2-Pecado e Salvação

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INTRODUÇÃO: O ESPÍRITO DO MINISTÉRIO DE SEMINÁRIO DE VIDA NO ESPÍRITO SANTO O Senhor Deus, na sua infinita misericórdia, quis realizar uma obra nova no meio do seu povo, renovando a face da terra através de uma nova efusão do Seu Espírito. Ele derramou sobre Sua Igreja uma graça especial, que nós chamamos de Renovação Carismática Católica, como cumprimento de uma promessa, como resposta da súplica da própria Igreja. O Espírito Santo é a alma da Igreja. É o motor da Igreja para que ela corresponda aos desafios próprios deste tempo. Deus vai utilizando formas para que a Sua graça penetre dentro da Igreja e atinja toda humanidade. Assim como Stª Teresa, São Francisco, os monges, os eremitas e todos os santos e ordens fundadas são meios que o Senhor se utiliza para penetrar a Sua graça na Igreja e em cada homem, a RCC também é uma graça com características e meios próprios que Deus utiliza para penetrá-la na Igreja e no mundo. Todos nós que tivemos essa nova experiência do batismo no Espírito Santo somos portadores desta graça para comunicá-la a Igreja e ao mundo. E o Seminário de Vida no Espírito Santo é um dos canais para que possamos comunicar esta graça . Tudo devemos fazer para preservá-la. Devemos ter um zelo especial por ela, procurar vivê-la da melhor forma para poder comunicá-la de forma fiel, sem deformá-la, sem abafá-la, sem minimizá-la. “Nós existimos como Shalom para levar esta graça para a Igreja e toda humanidade. Precisamos conhecê-la mais. Ser fiel a ela é ser fiel a nossa vocação. Deformá-la é deformar também a nossa vocação. A dimensão carismática é parte essencial da nossa vocação e faz parte da nossa missão. Se colocarmos isto de lado, nós estaremos sendo inúteis para a Igreja...Na hora que isto não for importante para nós estamos preparados para morrer porque seremos inúteis para a Igreja. Somos zeladores e comunicadores desta graça... Acolher, animar e comunicar esta graça deve ser a nossa atitude. É nossa responsabilidade acolher e viver bem esta graça. Deus nos está dando e precisamos acolhê-la e vivê-la com qualidade, com profundidade. Viver isto no meio da Igreja é a nossa missão e a Igreja reconhece esta graça em nós, por isto ela precisa ser bem acolhida, bem trabalhada e bem comunicada. Ela é muito especial, ela é uma graça com “G” maiúsculo. Todos nós somos responsáveis de vivê-la com qualidade e fazê-la multiplicar. Devemos ter um zelo especial para vivermos esta graça, o batismo no Espírito Santo, o exercício dos carismas do Espírito Santo.” ( Parte da palestra do Moysés no retiro comunitário da Comunidade de Aliança em maio/96). Todas as nossas ações devem estar impregnadas desta graça, porque todas as ações acontecem em vista deste desígnio de Deus, de cumprir este desígnio de Deus. Reter esta graça é como reter uma grande fonte num dique. O desígnio de Deus pode ser frustado. Todos nós precisamos estar atentos para não frustarmos o desígnio de Deus. Deus nos constituiu para esta missão. Comunicar esta graça deve ser a nossa prioridade, tudo o mais passa para segundo plano. Devemos estar mobilizados para isto. O mundo está passando por transformações violentas a nível social, econômico, cultural e Deus nos convocou para comunicarmos esta graça. Precisamos tudo fazer em vista do cumprimento deste desígnio de Deus. A Graça do Espírito Santo é para toda a Igreja e toda a humanidade, não é apenas para um grupo de privilegiados, os místicos, mas de todos os batizados. 1

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INTRODUÇÃO: O ESPÍRITO DO MINISTÉRIO DE SEMINÁRIO DE VIDA NO ESPÍRITO SANTO

O Senhor Deus, na sua infinita misericórdia, quis realizar uma obra nova no meio do seu povo, renovando a face da terra através de uma nova efusão do Seu Espírito. Ele derramou sobre Sua Igreja uma graça especial, que nós chamamos de Renovação Carismática Católica, como cumprimento de uma promessa, como resposta da súplica da própria Igreja. O Espírito Santo é a alma da Igreja. É o motor da Igreja para que ela corresponda aos desafios próprios deste tempo.

Deus vai utilizando formas para que a Sua graça penetre dentro da Igreja e atinja toda humanidade. Assim como Stª Teresa, São Francisco, os monges, os eremitas e todos os santos e ordens fundadas são meios que o Senhor se utiliza para penetrar a Sua graça na Igreja e em cada homem, a RCC também é uma graça com características e meios próprios que Deus utiliza para penetrá-la na Igreja e no mundo.

