2014_PedroHenriqueMaximoPereira

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Pedro Henrique Máximo Pereira Dr. Marcos Thadeu Magalhães _coorientador _orientador _autor e o território do Aeroporto Internacional de Viracopos (Dissertação de Mestrado) Do Aeroporto à Aerotrópole Dr. Ricardo Trevisan Universidade de Brasília

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Pedro Henrique Mximo PereiraDr. Marcos Thadeu Magalhes_coorientador_orientador_autor e o territrio do Aeroporto Internacional de Viracopos(Dissertao de Mestrado)Do Aeroporto AerotrpoleDr. Ricardo TrevisanUniversidade de BrasliaUniversidade de BrasliaFaculdade de Arquitetura e UrbanismoPrograma de Ps-Graduao em Arquitetura e Urbanismo e o territrio do Aeroporto Internacional de ViracoposDo Aeroporto AerotrpoleDissertao apresentada ao Programa de Ps-Graduao da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Braslia, como requisito parcial para obteno do grau de Mestre em Arquitetura e Urbanismo.Pedro Henrique Mximo PereiraDr. Marcos Thadeu MagalhesDr. Ricardo Trevisan_coorientador_orientador_autorBrasliaAbril/2014Universidade de BrasliaFaculdade de Arquitetura e UrbanismoPrograma de Ps-Graduao em Arquitetura e Urbanismo e o territrio do Aeroporto Internacional de ViracoposDo Aeroporto AerotrpolePedro Henrique Mximo PereiraDr. Marcos Thadeu Magalhes (UFBA)Dra. Elane Ribeiro Peixoto (UnB)Dra. Yaeko Yamashita (UnB)Dr. Mrcio Augusto Roma Buzar (UnB)_orientador_membro ttular_membro externo_membro Suplente_autor_avaliadoresBraslia2012/2014 07/04/2014PEREIRA, PEDRO HENRIQUE MXIMO/ MXIMO, PEDRO HENRIQUE Do Aeroporto Aerotrpole e o territrio do Aeroporto Internacional de Viracopos/ Pedro Henrique Mximo Pereira.- Braslia, 2014. 163p.Dissertao (Mestrado) - Universidade de Braslia, 20141. Aeroporto.2.Cidade-aeroporto.3. Aerotrpole.4.Territrio.5. Aeroporto Internacional de Viracopos. Ttulo. concedida Universidade de Braslia permisso para reproduzir cpias desta Dissertao de Mestrado e para emprestar ou vender tais cpias somente para propsitosacadmicosecientcos.Oautorreservaoutrosdireitosde publicao,enenhumapartedestadissertaodemestradodeverser reproduzidasemaautorizaoporescritodomesmo.aindaproibidaa reproduo parcial desta sem que seja citada a fonte.Pedro Henrique Mximo [email protected] este trabalho a minha famlia em Marzago,principalmente a meu pai, Lourival Mximo e minha me, Lourdes Vicente.Vocs so o que mais de precioso tenho nesta vida!AgradecimentosNeste difcil e solitrio processo da Ps-Graduao, por inmeras vezes, tive que abrir mo da companhia dos meus, para corresponder altura a oportunidade mpar que me foi concedida pela PPG-FAU-UnB. Por isso mesmo inicio meus agradecimentos incansvel secretaria da PPG-FAU na gura do secretrio Joo, e aos demais funcionrios da FAU-UnB pela gentileza, ateno e competncia. Agradeo a todo o corpo docente da Ps-Graduao na gura da Profa. Dra. Luciana Saboia com quem tive a honra de conviver por aproximadamente seis meses, e com quem aprendi a ter rigor conceitual. Sou imensamente grato ao Prof. Dr. Ricardo Trevisan, coorientador deste trabalho, humano, que fez muito para o desenvolvimento desta dissertao e a quem tenho muita admirao e estima. Ao Prof. Dr. Marcos Queiroz Magalhes, orientador desta pesquisa, agradeo por ter abraado a causa levantada ao longo deste perodo, pelos conselhos, por ter tirado dvidas e por provoc-las. Agradeo a pacincia concedida e por ter emprestado parte do pragmatismo quando este foi necessrio. Deixo-te meus sinceros agradecimentos e admirao.Muitas pessoas, neste perodo, entraram e saram da minha vida. Pela minha ausncia, muitos se foram, mas muitos entraram e muitos tiveram pacincia na medida certa. Saibam, sou e serei eternamente grato a vocs, pois, apesar deste processo ser solitrio, vocs me mantiveram de p. Estendo minha famlia minha gratido, s minhas inseparveis irms Flvia Caroline e Knia Daniela, e em especial minha me, Lourdes Vicente, a quem devo tudo! Voc, na minha vida, a nica pessoa que aposta todas as chas nos meus planos, que sonha comigo, que me garante o conforto emocional necessrio para seguir sempre. Eu te amo! A meu pai, Lourival Mximo, que sempre me ajudou a enxergar as possibilidades e desaos dos caminhos que escolhi trilhar. Pai, deixo meus sinceros agradecimentos pelo apoio forte quando as coisas no iam muito bem, por sempre poder contar com as palavras de conforto e repreenso necessrias para o meu crescimento moral, intelectual e humano.Aos meus amigos Anderson Ferreira e Daniela Jos pelas inmeras jornadas no percurso Goinia-Braslia, pela grande amizade, e por terem feito valer a pena estes dois anos. Sem vocs o processo teria sido muito mais difcil, solitrio e chato. Aos meus queridos amigos brasilienses Lucas Brasil e Rodrigo Machado pelas conversas innitas, pela grande amizade e carinho. Ao meu grande amigo Ronaldo Paixo a quem aprendi a admirar neste ltimo ano, meus sinceros agradecimentos pela companhia, pelas longas e profundas conversas e pela amizade. Ao meu amigo Wilsione Carneiro pelos milhares cafs feitos durante este processo e pelos conselhos, e minha amiga Marcela Ruggeri pela amizade, parceria e carinho. AgradecimentosDevo meus sinceros agradecimentos a Gustavo Borela que, por duas vezes em 2012, no me deixou desistir deste projeto, e a Carlos Marquezam, que sempre esteve ao meu lado para me socorrer quando necessrio, e a Tarihan Chaveiro, pelas conversas interminveis. Ao trio de Capricrnio da minha vida Bruna Rabelo, Luiza Ninon e Marilu Campos. Vocs trs so insuperveis, insubstituveis, estveis e is, e por isso mesmo, amo vocs! E ainda um agradecimento especial aos meus amigos de terra, o virginiano Derli Fernandes pela ltima leitura do trabalho, pelos questionamentos e pelo grande apoio nesta jornada, e taurina Sandra Pantaleo a quem tenho grande carinho e admirao.A todo o corpo docente da UEG que sempre me apoiou nestes ltimos sete anos. Meu agradecimento a Fernando Mello, um pesquisador formidvel, com quem convivi durante o perodo da ps e a quem devo muito. Ferdi, obrigado pela parceria! A Milena Valva, Mara Teixeira, Celina Manso e Cludia Arajo pelos conselhos, ensinamentos, carinho e principalmente, pela grande ajuda que recebi de vocs em 2012 jamais esquecerei! -, e Profa. Ludmila Rodrigues por sempre demonstrar preocupao e cuidado e por ter me mostrado um grande horizonte a partir dos Aeroportos. Agradeo tambm secretria Vera Santos, que sempre fez o possvel para que os horrios se compatibilizassem, e assim no entrassem em conito com a Ps. Sou muito grato a Maria Helosa Zrate, Frederico Rabelo, Maria Diva Vaz e Roberto Cintra pelo imenso apoio concedido a mim em 2013, por acreditarem na minha capacidade e por no medirem esforos em me ajudar, e por meio deles, estendo meus agradecimentos a todo o Departamento de Artes e Arquitetura da PUC Gois.Enm, a quem no citei, mas que contribuiu de alguma maneira para que este projeto fosse executado, meus sinceros agradecimentos. E agradecimento especial ao CNPq pelo apoio nanceiro que foi fundamental para o desenvolvimento desta pesquisa.No tenho pressa. Pressa de qu?No tem pressa o sol e a lua: esto certos.Ter pressa crer que a gente passa diante das pernas,ou que, dado um pulo, salta por cima da sombra.No; no tenho pressa.Se estendo o brao, chego exactamente onde o meu brao chega -Nem um centmetro mais longe.Toco s onde toco, no onde penso.S me posso sentar onde estou.E isto faz rir com todas as verdades absolutamente verdadeiras,Mas o que faz rir a valer que ns pensamos sempre noutra cousa,E somos vadios do nosso corpo.(Fernando Pessoa)RESUMO Do Aeroporto Aerotrpole e o territrio do Aeroporto Internacional de Viracopos Desde meados da dcada de 1970, os aeroportos tm sido pontos centrais do processo de industrializao e urbanizao, em funo da globalizao econmica e da consolidao da nova indstria. Se outrora eles eram posicionados afastados dos ncleos urbanos, desde a dcadasupracitada,estasinfraestruturastornaram-secernesdoprocessocapitalistade territorializao e fortes fatores de localizao para as Aglomeraes Produtivas. A Cidade-aeroporto(AirportCity),nomedadoaesteprocesso,noinciodoSculo21,foipalcode intensametropolizao,emaisrecentemente, desde2006,veioachamar-seAerotrpole (Aerotrpolis).Estetrabalhoconvidaoleitoraconhecercomosedaconsolidaode Cidades-aeroportos e Aerotrpoles a partir de Aeroportos Industriais, no mundo, destacando algunscasos;econvida-oarefletirmaisatentamente sobreocenriobrasileiroapartirdo casodoAeroporto InternacionaldeViracopos, emCampinas,noestadodeSoPaulo.No Brasil, a abertura legal para a institucionalizao de Aeroportos Industriais recente (desde 2002).Desde2006,Viracopos,osegundoaeroportonacionalaoperarcomoindustrial objetodeplanejadoresquepretendeminstituiraele,feiesdeumaAerotrpole.Para avaliar como se d este processo na regio, desenhamos o Modelo Analtico do Territrio de umAeroportoIndustrial,aoqualcreditamosacapacidadedeidentificarascaractersticas peculiaresdestesfenmenos,comobjetivodeverificar,diantedestepanorama,as contradies e potencialidades da rea para sua consolidao. Palavras-chave:Territrio,AeroportoIndustrial,Cidade-aeroporto,Aerotrpolis,Aeroporto Internacional de Viracopos. ABSTRACT From the Airport to the Aerotropolis and the territory of the International Airport of Viracopos Sincethemid70s,theairportshavebeenthecentralspotsoftheindustrialization and urbanization process, due to the economical globalization and the new industrys consolidation. If once they were placed away from the urban centers, since the 70s, these structures became the center of the capitalistic process of territorialization and also, strong factors of localization to the Productive Agglomerations. The Airport City, given name to this process, at the beginning of the 21st century, was the center spot ofanintensemetropolization,andrecently,since2006,itiscalledAerotropolis. This work invites the reader to get to know how these Airport Cities and Aerotropolis are consolidated starting from Industrial Airports around the world, highlighting some cases.ItinvitesyoutothinkmoreattentivelyabouttheBrazilianscenariostarting fromthecaseofViracoposInternationalAirportinCampinas,SoPaulo.InBrazil. ThelegalopeningfortheinstitutionalizationofIndustrialAirportsisrecent(since 2002). Since 2006, Viracopos, the second national airport to operate as industrial, is aim of planners that hope to institute characteristics of an Aeropole to it. To evaluate howthisprocessworksintheregion,wedesignedtheAnalyticalModelOfAn IndustrialAirport,towhichwecreditthecapacityofidentifyingthepeculiar characteristicsofthisphenomena.Aimingtoverify,standingbeforethispanorama, the conditions and potentialities of the area for its consolidation. Keywords: Territory, Industrial Airport, Airport-City, Aerotropolis, International Airport of Viracopos. SUMRIO INTRODUO (pg. 1) 1.TERRITRIOEAEROPORTOS:DEFINIES,PROCESSOSE PLANEJAMENTO (pg. 16) 1.1. Territrio: definies, variantes e anlise (pg. 19) 1.1.1. Territrio, territorialidade e territorializao (pg.19) 1.1.2. O Processos de territorializao e leituras territoriais (pg. 27)1.2. Territrio dos Aeroportos (pg. 40) 1.2.1.ContextoInstitucionaleLegaldaInfraestruturaAeroporturiano Brasil (pg. 40) 1.2.2.Escalas de Organizao dos Transportes (Aeroportos) (pg. 42) 1.2.3. Mutaes Aeroporturias (um breve histrico) (pg. 56) 1.2.4. O Territrio e os Aeroportos (pg. 61) 2.MODELOANALTICODOTERRITRIODEUMAEROPORTO INDUSTRIAL (pg.74) 2.1. Modelo Analtico (pg. 75) 2.1.1. Referncias e desenho do Modelo Analtico (pg. 75) 2.1.2. Dimenses e Critrios Territoriais (pg. 82) 3.O TERRITRIO DO AEROPORTO INTERNACIONAL DE VIRACOPOS (pg. 86) 3.1 A Cidade e o Aeroporto (pg. 90) 3.1.1. A Cidade de Campinas (pg. 90) 3.1.2. O Aeroporto Internacional de Viracopos (AIVC) (pg. 94) 3.2. O Territrio do Aeroporto Internacional de Viracopos (pg. 100) 3.2.1. Dimenso Regional (pg.101) 3.2.2. Dimenso Urbana (pg.110) 3.2.3. Dimenso Local/Global (pg.115) 3.3. Do Aeroporto Aerotrpole (pg. 129) CONSIDERAES FINAIS (pg. 132) REFERNCIAS (pg. 136) i LISTA DE FIGURAS FIGURA1RelaoentreasAglomeraesProdutivaseasrespectivas InfraestruturasAeroporturias:a)AeroportodeMemphis;b)AeroportodeAtlanta. Fonte: Google Earth, 2014 (pg.5). FIGURA 2 Figura 3- Distribuio de Terminais de Logstica de Carga-TECA, no Brasil. Fonte: http://www.infraero.gov.br/, 2014 (pg.7). FIGURA3MovimentaodeCargasePassageirosnoBrasilde2003-2012. Fonte: arquivo pessoal do autor. Dados: INFRAERO, 2013 (pg.8). FIGURA4Fluxodoprocedimentodepesquisadapresentedissertao.Fonte: arquivo do autor, 2014. (pg. 12). FIGURA 5 Diagrama dos Padres de localizao. Fonte: Kevin Cox, 1972, p. 11. Traduzido pelo autor, 2013. (pg. 28).FIGURA 6 Relao Movimento-Distncia. Fonte: Kevin Cox, 1972, p. 41. (pg. 28). FIGURA7RelaesentreoselementosfundamentaisdoTransporteeas propriedades fundamentais do Meio e do Objeto do transporte. Fonte: Magalhes, p. 111. (pg.31). FIGURA 8 Croquis do arquiteto ingls Charles W. Glover, no qual ele representa a operao de um aeroporto suspenso sobre uma antiga rea no centro de Londres,a AerialKingsCross,em1931.Fonte:http://darkestlondon.com/2011/10/23/kings-cross-airport-193. (pg. 37 e 38). FIGURA9EstaoprestadoradeserviosdeTelecomunicaesedeTrfegos Areos EPTAS de rede INFRAERO. Fonte: INFRAERO, 2014. (pg. 41). FIGURA10Escalasdeorganizaodostransportes.Fonte:RODRIGUEet al.,p.82. (pg. 42) FIGURA 11 Mapa de rotas areas mundiais em 2009. Fonte: wikipedia, 2014.