquirido diretamente no Centro de Pesquisas do Cacau (CEPEC), daCEPLAC (Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira), emItabuna, BA.

&21752/(�'(�2Ë',2�'$�$%2%5,1+$�('2�3(3,12�&20�/(,7(�'(�9$&$D�� &DUDFWHUtVWLFDV� GD� GRHQoD� H� SUiWLFDV� GH� FRQWUROH� XWLOL�]DGDVO Oídio da abobrinha e do pepino, causado por 6SKDHURWKHFD

IXOLJLQHD (Schlecht.) Pollaci, é uma das principais doenças dessasculturas e de outras cucurbitáceas, principalmente em cultivo prote-gido. A doença ataca toda a parte aérea da planta, sendo mais

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abundante na superfície foliar. Os sintomas iniciam-se com um cresci-mento branco pulverulento, formado por micélio, conidióforos econídios do fungo, ocupando pequenas áreas do tecido. A áreaafetada aumenta de tamanho e pode tomar toda a extensão do tecidodevido à coalescência das manchas. Plantas atacadas perdem o vigore a produção é prejudicada.

O método de controle mais utilizado nos sistemas convencio-nais de cultivo é o emprego de fungicidas, tanto os de contato como ossistêmicos, com excelentes níveis de controle. Entretanto, como nossistemas de produção orgânica não é permitido o uso de fungicidas,esse grupo de agricultores dispõe de poucas alternativas de controledessa importante doença. Já para os produtores convencionais, o usode fungicidas, apesar da eficiência, seleciona estirpes do fungoresistentes aos produtos, contamina o alimento, o aplicador e oambiente.

E��0pWRGR�GH�FRQWUROH�DOWHUQDWLYR�XWLOL]DGR�RX�GLVSRQtYHOA pulverização de leite cru, uma ou duas vezes por semana,

nas concentrações de 5% e 10%, controla o Oídio da abobrinha e dopepino de forma semelhante aos fungicidas recomendados para acultura. Nas Figuras 5 e 6 são apresentadas plantas de abobrinhapulverizadas com água e com leite a 10%, respectivamente. E, nasFiguras 7 e 8 são apresentados os resultados de cinco ensaios reali-zados por Bettiol HW�DO. (1999) com abobrinha.

Nessas Figuras pode ser observado que com o aumento daconcentração de leite pulverizado ocorre um aumento no controle dadoença. Entretanto, do ponto de vista prático, recomenda-se apulverização do leite a 5 e 10% uma vez por semana. A concentraçãode 10% deve ser utilizada quando a infestação de Oídio for alta.

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Testemunha

)LJXUD����3ODQWD�GH�DEREULQKD�SXOYHUL]DGD�FRP�iJXD�

Leite 10%

)LJXUD����3ODQWD�GH�DEREULQKD�SXOYHUL]DGD�FRP�OHLWH�D�����

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0

10

20

30

40

50

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0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50

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01020304050607080

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F��3RVVLELOLGDGHV�GH�XVR�GD�WpFQLFD�GH�FRQWUROH�DOWHUQDWLYRO leite para o controle do Oídio de abobrinha e de pepino é

utilizado desde 1996. Inicialmente o leite foi utilizado exclusivamentepor agricultores orgânicos, mas devido à sua eficiência e ao seu baixocusto passou a ser utilizado também por agricultores convencionais,sendo esses os maiores usuários, em área, no momento.

O leite pode agir de diferentes modos para controlar o Oídio.Leite fresco pode ter efeito direto contra 6SKDHURWKHFD�IXOLJLQHD devidoàs suas propriedades germicidas; por conter diversos sais e aminoáci-dos pode induzir a resistência das plantas e/ou controlar diretamente opatógeno; pode ainda estimular o controle biológico natural ou alteraras características físicas, químicas e biológicas da superfície foliar.

O leite não é um contaminante do ambiente ou dos alimentos,conseqüentemente, pode ser utilizado na agricultura orgânica. Nestesistema de produção utiliza-se leite cru a 5% uma vez por semanapara o controle da doença.

Além do controle do Oídio da abobrinha e do pepino, o leite devaca cru vem sendo utilizado para o controle do Oídio do pimentão, daroseira e outras culturas.