Todos nós que tivemos essa nova experiência do batismo no Espírito Santo somos portadores desta graça para comunicá-la a Igreja e ao mundo. E o Seminário de Vida no Espírito Santo é um dos canais para que possamos comunicar esta graça. Tudo devemos fazer para preservá-la. Devemos ter um zelo especial por ela, procurar vivê-la da melhor forma para poder comunicá-la de forma fiel, sem deformá-la, sem abafá-la, sem minimizá-la. “Nós existimos como Shalom para levar esta graça para a Igreja e toda humanidade. Precisamos conhecê-la mais. Ser fiel a ela é ser fiel a nossa vocação. Deformá-la é deformar também a nossa vocação. A dimensão carismática é parte essencial da nossa vocação e faz parte da nossa missão. Se colocarmos isto de lado, nós estaremos sendo inúteis para a Igreja...Na hora que isto não for importante para nós estamos preparados para morrer porque seremos inúteis para a Igreja. Somos zeladores e comunicadores desta graça... Acolher, animar e comunicar esta graça deve ser a nossa atitude. É nossa responsabilidade acolher e viver bem esta graça. Deus nos está dando e precisamos acolhê-la e vivê-la com qualidade, com profundidade. Viver isto no meio da Igreja é a nossa missão e a Igreja reconhece esta graça em nós, por isto ela precisa ser bem acolhida, bem trabalhada e bem comunicada. Ela é muito especial, ela é uma graça com “G” maiúsculo. Todos nós somos responsáveis de vivê-la com qualidade e fazê-la multiplicar. Devemos ter um zelo especial para vivermos esta graça, o batismo no Espírito Santo, o exercício dos carismas do Espírito Santo.” ( Parte da palestra do Moysés no retiro comunitário da Comunidade de Aliança em maio/96).

Todas as nossas ações devem estar impregnadas desta graça, porque todas as ações acontecem em vista deste desígnio de Deus, de cumprir este desígnio de Deus. Reter esta graça é como reter uma grande fonte num dique. O desígnio de Deus pode ser frustado. Todos nós precisamos estar atentos para não frustarmos o desígnio de Deus. Deus nos constituiu para esta missão. Comunicar esta graça deve ser a nossa prioridade, tudo o mais passa para segundo plano. Devemos estar mobilizados para isto. O mundo está passando por transformações violentas a nível social, econômico, cultural e Deus nos convocou para comunicarmos esta graça. Precisamos tudo fazer em vista do cumprimento deste desígnio de Deus. A Graça do Espírito Santo é para toda a Igreja e toda a humanidade, não é apenas para um grupo de privilegiados, os místicos, mas de todos os batizados.

Nós recebemos uma graça específica: a partir de uma experiência do batismo no Espírito Santo. “O Santo Papa Paulo VI dirigiu aos dez mil participantes reunidos na Basílica de São Pedro ( no dia imediato de Pentecostes de 1975, por ocasião do encerramento do Congresso Mundial da Renovação Carismática na Igreja Católica) um discurso que continua sendo até agora, para a Renovação, o documento mais importante para conhecer o que a hierarquia da Igreja pensa e espera da Renovação. Tendo acabado de ler o discurso oficial, o Papa acrescentou, de improviso, estas palavras: Bebamos com alegria a sóbria embriaguez do Espírito” ( A Poderosa Unção do Espírito Santo, pág. 09, Raniero Cantalamessa, Editora Raboni, Campinas/SP).

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Esta experiência da sóbria embriaguez do Espírito realiza no homem uma purificação dos pecados, um novo fervor para o coração, um entusiasmo espiritual, como que um vulcão aceso e uma elevação da sua mente a um conhecimento especial de Deus, uma certa experiência direta de Deus, que “o leva a um estado no qual o homem se sente possuído e conduzido por Deus; porém um estado que, em vez de nos alienar, dissuadindo-nos do envolvimento com os irmãos, conduz-nos a esse dever, exigindo-o e freqüentemente tornando-o mais fácil e glorioso... um entusiasmo, mas um entusiasmo baseado na cruz e que se alimenta da cruz” ( A Poderosa Unção do Espírito Santo, págs. 15 e 16).

Todos estes fatos nos levam a afirmar que estamos diante de uma vontade e de um pedido exato de Deus, por isto os Seminários de Vida no Espírito Santo devem ser momentos cheios desta experiência concreta de Deus, deste encontro pessoal com Jesus Cristo que transforma, muda, como que divide a nossa vida no meio, que derrama sobre nós o Seu poder, o Seu amor. É um encontro com Jesus Cristo Ressuscitado que traz as marcas da paixão como nos descreve o evangelho de São João no capítulo 20,19-29. É o encontro também com a cruz de Cristo na perspectiva da ressurreição que interpela aquele que encontra. Esta experiência com Jesus é ver Jesus. Não se pode mais negar a Sua ação em nossas vidas. Iniciou-se todo um relacionamento com este Ressuscitado, com Jesus vivo, real. Não é uma idéia, um pensamento, uma doutrina, um relacionamento impessoal, mas sim pessoal, é conhecer Jesus em pessoa. Somos apresentados pessoalmente a Jesus. Ele toca a nossa alma, o nosso coração, o nosso corpo, todo o nosso ser.

Desta experiência brota a intimidade com Jesus. O “eu” e o “Tu”, que nós falamos e somos ouvidos, que nós olhamos e somos olhados , que nós amamos e somos amados. É uma experiência com alguém que nos dá a paz, que nos dá o Seu Espírito e assim a intimidade com Ele começa a se desenvolver. Este encontro íntimo tem o poder de gerar muitos outros encontros, será preciso apenas que nós favoreçamos estes encontros novos. É preciso que esta intimidade seja reavivada contínuamente em nossas vidas. Precisamos alimentar contínuamente a intimidade com Deus, o amor esponsal, a comunhão que nos foi dada neste primeiro encontro.