(pg. 44 e 45) FIGURA 12 Participao da indstria em % na economia brasileira no perodo de 10 anos (2002-2012). Fonte: http:www.valor.com.br/IBGE/2012. (pg. 48).FIGURA13RelaoentreAeroportos(manchaspretas)eoscentrourbanos-metropolitanos(manchaslaranjas):a)CidadedeEstocolmocomaeroportode Arlanda situado na Regio Oeste a aproximadamente 50 km do centro da cidade; c) ii CidadedeLondrescomaeroportodeGatwicksituadonaRegioSul,tambma aproximadamente 45 km do centro. Fonte: Gller; Gller, 2002. (pg. 51). FIGURA14Acima,esquerda,manchaurbanadacidadedeeregio metropolitanadeMiloesuaredeAeroviriainterconectadapelasredesde transporteterrestre.direita,manchaurbanadacidadeeregiometropolitanade Londres, com sua rede aeroviria interconectada pelas redes de transporte terrestre. Fonte: SORT, 2005 (pg. 52). FIGURA15(a)RelaodoAeroportocomseustiogeogrfico,bemcomoa Regio Metropolitana de Zurich; (b) Figura? - reas Centro de Zurique: 1 - Centro de ZurichereadaestaoCentral,2-readeDesenvolvimentoOestedeZurich,3- rea centro do Aeroporto, 4 - rea de desenvolvimento Norte de Zurich, 5- rea de desenvolvimento Winterthur. (c) Integrao do Aeroporto com a cidade, as linhas de transporte que estabelece esta rede. Os crculos de amarelo so os ns de conexo. Fonte: Gller e Gller, 2002. (pg. 54). FIGURA 16 - Estgios dos Aeroportos seguindo Yoichi Arai (1996). Fonte: acervo do autor, 2014. (pg. 57) FIGURA 17 Movimentao de Cargas Areas no Brasil no perodo de 2003-2012. Fonte:autor,2014.Dados:Infraero(2004,2005,2006,2007,2008,2009,2010, 2011, 2012, 2013). (pg. 58). FIGURA18MovimentaodeMalaPostalnoBrasilnoperodode2003-2012. Fonte:autor,2014.Dados:Infraero(2004,2005,2006,2007,2008,2009,2010, 2011, 2012, 2013). (pg. 58). FIGURA19MovimentaodePassageirosnoBrasilnoperodode2003-2012. Fonte:autor,2014.Dados:Infraero(2004,2005,2006,2007,2008,2009,2010, 2011, 2012, 2013). (pg. 59). FIGURA20MovimentaodeAeronavesnoBrasilnoperodode2003-2012. Fonte:autor,2014.Dados:Infraero(2004,2005,2006,2007,2008,2009,2010, 2011, 2012, 2013). (pg. 59). FIGURA21Oencolhimentodomapadomundograasainovaesnos transportes que aniquilam o espao por meio do tempo. Fonte: HARVEY, 2009, p. 220. (pg. 64). iii FIGURA22PginadoJornalIllustratedLondonNews,de1931,coma representao do Kings Cross Air Port. Fonte: http://www.ltmcollection.org/. (pg. 66). FIGURA23ModelodeumaAerotrpoleaplicadaaocasodeTaiwan.Fonte: KASARDA; LINDSAY, 2012. (pg. 70) FIGURA24ModelodeumaAerotrpoledesenvolvidapeloautorJohnKasarda. Fonte: http://www.bellevillelakecurrent.com/, 2014. (pg. 71). Figura25-AerotrpoleseCidades-aeroportosnomundosegundoJohnKasarda, em 2003. Fonte: www.aerotropolis.com. (pg. 72) FIGURA 26 Processo de Planejamento Integrado, em destaquem o momento em que ocorre o diagnstico do objeto. Fonte: Magalhes e Yamashita (2009). (pg.75). FIGURA27ModeloAnalticodoTerritorialdeUmAeroportoIndustrial,com planejamentoespecficoparaCidade-AeroportoouAerotrpole.Fonte:acervo prprio do autor, 2014. (pg. 78). FIGURA28SimulaodoterritriodeumAeroportoIndustrial.Fonte:acervo prprio do autor, 2014. (pg. 79). FIGURA 29 Simulao do territrio de um Aeroporto Industrial, com estratgia de Cidade-Aeroporto implantada. Fonte: arquivo prprio do autor, 2014. (pg. 80). FIGURA 30 Simulao do Territrio de uma Aerotrpole. Fonte: arquivo prprio do autor, 2014. (pg. 80). FIGURA 31- Imagem publicada pela revista Popular Science, de 1939, querefere-seaumaAerotrpolis,desenhadapeloartistaNicolasDeSantiscujottulo SkyscraperAirportforCityofTomorrow.Fonte: http://www.interculturalurbanism.com/. (pg. 83 e 84) FIGURA 32 Evoluo do permetro urbano de Campinas. Fonte: Plano Diretor de Campinas, 2006. (pg. 91). FIGURA33CrescimentourbanodacidadedeCampinas.Fonte:PlanoDiretorde Campinas, 2006.(pg. 91). FIGURA34MacrozoneamentodeCampinassegundooPlanoDiretorde2006. Fonte: Plano Diretor de Campinas, 2006. (pg. 92). FIGURA35ImagensdoAeroportoInternacionaldeCampinasnoperodode construo do complexo aeroporturio. Fonte: MIS, 2013. (pg. 94). iv FIGURA36-reatotaldoAeroportoInternacionaldeViracoposapartirdos DecretosMunicipais.Fonte:SecretariadePlanejamentodeCampinas,2012.(pg. 95). FIGURA37-1-TerminaldeCargas;2CentroAdministrativo;3Centro Empresarial;4TerminaldePassageiros.5TorredeComando.Fonteda imagem: Google Earth, 2014. Alterada pelo autor, 2014. (pg. 96). Figura 38 1 Administrao do Complexo Aeroporturio; 2 Estacionamento e ao fundooCentroEmpresarialeaatualtorredecomando;3Edifcioda AdministraoaesquerdaeCentroAdministrativoadireita;4-Aofundo,aantiga torre de comando; 5 Terminal de Cargas; 6 vista Area do terminal de Cargas e optiodeaeronaves,aAdministraoeoCentroempresarialeaTorrede Comando(Fonte:Viracopos.com);7-CentroEmpresarial;8vistaareado conjuntocomoterminaldecargaseCentroEmpresarialabaixo,eterminalde passageirosnocentrodaimagem(Fonte:Viracopos.com);9-Terminalde Passageiros. Fonte das imagens 1 5, 7e 9: arquivo pessoal do autor, 2013. (pg. 97). FIGURA 39 - Trata-se dos eixos econmicos do Estado de So Paulo em funo da localizao de indstrias (em crculos). O ponto vermelho refere-se ao AIVC. Fonte: ASQUINO, 2010, p. 92. Alterada pelo autor, 2014. (pg. 99). FIGURA40RegioAdministrativadeCampinaseRegioMetropolitanade Campinas em destaque. Fonte: www.planejamento.sp.gov.br/, modificada pelo autor, 2014. (pg.101). FIGURA41MapadaRegioMetropolitanadeCampinas,commalharodoviria, divisodemunicpiosemanchaurbana.Fonte: http://2009.campinas.sp.gov.br/seplama/publicacoes/planodiretor2006/mapas/mapa1.jpg, 2014. (pg. 103). FIGURA42MacrometrpolePaulistanainstitudapelaEmplasa.Fonte: http://www.emplasa.sp.gov.br/emplasa/, 2014. (pg. 105). FIGURA 43- Proximidade comoutrosaeroportos. Fonte: arquivo pessoal do autor, 2014. (pg. 107). v FIGURA44Disponibilidadedeinfraestruturadetransporteterrestree espacializao das ferrovias (a) e rodovias (b) da regio de Campinas e So Paulo. Fonte: CAPPA, 2013, p. 122 e 129. (pg. 108). FIGURA45ProcessodecrescimentourbanodaRMCapartirdotecido preexistente com evidncia nos vetores. Fonte: MELLO, 2004, p. 23. (pg.110) FIGURA 46 reas de concentrao de renda na RMC. Fonte: Mello et al. 2004, p. 24. (pg.110) FIGURA 47 Espacializao das entidades produtivas no territrio da RMC. Fonte: Mello et al., 2004, p. 25. (pg.112). FIGURA 48 Trata-se da identificao dos vetores de crescimento urbano da RMC, cujocentroCampinas.1DireoMonte-MrpelaViaSP-101;2direo AmericanapelaViaSP-330;3direoCosmpolispelaViaSP-332;4direo Jaguarina pela Via SP-340; 5 - direo nordeste de Campinas pela Via SP-081; 6 direoItatibapelaviaSP-065;7-direoVinhedopelaviaSP-332;8direo Indaiatuba pela SP-075. Fonte: Plano Diretor de Campinas, 2006, p. 175. (pg. 113). FIGURA49LocalizaodaMZ7nomunicpiodeCampinasesuasvias estruturantes. Fonte: Plano Diretor de Campinas, 2006. (pg. 114).FIGURA50PrincipaisprodutosimportadosporCampinaspelomodoareoem 2009. Fonte: COLOMBO e CAPPA, 2011. (pg. 117). FIGURA51PrincipaisprodutosexportadosporCampinasem2009.Fonte:COLOMBO E CAPPA, 2011. (pg.117). FIGURA 52 Empresas que mais importam produtos pelo AIVC em 2013. Fonte dos dados: Aeroportos Brasil, 2013. (pg. 119). FIGURA53Empresasque maisexportaramprodutos peloAIVCem2013.Fonte dos dados: Aeroportos Brasil, 2013. (pg. 119). FIGURA54-1reapatrimonialdoaeroporto;2readeampliaodo aeroporto; 3 Zona rural do entorno do aeroporto; 4 Zona rural sul; 5 Zona rural lindeiraMZ6;6Loteamentosconsolidados;7reacompredomniode urbanizaoprecria;8reade urbanizaoprecria;9-IndstriaSinger;10Distritoaduaneiro;11readeocupaorarefeita.Fonte:Secretariade Planejamento de Campinas, 2012. vi FIGURA55NmerodepassageirosdimensionadopelaAeroportosBrasildentro dos5ciclosdeseuMasterPlanFonte:AeroportosBrasil,2013.Organizadopelo autor, 2014. FIGURA 56 1 Ciclo (Maio/2014) com previso para 14 milhes de passageiros e 314 mil t de cargas. Fonte:Apresentao Institucional de Viracopos, 2013. FIGURA572Ciclo(2018),22milhesdepassageirose370miltdecargas. Fonte: Apresentao Institucional de Viracopos, 2013. FIGURA583Ciclo(2024),45milhesdepassageirose474miltdecargas. Fonte: Apresentao Institucional de Viracopos, 2013. FIGURA594Ciclo(2033),65milhesdepassageirose680miltdecargas. Fonte: Apresentao Institucional de Viracopos, 2013. FIGURA605Ciclo(2038)80milhesdepassageirose850miltdecargas. Fonte: Apresentao Institucional de Viracopos, 2013. FIGURA 61 1 a 6 - fotos da maquete exposta no AIVC (fonte: autor, 2013); 7 a 9: MaquetevirtualdocomplexodoAIVCcomprojeoparaMaiode2014(fonte: Aeroportos Brasil, 2013). (pg. 127) vii LISTA DE TABELAS TABELA1Caractersticasdosprincipaismeiosdetransporte.Fonte:Josmar CAPPA (2013, p. 18-19), adaptado pelo autor, 2013. (pg.37). TABELA 2 Movimentao de Aeronaves, Passageiros, Carga Area a Mala Postal nosAeroportosdeSoPaulo.Fonte:Infraero,2013.Organizadopeloautor.(pg. 120) 1 Introduo - INTRODUO Noanode1977,oconsultoreescritorMcKlinleyConwaypublicouTheAirportCity andthefutureintermodaltransportationsystem,maisconhecidocomoTheAirport City(ACidade-aeroporto).Nesseimportantelivrohumasnteseeaomesmo tempoagnesedesteconceitoque,nocontextodosEstadosUnidos,representou os fenmenos urbansticos que aconteciam prximos aos aeroportos desde o incio dadcadade1970.Emfunodaaceleradaecrescenteglobalizaoquealterou asdinmicaseconmicasregionaisemodificouoscritriosdelocalizaode entidadesprodutivas,eumtecidourbanosedesenhavaapartirdarelaodos aeroportos com os centros urbanos.Ao longo destes ltimos quarenta anos, tal processo de territorializao intensificou os recentes e especficos processos de urbanizao, tanto das reas circunvizinhas aosaeroportosquantodasregiesquecompartilhavamdeseusservios.As Cidades-aeroportos,consolidadasnohemisfrioNortenadcadade1990, ganharamdimensesqueextrapolavamocontextolocaleurbanoepromoviam dinmicasquealcanavamombitoregional,jemmeadosdosanos2000.Este novocontextooeconomistaJohnKasarda,em2006,nomeoudeAerotrpolis (Aerotrpole) no artigo Airport Cities and the Aerotropolis ao observar que o modelo deCidade-aeroportohaviasidosuperadonocontextodoSchipholAirportem Amsterd. Taisconceitos,quandoforamcriados,buscavamarepresentaodosfenmenos econmicosqueseespacializavamprximosaosaeroportospormeiodos processosdeurbanizao.Posteriormenteetalquestoseestendeathoje-, tornaram-semodeloseprincpiosdeplanejamentoterritorial.Emoutraspalavras, estesconceitossereferemproduoterritorialcapitalista,tendocomocentrode discusso,osaeroportosesuasatribuiesfuncionais.Acidade-aeroportouma estratgiaestabelecidapelasentidadesaeroporturiasemconjuntocomas governanasmunicipaisparaarrecadaodereceitase,porisso,possuimaior relevncialocalpoisacontecedentrodeseusstioseemsuasimediaes.A Aerotrpole,porsuavez, uma estratgiaconjuntadaentidadeaeroporturiacom as governanas locais e regionais que visam a configurao de verdadeiras cidades dentro do raio de aproximadamente 20 quilmetros do aeroporto e, por isso, possui abrangnciaregional.Estesmodelos,valedestacar,apresentammelhores 2 Introduo - resultadosseimplementadosemAeroportosIndustriais,devidoasuas infraestruturasenormaspreexistentesquesonecessriasparagarantirobom funcionamento logstico do territrio, principalmente para atividades de exportao. Trata-sedeuma novacondioadministrativadosaeroportosquevisamabrir-sea novas funes e usos com a finalidade de arrecadar receitas. Em outras palavras, os aeroportosnopanoramaatualpassaramaoperarcomoprestadoresdeserviose porissoposicionam-senomercadocomofatoresdelocalizaoparaempresase indstriasquebuscammaiorcompetitividadepormeiodarapidezeagilidade, proporcionadas por este equipamento. EstaaindaumadiscussomuitorecentenoBrasile,porisso,relativamente confusa, o que justifica a pesquisa relatada nesta dissertao. Se observarmos que operododeinstitucionalizaodeseusAeroportosIndustriaisestavalegalmente estabelecidodesde2002(masdefatoaplicadosomenteem2005),enosEstados Unidosdesde1980,perceberemosqueodistanciamentotemporalde aproximadamente 20 anos o que, para a economia global j instituda, refere-se a certoretrocessocompetitivo1.Diferentedosaeroportosorientadosoperaode voosdecargas,omodeloAeroportoIndustrialoferecereduestarifrias significativasquantosoperaes,oquerealaocartercompetitivodaregio ondeaplicado,almdereceberindstriasdentrodoprprioComplexo Aeroporturio.OprimeiroaeroportonopasaseroficialmenteIndustrialfoioAeroporto Internacional Tancredo Neves no ano de 2005, em Confins, na Regio Metropolitana deBeloHorizonte.SeguinteasuahomologaocomotalpelaReceitaFederal,o governo mineiro convidou John Kasarda, oidealizador do modelo Aerotrpole, para procedercomoplanejamentodaregio.OsegundoAeroportoIndustrialbrasileiro foi Aeroporto Internacional de Viracopos (AIVC), implementado em 2006 e estudo de casodesta pesquisa, localiza-se na cidade de Campinas, no Estado de So Paulo. Diferentementedocasomineiro,oAIVCpossuaforteapeloindustrialquando operavacomoaeroportodecargas,poishaviaemseuentorno,aindaquede maneira dispersa, grande quantidade de entidades produtivas. Tal fato facilmente explicado:Campinasparticipadomaiorentroncamentorodo,areoeferroviriodo