&21752/(�'(�'2(1d$6�'(�3/$17$6�&20%,2)(57,/,=$17(6D�� &DUDFWHUtVWLFDV� GD� GRHQoD� H� SUiWLFDV� GH� FRQWUROH� XWLOL�]DGDVO biofertilizante teve maior divulgação como um subproduto da

fermentação anaeróbia de matérias orgânicas para a produção debiogás (gás metano) – fonte alternativa de energia. A disposição finalrecomendada para esse produto era o solo, visando o fornecimento denutrientes. Mas, como os biofertilizantes possuem uma complexa eelevada comunidade microbiana, com presença de bactérias, fungosleveduriformes e filamentosos e actinomicetos, além dos metabólitosliberados por esses organismos, passaram a ser utilizados para ocontrole de doenças da parte aérea de diversas culturas. Essas

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doenças são controladas basicamente por meio da pulverização defungicidas.

E�� 0pWRGR�GH�FRQWUROH�DOWHUQDWLYR�XWLOL]DGR�RX�GLVSRQtYHOUma opção econômica e de baixo impacto é o uso de biofer-

tilizantes para o controle de doenças de plantas do filoplano. Essanova abordagem do controle passou a ser considerada viável apósobservações de uso prático por agricultores orgânicos. O biofertili-zante, produzido pela digestão anaeróbia ou aeróbia de diversosmateriais orgânicos, vem sendo recomendado para o controle denumerosas doenças.

A produção do biofertilizante se dá pela digestão anaeróbia(ausência de oxigênio) de material orgânico de origem animal evegetal em meio líquido, em um equipamento chamado biodigestor. Oresultado desse processo é um sistema de duas fases: uma sólida,usada como adubo orgânico; e outra líquida, como adubo foliar e parao controle de doenças e pragas. O biofertilizante pode, ainda, serpreparado mediante digestão aeróbia com as mesmas finalidades.

Um dos métodos de obtenção do biofertilizante, descrito porSantos (1992), consiste em fermentar, por 30 dias ou mais, emsistema fechado, com ausência de ar, uma mistura de esterco frescode bovino, preferencialmente leiteiro, e água na proporção de 50%(volume/volume). Para se obter um sistema anaeróbio, coloca-se amistura em uma bombona plástica de 200 litros, deixando-se umespaço vazio de 15 a 20 cm no seu interior; fecha-se hermeticamentee adapta-se uma mangueira à tampa, mergulhando-se a outra extremi-dade num recipiente com água para a saída dos gases. O produto nãodeve ser armazenado por muito tempo, para não alterar as suascaracterísticas. Caso não seja totalmente utilizado, poderá ser arma-zenado por um período de 30 dias, desde que volte ao sistemaanteriormente descrito. Entretanto, esse mesmo processo é utilizadonum sistema contínuo e aberto, isto é, conforme retira-se biofertilizantedo sistema, acrescenta-se mais esterco e água. Nessa adaptaçãorealiza-se de três a cinco agitações da mistura por dia com auxílio deuma pá. Outra adaptação que está sendo utilizada é a substituição daágua por soro de leite. Existem ainda outras adaptações, masseguindo basicamente esse mesmo sistema.

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Outro método consiste na utilização de um tambor de 200 litros,no qual se misturam 40 litros de esterco, 80 litros de água, 1 litro deleite e 1 litro de melaço ou 500 g de açúcar mascavo. Essa mistura éagitada, deixando-se fermentar por três dias. Após esse período,adiciona-se um dos seguintes sais diluídos em água morna, a cadacinco dias: sulfato de zinco (3 kg), sulfato de magnésio (1 kg), sulfatode manganês (0,3 kg), sulfato de cobre (0,3 kg), sulfato de cálcio(2 kg), bórax (1,5 kg) ou ácido bórico (1 kg), cofermol (0,125 kg), maisos aditivos (leite e melaço, um litro cada; farinha de ossos e deconcha, 200 g cada; skrill e sangue, 100 ml cada; restos de fígado ede peixe, 200 e 500 g, respectivamente). O sulfato de zinco e o bóraxou ácido bórico devem ser incorporados à mistura em duas vezes,sendo a metade da concentração por vez. No final das adições,completa-se o volume para 180 litros, tampa-se e deixa-se fermen-tando por 30 dias, no verão, e 40 dias, no inverno, devendo-se adaptara mangueira para respiro, como no método anterior. Esse processo deprodução de biofertilizante foi desenvolvido por Delvino Magro, doCentro de Agricultura Ecológica de Ipê, RS.