A partir desta experiência passamos para a segunda etapa desta graça que é testemunhar, anunciar Jesus Cristo para todos aqueles que ainda não tiveram esta experiência com Ele: “Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio. Tendo assim falado, soprou sobre eles e lhes disse: Recebei o Espírito Santo” ( Jo 20, 21-22). A partir da graça recebida, do contato íntimo com Jesus que produz muitas outras graças, nós somos impulsionados a sermos suas autênticas testemunhas, a anunciá-lo para todos os outros que ainda não O conhecem. Somos chamados a ser testemunhas concretas que Deus cura, liberta, transforma a vida dos homens, porque aconteceu em nossas vidas : “Não podemos deixar de falar das coisas que temos visto e ouvido” ( At 4,20)... “O que era desde o princípio, o que temos ouvido, o que temos visto com nossos próprios olhos, o que temos contemplado e as nossas mãos têm apalpado no tocante ao Verbo da vida - porque a vida se manifestou, e nós a temos visto: damos testemunho e vos anunciamos a vida eterna, que estava no Pai e que se nos manifestou -, o que vimos e ouvimos nós vos anunciamos, para que também vós tenhais comunhão conosco. Ora, a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho Jesus Cristo” ( I Jo 1,1-3).

O Seminário de Vida no Espírito Santo é um dos meios eficazes para que possamos comunicar esta graça da experiência pessoal com Jesus Cristo, por isso mesmo deve ser ministrado com todo o fervor, com todo o poder do Espírito, com a manifestação dos seus carismas. Devemos anunciar Jesus Cristo com todo entusiasmo capaz de fazer com que as pessoas que nos escutam sintam-se atraídas por Ele, tenham uma experiência com a Sua salvação, a salvação cristã, que antes de tudo “não é apenas algo de negativo, um “tirar”, ainda que seja o pecado. É sobretudo algo de positivo: é um “dar”, um infundir vida nova, vida do Espírito : “Ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo” ( Mt 3,11). É um renascimento. A destruição do pecado surge como o caminho e a condição para a doação do Espírito, que é o objetivo último, a doação suprema” (Preparai os Caminhos do Senhor, pág.91, Raniero Cantalamessa, Edições Loyola, São Paulo, Brasil, 1997).

Por esta razão, no Seminário de Vida no Espírito Santo, devemos conscientizar a respeito do pecado, mas nesta perspectiva de condição para a doação do Espírito e não de aprofundar a teologia sobre o pecado. Neste primeiro momento, neste primeiro

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encontro devemos falar mais do amor de Deus, da Sua salvação, do Seu perdão, da Sua ação concreta no mundo, na vida dos homens, devemos proclamar a Boa Nova de Deus que nos salva gratuitamente, pela graça, mediante a fé no Evangelho, para que eles se sintam atraídos a Deus por amor e não por temor. “Inverter essa ordem e pôr as doutrinas e as obrigações do Evangelho na frente da descoberta de Jesus seria como pôr os vagões de um trem adiante da locomotiva que deve puxá-los. A pessoa de Jesus é aquilo que abre caminho no coração à aceitação de tudo o mais. Quem conheceu uma vez Jesus vivo não precisa de outro impulso; é ele mesmo quem arde de desejo de conhecer seu pensamento, sua vontade, sua palavra” (Ungidos pelo Espírito, pág. 80, Raniero Cantalamessa, Edições Loyola). Além de tudo isto, esse primeiro anúncio deve ser também recheado dos dons carismáticos. Não podemos ter medo de exercitá-los, pelo contrário, esses dons devem fluir livre e eficazmente para que este anúncio seja cheio da ação e do poder do Espírito Santo.

O Espírito Santo é a alma de todo anúncio e de toda evangelização. Omitir, deixar de ensinar, não incentivar a ação carismática do Espírito é deixar o anúncio incompleto, é ferir a vontade de Deus, é diminuir os canais da ação de Deus no meio do seu povo: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado. Estes milagres acompanharão os que crerem...” ( Mc 16,15-18). Os homens não querem apenas ouvir vozes que falem de Deus, mas ouvir a voz de Deus através de nossas palavras. O Espírito Santo deve passar sem obstáculo por meio de nossas palavras.

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SEGUNDA PALESTRA: PECADO E SALVAÇÃO

OBJETIVOS:

Levar as pessoas a serem convencidas ( não acusadas) sobre o pecado e que por isto mesmo necessitam de salvação, porque nenhum homem pode, sem a salvação de Jesus, vencer o pecado, que é a causa de todos os males.

Esta palestra deve levar as pessoas a uma conscientização de que é pecador, mas que foi justificado, salvo gratuitamente por Jesus e assim desejar, clamar e se abrir para a Sua salvação, como os judeus clamaram ao Senhor: “Oh! Se rasgásseis os céus, se descêsseis para fazer desabar diante de vós as montanhas, como o fogo faz fundir a cera, como a chama faz evaporar a água, assim fazeis conhecer a vossos adversários quem sois, e as nações tremeriam diante de vós, vendo-vos executar prodígios inesperados dos quais nunca se tinha ouvido falar... Nenhum ouvido ouviu, olho algum viu outro deus salvar assim aqueles que contam com ele” ( Sl 64, 1-4).

1. O Amor de Deus e os sofrimentos e as injustiças que passa a humanidade:

Sabemos que Deus nos ama, mas muitas vezes nós não conseguimos experimentar este amor de Deus por nós e surgem inúmeras dúvidas:- Se Deus nos ama tanto porque o mundo passa por problemas graves em todos os níveis?- O que impede que em nosso mundo se manifeste o amor de Deus?- Se Deus me ama tanto porque não consigo experimentar o seu amor? Porque não consigo me sentir amado por Ele?

