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Artes visuais e interatividade material didático

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  • Clara Luiza Miranda

  • Ao, interao e interatividade

    Dicionrio Digital Aurlio: interao um substantivo que advm de [inter + ao.].

    Designa ao que se exerce mutuamente entre duas ou mais coisas, ou duas ou mais pessoas; ao recproca; (...).

    Como o radical ao se destaca no termo, vamos abord-lo primeiro.

  • Ao - Houaiss

    1 evidncia de uma fora, de um agente etc.; o seu efeito 2 disposio para agir; atividade, energia, movimento

    3 faculdade de agir, de se mover 4 modo de proceder; comportamento

    5 efeito de algum ou algo sobre outra pessoa ou coisa;

    influncia

    6 acontecimento, ocorrncia

  • Onde se d ao?

    O que a ao produz?

  • Hannah Arendt Hannah Arendt organiza, sistematiza, a condio humana em trs

    aspectos: Labor / Trabalho / Ao

    O labor processo biolgico necessrio para a sobrevivncia do indivduo e da espcie humana. O labor no deixa atrs de si vestgio permanente.

    O trabalho atividade de transformar coisas naturais em coisas artificias. O trabalho uma atividade que o homem imps sua prpria espcie, ou seja, o resultado de um processo cultural.

    O trabalho fora gasta para produzir a mesa. O labor a fora dispendida para produzir o po. Mesa: objeto material produzido para o uso cotidiano e ocupa lugar no espao. Po: elemento material produzido para sobrevivncia de seres vivos e no ocupa lugar no espao, visto que durante a digesto o po transformado em energia do corpo.

    O que os bens de consumo so para a vida humana, os objetos de uso so para o mundo do homem.(Arendt, A condio Humana)

    A lgica do trabalho a durabilidade dos objetos. Sua durabilidade permite a acumulao e estoque dos objetos.

  • Hannah Arendt

    A ao a necessidade do homem em viver entre seus semelhantes, sua natureza eminentemente social.

    Tanto ao, labor e trabalho esto relacionados com o conceito de Vita Ativa.

    Para os antigos, a Vita Ativa ocupao, inquietude, desassossego.

    O homem, no sentido dado pelos gregos antigos, s capaz de tornar-se homem quando se distancia da vida activa e se aproxima da vida reflexiva, contemplativa.

  • O trabalho que nos obceca, no nos permite habitar o mundo. Habitar quer dizer marcar por meio de sinais, ir ao mundo sob a influncia e a proteo de um cenrio familiar; as obras nos orientam. M. Gurin

    Lefevbre : obra e produto

  • Hannah Arendt :

    Crtica do um homo faber (Marx/ paradigma moderno produtivista) e do papel protagonista da luta de classes

    homo faber faz sentido num mundo ps- revoluo industrial, no adequado ao mundo em que vivemos anos 50/60, e que preciso substitu-la por outra mais contempornea: seria mais adequado para o mundo em que vivemos definir o homem com um ser capaz de ao, pois essa capacidade parece ter se tornado o centro de todas as outras.

  • Trabalho imaterial/cognitivo anos 2000 O trabalho imaterial designa no apenas uma nova

    qualidade do trabalho e do prazer, compreende novas relaes de poder, consequentemente, novos processos de subjetivao (LAZZARATO, 2001, p.38) que criam novas formas de cooperao e novos conflitos na economia cognitiva.

    Trabalho Imaterial: DP&A O trabalho imaterial requisita dos trabalhadores sua

    inteligncia, sua imaginao, sua criatividade, sua conectividade, sua afetividade, toda uma dimenso subjetiva e extraeconmica preterida, anteriormente, esfera pessoal e privada ou artstica, diz Peter Pal Pelbart

  • Interao

    O Dicionrio Digital Aurlio enuncia que interao um substantivo que advm de [inter + ao.].

    Designa ao que se exerce mutuamente entre duas ou mais coisas, ou duas ou mais pessoas; ao recproca; (...).

