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Painéis sonoros concebidos para invisuais e horários deautocarros notelemóvel facilitam a mobilidade em Coimbra
Depois dos painéis informativos,que indicam o tempo de espera dosautocarros, agora os utentes invi-suais vão ter painéis sonoros quedisponibilizam a mesma informa-ção. O administrador-delegado dosServiços Municipalizados de Trans-portes Urbanos de Coimbra
(SMTUC), Manuel Oliveira, de-signa-os como uma “nova geraçãode painéis informativos”. É umamedida da empresa de transportesque pretende contribuir para a au-tonomia dos invisuais e das pessoascom acuidade visual reduzida. Osistema sonoro vai estar localizadoem quatro paragens de grande mo-vimento dentro da cidade.
“Só com o funcionamento dosdispositivos é que poderemos saberse a medida é positiva”, revela a téc-nica de serviço social da Associaçãode Cegos e Amblíopes de Portugal(ACAPO), Ana Eduarda Ribeiro.Será difícil prever os pontos fortes efracos deste sistema de informação,dado que “nos primeiros tempos deutilização é que os utentes conse-guem perceber as falhas”, acres-
centa.Segundo a técnica de serviço so-
cial, os SMTUC têm dado tambémformação aos motoristas, com o ob-jectivo de os sensibilizar para as ne-
cessidades dos invisuais. Nas zonasde paragem, sempre que avistamuma pessoa invisual ou com limita-ção visual, os condutores procuramsaber se ela pretende seguir na-quela linha. “Todas as medidas quecontribuam para a autonomia dos
invisuais são positivas”, remataAna Eduarda Ribeiro, conside-rando, contudo, que é “utópico”adaptar tudo numa sociedade demaiorias.
SMTUC com serviço para tele-móvelCom o intuito de melhorar a vidados utentes dos transportes públi-cos, foi criado o SMTUC Mobile.Através de uma aplicação instaladano telemóvel, os utilizadorespodem consultar os horários dosautocarros da empresa e saberquantos minutos faltam para alinha em que pretendem viajar.
O serviço está disponível para“download” gratuito no sítio dosSMTUC na Internet, desde Setem-bro. Até à data, tem conseguido
“bastante adesão”, segundo o ad-ministrador-delegado dos SMTUC.
Os utentes dos transportes urba-nos de Coimbra, com acesso a estaaplicação, vão esperar menostempo pelos autocarros.
De futuro, os SMTUC queremimplementar também uma novaforma de emissão de bilhetes, se-melhante à utilizada no Porto e emLisboa. Os novos títulos de trans-portes poderão ser carregados sem-pre que necessário, em vez dosactuais descartáveis. O processo en-contra-se numa “fase de adjudica-ção” dependente do financiamentodo Instituto da Mobilidade e dosTransportes Terrestres, avança Ma-nuel Oliveira, sem adiantar quandoentrará em funcionamento.
Com Maria Eduarda Eloy
CIDADE7 de Outubro de 2009 | Quarta-feira | a cabra | 11
A identidade da cidadeestá em transformaçãodevido à perda de indústrias que a projectavam no país eno mundo. A Marcopolo e a Poceram são osexemplos maisrecentes
Coimbra perdeu, em 2009, maisduas das suas indústrias emblemá-ticas. Face à crise mundial, a Mar-copolo – Indústria de Carroçarias,S.A. encerra a fábrica de Coimbra ea Poceram entra em processo de in-solvência. O presidente da CâmaraMunicipal de Coimbra (CMC), Car-los Encarnação, afirma que “a câ-mara tem uma capacidade limitadade intervenção” para ajudar estasempresas, mas procura prestarapoio em situações críticas. Encar-nação refere o exemplo da Marco-polo que já há oito anos pretendiaencerrar a fábrica de Coimbra eque foi persuadida a não o fazer naaltura. “A CMC foi um parceiro in-teressado na vida da Marcopolo,procurou facilitar-lhes a vida omais possível, fez encomendas,comprou autocarros, carroçarias”e, portanto, a autarquia “ficou ab-solutamente surpreendida com adecisão da empresa de sair deCoimbra”, conclui. A CABRA pro-curou entrar em contacto com aMarcopolo, no entanto, até à datade fecho da edição não obteve res-posta.