Também é produzido biofertilizante por meio da digestãoaeróbica. Para tanto, 20 litros de vísceras de peixe, 10 kg de farelo dearroz, 10 kg de farelo de trigo, 7 kg de farinha de ossos, 2 kg de fubá,2 kg de farinha de trigo e 5 kg de rapadura são colocados num tanquecom 400 litros de água e misturados, durante 5 a 10 minutos, duas outrês vezes ao dia, ou bombeando-se oxigênio com auxílio de umabomba de aquário, durante 40 dias.

Destaca-se ainda que, em todas as formas de preparar osbiofertilizantes, pode-se lançar mão de um processo contínuo, acres-centando-lhe os diferentes produtos para mantê-lo com alta atividademicrobiana.

A composição química do biofertilizante varia conforme ométodo de preparo e o material pelo qual foi obtido. Entretanto, obiofertilizante apresenta em sua composição elementos essenciais aodesenvolvimento das plantas.

Uma das principais características do biofertilizante é apresença de microrganismos de diferentes espécies de fungos fila-mentosos e leveduriformes, actinomicetos e bactérias, dentre elas%DFLOOXV spp. na comunidade microbiana do biofertilizante. Esses

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microrganismos são os responsáveis pela decomposição da matériaorgânica, produção de gás e liberação de metabólitos, entre elesantibióticos e hormônios.

O biofertilizante representa a adição de nutrientes, micror-ganismos e seus metabólitos e de compostos orgânicos e inorgânicoscom efeitos sobre a planta e sobre a comunidade microbiana da folhae do solo. O controle de doenças com os biofertilizantes pode ser tantodevido à presença de metabólitos produzidos pelos microrganismospresentes no biofertilizante, como pela ação direta destes organismossobre o patógeno e sobre o hospedeiro. Ainda existe a ação direta ouindireta dos nutrientes presentes no biofertilizante sobre os patógenos.

Em relação aos microrganismos, as interações antagônicasenvolvendo fungos leveduriformes e filamentosos e bactérias com ospatógenos ocorrem basicamente devido: ao parasitismo, à compe-tição, à antibiose e à indução de resistência. Como a comunidade demicrorganismos no biofertilizante é rica e diversa, com certeza todosos mecanismos de ação de um microrganismo sobre o outro ocorremsimultaneamente. Entretanto, é difícil quantificar a ação de cada meca-nismo, e o mais importante é justamente a ação conjunta dessesmecanismos. Soma-se a isto a ação dos nutrientes existentes noproduto.

F��3RVVLELOLGDGHV�GH�XVR�GD�WpFQLFD�GH�FRQWUROH�DOWHUQDWLYRAs principais vantagens desta técnica, quando comprova-

damente eficaz, são o custo e a disponibilidade do produto. O custo ébasicamente o relacionado ao preparo do material pelo próprioagricultor. Como existem relatos da eficiência de biofertilizantesproduzidos com diferentes fontes de matéria orgânica, o agricultor nãodepende da compra deste material mas sim apenas do aprovei-tamento de material disponível na propriedade.

Os biofertilizantes apresentam como característica principaluma complexa comunidade microbiana, sendo essa a possível respon-sável pelo controle dos patógenos. Pela complexidade da comunidademicrobiana, são relatados a ação de todos os mecanismos de açãodos agentes de controle biológico conhecidos agindo no controle,quando de sua aplicação no filoplano. Além do controle de patógenos,

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existe referência sobre seu efeito nutricional. Contudo, como se tratade uma técnica que vem sendo expandida, há necessidade derealização de estudos para a determinação dos impactos no ambientee na saúde pública. Para minimizar os possíveis problemas sugere-seo uso de matéria orgânica livre de metais pesados e de agentesnocivos à saúde pública.

&216,'(5$d®(6�),1$,6A sociedade exige, cada vez mais, a produção de alimentos

sem resíduos de agrotóxicos e com menor contaminação do ambiente.Essas exigências são devidas ao maior conhecimento pelo homemdas conseqüências advindas do uso dos agrotóxicos, causando, emmuitos casos, graves impactos ambientais e intoxicações. A preo-cupação da sociedade com a contaminação do ambiente por produtosquímicos se expressa através de segmentos do mercado ávidos porprodutos agrícolas diferenciados, tanto aqueles produzidos sem usode agrotóxicos, como por aqueles portadores de selos de que osagrotóxicos foram utilizados adequadamente. Dessa forma, vem sebuscando alternativas aos agrotóxicos, entre eles os fungicidas, quesão usados para o controle de doenças de plantas.