É como se nós estivéssemos no meio de uma chuva torrencial, mas não nos molhamos porque estamos como que protegidos por um cristal que nos permite ver chover, mas não nos permite sermos atingidos pela chuva.

Antes de responder qual é esse impedimento vamos ver alguns aspectos importantes. Para entendermos melhor o que é a Salvação, precisamos conhecer:

Qual é o plano de Deus para a criação O que é pecado E, afinal, do que somos salvos

2. O Plano de Deus para a criação:

Tome sua Bíblia, abra em Gn 1-2, 1-4 e leia o capítulo inteiro e por este texto podemos chegar às primeiras conclusões, que são comprovadas em diversas outras passagens da Bíblia:

Deus criou o mundo visível ( tudo o que vemos) e invisível ( criação dos anjos, Dan 7,10) por amor.

Deus criou todas as coisas para o homem. Deus as criou “boas” para os homens, pois Ele “contemplou toda a sua obra e viu

que tudo era muito bom” ( Gn 1,31). Não havia nada mau ou desordenado na criação.

O homem e a mulher foram criados à imagem e semelhança de Deus. Sendo o homem e a mulher imagem e semelhança de Deus, não havia nada de mau

neles.“Deus criou o homem à Sua imagem; criou-o à imagem de Deus, criou o homem e a mulher” ( Gn 1,27).“Façamos o homem à nossa imagem e semelhança” ( Gn 1,26). O verbo está no plural, enfatizando a ação da Santíssima Trindade na criação.

Deus é uma comunidade de amor. Deus é Trino e Uno. O Pai, o Filho e o Espírito Santo se entregam totalmente em amor um ao outro. Nesta doação de amor total formam uma só pessoa. Em Deus não há divisão. Em Deus só existe amor, unidade, doação.

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Ter sido criado à imagem e semelhança de Deus significa, então, entre outras coisas, que o homem foi criado com a capacidade e a necessidade intrínseca de amar. O homem foi criado para amar a Deus acima de todas as coisas, ao próximo e a si mesmo. Esta é a altíssima dignidade humana: ser filho de Deus. O homem não só tem necessidade de ser amado, mas de amar. O homem foi criado para ser perfeito no amor a Deus e, em decorrência, aos outros homens

Então a finalidade da vida do homem é o amor, pois ele foi criado para amar e louvar a Deus. E assim fazendo está dentro do plano de Deus para si. Esta total obediência ao plano de Deus para si, fazia o homem muito íntimo de Deus, pois era acostumado a reconhecer a Sua presença, a se encontrar e conversar à hora da brisa da tarde, como afirma a Palavra de Deus: “E eis que ouviram o barulho dos passos do Senhor Deus que passeava no jardim, à hora da brisa da tarde” ( Gn 3, 8).

Antes do pecado original, o homem vivia em tal comunhão de intimidade com Deus que amar a Deus e aos outros era o que menos lhe custava. Todo o seu pensamento era voltado para amar a Deus. Toda a sua vontade, sua imaginação, sua memória, sua afetividade, suas forças, todo o seu ser era inteiramente voltado para amar, amar, amar... Amando e louvando a Deus na oração o homem torna-se íntimo de Deus.

O homem viveu esta realidade de amor, de proximidade com Deus, de intimidade com o Senhor de uma forma que nós, hoje, podemos apenas vislumbrar. A intimidade de amor entre Deus e o homem era algo tão corriqueiro e familiar quanto “o barulho dos passos do Senhor Deus que passeava no jardim”.

3. O que é pecado, quem é o seu autor e a queda do homem:

E o homem pecou, enganado pela serpente, como nos descreve o Livro de Gênesis, capítulo 3:

A serpente, é o próprio Demônio e não um símbolo literário, como muitos pensam, mas um anjo decaído, desobediente a Deus, que foi expulso do céu quando se rebelou contra a autoridade e a santidade de Deus, desejando ser igual a Ele. O Demônio era um anjo de luz. Deus o havia feito maior que todos os anjos, para que ele pudesse chefiar os outros ( Ez 28,11-19), mas ele deleitou-se em si próprio ( Is 14,12-15), querendo ser igual a Deus. Desta forma contaminou uma boa parte dos anjos que com ele prevaricaram, enquanto outros não, que guiados pelo Arcanjo Miguel, cujo o nome significa “quem como Deus?” foi encarregado de expulsar Lúcifer e seus seguidores para o inferno. Estes contradizem o seu orgulho e com seus anjos travam uma batalha no céu contra o Dragão e seus anjos que não prevaleceram, sendo desta forma derrotados, expulsos do céu e precipitados na terra ( Apc. 12, 7-10).

O Demônio, a antiga serpente, quis se vingar de Deus, mas como não podia nada contra Deus, investiu sobre o homem, que era a obra-prima de Deus, a única criação de Deus que tem a imagem e semelhança divina.

Foi o Inimigo de Deus o autor do mal, o autor do pecado. Isto não significa que ele “criou” o Mal, pois o Mal não foi criado. Ele é a negação do bem que emana do próprio Deus para tudo o que Ele criou. Optando pela independência de Deus e pela rebelião orgulhosa à autoridade de Deus, desejando comandar sua própria vida, o homem aceitou a proposta mentirosa da serpente de que ele seria como Deus, conhecedor do bem e do mal. Aceitando esta proposta o homem aderiu a negação do bem, embora não tenha sido autor desta.