Longe de serem fenómenos iso-lados no panorama da cidade, fa-lências e encerramentosenquadram-se numa tendência que
se prolonga há mais de 25 anos. Orepresentante da Sociedade Cen-tral de Cervejas, Basílio Dinis, as-socia a extinção da Topázio,enquanto produto conimbricense,há já 17 anos, à falta de saneamentoadequado às necessidades de pro-dução. Mas admite que “não seriapossível fazer o saneamento” paraa fábrica, em detrimento de zonasurbanas carenciadas e que a autar-quia de Manuel Machado, entãopresidente da CMC, se “portou ex-traordinariamente”.
Contra as probabilidades queditam o fim das indústrias maistradicionais em Coimbra, há em-presas que ainda persistem. A Fu-coli – Somepal, S.A., a Dan Cake ea ressuscitada Ceres – Cerâmicas
Reunidas, S.A. são disso exemplos.O presidente do Conselho de Ad-ministração da Fucoli – Somepal,S.A., Álvaro Pereira, afirma quemantém a sua empresa de meta-lurgia em funcionamento com“apoio zero da autarquia”. CarlosEncarnação contrapõe que o me-lhor apoio que a autarquia podedar à metalúrgica “é fazer as obrasde saneamento”, para aumentar asvendas de produtos daquela indús-tria.
Novas apostas renovam a cidade O mediatismo industrial em Coim-bra tem sido canalizado para oiParque, pólo de empresas ligadasàs tecnologias e à saúde. São estes
os novos produtos que a cidade ex-porta e que vêm ao encontro doideal do economista e docente daFaculdade de Economia da Univer-sidade de Coimbra (FEUC) JoséReis que afirma que “o que importaé ter empresas que inovem, quepossam criar emprego e que retri-buam bem do ponto de vista sala-rial”. Contudo, para o Coordenadorda União de Sindicatos de Coim-bra, António Moreira, apesar de acriação de emprego ser positiva, asdiferenças entre o tipo de mão-de-obra da indústria tradicional e danova indústria são tão marcadasque as novas empresas “para alémde pequenas e para além de poucasnão conseguem absorver a mão-de-obra que está no desemprego”.
O investigador do Centro de Es-tudos Sociais (CES) Carlos Fortunarevela que as indústrias com mão-de-obra pouco qualificada “estão aperder espaço face às empresas deserviços”, que “marcam o com-passo das novas tendências da eco-nomia”. O director da AssociaçãoComercial e Industrial de Coimbra,Paulo Mendes, confirma a opiniãodo investigador do CES ao afirmarque as indústrias voltadas para asnovas tecnologias “são mais rele-vantes” e que “as outras são indús-trias não competitivas no territórioeuropeu, que estão a ser desvalori-zadas e localizadas em territóriosonde a mão-de-obra intensiva émais barata”.
Apesar de a cidade ser conotadacom comércio e serviços, fábricascomo a Estaco, a Real Cerâmica, aTriunfo, as Confecções Ideal, a Fá-brica da Cerveja (produtora damarca Topázio), contribuíram paradefinir a identidade de Coimbra.Nuns casos o encerramento e, nou-tros, a deslocação para regiões di-ferentes destas indústrias dossectores metalúrgico, cerâmico,têxtil, de géneros alimentares, di-taram a perda de “empresas quemarcaram um tempo e marcaramtambém uma referência da cidadeno plano nacional e internacional”,como afirma o sindicalista AntónioMoreira.
Carlos Fortuna, acredita que aidentidade da cidade “se está a per-der”. Contudo, o sociólogo revelaque “a longo prazo, o que vamosver é uma mudança na natureza doemprego e da indústria econó-mica”, em vez de uma lacuna, mar-cada por desemprego e problemassociais. “Daqui a 25 anos”, a cidadeestará a “refazer a sua identidade”,conclui.
Com Alexandra Lacerda eMarta Pereira
SÃO CADA VEZ mais as indústrias tradicionais a desaparecer em Coimbra
SMTUC apostam na inovação
FOTOMONTAGEM POR LEANDRO ROLIM
ANA MARIA COELHO
Mudanças no panorama industrial de Coimbra
MARIA EDUARDA ELOY
Painéis sonoros vão ser colocados em paragens degrande movimento