    O Dicionrio Digital Houaiss (subst.): Influncia mtua ou ao mtua ou compartilhada entre dois ou mais corpos ou indivduos;

    Comunicao entre pessoas que convivem; dilogo, trato, contato;

    Rubrica (sociol.): conjunto das aes e relaes entre os membros de um grupo ou entre grupos de uma comunidade.

  • O meio urbano propcio para a formao e prtica da liberdade, para proviso de espao do dilogo.

    Constri-se o conhecimento mediante o dilogo (interao) com outros; a identidade, a subjetividade, a alteridade se realizam em espao pblico.

    Tambm a prtica da democracia requer a esfera pblica em vez da esfera privada.

    Hannah Arendt e Michel Foucault so autores antitticos que fundamentam a relao entre ao, liberdade e espao pblico, mas, empresto deles seu ponto de contato.

  • David Harvey destaca que as funes urbanas formam um stio propcio para a ao poltica dos movimentos sociais e para a revolta (2012, p.117). Rebel Cities

    Segundo Paul Virilio, o contingente revolucionrio no atinge a forma ideal na fbrica, mas na rua. Isso afiana que a revoluo se faz na cidade.

    Virilio, ainda, ressalta o papel fundamental da circulao nas revolues (VIRILIO, 1996, p.19). Velocidade e Poltica

  • A mixagem da produo nos espaos sociais e da migrao e da transio da produo material para a imaterial incide em processos que potencializam o trabalho vivo (HARDT, 2008): produo de ideias, de afetos, de relaes sociais e de formas de vida o comum.

    Isso ocorre na metrpole.

    A metrpole integra circulao, produo, explorao, revolta e o comum (HARDT, 2011).

  • Liberdade, possibilidade e criao:

    O possvel no o provvel. Este o previsvel, isto , algo que podemos calcular e antever, porque uma probabilidade contida nos fatos e nos dados que analisamos. O possvel, porm, aquilo criado pela nossa prpria ao. o que vem existncia graas ao nosso agir. Marilena Chau

  • O possvel o que criado mediante a ao e a prtica da liberdade.

    A liberdade uma prtica. Foucault

    A ao tem como recursos a palavra e a luta, isto o discurso de guerra. Ambos tm lugar no espao pblico (MOZAS, 2012, p.6).

  • Deleuze e Guattari argumentam em O que filosofia? que no contexto da produo comunicativa e interativa, a criao de conceitos no apenas uma operao epistemolgica mas igualmente um projeto ontolgico.

    Construir conceitos e os nomes comuns uma atividade que combina a inteligncia e a ao da multido forando-as as trabalhar juntas,

    Construir conceitos significa fazer existir, na realidade, um projeto uma comunidade.

    No existe outra maneira de construir conceitos que no seja trabalhando de uma forma comum.

    Apud Negri; Hardt. Imprio.

  • Ou ressemantiz-las?

  • Ao, interao e interatividade

    O Dicionrio Digital Aurlio enuncia que interao um substantivo que advm de [inter + ao.].

    O verbete ao no dicionrio Metpolis, escrito por Manuel Gausa, relaciona ao arquitetura e assinala que ao o efeito de expressar, operar, executar e fazer. Requer energia, deciso e capacidade.

    Quer dizer, disposio.

  • Segundo Manuel Gausa:

    Interessa hoje uma arquitetura-ao, definida desde uma vontade atuante, de (inter)atuar. Quer dizer, de ativar, de gerar, de produzir, de expressar, de mover, de intercambiar e de relacionar. De agitar acontecimentos, espaos e conceitos e inrcias, propiciando interaes entre as coisas mas que intervenes nelas mesmas. Movimentos mais que posies. Aes, pois, mais que figuraes. Processos mais do que sucessos.

  • A ao apontada por Manuel Gausa como o meio de entender o espao construdo como realidade e o melhor modo de afet-la.

    a possibilidade de materializao direta. Implica na desmesura do corpo trabalhando e

    correndo entre coisas, nos edifcios e na paisagem. Gausa ainda discute as posturas da ao (operao) e

    da contemplao. Esta definida como uma atitude reflexiva (que se mantm a distncia de seu objeto).

    Afirma que o mundo contemporneo decididamente miditico e interativo.

    A interao abarca tudo, desde as sensaes aos objetos.