3.1. O Pecado Original:

Leia o capítulo 3 do Livro do Gênesis, onde está narrado o primeiro pecado do homem. Neste capítulo encontramos a narração onde a serpente acusa Deus de mentiroso e impostor para enganar o homem. Começa o diálogo com a mulher colocando a confusão em torno da Palavra de Deus, que só os tinha proibido comer do fruto da árvore da ciência do bem e do mal. “É verdade que Deus vos proibiu comer do fruto de toda árvore do jardim?” ( Gn 3,1). Comer do fruto desta árvore significaria o homem buscar julgar o que é “bem” e o que é “mal” por ele mesmo, independente do que Deus considera e ensina como “bem” e “mal”.

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Assim, o ato voluntário e livre do homem de comer este fruto significou que ele preferiu atribuir a si próprio o conhecimento do bem e do mal. Decidiu não mais se submeter inteiramente a Deus e rebelou-se contra a autoridade de Deus em sua vida. Tentado a ser independente de Deus, a “ser como Deus”, o homem acreditou mais na mentira da serpente do que no próprio Deus que o amava.: Oh, não!, vós não morrereis! Mas Deus sabe que, no dia em que dele comerdes, vossos olhos se abrirão, e sereis como deuses, conhecedores do bem e do mal” ( Gn 3,4-5). O homem quer ser Deus, caindo na idolatria, que consiste em adorar a criatura em vez do Criador ( cf. Rm 1,25), institui um deus para si.

A liberdade que Deus deu ao homem é a maior prova de Seu amor por ele. Deixando-o livre, Deus deu ao homem mais um dos atributos de sua “imagem e semelhança”. No incidente do pecado original, o homem estava bem consciente de que só Deus podia discernir o que é bom e o que é mau, mas mesmo assim, optou por deixar-se seduzir pela tentação que o Inimigo de Deus lhe apresentava, tornando-se assim responsável pelo ato consciente que praticou.

O homem inverteu os papéis: sendo homem deveria reconhecer sua limitação devido a sua natureza humana, no entanto quer ser Deus; como homem dependente de Deus deveria ser obediente a Ele, no entanto, desobedece-O; como homem deveria reconhecer sua humildade, no entanto, encheu-se de orgulho e assim o pecado entrou no mundo. “Pecado não é mais aquilo que é mau aos olhos de Deus ( cf. Sl 51,6), mas o que é mau aos olhos do homem. O homem determina o que é pecado, resolve por si mesmo o que é bom e o que é mau; traça autonomamente a sua moral progredindo na história, como um rio que, avançando, cava sozinho o próprio leito” ( A Vida sob o Senhorio de Cristo, pág.35, Raniero Cantalamessa, Edições Loyola).

O pecado original é assim chamado porque ele é o primeiro pecado, o pecado “de origem”. O pecado original constitui na rebelião orgulhosa que levou o homem a dizer “não” a Deus e querer ser independente Dele em suas decisões e plano de vida. O pecado original é um “não” dito ao amor. Desta forma, o homem não mais amou a Deus acima de todas as coisas, com toda a sua alma, com todas as suas forças, mas colocou-se a si próprio no lugar de Deus, separando-se voluntariamente de Deus e de Sua vontade para a sua vida.

3.2. A Perca do sentido de pecado:

Como já vimos o pecado original, ou todo pecado, é um ato consciente e voluntário da negação de Deus para nossa vida. O pecado “é a recusa de reconhecer a Deus como Deus, em não tributar-lhe a consideração que lhe é devida. Consiste em ignorar a Deus, onde porém ignorar não significa tanto não saber que existe quanto agir como se não existisse ( A Vida sob o Senhorio de Cristo, pág. 33, Raniero Cantalamessa, Edições Loyola). O pecado nos afasta de Deus e do Seu plano de amor e felicidade para nós. O pior é que, mesmo sabendo disso, continuamos a pecar. O mais importante não é saber o que é o pecado, mas sim saber que ele e o seu autor, que é o Demônio, ou serpente existem, porque o mundo tem uma visão míope do pecado e do Demõnio, chegando até a achar que este negócio de pecado e de Demônio não existem.

Sobre este assunto, diz o Cantalamessa que “o mundo perdeu o sentido de pecado. Diverte-se com ele como se fosse a coisa mais inocente do mundo. Condimenta com a idéia do pecado seus produtos e espetáculos, para torná-los mais atraentes. Fala do pecado, mesmo dos mais graves, com certo carinho: pecadilhos, pequenos vícios, doces pecados... Não tem mais medo deles. Tem medo de tudo, fora o pecado. Tem medo da poluição atmosférica, dos males secretos do corpo, da guerra atômica, mas não tem medo da guerra contra Deus, que é o eterno, o onipotente, o amor, quando Jesus diz que não devemos temer aqueles que matam o corpo, mas só aquele que, depois de ter matado, tem poder de lançar na Geena” ( A Vida sob o Senhorio de Cristo, pág. 119, Raniero Cantalamessa, Edições Loyola, São Paulo, Brasil, 1993).

