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20 ARQUITETURA&URBANISMO SETEMBRO 2005
HENRIQUE FINA E PROJETO PAULISTA SÃO SEBASTIÃO, SP 2002/2003
C A S A
JOGO GEOMÉTRICOMÁXIMA INTEGRAÇÃO ENTRE AMBIENTES E UMA PLANTA RIGOROSA SOLUCIONAM O PEQUENO TERRENO, QUE
AINDA SE COMPLETA COM UM AR DE RECEPTIVIDADE POR RENATO SCHROEDER FOTOS MARCELO SCANDAROLI
Ouase como um tangram qua-
drado – o antigo jogo chinês
que forma figuras a partir de
cinco triângulos, um quadrado
e um paralelogramo – a im-
plantação dessa casa em um condomínio na
praia de Guaecá, litoral Norte de São Paulo,
ocupa o lote plano de 12 m de largura por 25 m
de comprimento com estrito respeito aos re-
cuos da legislação. Encomendado pela proprie-
tária, que gosta de receber os pais e amigos, o
plano assinado pelo escritório Projeto Paulista
em associação com o arquiteto Henrique Fina
mistura rigor conceitual com sistemas cons-
trutivos econômicos e informalidade no uso.
A principal exigência da proprietária era
construir uma casa econômica e de baixa
manutenção. Como a construção em altura
não garantia vista para o mar, optou-se por
resolver o projeto em um único pavimento
térreo. A exigüidade da área foi compensada
por uma planta rigorosa e uma máxima inte-
gração espacial entre ambientes – e desses com
o exterior, com amplos caixilhos.
O recuo lateral permitiu a entrada social
maior e tirou proveito do gramado, o que
sublinhou a falta de cerimônia. Assim, o
partido se resolveu em 17 m de comprimen-
to, com recuos de 1,5 m nas laterais, 3 m na
frente e 5 m nos fundos, na forma de um
pavilhão independente de madeira e de um
bloco de alvenaria armada, ou seja, dois
volumes executados em dois sistemas cons-
trutivos diferentes.
A estrutura de madeira se apóia, de um lado,
em pilaretes de 12 cm por 12 cm sobre as pare-
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Um pavilhão de alvenaria armada e outro com estrutura de madeira formam a casa de veraneio.A ampla sala de estar, assim como os três quartos, ocupa o bloco de madeira, que aproveita amelhor orientação solar na fachada nordeste
implantação 0 50
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É bastante comum a tabeira
apresentar problemas causados pela
exposição à água, que provoca
envergamento, rachaduras e
instalação de colônias de fungos com
conseqüente apodrecimento da
madeira. A solução da tabeira deitada
adotada pelos arquitetos nessa casa
de praia não apenas evita esses
problemas, como proporciona maior
leveza à cobertura, ao contrário da
tabeira em pé. Para proteção,
utilizou-se forro de MDF revestido
com laminado melamínico branco e
sobrebarrotes de 4 cm por 5 cm e
manta aluminizada em ondas como
subcobertura (por isso a necessidade
dos sobrebarrotes) que isola e reflete
calor. Com 18,6 m de comprimento e
7 m de largura, a lâmina da cobertura
flutua sobre duas linhas de vigas
longitudinais de 12 cm por 24 cm.
Vigas transversais de 12 cm por 24 cm
contraventam a estrutura de madeira
e ligam os pilaretes e pilares das
quinas livres do eixo estrutural da
fachada nordeste com a parede de
alvenaria armada construída no limite
entre o bloco de alvenaria estrutural e
o pavilhão de estrutura de madeira.
SOLUÇÕES DE COBERTURA
corte transversal 0 3
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A
Atérreo
A rigorosa distribuição da planta previu também a máxima integração espacial entre os ambientes, oque permitiu driblar a escassez de área do terreno. O acesso pelo gramado convida à entrada e à faltade cerimônia, enfatizada pela abertura total do vão
0 5
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módulos de 3 m.As paredes divisórias entre os
quartos, que não têm função estrutural, foram
erguidas com bloco sílico-calcário.