  • No dicionrio Metpolis, o verbete interao tambm escrito por Manuel Gausa. interao (inter)cmbio e (inter)relao.

    Informao transmitida, transferida e transformada entre energias, acontecimentos e/ou cenrios diversos e simultneos.

  • Interagente/ Interatividade

    Interagente Dicionrio Digital Houaiss (subst.): 1 que interage 2 em que ocorre interao Interatividade: 1 qualidade de interativo 2 capacidade de um sistema de comunicao ou

    equipamento de possibilitar interao 2.1 Rubrica (informtica): ato ou faculdade de dilogo

    intercambivel entre o usurio de um sistema e a mquina, mediante um terminal equipado de tela de visualizao

  • interatividade

    Vicente Guallard diz sobre interatividade. Se os objetos pensam, reagem e atuam, alm de suas qualidades materiais, os espaos e os lugares devem [responder] relacionar-se com eles. Os objetos pensam porque algum pensou neles. Programou-os e lhes atribuiu qualidades para que se integrem em uma nova lgica do mundo em que tudo est conectado com tudo.

    Para Guallard o meio atmosfrico-climtico tradicional ser superposto pelo meio digital. E isso deve abalar profundamente as relaes espao-temporais planetrias. Segundo ele ser insuflada inteligncia aos edifcios, aos espaos pblicos, as cidades, mediante cdigos precisos que proporcionem a relao entre os espaos, os objetos e as pessoas, e ainda possibilitem o conhecimento mtuo entre eles assim como suas diferenas.

  • Interao na arte

    Do erudito aos

    Do autor ao copyleft

    Do contemplador ao autor-produtor/ ator-rede/ subjetividade qualquer

  • Copyleft uma forma de usar a legislao de proteo dos direitos autorais com o objetivo de retirar barreiras utilizao, difuso e modificao de uma obra criativa devido aplicao clssica das normas de propriedade intelectual, exigindo que as mesmas liberdades sejam preservadas em verses modificadas. O copyleft, tem, via de regra, a nica exigncia de se poder copiar e distribuir uma obra.1 O copyleft tambm no probe a venda da obra pelo autor, mas implica a liberdade de qualquer pessoa fazer a distribuio no comercial da obra.2

    Emmanuel Rodrguez. Como aplicar uma licena copyleft?. Traduo de "Copyleft - Manual de Uso". Pgina visitada em 27/07/2012. Jess M. Gonzlez Barahona. Guia do software livre. Traduo de "Copyleft - Manual de uso". Pgina visitada em 27/07/2012. Wikipedia.

  • Nunca fomos modernos Entre Natureza e Cultura, o caminho do meio

    Latour e Callon propem um princpio de simetria generalizada, no qual tanto a natureza quanto a sociedade deveriam ser explicadas a partir de um quadro comum e geral de interpretao.

    Defendem que a natureza e a sociedade devem ser tratadas sob um mesmo plano e nunca separadamente, j que tambm no haveria entre elas diferena em espcie.

    Para os autores, no h de antemo o mundo das coisas em si de um lado e o mundo dos homens entre si de outro, pois natureza e sociedade so ambas efeitos de redes heterogneas.

  • simetria total entre os humanos e os no-humanos

    Latour e Callon propem ultrapassar a separao moderna entre os humanos e os no-humanos, defendendo que se d igual importncia de tratamento para a produo tanto dos primeiros quanto dos segundos, estudando-os ao mesmo tempo .

    Ao assumirem que tudo o que h interao, Latour e Callon vo ainda mais longe ao reivindicarem uma simetria total entre os humanos e os no-humanos.

  • simetria total entre os humanos e os no-humanos

    Conforme aponta Law (1992) apud Leticia Freire , podemos notar que quase todas nossas interaes com outras pessoas so mediadas atravs de objetos, como telefone, internet, carta.

    A aula tem o computador, o programa/ software, o data show/ o espao arquitetnico/ os mveis.

    Essa aula e uma rede de pessoas do qual fazem parte eu, o espao da instituio, vocs.

    Como diz Law (op.cit.), essas vrias redes participam do social, ajudando a mold-lo.