Quanto a negação da existência do Demônio por uma boa parte do mundo, Raniero diz que “ninguém, julga, ficou mais contente de ser desmitificado quanto o Demônio se na realidade é certo - como se disse - que a maior astúcia de Satanás é fazer crer que não existe” ( Ungidos pelo Espírito, pág. 33, Edições Loyola, São Paulo, Brasil, 1996).

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Concluindo, o mundo perdeu a noção de pecado, perdeu a fé na existência do Demônio que age e acha ótimo que não acreditemos na sua existência porque assim ele age livremente. O homem não quer nem ouvir falar de pecado, brinca com o pecado, não sabe nem o que é pecado, não reconhece que é pecador e no entanto a Palavra de Deus afirma que “todos pecaram e estão privados da glória de Deus” ( Rm 3,3). Todos nós estamos debaixo do domínio do pecado ( Rm 3,23).

4. Somente o Espírito Santo tem o poder de convencer o homem acerca do pecado:

É difícil para o homem reconhecer que é pecador. O homem não consegue, por si só, reconhecer o pecado e que é pecador. Os homens de hoje, especialmente os “intelectuais” arvoram-se em fundamento último de si mesmo, seu verdadeiro descobridor... Por isto é necessário que anunciemos a Palavra de Deus para que recebam a revelação divina. Além do mais que o Demônio propõe ao homem que ele deve renascer para uma vida nova, sim, mas renascer da sua vontade, de si mesmo e não de Deus. Deve dar um novo começo à própria vida, mas totalmente independente de Deus, considerando-se senhor absoluto de si mesmo e da sua vida. Por isto só o Espírito Santo tem o poder de convencer o homem acerca do pecado e da existência do Maligno. Ele não nos acusa, mas nos faz ver os nossos pecados, pois há gente que pensa que não tem pecado ( I Jo 1,8-9) e nos mergulha na misericórdia divina, que nos acolhe pecadores e que existe para nos perdoar e nos reconciliar com Ele.

“O abandono de Deus leva à confusão e ao extravio até de si mesmo: “Aqueles que te abandonam ficam confusos” ( Jr 17,13); quem quiser salvar a própria vida perde-la-á dizia Jesus ( cf. Mt 16,25)... O pecado é, portanto, um fracasso e um fracasso radical. Um homem pode fracassar de muitos modos: como marido, como pai, como homem de negócios; se mulher, pode fracassar como esposa, como mãe; se sacerdote, pode fracassar como pároco, como superior, como diretor de consciência; alguém pode fracassar de todos esses modos e ser uma respeitadíssima, até mesmo um santo. Mas com o pecado não se dá o mesmo; com o pecado, fracassa-se enquanto criatura, isto é, na realidade fundamental, naquilo que se “é”, não naquilo que se “faz”... O homem pecando, julga ofender a Deus, mas na realidade ele “ofende”, isto é, danifica e rebaixa somente a si mesmo, para vergonha própria ( Jr 7,19). Recusando glorificar a Deus, o homem acaba ficando ele mesmo “privado da glória de Deus” (Rm 3,23). O pecado ofende, isto é, entristece também a Deus, e o entristece muitíssimo, mas só enquanto mata o homem a quem ele ama; fere-o no seu amor” ( A Vida sob o Senhorio de Cristo, págs. 42 e 43, Raniero Cantalamessa, Edições Loyola).

O pregador deve neste momento fazer uma oração que leve as pessoas a reconhecerem que são pecadoras, pois o único pecador que Deus não pode perdoar é aquele que não reconhece que é pecador diante de Deus. Em seguida, peça que todos elevem o grito do profundo cárcere do seu “eu”, em que são mantidos prisioneiros utilizando para isto o Salmo 129 (130): O “De profundis” - Penitência e esperança, pois este salmo não foi escrito para os mortos, mas para os vivos; o “profundo” do qual o salmista eleva seu grito é o do pecado.

5. O que nos impede de experimentar o amor de Deus:

Depois de todas estas revelações nos sentimos aptos para responder as inúmeras dúvidas que vem à nossa mente em relação ao sofrimento e injustiças que passa a humanidade, como fizemos no início desta palestra:- Se Deus nos ama tanto porque o mundo passa por problemas graves em todos os níveis? Por causa do pecado.- O que impede que em nosso mundo se manifeste o amor de Deus? O pecado.- Se Deus me ama tanto porque não consigo experimentar o seu amor? Porque não consigo me sentir amado por Ele? Por causa do pecado. - Qual o maior impedimento do homem experimentar o amor de Deus: o pecado.

6. Conseqüências do pecado:

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O pecado é o grande muro de separação entre o homem e Deus. A opção fundamental do homem contra Deus gera frutos terríveis: como uma dissolução geral nos costumes, uma verdadeira e autêntica “torrente de perdição” que arrasta a humanidade à ruína: homossexualismo masculino e feminino, injustiça, perversidade, avareza, inveja, engano, maledicência, soberba, insolência, rebelião contra os pais, deslealdade, injustiças sociais, egoísmo, guerras, brigas, desentendimentos, destruição da natureza, competição, ódio, mágoas, vinganças, adultérios, abortos...

“O salário do pecado é a morte” ( Rm 6,23), “não tanto à morte como um ato - que duraria um instante - quanto à morte como estado, precisamente àquela que foi denominada a “doença mortal”, que é uma situação de morte crônica” ( A Vida sob o Senhorio de Cristo, pág.43, Raniero Cantalamessa, Edições Loyola). Hoje podemos verificar concretamente quais as conseqüências do pecado em todos os níveis e em todas as áreas. O homem resolve fugir, esconder-se de Deus, tornou-se escravo, está condenado e não pode, por si só salvar-se e nem mesmo arrepender-se.