1 TalafirmativalevouemconsideraooperfilcompetitivodoBrasilnoperodotrazidoporAlbert Fishlow (2013), e este ser explanado no Captulo 1. 3 Introduo - pas, o que a coloca em nveis competitivos relevantes para os territrios aos quais pertence. Recentemente,desdemeadosdosanos2000,oespecialistasobreoassunto, economista Josmar Cappa (2007; 2008; 2009a; 2009b; 2009c; 2010; 2012a; 2012b; 2013a; 2013b), esboa problemas e diretrizes quanto expectativa do desempenho econmicodoAIVC. Emsuas publicaes soreconhecidasas potencialidades da cidadeedaRegioMetropolitanadeCampinas(RMC)frenteatalinfraestrutura, sendoquetaiscaractersticasindicamaexistnciadecontradiesepropriedades inerentes aos modelos supracitados de cidade-aeroporto e Aerotrpole. Em fevereiro de 2012, a Aeroportos Brasil comprou a concesso administrativa do AIVC com 51% departicipao,por30anos.Osengenheiros,economistasearquitetosdesta empresaelaboraramoPlanoDiretordoAIVC,submetidoANACeaprovadoem 2013 (PORTARIA ANAC N 1298/SIA, DE 17 DE MAIO DE 2013). Neste documento soesboadosseusobjetivosquantoaoplanejaremacidade-aeroportoe Aerotrpole campineira, a partir do Aeroporto Industrial. Oobjetivodapesquisadesenvolvidaenestadissertaoapresentadaa compreenso e identificao qualitativa dos impactos de um Aeroporto Industrial no Territrio,sobosaspectosvoltadosaostransportes,produodeaglomerados produtivos e processos de urbanizao. A partir da, possvel verificar se nele cabe aaplicaodealgumadascategoriassupracitadasdeplanejamento.Paraqueo objetivo fossealcanado foidesenhado um modelo analtico,intitulado porModelo AnalticodoTerritriodeAeroportosIndustriaisquedestinadoidentificaodo territrio-diagnstico em trs dimenses territoriais: Regional, Urbana e Local/Global. Creditamos a este mtodo o dimensionamento de tais impactos, cujo estudo de caso o Aeroporto Internacional de Viracopos. Ele, como afirmado acima, um Aeroporto Industrial,com viso estratgica para a configurao de uma Aerotrpole (que ser explanadaemmaiordetalhesnocaptulo2),oquevemaser,naspalavrasde Kasarda, the way well live next (o modo como viveremos no futuro).A estas trs dimenses territoriais foram atribudas caractersticas pensadas a partir decritriosprincipaisselecionadospelaobservaoecontatocomaliteratura especfica:a)conceituaodeterritrio;b)infraestruturaaeroporturiaesuas especificidades;c)permeabilidadedimensionaldoterritrio,ed)reconhecimento dosimpactos diretos deumAeroportoIndustrialnoterritrioeemsuadinmica.O 4 Introduo - modo de aplicao do modelo pode acontecer de trs formas: a) total, que l as trs dimensesetodos oscritriosdas mesmas;b)horizontal(longitudinal),quel um, vriosoutodososcritriosdeumadimenso,ec)vertical(transversal),quelno mnimoumcritriodeduasdimensesterritoriais.Talmtodoseroportunamente explicado e aplicado no AIVC no decorrer deste trabalho. Valeressaltar,queaplicadonoespaoparaaidentificaodoTerritriodeum AeroportoIndustrial,estemodelofornecerimportantesinstrumentosparaa compreensodadinmicaterritorialdosaeroportosbrasileiros,principalmenteos Aeroportos Industriais, que possuem maiores atributos funcionais e logsticos para a configuraodeumacidade-aeroportoouAerotrpole.Entretanto,umasriede informaesnecessriaparaacompreensodocontextoquecoordenaa produoterritorialrecente.Paratal,buscamosacompreensodosimportantes processoseconmicosepolticosquenecessariamenteinterferemnaproduo territorial.Aabordagemadotadapartiudeumreferencialtericodebasecrtico-histricae geogrfica. Nela, entende-se que diante dos processos de globalizao econmica, asinfraestruturasdetransporteassumemrelevnciacapitalfrenteaocritrio localizaodasaglomeraesprodutivas(ALEXANDER,1963).Naperspectiva histrico-geogrficacontemporneadeautorescomoDavidHarvey(2009[1989]; 2005 [2001]) e Georges Benko (1996 [1995]), ao implantar zonas produtivas, centros logsticosedecomando;empresrios,industriaiseplanejadoreslevamem consideraoadistncia,aquantidadeedisponibilidadedemo-de-obra,matria-prima,infraestruturasdetransporte,servioseenergia,naperspectivada acumulaoflexvel,oumelhor,produoenxutapostuladapelotoyotismo2,em detrimento da produo em massa do fordismo3.Taismudanasnopadroprodutivoelogsticodoterritrioalteraram substancialmenteasperspectivasculturais,econmicasepolticas.Hoje,as infraestruturasdetransportecumpremopapeldeestabelecerconexesentre territrios distantes, e, a partir delas, aproxim-los, reduzindo custos com a mxima

2 Modelodeproduovoltadoproduoflexvel,automaoindustrial,sistemajust-in-timeecom rigorosocontroledequalidade.TalmodelofoidesenvolvidonoJapoapsaSegundaGrande Guerra e se espalhou pelo mundo com as crises da dcada de 1970. 3 Omodelofordistadeproduobaseadonafabricaoemlargaescala,naespecializaoe fragmentao do trabalho e na linha de montagem. Este modelo teve pice nos anos de 1930-1950, entretanto apresenta esgotamento nos anos de 1960. 5 Introduo - velocidadeeeficciapossveis(HARVEY,2009;GIDDENS;1991[1990]).No contextodaredeglobalqueseconfigurademodocrescentementecomplexo,a disponibilidadeadequadadestasinfraestruturasaoperfilprodutivoregional potencializa seu carter competitivo e, dentro de uma viso que supera o postulado de Alexander (1963) de que as infraestruturas de transporte so somente fatores de localizao,taisinfraestruturassoadotadascomopartedoprocessoprodutivo,e atuam como fatores que agregam valor aos produtos e ao trabalho. Hoje,cabedestacarqueaeroportosesuasimediaessoamplamenteutilizados paraestabelecimento denegcios.Elessopontosdeatraoparalocalizaode empresaseindstrias,comonoscasosdeMemphis,Dallas,AtlantaeSeattlenos Estados Unidos (Figura 1). H propostas para a organizao do territrio que ali se forma: a cidade-aeroporto e a Aerotrpole so exemplos. Tais modelos entram como reguladoresdaocupaodoterritrioemfunodousodosoloprximoaos aeroportos que possui restries severas.Figura 1 - Aglomeraes Produtivas (em destaque) e as respectivas Infraestruturas Aeroporturias: a) Aeroporto de Memphis; b) Aeroporto de Seattle; c) Aeroporto de Atlanta. Fonte: Google Earth, 2014. a b c 6 Introduo - Porissoaespecificaodoconceitodeterritrioadotadanestetrabalhodiverge daquelasestabelecidaspelasleisnacionais,edesenhadaporprocessos caractersticosdaproduocapitalistadoespaocompetitivo.,asaber,um territriodescontnuo,fragmentadoepossuidensaredevirtualqueestabelecida por relaes econmicas dos processos de produo e comrcio atuais. Trata-se de umTerritrioAeroporturioqueenvolvealtastrocasenergticascomoutros territriosglobais,transportandopessoasemercadorias.Nestesentido,possvel observarquearelaoglobal-localseestreitasobdoisaspectosclaramente definidos: socioeconmico e poltico-cultural. Segundo Gller e Gller (2002, p. 11). Osaeroportosnososomenteaeroportos.Elestmdeixadosua simplescondiodemquinasreguladorasdetrfegosituadosna periferiaetmsetransformadonasinfraestruturasmaisdecisivas paraatransformaodareametropolitana[...].Osaeroportos, comoindiscutveispontosdeencontrosregionaiselocais[...]esto setransformandoemcentrosdeatividadeemsimesmo,adizer, novos polos de desenvolvimento regional [...]. NocasodoBrasil,aproximidadecomoutrosterritriospelosaresno estabelecidasomentepelosaeroportos,mastambmpelasrecentespolticasde aberturadocomrcioexteriorqueintensificamestarelao.Osconhecidos AeroportosIndustriaissopesadasinfraestruturasimplantadasquefortalecema economia regional, impulsionam a criao de redes logsticas e dinamizam diversas relaes.NoBrasil,aINFRAERO4 emconjuntocomaReceitaFederal,em2002, estabeleceram vantagens econmicas para a constituio de Aeroportos Industriais5. A proposta estabelecida parte de uma poltica de reduo tarifria para o transporte areo de cargas. Diferentemente dos 31 terminais de cargas(Figura2) espalhados pelo pas, um Aeroporto Industrial recebe incentivo fiscal tanto para a localizao de indstrias dentro do complexo aeroporturio, quanto para as operaes. SegundoMonteiro(2008,p.74),osdocumentosregulamentadoresparaa implantaodeAeroportosIndustriaisso:a)Lei8666de1993,queregulamenta sobrevaloresdeconcessonormaldeespaonoaeroportoemais abrangentementerefere-secontrataodeprodutoseserviospelosrgos