    Nesse sentido, o social uma rede heterognea, constituda no apenas de humanos, mas tambm de no-humanos, de modo que ambos devem ser igualmente considerados.

  • Multiplicam-se as redes de relao

    Pierre Lvy observa que com a tecnologia digital verifica-se a ampliao da conscincia. O pensamento deixa de ser uma experincia predominantemente interna, e passa a interagir com o sistema operacional dos computadores e com as redes. Por isso, multiplicam-se as redes de relacionamento entre pessoas.

    As novas tecnologias da informao e da comunicao multiplicam tambm as possibilidades oferecidas pelo sistema para a integrao criativa do usurio (LVY, 1993).

    Com as novas possibilidades da informtica, o pensamento assume a condio de mapeamento, que ajuda a simplificar (sintetizar) a realidade, a diagram-la e model-la.

  • TICs

    As tecnologias da informao e da comunicao [TICs] consolidam novas atividades imateriais.

    As TICs impem uma radical transformao das formas de produo e consumo (que se torna produtivo) num mundo cada vez mais desenhado por um emaranhado de redes e redes.

    As TICs jogam com a interao entre as possibilidades oferecidas pelo sistema e a integrao criativa do usurio.

  • Redes e novas formas de cooperao

    A base operacional do sistema (o hardware e o software) complementa-se e interage produtivamente com a netware e o wetware (uso, consumo).

    Neste processo de produo e circulao de informao e de produtos, as referncias tradicionais materiais do valor se perdem e a nfase na cognio cresce.

    O saber se manifesta como fora produtiva nas economias contemporneas. As redes provocam novas formas de cooperao entre sujeitos, atualizando a virtualidade produtiva constituda pela sociedade (COCCO & SILVA & GALVO, 2003).

  • Redes, conhecimento e inovao

    Pode-se dizer que h uma economia do conhecimento na qual o saber se manifesta enquanto fora produtiva e fator de produo fundamental nas economias;

    Deslocamentos com implicaes nas relaes entre trabalho e vida (Pal Pelbart, Negri e Hardt);

    As externalidades ambiente tcnico e administrativo,

    de prestao de servios e, em especial os servios pblicos desempenham um papel essencial em termos de dificuldades ou potencialidades, na captao da subjetividade das demandas .

    A produtividade est largamente socializada

  • Da fora de trabalho como recurso especfico ao trabalho vivo como cooperao e criao

    O trabalho no consiste mais no tempo objetivo da repetio (e sobre a economia desse tempo) mas no tempo subjetivo (e intersubjetivo) a criao.

    A rede a forma original que no poderia reduzir a uma forma hbrida entre a empresa e o mercado que d forma potncia criativa da cooperao social que por sua vez, no pode ser submetida a disciplina da fbrica nem ficar fechada na empresa e submetida ao seu controle hierrquico

  • O que entra em jogo na produo criativa, na produo de conhecimentos por conhecimentos a energia afetiva da memria (rollerball) e da imaginao.

    A teoria do capitalismo cognitivo precisa de uma teoria do sujeito criador e de sua ferramenta o crebro.

    A rede em questo antes de tudo humana As TICS no so uma mercadoria como as outras, graas a elas os conhecimentos podem circular

    independente do capital A VIDA AFETIVA SE TORNOU PRODUTIVA!

  • Tempos modernos, Chaplin

  • Rollerball : photo James Caan, Norman Jewison

  • o filme A Rede Social (The Social Network). de David Fincher Filme sobre o criador da rede social Facebook Justin Timberlake faz o papel de Sean Parker, o criador do Napster e amigo do personagem interpretado por Jesse Eisenberg, o Mark Zuckerberg

  • CAUQUELIN, A. Arte contempornea: uma introduo. So Paulo: Martins Fontes, 2005

    COCCO, Giusepe et all (orgs). Capitalismo Cognitivo, trabalho, redes e inovao. Rio de Janeiro, DP&A, 2003.

    FREIRE, P. sombra desta mangueira , So Paulo: Olho D'gua, 2004.

    FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido, So Paulo: Paz e Terra, 2003.