Dentre as alternativas, o controle biológico é o que vemsentindo os maiores avanços e, possivelmente, o mais estudado.Esse avanço pode ser observado pela quantidade de produtos comer-ciais com agentes de controle biológico disponíveis no mercadointernacional: AQ10 ($PSHORP\FHV� TXLVTXDOLV), Aspire (&DQGLGDROHRSKLOD), Binab T (7ULFKRGHUPD�KDU]LDQXP e 7��SRO\VSRUXP), BiofoxC ()XVDULXP R[\VSRUXP-não patogênico), Bio-Fungus (7ULFKRGHUPD),Bio-Save 100, Bio-Save 110 e Bio-Save 1000 (3VHXGRPRQDVV\ULQJDH), BlightBan A506 (3VHXGRPRQDV� IOXRUHVFHQV), Blue Circle(%XUNKROGHULD� FHSDFHD), Conquer (3VHXGRPRQDV� IOXRUHVFHQV),Contans (&RQLRWK\ULXP�PLQLWDQV), Deny (%XUNKROGHULD� FHSDFHD), Epic(%DFLOOXV� VXEWLOLV), Fusaclean ()XVDULXP� R[\VSRUXP), Galltrol-A($JUREDFWHULXP� UDGLREDFWHU), Intercept (3VHXGRPRQDV� FHSDFLD),Kodiak, Kodiak HB e Kodiak AT (%DFLOOXV�VXEWLOLV), Koni (&RQLRWK\ULXPPLQLWDQV��� Mycostop (6WUHSWRP\FHV� JULVHRYLULGHV), Nogall, Diegall($JUREDFWHULXP UDGLREDFWHU), Norbac 84C ($JUREDFWHULXP�UDGLREDFWHU),Phagus (bacteriofagos), Polygandron (3\WKLXP� ROLJDQGUXP), Promote(7ULFKRGHUPD� KDU]LDQXP e 7�� YLULGH), PSSOL (3VHXGRPRQDV

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VRODQDFHDUXP-não patogênica), Rhizo-Plus e Rhizo-Plus Konz.(%DFLOOXV� VXEWLOLV), RootShield T-22G (7ULFKRGHUPD� KDU]LDQXP),Rotstop, P.g. (3KOHELD� JLJDQWHD), Serenade (%DFLOOXV� VXEWLOXV��SoilGard (*OLRFODGLXP� YLUHQV), Supresivit (7ULFKRGHUPD� KDU]LDQXP),System 3 (%DFLOOXV� VXEWLOLV GB03), T-22G, T-22 Planter Box(7ULFKRGHUPD KDU]LDQXP), Trichodex (7ULFKRGHUPD� KDU]LDQXP),Trichopel, Trichoject, Trichodowels e Trichoseal (7ULFKRGHUPDKDU]LDQXP), Trichoderma 2000 (7ULFKRGHUPD sp. e Victus(3VHXGRPRQDV� IOXRUHVFHQV) (Fravel, 1998), entre outros. No Brasil,poucos desses agentes estão disponíveis no mercado. Entretanto,muitos desses e outros agentes são utilizados em escala comercial,sendo normalmente multiplicados pelos próprios usuários.

Diversas outras alternativas vem sendo estudadas e utilizadas,sendo uma opção para a racionalização do uso dos fungicidas naagricultura.

Apesar da apresentação dessas alternativas para o controle dedoenças de plantas, alguns aspectos são importantes para evitarproblemas com doenças de plantas, como aumento da biodiversidadeda propriedade, nutrição adequada das plantas, manutenção da vidado solo e outras.

O desenvolvimento da proteção de plantas em sistemasalternativos de cultivo com maior grau de sustentabilidade requerestudos sobre a estrutura e o funcionamento dos agroecossistemas,com atenção especial às condições nutricionais e à biota do solo, àbiodiversidade funcional, à elevação dos teores de matéria orgânicado solo e outros fatores que permitam um adequado manejo dossistemas produtivos.

Finalmente, o conceito absoluto de agricultura sustentável podeser impossível de ser obtido na prática, entretanto, é função dapesquisa e da extensão oferecer opções para que sistemas maissustentáveis sejam adotados. Para tanto, os projetos de pesquisapontuais e de curta duração são de pouca utilidade. As discussõesdemonstram a necessidade da interdisciplinaridade dos projetos depesquisa, pois somente estudos que incluam o monitoramento desistemas de produção nas diversas áreas do conhecimento fornecerãoinformações suficientes para o entendimento das diferentes intera-ções.

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