4 INFRAERO-EmpresaBrasileira de Infraestrutura Aeroporturia, criada em 1972 na administrao de Antnio Gustavo do Vale, na presidncia de Emlio Mdici. 5 ParaincentivarodesenvolvimentodoComrcioExteriorBrasileiro,oprojetodosAeroportos Industriais consolida-se pela necessidade de intensificar a transformao dos sistemas de transporte e logstico do pas,proporcionando a instalaodeplantas industriaisem aeroportos internacionais, simplificandoosprocedimentosaduaneiroseareduodecustostarifrios,tributrioselogsticos, resultandonoaumentodacompetitividadedasindstriasbrasileirasnomercadointernacional.O empresariadopassaentoareceberumgrandeapoiogovernamental,ficandomaisbaratoemais fcil produzir e competir no mercado exterior (www.infraero.gov.br). 7 Introduo - pblicos;b)Lei8987de1995,queestabeleceoscritriosbsicosdeservios pblicos; c) Portaria n 219 de 27 maro de 2001 (Ministrio da Defesa Comando da Aeronutica) que aprova critrios e fixa valores para a aplicao e a cobrana das Tarifas Aeroporturias de Armazenagem e de Capatazia, sobre cargas importadas e aseremexportadasouemsituaesespeciais;d)instruoNormativa241da ReceitaFederalde2002,queregulamentaoregimedeentrepostoaduaneiro;e) Figura 2 - Distribuio de Terminais de Logstica de Carga -TECA, no Brasil. Fonte: http://www.infraero.gov.br/, 2014. 8 Introduo - atodeclaratrioexecutivon2de2005,queespecificaoperfildaempresaase instalaremumaeroportoindustrialeosrequisitostcnicosparaosoftwarede controledeentradaesadadepessoas,veculosemercadoriasnorecinto alfandegado;f)regulamentodeLicitaoeContratosdaInfraero(RLCI)de2009, que gere o contrato entreaeroporto e empresas,g) a Portaria 744 da ANAC, que estabelece o preo do aluguel da rea, e h) Legislao Ambiental.Nestes critrios, o primeiro AeroportoNacional a portar a licena para operar como Aeroporto Industrial foi o Aeroporto Internacional Tancredo Neves (Confins), em Belo Horizonte, no ano de 2005 (MONTEIRO, 2008; TADEU, 2010). possvel associar o perododeregulamentaodaimplantaodeAeroportosIndustriaisnopasao perododemaiorexpansodamovimentaodeCargaAreaedePassageiros. Semdvida,oBrasilexperimentounaprimeiradcadadosculo21omaior crescimentoeexpansodousodomodoaeroviriodesuahistria.Nocasoda movimentao de cargas areas, observamos na Figura 3, que houve uma inverso, sendo que em 2003, o volume de cargas domsticas era maior que a internacional, eapartirdoanode2010ovolumedecargasmaiortemsidopredominantemente internacional6.Observamostambmqueamovimentaodecargasvarioude acordo com os fluxos econmicos internacionais, inclusive com a crise de 2008.Noplanodosvooscomerciais,umasriedefatorescorroborouparataisndices, comoporexemplo,aexpansodaclassemdia,aentradademaisempresas areasnomercado,taiscomoaGoleaAzulcompolticavoltadapopularizao do acesso ao Transporte Areo e a instituio da ANAC como rgo regulador. Esse segundofatoracirrouacompetitividadeque,porconseguinte,diminuiuovalordas passagens,disponibilizandoconsequentementemaiorquantidadedehorriosde voos.AindanaFigura3,observamosumcrescimentoprogressivodonmerode passageiros trafegando no pas. No perodo de dez anos (2003-2012), o nmero de passageiroscresceuaproximadamente150%,edeumanoparaoutro,comono perodode2009-2010,ondicedeaumentoultrapassaos20%,segundodados disponibilizados pela INFRAERO (2004 a 2013).

6 Destacamostaleventonestaapresentaoparafinsdejustificativa,apesardesabermosquetais dadosnodosustentaoparaafirmarqueomodoaeroviriofortaleceuaeconomiabrasileira. Todavia,taisdadosnosgarantemquehouveumfortalecimentodarelaocomercialinternacional. Sabemosqueousodomodoaeroviriomaisutilizadoparacargaslevesdealtovaloragregado. Umexamemaisdetalhadosobreotipodecargatransportadoporestemodoseresclarecidono decorrer deste trabalho. 9 Introduo - Contudo,ainfraestruturaaeroporturiabrasileiranoacompanhoutal desenvolvimento.AmaioriadosaeroportosoperantesnoBrasilpossuipartedas antigasinfraestruturasdequandoforamerigidas.Outraparcelapossuiparteda infraestruturadosanosde1970e1980,construdasobasnormasdo desenvolvimentismodoRegimeMilitar.sobreessasinfraestruturasque acrscimos,extenses,expansesepuxadinhostmsidoconstrudos,esobre elas,outrasmodalidadesdetransporteareotmoperado,comoovoodecargas nos aeroportos recentemente nomeados Industriais. Apropostadopresentetrabalhoseguiutaisdirecionamentosndicesediscusso tericaacimaexposta.Acrticasefazpelosdirecionamentospoltico-econmicos adotadospelagovernanabrasileiraemseusmbitosfederativo,estaduale municipal,eincidediretamentesobreoprocessodeproduonoespao,do territrio.Observamosgravessimplificaesdeconceitosfundamentaisutilizados por planejadores, e at mesmo fortes disjunes que extraviam problemas dos eixos da coerncia. Sabemos que, como se trata de comportamentos e procedimentos de planejamento recentes no pas, acredita-se que o presente trabalho contribuir para a formulao de reflexes e mtodos adaptados realidade nacional. 1214 1358 1360 1229 1318 1272 1114 1250 1563 1436 657 717752 641 620 640576 595 751 688 557 640 607 558 697 631 537 654 812 748 73 82 96102 110113 128 155 179 193 0200400600800100012001400160018002003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012Movimentao de Carga Area (Kg) e de Passageiros no Brasil em (2003-2012) Total (Bilhes) Domstico (milhes) Internacional (Milhes) Passageiros (Milhes)Figura 3 Movimentao de Cargas e Passageiros no Brasil de 2003-2012. Fonte: arquivo pessoal do autor. Dados: INFRAERO, 2013. 10 Introduo - Porisso,vriosquestionamentosjuntosculminaramnaelaboraodesta dissertao.Deinquietaesmaisantropolgicasainvestigaesquanto infraestruturaporsimesma,todastrouxeramaslentesnecessriasparaa construoeformataodestetrabalho.SendoqueaimplantaodosAeroportos IndustriaisnoBrasilrecentesecompararmoscomosEstadosUnidos,por exemplo,queiniciaramsuasatividadesindustriaisemzonasespecficasnosanos de1970(GLLEReGLLER,2003),epostulandoqueasinfraestruturasde transportepodematuarcomoinstrumentosdeplanejamentoterritorial, apresentamos a seguinte questo-problema: Se, de acordo com a bibliografia especfica7, a implantao de Aeroportos Industriais no territrio inscreve novas formas de urbanizao, dinamiza logisticamente a regio e aumentasua competitividade econmica no plano global, ento quais os tipos de impactos mais diretos observveis no territrio e como eles acontecem levando em considerao suas caractersticas histricas e infraestruturais? Estetrabalho,emfunodaquesto-problemasupracitada,trazoestudodas dinmicasterritoriaisapartirdaimplantaoefuncionamentodeAeroportos IndustriaisnoBrasil.OcasodeinvestigaodestapesquisaoAeroporto InternacionaldeViracopos(Campinas-SP),emfunode:a)esboarcarter competitivopeladistribuiodeempresasnaregioeoperarcomoaeroportode cargas;b)porserhomologadopelaReceitaFederalcomoAeroportoIndustrial desde 2006; c) por recentemente trazer questes relativas ao planejamento territorial sobainflunciaaeroporturiademodelossimilaresoperantesnomundocomoa cidade-aeroportoeAerotrpole;ed)situadoemCampinas(SP),estinseridoem uma densa rede de transporte areo, prximo aos Aeroportos de Guarulhos, Campo deMarteeCongonhasetambmrederodoviria(rodoviasAnhanguerae Bandeirantes)enadinmicaterritorialmaissobrecarregadadaAmricadoSul;e, porfim,pelaviabilidadedeacessosinformaesnecessriasparao desenvolvimento da pesquisa. Valeressaltarqueaspremissasepressupostosforampensadasapartirdas dimensesterritoriais,quesofundamentaisparaadiscussoeidentificaodo territrio.Sendoassim,utilizou-seporbaseapesquisabibliogrficasobreotema. Sendo assim, as destacamos abaixo exposto a fim de esclarec-las:

7 (observar: PONS e BEY (1991); GRAHAN (1995); GLLER E GLLER (2003); EDWARDS (2005); SORT (2006); HEIDRICH (2008); TADEU (2010); KASARDA (2012 [2011]) 11 Introduo - Ainfraestruturaaeroporturiadetipoindustrial,aoserimplantada,passaaser indutoradeprocessosdeurbanizaoemseuentornoimediato.Ousodosolo detalreapredominantementevinculadoaatividadeseconmicaseso ligadasdiretaeindiretamentesatividadesaeroporturias,taiscomoindstrias no poluidoras, centros empresariais, hotis, bancos, restaurantes etc.; OAeroportoIndustrial,enquantofacilitadordastransaesdenegcios, escoamentoeentradadeprodutosnoterritrio,reorganizaalgicafuncional regional nos seguintes pontos:- (re)locao das cadeias produtivas especializadas e dos tipos de empreendimentos (criao de novos e desmanche dos antigos clusters8 industriais, por exemplo), ou seja, especializao das economias regional e local;- mudana e/ou aumento no uso dos modos de transporte utilizados para o movimento dos produtos e pessoas; Os Aeroportos Industriais facilitam a entrada e circulao de produtos e pessoas nombitoglobaldoterritrio;aumentamacompetitividadeentreregiese lugares; e garantem a relevncia das cadeias de produo implantadas dentro da zona de sua influncia no mercado global.Sendoassim,instrumentospreviamentedelimitados,creditamosaopresente trabalho o objetivo geral de compreender do impacto da infraestrutura aeroporturia de tipo Industrial no Brasil, a partir de trs dimenses territoriais: regional, urbana e local. O presente trabalho tambm assume como objetivos especficos: Estudodaliteraturaespecficavisandoidentificaodeconceitos pertinentesaotemaedascaractersticaspeculiaresaoterritrioesuas dimenses. Identificaodarelevnciadasinfraestruturasdetransportes,comfocona infraestruturaaeroporturia,paraalocalizaodeplantasprodutivase consequentemente, fortalecimento do carter competitivo do territrio; Desenhoeaplicaodeumprocedimentodeanlisedoterritriono Aeroporto Industrial de Viracopos, com foco na identificao do territrio;