7. A Salvação é dom de Deus; não está na natureza do homem, que é criatura realizar o ato de salvação, que só é possível ao amor e poder de Deus

Portanto o homem tem um problema que não pode solucionar e um inimigo que não pode vencer. O homem se encontra nesta situação de morte e por ele mesmo não pode sair dela. O homem se encontra em estado de pecado e privação da glória de Deus e não pode por si só sair deste estado. Ele tenta, busca a salvação de várias formas como o ar que respira para viver, porque ele deseja Deus, ele deseja amar, ele deseja ser feliz, ele deseja o bem, apesar de muitas vezes esta busca não ser consciente, mas busca por caminhos falsos, redentores falsos e ídolos falsos, não encontrando assim Aquele que o seu coração almeja, não encontra a salvação.

O homem não pode mais chegar até Deus por suas próprias forças, o homem não pode mais viver a vida de intimidade com Deus que havia sido criado para viver. A vida do homem estava sem solução. Como o homem é incapaz de chegar até Deus, então o próprio Deus se chega até o homem. Há um grande abismo entre o homem e Deus de tal modo tão profundo que nem queria ver Aquele de quem era íntimo ( Gn 3,8). Só Deus pode destruir este muro de separação, pode destruir este abismo. A vida do homem estava sem salvação, mas recebe de Deus a salvação através de Jesus Cristo. Deus não deixa o homem na situação terrível que ele mesmo optou para si. Deus não quer essas coisas para o homem, mas as permite para fazer o homem compreender onde o leva o seu pecado, o seu recusar a Deus.

A salvação é uma graça. É um dom de Deus. O homem não fez nada para merecer a salvação e nem podia fazer. Deus nos salva enquanto somos pecadores. A vingança de Deus contra os homens que pecaram, que o recusaram é o amor, a misericórdia, o perdão. E tudo isto de forma gratuita. É fruto da bondade e da misericórdia de Deus. A salvação foi nos dada de forma gratuita e não a título de merecimento. Foi um privilégio que Deus concedeu ao homem. Apesar do homem ter dito “não” a Deus, Ele não o deixa a mercê do mal, perdido, confuso, ferido, destruído, sem salvação: “Não o abandonaste ao poder da morte”.

8. A Salvação do homem é iniciativa de Deus:

Deus, em seu amor eterno e fiel pelo homem, criou para ele todas as coisas e, quando este se separou voluntariamente de seu Criador, Ele, em sua misericórdia:- Prometeu a salvação que traria o homem de volta à sua amizade e intimidade. - Amaldiçoa Satanás e isto significa a derrota deste e de sua empreita de destruir o homem ( Gn 3, 14). - Sabendo que o homem não tem como salvar-se por si mesmo, toma a iniciativa de prometer a Salvação ( Gn 3,15). - Deixa claro que vai salvar o homem, pela descendência de uma mulher ( Gn 3,15 e ao prometer o Salvador vindo de uma mulher dá início à caminhada que prepara o homem para a vinda de Jesus. A Salvação é iniciativa de Deus. É Deus que logo após o pecado do homem, promete a salvação. Não é o homem que toma a iniciativa e pede para Deus salvá-lo. Deus não espera, toma a frente e salva o homem impulsionado pelo seu

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infinito amor: “Nisto consiste o amor: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi Ele quem nos amou e enviou-nos o Seu Filho como vítima de expiação pelos nossos pecados” ( I Jo 4,10).”Deus demonstra o seu amor para conosco pelo fato de Cristo ter morrido por nós quando ainda éramos pecadores” ( Rm 5,8).

9. Deus salva o mundo enviando Jesus Salvador:

Deus “transbordou” o Amor da Trindade criando o homem, a quem ama desde toda eternidade. Deus, em Seu amor pessoal e paterno pelo homem, criou para ele todas as coisas. Deus, em Seu amor fiel e constante pelo homem, não o abandona quando ele peca, mas transborda em misericórdia e, havendo feito toda a criação para o homem, a ele se entrega para salvá-lo, através de Jesus, que é a misericórdia do Pai.

Há uma solução para o mundo e para cada homem: chama-se Jesus, cujo nome significa: Javé salva ( Jo 3,16-17). O homem é salvo pela morte e ressurreição de Jesus Cristo.

10. Jesus Cristo é a salvação do mundo. A Salvação é uma Pessoa:

Jesus Cristo não só traz a salvação, mas ele mesmo é a salvação. A Salvação é uma pessoa, a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, uma pessoa viva. Apesar da morte e ressurreição de Jesus terem sido o maior acontecimento histórico, a Salvação é mais, infinitamente mais do que apenas um fato histórico, perdido há quase dois mil anos. A Salvação é uma Pessoa, que se submeteu a tomar a aparência de um homem como nós, que morreu, ressuscitou e está viva, bem viva e bem perto de cada homem ( I Pe 1,18-19).

Jesus nos resgatou, nos redimiu, e resgatar, redimir significa uma soma paga pela libertação de um objeto ou de uma pessoa que estava prisioneira. Estas palavras estão bem próximas da palavra “aquisição”, indicando a “compra” do objeto ou de escravo para si. Foi a palavra utilizada desde o Antigo Testamento para indicar o meio que Deus escolheu para libertar, salvar o Seu povo: o pagamento de um resgate, ou seja, sua redenção, sua aquisição.