Construída em jatobá, uma madeira resis-
tente, a estrutura do recobrimento inclinado
do pavilhão ganha expressão nos beirais late-
rais de 1,30 m em balanço. Os beirais de fren-
te e fundo têm 1,80 m de balanço, valor que se
refere a quanto invadem os recuos, no máximo
permitido pela legislação. Para obter tal ampli-
tude foram implantados dois artifícios: o pri-
meiro, de afastar os fechamentos da residência
por cerca de um metro dos recuos mínimos de
frente e fundos, somando à projeção máxima
de 80 cm sobre o recuo exigido pela legislação.
Para fechamento da estrutura, os arquitetos optaram pelo bloco de concreto porque, em sua opinião, o material manifesta a racionalização da obra. Transparência e opacidade se alternam de acordo com o tipode utilização dos ambientes. Acima, à direita, o acesso a um dos quartos, direto pelo gramado
des de alvenaria que deram forma aos armários
dos dormitórios e do nicho da sala de estar, que
são idênticos. Do outro lado, os pilaretes de 12
cm por 12 cm se repetem, dessa vez sobre a
parede de alvenaria armada construída no limi-
te entre o bloco de alvenaria e o pavilhão de
estrutura de madeira independente. Assim,
apenas os pilares de 12 cm por 12 cm das qui-
nas livres do pavilhão arrancam do piso.
Os três quartos e a sala de jantar ficaram
no pavilhão com a melhor orientação solar,
na face nordeste, enquanto o bloco de alvena-
ria com laje plana impermeabilizada, na face
sudoeste, abriga as áreas molháveis de
banheiros, área de serviço e cozinha, esta
última em continuidade com a sala de jantar.
Todos os ambientes são revestidos com ladri-
lho hidráulico.
Os dois sistemas construtivos diferentes e
paralelos atendem às variadas necessidades do
programa, com alvenaria onde o uso requer
opacidade, com pequenas aberturas, e madei-
ra onde parece interessante haver transparên-
cia com o máximo de economia no orçamen-
to e na manutenção. Para fechamento, o bloco
de concreto foi escolhido porque permite fácil
verificação de qualidade e deixa manifesta a
racionalização na obra. Para permitir a repeti-
ção construtiva, a planta do pavilhão de
madeira obedece a uma divisão em cinco
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O segundo artifício foi soltar os volumes dos
armários. Os elementos opacos que chegam
até ali são apenas as paredes internas de fecha-
mento dos dormitórios, permitindo a percep-
ção desde o exterior. As paredes de fechamen-
to de bloco sílico-calcário dos dormitórios
alcançam o barrote e são as únicas peças que
tocam a estrutura de cobertura.
Uma pingadeira de ardósia protege e arremata
a face superior das paredes onde não há cobertu-
ra.As águas pluviais das coberturas planas, reco-
lhidas por dutos, são levadas até o terreno, muito
absorvente, dispensando o uso de calhas.
Os armários dos quartos, com 60 cm de
profundidade, ganham forma pelo próprio
desenho da alvenaria. Como a cobertura ficou
solta da alvenaria dos armários, sem ponto de
contato, o caixilho de vidro ficou encarregado
de preencher o vão. O bloco dos serviços com
2,60 m entre eixos, quebrado pelo volume de
um dos banheiros que avança 40 cm, abriga a
caixa d'água que fica apoiada em verga em
alvenaria armada sobre a laje.
FICHA TÉCNICAProjeto de arquitetura: Henrique Fina ArquitetoAssociado e Projeto Paulista de Arquitetura –Luis Mauro Freire, Maria do Carmo Vilariño eJosé Mario de Castro GonçalvesSondagem: System Engenharia
Projeto de fundações e alvenaria armada: LY –Osvaldo Yuji YamagutiProjeto e execução de estrutura de madeira:Ita Construtora – Hélio Olga de Souza Jr.Projeto de instalações elétricas e hidráulicas:JPD – Jaime Paixão DanielExecução de forro e cobertura: José Franciscoda Silva II e equipe
FORNECEDORESEstrutura de madeira: Ita; esquadrias de madeira:Gaiotto; forro: Duratex; piso de ladrilhohidráulico: Ladrilar; pedra: MultiPedras; louças emetais sanitários: Deca; bloco sílico-calcário:Siporex; manta aluminizada: Gib (Duralfoil)
*Veja endereços no final da revista
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