8 Segundo Michael Porter (1999, p.220-221) cluster um agrupamento geograficamente concentrado deempresasinter-relacionadaseinstituiescorrelatasnumadeterminadareavinculadapor elementos comuns e complementares. 12 Introduo - Teste do instrumento de anlise elaborado para a identificao total, vertical e horizontal das dimenses territoriais: regional, urbana e local. Para o cumprimento destes objetivos, os procedimentos de pesquisa adotados esto esboados no esquema representado na Figura 4 e sero detalhados a seguir: (1) Reviso bibliogrfica Durantetodooprocessodapesquisadiversosautoreseabordagensdisciplinares comoHistria,Geografia,Transportes,Sociologia,EconomiaeUrbanismoforam consultados.Nela,oobjetivofoiaidentificaodeelementoscaractersticosda Figura 4 - Fluxo do procedimento de pesquisa da presente dissertao. Fonte: arquivo do autor, 2014. 13 Introduo - produoterritorialatualdiantedosmltiplosprocessosqueincidemsobreelaea condicionam.Diantedavastabibliografia,orecortetericoadotadofoiainda permeado pelas discusses da noo de territrio e suas variantes (territorializao, territorialidade).Trazendotaisdiscussesparaombitodaproduoespacialem funo da implantao do Aeroporto Industrial, o aprofundamento terico foi sobre a cidade-aeroporto e Aerotrpoles que a caracterizam (vide referncias bibliogrficas). Naelaboraodapesquisaedessadissertao,foramindispensveis:Economic Geography(ALEXANDER,1963),Planejamentoeprojetodeaeroportos (HORONJEFF,1966),PorumaGeografiadopoder(RAFFESTIN,1993[1980]), Man,locationandbehavior:introductiontohumangeography(COX,1972),As consequnciasdamodernidade(GIDDENS,1991[1990]),Retornodoterritrio (SANTOS, 1998 [1994]), Sociedade em rede (CASTELLS, 1999), Del aeropuerto a la ciudadaeropuerto(GLLER;GLLER,2002),Amobilizaoprodutivados territrios(MONI;SILVA,2003),Airport:PlanningandManagement(WELLS& YOUNG,2004),Territory:ashortintroduction(DELANEY,2005),Redes Metropolitanas(SORT,2006),Planninganddesinofairports(HORONJEFFetal., 2007),Condiops-moderna(HARVEY,2009[1989]),Omitoda Desterritorializao;Oterritrioemtemposdeglobalizao;eRegionalGlobal (HAESBAERT,2004;2007;2010),SociologiadaGlobalizao(SASSEN, 2010).Aerotrpole:omodocomoviveremosnofuturo(KASARDA;LINDSAY,2012 [2011]),OAeroportoeaCidade(CAPPA,2013).Almdestesttulos,diversos artigos foram consultados destes e de outros autores, bem como levantamentos de dadosemsites especializados,bibliotecasealmdavisitaemloco,prximoponto relevante do objeto. (2) Visita ao objeto de pesquisa AvisitaaoAeroportoInternacionaldeViracoposfoifundamentalparao desenvolvimentodapesquisa,poisfoiobservadoinlocoosfortesprocessosde territorializaodasreasvicinaisaaoaeroporto,bemcomoentreocentroda cidadedeCampinasetalinfraestrutura.Almdaobservaodofenmeno,foram feitas duas reunies, uma na Prefeitura Municipal de Campinas com os planejadores daMacrozona7(readestinadasinstalaesaeroporturias)bemcomoos agentespolticosdamesma;enasedeadministrativadaAeroportosBrasil, localizadanoAIVC.Taisfatoresforamfundamentaisparaacompreensoda 14 Introduo - dimensolocaldoobjetoeperceberqueelaimprescindvelparaotododo territrio. (3) Desenho do Modelo Analtico do territrio de um Aeroporto Industrial OModeloAnalticoumasntesedacompreensodoTerritriodeumAeroporto Industrialsugeridanopresentetrabalho.Elaenvolvequestespertinentesao processodeterritorializaoemfunodosimpactostrazidospelapresenae operao do Aeroporto Industrial, que, como ressaltado acima, adquire vantagens e propicia a configurao de uma cidade-aeroporto e/ou Aerotrpole. O Modelo Analtico possui trs dimenses, a regional, urbana e local, e a elas foram atribudascaractersticaspensadasapartirdecritriosrelevantesparaodesenho damesma.Ascaractersticassoprocessos,infraestruturasediretrizesque envolvem a produo do Territrio. Elas esto vinculadas aos conceitos de territrio, localizaodeaglomeraesprodutivas,movimentoeenergiaquesevinculamao AeroportoIndustrialporsuascaractersticaseparticularidades.Talmodelo possibilitatrstiposdeleituradoterritrio,atotal(panormico),parcialhorizontal (longitudinal) e parcial vertical (transversal). O que determina o tipo a ser aplicado a inteno e necessidade dos atores do planejamento a fim de identificar o territrio-real.(4) Aplicao do Modelo Analtico Nestaetapadapesquisa,procedemoscomainvestigaodocaso,ouseja, aplicamosoModeloAnaltico do Territrio deumAeroportoIndustrialaoAeroporto Internacional de Viracopos, a fim de compreend-lo em suas mltiplas dimenses e identificarmos seu territrio-real. Aplicamos o Modelo Analtico em mltiplos recortes: total,parcialhorizontaleparcialvertical.Identificamospotenciaiselimitesdo Modelo, e por isso foi possvel a sugesto de futuras pesquisas. Aplicadoomtododepesquisaecomosdadoseinformaesdevidamente levantados,procedeu-secomaescritadestaque,estruturalmente,foiorganizada emtrscaptulos.ApsapresenteIntroduoquetrazabordagem,definies, objetivos,pressupostoseprocedimentosdepesquisa,oscaptulossero apresentados adiante. 15 Introduo - Captulo 1 - Territrio e aeroportos: definies, processos e planejamento OobjetivodestecaptuloadiscussoeespecificaodanoodeTerritrio Aeroporturio nombitodestetrabalho.Estanoonortearo desenvolvimentoda pesquisaepossibilitaraconstruodoModeloAnalticodoTerritriodeum AeroportoIndustrial,explanadonoCaptulo3.Eledivididoemduaspartes.A primeira,centradananoodeTerritrio(definies,varianteseanlise)possui carter tericoediscute osconceitosinerentes aoterritriocomo territorializaoe territorialidade.Nelatambmsodiscutidososprocessosqueenvolvema consolidao e vida do territrio. Asegundaparteesboaumaanliseemtrsescalas,aGlobal,RegionaleLocal, dasinfraestruturasdetransportecomfoconoaeroporto(RODRIGUEetal,2006). Almdomaissotrazidosaosdebatesaspolticasdeplanejamentoeprojeto implementadaspelosaeroportosnomundoemaisrecentementenoBrasil,como Aeroporto Industrial, cidade-aeroporto e Aerotrpole. Captulo 2- Modelo Analtico do Territrio de um Aeroporto Industrial NestecaptulodesenhadooModeloAnalticocomsuasdimensesterritoriaise suascaractersticasoucritrios.Tambmsoesboadososmodosdeleitura possveis e como esta deve ser procedida. Captulo 3- O territrio do Aeroporto Internacional de Viracopos Nestecaptulo,oModeloAnalticoaplicadoaoAeroportoInternacionalde Viracopos.Oobjetivoaidentificaodoterritrio.Aplica-seosmodosdeleitura total, parcial horizontal e parcial vertical a fim de verificar seus potenciais e limites. Consideraes Finais Esta a parte que encerra a dissertao e conta com as reflexes sobre o processo, apresentaodaspotencialidadeselimitesdomesmo,eindicaesparafuturas pesquisas sobre o tema. 16 Territrio e Aeroportos -1.TERRITRIO E AEROPORTOS: DEFINIES, PROCESSOS E PLANEJAMENTO Oquevemaseroterritrio?Oquepodemosconsiderarcomoelementos fundamentaisparasuacaracterizaoedefinio?ComosalientaMarcos Magalhes(s.d.),suasdefinies,tantodaliteraturaespecficaquantodosenso comum, so amplas e imprecisas. Segundo o autor, o vocbulo territrio utilizado nas mais diversas cincias sendo multidisciplinar, contudo, isso o torna confuso e, na maioria das vezes, seu uso solicita uma contextualizao. Magalhes (s.d.) faz uma reflexo que se aproxima da anlise feita por Milton Santos (1998, p.15) em O retorno do territrio, ao apontar que ele, o territrio, trata-se de uma forma impura, um hbrido, uma noo que, por isso mesmo carece de constante reviso histrica.SegundoMiltonSantos(1998),oterritriosoformas,masoterritriousadoso objetoseaes,sinnimodeespaohumano,espaohabitado.Todoterritrio pertenceaalgo:umainstituio,umsujeito,umgruposocial,umEstado,um sistemasimblico;etodoterritriopossuiumsistemaorganizacionalprprio:leise normasinstitucionaisesociais,lgicaeprincpiosqueodefinemelheconferem identidade.Todoterritriosemanifestanoespao:possuilimitesebarreiras,e juntamente com ele, a noo de dentro e fora. Tomemos o territrio brasileiro a ttulo deexemplificao.Aestruturalegislativabrasileira,queestabeleceprincpios, normas e leis de condutas, organiza o espao nacional, ou seja, coordenam a vida e omodocomooespaonacionaladquirecaractersticasprprias,diferentesde outrosEstados.Esteterritrio,queseconfigurapormeiodaaodosbrasileiros sobreoespaoapartirdeprincpiosenormasestabelecidasnormativaou socialmente,lhesdanoodepertencimentoeidentidade.Parafraseando Raffestin (1993 [1980]), o territrio a priso que os homens constroem para si. Oqueoconstituisoosfenmenosquesustentamasuacompreenso:a territorialidade e a territorializao. Neste trabalho, entendemos que territorialidade o modo de vivncia do territrio.Ela a conduta do homem sobre o espaocom a finalidade de constituirseu territrio e defend-lo; enquanto que a territorializao oprocessodeproduodoterritrio.Taisnoes,nopresentetrabalho,so indispensveis.Hqueseressaltarqueoterritriotratadoaqui,agrossomodo, tomadoapartirdereferencial,umatorquedesenvolveestratgiasevisessobre um determinado espao, para constituir nele relaes de poder. 17 Territrio e Aeroportos -Quando falamos em Territrio Aeroporturio ou Territrio de um Aeroporto referimo-nos s atividades aeroporturias, mas no somente a elas.Toda infraestrutura que vinculasuasatividadesaoaeroporto,todasasaes,decisesemovimentosque levam em considerao este equipamento compem a noo de seu territrio; esta adiscussoquesepretendeinstituirnestecaptulo:esclareceraposioaqui adotada de territrio, territrio aeroporturio e seu planejamento. Este captulo terico organizado em duas partes. A primeira, com ttulo Territrio: definies e variantes, traz ao leitor algumas definies deste conceito. Procura-se explorarnadiscussoexpostaascaractersticasessenciaisdoterritrioenoes relacionadas(territorialidadeeterritorializao),suascondicionantese,emgeral, comoestelidoeplanejado.AsnoesdeLocalizaoeMovimento,Redese Sistemas,MobilidadeeAcessibilidadesotrazidasdiscussocomoelementos de leitura dos territrios.Teoricamente, para a discusso da primeira parte adotamos o referencial terico das geografiasdetransportes,econmicaeurbana;edasociologiaeconmica: Economic Geography (ALEXANDER, 1963), Man, location and behavior: introduction to human geography ( (COX, 1972), Geografia do poder (RAFFESTIN, 1993 [1980]), Condio ps-moderna (HARVEY, 2009 [1989]), As consequncias da modernidade (GIDDENS,1992[1991]),Retornodoterritrio(SANTOS,1998[1994]),Sociedade em rede (CASTELLS, 1999), Territory: a short introduction (DELANEY, 2005), O mito daDesterritorializao;Oterritrioemtemposdeglobalizao;eRegionalGlobal (HAESBAERT, 2004; 2007; 2010), Sociologia da Globalizao (SASSEN, 2010).Nasegundaparte,adiscussosobreoTerritrioAeroporturio.Nela,a infraestruturaaeroporturiaabordadapelasmltiplasescalasembitosde atuao,bemcomosoenxergadospelosplanejadores.Almdeumabreve contextualizaohistricasobreaconsolidaodesuainfraestruturacomfocoem suasmutaesprogramticas(Plataformasdevoos,AeroshoppingseAeroporto Industrial),adiscussopretendidacomotalinfraestruturadialogacomaregio onde est implantada, com foco no processo de territorializao das reas prximas a eles. Tal processo se d a partir da consolidao de territrios econmicos nestas reascomprogramasvoltadossatividadesaeroporturias.Elessohoje compreendidoscomonovascidades,asCidade-aeroportosenovosmodelosde metrpoles,asAerotrpoles.OsconceitosdeCidade-aeroportoeAerotrpoleso 18 Territrio e Aeroportos -compreendidosnestetrabalhocomoestratgiasevisesdeplanejamentodestas reas, e tal formulao terica ser necessria como elementos de anlise aplicados aocasodoAeroportoInternacionaldeViracoposemCampinas,SoPaulo,no captulo 4. Nadiscusso,buscamosacompreensodoTerritrioAeroporturioapartirdo seguintereferencialterico:Planejamentoeprojetodeaeroportos(HORONJEFF, 1966)TheWorldAirports(ARAI,1996),Amobilizaoprodutivadosterritrios (MONI; SILVA, 2003), Del aeropuertoa la ciudad aeropuerto (GLLER; GLLER, 2002), Aerotrpole: o modo como viveremos no futuro (KASARDA; LINDSAY, 2012 [2011]),Logsticaaeroporturia:anlisessetoriaiseoModelodeCidades-Aeroportos(TADEU,2011),RedesMetropolitanas(SORT,2006),Airport:Planning andManagement(WELLS&YOUNG,2004),entreoutros.Nessasegundaparte, intentamosaidentificaodecritriosespecficosecaractersticosdoterritrioque pertence ao funcionamento do aeroporto. 19 Territrio e Aeroportos -1.1.TERRITRIO: DEFINIES, VARIANTES E ANLISE Na compreenso epistemolgica da geografia, o espao no concebido como um conceitoabstratoeamplo,pelocontrrio,compreendidoenquantoplataformade anlisesereflexessobresuascategorias(paisagem,lugar,territrioeregio).O espaosomenteexisteseneleforconsideradooaspectohumano,poisnelese constituemnveiseescalasdevidaeanlise,devivnciaedomtodo.como esclarece Claude Raffestin (1993 [1980]) ao caracterizar o espao como o suporte para o territrio e para a vida que nele se desenha. Esta noo fundamental para a discusso que segue adiante. Essaparteestdivididaemduasdiscusses:aprimeiraintituladaTerritrio, territorialidadeeterritorializaodiscuteasbasesconceituaisdeterritrio,suas definieseosfenmenosqueosustentam,comoaterritorialidadeea territorializao.Estasdiscusses estoassentadassobumcampotemporal maior quecompreendidopelamodernidade,quecondicionataisprocessos.Asegunda discusso,intituladaProcessosdeterritorializaoeleiturasterritoriaisd-nos instrumentos que possibilitam identificar, ao mesmo tempo, a compreenso e leitura dos processos que constituem o territrio. As discusses possuem foco nos fluxos e nas infraestruturas que os possibilitam (transportes), seus processos e padres. 1.1.1.Territrio, territorialidade e territorializao AabordagemdeDavidDelaney(2005,p.13)nosrevelaqueapalavraterritrio, enquantosubstantivo,negligenciaoaspectosocialdofenmenoque,porsuavez, pressupe prticas, processos e atividades no espao. Etimologicamente, a palavra derivadolatim,dovocbuloterritorium,quesignificaasterrasaoredordas cidades,terra,ouregio.Todavia,influenciadoporWilliamConnolly9,Delaney (ibid.p.14)dizqueoterritrioconfiguradoporbarreirassociaisnoespaoque inscrevemcertostiposdesignificadosnomundomaterial.Segundooautor,um territrio, por mais elementar que seja, possui a clssica distino entre o dentro e o fora, estabelecidos pela demarcao. As barreiras, no mbito do territrio, podem serfsicas(muros,paredes,rios,etc.)ousimblicas(lnguas,sistemasculturais, smbolos, etc.), nas quais ambas as formas se tangenciam mutuamente no processo de demarcao.