Quando optou pelo pecado e, portanto, pelo desligamento com Deus, o homem não tinha como refazer o laço que quebrara. Tornou-se escravo do pecado. A iniciativa da salvação foi tomada por Deus, “que o amou primeiro” e a forma como Deus escolheu para realizar a salvação ( Deus poderia ter realizado a salvação de mil formas) foi a única forma que convém a quem ama: colocando-se no lugar do outro, dando a sua vida pelo outro, sofrendo o que o outro sofreria.

Foi isto o que Jesus fez. Por isto, Jesus é a Salvação. Nós não fomos comprados (resgatados, redimidos) por bens perecíveis, como a prata e o ouro, mas pela própria vida de Deus, em Jesus Cristo. Deus se fez homem. Deus Eterno, o Sumo Bem, entregou-se em nosso lugar, fez-se pagamento e resgate para que fossemos libertos do mal ( Is 53) (ESCREVER AQUI AQUELA HISTÓRIA DO HOMEM QUE ESTÁ PRESO ESPERANDO A SUA PENA DE MORTE QUE TEM NO LIVRO DE MARIA, ESPELHO DA IGREJA)

Tome Fil 2,6-8. Esta passagem nos mostra que Deus se fez homem para ser pagamento em resgate de nossa vida:

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HOMEM

Sendo homem - se fez de DeusDesobedeceu a Deus - Pecando Rebelando-se contra a autoridade de Deus

Querendo se fazer independente de DeusO homem que por sua natureza é humilde se enche de orgulho

Assim o pecado ENTROU no mundo

JESUS

Sendo Deus - se fez homemColocado no lugar do homem para vencer o pecado que o vencera, obedeceu o Pai da

maneira mais absoluta e radical que se conhece: morrendo na cruzJesus que é Deus se humilha

Assim pecado SAIU do mundo

12. A Experiência de Salvação:

Tome Lc 2,25-32. Esta passagem narra a experiência de salvação através do encontro de Simeão com Jesus. Ele “esperava a consolação” de Israel, isto é, esperava a vinda do Messias, do Salvador. Quando Simeão colocou Jesus nos braços, seus olhos viram Aquele por quem esperara a vida inteira e por isto prorrompeu em louvor acerca da salvação, porque ele tinha consciência de que o método que Deus tinha escolhido para salvar o mundo era entregando-se a Si mesmo como resgate. Simeão mais do que teoria ou ensino sobre a Salvação, teve uma experiência da Salvação, tomando Jesus ao colo e vendo-O com seus olhos.

Deus deseja que cada homem tenha a mesma experiência da Salvação que Simeão teve. Esta experiência pessoal de Jesus como uma pessoa, como a sua Salvação. A Salvação, Jesus, o Amor de Deus revelado ao mundo deixam de ser idéias que se tem desde o tempo do catecismo e passam a ser UMA PESSOA que está VIVA, que fala conosco, que nos toca, que se deixa ver e tocar pelos olhos de sua alma. Esta é a experiência que o Pai, pelo Espírito Santo, deseja dar a cada um de nós.

O pregador deve finalizar sua palestra com uma oração suplicando a Deus a graça da experiência da salvação para em seguida conduzir todos a afirmarem espontaneamente que aceitam Jesus como seu Salvador pessoal.

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1. PRIMEIRA PALESTRA: O AMOR DE DEUS

OBJETIVO: Apresentar Deus como Pai amoroso e Levar as pessoas a uma experiência pessoal do amor de Deus.

2. SEGUNDA PALESTRA: PECADO E SALVAÇÃO

OBJETIVO: Levar as pessoas a serem convencidas ( não acusadas) sobre o pecado e que por isto mesmo necessitam de salvação, porque nenhum homem pode, sem a salvação de Jesus, vencer o pecado, que é a causa de todos os males.

3. TERCEIRA PALESTRA: O SENHORIO DE JESUS

OBJETIVO: Levar os fiéis a terem uma resposta de gratidão e coerência ao compreender a enorme graça do amor de Deus e da Salvação.

4. QUARTA PALESTRA: SERÁS INTEIRAMENTE DO SENHOR TEU DEUS

OBJETIVO: Levar as pessoas a darem uma resposta de fidelidade a Jesus e a sua Igreja, rechaçando toda falsa doutrina, superstição ou idolatria. Ministrar a oração de Renúncia.

5. QUINTA PALESTRA: A PROMESSA DO PAI

OBJETIVO: Apresentar a Pessoa do Espírito Santo como Dom do Pai e do Filho para cada um de nós, Levar cada um a reconhecer que a sede que tem é uma sede de Amor que só o Espírito Santo pode saciar.

6. SEXTA PALESTRA: BATISMO NO ESPÍRITO SANTO

OBJETIVO: Explicar o que é a experiência do Batismo no Espírito Santo, preparar e ministrar a oração clamando a Efusão do Espírito Santo.

7. SÉTIMA PALESTRA: PARA CRESCER NA GRAÇA

OBJETIVO: Levar os fiéis a deixar crescer a intimidade com Deus e a vida divina em suas vidas. Mostrar a importância de perseverar na vida comunitária em um grupo de oração.

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