9 Importante cientista poltico estadunidense. 20 Territrio e Aeroportos -ClaudeRaffestin(1993[1980],p.144),aoafirmarque...oespaoapriso original,eoterritrioaprisoqueoshomensconstroemparasi,estabeleceas duasdimensesfundamentaisdoterritrio:aespacialeahumana.Adimenso espacial,segundoele,aquelanaqualoterritrioseapoiaemseuprocessode configuraoedemarcao.Noespao,aarticulaodeaes,usos,instalaes, etc.,visamaclarificar,noformatodeumprojetoelaboradoporumator sintagmtico10(comportamentoeao),osuportepara...umlocalderelaes (ibid.): Todaprticaespacial,mesmoqueembrionria,induzidaporum sistemadeaesoudecomportamentossetraduzporuma produoterritorialquefazintervirtessitura,nerede. interessantedestacaraesserespeitoquenenhumasociedade,por maiselementarqueseja,escapanecessidadedeorganizaro campo operatrio de sua ao. (RAFFESTIN, 1993, p. 150) Segundoesseautor,emalgumnvel,osindivduosougruposseorganizamno espaonoformatodepontos,esedistribuemporprocessos,quepodemser aleatriosouregulares,dispersos11ouconcentrados.Optou-sepelousodotermode processoaodemodeloutilizadooriginalmenteporRaffestin(1993,p.150).Aideiade modeloempregadanotextosugereaexistnciapadresdeformalizaoe institucionalizaodasorganizaesespaciaisdassociedades.Oconceitosugerido, processo, visa a ampliar a abrangncia do conceito utilizado por Raffestin, pelo fato de se constituir a partir de uma srie de fenmenos que possuem nexos relacionados ordem de causa e efeito. Aglomerados (no caso das cidades) ou no (no caso do campo), os grupos sociais se espacializam, e tal processo configura sistemas de redes que, hierarquicamente, emfunodesuasatribuiesespecficas(histria,economia,geografia, demografia,semiologiaetc.),configuramumarepresentaoterritorial,ouseja,o sistemasmico(ibid.p.150-151).Arepresentaoentranasdiscussessobre territrio por ser esta o meio sobre o qual o ator proceder com a sua ao.

10 Adjetivo derivado do substantivo Sintagma que quer dizer: qualquer conjunto de palavras em que todasperdemsuasignificaoindividualparatomaradoconjunto.Nombitodageografiaedas discussessobreterritrioinscritasnestacincia,atorsintagmticoaquelecapazdeestabelecer um plano ou programa de ao sobre o espao. 11SugerimostambmoacrscimodoconceitodedispersoscolocaesdeRaffestin.Lewis Mumford(1998[1961]),KennethFrampton(2008[1980]),JacquelineBeaujeu-Garnier(1997[1963]), BernardoSecchi(2009[2005]),entreoutrosautores,reiteraramemseusescritosqueas organizaes sociais, com foco em aglomerados urbanos se consolidam por processos de migrao centrpeto e centrfugo, conotando no somente as foras de concentrao, mas as de disperso. 21 Territrio e Aeroportos -Raffestin nomeia de sistema smico, tanto as infraestruturas, as foras de trabalho edeproduo,ouseja,aconstruoevivnciado/nomundomaterial;quantoo sistemadelinguagenseosprocessosdesimbolizao,quepermitem,emalgum nvel,acriaoderepresentaesdo/noespaoe,comonosapresentaDelaney (2005),oestabelecimentodelimites.Attulodeexemplificao,quandoum determinadosujeitoviajaparaalgumlugardesconhecido,eleproceder imediatamentecomoconhecimentoesimbolizao(porexemplo,associando imagem,cheiro,distncia,etc.)eposteriormente,iniciaroprocessode territorializao,estabelecendofronteiraselimitesdereconhecimentoporaqueles smbolosinteriorizados.Oumesmo,nombitomaispragmticodoterritrio,o procedimentodecompradeumlote,quepossuioslimitesdelimitadoseque pertencem ao sujeito. Todo territriopossui uma organizaoque lhe confere certa identidade12,eestenecessitadealgumtipoderepresentao.RogerioHaesbaert (2004;2007)revela-nosquetodoterritrio,nomnimo,possuiumadesuasduas faces: poltico-econmica, ligada ao mundo material; e outra ligada cultura, voltada aos valores e smbolos criados e compartilhados socialmente. O sistema smico a representao destas relaes, tanto no plano da vida no territrio, quanto no plano da ao sobre ele, ou seja, um projeto ou planejamento. Mas, qual a relevncia da representao para a constituio do territrio? Raffestin afirmaquearealidade,paraohomem,representadanoformatodeimagensou modelos,queseconstituemplataformasnasquaiseleprojetasuasaes (conscienteouinstintivamente).Emoutraspalavras,umarepresentaonae/ou da interioridade em relao exterioridade. Sobre isso, Raffestin reitera: A partir de uma representao, os atores vo proceder repartio das superfcies, implantao de ns e construo de redes. o

12Diantedaimensidodedefinieseconceituaesdeidentidade,levandoemconsideraoque esteconceitoimportanteparaasdiscussesterritoriais,masparaopresentetrabalhoelaficaem segundo plano, adotamos as reflexes de Bauman sobre o assunto. Segundo Bauman (2005, p. 17) a identidadesnosreveladacomoalgoaserinventado,enodescoberto;comoalvodeum esforo,umobjetivo;comoumacoisaqueaindaseprecisaconstruirapartirdozeroouescolher entre alternativas e ento lutar por ela e protege-la lutando ainda mais mesmo que, para que esta luta seja vitoriosa, a verdade sobre a condio precria e eternamente inconclusa da identidade deva ser,etendaaser,suprimidaelaboriosamenteoculta[...]Tornamo-nosconscientesdequeo pertencimentoeaidentidadenotmasolidezdeumarocha,nosogarantidosparatodaa vida, so bastante negociveis e revogveis, e de que as decises que o prprio indivduo toma, os caminhos que percorre, a maneira como age e a determinao de se manter firme a tudo isso so fatores cruciais tanto para o pertencimento quanto para a identidade. Fala-se em pertencimento e identidadedopontodevistapsicolgicoesubjetivo,caractersticodascinciashumanas.Existem outras definies de identidade, todavia, adotou-se a supracitada. 22 Territrio e Aeroportos -que se poderia chamar deessencial visvel dasprticas espaciais, aindaquemalhas,nseredesnosejamsemprediretamente observveis,poispodempuraesimplesmenteestarligadasa decises.Mesmoque sejamdiscernveis,tmumaexistnciacom aqualprecisocontar,poisintervmnasestratgias. (RAFFESTIN, 1993, p. 150) Raffestin(1993,p.150)noincorrenoequvocodeponderarsomenteoterritrio concretoemsuasconsideraes,entretanto,segundoele,nadimensoespacial que,almdademarcao,adiferenciaoacontecenoplanodosatos observveis.Adimensohumanadoterritrioseconstituiessencialnasprticas territoriais, e diante dela que manifesta, sobretudo, as relaes de poder13. Para Haesbaert(2010,p.166),oterritriodefinidopelaabordagemquecolocacomo centro da questo espacial a problemtica de carter poltica e/ou que envolvem as manifestaes e relaes de poder em suas mltiplas esferas. Para Raffestin (1993, p.152)asrelaesdepoder,basesfundamentaisparaaconstituioterritorial, acontecem em quatro sistemas de objetivos, de aes, conhecimentos e prticas: os polticos, os sociais, os culturais e os econmicos. Em Haesbaert (2010, p.167) no setratadanoodepodermaterial,masdeumaquestorelacional,como naturezamaterialdopoderquegeograficamenteapreendidoapartirdasformas com que exercido e que ele produz e/ou atravs das quais produzido. AabordagemdeRaffestin(1993)estabelececoincidentementeque,asquatro faces do territrio so tambm as quatro faces da existncia humana, ou seja, a multidimensionalidadedovivido.Raffestin(1993,p.158)afirmaqueofatodos homensviverem,aomesmotempo,oprocessoterritorialeoprodutoterritorialpor intermdiodossistemasderelaesexistenciaisedeproduo,elesvivemas relaes de poder. Tais relaes visam modificao, tanto de suas relaes com a naturezaquantodasrelaessociais.Raffestin(ibid.)chamoutalexperincia territorial de territorialidade: Semdvida,tudoresidenarelaoconcebidacomoprocessode trocae/oucomunicao.Processoqueprecisadeenergiaeda informao,processoquepermiteaosatoressatisfazeremsuas necessidades, ou seja, proporcionar a eles um ganho e tambm um

13 considerado relaes de poder, tanto em Raffestin quanto em outros autores como Jacqueline Beaujeu-Garnier(1997,p.458),qualquertipoderelaoexistenteentredoisatores,sendoestade emissor-receptor,ativo-passivo,etc.,queenvolvacomunicao,informaoeenergia,dadaspor categorias, a priori, sociais, como intelectuais, administrativas, econmicas etc., que desenvolva, em algumnvel,algumatransformaosocial.Oscritriosestabelecidosnestetrabalhoocaracterizam comosendoarelaoestabelecidaentredoisatores,cujamanifestaosed,prioritariamente,na produo espacial pela economia e processos econmicos. 23 Territrio e Aeroportos -custo(...).Aterritorialidadeapareceentocomoconstitudade relaesmediatizadas,simtricasoudissimtricascoma exterioridade(...).Aterritorialidadeseinscrevenoquadroda produo,datrocaedoconsumodascoisas.Concebera territorialidadecomoumasimplesligaocomoespaoseriafazer um determinismo sem interesse. sempre uma relao, mesmo que diferenciada, com os outros atores. (RAFFESTIN, 1993, p. 161) Osatosdedemarcaoediferenciaocitadosacimasugerematerritorialidade. Ela,paraHaesbaert(2010,p.167)condioexistencialparaoterritrioe,como salientaDelaney(2005,p.18),estaumanecessidadebsicaeuniversal.A demarcao uma importante caracterstica da territorialidade, mas a diferenciao superpenoespaoumaespciedetotalidadedasrelaesbiossociaisem interao, que se constitui de uma soma das relaes mantidas por um sujeito com seumeio.Emoutraspalavras,ohomemconstituioterritriopara,tambm, estabeleceremanterrelaocomosoutrosesuascoisas(RAFFESTIN,1993,p. 1960). Aterritorialidadeabrangeanecessidadedoshomensdominaremepreservarema si,nopelanecessidadedesobrevivncia,poisestas,segundoDelaney(2005,p. 19)sosomenteasmargensdocentroquecompreendidopelavivnciados significadosedopoder.Emfunodissohumadifciltarefadecompreensoda territorialidade, pois esta amplamente variada e s pode ser compreendida diante daperspectivahistricadeumterritrio.ComosalientaDelaney,mesmodiantedo quadrodamodernidadequeuniversalizaosprocessosdacultura,cadaterritrioa recebedemaneiraenormementevariada(ibid.),porqueoterritriosempre envolve a comunicao entre muitos significados, [...] e isso pode ter a funo (e/ou efeito)dematerializaraidentidadeediferena,poisnelepossvelcontrolaro que transgride seus limites. AobservaofeitaporRaffestin(1993,p.160)nosauxilianacompreensoda territorialidade.Opresenteautorconfereumadimensotridimensional territorialidade,emfunodarelaoquaseexistencialentresociedade-espao-tempo.Aestabilidadedarelaosociedade-espaodinamizadapeloelemento tempo,queemtermosgerais,podeafetarosoutroselementos.Seoterritrio possui, a priori, as dimenses: humana e espacial, a territorialidade assume o tempo comovarivel,quepermiteaelemltiplasformataes,mutaessubstanciaise estruturais,exclusoedistanciamentos,disjuneseconvergncias,emuma relao temporal de causas e efeitos. 24 Territrio e Aeroportos -Todaproduoterritorialdeterminaoucondicionaumaconsumao deste.Tessituras,nodosidadeseredescriamvizinhanas,acessos, convergncias,mastambmdisjunes,rupturasedistanciamentos queosindivduoseosgruposdevemassumir.Cadasistema territorial segrega sua prpria territorialidade, que os indivduos e as sociedadesvivem.Aterritorialidadesemanifestaemtodasas escalas espaciais e sociais; ela consubstancial a todas as relaes eseriapossveldizer,decertaforma,afacevividadaface agida do poder. (RAFFESTIN, 1993, p. 161-162) Noquetangeosprocessosdeterritorializao,ClaudeRaffestin(1993,p.152) mostra-nosqueoshomensvivemao,mesmotempo,oprocessoterritorialeo produto territorial. Em outras palavras, sobre o espao conflui-se, simultaneamente, a territorialidade e a territorializao no processo de constituio do territrio. Como salientaHaesbaert(2010,p.167-8)aterritorializaosemanifestademodomais concreto, e compreende dois processos inseparveis: o simblico-identitrio (que na maioria das vezes fica implcito no ato de apropriao); eo concreto-funcional (que sereferedominao).Elasemanifesta,naspalavrasdoautor(2010,p.170), comoalgoaserdirigidosempremaisparaocampodasprticasedossujeitos sociaisemsuaesferaconcretadeproduodoespao.ParaRaffestin(1993)por maisquehajapuraaodohomemnoespao,deve-seconsiderarsua intencionalidadeemterritorializ-lo,mesmoqueissoaconteademaneira inconscientecomoabordadoacima.Sobreisso,Haesbaert(2010,p.168)aponta que, [...]talvezdevssemosmesmoreconhecer,amaiorpartedos processos de territorializao, dentro da lgica capitalista, prioriza as problemticasmateriais-funcionais(dedominao)doterritrio. Aindaquehoje,numasociedadedoespetculo,cadavezmais permeadosdevalorizaosimblica[...]Trata-se,muitasvezes, verdade,detentativasdefuncionalizaoextremadosespaos, como no mote modernista da forma seguindo estritamente a funo. Mastodasegmentao/delimitaoterritorialparacontrolede dinmicassociaispelocontroledoespaoemsempre, obrigatoriamente, acompanhado de diferentes sentidos/significados a partir de apropriaes simblicas distintas [...] Facemodernidade,osprocessosdeterritorializao,nombitodopoder,como suscitado por Giddens (1991; 2005), Delaney (2005) e Saskia Sassen (2006; 2010), tornam-secadavezmaiscomplexosemsuaestrutura.Antesdeadentrarmosnas linhasdepensamentosobreosprocessosdeterritorializaorecentes,cabe-nos refletir sobre a discusso em que ela se assenta: a modernidade. Inicialmente cabe-nosapresentarasreflexesdosocilogoAnthonyGiddens(1991,p.11),que compreende que a modernidade refere-se a estilo, costume de vida ou organizao 25 Territrio e Aeroportos -socialqueemergiramnaEuropaapartirdosculo17equeulteriormentese tornarammaisoumenosmundiaisemsuainfluncia.Elaabarcaumasriede transformaesquevodesdeasorganizaessociaisesistemaspolticos complexos,aprofundasmudanasdospadresculturaiseestticos.EmGiddens (ibid.p.12-15),taleventotevecomo fator fundamentalaestruturadotrabalho que deagrriaeruralpassouaindustrialeurbana,fortalecendoeaomesmotempo burocratizando as instituies. Sendo assim, alm de um novo sistema de trocas, a associao entre modernidade e indstria preconizou um novo sistema de produo fez com que os hbitos e costumes dos habitantes das cidades se transformassem plenamente. Marshall Berman (2007 [1982], p. 15), refere-se modernidade como um novo tipo deexperinciadotempoedoespao[...]quecompartilhadoportodomundo, hoje.ParaBerman,amodernidadetemsidoretroalimentadapormuitasfontese dentre elas esto, ...descobertasnascinciasfsicas,comamudanadanossa imagemdouniversoedolugarqueocupamosnele:a industrializao da produo, que transforma conhecimento cientfico emtecnologia,crianovosambienteshumanosedestriosantigos, aceleraoprprioritmodavida,geranovasformasdepoder corporativo e de luta de classes; descomunal exploso demogrfica, quepenalizamilhesdepessoasarrancadasdeseuhabitat ancestral,empurrando-aspeloscaminhosdomundoemdireoa novas vidas; rpidos e muitas vezes catastrfico crescimento urbano; sistemasdecomunicaodemassa,dinmicasemseu desenvolvimento, que embrulham e amarram, no mesmo pacote, os maisvariadosindivduosesociedades;Estadosnacionaiscadavez maispoderosos,burocraticamenteestruturadosegeridosquelutam comobstinaoparaexpandirseupoder;movimentossociaisde massaedenaes,desafiandoseusgovernantespolticosou econmicos,lutandoporobteralgumcontrolesobresuasvidas; enfim,dirigindoemanipulandotodasaspessoaseinstituies,um mercado capitalista mundial, drasticamente flutuante, em permanente expanso. No sculo XX, os processos sociais que dovida a esse turbilho,mantendo-onumperptuoestadodevir-a-ser,vma chamar-se modernizao. (BERMAN, 2007, p.16) Quanto aos processos de territorializao modernos, Giddens (1991) revela-nos que a racionalizao das organizaes humanas modernas tem a burocracia como sua tnica, e a explica pelas instituies14 e suas abrangncias no processo globalizante

14 O sistema poltico do Estado-nao, a dependncia por atacado da produo de fontes de energia, a transformao em mercadoria de produtos e trabalho assalariado, enfim, as instituies modernas soasleis,regras,normasquepodemestarassociadasaorganismosouno,soboqualtodos devem se submeter. So as regras da sociedade moderna. 26 Territrio e Aeroportos -damodernidade.EstesparalelosprocessosdeModernizaoeTerritorializao resultamemsistemaspoltico-econmicosdiversosedispersosassimetricamente portodooglobo,(porexemplooliberalismo,ocomunismo,osocialismoesuas derivaes),ecomelesossistemasquecompemavidaemsociedade,comoo sistemaculturaisetc.Delaney(2005)aponta-nosomesmocaminhodeGiddens,e revela-nos que as estruturas de poder, na modernidade, e suas influncias, como o imperialismo,ocolonialismo,ocapitalismoeseusdesdobramentosnaformade ideologia,comooliberalismo,setornaramcadavezmaisglobais,desestruturando as antigas organizaessociais. Estas transformaes solicitaram novas formas de organizaoscio-polticaseaatuaonestessistemas,namaioriadoscasos contemporneos, possuem vertente capitalista sob a ideologia neoliberal. Sassen(2010),porsuavez,mostrou-nosque,apesardaglobalizaoeconmica, poltica e cultural, no necessariamente houve umadesinstitucionalizao do poder do Estado,mash, de maneiraheterognea,umacoexistnciaentre globalelocal nolugarnacionalizado.H, na perspectivadaautora,uma novademandaqual o Estado precisa reinventar seu papel neste panorama apontado tambm por Diniz e Crocco (2006), e discutido mais a diante no presente captulo. Emsuma,diantedoexpostoacima,retomamosaquestoanteriormenteposta:o que vem a ser territrio? Para fins deste trabalho, lanamos mo de trs importantes noesrelativasaoterritrio:(i)oterritriofrutodasrelaeshumanassobreo espao,tantonoquesereferesatribuiessimblicasquantosrelaesde poder;(ii)indispensvelparaoterritrioasnoesdeterritorialidadeea territorializao,poisestascategoriasoafirmamnotempo;(iii)oterritrio,no panorama global, no fixo e imutvel, e tanto as relaes de poder e simblicas do homem x homem e homem x espao; quanto e em funo delas a territorialidade eterritorializaosofatorespreponderantesparatalcarter,poistemcomofator de condio de ativao, a modernidade. Comofoipossvelpercebernosautoresselecionadosparaaabordagemdo territrio, h uma hegemonia no trato deste conceito a partir da Geografia Humana, querevela,emmomentos,aimportnciadafacevividadopoderedasrelaes sociaisqueculminamnaconstituiodoterritrio.Entretanto,estaperspectivado territrionocabenapresentediscusso,ficandosomenteparaaoutra,ado territrio concreto e do espao no qual as relaes acontecem. Entretanto, percebe-27 Territrio e Aeroportos -sequeafacevividadoterritrioumcampoaindaaserexplorado,cabendoa outraspesquisasseudesenvolvimento.Paratal,lanaremosadiantemais objetivamente, o que, do territrio, ser abordado no territrio aeroporturio. 1.1.2.Processos de territorializao e leituras territoriais Localizao e Movimento: O olhar da Geografia Humana Emummundoglobalizado,quaisoselementosquecondicionamalocalizaoeo movimento?Antesdeiniciarmosadiscussoquetalprovocativasuscita, refletiremossobreosconceitosqueacircunscrevem.ConformeClaudeRaffestin (1993) nos aponta, h um sistema smico espacializado e representado no territrio, eesteseapresentanoformatodens,linhaseredes.Emtermosgerais,estes elementosvisamtambmaidentificaralocalizaoeomovimento.Inicialmente, fundamental a compreenso de quelocalizao e movimento constituem-se a partir depadres15.SegundoogegrafoKevinCox(1972),invarivele independentementedoscasosdiversosdedistribuioespacial,existemalguns padres, tanto de localizao quanto de movimento. Alocalizao,enquantofenmenohumano,sempreestevesobofocodos gegrafos que buscavam identificar os padres (locational pattern) dos fenmenos estticosemveis.Noqueserefereaesteconceito,Cox(1972,p.10)esclarece que no se trata somente de identificar os elementos espacializados, mas flexvel no sentido de que cada padro sugere intenes especficas, as chamadas por ele defatordelocalizao(locationaloccurrence).Attulodeexemplificao, quando houve o processo de migrao massiva para as cidades industrializadas a partir da Revoluo Industrial, mais que um processo de concentrao em reas urbanas por si,muitosdestesimigrantesbuscavammelhorescondiesdevida,ouseja,havia umaintencionalidadenestefatodeviveraglutinado.Emsuma,almdeenvolvera decisohumana,taisprocessosenvolvemomovimentodemensagens,objetos, pessoasnasuperfcieterrestre.Portanto,oconceitodelocalizao,condicionado porestesfatores,incluiideiastaiscomo:concentraoedisperso, descentralizao,excentricidade,distncia,acessibilidade,expanso,configurao,

15 No caso de Kevin Cox (1972), os padres por ele abordados se tratam de conceitos, e em alguns momentosdeseutexto,ostratamcomoideas.Sopadresabertosaoeventoe,pormaisque sejam padres, so ocasionados por incontveis fatores, livres tambm de rigidez. 28 Territrio e Aeroportos -ponto de convergncia etc., ou seja, fenmenos que se espacializam em funo de motivaes e intenes.No diagrama representado na Figura 5, o contexto da localizao compreendido peloslugares,asrelaesnelesestabelecidasesuascaractersticas.Estedialoga diretamentecomasdecisestomadaspelosujeitoquandoestedecide movimentar-se a si ou algo, e estas vo em direo aos movimentos. Na acepo deCox(ibid.p.11),existemdoistiposdemovimentos.Aosmovimentosenquanto processos, Cox os relaciona diretamente com os padres de localizao, o que quer dizer,asdecisestomadaspelosujeitoacionamosprocessosdelocalizao,que vo,porsuavez,criarospadresdelocalizaosobosquaisohomemsempre proceder ao mover-se ou ao mover algo posterior. Masoquevemaserpadresdemovimento?Estesnovisamsomentea identificarofenmenodomovimentoemsi,masconsideraosfatoresqueo condicionam. Todavia, o movimento acontece, e somente acontece se houver algum meio de se deslocar, ou seja, a conexo ou a possibilidade de criar conexes. Ele, nas palavras de Cox, geralmente mapeado por linhas conectando lugares, sendo estaslinhasospercursosestabelecidosnoatodamovimentao.Taispadres Figura 5- Diagrama dos Padres de localizao. Fonte: Kevin Cox, 1972, p. 11. Traduzido pelo autor, 2013. Figura 6 - Relao Movimento-Distncia. Fonte: Kevin Cox, 1972, p. 41. 29 Territrio e Aeroportos -variam de acordo com a distncia, a direo e a conexo. No que tange distncia, quantomaiorelafor,menorseraintensidadedomovimento,sendoeste inversamente proporcional se a distncia for menor, conforme apresenta a Figura 6 (1972, p. 18-21).Todomovimento,demaioroumenorintensidade,estcondicionadoatodasas possibilidadesdedireopossuindoumagrandevariedadedeformas.Estes movimentosvariammuitodeintencionalidadeesocadavezmaisfluidos.Um exemplodestefatoquepessoas,hoje,viajammilharesdequilmetrosvia transporteareoparapassarpoucashorasnolugardedestino,parareuniesde negcios, visitar amigos e familiares, lazer etc. Voltando questo inicial, cabe-nos uma reflexo mais profunda para elucidarmos o papeldalocalizaoemovimento.Sonotriasastransformaesglobais, principalmenteassociadasedeterminadaspelaeconomia.Nessesentido, utilizaremosdosargumentoscaractersticosdestefenmeno.Operododa acumulaoflexveldocapitalnopanoramaglobal,segundoDavidHarvey(2009, p.140), diferente da organizao hierrquica e rgida da sociedade fordista. Ela se apoianaflexibilidadedosprocessosdetrabalho,dosmercadosdetrabalho,dos produtos e padres de consumo. Segundo Harvey, ela: Caracteriza-se pelo surgimento de setores de produo inteiramente novos,novasmaneirasdefornecimentodeserviosfinanceiros, novosmercadose,sobretudo,taxasaltamenteintensificadasde inovaocomercial,tecnolgicaeorganizacional.[...]envolve rpidasmudanasdospadresdodesenvolvimentodesigual,tanto entre setores quanto entre regies geogrficas, criando, por exemplo, umvastomovimentonoempregodochamadosetordeservios, bemcomoconjuntosindustriaiscompletamentenovosemregies at ento subdesenvolvidas. (ibid.) Aacumulaoflexveldocapital,teorizadaporHarvey,geraummovimento nomeadoporeledecompressodoespao-tempo.Nestacompressoos horizontestemporaisdatomadadedecisesprivadaepblicaseestreitam, segundooautor,enquantoacomunicaoviasatliteeaquedanoscustosde transportepossibilitaramcadavezmaisadifusoimediatadessasdecisesnum espaocadavezmaisamploevariado(ibid.p.140).Talmovimentosedpela (re)distribuiodepolosdenegciosedascadeiasdeproduo,ouseja,pela alterao na localizao das plantas produtivas, que passou e passa por uma radical reestruturao.Emsuma,oentendimentodasteoriasdalocalizaoedo 30 Territrio e Aeroportos -movimentofundamentalparaacompreensodestemundocadavezmais complexo e mutvel. Nestepanorama,ogegrafoOliverDollfusnomeiadeArquiplagoMegalopolitano Mundial(AMM)16arededecidadesglobaisqueparticipaindissociavelmenteda globalizaoeconmica,quedepende,necessariamente,daconcentraode atividades de inovao, produo e comando.OAMMmarcaconjuntamenteaarticulaoentrecidades pertencentesaumaregioeentregrandespolosmundiais.Daa emergncia de constelaes de cidades mundiais... O AMM, em vias de constituio tem, ele prprio, ramificaes, conexes com capitais regionaisfortementehierarquizadasentresi.Ahorizontalidadeda sociedade em rede no deve iludir, ela no a hierarquia vertical dos poderesedosEstados...Relaeshierrquicasinditasse organizamentreosdiversosnveisinterconectadoshorizontalmente (aredeprivilegiadadascidadesglobais)everticalmente(acidade global em relao s cidades que no o so, ou ento em relao a seu ambiente metropolitano (in MONGIN, 2009, p. 187). AmetforautilizadaporDollfussugerearelaodeliquidezdastransaes econmicas,sujeitasscorrentes,inerentessformasdeproduops-fordista, consumoeacumulaoflexvelnopanoramaatual,sugeridoclaramentetambm porHarvey.17SegundoJohnAlexander(1963,p.465),asinfraestruturasde transportesecomportamdentrodestesistemaprodutivomundial,comofator geogrfico de grande relevncia para a localizao das atividades econmicas. H, nestesentido,aconsolidaodeeconomiaespacial,naqualaaglomerao produtiva,osclusters,associadosspesadasinfraestruturasdetransporte, garantem fluxos de escoamento de suas produes. Assim,oselementosquecondicionamalocalizaoeomovimento,nopanorama globalso:apresenadeinfraestruturasdetransporteadequadasatividade econmica; as ofertas de mo-de-obra barata e de matria-prima; baixos custos com instalaoeacordospblico-privados;entreoutrosfatores.Nestesentido,em funodacomplexaredequeseforma,entende-sequeosterritriosnoso estticoseinflexveis,vistoagrandemutabilidadequeelesadquiriram, principalmente os territrios condicionados aos aspectos econmicos e tecnolgicos.

16 Arquiplago faz referncia liquidez das relaes econmicas no espao global atual, que evoca os conceitos de flexibilidade e fluidez. 17Talmetforafoi,emsentidocomum,utilizadapordiversosautores,taiscomo:ZygmuntBauman (Modernidade Lquida, 2003), que de alguma maneira se esforaram em tentar, por meio das figuras de linguagem, explicar os fenmenos aos quais o mundo contemporneo submetido. Todavia, vale destacar que a sociedade dos fluxos se vale deste carter atual. 31 Territrio e Aeroportos -Transporte, Mobilidade e Acessibilidade Antes de conceituarmos os termos de acessibilidade e mobilidade, devemos refletir sobre transporte. Inicialmente, transporte e suas infraestruturas se constituem parte doterritrio,oumaisabrangentemente,dosistematerritorial.Afirmadoisso, buscamosemMagalhes(2010,p.109),que,influenciadoporKevinCox18, apresentaumareflexomaisabrangentesobreostransportes,vistoqueemsua abordagemnooconsideracomoumdeslocamentoqualquer,assimcomoJohn Alexander19(1963,p.464),mascomoaqueledeslocamentonecessariamente dotado deinteno que pressupe projeto e/ou planejamento do deslocamento-, ouseja,pode-sedefinirtransportecomodeslocamentointencionaldeumobjeto material, palpvel (Magalhes, 2010). Neste sentido, pode-se dizer que o ato de se deslocaroudeslocaralgo,quepressupeumaaointencional,planejadaem algum nvel, faz parte da produo e do produto territorial? Magalhes (2010, p. 110) aborda o transporte enquanto fenmeno que se sustenta a partir de trs elementos bsicos: o Sujeito do Transporte, o Meio do Transporte e o Objetodotransporte.Taiselementosseestabelecemapartirdarelao

18Movementpatternsareinstigatedbypeoplewhodecidefromarangeofpossibledestinationsor movementopportunitiesTraduolivre:Padresdemovimentosoinstigadosporpessoasque decidem a partir de uma gama de possveis destinos ou oportunidades de movimento... (COX, 1972, p. 35). 19 Transport is quite simply the movement of goods and people from place to place. Traduo livre: "O transporte muito simplesmente a circulao de mercadorias e pessoas de um lugar para outro." (ALEXANDER, 1963, p. 464). Figura 7 - Relaes entre os elementos fundamentais do Transporte e as propriedades fundamentais do Meio e do Objeto do transporte. Fonte: Magalhes, 2010, p. 111 32 Territrio e Aeroportos -fundamentalentreoSujeitoeoObjetodoTransporteque,mutuamentese relacionamcomoMeio,paraocumprimentodofim,queasatisfaodeuma expectativaindividualoucoletiva.Talrelaosuscitaaspropriedadesespecficas, tantodoMeio,que aacessibilidade,quantodoObjetoquea Mobilidade,como observado na Figura 7. A acessibilidade, segundo Magalhes (2010, p. 111), enquanto propriedade do Meio pode interagir, tanto com o Sujeito com o Objeto, em uma decomposio bsica de duaspossveisrelaes:Sujeito-MeioeMeio-Objeto.Dentrodocontextodo transporte,acessibilidadeumtermocorrelatomobilidade,nosomentepor designarpropriedadeaoquepodeseracessado,mastambmaoquepodeser movido.Comoclaramentemostradanaimagemacima,aacessibilidade determinaseum objetopossuiouno,mobilidade.NaspalavrasdeMagalhes(2010,p.116),no contextodotransporte,parasedizerqueumobjetooupessoatemamobilidade como propriedade, deve existir um sistema de transporte que possa ser acionado e quepossareceber,transportareentregaroobjetooupessoa,eporseruma relaomtua,umobjetomvelse,esomentese,osistemadetransportefor acessvelaosujeitodetransporteeaoobjetodetransporte.Paraaeconomia contempornea,hanecessidadedequeastransaes,ostransportesea comunicaosejamestabelecidosdemaneirainteiramenteeficiente.Georges Benko,umimportantegegrafo,nomeiademobilidadeotimizadaestecontextoe refere-se a ela por:Apalavra-chave,mobilidade,queresumeofundocomumdas estratgiasdaacumulaoflexvel,remetenodominao tendencialdeummodeloideal-tpicops-fordistaqueestaria plenamentedelineadoemseuprogramaeemseusaspectos produtivos,masantessnumerosaszonasdeincertezasquea acumulaocontraditriaecambiadaemescalainternacional veicula. (BENKO, 1995, p. 23) Uma densa trama se configura quando a mobilidade posta em questo, pois dela aexpectativadequeosmeiosdisponveispossibilitemointercambiamentoentre lugares, regies e territrios. A alta velocidade fundamental, e por isso, estratgias deaceleraosoeficientesepossibilitamogildeslocamento,emfunoda melhoriaeadequadadisponibilidadedosmeiosdetransporte.Almdagrande quantidadedemodosdetransportedisponveis(vertabela1)edemeios 33 Territrio e Aeroportos -viabilizados pelo processo de desenvolvimento das tecnologias, eles se articulam no territriodemaneiraasatisfazertaisexpectativas.Porissonecessriaa conceituaodeintermodalidadeemultimodalidade.SegundoNlioPizzolato (2004), o transporte intermodal refere-se quele que estabelecido por dois ou mais modosque,daorigemaodestino,utilizamumouvrioscontratosdetransporte, enquanto o transporte multimodal se utiliza de dois ou mais modos e estabelecido pelo uso de somente um contrato de transporte. 34 Territrio e Aeroportos -Tabela 1 Caractersticas dos principais meios de transporte. Fonte: Josmar CAPPA (2013, p. 18-19), adaptado pelo autor, 2013. Principais Modos ViaVeculoVantagensDesvantagens Martimo [sugere-se a substituiopor aquavirios*] Mar, rios e lagos. Navios, barcos e frries. Possui capacidade para transportar grandes quantidades de mercadorias de baixo valor agregado e de elevadas dimenses como: minrio, petrleo e gros em geral. Possibilita flexibilidade na escolha da rota, respeitando as necessidades de infraestrutura dos terminais porturios com profundidade dos canais de acesso e bacias de evoluo.Quase sempre o investimento inicial elevado com maturao de longo prazo. Necessita de elevado volume de mercadoria para tornar-se vivel alm de infraestrutura porturia de apoio aos deslocamentos das embarcaes, pessoas e mercadorias. Apesar da maior capacidade de transporte, os navios de grande porte apresentam restries quanto infraestrutura de apoio navegao e ao uso de terminais porturios adequados s necessidades de segurana como drenagem, balizamentos. Depende da existncia de rios navegveis FerrovirioTrilhosLocomotivas, carro, vages e Metrs) Possui capacidade para transportar grandes quantidades de mercadorias de baixo valor agregado e de elevadas dimenses, respeitando-se os controles de trfego e a densidade da rede ferroviria. Com o desenvolvimento tecnolgico possvel atingir velocidades altas, embora o desempenho possa ser afetado pelas caractersticas das vias, rampas e curvas, rotatividade dos vages, densidade e sistemas de controle de trfego. Dependendo das condies da regio, do tipo de produto a ser transportado e do equipamento a ser utilizado, o custo de implantao da via permanente , em mdia, menor que o do transporte rodovirio, mas no possibilita sua melhoria por etapas. Necessita de elevado volume de mercadoria para